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Retranca: Fotografia/autoestima
Data: 29/11/2018
Para a terapeuta Michele Mazer, a maioria das postagens nas redes sociais
passam a ideia de que as pessoas estão sempre felizes, bem-sucedidas e cultuando o
corpo, em consequência internautas que passam bastante tempo conectados desfrutam
das sensações de impotência e inferioridade. Além da questão comportamental, a
explicação biológica consiste na atuação do principal hormônio feminino no cérebro, o
estrogênio, o qual faz com que as mulheres tenham mais facilidade em conexões e mais
dificuldade para discordar e correr riscos. Atitudes estas necessárias para aumentar a
confiança.
No entanto, para não perder a real essência da fotografia, a de reconhecer sua
própria identidade, profissionais como Gabriel Kriva, 22 anos, de Barrinha, que criou o
“ Projeto Kriva”, no qual segundo ele funciona como um exercício para as mulheres
terem a chance de se reconhecerem com outros olhos “Sempre surgem perguntas do tipo
“ Sou eu mesma?”, “Nossa, eu sou assim?”, “ Tudo isso é meu?” . O suficiente para
mexer com a autoestima.”
Pietra Andrade tem 18 anos, mora em Ribeirão Preto e foi umas das primeiras a
participar do Projeto Kriva, desde então suas inseguranças com o corpo em relação aos
padrões impostos na sociedade diminuíram. “Acho que minha barriga se torna minha
maior, mas quando me concentro na lente só encontro o sentimento de conforto”. O
mesmo aconteceu com Marina, no qual participou do projeto Sororizando. A estudante
de artes visuais comenta que no início foi constrangedor, já que não tinha muita prática
com poses e era insegura. Segundo ela, quando mais nova chegou a ficar doente por não
comer com o objetivo de ter um corpo “perfeito”, mas a responsável pela página, Julia,
com muito carisma e compreensão, a ajudou muito.
O resultado desses projetos são sessões de terapia através das lentes e uma
maneira diferente de enxergar novos ângulos interiores. Assim, o papel principal do
fotógrafo profissional ganha mais destaque ao extrair da beleza comum resultados
surpreendentes, o de ver o mundo de outra forma e se apaixonar por si própria.
“Todas têm o mesmo direito de atuação e o Projeto nunca vai ser voltado para um perfil
único, aquela que se sentir bem consigo mesma para ser clicada está mais que
convidada para produzir” diz Gabriel.