DISCENTE: BLANDU CORREIA MARTINS DA SILVA – 150119542
Fichamento 1 – Texto do Módulo 3: ZUMTHOR, Paul. “Em torno da Ideia de
Performance”. In: Performance, recepção e leitura. São Paulo: Cosac Naify, 2007, p. 27 – 44.
No capítulo: "Em torno da ideia de performance", Paul Zumthor,
importante medievalista, considera a performance como a maneira mais eficiente para a constituição plena da comunicação. Através de uma lembrança, Zumthor descreve a Paris dos anos 30, "com ruas animadas por numerosos cantores de ruas". Ele adorava ouvi-los e tinha seus cantos favoritos. Em meio as memórias, o autor destaca a figura do camelô, que vendia as canções, "o riso das meninas, [...] os barulhos do mundo e, por cima, o céu de Paris que, no começo do inverno, sob as nuvens de neve, tornava-se violeta”. Ele afirma que todos estes fatores faziam parte do que a canção escutada naquele momento representava. Tudo aquilo era, de fato, a canção. A partir daí o problema apresentado por Zumthor aparece quando ele tenta recuperar a emoção daquele momento. O autor tentou fazer ressurgir essa emoção lendo, e cantando, a música exibida naquele dia. Mas Zumthor deixa claro como essas tentativas foram em vão, e ele explica porquê:
“A forma da canção de meu camelô de outrora pode se decompor,
analisar, segundo as frases ou a versificação, a melodia ou a mímica do intérprete. Essa redução constitui um trabalho pedagógico útil e talvez necessário, mas, de fato (no nível em que o discurso é vivido), ele nega a existência da forma. Essa, com efeito, só existe na "performance". (ZUMTHOR, p. 29, 2007).
Conclui-se, a partir deste trecho, e do capítulo proposto, que a
composição de um texto é muito mais do que a estrutura de sua escrita, é também todos os aspectos “externos” que o integram, como aqueles presentes na lembrança de Zumthor (“o riso das meninas, [...] os barulhos do mundo...”) que constituem seu exterior, e que fazem parte da composição da “canção” escutada por ele.
O texto exemplifica de forma clara o que diferencia a performance da
simples leitura. Quando o autor levanta questões em relação à introdução de um “corpo vivo” nos estudos literários e os problemas que isso pode trazer, tanto em questão de método como de “elocução crítica”, ele se questiona acerca do funcionamento, da modalidade e do efeito das transmissões orais da poesia. Portanto, percebe-se na fala do autor a necessidade de se introduzir a performance no contexto dos estudos literários. Ele ressalta a precisão de se alargar tais conceituações teóricas e repensar essa possível abertura. É interessante como o Zumthor chama a atenção para as “transmissões orais da poesia” em que corpo e voz formam um par inseparável. Nesse quesito, é importante observar como a obra problematiza o lugar das “percepções sensoriais”.