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Copyright © 2018 Antônio Carlos Gonçalves Bentes

Capa:
Carlos Bentes

Revisão e diagramação:
Charles Reuel de Andrade Bentes
1ª edição: 2016
2ª edição: 2018

Bentes, Antônio Carlos Gonçalves.


Manual de Paracletologia – Lagoa Santa, MG: edição do autor, 2018.

ISBN
CDD
CDU

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 2


ÍNDICE
PARACLETOLOGIA - PNEUMATOLOGIA 5
INTRODUÇÃO 5
A TRINDADE NAS ESCRITURAS 9
A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO 10
A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO 11
O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO 12
O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO 14
A DIVINDADE E ATRIBUTOS DO ESPÍRITO SANTO 26
A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO 27
O ESPÍRITO SANTO É ASSEXUADO 30
NOMES DO ESPÍRITO SANTO 30
TÍTULOS E SÍMBOLOS DO ESPÍRITO 31
OS TRÊS TIPOS DE UNÇÃO: 35
O ESPÍRITO SANTO NA ERA PRÉ-PENTECOSTAL 38
O ESPÍRITO SANTO NA ERA PÓS-PENTECOSTAL 39
OS TRÊS BATISMOS 44
A DOUTRINA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO 47
CESSACIONISMO E O FALAR EM LÍNGUAS 55
O PROPÓSITO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO 64
DIAIRESIOLOGIA - A DOUTRINA DAS DIVERSIDADES 85
DIVERSIDADE DE DONS 87
DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS 121
DIVERSIDADES DE OPERAÇÕES 137
DIVERSIDADES DE MEMBROS 144
INSPIRAÇÃO 145
O ESPÍRITO SANTO NA IGREJA LOCAL 162
FRUTO DO ESPÍRITO SANTO 168
BIBLIOGRAFIA 173

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 3


Apresentação

Teólogo de grande sabedoria, pastor de coração imenso, professor de teologia como


poucos, mas acima de tudo homem de caráter ilibado, Antônio Carlos Gonçalves Bentes é
também um escritor inspirado, autor de vários livros que tive o prazer de ler e reler e com
eles aprender.
E de novo, temos diante dos olhos mais uma produção da pena fecunda do pastor
Bentes, tratando de um assunto importantíssimo, antigo, muito estudado, mas
paradoxalmente incompreendido em muitos arraiais evangélicos: A Doutrina do Espírito
Santo - Pneumatologia.
O texto que você vai ler a seguir é um acurado estudo bíblico, escrito com a
profundidade e a correção teológicas requeridas pelos eruditos e com a simplicidade e a
leveza necessárias à compreensão daqueles que ainda estão nos primeiros estágios da vida
cristã.
Se tivesse que resumir a minha opinião sobre este novo livro do pastor Bentes a
uma única palavra, eu diria, sem pensar: útil. Com certeza, é um texto útil, proveitoso,
benéfico. Útil para os púlpitos, útil para as escolas dominicais, útil para os estudos em
grupo, mas especialmente útil, proveitoso, benéfico para o crescimento pessoal na “fé
uma vez por todas confiada aos santos”.
Por isso, além do privilégio de apresentar Manual de Paracletologia – A Doutrina
do Espírito Santo ao público leitor, sinto-me impelido a recomendar efusivamente sua
leitura e seu estudo por todos os que querem crescer no conhecimento da Palavra de Deus
e divulgar a sã doutrina.
Boa leitura e que Deus o abençoe rica e abundantemente.

+José Moreno
Bispo anglicano
Reitor da American Pontifical Catholic University (EUA)
Autor de Desperte o Poder do Alto.

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 4


PARACLETOLOGIA - PNEUMATOLOGIA
O ESPÍRITO SANTO A FONTE DA ENERGIA DIVINA

INTRODUÇÃO 1

As Escrituras apresentam-nos Deus em Três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.


No Velho Testamento Deus nos é apresentado como “sendo por nós”, nos
Evangelhos como “estando conosco” e nas epístolas como “estando em nós”, Deus
conosco e Deus em nós é a síntese de todas as relações de Deus para com o homem.
A obra da Salvação é vista em duas grandes divisões: “O Calvário e o Pentecostes”.
Tanto o Espírito Santo como o Senhor Jesus Cristo são necessários para que sejamos
recriados à imagem divina. O que Cristo na Carne não pode fazer, o Espírito Santo sem
carne veio fazer.
O homem quanto à sua relação com Deus, acha-se diante de dois grandes
problemas, um exterior e outro interior. Externamente é necessário que alguém o
reconcilie com Deus. Isto Cristo fez na sua morte. O problema interno consiste no fato de
que, ainda perdoado, o homem está sujeito ao pecado que habita no seu íntimo. Isto o
Espírito Santo pode fazer ou resolver, porque a Obra dEle é feita internamente em nós.
Cristo salva o homem da condenação do pecado. O Espírito Santo salva o homem do
Poder do Pecado (Rm 8.1,2).
Antes de entrarmos no empolgante estudo do Espírito Santo meditaremos em duas
importantes perguntas:
1ª) O que é a vida? Aqui falamos na vida global, a vegetal e a animal. A questão
que tratamos aqui é quanto à energia que causa e sustenta a vida desde da planta até o
animal, do micro-organismo até ao macro-organismo.
Excetuando o espírito do homem, podemos definir a vida como sendo a
conseqüência ou resultado da matéria organizada. Esta matéria organizada pode ser planta
ou animal. Mas sem esta organização a vida não se manifesta nem funciona. A vida é a
manifestação (fanerosis) da Energia Divina.
Usemos a ilustração da luz elétrica. Esta é o resultado da organização da matéria de
dínamo e de fios elétricos. Fora desta organização não há luz elétrica. Apresentamos esta
ideia não como doutrina, porque não há dados suficientes para tal, isto é, que toda a vida,
exceto o espírito humano resulta da organização da matéria. É certo, entretanto que
quando Deus criou a matéria, deu-lhes essa propriedade de, uma vez organizada, de certa
forma, a vida aparecer. E assim tem acontecido e assim se explica o fenômeno que se
chama vida. Porém, desorganiza-se a matéria e logo se irá a vida com todas as
manifestações. E não vale a pena perguntar de tal vida. É como a luz que se apaga. Não
foi a parte nenhuma! O fenômeno desapareceu porque a sua causa (a organização)
desapareceu. É por isso que, quando um animal morre, tudo acaba. A morte é aniquilação
completa do animal.

1
LANGSTON, A.B. A Doutrina do Espírito Santo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Casa publicadora Batista, p. 13-22.

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2ª) O que é Espírito? Há diferença entre vida e espírito? A organização da matéria
quer simples, quer complexa, explica todos os fenômenos que acontecem com os animais.
Porém, já não é assim com o espírito. Este, ao invés de receber da matéria, tem em si
mesmo os poderes de pensar, querer e amar. O espírito saindo da matéria, pode ainda
continuar a funcionar tão bem, ou melhor do que quando estava na matéria. Ilustremos:
Há pianos automáticos, estes são agentes e instrumentos ao mesmo tempo. Porém,
desorganizado o mecanismo não há mais música. Há outros pianos que são tocados por
mãos humanas. O piano é simples instrumento. Porém, acabando-se com o instrumento
não se acaba com a música ou o agente. É assim com os homens.
O homem foi criado com corpo, alma e espírito, enquanto outros animais foram
criados corpo e alma vivente. Devemos fazer distinção entre espírito e alma vivente. O
sopro divino (nishmath hayim) tornou-se o espírito humano e não um ser divino,
entretanto este espírito tornou o homem infinitamente superior a qualquer outro animal,
visto que o homem só se tornou alma vivente depois que o espírito humano lhe foi
comunicado (assoprado) (Jó 27.3; Zc 12.1). Estes textos descrevem, com toda precisão,
que o espírito do homem não é alma e que, não obstante ser vida (zōē)2, é vida de origem
divina o princípio que anima o seu ser. A palavra neshama não é usada na criação dos
outros animais, nem expressa meramente vida animal (Gn 7.21-23; Dt 21.16-22; Js 11.11-
14; 1Rs 17.17-22). O espírito humano foi, portanto, o resultado do ato especial de Deus,
assim como foi seu corpo.
O corpo humano é feito do pó da terra (Gn 2.7), é o tabernáculo em que Deus
coloca o espírito humano. O corpo não é agente, é simplesmente instrumento.
Conseqüentemente o que se observa não é o fruto da organização dos elementos químicos
que constitui seu tabernáculo; o que se vê nele é o resultado do PODER CRIADOR DE
DEUS, dando a existência a um ser espiritual, criado à semelhança do próprio Deus.
As faculdades que o espírito possui juntamente com as faculdades da alma
constituem o que chamamos de EGO ou EU. No animal não existe semelhante coisa. O
princípio mecânico-biológico explica tudo quanto há no animal. Porém está longe de
explicar tudo quanto há no espírito.
Quando a vida acaba no animal este deixa de existir, porque a morte dissolve e
destrói a organização que produz esse fenômeno. Mas, quando o espírito sai do homem,
esse espírito ainda continua a pensar, querer e amar, devido ao fato de que essas
faculdades lhe pertencem por natureza e não dependem de modo algum da organização da
matéria ou do corpo. Neste fato temos a base para a imortalidade e a indestrutibilidade do
espírito humano.
O corpo humano é matéria organizada, e naturalmente tem vida como qualquer
matéria organizada. Deixamos, porém, de emitir qualquer opinião sobre a relação dessa
vida, com o próprio espírito que está no homem. Parece que o Criador não quis
esclarecer-nos sobre este mistério. O animal não tem espírito, só vida (psiquê e bios). O

2
ZŌĒ (ζωή/). É a vida mais elevada, a vida do Espírito. Sempre que a Bíblia fala de Vida Eterna ela usa esta palavra (Jo 3.16;
4.14; 5.24-26; 6.27, 33, 35, 49, 47, 48, 51). Das 135 referências do Novo Testamento grego, 122 diz respeito a vida eterna ou
a vida que só Deus possui. Apenas 13 referências diz respeito a esta vida terrena.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 6
homem possui um espírito e tem vida, o homem é um espírito incorporado. A essência do
homem está no seu espírito. Por isso nós nos limitamos a proclamar, apenas a grande
diferença que existe entre o espírito e a vida, sem procurar reconciliar os dois no próprio
homem.
Tentamos definir vida e espírito, queremos agora dizer alguma coisa sobre o
Espírito infinito e absoluto que é Deus. Há uma diferença entre o Espírito Infinito e o
espírito finito.
As escrituras declaram que o espírito humano foi criado à imagem e semelhança de
Deus. Mas semelhança nunca significa identidade. O Espírito Infinito difere, em essência
do espírito finito, da mesma forma que a vida difere do espírito humano, em essência. Ele
existe por si só.
A questão da essência do espírito, seja finito, seja Infinito, é como a essência da
eletricidade; ninguém sabe o que é. Essas coisas não estão ao alcance do homem. São
grandes segredos que não foram até agora desvendados. Só uma revelação do Altíssimo
nos poderia esclarecer tais pontos.
Segundo a Bíblia, há duas qualidades de espírito, um Infinito, que não podemos
dizer de qualquer outro. Primeiro, Ele é Auto-Existente, isto é, tem existência própria. Ele
é todo suficiente para e em si mesmo, em relação à questão da sua existência. Se tudo
quanto existe hoje cessasse de existir, o Espírito Infinito continuaria a existir
absolutamente, como existe hoje neste vasto universo. Ele existe por si mesmo. Segundo,
Ele é Criador. Este poder nenhum outro ser o possui (Gn 1.1). Este assunto de criação é
tão inexplicável como a Autoexistência de Deus, porém a Bíblia, do princípio ao fim,
ensina esta doutrina. Ele sempre existiu e deu existência a tudo quanto existe.
Em relação ao espírito finito (humano), há três coisas a notar:
1º) O espírito humano é criatura, isto é, foi criado;
2º) Ele é de vontade livre, no animal a vontade instintiva é determinada pela sua
natureza. Sua vontade tem que obedecer aos ditames da sua própria natureza. O animal
faz o que a sua natureza lhe ordena ou permite fazer. Porém os atos do homem, ou os atos
do espírito-alma, são dele mesmo, de sua própria vontade, e não apenas a conseqüência do
meio em que vive, ou da sua natureza. O homem pode com auxílio divino, contrariar a sua
natureza e até mudá-la. Por isso ousamos dizer que o espírito humano é um ser moral e,
naturalmente reconhece as duas obrigações para com seu Criador. O espírito humano é
um ser religioso;
3º) O espírito humano é um espírito incorporado. Ele age por meio de um corpo
físico via alma. Este fato de que o espírito é incorporado tem influenciado toda a história
do homem. Sem tentar explicar, digamos que sempre a carne lutou contra o espírito (Gl
5.17).
Não há melhor ciência a ser estudada do que esta a que nos propomos. Estudarmos
Deus e o homem é deveras fascinante, todavia infindável. É maravilhoso conhecermos
estes dois espíritos, pois aprendemos andar numa comunhão mais profunda.

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 7


“Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito
que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de
Deus.” (1Co 2.11).
“O próprio Espírito (Pneuma) testifica com o nosso espírito (Pneuma) que somos
filhos de Deus” (Rm 8.16).
Esperamos que este estudo possa ajudar os amigos a andarem no Espírito, viverem
no Espírito, receberem o maravilhoso Batismo no Espírito Santo, e juntamente com o
Espírito sermos testemunhas de Cristo Jesus (At 1.8).

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 8


A TRINDADE NAS ESCRITURAS

TEXTOS: Gn 1.1-26; 3.22; 11.7; Is 6.8-10, Mt 3.16-17; 28.19; Jo 1.18; 14.16; At 2.32-33;
5.3-4; 10.38; 2Co 13.13; Cl 1.15-17; 1 Jo 5.20.

“A razão nos mostra a unidade de Deus; apenas a Revelação nos mostra a Trindade
de Deus” (Strong).

A palavra trindade em si não aparece na Bíblia. Sua forma grega TRIAS parece ter
sido usada primeiro por Teófilo de Antioquia (181 d.C.), e sua forma latina, TRINITAS,
por Tertuliano (220 d.C.). Com Trindade queremos dizer que há três distinções eternas em
uma essência divina, conhecidas como PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO. Aqueles que
descreem na trindade divina, o fazem por um monoteísmo exclusivista na acepção da
palavra, em cuja prática pecam contra o mandamento cristão que determina: “Examinai
todas as coisas, retende o bem” (1Ts 5.21).
Embora Deus seja um só, ele nunca está só. Diz Irineu: “Estão sempre com ele a
palavra e a sabedoria, o Filho e o Espírito Santo, por meio dos quais tudo fez livre e
espontaneamente”. Segundo Irineu, esses três são um só Deus porque possuem uma só
dynamis, um só poder de ser, uma só essência, a mesma potencialidade. “Potencialidade”
e “dinâmica” são termos latinos e gregos para significar o que expressamos em nossa
língua pelo termo “poder do ser”.3
Os pais capadócios, especialmente Gregório de Nazianzo, faziam claras distinções
entre os conceitos empregados para definir o dogma trinitário. Havia duas séries de
conceitos: a primeira dizia “uma divindade”, “uma essência” (ousia - οὐσία), e “uma
natureza” (phiysis); a segunda, “três substâncias” (hypostaseis - ὑποστάσεις), “três
propriedades” (idiotetes), e “três pessoas” (prosopa, personae). A divindade era entendida
como uma essência ou natureza em três formas, três realidades independentes. Todas as
três tinham a mesma vontade, a mesma natureza e a mesma essência.4
O teólogo Louis Berkhof escreveu que a palavra “pessoa” é uma expressão
imperfeita do conceito, porque hoje em dia quando falamos de pessoa pensamos em um
indivíduo racional e moral. O filósofo cristão Kenneth Samples é da mesma opinião. “As
três personalidades da Trindade não deveriam ser interpretadas como três ‘partes’ ou
‘frações’ de Deus. Cada pessoa é plenamente divina e possui igualmente toda a natureza
de Deus… o termo ‘pessoa’ em referência à Trindade é usado de maneira única e não
deveria ser interpretado como se referindo a uma entidade ou um ser à parte, pois isso
dividiria a essência divina”.5
A nossa experiência como seres humanos é de uma pessoa e uma essência distinta.
Cada pessoa que conhecemos é uma entidade individual e separada, com sua própria

3
TILLICH, Paul. Teologia Sistemática. Edições Paulinas, Editora Sinodal, 1987, p. 61.
4
TILLICH, Paul. Op. Cit., p. 92.
5
Kenneth Samples, O que a Trindade É e não É—1ª Parte, 2007.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 9
natureza e características. Mas no caso de Deus não são três indivíduos lado a lado ou
separados uns dos outros, mas sim um ser divino com três conteúdos específicos.
A.W. Tozer diz o seguinte sobre a Trindade: “A doutrina da Santíssima Trindade…
é a verdade para o coração. O fato de não poder ser explicada é um ponto positivo, pois se
é inconcebível então precisa ser revelada”.6

A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO 7

1. O vocábulo hebraico ELOHIM (Deus), aparece mais de 2000 vezes no A. T. É este


um substantivo, personativo, masculino, plural. Elohim é o divino autor de tudo (Gn 1.1-
3).
2. Para aqueles monoteístas exclusivistas, Elohim é apenas um plural nobre, o que nada
mais é do que um escapismo, uma farsa, pois não cremos que o Espírito Santo, ao dar a
revelação a Moisés, tenha deixado-nos um mistério, um enigma. Ao contrário, havendo na
língua original por ele usada os vocábulos EL e ELOHÁ (Deus), substantivo personativo,
masculino, singular, usou o plural destes vocábulos, a saber, Elohim, com a finalidade de
nos dar através dele, já no início da história humana, conhecer a raiz da maravilhosa
doutrina da Trindade.
3. Além do plural (Elohim), o texto do Antigo Testamento utiliza-se de verbos, adjetivos
e pronomes também no plural em plena concordância em gênero e número com o
substantivo plural Elohim. Ex: Gn 1.26; 3.22; 11.7; Js 24.19. Não podeis servir a Iahweh,
pois Ele é um Deus santo... A frase deste texto é no hebraico Elohim Kdoxim, o adjetivo
Kadosh (‫ = )קדַּ ְשׁ‬santo, pluralizado em Kdoxim (‫)קְ דֹ ֔ ִשׁים‬, concorda com o plural Elohim.
4. A linguagem do Antigo Testamento alude a trindade divina atribuindo os títulos PAI,
FILHO e ESPÍRITO SANTO, às três pessoas divinas. Ex: Is 63.16; Sl 2.7; Gn 1.2; Is
11.2; Ml 2.10; Sl 45.6-7l; Pv 30.4; Is 63.10.
5. Há na língua hebraica dois adjetivos que expressam o sentido de unidade: ERRAD
(‫ = )אֶ ָ ֽחד‬um e IRRID (‫ = )יְ ִ ֽחיד‬único.
O monoteísmo exclusivista tem por base fundamental o texto constante de Dt 6.4,
que em hebraico diz: (‫“ ) ְשׁמַ ע יִ ְשׂ ָראֵ ל יְ הוָה ֱא הֵ ינוּ יְ הוָה אֶ ָ ֽחד‬Ximah Israel Iahweh Eloheinu
Iahweh Errad”, que traduzido fielmente significa: “Escuta Israel: O eterno é nosso Deus,
O Eterno é um” (Tradução do rabino Meir Masliah Melamed). Este texto hebraico foi
traduzido por 70 rabinos para o grego comum do seu tempo, fielmente, conforme consta a
Septuaginta: Ἄκουε, Ισραηλ· κύριος ὁ θεὸς ἡµῶν κύριος εἷς ἐστιν· = “Akoue Israel,
kurios o Theon emon eis esti” - que traduzido literalmente significa: “Ouve Israel, o
Senhor o Deus nosso, o Senhor é um”. Jerônimo traduziu o grego dos 70 para o latim,
conforme consta da Vulgata: “Audi, Israel, Dominus Deus noster, Dominus inis est”. A
tradução inglesa diz: “Hear, o Israel, the Lord our God is one Lord”. A tradução
espanhola diz: “Oye Israel, Jehová nuestro Dios, Jehová uno é”. Isto significa que o texto

6
Tozer, A. W., The Knowledge of the Holy (O Conhecimento do Santo), NY: HarperCollins, 1961. p.18.
7
BENTES, Antônio Carlos Gonçalves. Teontologia. Lagoa Santa - MG: edição do autor, 2015, p. 160,161.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 10
hebraico exprime precisamente ser a divindade Criadora, Eterna, uma unidade composta,
posto que é isto que exprime o adjetivo ERRAD, conforme comprovam os seguintes
exemplos: Gn 2.24 - “Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une à sua mulher, tornando-
se os dois uma (ERRAD) só carne”. Neste texto o adjetivo ERRAD admite a associação
de dois em um só: Jz 20.1-11; 1Sm 11.7; Ed 3.1; 6.20. Em todos estes textos, o adjetivo
ERRAD demonstra que admite associação de dois e de muitos sem lhe alterar o sentido.
E, pasmem os monoteístas exclusivistas, é este adjetivo ERRAD, que é aplicado a
Divindade em todo o Antigo Testamento.
IRRID (‫ = )יְ ִ ֽחיד‬único. IRRID é uma unidade absoluta, exclusiva, que em absoluto,
não admite qualquer associação para poder exprimir o seu sentido restrito, absoluto, posto
que, qualquer associação que se lhe fizer, altera-lhe 100% o sentido que tem. Veja as
referências: Gn 22.2,16; Jz 11.34; Jr 6.26; Am 8.10. Todos estes textos e outros que
poderíamos acrescentar à relação evidenciam o adjetivo - IRRID (único). Este adjetivo é
um adjetivo absoluto que não admite associação com ninguém, porque qualquer
associação lhe altera o sentido, deixando de ser único para ser apenas um entre outros.
Este adjetivo IRRID nunca é usado (aplicado) em relação a Deus no texto hebraico do
Antigo Testamento.
É impossível, até o momento, descobrir a razão porque os tradutores da Bíblia para
o português haverem traduzido o vocábulo ERRAD (um), como o sentido de IRRID
(único): “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é único Senhor”. Chegamos a pensar: será
que Jesus ao citar este texto em resposta à pergunta do escriba, conforme Mc 12.29, haja
dado ao mesmo este sentido, motivando assim a tradução constante de nossas versões?
Mas consultando a versão hebraica do Novo Testamento e o Novo Testamento Grego
Koinê, verificamos que Jesus foi 100% fiel ao texto hebraico e a seu valor literal, citando
sem nenhuma alteração.

