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1.

Sobre o clássico artigo “Auge e Declínio do Processo de Substituição de Importações no Brasil”, de Maria da
Conceição Tavares, que marcou o debate sobre o tema nas décadas seguintes à sua publicação, julgue as
afirmações seguintes, dizendo se são falsas ou verdadeiras e justifique sua resposta.

① A autora defende que o modelo de substituição de importações apresentou resultado “parcial”, dentre
outros motivos, por não lograr suficiente modernização do setor primário, o que contribuía para explicar os
problemas do balanço de pagamentos.
• Verdadeiro. Tavares afirma que esse modelo resultou em transformações parciais pois não era a
economia por completo que se transformava com o processo de substituição de importações, mas
sim os setores que poderiam firmar suas industrias. Majoritariamente os bens de consumo que não
dependiam de complexas e altas tecnologias. Portanto, não houve mudanças nas condições do setor
primário exportador.

② A autora assume que não foram instaladas indústrias no Brasil durante a vigência do modelo
agroexportador, fato que começou a ocorrer a partir de 1930, marco do início da substituição de
importações.
• Falso. Havia sim indústrias, tanto que consideramos a capacidade ociosa já existente como
condicionante para esse modelo.

③ O declínio mencionado no título do artigo se refere à desaceleração do crescimento no período posterior


ao Plano de Metas.
• Verdadeiro. A substituição de importações se deu fortemente até a 1955, especificamente, até o
segundo governo Vargas e a Café Filho. Havia começado uma nova fase de substituição, agora com a
CSN e a Petrobras.

④ A autora define como substituição de importações um processo de industrialização que visa diminuir o
quantum da importação global, de modo que a economia se volta prioritariamente para o mercado
doméstico.
• Falso. Em nenhum momento a autora se refere a autarquia ou a diminuição quantitativa na pauta
importadora, e sim numa mudança qualitativa.

2. Ainda de acordo com o texto de Tavares, a autora menciona que a estrutura das importações se modifica
como resposta aos estrangulamentos externos. O que a autora quer dizer com “estrangulamento externo”?
Como funciona a mecânica da substituição de importações?
• Uma economia se encontra em estrangulamento externo quando ela cresce mais que
condicionantes, como, principalmente as reservas cambiais, gerando assim, crises cambiais. Por
assim dizer, os estrangulamentos externos podem ser relativos ou absolutos. São absolutos quando
na economia, a quantidade de divisas diminui ou fica paradas, e são relativos quando a economia
cresce mais que a quantidade de divisas que entram. Aplicando o conceito de estrangulamento
externo ao mecanismo de substituição de importações, temos um momento econômico em que o
país crescia mais que suas divisas internacionais. Desse modo, dificulta-se o acesso as importações,
até mesmo para formação bruta de capital, por esse motivo, o país contou com sua FBK pré-
existente de sua capacidade ociosa. Por isso, numa “primeira rodada de substituição” estabeleceu-se
aqui a indústria de bens de consumo. Contudo, conforme o país cresceu ainda mais, gerou-se assim
inflação, esta vista com bons olhos, sendo fruto do crescimento do país.

3. A década de 1930 foi período de grandes mudanças na economia brasileira, com impacto nas décadas
subsequentes. Sobre a economia brasileira na década de 1930, explique os motivos que levaram ao boom
econômico de 1934-37 e à crise de 1938-39. Em sua resposta, lembre-se de discorrer sobre o papel das
relações internacionais como condicionante da dinâmica da economia brasileira.
• A década de 1930 foi marcada pela Grande Depressão e as consequências dessa na economia.
Dentre elas, temos como principal a diminuição dos fluxos comerciais e financeiros internacionais,
inibindo as importações e diminuindo a demanda externa para os produtos exportados, resultando
na diminuição de seus preços. Assim, países como Brasil se “voltaram para dentro”. Para conter
essas medidas, o governo brasileiro opta por uma política em 1932 de caráter acomodador, baseada
no aumento do déficit público (acordos internacionais para reajuste da dívida externa e compra do
café), o que acaba por desvalorizar o câmbio (fuga de capitais). Juntamente a isso, há ainda medidas
protecionistas que visavam o controle cambial e o impedimento da importação dos bens não
essenciais. Como consequência dessa série de questões, tem-se a reorientação da demanda em
benefício da produção doméstica.
Com o câmbio desvalorizado, o preço relativo das importações tende a se elevar, incentivando a
utilização da capacidade nacional ociosa; as políticas fiscais, cafeeira, creditícia e monetária
expansionistas, sustentam essa demanda interna, fazendo com que a indústria cresça; há o
crescimento expressivo dos gêneros não tradicionais, como papel e borracha; e, ainda, em 1934,
configura-se uma série de acordos, principalmente com EUA, Alemanha e Reino Unido, para inibir
tributos sob os produtos brasileiros no exterior. Todas essas ações, culminaram no boom econômico
no período de 1934-1937.
A crise de 1938 ocorreu devido questões internacionais que afetaram o país. Já havia anteriormente
um movimento de estreitamento das relações Brasil e EUA e com isso, um aumento da participação
dos investimentos americanos no Brasil, já que esses eram mais voltados para os setores
“modernos” de atividades comerciais e industriais. Além disso, com esse estreitamento, os Estados
Unidos adotaram uma política mais conciliatória em relação às dívidas brasileiras. Paralelamente, no
final da década de 30, houve uma expansão do comércio teuto-brasileiro, que absorvia produtos não
exportados para os EUA, fazendo com que o Brasil acumulasse reservas em marcos. Assim, com a
recessão norte-americana em 1938 e com o começo da 2ª Guerra Mundial na Alemanha, o país
perdeu o apoio do comércio com seus principais parceiros, o que desencadeou também uma queda
imediata nas exportações e um déficit na balança comercial, gerando uma crise para a economia
brasileira em 1938/39.

