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Cultura Popular
Brasília-DF
2015
Copyright © 2014 Faculdade Projeção
Faculdade Projeção
Presidente: Prof. Oswaldo Luiz Saenger
Diretora Geral das Unidades Educacionais: Profª. Catarina Fontoura Costa
Diretor Acadêmico da Educação Superior: Prof. José Sérgio de Jesus
Coordenador dos Cursos do Pronatec: Prof. Luiz Augusto Ramos Pedro
ISBN: 978-85-68518-08-3
1º Edição - 2014 / Brasília-DF
Impresso no Brasil
Catalogação-na-fonte
S719
Souza, Gerson Martins de
Cultura popular / Gerson Martins de Souza e Tarcísio
José Pereira: Brasília, Projeção, 2014.
144 p. : 23 cm.
ISBN: 978-85-68518-08-3
CDU 316.7
Faculdade Projeção
CNB 14 - A/E 5, 6 e 7 - SAMDU Norte
Taguatinga (DF) CEP 72115-150
Tel. (61) 3451-3873
Site: http://www.fapro.edu.br/
Apresentação
Caro estudante,
A disciplina Cultura Popular tem como objetivo principal levar a
uma discussão e aprendizado acerca dos diversos tipos de cultura, por
intermédio de uma revisão dos conceitos básicos; aliando teoria à prática
para que você, educando, possa repensar e melhorar a sua visão quanto ao
que é cultura e suas mais variadas manifestações. Trabalhar as questões
populares, mostrar a importância da cultura popular de bairro até mesmo
as tradicionais.
Este livro trará até você aluno um mundo novo de conhecimento
acerca das culturas nacionais e transnacionais onde a cultura ocupa um
espaço importante na vida de muitas pessoas inclusive a nossa; e suas
influências diárias, na culinária, esporte, lazer, e na vida cotidiana.
Esperamos que esse livro traga um mundo novo de conhecimento
e que possa, também, desmistificar um série de equívocos perpetuados
ao longo da história acerca das culturas, também que sirva de base para
reforçar as suas próprias crenças.
Bons estudos e divirtam-se!
Sumário
1. Conceito de Cultura.......................................................................................9
1.1 Ponto de partida.............................................................................................................................11
1.2 Conceito de Cultura......................................................................................................................11
1.3 Conceitos de cultura popular....................................................................................................17
1.4 Cultura popular brasileira...........................................................................................................20
1.4.1 Folclore: cultura popular, tradição...........................................................................................21
1.5 Cultura popular e cultura de massa........................................................................................23
1.6 As Manifestações Culturais.........................................................................................................23
1.7 Na prática..........................................................................................................................................24
1.8 O que aprendemos?......................................................................................................................25
1.9 Glossário............................................................................................................................................26
1.10 Referências.......................................................................................................................................26
Sumário 7
4. Multicuturalismo e Educação................................................................ 81
4.1 Ponto de partida.............................................................................................................................83
4.2 Roteiro do Conhecimento..........................................................................................................83
4.3 Origens do Multiculturalismo Como Movimento Teórico e Como Prática Social...84
4.4 O Multiculturalismo e seus Dilemas: Implicações na Educação....................................88
4.5 O Multiculturalismo e as Religiões Afro-brasileiras: O Exemplo do Candomblé.....90
4.6 Candomblé, Diferenças: consciências e rejeições..............................................................91
4.7 A Capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial.................................................................94
4.8 Brasília a Capital Cultural.......................................................................................................... 102
4.8.1 Monumentos de Brasília........................................................................................................... 104
4.8.2 Patrimônio Imaterial.................................................................................................................. 111
4.9 Na prática....................................................................................................................................... 113
4.10 O que aprendemos?................................................................................................................... 114
4.11 Referências.................................................................................................................................... 114
8 Cultura Popular
1
Conceito de Cultura
Conceito de Cultura 11
Também, o mesmo termo serve para denominar a educação e habilidades
de que dispõe um indivíduo, pessoalmente e por fora desse todo que resulta
ser a cultura.
Para ilustrar o comentário acima, um bom exemplo e o festejo que ocorre
depois da obtenção de um campeonato de futebol, costuma ser um dos rituais
mais observados em várias culturas latinas e europeias.
A variedade de culturas, assim como o variado universo de formas e
expressões que estas supõem, é matéria de estudo, principalmente de
disciplinas como a sociologia e a antropologia.
A respeito da origem da palavra e como consequência também da
utilização que se dará ao termo, mais ou menos, se remonta à Idade Média,
quando a usavam para se referir ao cultivo da terra e o gado; á que provém do
latim cultus que significa cuidado do campo e do gado; entretanto, quando se
estava no século XVIII ou Século das Luzes como também o conhecem , no
qual nasceu em muitos uma profunda vocação pelo cultivo do pensamento,
imediatamente, o termo mudou para o sentido figurado de cultivar o espírito.
A cultura pode ser de acordo com sua classificação tópica, histórica,
mental, simbólica, estrutural, universal, total, particular, primitiva,
desenvolvida, instruída, analfabeta, racional e ideal; entre outras, e está
composta por elementos concretos ou materiais como: alimentos, modas,
festas, artes, construções arquitetônicas e monumentos; e por outros, os
simbólicos ou espirituais, entre os que se contam os valores, as crenças, as
normas, a arte e a linguagem, sendo a partir e graças a estes que poderemos
diferenciar ou reconhecer uma cultura em respeito de outra.
Termo derivado do latin cultus, o conceito de cultura é complexo e de
difícil representação por apresentar várias definições emaranhadas em um
só termo. É um conceito que surgiu em meados do século XVII, mas só no
XIX começou a ganhar essa forma que conhecemos hoje em dia. Tal como
podemos entendê-la rapidamente se poderia definir como a conduta e os
costumes de um povo. Algumas vezes os costumes de um povo são louvados
por este mesmo povo ou por outros; e ao mesmo tempo são objeto de rejeição
e desaprovação por parte de outros povos. Além do mais, normalmente, existe
em ambos casos uma falta total de compreensão da essência e dos significados
desses costumes. Quer dizer, o povo em geral não sabe exatamente o que é a
cultura, salvo aqueles eruditos que estudam este conceito. Uma pessoa, ainda
que possa criticar um detalhe ou outro de uma determinada cultura, não é
capaz de interpretar a sua própria com exatidão ou descrever seus costumes;
porque passamos a vida toda dessa forma e fazemos quase tudo por hábito,
ou seja, por costumes adquiridos pelos mais velhos e por nosso meio
ambiente cultural.
12 Cultura Popular
Em uma concepção tradicional, cultura é a reunião de conhecimentos
e saberes acumulados pela humanidade no decorrer de seus milênios de
anos de história. Encontra-se em todas as sociedades sem distinção de
raças, lugares ou períodos. A cultura está composta por vários sistemas
estruturados de comportamentos. Os antropólogos, que sempre trataram
das questões culturais, optaram por passar de um conceito de cultura como
uma reunião de características quase casuais a um conceito que ressalta
mais as relações e as disposições sistemáticas e estruturais. Segundo
alguns deles, cultura seria um conjunto complexo de conhecimentos,
crenças, e costumes; incluindo toda expressão artística, além de todos os
hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.
A partir dessa definição, a cultura apresenta duas vertentes: uma com
um componente interno (os saberes, as normas, as crenças...) e outra com
um componente externo (os comportamentos, as instituições...); ou seja,
o conceito de cultua evoluiu muito.
Desse modo, podemos resumir modernamente cultura como o
conhecimento que uma pessoa adquire e aprende por sua condição de
membro de um determinado grupo em um processo de socialização.
No final do século XVIII e no começo do século seguinte, o termo
germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos
espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization
referia-se principalmente às realizações materiais de um povo. Ambos os
termos foram sintetizados por Edward Tylor (1832-1917) no vocábulo
inglês Culture, que “tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo
complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes
ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como
membro de uma sociedade”.
Conceito de Cultura 13
Segundo Barros (1932), com esta definição Tylor abrangia em uma
só palavra todas as possibilidades de realização humana, além de marcar
fortemente o caráter de aprendizado da cultura em oposição à ideia de
aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos.
A cultura pode receber diferentes denominações assim como
diferentes significados, dependendo do locus ao qual se encontra a
sociedade, grupos sociais, indivíduo ou qualquer forma, esta também
desenvolverá papéis diferenciados e provocará sentimentos diversos.
Segundo Laraia (2001), há vários determinismos para a cultura, onde
cada indivíduo se posicionará perante fatores que serão determinantes
para a produção/reprodução do ethos da cultura, podendo ser biológica,
geográfica, etc.
Por essa perspectiva, pode-se afirmar que a cultura por mais seja
inerente ao ser humano, ela pode infringir em várias faculdades deste
tornando-o o único ser a apreciar com um “poliolhar”.
Para Leitão (s/d p. 7):
14 Cultura Popular
As mulheres girafas, na Polinésia, que espicham os
próprios pescoços com aros de ferro deixando-os com
mais de 30 cm;
Leia Mais no SitedeCuriosidades.com: http://www.
sitedecuriosidades.com/curiosidade/as-culturas-e-
paises-mais-estranhos-do-mundo.html
Junqueira (2008) apud Souza (2910) nos traz que integrado em uma
sociedade, o ser humano interage invariavelmente com a natureza e outros
seres humanos. No processo de desenvolvimento e de formação, ele absorve
informação que lhe garante uma progressiva adaptação à realidade natural
e social. Este conhecimento, que é designado por conhecimento do senso
comum, está marcado pela época histórica, pelos grupos a que o sujeito
pertence, pelas atitudes e preconceitos; pela ideologia vigente, e permite-
lhe orientar-se, relacionar-se com outros e resolver seus problemas diários.
