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Zug) entre as camadas dos “Traços de percepção”, (Wahrnemungszeichen) e o De la brújula al GPS entre los sexos,
por Fabián A...
“Inconsciente” (Unbewusst), na medida em que é a presença deste traço (Zug), após o
assentimento primordial (Bejahung), o que vai possibilitar a estruturação do inconsciente Crónica: Vicente Palomera, un
aventurero en la bib...
(Unbewusst) com o seu limite: o “Unbegriff” - conceito criado por Lacan para nos dizer
Jornadas 45 de la ECF- FAIRE
do UM do inconsciente.[3] COUPLE. Hay que hacer...
“Soy multitud”, por Jean-Claude
Como já convocamos a “Carta 52”, continuaremos com sua referência para dizer que a Milner
interpretação vai se mostrar eficaz e permanecer como memorável quando ela for capaz La escena del crimen, por Juan José
de promover o “despertar de um novo desprazer”(der Erweckung[4] neuerlich Unlust[5]) Millás*
ali onde “uma memória se comporta como um evento corriqueiro” (Die Erinnerung Usos del gadget: la risa como
benimmt sich dann wie etwas Aktuelles) com a intenção de promover uma inibição à (des)conexión, por J...
liberação de desprazer (Unlust)[6]. Crónica: Barcelona Gallery Weekend
- Dora García e...
Minha proposta se sustenta em uma pesquisa[7] no texto freudiano, onde pude Novedades en METEORO, Tribuna
Lacaniana. nº 2 y 3
constatar que, ao contrário do que observamos nas traduções (português, inglês,
espanhol ou francês) são utilizadas três palavras distintas para a palavra traço que, Novedades en "Crisis, ¿qué dicen los
psicoanalista...
longe de ser apenas uma questão de retórica, vão nos apontar recortes conceituais
A Estratégia da Interpretação, por
diferentes, propiciando a uma formalização do que penso ser uma “interpretação Celso Rennó Lim...
memorável”.
CAMINO A LA ESCUELA de Pascal
Plisson, por Irene D...
Zeichen - Freud utiliza este significante na Carta 52 quando nos diz: “o essencialmente
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09/07/2017 AMP Blog: A Estratégia da Interpretação, por Celso Rennó Lima
Zeichen - Freud utiliza este significante na Carta 52 quando nos diz: “o essencialmente Crónica: CdC-ELP -Voraviu- A
propósito de una Jorn...
novo em minha teoria é a afirmação de que a memória se apresenta não de uma forma,
mas de várias formas, em diferentes maneiras de traços (Zeichen = indícios, insígnias).” ► septiembre (17)
► agosto (15)
Ele aí está nos apresentando “Traços de percepção” (Wahrnemungszeichen), o primeiro ► julio (25)
registro (Niederschrift) “absolutamente incapaz de se tornar consciente, e organizado de
► junio (29)
acordo com associações por simultaneidade (Gleichzeitigkeitsassoziation)”[8]. Estes
traços “nós podemos, nos diz Lacan, dar-lhes imediatamente seu nome verdadeiro de ► mayo (21)
Freud é bastante claro, portanto, em dizer que é somente quando o traço (Spur), está
registrado, é que vai ser possível o próximo passo: “a transcrição (Umschrift), ligada à
representação de palavra”[11]. minha parte
Ora, uma intervenção que se sustentar no deslizamento do sentido permanecerá
apenas como traços de percepção (Wahrnemungszeichen) pois, sendo uma indicação,
insígnia de um Outro que se apresenta como ideal [I(a)], vai impedir a que uma marca
(Zug) possa produzir o “despertar um desprazer particular liberando um novo desprazer
que, então, não pode mais ser inibido”[12]. Este “despertar” só será possível pela ação
de um corte, uma separação que, apontando para a brecha que o traço (Zug) deixou ao
ser assimilado, vai abrir o caminho (bahnung) para que um traço de memória
(Erinnerungsspur) possa se apresentar à transcrição (Umschrift) ligando-se á
representação de palavra (Wortsvorstellung). Assim será possível à interpretação
produzir ondas.
Em outras palavras, podemos dizer que é a partir deste sulco (Zug) produzido pelo corte
que o esvaziamento do sentido vai ocorrer, apontando a “separação entre S1 e S2 que
se inscreve sobre a linha inferior do ‘discurso analítico’”, como nos esclarece J. A.
Miller[13], possibilitando uma retificação no trajeto da satisfação pulsional, ao desviar o
vetor do sentido, para a causa de desejo.
A confirmação desta decisão, acredito, não se faz pela via do saber, mas sim por um
consentimento com a experiência do inconsciente que este corte instala. Quando me
refiro a consentimento, tenho em mente o que Lacan nos diz em seu Seminário VII - A
Ética da Psicanálise: quando, uma vez cumprido o ato do assassinato do pai da horda
primitiva, “se instaura um consentimento inaugural que é um tempo essencial na
instituição da lei. Quanto à esta lei, a arte de Freud será vinculá-la ao assassinato do
pai, de identificá-la à ambivalência que então funda as relações do filho com o pai, isto
é, ao retorno do amor após efetuado o ato.”[14]
Agora a clínica:
Carlos procura análise pela terceira vez. Nas duas vezes anteriores alegou ter feito “final
de análise!” o que, de alguma forma, foi atestado pelos analistas. No entanto, seus
sintomas persistiam: mais uma vez se encontrava envolvido em dívidas e conflitos
familiares.