4. Sobre a economia brasileira durante a II Guerra Mundial:

a) explique porque as dificuldades relativas à obtenção de importações resultaram em efeitos a priori contraditórios
sobre o desempenho da economia brasileira;

• Um fator fundamental para o processo de substituição de importações foi a alteração do preço


relativo entre o produto doméstico e produto internacional, deixando assim, o produto doméstico
mais competitivo frente ao estrangeiro. Contudo, uma contradição se deu porque, essa condição se
tornou um empecilho para uma maior expansão do processo de substituição de importações. Tem-
se assim, a estrangulação externa, faltava divisas para alavancar o pujante crescimento econômico.
Tendo em vista a redução da capacidade ociosa, tem-se inflação, mesmo havendo o crescimento.
Essa é a contradição.

b) segundo Abreu, contrariando Furtado, “a guerra não foi um período de excepcional prosperidade para o setor
exportador como um todo”. Por quê?

• Quando o Brasil se comprometeu com os países do Eixo, ele viu sua pauta exportadora se reduzir
mesmo havendo maior níveis de preços. Seu principal produto passou a ser o algodão.

“Embora os preços de exportação tenham crescido mais rapidamente do que os preços domésticos – o que resultou
em melhoria da remuneração do setor exportador por unidade do volume exportado –, a contração dos volumes
exportados foi tão importante que, exceto no caso de produtos não tradicionais, as exportações caíram como
percentagem do PIB. Ao contrário do que sugerem interpretações tradicionais, a guerra não foi um período de
excepcional prosperidade para o setor exportador como um todo, beneficiando apenas os exportadores de alguns
produtos estratégicos muito especializados ou de manufaturas tais como tecidos de algodão e pneumáticos. As
exportações de produtos industriais dirigiram-se especialmente para a América Latina, em particular Argentina e
África do Sul.” TEXTO DO ABREU

c) explique os motivos que levaram à aceleração inflacionária nos anos finais da guerra.

“Em mais de um sentido, 1942 corresponde a um ponto de inflexão do ponto de vista econômico no Brasil: acelerou-
se o crescimento industrial; pela primeira vez observa-se a entrada de capitais privados norte-americanos após longo
período de desinteresse. A retomada do nível de atividades não esteve, também, dissociada das políticas fiscal,
monetária e creditícia claramente expansionistas adotadas pelo governo a partir de 1942. A política monetária, que
havia sido moderadamente apertada entre fim de 1938 e o fim de 1939, tornou-se expansionista, particularmente a
partir de 1940, ratificando as pressões inflacionárias associadas aos desequilíbrios provocados pela guerra e às
políticas do governo no terreno fiscal e creditício. Em particular a reforma monetária de 1942, diferentemente do
que foi sugerido à época pelo governo, propiciou condições para significativo aumento da liquidez da economia. A
inflação acelerou-se a partir de 1941, mantendo-se grosso modo entre 15 e 20% ao ano. As pressões inflacionárias
foram estimuladas pela expansão dos saldos na balança comercial associados às restrições ao acesso a importações
e à competição entre consumo doméstico e exportações no caso de produtos tais como a carne.”

5) Sobre a economia no período dos 1940, julgue as afirmativas abaixo justificando sua resposta:

Ⓞ A chamada ilusão de divisas, ou seja, o Brasil teria uma situação cambial confortável no imediato pós-guerra,
gerou a expectativa de que uma política liberal de câmbio pudesse atrair um expressivo fluxo de capitais
estrangeiros.

Verdadeiro. Ao final da Segunda Guerra, as autoridades monetárias e cambiais do Brasil se tornaram vítimas de uma
“ilusão de divisas” que se apoiava na ideia de que o país estaria em uma situação confortável quanto às suas
reservas internacionais. Além disso, existia a esperança de que houvesse o aumento do investimento direto
estrangeiro com uma política de câmbio liberal e também a esperança de que o preço do café aumentasse gerando
um aumento das exportações.

① O regime de taxa de câmbio fixa adotado no início do Governo Dutra estava alinhado com as propostas contidas
nos Acordos de Bretton Woods.

Verdadeiro. Uma das propostas das conferências de Bretton Woods era o câmbio fixo mas que poderia ser ajustado
pelo FMI em algumas situações a fim de garantir que houvesse um controle sobre o fluxo de capitais e que todos os
países superassem os déficits

② O fato de que mais de 40% das exportações brasileiras se dirigiriam para países com limitações de
conversibilidade monetária ajuda a explicar a preservação da taxa de câmbio fixa, a despeito da crise do balanço de
pagamentos verificada nos últimos anos da década.