Souza (2010) afirma que sendo assim, nascer homem não significa
ser humano. O nascimento, a alimentação, e a morte são fenômenos
biológicos, mas, no caso do ser humano, são fenômenos sociais e culturais
todas as sociedades humanas criaram um sistema de crenças, valores,
hábitos e conhecimento social ao ato de nascer de alimentar, etc.
Titiev (1985, p. 13) afirma que a cultura é toda uma “série completa
de instrumentos não geneticamente adquiridos pelo ser humano, assim
como todas as facetas do comportamento adquiridas após o nascimento”.
Seehaber (2006) afirma que, para Clifford Geertz (1978) e Michel de
Certeau (2001), cultura denota um padrão de significados incorporados aos
símbolos e historicamente transmitidos. Expressões de formas simbólicas
por meio das quais os homens se comunicam, perpetuam e desenvolvem
seus conhecimentos e suas atitudes em relação à vida.
Junqueira (2008) apud Souza (2010) ressalta, complementando Titiev
(1985), que é a cultura que institui as regras e as normas que organizam a
sociedade e regem a conduta dos indivíduos.
Sendo assim, Souza (2010) a cultura constitui o veio vital coletivo das
experiências adquiridas, dos saberes práticos aprendidos e apreendidos,
dos conhecimentos sociais vividos, das lembranças histórico-míticas e da
própria identidade de uma sociedade.
Conceito de Cultura 15
Visite o site http://www.viverbrasilnet.com.
br/curiosidades-da-cultura-brasileira/ para
conhecer curiosidades da cultura brasileira.
16 Cultura Popular
Neste contexto, faz-se necessário trabalharmos o conceito de cultura
popular, que se diferencia muito pouco do conceito de cultura, uma vez,
que cultura é uma terminologia geral, e cultura popular é algo mais focal,
ficando restrita a um segmento da cultura.
Conceito de Cultura 17
Arantes (1999) nos traz que existe um amplo espectro de concepções
e pontos de vista que vão desde a negação (implícita ou explícita) de que
os fatos por ela identificados contenham alguma forma de “saber”, até
o extremo de atribuir-lhes o papel de resistência contra a dominação de
classe.
Abreu e Soihet ( 2003) nos mostram que, por outro lado, se cultura
popular é algo que vem do povo, ninguém sabe defini-lo muito bem.
No sentido mais comum, pode ser usado, quantitativamente, em termos
positivos - “Pavarotti foi um sucesso popular” – e negativos - “o funk é
popular demais”. Para uns, a cultura popular equivale ao folclore, entendido
como o conjunto das tradições culturais de um país ou região; para outros,
inversamente, o popular desapareceu na irresistível pressão da cultura de
massa (sempre associada à expansão do rádio, televisão e cinema) e não
é mais possível saber o que é originalmente ou essencialmente do povo e
dos setores populares.
18 Cultura Popular
Segundo Ferreira (2014), o Brasil, hoje, é formado por uma diversidade
cultural muito grande, essa diversidade, nem sempre é respeitada ou vista
com bons olhos, contudo, ainda há uma necessidade quase que absoluta em
embranquecer as nossas manifestações culturais mais diversas possíveis
para serem aceitas como uma manifestação cultural.
Silva (1995 p. 249) afirma que:
Conceito de Cultura 19
Cultura popular é uma expressão que caracteriza um conjunto
de elementos culturais específicos da sociedade de uma nação ou região.
Muitas vezes classificada como cultura tradicional ou cultura de
massas, a cultura popular é um conjunto de manifestações criadas por
um grupo de pessoas que têm uma participação ativa nelas. A cultura
popular é de fácil generalização e expressa uma atitude adotada por várias
gerações em relação a um determinado problema da sociedade. A maioria
da cultura popular é transmitida oralmente, dos elementos mais velhos da
sociedade para os mais novos.
A cultura popular surgiu graças à interação contínua entre pessoas
de regiões diferentes e à necessidade do ser humano de se enquadrar ao
seu ambiente envolvente. A sociologia e etnologia, que estudam a cultura
popular, não têm como objetivo fazer juízos de valor, mas identificar
as manifestações permanentes e coerentes dentro de uma nação ou
comunidade.
Alguns estudiosos indicam que cada pessoa tem no seu interior a noção
do que é popular, que é definido pela vertente de tradição e comunidade.
A cultura popular é influenciada pelas crenças do povo em questão
e é formada graças ao contato entre indivíduos de certas regiões. Pode
envolver áreas música, literatura, gastronomia, etc.
20 Cultura Popular
1.4.1 Folclore: cultura popular, tradição
Segundo Vilhena (1997:24), o termo folklore – folk (povo), lore
(saber) – foi criado pelo arqueólogo inglês Willian John Thoms, em
22 de agosto de 1846, e adotado com poucas adaptações por grande
parte das línguas européias, chegando ao Brasil com a grafia pouco
alterada: folclore. O termo identificava o saber tradicional preservado
pela transmissão oral entre os camponeses e substituía outros que eram
utilizados com o mesmo objetivo – “antiguidades populares”, “literatura
popular”.
Neste contexto, a ideia de amoldar-se nas tradições populares uma
sabedoria não era nova quando a palavra folclore foi criada.
Vilhena destaca também que os intelectuais românticos valorizaram
de forma positiva a cultura popular em um momento em que a repressão
sobre ela se intensificou – final do século XVIII e início do século XIX.
Esses estudiosos, que tinham grande curiosidade com relação ao que era
bizarro, dedicaram-se a esse tema e foram “responsáveis pela fabricação
de um popular ingênuo, anônimo, espelho da alma nacional, [sendo] os
folcloristas seus continuadores, buscando no Positivismo emergente um
modelo para interpretá-lo”.
É importante destacar, porém, o contexto no qual a palavra folclore
foi gerada para podermos compreender, posteriormente, quão abrangente
é essa discussão na área das Ciências Sociais no Brasil.
Ortiz (1985) afirma que até meados do século XVII a fronteira entre
cultura popular e cultura de elite não estava bem delimitada, porque a
nobreza participava das crenças religiosas, das superstições e dos jogos
realizados pelas camadas subalternas. É claro que o mesmo não se pode
dizer com relação ao povo no universo das elites.
Ortiz (1985) destaca, ainda, a crescente preocupação das autoridades
com práticas que geram protestos, tumultos, como o carnaval – entre
outras manifestações populares. Dessa forma, o povo entra no debate
moderno e passa a interessar para legitimar a hegemonia burguesa, mas
incomoda como o lugar do inculto. Teve início nesse período o processo
de desencantamento do mundo, baseado em valores de universalidade
e racionalidade, e valorização da cultura burguesa – moderna – em
detrimento da cultura popular – tradicional.
Conceito de Cultura 21
Para Harvey (1999, p. 23), justamente em meados do século
XIX, quando o termo folclore é criado, a modernização capitalista
encontrava-se a todo vapor; e os intelectuais que se dispunham a
estudar as manifestações populares não pensavam em voltar ao passado
como os românticos, pois, com base no projeto iluminista, acreditava-
se que “o domínio científico da natureza permitia liberdade da escassez,
da necessidade e da arbitrariedade das calamidades naturais. O
desenvolvimento de formas racionais de organização social e de modos
racionais de pensamento prometia a libertação das irracionalidades do
mito, da religião, da superstição, liberação do uso arbitrário do poder,
bem como do lado sombrio da nossa própria natureza humana”.
Catenacci (2001) afirma que apontado como o pai dos estudos
folclóricos brasileiros –, Celso de Magalhães e Couto de Magalhães,
que acreditavam na investigação da origem e das características das
manifestações folclóricas como o meio mais eficiente para afirmar
a identidade nacional. Para tanto, era necessário entrar em contato
com o povo, ou seja, com as classes subalternas, os homens simples,
“deseducados” e ,ao mesmo tempo, testemunhas e arquivos da tradição.
Essas manifestações folclóricas que, segundo eles, encontravam-se
presentes principalmente no meio rural, estariam ameaçadas pelo processo
de modernização em que o Brasil estava se inserindo. Acreditava-se
nesse sentido na incompatibilidade entre as manifestações folclóricas e o
progresso, ou seja, entre os avanços da modernidade e a tradição.
Catenacci (2001) nos traz que a questão da cultura popular foi
apresentada, muito recentemente, pelos romancistas e folcloristas. No
entanto, as obras produzidas para discutir ou reivindicar uma determinada
concepção desse tema são inúmeras e diversificadas. Neste artigo, foram
apresentadas duas concepções, salientando o contexto histórico, social,
político e econômico no qual cada uma delas foi construída. Buscou-se,
ao apresentá-las dessa forma, destacar que o modo pelo qual se entende,
se define cultura popular, é ao mesmo tempo produto de um contexto
determinado e de um diálogo sobre as questões colocadas por ele. Foram
expostas, portanto, as formas com as quais os folcloristas e os membros
do movimento artístico cepecista lidaram e responderam às indagações
colocadas por seu tempo sobre o “povo brasileiro”.
22 Cultura Popular
1.5 Cultura popular e cultura de massa
De acordo com alguns autores, só é possível fazer a diferenciação
entre cultura popular e cultura de massas quando o passar do tempo separa
o que é moda e circunstância, alcançando e integrando a essência de um
povo. Neste caso, a palavra “massa” não remete para uma classe social, e
sim para um grande número de pessoas dentro de uma sociedade.