A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO 8

No progresso da Revelação o único Deus Verdadeiro aparece claramente no Novo


Testamento existindo em três Pessoas Divinas chamadas: PAI, FILHO e ESPÍRITO
SANTO (Mt 28.19; 2Co 13.13; Mt 3.16-17; Ef 2.18; 4.4-6; 5.18-20; 1Pe 1.2; Jd 20-21).
1. Cada uma destas Divinas Pessoas possui Suas próprias características pessoais e se
distinguem claramente das outras Pessoas (comp. Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7-15).
Contudo as três Pessoas são iguais no ser, no poder e na glória; cada uma sendo chamada
de Deus (Jo 6.27; At 5.3-4); cada uma possuindo todos os atributos divinos (Tg 1.17; Hb
13.8; 9.14); cada uma realizando as obras divinas (Jo 5.21; Rm 8.11); e cada uma
recebendo honras divinas (Jo 5.23; 2Co 13.13).
2. Com referência à ordem de suas atividades, o Pai é o primeiro, o Filho é o segundo, e
o Espírito Santo é o terceiro; a fórmula geral sendo a seguinte: do Pai (1Co 8.6); Através
do Filho (Jo 3.17), pelo Espírito Santo (Ef 3.5) e para o Pai (Ef 2.18). Mesmo assim,

8
BENTES, Antônio Carlos Gonçalves. Teontologia. Lagoa Santa - MG: edição do autor, 2015, p. 162,163.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 11
entretanto, nenhuma das Pessoas age independentemente das outras pessoas; mas sempre
há uma concorrência mútua, como disse o Senhor: “O meu Pai trabalha até agora, e eu
trabalho também (Jo 5.17); e o filho nada pode fazer de si mesmo (Jo 5.19)”; e
novamente, “Eu e o Pai somos um (Jo 10.28-30)”.
3. Na revelação de Deus no Novo testamento como um ser tri-pessoal, não há
afastamento do rigoroso monoteísmo do Velho Testamento (comp. Dt 6.4-5 com Mc
12.29-30; Rm 3.30). As três Pessoas Divinas são um Deus, não três deuses. Foi preciso
que o Velho Testamento enfatizasse primeiro a unidade Divina a fim de resguardar contra
as tendências politeístas. Mas mesmo no Velho Testamento, quando lido à luz do Novo
Testamento, surge a pluralidade de Pessoas dentro do Único Deus Verdadeiro (comp. Gn
1.26; Is 6.8; 48.12Com 48.16).
4. A Trindade de Deus é reconhecidamente um grande mistério, algo totalmente além da
possibilidade de uma explicação completa. Mas podemos nos resguardar do erro
apegando-nos firmemente aos fatos da Revelação Divina, que: 1º) quanto ao Seu Ser ou
essência, Deus é um; 2º) quanto à Sua Personalidade, Deus é três; 3º) não podemos nem
dividir a essência, nem confundir as Pessoas. Mas, apesar do seu mistério, a doutrina da
Divina Trindade sempre comprovou ser rica em valores espirituais e práticos.
5. A importância atribuída à Divina Trindade, na Revelação do Novo Testamento,
aparece no fato de que a doutrina está firmemente embebida em duas fórmulas que são
constantemente repetidas para o povo ouvir na igreja:
1ª) a fórmula do batismo (Mt 28.19);
2ª) a fórmula da bênção apostólica (2Co 13.13).

O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO 9

Uma primeira velada referência ao Espírito encontra-se nas primeiras linhas da


Bíblia, no hino a Deus Criador com que se abre o livro de Gênesis: “E a terra era sem
forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre
a face das águas” (Gn 1.2). Para dizer “espírito” usa-se aqui a palavra hebraica ruach que
significa “sopro” e pode designar tanto vento como o respiro. Emerge daí o papel do
Espírito, cuja percepção é favorecida pela mesma analogia da linguagem que, por
associação, vincula a palavra ao sopro dos lábios: “Mediante a palavra do Senhor foram
feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca ” (Sl 33.6). Este sopro vital e
vivificante de Deus não está limitado ao instante inicial da criação, mas sustém em
permanência e vivifica toda criação, renovando-a continuamente: “Envias o teu Espírito, e
são criados, e assim renovas a face da terra” (Sl 104.30).
A novidade mais característica da revelação bíblica é ter divisado na história o
campo privilegiado da ação do Espírito de Deus. Em cerca de 100 passagens do Antigo
Testamento o ruach IAHWEH indica a ação do Espírito do Senhor que guia o Seu povo,
sobretudo nos grandes momentos do seu caminho. Assim, no período dos juízes, Deus
fazia descer o seu Espírito sobre homens débeis e transformava-os em guias carismáticos,
9
PAULO II, João. O ESPÍRITO SANTO. 2ª ed. Lorena, SP: Editora Cléofas, 2003, p. 8-10.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 12
investidos de energia divina: é o que aconteceu com Gideão, Jefté e em particular com
Sansão (cf. Jz 6.34; 11.29; 13.25; 14.6,19).
Com o advento da monarquia davídica esta força divina, que até então se
manifestara de modo imprevisível e intermitente, alcança uma certa estabilidade. Isto é
bem constatado na consagração régia de Davi, a propósito do qual a Escritura diz: “e
daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi” (1Sm 16.13).
Durante e depois do exílio na Babilônia toda a história de Israel é relida como um
longo diálogo estabelecido por Deus com o povo eleito, “pelo Seu Espírito, pelo
ministério dos profetas do passado” (Zc 7.12). O profeta Ezequiel torna explícito o ligame
entre o Espírito e o profeta, por exemplo quando diz: “Então o Espírito do Senhor veio
sobre mim, e mandou-me dizer: “Assim diz o Senhor...”. (Ez 11.5)”.

Mas a perspectiva profética aponta sobretudo no futuro o tempo privilegiado em


que se cumprirão as promessas no sinal do ruach divino. Isaías anuncia o nascimento de
um descendente, sobre o qual “repousará o Espírito... de sabedoria e de entendimento,
espírito de conselho e de fortaleza, espírito de ciência e de temor do Senhor” (Is 11.2).
“Este texto é importante para toda a pneumatologia do Antigo Testamento, porque
constitui como que uma ponte entre o antigo conceito bíblico do espírito, entendido
primeiro que tudo como a pessoa. O Messias da estirpe de Davi (do tronco de Jessé) é
precisamente essa pessoa, sobre a qual “pousará” o Espírito do Senhor.

Já no Antigo Testamento emergem dois traços da misteriosa identidade do Espírito


Santo, depois amplamente confirmado pela revelação do Novo Testamento.
O primeiro traço é a absoluta transcendência do Espírito, que por isso é chamado
“santo” (Is 63.10,11; Sl 51.13). Para todos os efeitos o Espírito de Deus é “divino”. Não é
uma realidade que o homem pode conquistar com as suas forças, mas um dom que vem
do alto: só se pode invocá-lo e acolhê-lo. Infinitamente “outro” a respeito do homem, o
Espírito é comunicado com total gratuidade a quantos são chamados a colaborar com Ele
na história da salvação. E quando esta energia divina encontra um acolhimento humilde e
disponível, o homem é arrancado do seu egoísmo e libertado dos seus temores, e no
mundo florescem o amor e a verdade, a liberdade e a paz.

Outra característica do Espírito de Deus é o poder dinâmico que Ele revela nas Suas
intervenções na história. Às vezes corre-se o perigo de projetar sobre a imagem bíblica do
Espírito concepções ligadas a outras culturas como, por exemplo, a concepção do
“espírito” como algo evanescente, estático e enerte. A concepção bíblica do ruach está ao
contrário, a indicar uma energia supremamente ativa, poderosa, irresistível: o Espírito do
Senhor – lemos em Isaías – “é torrente transbordante” (Is 30.28). Por isso, quando o Pai
intervém com o seu Espírito, o caos transforma-se em cosmo, no mundo acende-se a vida,
e a história põe-se novamente em caminho.

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 13


O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO 10

A revelação do Espírito Santo, como pessoa distinta do Pai e do Filho, velada no


Antigo Testamento, torna-se clara e explícita no Novo.
É verdade que os escritos neotestamentários não nos oferecem um ensinamento
sistemático sobre o Espírito Santo. Contudo, recolhendo os muitos dados presentes nos
escritos de Lucas, Paulo e João, é possível captar a convergência destes três grandes filões
da revelação neotestamentárias concernente ao Espírito Santo.
Em relação aos outros dois sinópticos, o evangelista Lucas apresenta-nos uma
pneumatologia muito mais desenvolvida.
No Evangelho ele tem em vista mostrar que Jesus é o único a possuir o Espírito
Santo em plenitude. Certamente, o Espírito intervém também em Isabel, Zacarias, João
Baptista e sobretudo em Maria, mas só Jesus, ao longo de toda a Sua existência terrena,
detém plenamente o Espírito de Deus. Ele é concebido por obra do Espírito Santo (Lc
1.35). A respeito d’Ele João Batista dirá: “Eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem
aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das
alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo” (Lc 3.16).
Antes de batizar no Espírito Santo e no fogo, Jesus mesmo é batizado no Jordão,
quando desce “sobre Ele o Espírito Santo em forma corpórea, como uma pomba” (Lc
3.22). Lucas sublinha que Jesus não só vai ao deserto “levado pelo Espírito Santo”, mas
Se dirige para ali “cheio do Espírito Santo” (Lc 4.1), e ali vence o tentador. Ele
empreende a Sua missão, Jesus aplica a si mesmo a profecia do livro de Isaías (Is 61.1,2):
“O Espírito do Senhor está das sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas
aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos
cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor”
(Lc 4.18,19). Toda a atividade evangelizadora de Jesus é posta assim sob a ação do
Espírito.
Este mesmo Espírito sustentará a missão evangelizadora da Igreja, segundo a
promessa do Ressuscitado aos seus discípulos: “Eu vou mandar sobre vós o que Meu Pai
Prometeu. Entretanto, permanecei na cidade até serdes revestidos com o poder do alto” Lc
24.49). Segundo o livro dos Atos, a promessa cumpre-se no dia do Pentecostes: “Todos
ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito
lhes inspirava que se exprimissem (At 2.4). Realiza-se assim a profecia de Joel: “E
acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a
carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões,
os vossos anciãos terão sonhos” (Lc 2.17). Lucas vê nos apóstolos os representantes do
povo de Deus dos tempo finais, e ressalta com razão que este Espírito de profecia envolve
o inteiro povo de Deus.
Apóstolo Paulo, por sua vez, evidencia a dimensão renovadora e escatológica da
obra do Espírito, que é visto como a fonte da vida nova e eterna comunicada por Jesus à
sua Igreja.
10
PAULO II, João. O ESPÍRITO SANTO. 2ª ed. Lorena, SP: Editora Cléofas, 2003, p. 11-14.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 14
Na 1ª Carta aos Coríntios lemos que Cristo, novo Adão, em virtude da ressurreição,
Se tornou “Espírito vivificante” (1Co 15.45); Isto é, foi transformado pela força vital do
Espírito de Deus de maneira que Se tornou, por sua vez, princípio de vida nova para os
crentes. Cristo comunica vida precisamente através da efusão do Espírito Santo.
A existência dos crentes já não é a de escravos, sob a Lei, mas uma vida como
filhos, pois receberam o Espírito do Filho nos seus corações e podem exclamar: “Abbá,
Pai (Pater)! (Gl 4.5-7; Rm 8.14-16). E uma vida “em Cristo”, isto é, de pertença exclusiva
a Ele e de incorporação à Igreja: “Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em
um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado
beber de um só Espírito” (1Co 12.13). O Espírito Santo suscita a fé (1Co 12.3), derrama o
amor (ágape) nos corações (Rm 5.5) e guia a oração dos cristãos (Rm 8.26).
Enquanto princípio de um novo ser, o Espírito Santo determina no crente um novo
dinamismo operativo: “Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o
Espírito” (Gl 5.25). Esta nova vida está contraposta à da “carne”, cujos desejos desgostam
a Deus e fecham a pessoa na prisão sufocante do eu que se dobra em si mesmo (Rm 8.5-
9). Abrindo-se, ao contrário, ao amor doado pelo Espírito Santo, o cristão pode saborear o
fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benevolência, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio próprio (Gl 5.16-24).
Segundo Paulo, contudo, aquilo que agora possuímos é só um “sinal” ou primícias
do Espírito (Rm 8.23; 2Co 5.5). Na ressurreição final, o Espírito completará a sua obra
prima, realizando para os crentes plena “espiritualização” do seu corpo (1Co 15.43-44) e
envolvendo de algum modo na salvação o universo inteiro (Rm 8.20-22; At 3.21).
Na perspectiva joanina o Espírito Santo é sobretudo o Espírito da verdade, o
Paráclito.
Jesus anuncia o Dom do Espírito no momento de concluir a Sua obra terrena:
“Quando vier o Consolador, que procede do Pai, Ele testificará de Mim. E vós também
dareis testemunho, pois estivestes Comigo desde o princípio” (Jo 15.26 s). E ao esclarecer
ulteriormente o papel do Espírito, Jesus acrescenta: “Ele vos guiará para a verdade total,
porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que
há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é Meu, para vo-lo anunciar” (Jo
16.13,14). O Espírito, portanto, não trará uma nova revelação, mas guiará os fiéis para
uma interiorização e uma mais profunda penetração da verdade revelada por Jesus.

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 15


AS TRÊS PESSOAS CONSIDERADAS SEPARADAMENTE

a) O Pai, ou a Primeira Pessoa da Trindade - o Nome Pai em sua aplicação a Deus. (1Co
8.6; Ef 3.15; Hb 12.9; Tg 1.17; Dt 32.6; Is 63.16; 64.8; Jr 3.4; Ml 1.6; 2.10; Mt 5.45;
6.6-15; Rm 8.16; 1Jo 3.1; Jo 1.14,18; 5.17-26; 8.54; 14.12,13). A primeira pessoa é o
Pai da Segunda num sentido metafísico. Esta é a paternidade originária de Deus, da
qual toda paternidade terrena é apenas um pálido reflexo.
b) O Filho, ou a Segunda Pessoa da Trindade - o Nome Filho em sua aplicação à
Segunda pessoa. A Segunda pessoa da trindade é chamado Filho ou Filho de Deus em
mais de um sentido do termo. (Jo 1.14,18; 16,18 ; Gl 4.4; 2Sm 7.14; Jó 2.1; Lc 3.38;
Jo 1.12; Jo 5.18-25; Mt 6.9; 7.21; Jo 20.17; Mt 8.29; 11.27; 26.63; 27.40; Jo 10.36; Jo
1.49; 11.27; 2Co 11.31; Ef 1.3; Jo 17.3 ; 1Co 8.6; Ef 4.5,6 ; Lc 1.32,35; Jo 1.13; Cl
1.15; Hb 1.6; Jo 1.1-14; 1 Jo 1; 1-3 ; 2Co 4.4; Hb 1.3 ; Jo 1.14,18 ; 3.16,18; 1Jo 4.9;
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 16
Mq 5.2; Jo 1.14,18 ; 3.16; 5.17,18,30,36; At 13.33; Jo 17.5 ; Cl 1.16; Hb 1.3; At
13.33; Hb 1.5; 2 Sm 7.14; Jo 5.26; Jo 1. 3,10; Hb 1. 2,3; Jo 1.9; Sl 40.7,8; Ef 1.3-14.
c) O Espírito Santo, ou a Terceira Pessoa da Trindade - O nome aplicado à terceira
pessoa da trindade. (Jo 4.24; Gn 2.7; 6.17; Ez 37.5,6; Gn 8.1; 1Rs 19.11; Jo 3.8; Sl
51.11; Is 63.10,11; Sl 71.22; 89.18; Is 10.20; 41.14; 43.3; 48.17; Jo 14.26; 16.7-11;
Rm 8.26; Jo 16.14; Ef 1.14; Jo 15.26;16.7; 1Jo 1.1; Jo 14; 16-18; Rm 8.16; At 16.7;
1Co 12.11; Is 63.10; Ef 4.30; Gn 1.2; 6.3; Lc 12.12; Jo 15.26; 16.8; At 8.29; 13.2; Rm
8;11; 1Co 2.10,11; Lc 1.35; 4.14; At 10.38; Rm 15.13; 1Co 2.4. A relação do Espírito
Santo com as outras pessoas da trindade, são controvérsias trinitárias que levaram a
conclusão de que o Espírito Santo, como o Filho, é da mesma essência do Pai e,
portanto, é consubstancial com Ele. E a longa discussão acerca da questão, se o
Espírito Santo procedeu somente do Pai ou também do Filho, foi firmada finalmente
pelo Sínodo de Toledo em 589, pelo acréscimo da palavra. Filioque (e do Filho) à
versão latina do Credo de Constantinopla: Credimus in Spiritum Sanctum que a Patre
Filioque procedidit. (Cremos no Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho).

O Pai só pode ser o Pai, o Filho só pode ser o Filho, e o Espírito só pode ser o
Espírito, Eles não podem trocar de lugar uns com os outros. Por outro lado, não existe
nenhuma hierarquia de poder, glória ou autoridade na Trindade ontológica. A submissão
do Filho ao Pai, por exemplo, é a submissão do Filho à sua própria vontade, porque a
vontade divina é uma, mesmo tendo o Pai e o Filho consciência de uma vontade distinta e
pessoal. A essência da vontade de Deus é uma. O Filho, então, não deseja coisas
diferentes das quais o Pai deseja, se submetendo ao Pai e negando Seus desejos. O Filho
sempre deseja o que o Pai deseja e vice versa. Os dois são iguais. E o Espírito Santo é
igual também.

A TRINDADE ECONÔMICA

A Trindade econômica é a Trindade em relação à história humana. Na redenção da


humanidade cada pessoa faz parte de um plano perfeito para salvar o homem. Cada
pessoa faz obras distintas para conseguir essa salvação. O Pai planeja a salvação, elege os
salvos e envia o Filho, o Filho paga o preço do pecado, compra a salvação pelos eleitos e
faz intercessão, e o Espírito aplica a salvação aos eleitos, regenerando-os e santificando-
os.

A TRINDADE NA EXPERIÊNCIA HUMANA11

No centro da fé cristã não está o ser humano, nem a Igreja, mas Deus. Este Deus
único, todavia, é percebido de maneiras diversas por nós.
Segundo a concepção bíblica, Deus é um Ser Tripessoal. Como, porém, Deus é um
Ser Pessoal, o único caminho para conhecê-lo, de modo a corresponder ao “objeto de
11
SCHWARZ, Christian. Nós diante da Trindade.Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1999, p. 6.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 17
conhecimento”, é por um encontro pessoal. Quem pode dizer que “conhece” uma pessoa
antes de encontrá-la, cultivar a comunicação com ela e ter com ela um relacionamento
pessoal? Não é possível imaginar a fé cristã sem a dimensão da experiência. Deus não
pode ser conhecido “em si”, ele pode ser compreendido unicamente na relação conosco.
É esclarecedor ver que o Antigo Testamento usa para “conhecer” a mesma palavra
(Yāda’ - ‫ ) ָידַ ע‬que usa para ter “relações sexuais” (Gn 4.1; 19.8; Nm 31.17,35; Jz 11.39;
21.11; 1Rs 1.4; 1Sm 1.19). O conhecimento de Deus, portanto, na concepção bíblica,
pode ser comparado, sem problemas, ao encontro intenso e prazeroso entre um marido e
sua esposa! O professor de teologia enterrado em seus livros dificilmente é um modelo
apropriado de “conhecimento” no sentido bíblico, mas a relação sexual entre marido e
mulher sim.

O significado da revelação 12

O Antigo Testamento fala com freqüência em “conhecer” (Yāda’) ou “não


conhecer” Iavé (compare Is 1.3; Jr 2.8; 4.22; 31.34; Os 2.20; 4.1,6; 5.3,4; 6.6; 13.4). O
conhecimento no Antigo Testamento é bem diferente de nosso entendimento do termo.
Para nós, conhecimento implica compreender coisas pela razão, analisar e buscar relações
de causa e efeito. No Antigo Testamento, conhecimento significa “comunhão”,
“familiaridade íntima com alguém ou algo”.
Falando em Nome de Deus a Israel, Amós disse: “De todas as famílias da terra a
vós somente conheci; portanto, todas as vossas injustiças visitarei sobre vós” (Am 3.2,
ARC).
Vriezen disse que o Antigo Testamento faz do “conhecimento de Deus” a primeira
exigência da vida, jamais explica o significado do termo. O propósito da revelação divina
não é declarado especificamente no Antigo Testamento. A revelação não se baseia em
alguma necessidade de Deus. Deus não criou o mundo nem revela a si mesmo para ter
alguém que guarde o sábado, como diziam alguns rabinos antigos. O conhecimento de
Deus é mais que um mero conhecimento intelectual; diz respeito à vida humana como um
todo.
É essencialmente uma comunhão com Deus e é também fé; é um conhecimento do
coração que exige o amor do homem (Dt 4); sua exigência vital é que o homem aja de
acordo com a vontade de Deus e ande humildemente nos caminhos do Senhor (Mq 6.8). É
o reconhecimento de Deus como Deus, a rendição total a Deus como Senhor.
A expressão hebraica “o conhecimento de Deus” traz assim pelo menos três
conotações: (1) o sentido intelectual, (2) o sentido emocional e (3) o sentido volitivo. O
verbo “conhecer” (yada’) refere-se basicamente ao que chamamos atividade intelectual,
cognitiva; mas a psicologia hebraica não conhecia uma faculdade específica que
compreendesse o intelecto ou a razão.