Sendo um trabalhador que podemos qualificar de compulsivo, Carlos tem passado sua
vida pagando as dívidas que faz além de, constantemente, pagar dívidas de seus pais.
Isto não só na área financeira pois, até mesmo seu sucesso profissional foi uma forma
de “resgatar o nome do pai” que, como explicitou certa vez, sempre fracassou em sua
vida profissional.
quando mais uma vez Carlos disse que não tinha o dinheiro para pagar, o analista
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09/07/2017 AMP Blog: A Estratégia da Interpretação, por Celso Rennó Lima
quando mais uma vez Carlos disse que não tinha o dinheiro para pagar, o analista
pontuou esses ‘esquecimentos’ dizendo que eles estavam se tornando um ritual.
J. A. Miller, em seu curso “Silet”, nos lembra que uma intervenção preciosa do analista
(é) seu eventual ‘sem acordo’ (pas d’accord)[15], pois no inconsciente não há a menor
possibilidade de uma harmonia, muito menos de uma negociação, pois falta o
significante que poderia estabelecer a proporção sexual.
Em outras palavras, a partir do traço (Zug) que se re-inscreveu, o que estava inibido sob
as insígnias (Zeichen) do Outro foi escutado e pode promover a transmutação de
memórias conceptuais (begriffserinnerungen) em representação de palavras
(wortvorstellungen) dando a Carlos condições de efetuar construções em suas
sessões[16].
Após algum tempo, um sonho veio testemunhar disto: Carlos sonhou que voltava de um
lugar onde vivenciou uma situação que descreveu como muito prazerosa. Apesar de
não conseguir identificá-la, acreditava ser uma situação sexual. Ao retornar para sua
casa se deparou com dois familiares seus que, muito tristes e num tom acusatório,
disseram: “Ela morreu!”
Para concluir posso dizer-lhes que as duas intervenções do analista, aqui descritas,
promoveram uma retificação da satisfação exatamente onde ela deve ser feita: ao nível
da pulsão[17]. O sonho de Carlos nos diz do trajeto em torno de um vazio que se tornou
presente a partir da separação promovida pela interpretação. Este vazio, onde durante
toda a sua vida Carlos insistiu em colocar uma mulher - mais exatamente, o olhar de
uma mulher -, marca agora o que poderíamos chamar de lugar da verdade. Este lugar
que delimita, no discurso do analista, um espaço onde um saber pode ser reinventado:
“Descobri outro dia que, por mais que eu trabalhe, não poderei nunca dar à minha mãe
o pedaço que faltou a meu pai”, disse Carlos recentemente, se referindo ao “não” com o
qual respondeu às novas demandas de sua mãe para quitar suas dívidas.
Hoje, passado um tempo, posso dizer que Carlos fez um longo percurso até que
pudesse fazer esta passagem de um saber sobre o inconsciente para consentir com a
experiência do inconsciente.
Notas:
“
[1]Nota : O termo Interpreta ção memorável” foi criado por J.A Miller na Seção Clinica, em Paris.
“ ä ”
[2]Freud, S., Aus den Anf ngen der Psycoanalysis , Imago Pub. London, 1950, pag. 185.
“ é ”
[3]Lacan, J., - Le S minaire XI - Les quatre concepts fondamentaux de la psychanalyse , Seuil, Paris, 1973, pag. 28.
“ ” “ ” é
[4]Nota (1): Erwecken pode significar tanto despertar quanto ressuscitar . No sentido figurativo usado como provocar . “ ”
é
[5]Nota (2): Lembro-lhes aqui que Unlust um dos nomes freudianos para gozo.
[6]Freud, S., - Op. cit. pag. 188.
ó “ ” çã º
[7]Renn Lima, C. - Uma brecha no fantasma in Op o Lacaniana, n 11, pags. 55-59.
[8]Freud, S., - Op. cit. pag. 186.
“ ”
[9]Lacan, J., - Le Seminaire XI ... , op. cit. pag. 46.
[10]Freud, S., - Op. cit. pag. 186.
[11]Ibidem.
[12]Idem, pag.188.
“’ à’ ” º
[13]Miller, J.A., L interpretation l envers , in Revue de La Cause Freudienne n 32, Paris, 1996, pag. 12
“ é ’é ”
[14]Lacan, J. - Le S minaire VII - L thique de la psychanalyse . Ed. du Seuil, Paris, 1986, pag. 207
“ ” é
[15]Miller, J.A., - Silet , Curso do dia 23/11/94, in dito.
“’ ’ ”
[16]Miller, J.A., - L interpretation a l envers , op. cit., pag. 13.
“ é ”
[17]Lacan, J., - Le S minaire XI , op. cit. pag. 152.
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