Apesar de as duas expressões serem frequentemente usadas como
sinônimos, algumas pessoas fazem a diferenciação, referindo que a
cultura de massa revela um produto ou vertente cultural que é difundido
para as grandes massas, muitas vezes para todo mundo. A cultura de
massa é frequentemente divulgada em meios de comunicação de massa, e
na maioria dos casos, é incentivada por indústrias com o objetivo de obter
lucros. Exemplo disso é Coca Cola, MacDonald’s, pizza Hurtz, etc.
Por outro lado, a cultura popular remete para diferentes manifestações
que são populares e com origem em diferentes regiões. Está mais
relacionada com a tradição e é transmitida de geração em geração.
Conceito de Cultura 23
mesmo os infantis; as adivinhações e as injúrias, que aparecem de forma
indissociável e complementar, elementos que compõem e configuram o
carnaval.
1.7 Na prática
1) Qual o conceito de cultura?
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24 Cultura Popular
2) Qual o conceito de Cultura popular?
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1.9 Glossário
Etnográfico: A etnografia é um método de estudo utilizado pelos
antropólogos com o intuito de descrever os costumes e as tradições de
um grupo humano. Este estudo ajuda a conhecer a identidade de uma
comunidade humana que se desenvolve num âmbito sociocultural
concreto.
1.10 Referências
ABREU, M. e SOIHET, R., Ensino de História, Conceitos,
Temáticas e Metodologias. Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2003.
26 Cultura Popular
Cultura Popular. < http://infojovem.org.br/infopedia/tematicas/
criatividade/cultura-popular/> acesso em: 1/ago/2014
Cultura. <http://queconceito.com.br/cultura#ixzz3C6uk7D4z>
acesso em 1/ago/2014
Conceito de Cultura 27
SILVA, M. Ozanira da Silva e (Coord.). O Serviço Social e o Popular:
resgate teórico-metodológico do projeto profissional de ruptura. Ed.
Cortez; São Paulo, 1995.
Anotações
28 Cultura Popular
Anotações
Conceito de Cultura 29
Anotações
30 Cultura Popular
2
Cultura de Massa, Cultura Popular
e Cultura Erudita
34 Cultura Popular
Segundo Teixeira Coelho, a indústria cultural é fruto da sociedade
industrializada, no período de consolidação de uma economia baseada no
consumo de bens. Produtos culturais em série – revistas, jornais, filmes,
livros, etc. – produzidos para o consumo em massa, são característicos
desse tipo de indústria.Os jornais acabam tendo um papel importante
dentro dos centros urbanos criados e desenvolvidos com o capitalismo
vigente. Segundo Tomazi, os jornais divulgam notícias, crônicas políticas
e os folhetins (novelas impressas), ganhando uma popularidade grandiosa.
Nesse sentido as noticiais se tornam cada vez mais acessíveis. Diferente
da antiga sociedade feudal em que o conhecimento e as noticias ficavam
reservados a pequenos grupos de privilegiados.
Para Adorno (1903-1969) e Horkheimer (1896-1973), os meios de
comunicação de massa compreendem uma proposta de alienação, diversão
ou mesmo a desorientação sem permitir a reflexão sobre as coisas. Os
autores destacam que a indústria cultural tem um objetivo: chegar aos
seus consumidores a partir da venda. Por essa razão, pode-se dizer que a
indústria cultural vai buscar legitimar tudo isso a partir de uma ideologia
que, é uma falsa consciência ou uma inversão da realidade.
Adrian (2012) destaca que a indústria cultural impõe gostos e
preferências às massas, modelando suas consciências ao introduzir o
desejo de necessidades supérfluas. Ela é tão eficaz nessa tarefa que os
indivíduos não percebem o que ocorre, impedindo, assim, a formação, de
pessoas capazes de julgar e de decidir conscientemente.
O autor segue destacando que fenômeno similar ocorre na música
popular produzida pela indústria cultural. O processo de padronização torna
as canções parecidas umas às outras e reprime qualquer tipo de desafio,
autenticidade ou estímulo intelectual na música elaborada para a venda.
36 Cultura Popular
As atrações pelas novelas atingem todas as classes sócias. A razão de
tal sucesso é que visando alargar ao máximo sua audiência, a rede Globo,
por exemplo, utiliza cinco aspectos importantes na produção das novelas:
Adrian (2012) nos mostra quatro exemplos neste contexto.
01. A mesma língua falada pelos telespectadores no seu dia-a-dia:
o púbico acaba se identificando com os personagens, pois seus
costumes e sua linguagem é também muito parecida, como
exemplo temos a novela Malhação e sua fala, comunicação de
acordo com o público jovem.
02. O roteiro da aspiração à ascensão social: frequentemente nas
novelas a história se passa entre dos mundos diferentes, o
núcleo conhecido como Zona Sul (em referência à região onde
reside a elite carioca), os ricos e o núcleo pobre. Sendo que os
personagens pobres sempre no final de cada novela acabam
crescendo ou prosperando economicamente. Curiosamente o
publico fica satisfeito, pois descobre que o moçinho ou a moçinha
pobre consegue vencer na vida, tanto no amor como também na
vida econômica, o que nem sempre acontece na vida real.
03. Igualdade social: frequentemente nas novelas vemos os pobres
convivendo com os ricos, coabitando um cotidiano semelhante
sem conflitos, seja no trabalho ou na família (doméstica e patrões),
uma evocação direta de uma igualdade social inexistente na
realidade.
04. O amor entre núcleos diferentes: é muito rotineiro entre as diversas
novelas, o amor entre indivíduos de classes sociais diferentes. O
público gosta da relação entre mundos tão distintos, a moçinha
pobre com o grande empresário. Nas novelas essas historias de
indivíduos tão diferentes é regra e quase uma obrigação entre os
roteiristas na busca da audiência.
O caderno Humanitas afirma que a popularidade alcançada pelas
novelas não se mede somente pelas amplas cifras do Ibope, mas também,
pelo lugar que elas ocupam nas conversas cotidianas, nos debates rotineiros,
nos rumores que elas alimentam; seu poder de unir uma discussão nacional
não somente em torno da intriga, mas em torno de certas questões de
sociedade. A identificação do telespectador brasileiro às personagens das
novelas é tão forte que os últimos capítulos tornam-se eventos nacionais
comentários obrigatórios em toda a mídia, sondagens de opinião são feitas
para saber o fim das intrigas ou da situação final das personagens.
38 Cultura Popular
As expressões populares da cultura operária, do campo e da favela
são atravessadas pelos produtos da cultura de massa. No entanto, a cultura
popular existe em detrimento da cultura de massa. Porém, a grande massa
não possui consciência das ideologias da Indústria Cultural e consome um
produto de baixa qualidade informacional.
A Indústria Cultural esteve sempre ligada ao poder econômico
e financeiro. Nesse sentido, a Indústria Cultural usa de mecanismos
repressores às outras formas de manifestações populares da cultura.
O mercado da Indústria Cultural não está interessado em qualidade da
obra de arte e, sim se ela vende. “Isto não vende mais”.
40 Cultura Popular
seu fluxo; algumas podem variar pouco e preservar com maior zelo as
suas tradições; e, de fato, a tradição é uma de suas características; mas as
culturas mudam, transformam-se, atualizam-se e, como tal, para os seus
atores e autores, são sempre atuais, pensam e representam o viver em um
momento presente; d) elas são criadas – em seus planos, elas representam
sempre uma experiência singular ou coletiva de criatividade popular. São
as obras de artistas e de artesãos, cujos nomes podem, ao longo do tempo,
terem sido esquecidos, mas suas obras são sempre, como um poema de
Cecília Meireles ou uma música de Tom Jobim ou de Villa-Lobos, obras
autorais de um artista popular.
2 Jadir de Moraes Pessoa, na página 9 de seu artigo: Aprender e ensinar nas festas
populares, no Boletim de Salto para o Futuro com o mesmo título. O Boletim
incorpora outros artigos na mesma linha. Ver a bibliografial.
42 Cultura Popular
A cultura de massa procura homogeneizar todas essas expressões
culturais. Às vezes a cultura popular é uma forma de resistência em
relação à cultura de massa.
Nunca podemos dizer que a cultura erudita possui qualidade e a
cultura popular não! Elas podem ter a mesma sofisticação. No entanto,
elas não possuem o mesmo status social.
44 Cultura Popular
A cultura erudita, produzida de poucos para poucos, é basicamente
escrita e hoje encontra-se nas universidades e nos centros de pesquisa.
Já a cultura popular dá-se de muitos para muitos, alcançando a situação
ideal quando o número de emissores coincide com o de receptores. Ela é
praticamente oral e encontra-se em comunidades, micro organizações e
alguns grupos dispersos.
A cultura de massa envolve a eletro-eletrônica e sua produção é de
poucos para muitos. Contudo, a principal diferença entre os três sistemas
culturais diz respeito à concepção de tempo. A cultura erudita tem o
tempo de reflexão, onde pode-se voltar a datas e, exemplificando, estudar
o surgimento do primeiro jornal impresso para grande público no mundo.
O tempo cíclico, característico da cultura popular, se repete porque está
atrelado à natureza, ao cotidiano, como é o caso do tempo do ciclo agrário,
da semeadura à ceifa, com pausa para o descanso da terra. A cultura de
massa é marcada pelo tempo acelerado, pois é o tempo do consumo: a lei
do maior número, no menor espaço de tempo e com o maior lucro possível.