12
SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2001, p. 95-96.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 18
“Conhecer a Deus” significava ter um entendimento intelectual de quem ele era, ter
um relacionamento pessoal e emocional com ele e ser obediente a sua aliança e
mandamentos.

O CREDO DE ATANÁSIO

Adoramos um Deus em Trindade, a Trindade em unidade. Não confundimos as


Pessoas, nem separamos a substância. Pois a Pessoa do Pai é uma, a do Filho outra e a do
Espírito Santo outra. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma Divindade, glória
igual e majestade coeterna. Tal qual é o Pai, o mesmo são o Filho e o Espírito Santo. O
Pai é incriado, o Filho é incriado, o Espírito Santo é incriado. O Pai é imensurável, o Filho
é imensurável, o Espírito Santo é imensurável. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito
Santo é eterno. E, no obstante, não há três eternos, mas sim um Eterno. Da mesma forma
não há três seres incriados, nem três imensuráveis, mas um incriado e um imensurável. Da
mesma maneira o Pai é onipotente, o Filho é onipotente e o Espírito Santo é onipotente.
No entanto não há três seres onipotentes, mas sim um Onipotente. Assim o Pai é Deus, o
Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. No entanto, não há três deuses, mas um Deus.
Assim o Pai é Senhor, o Filho é Senhor e o Espírito Santo é Senhor. Todavia não há três
senhores, mas um Senhor. Assim como a verdade cristã nos obriga a confessar cada
Pessoa individualmente, como sendo Deus e Senhor, assim também ficamos privados de
dizer que haja três deuses ou Senhores. O Pai não foi feito de coisa alguma, nem criado,
nem gerado. O Filho procede do Pai somente, não foi feito, nem criado, mas gerado. O
Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não foi feito, nem criado, nem gerado, mas
procedente. Há portanto, um Pai, não três Pais; um Filho, não três Filhos; um Espírito
Santo, não três Espíritos Santos. E nessa Trindade não existe primeiro nem último; maior
nem menor. Mas as três Pessoas coeternas são iguais entre si mesmas; de sorte que por
meio de todas, como foi dito acima, tanto a unidade na trindade como a trindade na
unidade devem ser adoradas.
“Na Trindade há um só Espírito (Ef 4.4), três almas ou Pessoas, e depois da
encarnação um corpo (o do Filho)” (Aldery Nelson).

“Assim como aquele que nega a doutrina da trindade pode perder a sua alma; aquele
que luta demasiadamente para entendê-la pode perder o seu juízo” (Dr. Robert South).

O Princípio Trinitário das Relações e a Complexidade Ecológica 13

A fórmula trinitária utilizada em toda Igreja, até os nossos dias, procede da


terminologia grega. Não se conforma em afirmar a unidade da substância ou da natureza,
e por isso canoniza o emprego do termo consubstancial, não somente aplicado ao Filho,
mas um qualificativo comum às três pessoas divinas, numa tentativa de responder à
13
Maria Freire da Silva. Doutora em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e leciona na
Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção em São Paulo.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 19
linguagem das três hipóstases, identificadas sem nenhuma ambiguidade com as três
pessoas (SESBOÜÉ, 1977, p. 93-124). Santo Agostinho (1995) trata a questão trinitária a
partir do amor, mostrando que as pessoas divinas não são mais do que três: um amando
aquele que dele procede; outro amando aquele do qual procede; e por fim, aquele que é a
própria caridade. Há a mais perfeita igualdade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sem
dúvida, Agostinho parte do fundamento da consubstancialidade trabalhado em Nicéia 325.
Seguindo a trilha de Agostinho, não podemos duvidar de que a Trindade, em seu
mistério de comunhão, é amor e caridade em plenitude. Do ponto de vista de Agostinho, o
amor supõe alguém que ame e alguém que seja amado. Dessa forma, temos três
realidades: o que ama, aquele que é amado, e o próprio amor (AGOSTINHO, 1995, p.
284). Diante dessa afirmação, podemos atribuir-lhe um caráter pericorético, visto que essa
relação perpassada pelo amor recíproco das três pessoas divinas equipara-se à categoria de
pericórese trabalhada por João Damasceno. Há um movimento amoroso, inter-relacional,
entre Pai, Filho e Espírito Santo na teologia trinitária de Agostinho.
A compreensão relacional e de comunhão das pessoas divinas está intimamente
relacionada com o conceito grego de pericórese. Em sua origem, o conceito designa
dança; o que significa: um dança girando, rodeando em torno do outro; e o outro rodeando
o primeiro. Como conceito reflexivo, pericórese provém do pensamento estóico e
neoplatônico, utilizado aqui para significar a relação, a união e a penetração recíproca de
corpo e alma. Na teologia, o conceito surge desde Gregório Nazianzeno em contextos
cristológicos. Máximo Confessor desenvolve o termo pericórese na tentativa de expressar
a penetração recíproca do divino e humano em Jesus Cristo, ou melhor, para pensar
communio (comunhão) como comunicatio (comunicação).
Essa compreensão era tomada pela teologia da Trindade. Foi o que aconteceu a
João Damasceno e a partir dele, pois antes dele, a encontramos originando-se da raiz de Jo
18.38 e 14.10; encontramos seu conteúdo em Atanásio e nos padres capadócios. No
contexto teológico-trinitário, pericórese significa que o Pai, o Filho e o Espírito Santo
estão de tal forma unidos que se interpenetram e interagem mutuamente e se abraçam
completamente numa entrega recíproca. O Filho está totalmente no Pai e vice-versa.
No Ocidente, Mário Victorino formula na mesma linha acerca da Trindade dizendo
que essa existe alter in altero, ou seja, omnia simul existunt in counitione. Porém, segue
sempre associado, desde o ponto de vista da representação, o significado fundamental de
que as três pessoas divinas estão em comunidade tal, que podem ser compreendidas
metaforicamente só como dançarinos comunitários em uma dança em comum. Isso leva à
afirmação de que, consequentemente, as pessoas divinas se caracterizam por um estar face
a face com o outro numa perfeita intimidade, que uma pessoa está presente e atua na
outra.
Boaventura trata a realidade trinitária afirmando que a verdade trinitária é o
princípio fundante e explicativo de todas as demais verdades cristãs e humanas. A
Trindade como comunidade é a resposta e a solução à sociedade humana e a seu impulso
de abertura vinculante e de interligação. O mistério da Trindade não é uma verdade
ahistórica, atemporal e abstracta, e sim iluminadora e paradigmática com implicações
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 20
históricas. Porém, devemos compreender que o esquema teológico de Boaventura é
entrelaçado pela filosofia e mística em um sistema unitário, compacto e inseparável. Para
ele, a Trindade é um Tu tripessoal que é fonte e modelo da mais profunda relação
comunitária (MERINO, 1977, p. 178-210).
A nossa fé se encaixa na consciência plena de nossa identidade cristã e de nossa
responsabilidade ante os desafios. Para escapar ao círculo vicioso da sociedade, é preciso
tentar estabelecer uma comunicação, um diálogo, ou melhor ainda, uma espécie de
pericórese.
Deus é em si unidade e pluralidade, e na superabundância do seu amor, do amor
que é em si, pode dar-se ao mundo, esse amor por nós (LADARIA, 1999).
O Concílio de Florença, em decreto aos Jacobitas, ensina que Cristo dá testemunho
de que o Pai está n’Ele e ele no Pai (Jo 10,30). “O Pai e eu somos uma mesma coisa”
(10,38) – a existência do Espírito Santo no Pai. A concepção grega de pericórese
desempenha um papel muito amplo, tomando como ponto de partida a pessoa do Pai,
como princípio único, Origem e Fonte da divindade, ensina que a vida divina flui do Pai
ao Filho e por meio do Filho ao Espírito Santo. Acentuando a compenetração mútua das
três pessoas divinas, salva a unicidade da substância divina. A concepção latina parte da
natureza divina e espiritual, Deus é antes de tudo um Espírito Absoluto que pensa e ama.
Partindo da unidade da substância divina, explica como essa, pelas processões divinas
imanentes, se constitui em Trindade de pessoas. Aparece, portanto, em primeiro lugar a
idéia de consubstancialidade.
O Concílio de Latrão IV (1215) ensina que as três pessoas divinas constituem um
único princípio de todas as coisas (Dz 704; cf. Dz 254, 281, 284).
A tradição cristã afirma que a pessoa se realiza cabalmente e se salva na comunhão-
koinonia. Por isso, faz da comunhão-koinonia com Deus, e entre os seres humanos, o
cosmos, a essência da salvação.
No contexto bíblico, o ser humano é por natureza relacional, voltado para o outro,
porque criado à imagem e semelhança de Deus. Sobre essa base, a tradição estabelecerá
uma distinção entre indivíduo e pessoa, a partir do mistério da Trindade. Santo Atanásio,
Basílio e os capadócios, Dídimo, após terem defendido a divindade do Filho e, em
seguida, do Espírito Santo, elaboraram uma teologia da Trindade. Para o Oriente, tudo em
Deus é relacional. No século XI, o concílio de Toledo (675) declara: “O que é o Pai, ele é
para o Filho, não para ele; o que é o Filho, ele é para o Pai, não para ele” (DS 528)
Esse estar com e estar no outro de índole relacional mostra que o Deus dos cristãos
segundo sua essência é communio. Portanto, os três são a divindade (GRESHAKE, 2001).
Ricardo de São Victor compreende que se Deus é amor supremo, esse amor necessita
como um destinatário outro ser amado, que por sua vez deve corresponder a esse amor.
De outro modo, Deus permaneceria solitário, enclausurado e envergonhado diante
dos anjos. Esse amor, para ser coerente com o ser divino em sua perfeição, carece ser
caridade ordenada, o destinatário desse amor tem que ser ele mesmo uma pessoa divina.
Sem dúvida, tampouco o amor entre os dois pode ser uma realização suprema do amor.

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 21


O próprio amar e ser amado, o amor mútuo, deve abrir-se a um terceiro. Assim, a
comunidade de amor (communio amoris) não pode ser realizada por menos de três
pessoas, quando os dois que se amam reciprocamente se abraçam em supremo
entrelaçamento e cada um encontra seu embelezamento no amor recíproco, amor que
reside no mais íntimo do outro e vice-versa. Porém, o ápice da alegria está no terceiro a
quem ambos amam. Só o terceiro é condilectus, o co-amante e co-amado, se mostra
propriamente a generosidade e a grandeza do amor, que ultrapassa o face a face de dois
para no terceiro alcançar a perfeição. Boaventura, seguindo as trilhas de Ricardo de São
Victor, se separa da corrente comum dos latinos aderindo à dos gregos.
Os latinos partem da unidade de Deus e seu problema é mostrar que a Trindade de
pessoas não diminui essa unidade fundante e primeira. Os gregos partem da índole e do
modo de ser de cada pessoa, e tratam de demonstrar que o tripessoal participa de uma e
mesma natureza e não cria problema ao uno. Os latinos veem em Deus uma só natureza
que subsiste em três pessoas; distintas por sua relação de origem, as pessoas ante o todo se
opõem.
Os gregos veem que Deus, ao realizar-se como pessoa, se tripersonaliza, de tal sorte
que a trindade de pessoas é justamente a maneira metafísica de ter uma substância
idêntica; as pessoas não se opõem, mas se implicam em sua respectiva distinção. Para o
pensamento latino cada pessoa está na outra no sentido de que as três têm natureza
idêntica, enquanto, para os gregos, cada pessoa não pode existir sem “produzir” a outra, o
que assegura a idêntica natureza de um só Deus.
Do ponto de vista grego, a Trindade é o modo mesmo de ser do Deus infinito, uno
por natureza. Na concepção dos latinos, a Trindade é o modo misterioso como a unidade
subsiste em três pessoas. Boaventura, servindo-se dessa corrente, sublinha que o princípio
das processões divinas é a fecundidade de Deus que se manifesta como princípio
dinâmico de amor expansivo, comunicativo e compartilhado na unidade dentro da
diversidade.
A TRINDADE E A COMUNHÃO 14

2Co 13.13: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do


Espírito Santo seja com todos vós. Amém”.
“Deus não poderia existir em nenhuma forma a não ser a tripessoal” (Berkhof).
“Deus não poderia contemplar-se a si mesmo, conhecer-se e comunicar-se Consigo
mesmo, se não fosse trino em Sua constituição” (Shedd).
Deus é amor (1Jo 4.16). A maior comunhão que existe está na trindade, pois estas
três Pessoas se amam mutuamente.
“Antes que houvesse o universo, antes que se movesse o mínimo átomo de matéria
cósmica, antes que emergisse a primeira réstia de inteligência, antes que começasse a
haver tempo, o Pai, o Filho e o Espírito Santo estavam em si em erupção vulcânica de
vida e amor. Existia a trindade imanente. Nós como criaturas, filhos e filhas, existíamos

14
SOUSA, Ricardo Barbosa. O CAMINHO DO CORAÇÃO. Encontro Publicações, 2002, p. 59.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 22
em Deus como projetos eternos, gerados pelo Pai no coração do Filho com o amor do
Espírito Santo” (Leonardo Boff).
“Sob o nome de Deus a fé cristã vê o Pai, o Filho e o Espírito Santo em eterna
correlação, interpenetração e amor; de tal sorte que são um só Deus Uno. A unidade
significa a comunhão das Pessoas divinas. Por isso, no princípio não está a solidão do
Uno, mas a COMUNHÃO das três Pessoas” (Leonardo Boff).15

“Deus, antes mesmo da criação, já era; e era todo amor e comunhão porque existia
eternamente como Trindade. Antes mesmo que houvesse qualquer objeto criado para ser
alvo do amor divino, Deus já era amor e relacionava-se em amor por ser esta a natureza da
Trindade. O Deus revelado na Bíblia não pode ser compreendido a não ser através da
experiência comunitária do amor”.16
“Nosso ingresso na igreja de Jesus Cristo dá-se em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Ser salvo por Cristo e tornar-se membro da sua igreja é penetrar no
mistério da Trindade e ser envolvido por um Deus que é comunhão”. “O Deus cristão e
bíblico não existe solitariamente, ele é sempre a comunhão das três pessoas divinas”.17
É nesta relação de amor, neste dar e receber, nesta eterna e perfeita comunhão que
fomos criados conforme a imagem e semelhança do Deus trino. Fomos criados para amar,
conviver em amizade e comunhão com o Criador e toda a sua criação. Conhecer a Deus é
mergulhar neste mistério e participar desta comunhão eterna que nutre a alma humana e
resgata o sentido da nossa verdadeira humanidade.
“O Ser de Deus é um ser relacional, e sem o conceito de comunhão é impossível
falar sobre a realidade de Deus. A partir da Trindade nada existe por si mesmo,
individualmente. Comunhão é a razão de ser do homem”.18

A TRINDADE PERICORÉTICA

A Teologia Moderna parte das três Pessoas juntas. Realça o fato de que as três estão
sempre inter-relacionadas e em eterna comunhão (pericórese) [on-line]. Esta relação é tão
absoluta que os divinos Três se unificam sem se fundirem, sendo então um único Deus
vivo.
Queremos propor uma breve introdução sobre termo teológico denominado
pericorese, bem como sua contribuição tanto para a vida dos cristãos em suas respectivas
comunidades de fé, como também para a vida em sociedade, no tocante ao enfrentamento
de seus desafios de convivência pacífica.
Muito antes de se tornar um termo religioso ou teológico, a palavra pericorese (do
grego περιχώρησις) descreve uma dança de roda, característica das crianças em momento
de brincadeiras [1]. Esta palavra é composta de três radicais: 1) peri, que significa “à volta

15
BOFF, Leonardo. A Trindade e a Sociedade. 3ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1986, p. 74.
16
SOUSA, Ricardo Barbosa. Op. Cit, p. 59.
17
SOUSA, Ricardo Barbosa. Op. Cit, p. 60.
18
SOUSA, Ricardo Barbosa. Op. Cit, p. 60.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 23
de”, ou “movimento circular” (como por exemplo perímetro, periférico); 2) corea, que
significa “dança”, ou “bailado” (como por exemplo coreografia); e por fim, 3) esis, que é
um sufixo usado para formar palavras de ação ou processo. Assim, PERICORESE era a
palavra designada para o nome de uma dança tradicional em que um grupo de pessoas
dançava de maneira circular e de mãos dadas.
“A palavra pericorese (gr. περιχώρησις, dança de roda), foi usada no séc. IV por
Gregório Nazianzeno, que procura explicar a interpenetração, a coabitação do Pai no
Filho e no Espírito Santo; do Filho no Pai e no Espírito Santo; e do Espírito Santo no Pai e
no Filho. Não é possível entender plenamente este mistério, muito menos é possível falar
adequadamente sobre ele. Mas podemos crer no Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo,
o único Deus, como declarado nas Antigas Escrituras: “Ouça, Israel, o Senhor nosso
Deus é o único Senhor. Ame, pois, o Senhor seu Deus de todo o seu coração, e de toda a
sua alma, e de todas as suas forças” – Dt 6.4-5. Posteriormente, o Autor destas sagradas
palavras, significativamente, acrescentou: “e de todo o seu entendimento” – Mc 12.30.
Que o tenhamos!
Queremos dar apenas dois exemplos bíblicos de pericorese:
1. Filipe pediu para Jesus lhe mostrar o Pai. A resposta foi direta: “Estou há tanto
tempo com vocês e não me têm conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como
você diz: Mostra-nos o Pai?” – Jo 14.8-9. Imediatamente antes, o Senhor já havia
declarado: “Se vocês me conhecessem a mim, também conheceriam a meu Pai; e já desde
agora o conhecem e o têm visto”– Jo 14.7.
2. “Vocês ouviram que eu lhes disse: Vou, e venho para vocês” – Jo 14.28”.19

No séc. VIII, a partir da teologia de João Damasceno (675-749), a pericorese estava


relacionada à cristologia, descrevendo a mútua interpenetração de duas naturezas
heterogêneas, mas posteriormente passou a ser interpretada como a comunhão, inter-
relação e inter-habitação das Pessoas da Trindade [2]. Denomina uma relação co-igual e
co-eternal de pessoas iguais e diferentes. É o processo pelo qual cada Pessoa existe com
uma personalidade, mas que não é fechada em si mesma, pois está aberta a uma relação
igualitária, cuja marca mais profunda é a mutualidade (Jo 10.30; 17.20-23). Nenhuma das
Pessoas da Trindade, por exemplo, presta subordinação cega às outras, mas respeito e
confiança. Nessa relação, vive-se integralmente o reconhecimento da autoridade de cada
uma das Pessoas, e não a imposição do poder de uma sobre a outra.
Não se trata, portanto, de um conceito abstrato ou meramente de palavras
sofisticadas, mas de demonstrar a beleza do Deus Pai que dança, não isoladamente, mas
acompanhado e de mãos dadas com o Filho e com o Espírito Santo. A pericorese é a
dança extraordinária do Deus Trino e Uno, de tal forma sincronizada que demonstra uma
reciprocidade sem limites e uma unidade que não se pode dissolver. É nessa dança,
realizada face a face e marcada sempre pelo amor que se fundamenta o vínculo da
unidade divina.