Verdadeiro. A existência de uma demanda inelástica por café na maioria dos países, o receio por parte do governo
de modificação no preço dos produtos domésticos (prejudicando a política de inflação) e o alto índice de
exportações para países com áreas de moedas inconversíveis, inibiram a ação de desvalorização da taxa de câmbio,
já que uma ação de superávit comercial só acabaria por pressionar ainda mais a base monetária.

③ O fato das importações no imediato pós Segunda Guerra se constituírem, em grande medida, de produtos
supérfluos de consumo durável, justifica a adoção de uma política de desvalorização cambial eficiente para resolver
os problemas do balanço de pagamentos, sem afetar o fornecimento de bens de capital e insumos essenciais para o
funcionamento da indústria.

Falso. As importações no imediato pós Guerra não se tratavam de bens supérfluos mas de bens de capital e
maquinários. Além disso, não houve uma desvalorização do câmbio mas sim uma sobrevalorização. Foi justamente
por essa questão, que ao invés de desvalorizar o câmbio, Dutra opta por elevar as ações fiscais, dando crédito para
as indústrias conseguirem tais matérias-primas. Ou seja, ele expande sua política fiscal e contrai a política monetária
6) Sobre o segundo governo Vargas: (51-54)

a) qual era o projeto de governo?

Assim como o governo Dutra, o segundo governo Vargas possuiu duas fases econômicas: Saneamento econômico
financeiro e maiores investimentos. Para que essa segunda fase acontecesse era preciso ter acesso a capitais
internacionais. Há uma expectativa de um movimento vindo dos EUA que facilitaria os investimentos para o país.
Mesmo com a não concretização dessa expectativa, a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos intermediava os
projetos de investimentos, como a companhia elétrica Light.

b) explique os motivos que levaram ao colapso cambial de 1952/3.

Com a expectativa do aumento do preço do café, mesmo havendo a deterioração da balança de pagamentos, a
politica cambial se manteve fixa e adiciona-se o licenciamento de impostações que aconteceu. Com esse
relaxamento para com o licenciamento, há um aumento das importações que leva a perda das reservas e uma
intensificação dos atrasados comerciais. Em função desses atrasados a crise cambial volta a aparecer e em 52 há
restrição a importações.

c) explique a relação entre a Lei 1807 de janeiro de 1953 e a Instrução 70 da SUMOC com a crise cambial do governo
Vargas.

Sem o apoio dos EUA, o Brasil precisava aumentar suas divisas e assim, a Lei 1807 de Janeiro de 1953 estabeleceu o
mercado livre de câmbio, isto é, transações financeiras liberadas e que operavam com uma taxa livre. Entrava em
questão o sistema de múltiplas taxas de câmbio para diferentes tipos de produtos. Pode-se dizer que essa lei foi uma
reforma cambial pelo lado da oferta. Dessa forma, em 1953 os problemas centrais que o governo Vargas enfrentava
era a situação cambial e o financiamento do déficit público sem emissão de moeda e expansão do crédito. Assim, a
Instrução 70 da SUMOC garantia o monopólio cambial do Banco do Brasil e consolidava o sistema de taxas múltiplas
de câmbio, que se diferenciava da Lei 1807 por dispor de um sistema de leilões de câmbio. Portanto, era possível
tentar resolver tanto a questão cambial do país como o déficit público – que gerava a inflação – pois era a partir do
ágio dos leilões que o governo era capaz de obter uma fonte de receita.também com múltiplas taxas e um dos seus
legados foi também o de proteger a indústria nacional.

7. Analise quais estratégias de política econômica adotadas entre 1945 e 1955 contribuíram para o desenvolvimento
do processo de substituição de importações no Brasil.

As estratégias de política econômicas que mais contribuíram foram aquelas mais nacionalistas que restringiram as
importações com o uso de licenciamentos a fim de estimular o desenvolvimento da indústria interna. Soma-se
também os projetos de investimento feitos no país os quais também garantiram que o processo de substituição de
importações fosse reforçado neste período.

Os dez anos que se seguiram ao fim da Segunda Guerra foram de forte expansão do PIB e de pressões inflacionárias.
As exportações e importações perderam fôlego entre 1951-55, no contexto da nova crise cambial. Havia queda das
receitas de café - Protestos em relação ao alto preço nos EUA; supervalorização do cambio para o setor- E o avanço
do processo de substituição de importações, com a economia crescentemente voltada para dentro, devido a
limitação as importações. A mudança estrutural é nítida sinalizando para um estágio já avançado do processo de
substituição de importações no país com criações de empresas de capital misto como CSN, Petrobrás,
principalmente, para fornecer os insumos necessários para o “crescimento para dentro”. Por fim, buscando-se o
principal legado do período 1945-55, este parece residir no reforço da industrialização baseada na substituição de
importações e na continuidade de um nacionalismo de cunho pragmático, nacional-desenvolvimentismo.

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