Cultura erudita é a produção acadêmica centrada no sistema educacional,
sobretudo na universidade. Trata-se de uma cultura produzida por uma
minoria de intelectuais das mais diversas especialidades, e geralmente saídos
dos segmentos superiores da classe média e da classe alta.
A cultura erudita está ligada à elite, ou seja, está subordinada ao capital
pelo fator de viabilizar esta cultura. Esta exige estudo, pesquisa para se obter
o conhecimento, portanto não é viável a uma maioria, e sim a uma classe
social que por sua vez possui condições para investir nesses aspectos e em
fim obter o conhecimento. É uma cultura em que a sociedade valoriza como
superior ou dominante. No entanto em termos sociológicos existem grupos
sociais que mantêm entre si relações de dominação e de subordinação.
46 Cultura Popular
erudita é ainda mais próxima à cultura popular, mas o que as diferencia é
que a popular se passa por tradição familiar ligada ao local onde vivem, e
não é aprendida em academias ou escolas.
Porém, cada vez mais a cultura erudita está atingindo diferentes
públicos da sociedade brasileira. Pode-se confirmar sua inserção na vida
dos brasileiros por meio da maior facilidade em encontrar programas
de televisão que desperte a vontade de estudar sobre um determinado
assunto que gere diferentes conhecimentos; como o propósito da TV
Cultura e Futura, e também o baixo valor para entrar em Museus e Centros
Culturais. Sem contar que alguns deles podem entrar gratuitamente, como
é o caso da CPFL Cultura, eventos da Fnac, Itaú Cultural, Caixa Cultural,
que promovem palestras, debates, exposições, entre outros.
2.6 Na Prática
1) Com suas palavras defina o que é cultura?
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48 Cultura Popular
3) Você participa ou já participou de alguma atividade cultural erudita
ou popular? Qual? Relate como foi.
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2.8 Glossário
Capital: O termo capital tem varias definições: Faz referência à cabeça,
relativo à vida de um indivíduo. Diz-se também que faz referência à
pena de morte que se define como pena capital; que é a cabeça ou parte
principal de algo: algo essencial ou uma ideia capital. O termo capital é
originário do latim derivado de caput, que significa cabeça. É um termo
50 Cultura Popular
Supérfluas: Característica ou propriedade daquilo que transcende o
necessário; que pode ser considerado mais do que o essencial: bens
supérfluos. Que é demais, demasiado; excedente: ornamentação
supérflua. Em que há redundância; que não é necessário: argumento
supérfluo. Que se define pelo excesso; exibicionismo ou extravagância:
loja de produtos supérfluos. Algo ou alguém que apresenta caráter
desnecessário, dispensável, extravagante: o supérfluo de uma relação;
o supérfluo não serve para nada!
2.9 Referências
ABREU. Martha. Cultura Popular, Um Conceito E Várias Histórias.
In: Abreu, Martha e Soihet, Rachel, Ensino de História, Conceitos,
Temáticas e Metodologias. Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2003.
Anotações
52 Cultura Popular
Anotações
54 Cultura Popular
3
Como Opera a Cultura
58 Cultura Popular
e da obstetrícia. Segundo ele, “Buda nasceu estando sua mãe, Mãya,
agarrada, reta, a um ramo de árvore. Ela deu à luz em pé. Boa parte das
mulheres da Índia ainda dão à luz desse modo”. Para nós, a posição normal
é a mãe deitada sobre as costas, e entre os Tupis e outros índios brasileiros
a posição é de cócoras.
Em algumas regiões do meio rural existiam cadeiras especiais para o
parto sentado. Entre estas técnicas pode-se incluir o chamado parto sem
dor e provavelmente, muitas outras modalidades culturais que estão à
espera de um cadastramento etnográfico.
É evidente e amplamente conhecida a grande diversidade gastronômica
da espécie humana. Frequentemente, esta diversidade é utilizada para
classificações depreciativas; assim, no início do século, os americanos
denominavam os franceses de “comedores de rãs”. Os índios Kaapor
discriminam os Timbiras chamando-os pejorativamente de “comedores
de cobra”. E a palavra potiguara pode significar realmente “comedores
de camarão”, mas resta uma dúvida linguística desde que em Tupi ela soa
muito próximo da palavra que significa “comedores de fezes”.
As pessoas não se chocam, apenas, porque as outras comem coisas
diferentes, mas também pela maneira que agem à mesa. Como utilizamos
garfos, surpreendemo-nos com o uso dos palitos pelos japoneses e das
mãos por certos segmentos de nossa sociedade.
60 Cultura Popular
escapa para os tecidos e o coração deteriora. Ela morre de choque, o que
é fisiologicamente a mesma coisa que choque de ferimento na guerra e
nas mortes de acidente de estrada.” É de se supor que em todos os casos
relatados o procedimento orgânico que leva ao desenlace tenha sido o
mesmo.
Trouxemos alguns exemplos mais drásticos referente à atuação da
cultura sobre o biológico, podemos agora prosseguir para a um campo que
vem sendo amplamente estudado: o das doenças psicossomáticas.
Neste contexto, podemos nos atrever a dizer que são fortemente
influenciadas pelos padrões culturais. Muitos brasileiros, por exemplo,
dizem padecer de doenças do fígado, embora grande parte das pessoas
ignorem até a localização do órgão. Entre nós são também comuns os
sintomas de mal-estar provocados pela ingestão combinada de alimentos.
Quem acredita que o leite e a manga constituem uma combinação
perigosa, certamente sentirá um forte incômodo estomacal se ingerir
simultaneamente esses alimentos.
Laraia afirma que a cultura também é capaz de provocar curas de
doenças, reais ou imaginárias. Estas curas ocorrem quando existe a fé
do doente na eficácia do remédio ou no poder dos agentes culturais. Um
destes agentes é o xamã de nossas sociedades tribais (entre os Tupis,
conhecido pela denominação de pai ou pajé). Basicamente, a técnica
de cura do xamã consiste em uma sessão de cantos e danças; além da
defumação do paciente com a fumaça de seus grandes charutos (petin), e
a posterior retirada de um objeto estranho do interior do corpo do doente
por meio de sucção. O fato de que esse pequeno objeto (pedaço de osso,
insetos mortos, etc.) tenha sido ocultado dentro de sua boca, desde o inicio
do ritual, não é importante. O que importa é que o doente é tomado de uma
sensação de alívio, e em muitos casos a cura se efetiva.
62 Cultura Popular
vida cultural aos elementos do sexo masculino. Grande parte da vida
ritual do Xingu, por exemplo, é interditada às mulheres. Estas não podem
ver as flautas Jacui, e as que quebram esta interdição sofrem o risco de
graves sanções. Em alguns segmentos de nossa sociedade, o trabalho fora
de casa é considerado censurável para o sexo feminino.
Existem limitações que são objetivamente determinadas pela idade:
uma criança não está apta para exercer certas atividades próprias de
adultos, da mesma forma que um velho já não é capaz de realizar algumas
tarefas. Estes impedimentos decorrem geralmente da incapacidade do
desempenho de funções que dependem da força física ou agilidade; como
as referentes à guerra, à caça, etc. Entre outras funções podemos incluir as
que dependem do acúmulo de uma experiência obtida por meio de muitos
anos de preparação. Torna-se fácil entender por que estas são interditadas
às crianças e aos jovens e reservadas às pessoas maduras, como certos
cargos políticos, etc.
Laraia (2001) nos traz que no primeiro tipo de impedimento etário as
razões parecem ser bastante evidentes, o que não ocorre com o segundo
tipo, quando tratamos das razões determinadas culturalmente. Por que
um jovem aos 18 anos pode votar, ter um emprego, ir à guerra; se não
pode casar, manipular os seus bens financeiros antes dos 21 anos sem a
autorização paterna? Por que um homem necessita ter 35 anos para ser um
senador? Qual o argumento para impedir o acesso ao mesmo cargo para
um homem de 34 anos? Por que uma jovem com 18 anos pode assistir a
um determinado filme e uma outra com 17 anos, 11 meses e 20 dias não o
pode? Por que um assassino com exatamente 18 anos pode ir a julgamento
e outro com um dia a menos de vida recebe um tratamento diferenciado?
A capoeira, assim como o carnaval, samba e futebol, faz parte do
contíguo dos grandes ícones da atualidade representativos da identidade
cultural brasileira. A capoeira é originária da experiência sociocultural
de africanos e seus descendentes no Brasil. Descreve em sua trajetória
histórica a força da obstinação contra a servidão e a síntese da expressão
de diversas analogias étnicas de ascendência africana.
Sabe-se que há muito que lutar por aqueles que estão à margem da
sociedade em especial à sociedade capitalista e burguesa. Essas minorias
em grande parte são pobres, negros, índios, quilombolas e outros tantos
que não têm condições suficientes para se afirmarem enquanto sociedade,
ou parte desta.
64 Cultura Popular
entidades fiscalizadoras, assim como as ONGs, Associações e Conselhos
para que fiscalizem o papel do Estado e regulem o mercado; preservando
as culturas existentes, as línguas, costumes e tudo o que compõe e
caracteriza tais comunidade.
66 Cultura Popular
seja algo válido dentro da minha análise musical. Os critérios que
estabelecemos são exclusivamente pessoais!
Se pra mim a estrutura perfeitamente metrificada de um soneto atinge
o que eu tenho como ideal dentro da poesia, ótimo! Para outro, a livre
manifestação sobre o papel pode ser uma expressão muito mais bela e
subjetiva. Para um, a utilização de saxofone em momentos chave das
músicas do Pink Floyd são as mais contundentes formas de expressar a
genialidade, para o outro, o mixar de diferentes batidas eletrônicas que
façam querer pular e dançar a madrugada inteira é a verdadeira arte.