19
+José Moreno, um bispo anglicano em busca da pericorese com Deus.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 24
O uso mais antigo sobrevivente do substantivo, perichoresis (περιχώρησις), foi
encontrado em um manuscrito que foi atribuído a Cirilo de Alexandria.
Acredita-se que João de Damasco usou este termo de Cirilo e trouxe à
proeminência como um termo teológico. Se Deus fosse um só haveria a solidão e a
concentração na unidade e unicidade. Se Deus fosse dois, uma díade (Pai e Filho
somente), haveria a separação (um é distinto do outro) e a exclusão (um não é o outro).
Mas Deus é três, uma Trindade. O três evita a solidão, supera a separação e ultrapassa a
exclusão. A Trindade permite a identidade (o Pai), a diferença de identidade (o Filho) e a
diferença da diferença (o Espírito Santo). A Trindade impede um frente-a-frente do Pai e
do Filho, numa contemplação “narcisista”. A terceira figura é o diferente, o aberto a
comunhão. A Trindade é inclusiva, pois une o que separava e excluía (Pai e Filho). O uno
e o múltiplo, a unidade e a diversidade se encontram na Trindade como que circunscritos
e reunidos. O três aqui significa menos o número matemático do que a afirmação de que
sob o nome de Deus se verificam diferenças que não se excluem, mas incluem; que não se
opõem, más se põem em comunhão; a distinção é para a união. Por ser uma realidade
aberta, esse Deus trino inclui também outras diferenças; assim o universo criado entra na
comunhão divina. Quando falamos em perichoresis, não devemos tentar encontrar uma
exclusiva definição ou, o que realmente ele quer dizer, estamos dizendo no verdadeiro
espírito, que a sua única definição é: “está incluído!”; as três pessoas se inter-relacionam
entre si. É precisamente neste sentido que, para nós cristãos, deveria se fundamentar
também as relações humanas e as organizações sociais, especialmente nossa estrutura
eclesiástica. Tal tese é defendida por Miroslav Volf, teólogo protestante que escreveu
sobre os aspectos da influência da estrutura Trinitária sobre a estrutura eclesiástica. Volf
afirma que a estrutura da Trindade é essencialmente policêntrica e relacional, onde não há
centralização ou hierarquização. Em seus escritos Volf criticou a ideia da natureza
hierárquica da igreja, afirmando que sua estrutura deve, necessariamente, refletir a
imagem da comunhão trinitária descrita na pericorese. A reciprocidade na igreja depende
de um status de igualdade e unidade entre seus membros, leigos ou clérigos. O
testemunho da presença na igreja no mundo será mais confiável, e até mesmo mais
aceitável, se internamente ela vivenciar relações que expressem o potencial cooperativo e
solidário de seus membros. Infelizmente, muitas igrejas padecem do vício de sacralizar
sua estrutura, seu corpo doutrinário e seus agentes sacerdotais, estabelecendo uma relação
de dominação entre seus membros. As críticas a esse corpo sacerdotal são, em regra geral,
desqualificadas como heresias e até mesmo demonizadas. A partir desse provocante
pensamento, proponho algumas perguntas para reflexão.
Por que as igrejas geralmente aceitam um juízo sobre seus membros, em relação à
sua vida pessoal – no sentido mais específico sobre sua santidade ou pecaminosidade –,
mas dificilmente um juízo crítico sobre si mesmas enquanto instituição, ou sobre suas
decisões doutrinárias, rituais, princípios morais e estruturas hierárquicas?
Por que conseguimos facilmente compreender a Imago Dei como um referencial
para a vida humana – ainda que não plenamente experimentada pela humanidade –, mas

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 25


dificilmente compreendemos a pericorese como um referencial para a vida comunitária,
no tocante à transformação de nossas estruturas eclesiásticas?
Por que estamos testemunhando em nosso tempo o ressurgimento de uma série de
fundamentalismos eclesiásticos, enraizados na tese da infalibilidade de seus líderes?
Por que a estrutura hierárquica tem sido encarada como a base imutável da igreja,
em detrimento da comunhão e da unidade na diversidade?
A nossa vocação é, antes de qualquer coisa, para a vida e não para a morte, e vida
vivida em comunhão. A natureza da relação entre a Trindade através da pericorese nos
ensina que, por um lado, devemos abandonar e enfrentar projetos de poder pessoal e
social, que geram desigualdade, isolamento, violência e morte. E por outro lado, nos
ensina e nos desafia a experimentar cotidianamente relações igualitárias que promovem a
vida, a participação solidária na vida do outro e da sociedade. Há uma dinâmica familiar e
comunitária na manifestação de amor de Deus. Se o pecado, em suas múltiplas
manifestações, agride a Deus, o próximo e a nós mesmos, a vida redimida e relacional é
uma das múltiplas manifestações da graça de Deus.
Ao nos colocarmos diante do desafio da libertação de toda forma de desigualdade,
violência e domínio de uns sobre os outros, como por exemplo, o sexismo, o racismo, a
intolerância e opressão religiosa, etc., nos colocamos também no caminho rumo à
comunhão e imagem do Deus uno e trino. É preciso, pois, aprender o ritmo, acertar o
passo e entrar na dança.

Igreja Pericorética

O cristianismo se distingue dos outros monoteísmos por sua fé trinitária. Esse é um


grande mistério, como já cantou o poeta: “Quem me dera, ao menos uma vez, entender
como um só Deus ao mesmo tempo é três”. Já, no “façamos” de Gênesis 1.26 é possível
vislumbrar a ação criativa do Deus Uno e Trino. Ou seja, na criação do universo, Deus se
revela como comunhão perfeita do Pai com o Filho e o Espírito Santo.
Contudo, a expressão do Deus Trindade está presente na experiência histórica de
Jesus, que diversas vezes falou a respeito de sua união com o Pai (Jo 14.7-11), pela ação
do Espírito Santo. No Verbo encarnado, ponto climático da revelação divina, o Deus
Trino, que na tradição do Antigo Testamento, sempre apareceu de maneira velada, recebe
sua mais completa declaração. Além disso, nas suas origens, as comunidades cristãs
celebravam o Deus Uno e Trino, através de suas liturgias e fórmulas batismais (Mt 28.16-
20; 1Co 12.4-6; 2Co 13.13; 2Ts 2.13-14). Com o passar do tempo, diante das
necessidades apologéticas, foi elaborada uma profissão de fé sistematicamente refletida.
Muitas foram as tentativas de traduzir em linguagem lógica essa experiência inefável da
fé cotidiana, algumas inclusive de maneira extremamente especulativa e árida. Entretanto,
uma, designada pelo termo pericórese, é especialmente bela. Foi o pai da igreja, João
Damasceno, que a desenvolveu. Essa palavra grega, expressa a habitação mútua (inter-
habitação) das pessoas da Santíssima Trindade. A ideia de pericórese vem de uma dança
própria das crianças (brincadeira), em que uma ficava no meio e as outras dançavam ao
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 26
seu redor, quando então, por escolha ou verso recitado, a que estava no centro saía e
trocava de lugar com alguma que compunha a roda. A partir dessa imagem, Damasceno
afirmou que as pessoas da Trindade se relacionam de forma dinâmica, se interpenetram
(coabitam) sem perderem as suas identidades e se circundam criando o espaço vital para o
protagonismo das outras. Mas, o que isso tem a ver conosco?
Fomos criados à imagem e semelhança de um Deus que não é solitário, apesar de
ser Uno. Parafraseando o prólogo de João poderíamos dizer: No princípio Ele era a
relação! Dito de outro modo, o Deus cristão é o Deus-Comunidade que não se fecha em si
mesmo e nos convida para participarmos de sua dança amorosa (Jo 17.20-23). Crer nesta
realidade significa afirmar nossa esperança na realização do pleno ideal de comunhão
entre os seres humanos, apesar de suas diferenças. Significa professar que no Deus Trino
está a chave para a superação dos egoísmos humanos, geradores da violência e exclusão.
É como igreja, comunidade do Reino, que somos convocados a tornar visível, na história,
o amor trinitário. Como corpo vivo de Cristo, somos conclamados a desenvolver relações
não hierárquicas e colaborativas (1Pe 2.9; Fp 2.5-11), e, ainda, como Povo de Deus,
orientados a preservar a unidade na diversidade. Afinal, como ressaltou o apóstolo Paulo:
“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque
todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28). Em suma, somos chamados a ser igreja
pericorética!

Conclusão sobre a Trindade


A rebelião humana contra a vontade de Deus tem procedido, em certa maneira, em
série contra as Pessoas da Trindade: 20
1. A rebelião contra o Espírito Santo na rejeição da inspiração (das Escrituras) nos
séculos XVIII e XIX;
2. A rebelião contra o Filho na rejeição da expiação vicária e da redenção mediante
o sangue de Cristo nos séculos XIX e XX;
3. E, agora, a rebelião contra o Pai, na negação da criação do universo, e até mesmo
da sua realidade objetiva, nos séculos XX e XXI.

Há três maneiras consagradas de aprofundar racionalmente a doutrina trinitária:21


1. As correntes ortodoxas;
2. A latina;
3. A moderna.

A Teologia Ortodoxa (da Igreja Ortodoxa do oriente) parte da unidade da natureza


do pai. O Pai é a fonte e origem de toda divindade. Ele por sua boca profere a Palavra, que
é o Filho. Ao proferir a Palavra lhe sai simultaneamente o sopro, que é o Espírito Santo.
Os três recebem são consubstanciais.

20
GUNDRY, Stanley. TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA. 1ª ed. Editora Mundo Cristão, p. 366.
21
BOFF, Leonardo. A Santíssima trindade é a melhor Comunidade. Editora Vozes: São Paulo, 2000, pp. 174,175.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 27
A Teologia Latina (da Igreja romana católica) e outras partem da natureza divina,
que é espiritual. O Espírito absoluto sem princípio e origem de tudo é o Pai. O Pai gera o
Filho, Pai e Filho se amam e juntos espiram o Espírito Santo. A mesma natureza se
encontra nos três, por isso há um só Deus.

A Teologia Moderna parte das três Pessoas juntas. Realça o fato de que as três estão
sempre inter-relacionadas e em eterna comunhão (pericórese)22 [on-line]. Esta relação é
tão absoluta que os divinos Três se unificam sem se fundirem, sendo então um único Deus
vivo.

Há três maneiras erradas de se pensar a fé na Trindade: 23


1. O Triteísmo;
2. O Modalismo;
3. O Subordinacionismo.

O Triteísmo afirma que existem três deuses: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Nesta
visão não se considera a pericórese, quer dizer, o entrelaçamento eterno entre os divinos
Três.
O Subordinacionismo considera somente o Pai como o Deus verdadeiro. O Filho e o
Espírito Santo são subordinados a ele, sem possuir a mesma natureza divina; aqui se nega
a igualdade divina entre as Três Pessoas.
O Modalismo afirma que existe somente um único Deus [só uma Pessoa], mas três
modos de sua manifestação no mundo. Quando Deus cria, usa a máscara de Pai; quando
liberta, o pseudônimo de Filho; e quando santifica e reconduz de volta ao Reino, se
apresenta com a cara de Espírito Santo; nesta visão se abandona a Trindade de Pessoas.

22
Pericórese. Expressão grega que literalmente significa Uma pessoa conter as outras duas (em sentido estático) ou então cada
uma das pessoas interpenetrar as outras e reciprocamente (sentido ativo); o adjetivo pericorético quer designar o caráter de
comunhão que vigora entre as divinas Pessoas.
23
BOFF, Leonardo. A Santíssima trindade é a melhor Comunidade. Editora Vozes: São Paulo, 2000, p. 175.
Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 28
CONCEPÇÕES FALSAS ACERCA DA TRINDADE

Triteísmo
UNITARISMO Sabelianismo
ÁRIO

Pai (V.T.)
P Criador Filho N.T.)
P
Espírito
(Hoje)

F Criatura
F ES
SS

Trindade Modalística
Impessoal O modalismo afirma que
E.
S. existe só uma única
pessoa, que se revela a Três deuses
nós de três diferentes
O arianismo nega a formas (ou modos)
plena divindade do Filho
e do Espírito Santo

O Desenvolvimento Histórico da Doutrina da Trindade

Introdução

A doutrina da Trindade é essencial ao cristianismo bíblico; ela descreve os relacionamentos existentes


entre os três membros da Divindade de um modo consistente com a Escritura.

É fundamental nessa doutrina a questão de como Deus pode ser ao mesmo tempo um e três. Os primeiros
cristãos não queriam perder o seu monoteísmo judaico enquanto exaltavam o seu Salvador. Surgiram
heresias quando pessoas procuravam explicar o Deus cristão sem se tornarem triteístas (como os judeus
rapidamente os acusaram de ser). Os cristãos argumentaram que o monoteísmo judaico do Antigo
Testamento não excluía a Trindade.

O clímax da formação trinitária ocorreu no Concílio de Constantinopla, em 381 d. C. Devemos a esse


Concílio a expressão do conceito ortodoxo da trindade. Todavia, para apreciarmos o que disse o Concílio
é útil acompanharmos o desenvolvimento histórico da doutrina. Isso não significa que a Igreja ou
qualquer concílio tenha inventado a doutrina. Antes, foi para responder às heresias que a Igreja explicou
o que a Escritura já pressupunha.

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 29


A Igreja Pré-Nicena: 33-325 d.C.

Os apóstolos, 33-100 d.C.


O ensino apostólico claramente aceitou a plena e real divindade de Jesus, e aceitou e adotou a fórmula
batismal trinitária.

Os Pais Apostólicos, 100-150 d.C.


Os escritos dos Pais Apostólicos eram caracterizados por uma paixão acerca de Cristo (Cristo provém de
Deus; ele é pré-existente) e por ambigüidade teológica acerca da Trindade.

Os Apologistas e os Polemistas, 150-325 d.C.


As crescentes perseguições e heresias forçaram os escritores cristãos a declararem de maneira mais
precisa e defenderem o ensino bíblico acerca do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Justino Mártir: Cristo é distinto do Pai em sua função.


Atenágoras: Cristo não teve princípio.
Teófilo: O Espírito Santo é distinto do Logos.
Orígenes: O Espírito Santo é co-eterno com o Pai e o Filho.
Tertuliano: Falou em “Trindade” e “pessoas” – três em número, mas um em substância.

Quadro adaptado do gráfico nº 21 do livro: Teologia Cristã em Quadros.

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 30


O Desenvolvimento Histórico da Doutrina da Trindade

Concílio de Nicéia: 325 d.C.

Por causa da difusão da heresia ariana, que negava a divindade de Cristo, a unidade e até mesmo o futuro
do Império Romano pareciam incertos. Constantino, recentemente convertido, reuniu um concílio
ecumênico em Nicéia para resolver a questão.
A questão: Cristo era plenamente Deus, ou era um ser criado e subordinado?

Ário Atanásio

Somente Deus Pai é eterno. Cristo é co-eterno com o pai.


O Filho teve um princípio como o primeiro e mais Cristo não teve princípio.
importante ser criado. O Filho e o Pai têm a mesma essência
O Filho não é um em essência com o Pai. Cristo não é subordinado ao Pai.
Cristo é subordinado ao Pai.
Ele é chamado de Deus como um título honorífico.

Declarações Fundamentais do Credo do Concílio


[Nós cremos] “em um Senhor Jesus Cristo...verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, não feito, de uma só
substância com o Pai.”
“Mas aqueles que dizem que houve um tempo em que Ele não existia, e que antes de ser gerado Ele não
era...a estes a Igreja Católica anatematiza.”
“E cremos no Espírito Santo.”

Resultados do Concílio

O arianismo foi formalmente condenado.


A declaração homoousias (mesma subsistência) criou conflitos.
Os arianos reinterpretaram homoousia e acusaram o concílio de monarquianismo modalista.
A doutrina do Espírito Santo ficou sem ser elaborada.

Concílio de Constantinopla: 381 d.C.

O arianismo não foi extinto em Nicéia; na realidade, ele cresceu em importância. Além disso, surgiu o
macedonismo, que subordinava o Espírito Santo essencialmente da mesma maneira que o arianismo havia
subordinado Cristo.

A Questão: O Espírito Santo é plenamente Deus?


Declaração Fundamental do Credo do Concílio

“...e no Espírito Santo, o Senhor e doador da vida, que procede do Pai, que é adorado e glorificado
juntamente com o Pai e o Filho.”
Resultados do Concílio
O arianismo foi rejeitado e o Credo Niceno reafirmado.
O macedonianismo foi condenado e a divindade do Espírito Santo afirmada.
Foram resolvidos grandes conflitos acerca do trinitarianismo (embora os debates cristológicos tenham
continuado até Calcedônia, em 451 d.C.).
Quadro adaptado do gráfico nº 21 do livro: Teologia Cristã em Quadros.

Autor: A. Carlos G. Bentes. E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com 31


Noção Fonte Partidários Percepção da Essência de Deus Percepção da Subsistência de Deus (trino-
(Uno-Unidade) Diversidade)
Monarquianismo Teodoto Paulo Samósata A unidade de Deus denota tanto singularidade de natureza A noção de um Deus é uma impossibilidade
Dinâmico Artemon quanto singularidade de pessoas. Portanto, o Filho e o E. palpável, uma vez que a sua perfeita unidade
Socino Santo são consubstanciais com a essência divina do Pai é perfeitamente indivisível. A “diversidade”
Modernos Unitários somente como atributos impessoais. A dynamis divina veio de Deus é aparente, e não real, já que o
sobre o homem Jesus, mas ele não era Deus no sentido estrito evento de Cristo e a obra do Espírito Santo
da palavra. somente atestam uma operação dinâmica
dentro de Deus, e não uma união hipostática.
Monarquianismo Práxeas Noeto A unidade de Deus é ultra-simples. Ele é qualitativamente O conceito de um Deus subsistente é errôneo
Modalista Sabélio caracterizado em sua essência por uma natureza e uma e confunde a verdadeira questão do fenômeno
Swedenborg pessoa. Essa essência pode ser designada seja como Pai, da auto-manifestação modalista de Deus. O
Schleiermacher Filho ou E. Santo. Estes são diferentes nomes do Deus paradoxo de um “três em unidade”
Pentecostais Unidos unificado e simples. Porém idênticos com eles. Os três nomes subsistente é refutado pelo conhecimento de
(Jesus somente) são os três modos pelos quais Deus se revela. que Deus não é três pessoas, mas uma pessoa
com três nomes diferentes e papéis
correspondentes que se seguem um ao outro
como as partes de um drama.

Subordinacionismo Ário Modernas Testemunhas A unidade inerente da natureza de Deus somente se identifica A essência unipessoal de Deus exclui o
de Jeová e várias outras de maneira apropriada com o Pai. O Filho e o E. Santo são conceito de subsistência divina com uma
seitas menos conhecidas entidades discretas que não partilham da essência divina. Divindade. A “trindade na unidade” é auto-
contraditória e viola os princípios bíblicos de
um Deus monoteísta.
Trinitarianismo Hipólito Diferentes trinitarianos A Divindade caracteriza-se pela triunidade: Pai, Filho e A subsistência dentro da Divindade é
Econômico Tertuliano “neo-econômicos” Espírito Santo são três manifestações da única substância articulada por meio de termos como
idêntica e indivisível. A perfeita unidade e “distinção” e “distribuição” afastando de
consubstancialidade estão envolvidas de maneira especial em modo eficaz a noção de separação ou divisão.
ações triádicas manifestas como a criação e a redenção.

Trinitarianismo Atanásio Basílio O ser de Deus é perfeitamente unificado e simples: de uma só Diz-se que a subsistência divina ocorre
Ortodoxo Gregório de Nisa essência (homoousia). Essa essência de divindade é possuída simultaneamente em três modos de ser ou
Gregório de Nazianzo em comum pelo Pai, Filho e Espírito Santo. As três Pessoas hipóstases. Como tal, a Divindade existe
Agostinho são consubstanciais, co-inerentes, co-iguais e co-eternas. “indivisa em pessoas divididas”. Essa
Tomás de Aquino concepção contempla uma identidade de
Lutero, Calvino natureza e cooperação de funções sem a
Cristianismo ortodoxo negação das distinções das pessoas da
contemporâneo Divindade.
Quadro adaptado do gráfico nº 23 do livro: Teologia Cristã em Quadros.

21
Concepção Atribuição de Divindade / Eternidade Referente (s) Crítica (s)
Pai Filho Espírito Santo Analógico
Monarquismo Originador Um homem virtuoso Um atributo Eleva a razão acima do testemunho
Dinâmico único do (mas finito) em cuja vida impessoal da revelação bíblica no que concerne
universo. Ele é Deus estava da Divindade. Não à Trindade.
eterno, auto- dinamicamente presente de atribui nenhuma Nega categoricamente a divindade
existente, sem maneira singular. Cristo divindade ou de Cristo e do E. Santo, solapando
princípio ou certamente não era Divino, eternidade ao Espírito assim a sustentação teológica da
fim. embora a sua Humanidade Santo. salvação
tenha sido Deificada.
Monarquismo Plenamente Plena Divindade / Deus eterno somente Uma pessoa Despersonaliza a Divindade.
Modalista Deus e Eternidade atribuídas na medida em que o Representando três Para compensar as suas deficiências
plenamente somente no sentido de título designa a fase papéis diferentes no trinitárias, essa concepção propões
eterno Como o ser outro modo do Deus na qual o Deus uno, mesmo drama. idéias claramente heréticas (por
modo ou único, e idêntico com a sua em seqüência Água-gelo-vapor exemplo, o patripassianismo). O seu
manifestação essência. Ele é o mesmo temporal, conceito de manifestação sucessivas
primordial do Deus manifesto em manifestou-se em da Divindade não pode explicar os
Deus único, seqüência temporal termos da função de aparecimentos simultâneos das três
singular e específica a uma função regeneração e pessoas, como no batismo de Cristo.
unitário (encarnação). santificação
Subordinacionismo O Deus único e Um ser criado e, portanto, Uma emanação do Pai Mente-idéia-ação Conflita com o farto testemunho
ingênito que é Não eterno. Embora deva não pessoal e não bíblico acerca da divindade tanto de
eterno e sem Ser venerado, ele não eterna. É visto como Cristo como do E. Santo. Sua
princípio Possui a essência uma influência ou Concepção hierárquica também
Divina. uma expressão de afirma três pessoas essencialmente
Deus. Não se lhe separadas com relação ao Pai, Cristo
atribui divindade. e o E. Santo. Isto resulta em uma
soteriologia inteiramente confusa.
Trinitarianismo A igual divindade do Pai, Filho e Espírito Santo é claramente Uma fonte e o seu É mais hesitante e ambígua no seu
“Econômico” elucidada na observação das características relacionais/operacionais rio. A unidade entre tratamento do aspecto relacional da
simultâneas da Divindade. Por vezes a co-eternidade não se a raiz e o seu ramo. Trindade.
manifesta inteligivelmente nessa concepção ambígua, mas parece ser O sol e a sua luz
uma implicação lógica.
Trinitarianismo Em sua destilação final, esta concepção apresenta resolutamente o Todas as analogias A única deficiência tem que ver com
Ortodoxo Pai, o Filho e o Espírito Santo como co-iguais e co-eternos na deixam de expressar as limitações inerentes à própria
Divindade com relação tanto à essência quanto à função divinas adequadamente o linguagem e pensamento humanos.
trinitarianismo
ortodoxo
Quadro adaptado do gráfico nº 23 do livro: Teologia Cristã em Quadros.
22
Uma Apresentação Bíblica da Trindade

A palavra “Trindade” nunca é usada, nem a doutrina do trinitarianismo jamais é


ensinada explicitamente nas Escrituras, mas o trinitarianismo é a melhor explicação
da evidência bíblica. A exposição teológica da doutrina resultou de ensinos bíblicos
Introdução claros, porém não abrangentes. É uma doutrina essencial para o cristianismo porque
se concentra em quem Deus é, e especialmente na divindade de Jesus Cristo. Como
o trinitarianismo não é ensinado explicitamente nas Escrituras, o estudo da doutrina
é um esforço de reunir temas e dados bíblicos por meio de um estudo teológico
sistemático e pela observação do desenvolvimento histórico da atual concepção
ortodoxa acerca de qual é apresentação bíblica da Trindade.

