You are on page 1of 25
(2) NOCHAPECO ; ino Reitora de Ensino, Pesquisa e Extensio iprscida Lucea Caovila de Planejamento Desenvolvimento icides Jacoskt de Administragao “meh ‘Pesquisa e P6s-Graduacio Siricto Sensu Martone ; arte dele io podem sor ceproduicls po! toriagio excita do Editor. Inclui bibliografia ISBN 978-85-7897-116-8 1, Projeros de pesquisa. 2, Pesquisa ~ Metodologia. |. Ticslo. Série cop 001.42, ada por Caroline Mio CRE 14/1178 wotect Cantal da Unochapeed is \RGOS servados & Argos Editora da Unochapees 5918! 10 Blapi )~89808-000 ~ Caixa Postal 1141 1821.8 ~argos@unochapece.edu.be~ www. unochapeco.edsbelargor Para Marcita, nos seus sete meses de idade. A filbinba que com sua presenga recria nossas vidas e estimula nossa curiosidade e nossa capacidade de perguntar. M 2013 Na tentativa de recuperar a importancia do método de pesquisa, esta publicacao se propée, com base na 16- ica dialética, a oferecer uma sintese dos elementos bési- cos a serem considerados na elaboracao dos projetos de pesquisa. Para tanto, recorremos a algumas reflexes ela- horadas nos primérdios da filosofia e da ciéncia que ofe- cem, além de pressupostos histéricos, conceptualizacées essenciais que serviram de base para o desenvolvimento da ci@ncia contemporanea, favorecendo, assim, a preten- siio didética que esta publicagdo propoe. Espera-se que esta breve apresentacio dos fundamen- 's l6gicos contribua para a compreensao da especificidade do conhecimento cientifico e para 0 aprimoramento das fases iniciais do planejamento da investigacao cientifica’. 5 Um resumo dos conteidos aqui desenvolvidos tulo no livro organizado por Bryan e Mieanda (2 Gamboa (2011). De igual forma, conteiidos relat € respostas e entre os saberes e os conhs mente na forma de artigo, Cf, Sénchee Gi etos de pesquisa, fundamentos logicos Capitulo 1 A necessidade histérica do conhecimento cientifico: a importancia da logica e do método geométrico Para entender a necessidade do conhecimento cientifi- co nas diversas atividades humanas, remetemo-nos as suas origens ea seus pressupostos histérico-filoséficos. No contexto da sociedade da Grécia antiga, localiza- -se a necessidade de desenvolver formas mais precisas e ri- gorosas de obter respostas para as indagagSes, as diividas, os problemas, as questdes e perguntas surgidas no “mun- do da necessidade” proprio dessa sociedade. A episteme (ou ciéncia) surge em um contexto de grandes mudangas econdmicas, sociais e politicas. De- pois de cinco séculos de hegemonia da realeza, consti- tuida desde a civilizagio micénica (século XII a.C.) e fundamentada no poder religioso da monarquia na figu- ra do “Rei-divino”, inicia-se a era da aristocracia (século ‘VII a.C,), gerando como consequéncia uma série de de- sordens e conflitos (Cf, Vernat, 2002). As questies basicas que se discutiam eram, dentre as mais importantes: como estabelecer uma nova organiza~ o social diferente & order e suposta harmonia perdidas com a queda do poder do Rei-divino? Como preservar a unidade e a coeséo social na nova situago sem a existé cia do Rei-divino ou da monarquia? Como formar os dadaos para a construgao da nova sociedade? A resposta surge com a organizagio da polis, embrido das atuais cidades, em substituicdo ao antigo demos que se formava ao redor da realeza. © advento da polis (entre os séculos VIII e VII a.C.) constitui um acontecimento decisivo. “O que implica o sis tema da polis é primeiramente uma extraordinaria preemi- néncia da palavra sobre todos os outros instrumentos de poder.” (Vernat, 2002, p. 53). A palavra supée um ptiblico ao qual ela se dirige como a um juiz supremo. O ptiblico (reunido na Agora ou espago politico) ¢ obrigado a decidir com base na forga da palavra. Essa caracteristica da polis, que consiste na plena publicidade dada as manifestacoes mais importantes da vida social, significa o dominio do pi- blico nos dois sentidos mais solidarios do termo: “[...] um setor de interesse comum, opondo-se aos assuntos privados e praticas abertas, estabelecidas em pleno dia, opondo-se a processos secretos.” (Cf. Vernat, 2002, p. 55). £ na Agora em que as transacdes comerciais e as discussdes sobre a vida da cidade acontecem e dirigem seus destinos; em que tam- bém se submetem & discussdo as grandes questées da nova sociedade, tendo como critério a participagio de todos os participantes do Estado que vao definir-se como Hémoloi, ou semelhantes auténomos, sem a dependéncia de saberes ¢ de poderes, origindrios das antigas tradigées do Rei-divino. Na polis ganha supremacia o logos (“palavra”, “dis- curso” e “razo”) e aquele que o domina tem o reconhe- cimento de estar com a verdade. O logos é 0 critétio para tudo, e com ele surge a criteriologia ou critica as diversas formas de conhecimento como uma das regras primordiais de sistematizar, normatizar e assegurar 0 conhecimento que propiciasse a transformagio daquela rea Para tanto, era necessario c nantes na soe Essas formas de conhecimento sao conhecidas u nalidade mitica (mythos) e senso comum (doxa), ou saber opinativo, que ofereciam respostas as miiltiplas indaga- Ges colocadas pela sociedade. Nesse contexto surgem os primeiros filésofos, indagando sobre a possibilidade de obter respostas diferentes as oferecidas pelo mythos e a doxa. Eles procuravam novas formas para elaborar res- postas que oferecessem um conhecimento mais confidvel e vilido para a nova sociedade que se constitufa, sociedade essa que exigia a participagao dos cidadios e a constru- cdo de respostas validadas pela racionalidade submetida a0 debate piiblico, e néo de respostas advindas de forcas superiores, reveladas pelo mito ¢ impostas pelo poder da realeza e abaixadas como verdades incontestadas, ou um, conhecimento alternativo oferecido pela opiniio do ho- mem comum (doxa) sem nenhuma sistemnatizagao ou pre- tensio de verificacao. » nacio~ Buscava-se um novo conhecimento para uma nova so- ciedade. A polis exigia algumas regras de jogo, ou critérios que assegurassem a validade consensual para os cidadaos. A forma mitica do conhecimento tinha respostas para todas as questdes formuladas; havia quase sempre uma len- da povoada de deuses e forcas do além, que respondia as mais intrincadas questées elaboradas, a partir da necessida- de de desvelar os mistérios do mundo e do proprio homem. Com o surgimento dos primeiros filésofos, para os quais a resposta para todas as questdes relativas a um fa- to ou fendmeno nfo estava nos mitos, nem nas forcas su- jores, situadas para além dos fenémenos, cabe, entao, Iternativas como as oferecidas pela observacéo di- e cotidiana dos fendmenos e pela confianca nos senti- ria). Coloca-se come fiva o conhecimento, vo (doxa). Mas ess ern, Ss respostas 4 3

You might also like