A expressão da alma, dos sentimentos e desejos, a arte em si, são
todos extremamente únicos. Portanto, a interpretação de como cada uma
nos atinge é tão pessoal quanto nossos sentimentos. O equívoco-mor
repousa na tentativa pífia de sobrepujar os critérios de outrem com os seus
próprios. Daí, chegamos ao acinte de que esse ou aquele estilo musical
não é cultura, de que os comunistas não querem o bem da sociedade ou de
que Lord Byron é ofensivo no teor de sua escrita.
Temos o direito de não gostar, odiar, repudiar. Contudo não temos
razão alguma em, de forma absurdamente generalizada, repreender
o próximo pela sua escolha política, artística, musical, etc. “Eu não
compartilho sequer um dos gostos que tens, mas defenderei até a morte
o direito de tê-los” - Uma adaptação adequada da famigerada frase de
Voltaire/Evelyn Beatrice Hall.
A discussão só se dá verdadeira ao passo em que alinhamos os critérios de
análise - o que é essencialmente muito difícil. Por exemplo: qual foi o sistema
econômico com maior capacidade de se diminuir a desigualdade? Qual é o
artista que melhor soube se expressar utilizando apenas o ballet? Qual é o
baterista com maior diversidade de arranjos? E mesmo assim incorremos na
subjetividade da interpretação pessoal. No passado o Rock n’ Roll, o Punk e
a própria MPB foram motivo de chacota e desagrado social, é de se pensar!
Deixemos a livre escolha! Escutem o que quiser, leiam o que quiser.
Não sou eu o arauto da cultura, nem reconheço em qualquer outro tal
título. A expressão política e artística é sempre válida e pertencente a uma
realidade específica, quer queiramos ou não.
A questão pode se estender mais ainda: funk é criticado com tanta
veemência porque tem “teor sexual explícito” em suas letras -- exatamente
a expressão contrária à moral daqueles que dominam culturalmente o
ocidente. Assim com funk, assim com Rubem Fonseca, assim com Hilda
Hilst, assim com O Cortiço, do Aluísio Azevedo. As pessoas da classe
68 Cultura Popular
3.4.1 Os desafios do diálogo num mundo multicultural
O diálogo intercultural depende em grande medida das competências
interculturais, definidas como o conjunto de capacidades necessárias
para um relacionamento adequado com os que são diferentes de nós.
Essas capacidades são de natureza fundamentalmente comunicativa, mas
também compreendem a reconfiguração de pontos de vista e concepções
do mundo, pois, menos que as culturas, são as pessoas (indivíduos e grupos
com as suas complexidades e múltiplas expressões) que participam no
processo de diálogo.
O êxito do diálogo intercultural não depende tanto do conhecimento
dos outros como da capacidade básica de ouvir, da flexibilidade cognitiva,
da empatia, da humildade e da hospitalidade. Nesse sentido, e com o
propósito de desenvolver o diálogo e a empatia entre jovens de diferentes
culturas, foram posta sem marcha numerosas iniciativas que vão
desde projetos escolares até programas de intercâmbio com atividades
participativas nos âmbitos da cultura, arte e desporto. Não há dúvida de
que a arte e a criatividade dão testemunho da profundidade e plasticidade
das relações interculturais, assim como das formas de enriquecimento
mútuo que propiciam, para além de auxiliarem a contrariar as identidades
fechadas e a promover a pluralidade cultural. Do mesmo modo, as práticas
e os acontecimentos multiculturais, como o estabelecimento de redes de
cidades mundiais, os carnavais e os festivais culturais podem ajudar a
superar barreiras criando momentos de comunhão e diversão urbanas.
As memórias (recordações) divergentes têm sido causa de muitos
conflitos ao longo da história. Ainda que por si só, o diálogo intercultural
não possa resolver todos os conflitos políticos, econômicos e sociais; um dos
elementos-chave do seu êxito consiste na criação de um acervo de memória
comum que permita o reconhecimento das faltas cometidas e um debate
aberto sobre memórias antagônicas. A formulação de uma versão comum da
história pode revelar-se crucial para prevenção de conflitos e para estratégias
a serem adotadas no pós-conflito, dissipando um passado que continua a estar
presente. A Comissão de Verdade e Reconciliação sul-africana e os processos
de reconciliação nacional em Ruanda constituem exemplos recentes da
aplicação política dessa estratégia de recuperação. A promoção de “lugares de
memória” (a prisão de Robben Island na África do Sul, a ponte de Mostra na
Bósnia e os Budas de Bamifanno Afeganistão) demonstra igualmente que o
que nos diferencia pode também contribuir para nos unir, ao contemplarmos
os testemunhos da nossa humanidade comum.
70 Cultura Popular
e de sua filha Selminha. A trama também traz um olhar sobre as famílias
brasileiras, onde a família extensa e recomposta sobressai comumente
às famílias pobres e negras. Em pleno século XXl, o racismo ainda
está presente, em parte da sociedade brasileira por meio de uma visão
hegemônica procura tratar as pessoas negras como um seres inferiores,
dificultando o acesso de toda uma raça, à “cidadania de direitos” em
condições de igualdade.
Um exemplo claro é o que ocorre na mídia televisiva e cinematográfica;
em que é negado aos atores e a atrizes negras o mesmo tratamento
dispensado aos atores e atrizes brancas. Nos filmes e novelas brasileiras
os negros são tratados como seres inferiores, subordinados aos caprichos
da elite branca. Aos negros são destinados papeis de serviçais, bandidos
ou de escravos, como uma forma de restabelecer a memória e reafirmar a
subordinação e a marginalização do negro na sociedade.
Apesar de existir no Brasil excelentes atrizes e atores negros,
reconhecidos mundialmente por sua capacidade de atuação em teatro,
cinema e televisão; estes, em geral, não recebem papeis de destaque.
Nesse sentido, Lahni cita Joel Zito que diz: “A situação de negras e negros
na sociedade e na comunicação ainda é marcada pela discriminação”. No
documentário de Joel Zito Araujo, “A Negação do Brasil”, retrata com
precisão o início da trajetória do negro nas teledramaturgias brasileiras,
onde o papel deste era quase sempre de uma malando, desleixado, esperto,
e quase nunca ou nunca o herói, rico, bem vestido ou algo parecido.
O autor ainda acrescenta que o fato de não se ter protagonistas negros
ou estes estarem em papeis subalternos, são reflexos da sociedade racista
que se tem, e uma negação da sua própria realidade, onde se sabe que
a população brasileira, em sua maioria, é negra e miscigenada. Para
completar, o índio (apesar de ser minoria quando acrescida ao montante
de rejeitados e exclusos, por questões de raça, estes apresentam números
significantes). Ainda predomina um pensamento de embranquecimento
da nação e a continuidade da situação dos negros em papéis secundários
em todos os aspectos ou sem nenhum papel tanto nas teledramaturgias
brasileiras quanto na vida real.
Segundo o autor, o Brasil só deu o primeiro passo para tratar
das questões de preconceito racial nas teledramaturgias brasileiras
entre os anos 80 e 90; quando se dá o início da ascensão do negro na
teledramaturgia. Nesta ótica, Munanga (2003), fala que a partir da política
de afirmação, implantada em alguns países desde a década de 60, houve
72 Cultura Popular
pressuposto e suas manifestações discriminatórias que se reergueram
formas coletivas de combate ao racismo em meados dos anos de 1940,
quando o regime político oferecia mais abertura para as manifestações civis.
Nesse período, destacaram-se duas entidades que tiveram longevidade e
expressão política significativa: a União dos Homens de Cor (UHC) e
do Teatro Experimental do Negro (TEN)” (Módulo III; p.179). O fato de
teledramaturgos ‘pintarem’ pessoas para representar negros reforça o mito
da democracia racial. Melhor entendendo: não consideravam que negros
pudessem desempenhar papeis de atrizes e atores.
No longa, quase dois irmãos, são apresentadas duas histórias distintas
de dois garotos que tiveram futuros diferentes ao logo de suas vidas e
as oportunidades dadas a cada um pelo Estado opressor, em especial no
período da Ditadura no Brasil e os rumos que cada um seguiu.
Vê-se, claramente, que o tratamento dado a um negro e a um branco
são bem distintos e o filme mostra que o negro ainda tem menos chance
que o branco.
Heilborn (2010), traz uma questão interessante que são as políticas
de inclusão tendo um papel fundamental para o desenvolvimento das
minorias, onde a grande parte dessas políticas são feitas principalmente
pela sociedade civil e o papel do Estado com as políticas públicas
afirmativas, afim de, reforçar esta inclusão e a (re) afirmação faz nos
titubear sobre o papel do Estado para tais políticas.
O papel do Estado de resguardar os indivíduos, que já sabemos que
é falho, pode ser mudado a partir das ações destes quando mudadas.
Na música cantada por Ana Carolina, “O Cristo de madeira” retrata um
pouco o que se passa no longa porém, com uma pequena diferença, o
personagem cantado, tem uma chance de mudar, insípida, mas tem, o que
não aconteceu no longa.
Carneiro (2004), ainda acrescenta que ser mulher, negra e pobre; é
muito pior, com relação ao preconceito, do que ser homem, ou seja, o
“camaleonismo” do preconceito atinge camadas diferentes de uma mesma
classe, raça, gênero e quanto mais adjetivos tem um indivíduo, maior o
preconceito sofrido por este e mais o Estado “DEVERIA” ampará-lo.