1. Deus é um (errad).
2. Cada uma das Pessoas da Deidade é divina.
Elementos 3. A unidade de Deus e a Trindade de Deus não são contraditórias.
essenciais da 4. A Trindade (Pai, Filho e E. Santo) é eterna
Trindade 5. Cada uma das Pessoas tem a mesma essência e não é inferior ou superior às
outras em essência.
6. A Trindade é mistério que nunca poderemos entender plenamente.

Ensino
Bíblico Velho Testamento Novo Testamento
“Escuta Israel: O eterno é nosso Deus, O Assim ao Rei eterno, imortal, invisível,
Deus é Um Eterno é um” (Tradução do rabino Meir Deus único, honra e glória pelos séculos
Echad - errad Masliah Melamed). dos séculos. Amém (1Tm 1.17; 2.5,6;
(Dt 6.4; 20.2,4; 3.13-15) 1Co 8.4-6; Tg 2.19)
O Pai: Ele me disse: “Tu és meu filho, eu ...eleitos segundo a presciência de Deus
hoje te gerei” (Sl 2.7). Pai...(1Pe 1.2; cf. Jo 1.7; 1Co 8.6; Fp
2.11).

Três Pessoas O Filho: Ele me disse: “Tu és meu Filho, Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis
Distintas eu hoje te gerei” (Sl 2.7; cf. Hb 1.1-13; que se lhe abriram os céus, e viu o
descritas como Sl 68.18; Is 6.1-3; 9.6) Espírito de Deus descendo como pomba,
Divinas vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus,
que dizia: “Este é o meu filho amado, em
quem me comprazo” (Mt 3.16,17).
O E. Santo: No princípio criou Deus os Então disse Pedro: “Ananias, por que
céus e a terra...e o Espírito de Deus encheu Satanás teu coração, para que
pairava por sobre as águas (Gn 1.1,2; cf. mentisses ao E. Santo? Não mentisses
Êx 31.3; Jz 15.14; Is 11.1). aos homens, mas a Deus” (At 5.3,4; cf.
2Co 3.17).

Quadro adaptado do gráfico nº 24 do livro: Teologia Cristã em Quadros.

23
Uma Apresentação Bíblica da Trindade

No Velho Testamento, o uso de O uso da palavra singular “nome” em


Pluralidade de pronomes no plural aponta para, ou pelo referência a Deus Pai, Filho e Espírito Santo
Pessoas na menos, sugere a pluralidade de Pessoas indica uma unidade dentro da trindade.
Divindade na Divindade. “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
“Também disse Deus: ‘Façamos o nações, batizando-as em nome do Pai e do
homem à nossa imagem, conforme a Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19).
nossa semelhança” (Gn 1.26).

Pessoas com ATRIBUTO PAI FILHO ESPÍRITO SANTO


a mesma essência:
Eternidade Sl 90.2 Jo 1.2; Ap 1.8,17 Hb 9.14
Atributos
(a) Aplicad Poder 1Pe 1.5 2Co 12.9 Rm 15.19
os a
Cada Pessoa Onisciência Jr 17.10 Ap 2.23 1Co 2.11
Onipresença Jr 23.24 Mt 18.20 Sl 139.7
Santidade Ap 15.4 At 3.14 At 1.8
Verdade Jo 7.28 Ap 3.7 1Jo 5.6
Benevolência Rm 2.4 Ef 5.25 Ne 9.20
Igualdade com Criação do Sl 102.25 Cl 1.16 (b) Gn 1.2; Jó 26.13
diferentes Mundo
funções: Criação do Gn 2.7 Cl 1.16 Jó 33.4
Atividades que Homem
Envolvem
Todas Batismo de Cristo Mt 3.17 Mt 3.16 Mt 3.16
as Pessoas
Morte de Cristo Hb 9.14 Hb 9.14 Hb 9.14

Quadro adaptado do gráfico nº 24 do livro: Teologia Cristã em Quadros.

24
Uma Apresentação Bíblica da Trindade

No Velho Testamento, o uso de O uso da palavra singular “nome” em


Pluralidade de pronomes no plural aponta para, ou pelo referência a Deus Pai, Filho e Espírito Santo
Pessoas na menos, sugere a pluralidade de Pessoas indica uma unidade dentro da trindade.
Divindade na Divindade. “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
“Também disse Deus: ‘Façamos o nações, batizando-as em nome do Pai e do
homem à nossa imagem, conforme a Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19).
nossa semelhança” (Gn 1.26).

Pessoas com ATRIBUTO PAI FILHO ESPÍRITO SANTO


a mesma essência:
Eternidade Sl 90.2 Jo 1.2; Ap 1.8,17 Hb 9.14
Atributos
(c) Aplicados Poder 1Pe 1.5 2Co 12.9 Rm 15.19
a
Cada Pessoa Onisciência Jr 17.10 Ap 2.23 1Co 2.11
Onipresença Jr 23.24 Mt 18.20 Sl 139.7
Santidade Ap 15.4 At 3.14 At 1.8
Verdade Jo 7.28 Ap 3.7 1Jo 5.6
Benevolência Rm 2.4 Ef 5.25 Ne 9.20
Igualdade com Criação do Sl 102.25 Cl 1.16 (d) Gn 1.2; Jó 26.13
diferentes Mundo
funções: Criação do Gn 2.7 Cl 1.16 Jó 33.4
Atividades que Homem
Envolvem
Todas Batismo de Cristo Mt 3.17 Mt 3.16 Mt 3.16
as Pessoas
Morte de Cristo Hb 9.14 Hb 9.14 Hb 9.14

Quadro adaptado do gráfico nº 24 do livro: Teologia Cristã em Quadros.

25
A UNIDADE DO ESPÍRITO DE DEUS E SUAS SETE MANIFESTAÇOES

1. Há um só Espírito: Ef 4.4. Isto constitui uma declaração da unidade do Espírito


Santo. Ele é uma pessoa distinta com personalidade toda especial. É verdade que
Ele é chamado “Espírito de Deus” e Espírito de Cristo, bem como Espírito Santo.
São estes os seus principais títulos, mas é uma só pessoa que desempenha diversos
ministérios.
2. Há sete espíritos: Is 11.2, Ap 1.4, Ap 4.5, Ap 5.6. Estes textos constituem uma
referência aos 7 espíritos de Deus, mas não há contradição entre este fato e Ef 4.4.
A unidade do Espírito se manifesta em sete formas diversas. O Supremo é único e
uno (Dt 6.4), mas a Bíblia afirma haver três pessoas reconhecíveis na Divindade.
Semelhantemente, o Espírito Santo é uma unidade, mas há 7 expressões da sua
operação entre os homens. Como o candelabro do Tabernáculo era feito de uma só
peça de ouro batido, mas tinha 7 hastes e 7 lâmpadas (Ex 25.31-37), assim também
o Espírito Santo é um só, mas resplandece no mundo de 7 maneiras diferentes.
3. O Espírito Santo mais o espírito humano é igual a um só espírito em termo de
comunhão (1Co 6.17). No novo nascimento, o Espírito Santo regenera o espírito
humano e passa habitar ali. Há então uma união transcendental, mesclagem divina,
que Paulo chega a dizer que somos um só espírito com Ele.

4. “Um só Deus e Pai... o qual está em todos” (Ef. 4.6); “Seu Espírito que em vós
habita” (Rm. 8.11); “Jesus Cristo está em vós” (1Co 13.5). Esses três versículos
revelam que Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo estão em nós. Quantas
Pessoas estão nós? Três ou uma? Não devemos dizer que Três Pessoas separadas
estão em nós, nem dizer que somente uma Pessoa está em nós, mas que os Três em
um está em nós. As Três Pessoas da Trindade não são Três Espíritos, mas um único
Espírito (Ef 4.4). As três Pessoas estão em um Espírito, por isto temos o Pai, o Filho
e o Espírito Santo. Distinguindo-se a essência (οὐσία - uçia) da personalidade
(ὑποστάσις - hypóstasis) a verdade é que somente a Pessoa do Espírito Santo habita
em nós.

A DIVINDADE E ATRIBUTOS DO ESPÍRITO SANTO

1. ONISCIÊNCIA - 1Co 2.10-11; Jo 14.26; 16.12-13. O Espírito Santo é onisciente.


Ele sabe todas as coisas. Paulo declarou: “Porque Deus no-las revelou pelo seu
Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmos as profundezas de Deus.
Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que
nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito
de Deus” (1Co 2.10,11).
2. ONIPRESENÇA - Sl 139.7-12; Is 66.1; Jr 23.24. O Espírito Santo é onipresente. O
salmista perguntou retoricamente: “Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde
fugirei da tua presença? Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Sheol a minha cama, eis
que tu ali estás também” (Sl 139.7,8). Podemos perceber, nessa passagem, que a
presença do Espírito Santo é a mesma coisa que a presença de Deus. Onde estiver o
Espírito de Deus, ali estará Deus.

26
3. ONIPOTÊNCIA - Jó 33.4; Lc 1.35,37; Rm 15.19; 1Ts 1.5. O Espírito Santo é o
Todo Poderoso.
4. ETERNIDADE - Hb 9.14: “quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito
eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará das obras mortas a vossa
consciência, para servirdes ao Deus vivo?”.
5. DEIDADE - Is 6.8-10; At 28.25-27; Ex 16.7; Hb 3.7,8; Jr 31.33,34; Hb 10.15,16;
At 5.3,4. A Bíblia apresenta o Espírito Santo como possuidor dos atributos divinos e
exercendo a autoridade divina. Desde o século IV d.C. a sua deidade tem sido
raramente negada por aqueles que concordam em que ele é uma Pessoa. Isto é, embora
tenha havido muitas disputas concernentes à questão se o Espírito Santo é uma Pessoa
ou é apenas uma “força” impessoal, uma vez que se admita que, verdadeiramente, ele é
uma Pessoa, o fato que ele é Uma Pessoa divina ajusta-se facilmente em seu lugar.
Nas Escrituras encontramos alusões frequentes à deidade do Espírito Santo. No
Antigo Testamento, por exemplo, aquilo que é dito sobre Deus Pai é dito também a
respeito do Espírito de Deus. As expressões “Deus disse” e “o Espírito disse” são
repetidamente intercaladas. E as obras do Espírito Santo aparecem como obras de
Deus.
O mesmo fenômeno ocorre nas páginas do Novo Testamento. Em Isaías 6.9,
Deus diz: “Vai, e dize a este povo”. E o apóstolo citou esse mesmo texto em Atos
28.25, começando com estas palavras: “Bem falou o Espírito Santo aos vossos pais
pelo profeta Isaías...” Nesse caso, o apóstolo atribuiu o falar de Deus ao Espírito Santo.

A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO 24

O Espírito Santo tem personalidade, ainda que Ele não possua um corpo físico.
Personalidade é individualidade consciente que possui inteligência, sentimentos e
vontade. E quando um ser possui as características, propriedades e qualidades de
personalidade, então personalidade pode ser atribuída a este ser. Personalidade, quando
é usada com relação a Divindade, não pode ser medida por padrões humanos, pois
Deus não é à imagem do homem, mas o homem é que foi feito à imagem de Deus.
Deus não é um homem endeusado, antes o homem é que é uma espécie de Deus
limitado (Salmo 8.5). Somente Deus possui personalidade perfeita e absoluta.
Por que há dificuldades para falarmos da Pessoa do Espírito Santo?
Porque para falarmos do Pai e do Filho, dispomos de noções bem mais definidas
e acessíveis de paternidade e de geração ou de filiação. Esses termos significam
especificamente a primeira e a segunda Pessoas, e são termos relativos, que
caracterizam essas Pessoas em suas relações mútuas. “Espírito”, porém, não diz nada
disso. Só nos é falado da terceira Pessoa em termos comuns e absolutos: “Espírito”
convém também ao Pai e ao Filho; igualmente o termo “Santo”: não são termos que
significam uma pessoa. “Processão” se aplica igualmente ao Verbo-Filho. Não há
revelação objetiva da Pessoa do Espírito Santo como da Pessoa do Filho-Verbo em
Jesus e, por ele, da Pessoa do Pai. Sobre esse assunto, falou-se de uma espécie de
“Kenosis” do Espírito Santo; ele se esvaziaria de certo modo de sua própria
personalidade para ser inteiramente relativo, de um lado, para “Deus” e para Cristo; de
24
CONGAR, Yves. Revelação e experiência do Espírito. São Paulo: Editora Paulinas, 2005, p. 5,6.

27
outro lado, para os homens chamados a realizar a imagem de Deus e de seu Filho.
“Para se revelar, não utilizou - como Iahweh no Antigo Testamento e Jesus no Novo - o
pronome pessoal ‘Eu’”.25 O Espírito Santo nos é revelado e conhecido, não em si
mesmo, ao menos não diretamente, mas porque ele age em nós.26 Além disso, enquanto
as atividades de entendimento dele são não apenas perceptíveis, mas transparentes e,
portanto, definíveis, as da afetividade e do amor não foram analisadas do mesmo
modo.27

Por que a Doutrina da Personalidade de Espírito Santo é importante?

Ela é importante do ponto de vista de adoração e reconhecimento: Se pensamos


Nele como uma influência ou um poder abstrato (energia), estamos roubando de uma
pessoa com caráter Divino a adoração, o amor e o reconhecimento que lhe são devidos.
Ela é importante do ponto de vista prático: Se meramente O concebemos como
uma influência ou um poder, então diremos: Como posso possuí-lo ou usá-lo? Mas se
O reconhecemos como uma pessoa Divina os nossos pensamentos serão: Como o
Espírito Santo pode possuir-me e usar-me? Isto traz humildade ao invés de auto-
exaltação.
Ela é importante do ponto de vista de experiência: Sabemos que temos na
verdade, uma Pessoa da Trindade habitando dentro de nós e não apenas um poder ou
uma influência. Isto resulta naquela comunhão com o Espírito a que Paulo se refere em
2Co 13.13.

Por que a Doutrina da Personalidade do Espírito Santo é questionada?

Porque em contraste com as outras pessoas da trindade o Espírito Santo parece


ser impessoal: Os seus atos e obras são mais místicos e secretos. Ele aparece em
Teofanias ao invés do seu próprio corpo (Ele não possui). Fala-se tanto da sua
influência, graça, poder, dons, o que nos inclina a pensar Nele como uma influência ou
alguma espécie de agente ao invés de uma pessoa. Estes, no entanto, são meras
descrições de suas operações.
Por causa dos nomes e símbolos atribuídos ao Espírito Santo. Ele é chamado
sopro, vento, poder, fogo, óleo, etc. Em vista disto, muitos chegam a crer que o Espírito
Santo é uma influência impessoal que procede de Deus Pai.
Porque Ele não é normalmente associado com o Pai e o Filho nos cumprimentos
e saudações dos livros do Novo Testamento (Mt 28.19).
Porque a palavra Espírito é neutra em gênero: Ela procede da mesma palavra
grega usada para vento (PNEUMA). Por causa disto algumas versões que possuem o
pronome neutro “ele” (IT) usam a forma neutra, ao invés de usarem o pronome pessoal
correspondente em algumas passagens (Rm 8.16-27).

25
H. MÜHLEN, Mysterium salustis. Paris, 1972. v. 13, p. 182.
26
Observação de São Bernardo, Sermo 88 de diversis, 1: Pl 183, 706; De Pentecoste sermo 11: PL 323.
27
Cf. TOMÁS DE AQUINO, Sum. Theol. 1ª, q. 37; a. 1; Compend. Theo., c. 59.

28
Provas Contundentes da Personalidade do Espírito Santo:
1. O Espírito Santo exerce atributos de uma personalidade:
2. Conhecimento (1Co 2.11; Ne 9.20);
3. Vontade (1Co 12.11; At 15.28; 16.6,7);
4. Mente (Intelecto) (Rm 8.27; Ne 9.20);
5. Emoções (Ne 9.20; Is 63.10; Rm 15.30; 5.5; Ef 4.30).

ATIVIDADES PESSOAIS DO ESPÍRITO SANTO


1. Ele perscruta (1Co 2.10).
2. Ele ora, intercede e assiste (Rm 8.26).
3. Ele ensina (Jo 14.26; Ne 9.20).
4. Ele fala (Jo 16.13,15; At 10.19,20; 13.2; 8.29; Gl 4.6; Ap 2.7,11,17,29; 3.6).
5. Ele dá testemunho (Jo 15.26).
6. Ele guia (Jo 16.13; Rm 8.14; At 16.6,7; 15.28; 20.23).
7. Ele chama e comissiona os homens (At 13.2,4; 20.28).
8. Ele consola (At 9.31; Jo 14.16,26; 15.26; 1 Jo 2.1).
9. Ele testifica (Rm 8.16; At 15.28; 20.23).
10. Ele manda e impede (At 8.29; 16.6,7).
11. Pode-se mentir a Ele (At 5.3-4).
12. Pode-se resistir a Ele (At 7.51).
13. Pode-se blasfemar contra Ele (Mt 12.31,32).
14. Pode-se apagá-lo (1Ts 5.19).
15. Ele convence (Jo 16.7,8).
16. Ele pode ser obedecido (At 10.19-21).
17. Ele pode ser insultado (Hb 10.29).

O espírito Santo exerce um cargo que somente poderia ser exercido por uma
pessoa (Jo 14.17,26; 1 Jo 2.1). Paráklētos [παράκλητος] é uma palavra grega que é
traduzida consolador.

A palavra Paráclito (Paráclētos) literalmente significa em grego, alguém


chamado para estar ao lado de outra ou para o seu auxílio. Era usada com referência a
um assistente legal, conselheiro ou advogado. Descreve fortemente alguém que defende
a causa de outra. Paráclētos é traduzido na Bíblia King James como advogado e a nota
de rodapé nos informa:

“A palavra advogado vem do latim advocatus que é equivalente exato do adjetivo


verbal passivo grego paráklētos (Jo 14.16; 1Jo 2.1), formado pelas palavras gregas
para (ao lado de) e klētos (chamado). Usado de forma única por João para se referir ao
Espírito Santo, e cujo amplo significado inclui: Conselheiro, Ajudador, Consolador,
Encorajador. O outro Advogado é igual a Ele em tudo, mas viverá dentro dos crentes
para orientá-los e defendê-los para sempre”.28

Pronomes pessoais são usados com referência ao Espírito Santo (Jo 16.7,8).
28
Bíblia King James. Novo Testamento. Editoras: SRG Publicações, SBIA e Abba, 2007, p. 256.

29
A Bíblia mostra-nos que há uma distinção entre o Pai e o Filho e o Espírito
Santo. (Jo 14.26; Mt 28.19; Lc 3.21,22; Jo 15.26; 2Co 13.13).
NOTA: Ário, um presbítero de Alexandria do 4o século da nossa era, introduziu o
ensino, sustentando que Deus é uma eterna pessoa, que Ele criou Cristo, o qual por sua
vez criou o Espírito Santo, negando assim a sua Divindade. Esse ensino obteve grande
aceitação na Igreja de então, mas foi corrigido pelo Credo Niceno, de 325 d.C.

O ESPÍRITO SANTO É ASSEXUADO 29

Quando perguntamos se Deus é do sexo masculino, muitos se mostram


claramente inseguros. Afinal de contas, não nos dirigimos a Deus como Pai? Não
empregamos continuamente o pronome pessoal “Ele” ao referir-nos a Deus? Considere
a resposta de Jerônimo.
É inconcebível que exista sexo entre as agências de Deus, desde que mesmo o
Espírito Santo, de acordo com o uso da língua hebraica, é expresso pelo gênero
feminino (ruach - ‫ ;רוּח‬em grego, no neutro (to pneuma – τὸ πνεῦµα); em latim, no
masculino (spiritus). Disto devemos entender que, quando há discussão sobre o acima
citado e alguma coisa é registrada no masculino ou feminino, isto não é tanto uma
indicação de sexo, mas uma expressão do idioma da linguagem. Porque o próprio Deus,
o invisível e incorruptível, é representado em quase todas as linguagens pelo gênero
masculino, e portanto o sexo não se aplica a Ele.

NOMES DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo tem nomes que denotam o seu caráter e sua obra.
1. O Espírito de Deus (Gn 1.2; Ex 31.1; 1Sm 10.10; 11.16; Jó 33.4; 1Co 3.16;
7.14; 2 Co 3.3; 1Pe 4.14; Mt 12.28; 1 Jo 4.2).
2. O Espírito Santo (Sl 51.11; Mt 3.11; 12.32; 28.19; Mc 1.8; 12.36; 13.11; Lc
1.35; 1.41; 2.25,26; 16.22; 4.1; 10.21; 11.13; 12.10,12; Jo 1.33; 20.22; At
1.2,5,8; 2.2,33,38; 4.8,25,31; 5.3,32; 6.3,5; 7.51,55; 8.15,17,19; 9.17,31;
10.38,44,45; 11.15,16; 13.2,4,9,52; Rm 5.5; etc.).
3. O Espírito Santo da Graça (Hb 10.29; Zc 12.10).
4. O Espírito Santo de Santidade (Rm 1.4).
5. O Espírito Santo da Justiça e Purificador (Is 4.4; Jo 16.8-11).
6. O Espírito Santo da Verdade (Jo 14.17; 16.13).
7. O Espírito Santo da Vida (Rm 8.2).
8. O Espírito Santo da Sabedoria e Revelação (Ef 1.17; Is 11.2).
9. O Espírito Santo da Promessa (Ef 1.13; Gl 3.14; Jl 2.28; Lc 24.49; At 1.4-8).
10. O Espírito da Glória (1Pe 4.14).
11. O Espírito de Cristo (Gl 4.6; At 16.7; Rm 8.9; 1 Pe 1.11).
12. O Consolador (Jo 14.16; 14.26; 15.26; 16.7; 1 Jo 2.1).
13. O Espírito de Adoção (Rm 8.15; Gl 4.5-6).
14. O Espírito de Súplicas (Zc 12.10; Rm 8.26,27).
29
HALL, Christopher A. LENDO AS ESCRITURAS COM OS PAIS DA IGREJA. 2ª ed. Viçosa: Editora ULTIMATO.
p. 127,128.

30
15. O Espírito de Elias (Lc 1.13-17; 1.39-45). Elias andou em plena comunhão
com o Espírito que este passou a ser chamado de “O Espírito de Elias”.

TÍTULOS E SÍMBOLOS DO ESPÍRITO

Estes realçam os vários aspectos das operações e da natureza do Espírito Santo.


O Espírito de Cristo (Gl 4.6; At 16.7; Rm 8.9; 1Pe 1.11).
Fogo: (Mt 3.11) “E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento;
mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno
de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo”. O fogo representa tanto a
sua presença como a sua glória (Ez 1.4,13), representa também a sua proteção (2Rs
6.17), sua santidade (Dt 4.24), seus juízos (Zc 13.9), sua ira (Is 66.15,16) e, finalmente,
o Espírito Santo (Mt 3.11; At 2.3; Ap 4.5). As manifestações de Deus algumas vezes
faziam-se acompanhar pelo fogo (Ex 3.2; 13.21,22; 19.18; Dt 4.11; Is 4.4; Lc 3.16; At
2.3; Hb 12.29; 1Co 3.13-15; etc). O fogo purifica as nossas vidas queimando as
impurezas.
Vento (Jo 3.8): “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de
onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”. (Ez
37.7-10; Jo 20.22). O vento simboliza a obra regenerativa do Espírito Santo e indica
sua operação misteriosa, independente e penetrante.
Água (Jo 4.14; 7.38-39; Is 44.3; Os 14.5; Tt 3.5; Ex 17.6; 1Co 10.1-4; Ez 36.25-
27; Tt 3.5). A água lava o que é sujo; ela purifica, satisfaz a sede, refresca, mantém a
vida e torna as coisas frutíferas. Sem a água não haveria vida natural alguma; sem o
Espírito não haveria vida espiritual alguma. A água é a essência da vida. Para que esta
água permaneça VIVA ou que produza VIDA é necessário que ela esteja
continuamente borbulhando ou fluindo, não um brejo ou reservatório estagnado em
nossas vidas (Jo 12.24-25).
Óleo: No Velho Testamento todos os ministérios proféticos, reais e sacerdotais
eram ungidos com um óleo especial. Esta unção representava uma separação e
santificação da pessoa para um propósito sagrado. Ela representava a capacitação e
qualificação divina para este ministério. Ninguém ousava entrar num desses ministérios
especiais sem esta unção (Zc 4.2-6; Ex 30.30; Lv 8.12; 1Sm 10.1; 16.13; Mt 25.1-13; Is
61.1,2; Lc 3.14-20; At 10.38; 1 Jo 2.20,27).
POMBA: (Lc 3:22) “E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea,
como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti
me comprazo”. Ela denota gentileza, ternura, sensibilidade, inocência, pureza, paz e
paciência do Espírito Santo.
O PENHOR DO ESPÍRITO (ARRABŌNA - ἀρραβῶνα): 2Co 1.22; 5.5; Ef
1.14. O Penhor do Espírito Santo é um antegozo da vida do próprio Deus (Hb 6.4), uma
garantia de que Deus cumprirá a sua promessa e capacitará o cristão a ingressar na
Vida Eterna Plena. Portanto, aquele que está no Espírito tem a própria vida de Deus
dentro de si.

31
O Penhor 30

Quando confiamos em Cristo, Deus não nos dá o Espírito somente como selo.
Ele é também o penhor (algumas traduções trazem “garantia”) de acordo com
passagens como 2Co 1.22 e Efésios 1.14.
“Porque é o Próprio Deus que nos dá a certeza, com vocês, de nossa vida em
Cristo. E foi Deus quem nos separou para si mesmo. Como dono, pôs sua marca (selo)
em nós, e colocou o Espírito Santo em nossos corações como garantia de tudo o que ele
tem para nós” (2Co 1.21,22).
Nos tempos do apóstolo Paulo os comerciantes usavam penhores com três
finalidades: como pagamento adiantado, “entrada” que fechava um negócio;
representava um compromisso de pagamento, e era uma amostra do que haveria de vir.
Imagine que você esteja querendo comprar um carro. O penhor seria a entrada
que você paga, fechando o negócio. Representaria também o compromisso de pagar o
carro. E seria urna amostra do que seguiria – as parcelas restantes do dinheiro. De
maneira semelhante o Espírito Santo é o penhor de que Deus nos comprou, a garantia.
Sua presença mostra o compromisso que Deus assumiu de nos redimir completamente.
Talvez o melhor de tudo, a presença do Espírito Santo, vivendo em união conosco, nos
dá um gosto antecipado, uma amostra de nossa herança, da nossa vida futura na
presença de Deus.
Em Números 13, quando os espias de Israel partiram para olhar a terra de Canaã,
era a época das primeiras uvas maduras. “Vieram até ao vale de Escol, e dali cortaram
um ramo de vide com um cacho de uvas” (Nm 13.23). Este eles levaram consigo para
mostrar ao povo de Israel. O cacho de uvas era o penhor da sua herança. Era um
pequeno antegosto do que os esperava na Terra Prometida. Era a garantia de Deus de
que se eles marchassem adiante em fé, receberiam completamente o que agora tinham
só em parte.
Recentemente uma das maiores lojas de mantimentos de Nova Iorque expôs um
cesto de belíssimas uvas na vitrine. Sobre o cesto havia um cartaz: “Esperamos para os
próximos dias um caminhão de uvas como estas.” As uvas eram um “penhor” do que
haveria de vir. As primícias, comparadas com a colheita toda, são somente um
punhado; assim, concluindo do conhecido para o desconhecido, perguntamos com o
poeta: “O que Tua presença há de ser, Seja na terra um tal prazer Coroa a vida em
Ti?”.
O Novo Testamento fala três vezes do penhor do Espírito:
1) “(Deus) também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nossos
corações” (2Co 1.22). A presença do Espírito em nossa vida é a garantia de que Deus
vai cumprir Sua promessa.
2) “Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o
penhor do Espírito” (2Co 5.5). Aqui o contexto dá a ideia de que o Espírito em nós é a
garantia de que Deus nos dará corpos espirituais quando Jesus vier.
3) “(O Espírito Santo) é o penhor da nossa herança até ao resgate da Sua
propriedade, em louvor da Sua glória” (Ef 1.14). Nesta passagem o Espírito é a prova

30
GRAHAM, Billy. O Poder do Espírito Santo. São Paulo: Edições Vida Nova, p. 79-81.

32
de que Deus garante a nossa herança até que o futuro traga a redenção total dos que são
propriedade de Deus.
Em resumo, podemos dizer que quando somos batizados no corpo de Cristo, o
Espírito entra em nossas vidas e nos sela através da Sua presença. Ele é a garantia de
Deus, dando-nos certeza de que nossa herança virá.
A conclusão sobre este assunto nos é fornecida por Matthew Henry: “A garantia
(esta é a palavra usada pelo Novo Testamento na Linguagem de Hoje para penhor) é
parte de pagamento, que assegura o pagamento integral. A mesma coisa acontece com
o dom do Espírito Santo; toda a sua influência e atuação, santificando e confortando,
tem sua origem no céu e é glória em semente e botão. A iluminação do Espírito é
garantia (penhor) de luz eterna; a santificação é garantia de santidade perfeita; Seu
conforto é garantia de alegrias eternas. Ele é a garantia até a redenção da propriedade
que foi comprada. Já podemos falar de propriedade, porque a garantia dá tanta certeza
aos herdeiros como se já a tivessem; foi comprada para eles pelo sangue de Cristo.
Fala-se de redenção, de resgate, porque ela foi confiscada e hipotecada pelo pecado;
Cristo a devolve a nós. É resgate em alusão à lei da redenção”.

O SÊLO DO ESPÍRITO SANTO

(Sfraguiçámenos - σφραγισάµενος): 2Co 1.22; Ef 1.13 4.30.

O selo era o sinal de propriedade, ou prova de que um artigo era propriedade de


determinado homem ou firma. Isto, pois, significa que a posse do Espírito Santo é a
garantia de que determinado homem pertence a Deus. Se um homem tem o Espírito
Santo, a vida dele é o produto da obra de Deus.

O SELO 31

O selo do Espírito Santo é um de uma série de acontecimentos simultâneos ao


nosso arrependimento e recebimento do Senhor como Salvador, sem nós o
percebermos. Em primeiro lugar, é claro, Deus nos regenerou e justificou. Em segundo
lugar, o Espírito nos batizou no corpo de Cristo. Em terceiro lugar, o Espírito
imediatamente se instalou nos nossos corações. Neste e nos próximos capítulos
enfocaremos outras coisas que acompanham nossa salvação, além da Sua atuação
contínua em nós.
O quarto acontecimento a Bíblia chama de “Selo”. Esta palavra traduz um termo
grego que quer dizer confirmar ou imprimir. Três vezes a palavra é usada no Novo
Testamento em relação aos crentes. É também mencionada na vida de Jesus. João diz:
“Neste (Jesus), Deus, o Pai, imprimiu o seu selo” (João 6.27, IBB). Aqui vemos que o
Pai selou o Filho.
No momento da conversão os crentes são selados com o Espírito para o dia da
redenção: “Tendo nele (no evangelho) também crido, fostes selados com o santo
Espírito da promessa” (Ef 1.13; cf. 4.30).

31
GRAHAM, Billy. O Poder do Espírito Santo. São Paulo: Edições Vida Nova, p. 77-79.

33
Parece-me que Paulo tinha duas ideias em mente quando fala de nós sermos
Selados com o Espírito Santo. Uma é segurança, a outra propriedade. Ser Selado, no
sentido de segurança, é ilustrado no Antigo Testamento, quando o rei Dario colocou
Daniel na cova dos leões, pôs uma pedra sobre a entrada e a lacrou com seu selo (Dn
6.17) para que Daniel não saísse. Nos tempos antigos, como por exemplo no tempo da
rainha Ester (Ester 8.8), os reis também costumavam colocar com um anel sua marca
ou selo em cartas e documentos escritos em seu nome. Depois de feito isto, ninguém
podia reverter o que estava escrito ou dar ordens em contrário.
Pilatos fez a mesma coisa quando deu ordens aos soldados para guardarem o
túmulo de Jesus. Ele disse aos sacerdotes: “Aí tendes uma escolta; ide e guardai o
sepulcro como bem vos parecer. Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a
pedra e deixando ali a escolta” (Mt 27.65,66). A palavra “selo” usada nesta passagem é
a mesma, no grego, usada em passagens que falam do selo do Espírito Santo.
A. T. Robertson diz que o selo na pedra do sepulcro era “provavelmente uma
corda presa sobre a pedra e lacrada em cada ponta à rocha da caverna, como em Daniel
6.17. Isto foi feito na presença da guarda romana, encarregada de proteger esta marca
de autoridade e poder de Roma”. Quando o Espírito Santo nos sela ou põe em nós Sua
marca, nós estamos seguros em Cristo de uma maneira muito mais significativa.
Um dos pensamentos mais eletrizantes que já passou por minha mente foi a
consciência de que o Espírito Santo me selou. E ele selou você também – se você for
um crente.
Nada pode tocar em você. “Porque estou bem certo de que nem morte, nem vida,
nem anjos, nem principados, nem coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem
altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8.38,39).
Mas este selo do Espírito significa mais que segurança, Significa também
propriedade. Lemos no Antigo Testamento que Jeremias comprou uma propriedade,
pagou por ela diante de testemunhas e selou o documento de acordo com a Lei e os
costumes (Jr 32.10). Agora ele era o proprietário.
A alusão ao selo como prova de compra deve ter sido especialmente significativa
para os efésios. Éfeso era um porto marítimo, e havia intenso comércio de madeira com
os portos vizinhas. O método usado na compra era este: o mercador, depois de escolher
a madeira, carimbava-a com seu anel, seu sinete – uma prova reconhecida de
propriedade. No tempo devido, o mercador enviava um encarregado de confiança, com
o sinete; este localizava todos os troncos que tinham a mesma marca e os levava.
Matthew Henry resume a ideia assim: “Os crentes são selados por Ele (o Espírito
Santo), ou seja, separados para Deus, colocados à parte, distinguidos com a Sua marca,
pois pertencem a Ele”.
Você e eu somos propriedade de Deus para Sempre!

NOTA: Sem o Espírito Santo, o homem não pode nem sequer começar a ser um cristão
(Rm 8.9). É o Espírito Santo que faz dele um filho de Deus (Rm 8.14). Que lhe
assegura a realidade daquela filiação (Rm 8.16).
Para o cristão, o Espírito precisa ser a Lei da sua vida, seu dirigente, o padrão
mediante o qual julga todas as coisas, a Pessoa cujas dádivas ele mais deseja (Rm

34
8.4,5,9). O Espírito lhe traz dons grandiosos (1Co 12.4-11). O Espírito lhe traz
libertação da Lei do Pecado e da Morte (Rm 8.2). O homem cuja vida o Espírito entrou
é um homem liberto. O Espírito lhe traz paz (Rm 8.6). O Espírito lhe traz vitória no
conflito da alma (Gl 5.16-17). O Espírito lhe traz vida abundante (Jo 7.38-39; 10.10).
Seu corpo mortal é vivificado pelo Espírito (Rm 8.11). O homem natural (ANTROPOS
PSIQUIKOS) ou o não cristão, sem Cristo e sem o Espírito Santo, pode ser declarado
existente, mas não pode ser declarado vivo. O Espírito lhe traz PODER capacitando-o a
mortificar as obras da carne (Rm 8.13); lhe traz PODER para testemunhar de Cristo (At
1.8).
O Espírito do homem nascido de novo (2Co 5.17) mesclado com o Espírito
Santo (1Co 6.17) é o poder de Deus que nele habita ou, num outro modo de declarar o
fato, é o Cristo Ressurreto que reside nele. O espírito do homem é aquela parte que tem
afinidade com Deus, e que, portanto lhe dá a comunhão com o Senhor e poder para
obter a vitória no conflito (carne x Espírito) (Gl 5.16-17).

OS TRÊS TIPOS DE UNÇÃO:


2Co 1.21: “Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo, e nos ungiu, é
Deus”.
1 Jo 2.20, 27: “Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes
conhecimento”. “E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes
necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de
todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele
permanecei.”
Antigamente, no Oriente Próximo, o costume de ungir pessoas ou objetos com
óleo simples ou perfumado era generalizado e tinha propósito medicinais, cosméticos e
de conservação. O azeite, em especial, era freqüentemente aplicado depois do banho
(Rt 3.3; Ez 16.9), nos feridos (Is 1.6; Mc 6.13; Lc 10.34; Tg 3.14), nos cadáveres (Mc
16.1; Lc 23.56; Jo 19.39), nos cativos libertos (2Cr 28.15) e até mesmo nos escudos (2
Sm 1.21; Is 21.5). Óleos especialmente preparados também eram usados para ungir a
cabeça (Sl 23.5; Mt 26.7; Lc 7.46) e os pés (Lc 7.28, 46; Jo 12.3). Profetas foram
ungidos (I Re 19.16), sacerdotes (Ex 29.1-7; 30.22-33; 40.1) e reis (1Sm 16.1-13; 2 Sm
2.4; 5.3). A unção do Espírito Santo tem a ver com a entrada deste no nosso espírito,
tem a ver com selo (Ef 1.13, 14).
Compartilhamos com vocês sobre os três tipos de unções:
1. A UNÇÃO DO LEPROSO (Lv 14.1-18; Lc 10.25-37; 1Sm 10.6).
A lepra é um tipo do pecado. Os leprosos viviam separados de suas famílias e do
povo de Israel.
Os pecadores estão separados de seus irmãos em Cristo e também separados de
Deus. Quando os leprosos eram curados iam ao sacerdote eram ungidos e declarados
limpos. Esta unção poderia ser chamada de “A UNÇÃO DO NOVO NASCIMENTO”.
“Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo, e nos UNGIU, é Deus” (2Co 1.21).
Éramos como o homem assaltado, espancado, largado à beira da estrada, mas o
Bom Samaritano - Cristo (o ungido), sarou nossas feridas deitando nelas vinho (que
simboliza o seu sangue), e azeite (que simboliza o seu Espírito Santo). Ele nos ungiu

35
com o seu doce Espírito, “Pois em um só Espírito fomos todos batizados em um só
corpo, ...” (1Co 12.13). Somos o seu povo, seus filhos.
1) A unção da alegria (Hb 1.9; Lc 1.5-15, 41-44; Gl 5.22; Ne 8.10). Temos
dentro de nós uma alegria inefável dada pelo Espírito que habita em nós.
2) A unção do conhecimento interior (1Co 2.9-16; 1 Jo 2.20, 27; Ex 31.1-11;
35.30-35; Dn 1.17). Os gnósticos dos tempos de João achavam que somente
uma classe especial poderia ter acesso ao conhecimento supremo de Deus.
Eles costumavam ungir com óleo, o que supostamente, iniciava os seus
discípulos em verdades superiores.

Há somente uma “unção verdadeira”, aquela que vem do Espírito.


“... Não tendes necessidade de alguém vos ensine...”.
Isto não quer dizer que os crentes não precisam de qualquer mestre humano, por
terem um mestre celestial.
Esta declaração significa que aqueles crentes não tinha qualquer necessidade de
mestres como os gnósticos, que traziam confusão e degradavam a Cristo.
Os gnósticos ofereciam uma suposta “compreensão mais profunda” da verdade.
Desse tipo de mestre é que os crentes não precisam, pois o Grande Mestre que nos
habilita no íntimo (no nosso espírito), o Espírito Santo, já nos deu a mensagem da
verdade e continuará a aclará-la em nossos espíritos.
“... sua unção vos ensina ...” Aqueles crentes já tinham dado a acolhida à
verdade, todavia, isso não significa a eliminação da necessidade da pesquisa, ou que já
possuímos toda a verdade. Longe disso. Nossa Verdade é apenas parcial, e nosso
entendimento também é parcial. Contudo, possuímos a verdade básica sobre a pessoa e
a natureza salvadora de Cristo; e essa verdade é confirmada pelo testemunho íntimo do
Espírito Santo.
“As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração
do homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou
pelo seu Espírito porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de
Deus” (1Co 2.9,10).
3) A unção produz o fruto do Espírito Santo (Gl 5.16-25; Rm 8.4-13). Este
fruto inclui:
1º ) Amor (gr, ágape - ἀγάπη) - é o interesse e a busca do bem maior de outra
pessoa sem nada querer em troca (Rm 5.5; 1Co 13, Ef 5.2; Cl 3.14).
2º ) Alegria (gr.chara - χαρά). É a alegria baseada no amor, na graça, nas
bênçãos, nas promessas e na presença de Deus (Sl 119.16; 2Co 6.10; 12.9; 1Pe 1.8).
3º ) Paz (gr.eirene - εἰρήνη). É a quietude de coração e mente, baseada na
convicção de que tudo vai bem entre o crente e seu Pai Celestial (Rm 15.33; Fp 9.7;
1Ts 5.23; Hb 13.20).
4º ) Longanimidade (gr.makrothumia - µακροθυµία). É a perseverança,
paciência, ser tardio para irar-se ou para desespero (Ef 4.2; 2 Tm 3.10; Hb 12.1).
5º ) Benignidade (gr. Chrēstótēs - χρηστότης). É não querer magoar ninguém,
nem lhe provocar dor (Ef 4.32; Cl 3.12; 1Pe 2.3).

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6º ) Bondade (gr. Agathōsunē - ἀγαθωσύνη). É zelo pela verdade e pela retidão,
e repulsa ao mal; pode ser expressa em atos de bondade (Lc. 7.37-50) ou na repreensão
e na correção do mal (Mt 12.12.13).
7º ) Fé (gr. Pistis - πίστις). É lealdade constante e inviolável a alguém com quem
estamos unidos por promessa, compromisso, fidedignidade e honestidade (Mt 23.23;
Rm 3.3; 1Tm 6.12; 2 Tm 2.2; 4.7; Tt 2.10).
8º ) Mansidão (gr. Prautēs - πραΰτης). É moderação, associada à força e à
coragem; descreve alguém que pode irar-se com eqüidade quando for necessário, e
também humildemente submeter-se, quando for preciso (2 Tm 2.5; 1Pe 3.15) Mt 11.29;
Mc 3.5; 2Co 10.1; 10.4-6; Gl 1.9; Nm 12.3; Ex 32.19,20.
9º ) Temperança (gr. Egkrateia - ἐγκράτεια). É o controle ou domínio sobre
nossos próprios desejos e paixões, inclusive a fidelidade dos votos conjugais; também a
pureza (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5).

4) A unção quebra o julgo (Is 10.27) do pecado, das obras do carne, e nos faz
produzir o Fruto do Espírito.
2. A UNÇÃO DO SACERDOTAL Ex 29.1-7; 30.22-33; 40.1; 2Co 1.21; 1Pe
2.5,9; Ap 1.5,6; 2.26,27; 5.10; 20.6; 22.5).
É a unção que vem com o Batismo no Espírito Santo. Ela torna as sacerdotes
sacrossantos. O Sumo-Sacerdote recebia a unção (Ex 29.7) e, mais tarde, os demais
sacerdotes (Ex 40.15). Esta unção acontecia durante a consagração dos sacerdotes, que
durava 7 dias, depois da preparação do sacrifício (Ex 29.1-3), da purificação ritual (Ex
29.4) e do vestir das roupas sacerdotais (Ex 29.5,6) na entrada do santuário (Ex 29.7;
28.41; 29.29; 40.13; Lv 4.5).
A unção separava os sacerdotes da esfera dos impuros. Jesus após ser ungido (Lc
3.21, 22; 4.14-19) passou a realizar os milagres. Esta unção nos leva ao patamar dos
sinais e maravilhas, ao sucesso de ganhar almas.
1) Esta unção manifesta a presença do Espírito Santo: (1Sm 16.12-23; 2Rs
3.12-16).
2) Ela produz profunda comunhão com o Espírito Santo (Rm 8.14-16).
3) Ela produz um maior companheirismo como Espírito e com os irmãos
(At 10.38; Sl 133).