Às vezes, é necessário uma visão ufanista para poder viver e ter
sonhos, pois, com tantas posturas que se vê em relação às questões de raça
e etnia algumas vezes traz sensações de desmoronamento, e outras força
de vontade de lutar por questões afirmativas com mais afinco.
74 Cultura Popular
o “fracasso institucional” é apenas aparente, resultante da contradição
performativa entre o discurso formal e oficial das instituições e suas práticas
cotidianas, sobretudo, mas não apenas informais. Esta contradição é (...)
fundamental para entender os processos de reprodução do racismo, em suas
três dimensões (preconceito, discriminação e desigualdade étnicoraciais), no
contexto do mito da democracia racial. (Sales Jr, mimeo, 2011).
3.5 Na prática
1) O que você entende por cultura híbrida?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
3.7 Referências
(Orgs.) MAGGIE, Yvonne; REZENDE, Cláudia Barcellos. Raça
como retórica: a construção da diferença. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2002. Artigo CUNHA, Olívia Maria Gomes.
76 Cultura Popular
BRASIL. Ministério da Educação. Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoas de nível Superior. Universidade Federal de Goiás.
Educação para as Relações Etnicorraciais / Orgs: MORAES, C.C.P;
LISBOA, A.S; OLIVEIRA, L.F / 2ed. Goiânia: FUNAPE:UFG:Ciar,
2002. Artigo AYODELE, Cristiane; FILICE, Renísia Cristina Garcia.
http://www.uesc.br/nucleos/kawe/revistas/Ed_03/resenha.pdf
78 Cultura Popular
SONDA, Lucas. A Elitização e o preconceito Cultural. Disponível
em: <http://www.regenciacoletiva.com/2012/11/a-elitizacao-e-o-
preconceito-cultural.html>, 2012; acesso em: 04/ago/2013
Anotações
80 Cultura Popular
4
Multicuturalismo e Educação
Multicuturalismo e Educação 83
Fleuri (2003) assevera que economicamente, esse novo momento
histórico é representado pela chamada globalização econômica que,
em síntese, refere-se à internacionalização do capital, tendo por base
a produção, distribuição e consumo de bens e serviços; organizados a
partir de uma estratégia mundial e voltados para um mercado mundial,
visando atender, de forma padronizada, o gosto de consumidores em
todos os recantos do planeta. Salienta-se com isso, o caráter opressivo
da globalização em relação às identidades culturais diversas, sobretudo
quando se leva em conta que globalizar pode significar homogeneizar,
diluindo identidades e apagando as marcas das culturas ditas inferiores.
Culturalmente, com o vertiginoso avanço da tecnologia, mídia,
informática e a diluição de fronteiras geográficas; tem-se acelerado o
intercâmbio cultural. O mundo assume, definitivamente, as feições e as
marcas da multiculturalidade, fazendo-nos crer que estamos “condenados”
a pensar a unidade humana na base de sua diversidade cultural e nos
desafiando a desenvolver a capacidade de conviver com as diferenças.
84 Cultura Popular
argumentos científicos procuravam preparar as populações segregadas para
exigirem igualdade de direitos, estimulando a autoestima desses grupos e
apoiando o debate intelectual sobre questões relativas à discriminação e
exclusão social.
Para Gonçalves e Silva (1998), os trabalhos acadêmicos desses
estudiosos, embora desconhecidos pela sociedade em geral, foram
divulgados em escolas, igrejas e associações afro-estadunidenses;
consistindo em pesquisas histórico-sociais e em elaboração de materiais
didáticos e novas metodologias para os diversos níveis de ensino,
fundamentados em um novo conhecimento da história dos negros.
Partindo da reflexão desses precursores, novos estudos serão realizados ao
longo do século XX, contribuindo para o desenvolvimento de pesquisas e
práticas pedagógicas, que insistem na ideia de se repensar a educação em
uma perspectiva multicultural.
Silva e Brandim (2008) afirmam que a partir dos anos 70, há um
relativo avanço nas lutas multiculturalistas, à proporção que os Estados
Unidos instituem, à custa das pressões populares, políticas públicas em
todas as esferas de poder público (federal, estadual e municipal), visando
garantir igualdade de oportunidades educacionais, de integração e justiça
social a grupos culturais diversos, tais como os não brancos, do sexo
feminino, deficientes, alunos de baixa renda, etc.
Multicuturalismo e Educação 85
Moreira (1999) nos traz que a base da dinâmica social vigente é a
opressão econômica e social; ressalta a crescente importância da questão
cultural no mundo contemporâneo. A cultura é vista como esfera de lutas
e de relações de poder desiguais, constituindo-se na fonte fundamental
de conflitos mundiais no cenário atual. Tais conflitos se originam das
divergências de interesses entre diferentes grupos e das tentativas de
imposição dos significados de determinados grupos em relação a outros,
com objetivo de exercer a hegemonia cultural.
Silva e Brandim (2008) destacam que esse cenário de abordagem
sobre o multiculturalismo, iniciado nos Estados Unidos vai ultrapassando
territórios e fronteiras, chegando também ao Brasil. Assim como nos
Estados Unidos, o multiculturalismo no País nasce nas primeiras
décadas do século XX sob a iniciativa dos movimentos negros. Mas,
diferentemente do que ocorreu em território norte-americano, os debates
não contaram inicialmente com a adesão das universidades, o que vem a
ocorrer somente a partir dos anos 80 e, sobretudo, dos anos 90 em diante.
86 Cultura Popular
União Nacional dos Homens de Cor (UNHC), a criação do Teatro
Experimental Negro (TEN); 3) a atuação de organizações internacionais,
como a ONU.
Já na década de 80, com a redemocratização política cresce o interesse
pelo enfoque multiculturalista na educação e no currículo das escolas.
Além da influência exercida pelas teorias criticas e pós-críticas, as próprias
organizações internacionais de defesa dos direitos humanos firmam o
compromisso de promover uma educação para a cidadania baseada no
respeito à diversidade cultural, visando à superação das discriminações e
do preconceito.
Candau (1997) destaca que a Conferência Mundial sobre Políticas
Culturais, promovida pela UNESCO em 1982, no México, cujo papel é o de
contribuir para a aproximação entre os povos e uma melhor compreensão
entre as pessoas.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – Brasil (1997)
consta que, no plano internacional, o Brasil tem participado de
eventos importantes, como a Conferência Mundial de Educação para
Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, convocada por
organizações como UNESCO, UNICEF e Banco Mundial. O País também
é signatário da Declaração de Nova Delhi - assinada pelos nove países em
desenvolvimento de maior contingente populacional em que se reconhece
a educação como instrumento proeminente de promoção dos valores
humanos universais, da qualidade dos recursos humanos e do respeito
pela diversidade cultural.
Segundo Silva e Brandim (2008), citando o Brasil (1998) trazem que na
visão do discurso oficial, a educação para a cidadania implica a capacidade
de convivência com a cultura do outro. Ao incluir a Pluralidade Cultural
como Tema Transversal os Parâmetros avançam um passo importante em
prol de uma proposta educacional e curricular multiculturalista, na medida
em que reconhece o valor da pluralidade e a diversidade cultural, bem como
a necessidade de formar para a cidadania com base no respeito às diferenças.
Todavia, apoiando-nos em vários estudos (MOREIRA, 1996, 1998;
CANDAU; 1997; LOPES, 1999) defendemos o argumento que não basta
propor nos PCN a importância da convivência pacífica entre grupos
culturais plurais e diversos. A sensibilidade para o outro não acontece por
meio de propostas impostas. Em termos de educação multicultural isso
requer a corporificação no currículo daquilo que Connel (1998) chama
de justiça curricular, fundamentada em três princípios: 1) os interesses
Multicuturalismo e Educação 87
dos grupos em desvantagem, sem que isso venha a constituir guetos
curriculares; 2) a participação e a escolarização resultam comuns, o que
implica efetivar a democracia como um processo coletivo de tomada de
decisões; 3) a produção de igualdade, em que a cidadania participante e
os critérios contra-hegemônicos são vistos como elementos de um mesmo
processo histórico.
Portanto, o multiculturalismo se destaca como uma das preocupações
dos Estudos Culturais. A multiplicidade de culturas e a pluralidade de
identidades, em face de relações de poder assimétricas, geram a necessidade
de questionar e desafiar práticas silenciadoras de identidades culturais.
Particularmente, as questões de racismos, machismos, preconceitos e
discriminações, tão importantes para a escola e o currículo, só podem
ser analisadas produtivamente sob uma perspectiva que leve em conta as
contribuições dos Estudos Culturais.
88 Cultura Popular
discussões sobre as relações desiguais de poder entre as culturas diversas,
questionando a construção histórica dos preconceitos, das discriminações,
da hierarquização cultural. Entretanto, o multiculturalismo crítico também
tem sido tensionado por posturas pós-modernas e pós-coloniais, que
apontam para a necessidade de se ir além do desafio a preconceitos e buscar
identificar, na própria linguagem e na construção dos discursos; as formas
como as diferenças são construídas. Isso porque a visão pós-moderna, grosso
modo, focaliza os processos pelos quais os discursos não só representam a
realidade, mas são constitutivos da mesma.
Multicuturalismo e Educação 89
Segundo Rodrigues (s/d), para quem se prende a essa visão de
mundo prevalece como válido o radicalismo de Gobineau que, no século
XIX, considerava as misturas de raças e de culturas enfraquecedoras e
destruidoras da cultura superior dos europeus. Visão que, apesar de tudo,
ainda está presente no imaginário de muitos grupos, apesar da condenação
feita por autores, como Gilberto Freire, que afirmava que a mestiçagem
fortalece, ao invés de enfraquecer.