3. A UNÇÃO REAL (1Sm 16.1-13; 2 Sm 2.4; 5.3).


A unção dava aos reis de Israel o direito de reger. Isto era feito usando um chifre
que era guardado no templo (1Rs 1.39; 1Sm 10.1; 16.1, 13). O óleo era derramado
sobre a cabeça do rei (2Rs 9.3, 6) o qual recebia o poder do Espírito (1Sm 16.13). A
unção significava a transmissão de KABOD, a dádiva da autoridade, força e honra (Sl
45.7). Através da unção, o rei se tornava portador de autoridade especial.
A unção da parte de IAHWEH às vezes é vinculado com o Dom do Espírito e da
proteção especial de Deus (1Sm 16.13; 24.6-11; 26.9-23; 2 Sm 1.14). O ungido ficava
em contato direto com Deus, e era considerado inviolável.
Jesus Cristo foi ungido pelo Pai com o Espírito Santo (Lc 3.21, 22; 4.18; At 4.27;
10.38) Rei e Sacerdote (Hb 1.9). A outorga oficial da posição do filho, rei sumo-
sacerdote significa conforme consta em Fp 2.9, um aumento de autoridade. É a unção

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que Dá aos cristãos, o poder entender os mistérios divinos (1 Jo 2.20, 27). Através da
unção, receberam o Espírito que traz à mente aquilo que Jesus disse (Jo 14.26; 15.26;
16.13, 14). A unção pelo Espírito é o poder que opera no crente.
O crente recebe uma participação na unção messiânica que Jesus recebeu. Jesus,
o ungido, assoprava o Espírito (Jo 20.22). Hoje os ungidos assopram e Deus cura, dá
poder, batiza no Espírito Santo etc...
1) A UNÇÃO REAL É DUPLA (At 10.38). É a unção com o Espírito e com
Poder.
2) É UNÇÃO PARA FAZER O BEM E CURAR OS OPRIMIDOS (At
10.38; Lc 4.14-18).
3) É UNÇÃO PARA EVANGELIZAR, LIBERTAR E RESTAURAR: Lc
3.21, 22; 4.14-19.

Não fique em Gilgal, Betel e Jericó, vá até o Jordão, peça a unção dobrada (2Rs
2.1-15).
Com a unção dobrada Eliseu:
1. Multiplicou o azeite da viúva: 1Rs 4.1-7
2. Abriu a madre da Sunamita: 2 R 4.16, 17
3. Ressuscitou o filho da Sunamita: 2Rs 4.25-36
4. Tirou a morte da panela: 2Rs 4.38-41
5. Multiplicou os pães: 2Rs 4.42-44
6. Curou Naamã: 2Rs 5.
7. Fez flutuar o ferro do machado: 2 S 6.1-7
8. Revelou os conselhos do rei assírio: 2Rs 6.8-12
9. Depois de morto ainda ressuscitou um soldado falecido: 2Rs 13.20, 21.
Você tem a unção do Santo, use-a.

O ESPÍRITO SANTO NA ERA PRÉ-PENTECOSTAL

NA CRIAÇÃO E NA NATUREZA: Sl 33.6; Jó 26.13; Jo 1.3; Hb 1.3; 11.3; Rm


1.19-20.
1. O Universo: Sl 33.6: “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus, e todo
o exército deles pelo espírito da sua boca”; Jó 26.13: “Pelo seu Espírito ornou os céus;
a sua mão formou a serpente enroscadiça”.
2. A Terra: Gn 1.2: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face
do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”; Sl 104.29-30:
“Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam
para o seu pó. Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra”.
3. O Homem: Jó 33.4: “O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-
Poderoso me deu vida”; Zc 12.1: “Fala o SENHOR, o que estende o céu, e que funda a
terra, e que forma o espírito do homem dentro dele”; (cf. At 17.25-28; Gn 1.26-27; Sl
139.14-16; Is 49.5; Jr 1.5).
4. A Vida Marinha: Sl 104.24-30: “O SENHOR, quão variadas são as tuas
obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.
Assim é este mar grande e muito espaçoso, onde há seres sem número, animais

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pequenos e grandes. Ali andam os navios; e o leviatã que formaste para nele folgar.
Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno. Dando-lho tu,
eles o recolhem; abres a tua mão, e se enchem de bens. Escondes o teu rosto, e ficam
perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam para o seu pó. Envias o teu
Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra”.
Na Preservação Da Natureza: Hb 1.3: “... e sustentando todas as coisas pela
palavra do seu poder...”. (Palavra do seu Poder refere-se ao Espírito Santo).
O Espírito Santo antes do dilúvio: Gn 6.3.
O ESPÍRITO SANTO APÓS O DILÚVIO:
1. José e Bezaleel: Gn 41.38: “Acharíamos um homem como este em quem haja
o espírito de Deus? ”; (cf. At 7.9-10; Ex 31.1-6; 35.30-35).
2. Nos costureiros: Ex 28.3: “Falarás também a todos os que são sábios de
coração, a quem eu tenho enchido do espírito da sabedoria, que façam vestes a Arão
para santificá-lo; para que me administre o ofício sacerdotal”.
3. Em Moisés: Nm 11.17,25: “Então eu descerei e ali falarei contigo, e tirarei
do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo,
para que tu não a leves sozinho. Então o SENHOR desceu na nuvem, e lhe falou; e,
tirando do espírito, que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; e
aconteceu que, quando o espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas depois nunca
mais”; (cf. Is 63.11).
4. Em Josué: Nm 27.18: “Então disse o SENHOR a Moisés: Toma a Josué,
filho de Num, homem em quem há o Espírito, e impõe a tua mão sobre ele”; (cf. Dt
34.9).
5. Nos 70 anciãos e Eldade e Medade: Nm 11.16-17,25-30.
6. Nos Juízes: Jz 3.10; 6.34; 11.29; 13.25; 14.6,19; 15.14.
7. Em Saul e Davi: 1Sm 10.6,10; 11.6; 16.13-14; 19.23; Sl 51.11; 2 Sm 23.2.
8. Nos mensageiros de Saul: 1Sm 19.20.
9. Nos profetas: Nm 24.2; 1Sm 10.5-6; 19.20-24; Ne 9.30; Mq 3.8; Ez 2.2;
3.24; 1Pe 1.11; 2Pe 1.21; Natã (2 Sm 12.1; 24.11); Elias (1Rs 17.1,2); Eliseu (2Rs 2.9);
Amasai (1 Cr 12.18); Azarias (2Cr 15.1); Jaaziel (2Cr 20.14); Zacarias (2Cr 24.20).

O ESPÍRITO SANTO EM TODO O ISRAEL: Ne 9.20; Is 63.9-14; Ag 2.5.


O ESPÍRITO SANTO NOS DIAS DE CRISTO:
1. O Espírito Santo em João Batista: Lc 1.15,41.
2. O Espírito Santo em Isabel: Lc 1.41.
3. O Espírito Santo em Zacarias: Lc 1.67.
4. O Espírito Santo em Simeão: Lc 2.25-27.
O ESPÍRITO SANTO NA VIDA DE CRISTO: NASCIMENTO, VIDA,
MORTE E RESSURREIÇÃO.
1. Gerado pelo Espírito Santo: Lc 1.35; Mt 1.18.
2. Possuía o Espírito Santo: Lc 2.40-52.
3. Foi batizado no Espírito Santo: Lc 3.21-22; At 10.38; Lc 4.1,14-20; Is 61.1-2.
4. O Espírito Santo no ministério de Jesus: At 10.38; Mt 12.15-23,28; Hb 9.14;
At 1.2; Rm 8.11 (na sua ressurreição).
O ESPÍRITO SANTO NA ERA PÓS-PENTECOSTAL

39
Costuma-se falar que o E. Santo não habitava em ninguém no VT e que veio
habitar somente na igreja.
Alguns afirmam que o E. Santo habitava em alguns homens no VT, porém habita
em todos no NT.
Gn 41.38: Perguntou, pois, Faraó a seus servos: Poderíamos achar um homem
como este, em quem haja o espírito de Deus?
Nm 27.18: Então o Senhor disse a Moisés: “Chame Josué, filho de Num, homem
em quem está o Espírito, e imponha as mãos sobre ele.
Sl 51.11: Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo
Espírito.
No AT, diz-se que os homens eram cheios com o Espírito Santo (Ex 28.3; 31.3;
35.31; Dt 34.9). Notamos, no entanto, que estes foram casos isolados e para um
ministério específico. Diz-se também que os homens tinham o Espírito Santo habitando
neles, ou que o Espírito caiu e revestiu alguns deles (Nm 27.18; Is 63.10-14; Sl 51.11;
Jz 6.34; 11.29; Nm 11.17,25-30; 24.2). No entanto isso não era nem mesmo próximo
do Ministério do Espírito Santo na vida do crente na dispensação atual.
O aspecto da obra do Espírito no Antigo Testamento é habitar, ou seja, encher.
Aqui é onde a principal diferença entre os papéis do Espírito no Antigo e Novo
Testamento é aparente. O Novo Testamento ensina a habitação permanente do Espírito
Santo nos crentes (1Coríntios 3.16-17; 6.19-20). Quando colocamos nossa fé em Cristo
para a salvação, o Espírito Santo vem morar dentro de nós. O Apóstolo Paulo chama
isso de habitação permanente, a "garantia da nossa herança" (Efésios 1.13-14). Em
contraste com este trabalho no Novo Testamento, a habitação no Antigo Testamento
era seletiva e temporária. O Espírito "apoderava-se" de certas pessoas do Antigo
Testamento como Josué (Números 27.18), Davi (1 Samuel 16.12-13) e até Saul (1
Samuel 10.10). No livro de Juízes, vemos o Espírito "apoderando-se" dos vários juízes
que Deus tinha levantado para libertar Israel de seus opressores. O Espírito Santo veio
sobre estes indivíduos para tarefas específicas. A habitação era um sinal do favor de
Deus sobre aquele indivíduo (no caso de Davi), e se o favor de Deus abandonava uma
pessoa, o Espírito sairia (por exemplo, no caso de Saul em 1 Samuel 16.14).
Finalmente, o Espírito "apoderando-se" de um indivíduo nem sempre indicava a
condição espiritual da pessoa (por exemplo: Saul, Sansão e muitos dos juízes). Assim,
enquanto no Novo Testamento o Espírito só habita os crentes e de uma forma
permanente, o Espírito veio sobre certos indivíduos do Antigo Testamento para uma
tarefa específica, independentemente da sua condição espiritual. Uma vez que a tarefa
foi concluída, o Espírito presumivelmente saía dessa pessoa.
Desde que o Espírito não estava disponível depois da queda de Adão, o que
estava acontecendo durante aquele período era que Deus colocava Seu Espírito sobre
aqueles que Ele queria se comunicar. Isto não significa que o Espírito estava
disponível. De Gênesis a Atos, não há relato de qualquer instrução de como receber o
Espírito, pela simples razão que o Espírito não estava disponível1. Na verdade, João
7.37-39 nos diz: “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou,
dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a
Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que

40
haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado,
por ainda Jesus não ter sido glorificado”.
De acordo com essa passagem, o Espírito santo não estava disponível no tempo
em que Jesus Cristo falou estas palavras e com certeza ele não estava disponível antes
daquele tempo também. Durante todo esse período (da queda de Adão ao dia de
Pentecostes) se Deus queria se comunicar com alguém, Ele colocava Seu Espírito sobre
ele. Vamos ver alguns exemplos relatados no Antigo Testamento, começando com
Números 11:16-17. De acordo com o contexto, Moisés queria ajudantes para governar
o povo de Israel e Deus respondeu seu pedido nos versos 16-17:
“E disse o SENHOR a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel,
que sabes serem anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da
congregação, e ali estejam contigo. Então eu descerei e ali falarei contigo, e tirarei do
Espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para
que tu não a leves sozinho”.
Como está claro nesta passagem, Moisés tinha Espírito e o tinha sobre ele. É
importante apontar duas coisas aqui: primeiro que o Espírito não estava em Moisés,
mas sobre ele. Segundo: o fato de que Moisés tinha o Espírito de Deus sobre ele, não
era porque ele decidiu que gostaria de ter Espírito. Mesmo se ele decidisse que gostaria
de ter Espírito, não havia nenhuma garantia que ele teria, pela simples razão de que o
Espírito não estava disponível. Na verdade, era Deus que decidiu colocar Seu Espírito
sobre Moisés e não o contrário. O mesmo é verdade para aqueles setenta homens
também: o Espírito de Deus veio sobre eles, não porque eles decidiram recebê-lo, mas
porque Deus o colocou sobre eles para fazer a comunicação com eles possível. Aqui
estão mais algumas passagens do Antigo Testamento sobre Deus colocando seu
Espírito sobre as pessoas: Juízes 3:9-10: “E os filhos de Israel clamaram ao SENHOR,
e o SENHOR levantou-lhes um libertador, que os libertou: Otniel, filho de Quenaz,
irmão de Calebe, mais novo do que ele. E veio sobre ele o Espírito do SENHOR, e
julgou a Israel, e saiu à peleja…”.
Otniel tinha Espírito antes? Não. Deus o colocou sobre ele pela razão que ele era
o juiz de Israel e Deus quis se comunicar com ele. Vamos ver outro exemplo: Juízes
6:33-34: “E todos os midianitas e amalequitas, e os filhos do oriente se ajuntaram, e
passaram, e acamparam no vale de Jizreel. Então o Espírito do SENHOR revestiu a
Gideão, o qual tocou a buzina [para ajuntar o povo de Israel para a guerra], e os
abiezritas se ajuntaram após ele”.
Gideão tinha Espírito antes? Não. Era Gideão que recebia o Espírito de Deus ou
era Deus quem colocava o Espírito sobre Gideão? Para receber algo ele deve estar
disponível e Espírito não estava disponível depois da queda de Adão. Então era Deus
Quem escolheu colocar Seu Espírito sobre Gideão pela razão que Gideão era juiz de
Israel naquela época e Deus quis se comunicar com ele. Há mais exemplos similares no
Antigo Testamento. Se alguém também examinar o caso de Saul, o primeiro rei de
Israel, pode ser visto que quando ele desobedeceu a Deus, o Espírito de Deus que
estava sobre ele se retirou dele (ver: 1 Samuel 15.26, 16.14).
Então para resumir: Adão e Eva eram originalmente corpo, alma e Espírito.
Contudo, no dia em que eles comeram da árvore do conhecimento do bem e do mal,
eles perderam o Espírito. A morte é a perda da vida. É por isso que eles morreram

41
naquele dia, exatamente como Deus tinha dito, com suas mortes físicas também a
seguir. Desta época em diante o Espírito não estava disponível. Por outro lado, para
Deus se comunicar com o povo, eles têm que ter Espírito. Por esta razão durante este
período, Deus tinha que colocar Seu Espírito sobre certos homens de Sua escolha.
Por exemplo, todos os profetas tinham o Espírito de Deus sobre eles. Deus o
colocou sobre eles para lhes dar revelação. Portanto, a respeito deste período antes do
dia de Pentecostes três coisas precisam ser notadas:
1. O Espírito santo não estava disponível.
2. Deus colocou Seu Espírito sobre aqueles que Ele quis se comunicar.
3. Eles poderiam perder o Espírito, o que significa que eles o tinham sob
restrições.
Devido ao atributo de onipresença, o Espírito Santo sempre agiu na velha
dispensação, como também agirá durante a Grande Tribulação, porém ele veio habitar
permanentemente na dispensação da graça na Igreja.
Assim como a divindade habita (κατοικῆσαι - katoikēçai) permanentemente em
Cristo Jesus (Cl 1.19; 2.9). Assim também o Espírito Santo habita permanentemente na
Igreja (Ef 2.22; 3.17; Tg 4.5).32
As palavras κατοικεῖ (katoikei) e κατοικῆσαι (katoikēçai) que vem do verbo
κατοικέω (katoikéō) significam habitar permanentemente, são diferente de παροικέω
(paroikéō) e do substantivo παροικία (paroikía) que significa estar ou habitar num lugar
com um estranho, residir por pouco tempo.
Ef 2.22: no qual também vós juntamente sois edificados para morada
(κατοικητήριον) de Deus no Espírito.
kατοικητήριον [katoikētērion] – κατοικέω [katoikéō].
Ef 3.17: que Cristo habite [κατοικῆσαι] pela fé nos vossos corações, a fim de
que, estando arraigados e fundados em amor.
κατοικῆσαι [katoikētsai] – κατοικέω [katoikéō].
Tg 4.5: Ou pensais que em vão diz a escritura: O Espírito que ele fez habitar
[κατῴκισεν] em nós anseia por nós até o ciúme?
κατοικέω. Viver ou morar num lugar de forma estabelecida ou definitiva.33
2Tm 1.14: guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo, que habita
[ἐνοικοῦντος] em nós.
Rm 8.11: E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita
[ἐνοικοῦντος - enoikountos] em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo Jesus
há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.
(ἐνοικοῦντος [enoikountos]. gen. sing. neut. part. pres. de ἐνοικέω).
Cl 3.16: A palavra de Cristo habite [ἐνοικείτω - enoikeítō] em vós ricamente, em
toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e
cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em vossos corações (ἐνοικείτω 3ª
pes. sing. pres. imp. de ἐνοικέω - enoikéō).34

32
Habita - κατοικέω. κατοικεῖ: 1. viver, residir, habitar Mt 2.23; 12.45; At 1.20; 2.5; 7.2, 4a, 48; 17.24,26; 22.12; Ef 3.17;
Cl 2.9; Hb 11.9; 2Pe 3.13; Ap 3.10; 17.8.—2. habitar, morarem Mt 23.21; Lc 13.4; At 1.19; 2.14; Ap 17.2. κατοικία é
morada permanente enquanto que παροικία é estadia por pouco tempo, habitar num terra estranha. Metáfora: a vida do ser
humano aqui na terra é semelhante a uma residência temporária (Strong).
33
Louw, Johannes P. Léxico Grego-Português do NT. Sociedade Bíblica do Brasil.
34
ἐνοικέω: habitar em, morar; no NT significa ser habitado espiritualmente (Rm 8.11; Cl 3.16; 2Tm 1.14).

42
A PROMESSA E CUMPRIMENTO DO DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO
SANTO:
1. A Promessa do Derramamento: Ez 36.24-27; Jl 2.28,29; Is 28.11,12; 32.15;
44.3; At 2.16-18; Ez 37.14 (Para Israel e toda a Terra).
2. O Testemunho de João Batista: Mt 3.11,12; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.32-34.
3. O Testemunho de Cristo: Jo 4.14; 7.37-39; 14.16-17,24; Lc 24.49; At 1.4-8.
4. O Cumprimento Inicial do Derramamento: At 2.1-4.
5. A Promessa é para Todos: At 2.38-39; 8.17; 9.17; 10.44-46; 11.15-17; 19.6.

O Espírito Santo na Conversão: Jo 16.8; At 2.38.


1. O Espírito Santo inicia o processo da conversão: Jo 16.8; 1Co 12.3; Jo 6.44;
2. O Espírito Santo completa o processo: 2Ts 2.13; Fp 1.6; Tt 3.5-7.

O Espírito Santo em Relação ao Crente:


É impossível alguém se tornar cristão, entender a Palavra de Deus, viver uma
vida santa ou testemunhar acerca de Jesus, sem ser capacitado pelo Espírito Santo. Não
podemos fazer coisa alguma para o Senhor, e Ele não pode fazer coisa alguma por nós,
independentemente da pessoa e do ministério do Espírito Santo.
1. Regenera: Tt 3.5 (a palavra grega para regeneração é PALINGENESIA
(παλιγγενεσίας - palingueneçías) e significa “nascer de novo”. Ela descreve a
comunicação de uma vida nova): 2Co 3.6; Jo 3.8; 6.44; 16.8; 1Co 12.3; 2Ts 2.13; 1Pe
1.2; Tg 1.18; Gl 3.27; 4.6; Rm 8.9; 1 Jo 3; 9; 5.11-13;
2. Habita no Crente: Rm 8.9-17; 1Co 3.16; 6.7,19; Ef 2.22; 3.17; Tg 4.5; Jo
14.17; 2Tm 1.14.
3. Liberta o Crente dos Poderes do Pecado e da Morte: Rm 8.1-2; Ef 1.19; 3.16.
4. Renova a Mente do Cristão: Rm 12.1-2; 1Co 2.16; Ef 4.23.
5. Ele nos dá a Certeza de que somos salvos: Rm 8.16; Ef 1.13,14; Gl 4.6.
6. Ele enche o Crente: At 2.4; 4.31; 6.3,5; 7.55; 8.15-19; 13.9,52; 9.17; 10.44-
47; 11.15-17; 19.2-6; Ef 5.18.
7. Equipa o Crente para o Serviço Cristão: At 1.8; 1Co 12.7-11; Ef 4.11.
8. Produz o Fruto de Cristo no Crente: Gl 5.22,23; Fp 1.11; Tg 3.17; Jo 15.1-16.
9. Torna Possível Todas as Formas de Comunhão: Rm 8.26; 1Co 14.14-15; Ef
2.22; 5.18-20; Fp 3.3; Cl 3.16; Jd 20; Jo 4.23,24.
10. Restaura o Corpo do Crente agora e o Vivificará na Ressurreição: Rm 8.11;
2Co 3.18; 2Co 15.35-49.