O multiculturalismo pretende diluir essas fronteiras, marcando-se
como o oposto do nacionalismo. A visão massificadora da humanidade,
eliminando fronteiras e barreiras é um ideal que encontramos no socialismo
utópico, e mesmo antes na visão religiosa da humanidade de raiz única,
um mundo de irmãos.
90 Cultura Popular
comportamentos menos ortodoxos. Sempre ao amparo da coroa – detentora
do Padroado que fez do Cristianismo base da legitimação do seu poder
político. Por intermédio do medo, instalado no imaginário, foram fincadas
as raízes de uma cultura que unia o profano ao sagrado e absorvia, como
diferenciadores, estereótipos de sangue, poder, gênero e cor, projetados do
mundo ibérico. Instalada estava, como básica, a cosmovisão eurocêntrica.
Castro (2001) afirma que as imposições coloniais para aqui trouxeram
os negros e, com eles, outra cultura e outra religião. A história da cultura
dos povos oriundos da África, transplantados para o Brasil propõe, após
si, a anteposição de níveis culturais diferentes, como diversas eram
as origens sociais dos escravos e a linguagem por eles usada tanto no
cotidiano quanto na língua cerimonial, nos casos de transes religiosos.
Multicuturalismo e Educação 91
Misturados nas senzalas, transmitiram a seus descendentes seus
valores étnico-religiosos. Na luta pela permanência, na necessidade de
crer acabaram construindo a religião possível, fruto da interação das
várias nações, eivada de hibridismos com o Catolicismo.
Lima (1984, p.19) afirma que apesar da inevitabilidade do processo de
que eram parte e das óbvias mudanças ocorridas em sua estrutura, o povo
de santo se manteve firmemente – e sofridamente – fiel às suas crenças
ancestrais e aos mitos genéticos de seus grupos; fidelidade que tem levado
alguns líderes religiosos a complicadas generalizações genealógicas e
fantasiosas interpretações com que se recriam uma história e uma carta de
comportamento ritual.
Neste sentido, Bacelar (2001, p.48 ) nos traz que além das diferenças
da cor, houve, pela sociedade majoritária, a percepção das diferenças
entre os mundos lusobrasileiro e afro-brasileiro. A forma de vida exerce
influência sobre a prática religiosa e a atitude religiosa influencia a forma
e o estilo da vida. A relação entre a religião e a cultura é sempre recíproca.
Gradativamente foram se constituindo “... imagens aparentemente
dispersas no tempo e no espaço, mais ou menos fragmentadas, constitutivas
de um quadro coerente e nitidamente negativo da condição de ser negro”.
Elaboraram-se perspectivas estigmatizantes: o negro é o outro, inferior,
não civilizado, tendo como contraponto o branco superior, portador dos
padrões da civilização europeia. Montados os arquétipos, tiveram eles
como elementos integradores a inferioridade da raça, a violência, a
desorganização familiar, a imoralidade, o atraso da civilização. Três mil
anos! Tal é no mínimo a dianteira da raça branca sobre a negra.
Para manter a ordem vigente sem alterar posições ocupadas por
determinados segmentos sociais era importante afirmar a supremacia dos
brancos e inferioridade daqueles que portassem sangue negro.
Rodrigues (1977, p. 7) afirma que o principal ponto de desprezo social
era a religião: o Candomblé, que se acreditava sinônimo de magia, feitiçaria,
curandeirismo, por usar objetos rituais exóticos e realizar sacrifícios
sangrentos, transformando a ordem pública. Espetáculo vergonhoso de
atraso numa sociedade que pretendia modernizar-se. Expressões como
esta aparecem com frequência na literatura e nos periódicos até meados
do século XIX, sensíveis que estavam os intelectuais ao choque da
temporalidade das culturas diferenciadas. Essa religião, ao desencadear
emoções primitivas “... há de constituir sempre um dos fatores de nossa
inferioridade como povo”.
92 Cultura Popular
Bastide (2001, p. 24) destaca que a rejeição ao negro – expressa ou
camuflada de compreensões e tolerâncias – não se restringe à religião.
Existe a negação do pensamento africano como um pensamento culto
porque seus fiéis, na maioria, provêm das camadas mais simples da
população. Mesmo inconscientemente não se admite que o Candomblé
fundamente e postule uma filosofia do universo e uma concepção do
homem tão rica e complexa como a ocidental. Interessa pouco se essa
religião importa para a saúde mental e a adaptação do homem ao seu
meio. Sequer, mesmo, que seja uma religião.
Segundo Santos (1986, p. 102) a religião abriga um monoteísmo
difuso em torno de Olurum, o ser supremo, criador do universo e fonte
da vida de todos os seres criados. Não se pode dominá-lo ou manipulá-lo.
Afastado dos homens, manifesta-se através das forças da natureza que
são divinizadas como orixás. Assim, o trovão e o raio se identificam com
Xangô, a tempestade e o fogo com Iansã ou Oyá, a chuva e os rios com
Oxum, a fertilidade com Iemanjá, o arco-íris com Oxumaré, as folhas com
Ossaim, as enfermidades com Obaluaiyê, a transformação com Omulu, a
fauna com Oxossi, a guerra com Ogum, as margens dos rios e riachos com
Logum-Edé, as águas paradas e os pântanos com Nanã Burukê. Os orixás,
enquanto divindades ligadas à ordem cósmica regulam as relações sociais,
a ética, a disciplina moral de um grupo ou de um segmento.
Multicuturalismo e Educação 93
e yalorixás transmitidos oralmente ao longo dos séculos. A temática
envolve a criação do mundo e sua divisão entre os orixás, homens,
animais, plantas, elementos da natureza e vida na sociedade. Pelo culto se
alcança o Passado e se explica a origem de tudo, pelos mitos se interpreta
o Presente e se produz o Futuro, nesta e na outra vida. No Brasil, os mitos
se mantiveram difusos na memória final.
Os mitos permitem dar voz às experiências vividas pelos ancestrais. Por
meio das recordações partilhadas se mantém a identidade religiosa do grupo.
94 Cultura Popular
se perdeu de tudo, muitas destas são passadas de pais para filhos e/ou
contadas em rodas de prosas pelos mais velhos.
Hoje, há muitas dessas histórias documentadas e reproduzidas em
forma de textos, cartilhas, folhetos e livros. Inclusive a capoeira entrara
para o rol de Patrimônio Cultural Brasileiro, título dado pelo IPHAN em
2008. Esse título abriu portas para que a capoeira se expandisse e a carta
de alforria, ao passo, que abrissem os olhos para a criação de políticas
públicas que contemplem a capoeira em sua estrutura por seu uma arte
genuinamente Brasileira [grifo nosso].
Nesse sentido o presente artigo apresentará um panorama sobre o uso da
capoeira como instrumento psicossocial de inclusão, trazendo em seu contex-
to um breve histórico da capoeira, o surgimento da mesma, alem da prática
desta no Brasil república e na atualidade e por fim a capoeira como objeto de
inclusão social, sempre levando em conta o objeto capoeira e a sociedade.
Multicuturalismo e Educação 95
Oliveira e Leal (2009, p. 18) faz uma síntese do capoeira e da sua
persistência como praticante dessa arte-luta:
Mas o capoeira nem sempre foi tratado dessa maneira como escória
da sociedade, ou como um vadio, ocioso como descrito dentre tantos
adjetivos degradantes, estes tiveram seus dias de glória e honra e deixaram
suas marcas como grandes homens e mulher cravadas na história do povo
brasileiro.
A capoeira já na década de 1930, ganha novos aspectos e sai da
informalidade, passando para outro patamar da sociedade, recebendo
assim uma credibilidade que outrora fora tirada e marginalizada. Essa
capoeira fora reformulada e remodelada, recendo uma nova caricatura e
uma nova finalidade em sua prática, assim como a seus praticantes.
Oliveira e Leal (2009) descrevem que na década de 1930, Mestre
Bimba3 e Mestre Pastinha4 reinventam a capoeira, reordenando o seu
lugar na ordem social, tirando-a do crime para o campo da educação
física, antiga reivindicação de parte da primeira geração republicana.
Essa mudança fora crucial para a (re) aceitação da capoeira novamente
na sociedade.
3 Manoel dos Reis Machado (1900-1974), capoeirista baiano conhecido por mestre
Bimba, foi responsável pela criação do Centro de Cultura Física e Regional da Bahia,
onde ensinava a capoeira. Protagonista de uma das mais importantes transformações
sofridas pela prática da capoeira nas décadas de 1930 e 1940. Representa nos dias de
hoje um dos mais significativos símbolos da cultura afro-brasileira. (OLIVEIRA; LEAL.
2009, p. 22).
4 Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 1889. No ano de 1941, fundou o Centro Esportivo
de Capoeira Angola, situado no Largo do Pelourinho. Pastinha trabalhou bastante
em prol da Capoeira, representando o Brasil e a Arte Negra em vários países. Em
Abril de 1981, participou da última roda de Capoeira de sua vida. Numa sexta-feira,
13 de novembro de 1981, Mestre Pastinha se despede desta vida aos 92 anos, cego
e paralítico, vítima de uma parada cardíaca fatal. (CARNEIRO; 2012).
96 Cultura Popular
Conde (2007, p. 55) diz que:
Multicuturalismo e Educação 97
A partir desse relato, percebe-se que foram necessários mais 20 anos
para que a capoeiragem tivesse seu espaço tímido e sufocado, como um
pontapé inicial para a sua expansão e aceitação. Conde (2007) acrescenta
“um ponto sobre os projetos de Bimba que parece consensual entre seus
alunos è a sua tentativa de ampliar o universo da capoeira. Possibilitar que
a prática rompessem barreiras sociais e étnicas, no que parece ter obtido
pleno sucesso”.
Mestre Bimba buscou arquitetar uma capoeira que pudesse ser
introduzida socialmente, fugindo do estigma marginal, e para isso usou
subsídios ligados à influência do positivismo na educação física brasileira,
a saber: o treinamento sistematizado, a fragmentação e uniformização
da técnica e uma plástica mais retilínea. Tudo isto acompanhando a
uma maior preocupação com a eficiência e eficácia da luta. De forma
análoga, Mestre Pastinha buscou edificar uma capoeira que pudesse ser
inserida socialmente, que fosse desmarginalizada, e para isso também
a institucionalizou, tirando a sua prática das ruas e criando os centros
esportivos, como sistematização do ensino, uniformes – como os abadás,
camisas e cordas -, estatutos, porém, amparada em um discurso de
valorização dos antigos fundamentos e da tradição da capoeira. Onde
nasce a capoeira Regional, do Mestre Bimba e a capoeira Angola, do
Mestre Pastinhas.
Conde (2007, p. 59-60) acrescenta:
98 Cultura Popular
Esta mesma capoeira que fora perseguida, reerguida e recriada,
também, ganhou seu espaço nas páginas de livros, revistas, periódicos e
tantos outros meios de comunicação, porém, onde mais se sobressaiu foi
nas páginas das literaturas, onde esta ganhou várias facetas e personagens
diversificados.
Multicuturalismo e Educação 99
Depois de muito lutar, a capoeira, assim como, o capoeira, ganhou
o seu espaço na legalidade definitivamente assim como disse Oliveira e
Leal (2009), a capoeira faz pouco tempo abandonou os pés de páginas
dos compêndios mais importantes da história nacional para adquirir vida
própria, tornando-se ela mesma tema de intensos trabalhos, que desvelam
planos e horizontes antes absolutamente desconhecidos da nossa
historiografia. Ainda o autor relata como tal prática saiu da informalidade
e passou a ser patrimônio cultural do Brasil:
Palácio do Planalto
Limitando lateralmente a Praça dos Três Poderes, o Palácio do
Planalto se insere no conjunto de obras de Oscar Niemeyer denominadas
Palácios dos Pórticos. O prédio encanta pela beleza das colunas
definidas pelo arquiteto como “leves como penas pousando no chão”.
O Palácio do Planalto é a sede do Poder Executivo Federal e abriga o
Gabinete Presidencial do Brasil. Inaugurado em 21 de abril de 1960,
foi o centro das comemorações da inauguração de Brasília e marca a
história brasileira por simbolizar a transferência da Capital Federal
para o interior do País, promovida no Governo do Presidente Juscelino
Kubitschek.
Congresso Nacional
Ponto focal da ligação entre a Esplanada dos Ministérios e a Praça
dos Três Poderes, o Congresso Nacional representa, com a Torre de TV,
os marcos verticais do Eixo Monumental. De autoria do arquiteto Oscar
Niemeyer, sua concepção plástica contrapõe-se à linha horizontal da
cidade. Sua verticalidade é marcada pelos dois edifícios administrativos,
com 28 pavimentos: um para a Câmara dos Deputados e outro para o
Senado Federal, em contraste com a base horizontal com as duas cúpulas,
onde se localizam os plenários. É uma composição assimétrica que, nas
Eixo Monumental
Um dos elementos definidores da forma do Plano Piloto, o Eixo
Monumental é o local onde se acentua a escala monumental proposta
por Lucio Costa no Relatório do Plano Piloto de Brasília. As proporções
urbanísticas desta área, evidentes no afastamento entre as edificações
e nas dimensões dos logradouros públicos, realçam os conjuntos
arquitetônicos, especialmente os de caráter governamental e institucional.
Estende-se por 16 Km e é composto por seis vias de tráfego em cada
sentido, separadas por um grande canteiro central. Em seu extremo leste
está a Praça dos Três Poderes, seguida pela Esplanada dos Ministérios.
No seu lado oeste, localiza-se o parque da Torre de TV, seguido pelo
Centro de Convenções e pela Praça do Buriti, local da sede do Governo
do Distrito Federal. No extremo oeste, situa-se a antiga Rodoferroviária.
Palácio do Itamaraty
O Ministério das Relações Exteriores, criação do arquiteto Oscar
Niemeyer e projeto estrutural do engenheiro Joaquim Cardozo, é também
conhecido como Palácio dos Arcos e, principalmente, como Palácio do
Itamaraty, herdando o nome do seu correspondente no Rio de Janeiro,
antiga capital do país. O elemento de transição que o separa do espaço
público é um grande espelho d’água, cujo projeto paisagístico de Roberto
Burle Marx incorpora tanto espécies exóticas da flora tropical quanto
esculturas de mestres brasileiros. As obras de arte integradas à arquitetura
são de autoria de Athos Bulcão, Maria Martins, Mary Vieira, Franz
Weissmann, Alfredo Volpi, Alfredo Ceschiatti, Victor Brecheret, Sérgio
Torre de TV
De autoria de Lucio Costa, a Torre de TV é o elemento mais alto e
destacado da paisagem urbana. Constitui um marco visual em relação
à cidade como um todo. À época de sua construção, incluía-se entre as
edificações mais altas do mundo. Trata-se de uma estrutura metálica, com
um mirante a meia altura, sobre uma base de concreto aparente, em forma
de prisma de base triangular, de onde é possível ver toda a cidade Está
inserida num parque, projeto original de Roberto Burle Marx, próximo à
Rodoviária, no ponto da cota mais alta do Eixo Monumental. Caracteriza-
se como um dos locais de lazer, com maior afluência de público na cidade.
(Eixo Monumental).
Parque da Cidade
O Parque da Cidade está situado a oeste da Asa Sul, numa área de 400
hectares. Um anel viário circunda todo o Parque e a grande diversidade
de ambientes permite atividades de lazer. As atividades obedecem a um
Palácio da Alvorada
Situado em local privilegiado, à margem do Lago Paranoá, a construção
do Palácio da Alvorada é anterior à da própria cidade. Construído para ser
a residência oficial do Presidente da República, foi o primeiro palácio de
Brasília. A sofisticação, a suntuosidade e a monumentalidade são obtidas
pela escala dos espaços internos e externos, mais do que em função do
ornamento e das proporções. O grande jardim dianteiro contribui para
acentuar a horizontalidade e a monumentalidade da edificação e permite a
privacidade e a proteção pela distância, necessária à residência oficial. A
área comporta também a pequena capela lateral de forma escultórica. (Via
Presidencial, s/nº, Zona Cívico-Administrativa).
Torre Digital
Inaugurada no dia 21 de abril de 2012, em comemoração ao aniversário
da cidade, a Torre de TV Digital é a nova atração turística de Brasília. O
monumento projetado por Oscar Niemeyer tem 180 metros de altura e
pode ser visto de quase todos os pontos da cidade. O resultado é uma
proposta inovadora: a flor do cerrado. A base cilíndrica representa o caule
da flor, que exibe duas pétalas com cúpulas de vidro. Em uma das pétalas
funciona um salão para exposições, onde se encontra uma maquete de
Brasília, semelhante à exposta no Espaço Lúcio Costa na Praça dos Três
Poderes. Na outra pétala funcionará um bar/café. No 13° andar, no alto da
flor, a 110 metros de altura, fica o mirante com vista 360° do skyline da
cidade. (Lago Norte).
4.11 Referências
BACELAR, J. 2001 A hierarquia das raças. Negros e brancos em
Salvador. Rio de Janeiro, Pallas. 1996
Anotações
6 http://www.cultura.gov.br/plano-nacional-de-cultura-pnc-
Compete ao Estado:
Formular políticas públicas, identificando as áreas estratégicas de
nosso desenvolvimento sustentável e de nossa inserção geopolítica no
mundo contemporâneo, fazendo confluir vozes e respeitando os diferentes
agentes culturais, atores sociais, formações humanas e grupos étnicos.
Qualificar a gestão cultural, otimizando a alocação dos recursos
públicos e buscando a complementaridade com o investimento privado,
garantindo a eficácia e a eficiência, bem como o atendimento dos direitos
e a cobrança dos deveres, aumentando a racionalização dos processos e
dos sistemas de governabilidade, permitindo maior profissionalização e
melhorando o atendimento das demandas sociais.
Fomentar a cultura de forma ampla, estimulando a criação,
produção, circulação, promoção, difusão, acesso, consumo, documentação
e memória, por meio de subsídios à economia da cultura, mecanismos
de crédito e financiamento, investimento por fundos públicos e privados,
patrocínios e disponibilização de meios e recursos.
Proteger e promover a diversidade cultural, reconhecendo a
complexidade e abrangência das atividades e valores culturais em todos
os territórios, ambientes e contextos populacionais, buscando dissolver a
hierarquização entre alta e baixa cultura, cultura erudita, popular ou de
massa, primitiva e civilizada, e demais discriminações ou preconceitos.
5.8 Na prática
1) Descreva qual a importância do Plano Nacional de Cultura.
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6) O que é o plágio?
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5.10 Referências
BRASIL. Plano Nacional Cultural. Disponível em: <www.cultura.
gov.br/pnc>