O Batismo no Espírito Santo é distinto da Conversão e do Batismo na Água:


1. O Batismo no Espírito Santo pode acontecer simultaneamente com a
conversão: At 10.44-46.
2. Pode acontecer tempo depois da conversão: At 9.1-17; 8.5-17.
3. Pode acontecer antes do batismo nas águas: At 10.44-48; 11.15-18; 9.1-18.
4. Pode acontecer depois do batismo nas águas: At 8.5-17; 19.1-6.
5. O exemplo de Jesus:
1º) Foi gerado pelo Espírito Santo: Mt 1.20; Lc 1.35.
2º) Possuía o Espírito Santo: Lc 2.40.

43
3º) E recebeu o Batismo no Espírito Santo: Mt 3.15; Mc 1.10-11; Jo 1.32; Lc
4.1-4,14-20.
6. O exemplo dos discípulos: Lc 10.20; Jo 20.21-23; Lc 24.49; At 1.4-8; 2.1-4.
Eram salvos, o Espírito estava com eles, e depois da ressurreição do Senhor
Jesus e do mesmo assoprar sobre eles o Espírito, passou o Espírito Santo
habitar dentro deles. Todavia o Batismo no Espírito Santo só veio 50 dias
depois, no dia do Pentecostes.

OS TRÊS BATISMOS

I. O BATISMO NO CORPO DE CRISTO: 1Co 12.13; 10.2.


1Co 12.12-13: 12 Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos
membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim
também com respeito a Cristo. 13 Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em
um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós
foi dado beber de um único Espírito.
1Co 10.1,2: Pois não quero, irmãos, que ignoreis que nossos pais estiveram todos
debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; e, na nuvem e no mar, todos foram
batizados em Moisés. (O Pai era o agente, Israel era o paciente e Moisés o
elemento).
Todos foram batizados em Moisés. Batismo cristão destaca a união do crente
com Cristo, e Paulo usa a linguagem do batismo em comparar os israelitas e aos
Coríntios. Todos os israelitas atravessaram o calvário e libertação do Êxodo em virtude
de sua identificação com o seu líder, Moisés. Observe a repetição de “todos” nos vv. 1-
3 (também 12:13). “Todos” os membros da igreja de Corinto foram batizados em o
corpo de Cristo que é a Igreja.
Ef 4.4,5: Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em
uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo.
1. O AGENTE É O ESPÍRITO;
2. O PACIENTE É O CRENTE;
3. O ELEMENTO É O CORPO DE CRISTO.

O povo de Deus (os crentes) são os únicos membros do Corpo de Cristo (a


Igreja), e deve aprender a usar a diversidade dos dons espirituais para, em unidade e
adoração ao cabeça da Igreja: Jesus Cristo (Ef 1.22,23), evangelizar o mundo. Todos os
cristãos sinceros foram batizados pelo Espírito Santo no Corpo de Cristo, incorporados
ao Corpo de Cristo e, portanto, podem participar da Ceia do Senhor (10.16). Em Cristo
não pode haver preconceito ou distinção racial, cultural, econômica ou social, pois a
todos que creem foi dado o direito de beber do único Espírito de Deus, de modo que
suas vidas expressam o fruto do Espírito que neles habita (Gl 5.22,23; Jo 7.37-39).
“Mostra como se constitui o Corpo de Cristo. O espírito é o agente que traz um
membro ao Corpo de Cristo Por meio do novo nascimento. Não se trata de um Espírito
pelo batismo, mas do Corpo de Cristo. O Corpo aqui é o elemento no qual o indivíduo
é batizado. O Espírito é o agente que faz o batismo no Corpo. O cristão é o candidato, o
paciente”. (Bíblia de Estudo Dake).

44
Todos os cristãos sinceros foram batizados pelo Espírito Santo no Corpo de
Cristo [a Igreja], incorporados ao Corpo de Cristo.
Lloyd-Jones está consciente de que alguns apelarão para 1Co 12.13 para
contradizer seu ponto de vista. Para ele, a passagem ensina de fato que o Espírito Santo
batiza o crente, colocando-o no corpo de Cristo que é a Igreja, e que isto ocorre na
conversão, e que, portanto, todos os cristãos já foram objeto desta atividade do Espírito.
Porém, ele argumenta, esse “batismo” de 1Co 12.13 não é o mesmo “batismo” ou
“selo” do Espírito mencionado nos Evangelhos e em Atos. O que ocorre é que a palavra
“batismo” é empregada no Novo Testamento com vários sentidos diferentes. Para ele, o
batismo pelo Espírito em 1Co 12.13 significa o ato pelo qual o Espírito nos incorpora à
Igreja, e que portanto é idêntico à conversão, ao passo que, nos Evangelhos, e
principalmente em Atos, o batismo com o Espírito refere-se a uma experiência pós-
conversão, confirmatória e autenticadora em sua essência.
Lloyd-Jones argumenta que uma das diferenças decisivas entre 1Co 12.13 e as
passagens em Atos sobre o batismo com o Espírito Santo, é quanto ao agente do
batismo, ou seja, a pessoa que batiza. Ele acredita que na expressão ἐν ἑνὶ πνεύµατι
ἡµεῖς πάντες εἰς ἓν σῶµα ἐβαπτίσθηµεν [en rheni pneumati rhēmeis pantes eis rhen
sōma ebaptísthēmen] a preposição ἐν tem força instrumental, e que deve, portanto, ser
traduzida “por um só Espírito”, e não “em um só Espírito”. Ele argumenta que “por” é
a tradução da maioria das versões em Inglês, e que a preposição e)n ocorre em várias
outras ocasiões no Novo Testamento com a mesma força instrumental (ele cita Mt 7.6;
26.52; Lc 1.51; Rm 5.9). Ele cita ainda várias outras autoridades na área de exegese
que mantém esta opinião. Ele conclui que, em 1Co 12.13, é o Espírito quem nos batiza
no corpo de Cristo. Nas demais passagens, o agente é o Senhor Jesus, o que é algo
muito diferente. A confusão existe pelo fato de que a mesma palavra “batismo” é
usada. Em 1Co 12.13 ela se refere à conversão, mas nas demais passagens, a uma
experiência posterior à conversão, e portanto, distinta da mesma.
II. O BATISMO NAS ÁGUAS:
1. O AGENTE É O PASTOR;
2. O PACIENTE É O CRENTE;
3. O ELEMENTO É A ÁGUA.
Mt 28.19: Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.
At 10.44-48. 44 Enquanto Pedro ainda dizia estas coisas, desceu o Espírito Santo
sobre todos os que ouviam a palavra. 45. Os crentes que eram de circuncisão, todos
quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que também sobre os gentios se
derramasse o dom do Espírito Santo; 46. porque os ouviam falar línguas e
magnificar a Deus. 47. Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água
para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito
Santo? 48. Mandou, pois, que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então lhe
rogaram que ficasse com eles por alguns dias.
Quando somos batizados nas águas, somos sepultados e ressuscitados
(simbolicamente) em Cristo: Rm 6.3-5; Gl 3.27; Cl 3.1-4.
Rm 6.3-5: 3. Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo
Jesus fomos batizados na sua morte? 4. Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo

45
na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai,
assim andemos nós também em novidade de vida. 5. Porque, se temos sido unidos a ele
na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua
ressurreição.
Gl 3.27: Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de
Cristo.
Cl 3.1-4: Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas
que são de cima, onde Cristo está, assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que
são de cima, e não nas que são da terra; porque morrestes, e a vossa vida está escondida
com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também
vós vos manifestareis com ele em glória.
III. O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO:
1. O AGENTE É JESUS;
2. O PACIENTE É O CRENTE;
3. O ELEMENTO É O ESPÍRITO SANTO.
Mt 3.11: Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas
aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe
as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo.
Mc 11.8: Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo.
Lc 3.16: Eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele que é mais
poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das alparcas; ele vos
batizará no Espírito Santo e em fogo.
At 1.4-8: 4 Estando com eles, ordenou-lhes que não se ausentassem de
Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual (disse ele) de mim ouvistes. 5
Porque, na verdade, João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito
Santo, dentro de poucos dias. 6 Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe,
dizendo: Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a Israel? 7 Respondeu-lhes: A vós
não vos compete saber os tempos ou as épocas, que o Pai reservou à sua própria
autoridade. Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da
terra.
At 2.1-4: 1 Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no
mesmo lugar. 2 De repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e
encheu toda a casa onde estavam sentados. 3 E lhes apareceram umas línguas como que
de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou uma. 4 E todos ficaram
cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes
concedia que falassem.
At 8.14-17: 14. Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, tendo ouvido que
os da Samária haviam recebido a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João; 15. os
quais, tendo descido, oraram por eles, para que recebessem o Espírito Santo. 16. Porque
sobre nenhum deles havia ele descido ainda; mas somente tinham sido batizados em
nome do Senhor Jesus. 17. Então lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito
Santo.
At 10.44-48: 44 Enquanto Pedro ainda dizia estas coisas, desceu o Espírito Santo
sobre todos os que ouviam a palavra. 45. Os crentes que eram de circuncisão, todos

46
quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que também sobre os gentios se
derramasse o dom do Espírito Santo; 46. porque os ouviam falar línguas e
magnificar a Deus. 47. Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água
para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito
Santo? 48. Mandou, pois, que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então lhe
rogaram que ficasse com eles por alguns dias.
At 11.15-17: 15. Logo que eu comecei a falar, desceu sobre eles o Espírito
Santo, como também sobre nós no princípio. 16. Lembrei-me então da palavra do
Senhor, como disse: João, na verdade, batizou em água; mas vós sereis batizados no
Espírito Santo. 17. Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que dera também a
nós, ao crermos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu, para que pudesse resistir a Deus?
At 19.1-7: 1. E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo
atravessado as regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, 2.
perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? Responderam-lhe
eles: Não, nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo. 3. Tornou-lhes ele: Em que
fostes batizados então? E eles disseram: No batismo de João. 4. Mas Paulo respondeu:
João administrou o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele
que após ele havia de vir, isto é, em Jesus. 5. Quando ouviram isso, foram batizados
em nome do Senhor Jesus. 6. Havendo-lhes Paulo imposto as mãos, veio sobre eles
o Espírito Santo, e falavam em línguas e profetizavam. 7. E eram ao todo uns doze
homens.
Quando somos batizados no Espírito Santo, somos mergulhados nele. Agora
além dele estar em nós, estamos inseridos nele.

A DOUTRINA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Há três correntes acerca da doutrina do Batismo no Espírito Santo:


1. A Tradicional. Crê que o Batismo no Espírito Santo acontece
simultaneamente com o Novo Nascimento sem nenhuma evidência, pois acreditam que
os dons são da era apostólica.
2. A Pentecostal. Crê que o Batismo no Espírito Santo é distinto do Novo
Nascimento e que as línguas é a única evidência. O Batismo no Espírito Santo pode
acontecer simultaneamente ao Novo Nascimento (At 10,11), pode acontecer despois da
regeneração, pode acontecer antes, durante ou depois do batismo nas águas. Nunca
antes do Novo Nascimento.
3. A Renovada. Crê da mesma maneira que a corrente pentecostal, porém crê
que as línguas estranhas não é a única evidência do Batismo no Espírito Santo.

Nós seguimos a corrente pentecostal.

Casualmente há só sete passagens no Novo Testamento que falam diretamente do


batismo com o Espírito. Cinco destas passagens se referem ao batismo com o Espírito
como acometimento futuro; quatro são palavras de João Batista (Mt 3.11, Mc 1.7,8; Lc
3.16 e Jo 1.33) e uma é de Jesus, depois da Sua ressurreição (At 1.4,5). Uma sexta
passagem recapitula os acontecimentos e experiências do dia de Pentecostes (At 11.15-

47
17), mostrando que são cumprimento das promessas de João Batista e Jesus. Somente
uma passagem – 1Co 12.13 – fala da experiência mais ampla de todos os crentes.
O Batismo no Espírito Santo é uma promessa para todos os cristãos que seguem
ao Senhor Jesus Cristo. Mostraremos que o cumprimento dessa promessa se deu,
inicialmente, no dia de Pentecostes, quando os discípulos estavam reunidos no
cenáculo, quando todos falaram em línguas conforme o Espírito concedia que falassem.
Por fim, refletiremos a respeito do propósito bíblico para o recebimento dessa promessa
e a necessidade de que ela seja buscada nos dias atuais.
O Batismo no Espírito Santo é conhecido, biblicamente, por vários termos. Ele é
chamado de “enchimento” (At 2.4); “derramamento” (At 2.33; 10.45), “recebimento”
(At 2.38; 8.17) e “descida” (At 10.44; 11.15; 19.16). A expressão “Batismo no Espírito
Santo” ocorre com maior proeminência nos evangelhos (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo
1.33). Essa variedade de termos mostra que nenhuma palavra resume completamente o
que está envolvido nessa experiência. Há, contudo, uma distinção necessária, no Novo
Testamento, entre o batismo “do” Espírito (1Co 12.13), que é realizado pelo Espírito,
integrando o indivíduo no corpo de Cristo, diferentemente, do batismo, “no” Espírito,
que é realizado por Cristo, revestindo-o com poder. A palavra “batismo”, no grego, é
baptízō (βαπτίζω) e, literalmente, significa “imergir”. Assim, quando Cristo batiza o
crente no Espírito, na verdade, o está imergindo na força do Espírito.
O cristão crê que o Espírito Santo é quem conduz as pessoas à fé em Jesus Cristo
e é quem lhe dá a capacidade para viver uma vida Cristã plena e verdadeira. Ele é
descrito na Bíblia como um ‘conselheiro’ ou ‘ajudante’ (παράκλητος - paráklētos em
Grego), guiando-os no caminho da verdade.

Nesse contexto, o Batismo no Espírito Santo é visto como uma experiência que
normalmente decorre de um momento de oração e é distribuído segundo a vontade do
Espírito Santo.

A Bíblia também fala que o Espírito Santo concede dons espirituais (ou seja,
habilidades), tais como os dons de profecia, de curas e o de falar e/ou interpretar uma
variedade de línguas, entre outros. Alguns acreditam que esses dons foram derramados
apenas aos cristãos do tempo do Pentecostes, mas os proponentes do Batismo no
Espírito acreditam que essas habilidades sobrenaturais são ainda hoje disponíveis.
Assim, a Efusão do Espírito Santo traria uma proliferação de eventos intuitivos (ideias,
fatos, nomes, condutas, pensamentos), que são tomados como revelações divinas para
os cristãos de hoje.35

A PROMESSA DESSE BATISMO

As promessas mais explícitas do Batismo no Espírito Santo se encontram no


Novo Testamento. João Batista, em Mt 3.11, profetiza a respeito desse batismo que
viria a ser realizado por Jesus. Nessa passagem, a distinção está entre o batismo para
aqueles que se arrependem, de um outro para os que se negam a abandonar os seus
pecados. Uma análise contextualizada dessa passagem nos revela que o batismo para os

35
http://pt.wikipedia.org/wiki/Batismo_no_Esp%C3%ADrito_Santo.

48
crentes é com o Espírito Santo enquanto que, para os infiéis, será com fogo, isso, no
entanto, afasta a relação que esse batismo tem com o simbolismo do fogo (At 2.3; 1Ts
5.19). Depois de João Batista, Jesus, profetizou e prometeu a realização futura desse
batismo. Em Jo 14.16, temos uma promessa indireta, já que, nesse versículo, é tratado
apenas da descida do Espírito Santo, e não, especificamente, do Batismo no Espírito
Santo. Em Lc 24.49, encontramos uma promessa mais detalhada, de Jesus, a esse
respeito quando ordena aos seus discípulos que aguardem em Jerusalém até que, do
alto, sejam revestidos de poder. Em At 1.5,8, no contexto da Grande Comissão, Jesus
faz alusões diretas e específicas sobre o cumprimento futuro dessa promessa.

O CUMPRIMENTO DA PROMESSA

Ao lermos o livro de Atos, observamos que essa promessa se cumpriu,


cabalmente, na vida da igreja primitiva. No capítulo 2, versículo 4 está escrito que
“todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme
o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Essa referência mostra como aconteceu o
enchimento do Espírito entre os primeiros crentes. Eles falaram numa outra língua, não,
necessariamente, uma língua estranha. Entendemos, assim, que é possível que alguém
seja batizado no Espírito Santo e fala uma língua estrangeira, contanto que essa seja
estranha para aquele que a está falando, pois não pode ser aprendida. Em Atos, o falar
em línguas aconteceu em todas as ocasiões desse derramamento, nos levando a concluir
que essa é uma manifestação física dessa experiência (At 8.14-20; 9.17 comp. 1Co
14.18; At 10.44-48; At 19.1-7). Esse falar em línguas deve ser distinguido da variedade
de línguas, de 1Co. 12.10, no contexto em que Paulo elenca os dons do Espírito Santo.
As línguas enquanto dom têm como objetivo a edificação de si mesmo e do corpo de
Cristo (1Co. 14.4), principalmente, quando há quem interprete (1Co. 14.5) e não podem
ser confundidas com as línguas como manifestação visível do Batismo no Espírito
Santo. Quanto à extensão, diz Pedro, em At 2.39: “a promessa vos diz respeito a vós, a
vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor
chamar”.

49
O PROPÓSITO DA PROMESSA

O texto básico que trata do propósito do Batismo no Espírito Santo é o de At 1.8.


Nesse versículo, Jesus diz, aos seus discípulos: “Mas recebereis a virtude do Espírito
Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em
toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. O batismo no Espírito Santo não
objetiva à santificação, para isso há o fruto do Espírito (Gl 5.22), para a edificação da
igreja, os dons espirituais (1Co 12). O batismo no Espírito Santo é uma capacitação
divina, com poder, para que o cristão seja uma testemunha eficaz da morte e
ressurreição de Cristo. Como testemunhas, precisamos estar preparados, e para tanto,
devemos buscar a revelação profética e apostólica da Escritura. Sem esse conhecimento
é improvável que sejamos boas testemunhas. Além disso, é necessário que cultivemos
um relacionamento contínuo com o Senhor, para que, em consonância com a Bíblia,
testemunhemos do que Ele tem feito em nós. Para que esse testemunho tenha efeito nos
que ouvem, devemos fiar nossa confiança, primordialmente, no “dynamis”, isto é, no
poder do Espírito Santo.

O SOPRO NOS DISCÍPULOS:

Jo 20.22: “E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o
Espírito Santo”.
No domingo da ressurreição, logo depois de apresentar-se como Cristo
Glorificado, Ele soprou sobre os discípulos e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo”.
Tal declaração não pode constituir a consumação das profecias do A.T., de João Batista
e do próprio Cristo a respeito do derramamento do Espírito Santo, pois 40 dias depois
(At 1.4-5) ainda mandou que os discípulos esperassem a Promessa do Pai (O Batismo
no Espírito Santo). Ele descreveu ainda o efeito daquele Batismo em At 1.8, e no
versículo 9 lemos que, ao proferir estas palavras, Cristo foi assunto aos céus. Assim 40
dias depois da tarde do domingo da Ressurreição, e no momento em que soprou o
Espírito Santo, Cristo ordena-lhes que esperassem a “PROMESSA DO PAI”.

“Ele habita convosco e estará em vós” (Jo 14.17; 20.22).

Há um mistério no fato de estar o Espírito Santo “nos” profetas do A.T. (1Pe


1.11; Ne 9.30) e nos crentes do NT (Gl 4.6; 1Co 3.16; 6.17,19), mas somente “com” os
discípulos durante o ministério de Cristo na Terra. “Ele habita convosco” e “estará em
vós” (Jo 14.17).

O Espírito Santo, depois da Ressurreição estava já à disposição dos corações, o


mesmo Espírito que durante três anos e meio estivera “com” eles, e Jesus não tardou
em ministrar esta vida nova aos discípulos. O Espírito Santo habitava dentro deles, mas
ainda restava o Pentecostes. Eram salvos (Lc 10.20), o Espírito estivera com eles, e
depois da Ressurreição Jesus soprou neles o mesmo Espírito e Este passou habitar
dentro deles. Todavia o “Batismo no Espírito Santo” só aconteceu no Pentecostes.

50
O ESPÍRITO SANTO HABITOU E USOU ALGUNS HOMENS NO
ANTIGO TESTAMENTO E ATÉ ANTES DO PENTECOSTES.
(Ex 28.3; 31.3; 35.31; Dt 34.9; Lc 1.13-17,41,67; 2.25-30).
No entanto foram casos isolados e para um ministério específico. Todavia hoje o
Espírito Santo habita na Igreja, o Corpo de Cristo na Terra, e habita em cada crente
individualmente (1Co 3.16; 6.17,19; Gl 4.6; Ef 2.22). A sua vinda oficial sobre a Terra,
sobre a Igreja, foi no dia de Pentecostes; só houve um Pentecostes, mas o seu efeito
ainda se repete.
Mas, nunca devemos nos esquecer que o Espírito Santo nunca deixou de ter
atuação na terra (Gn 1.2; 6.3; Ne 9.30) e nas vidas dos fiéis do A.T., como também não
deixará de atuar na Grande Tribulação, principalmente sobre os 144.000 que hão de ser
selados (Ap 7.1-8). Na parte final da GRANDE TRIBULAÇÃO o Senhor derramará
sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém o Espírito de Graça e de
Súplicas, e olharão para aquele (JESUS) a quem traspassaram (Zc 12.10). Assim, o
Espírito Santo efetuará a conversão de uma nação num dia (Is 66.7-8). Aí então se
cumprirá a profecia de Isaías e de Paulo: Is 59.20: “E virá um Redentor (Goel) a Sião e
aos que em Jacó se desviarem da transgressão, diz o Senhor”. Rm 11.26,27: “e assim
todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Redentor (Goel) que desviará
de Jacó a impiedade; e esta será a minha aliança com eles, quando Eu remover os seus
pecados” (Tradução Bíblia King James).
Devemos fazer uma tênue distinção entre a tripersonalidade divina (ὑποστάσεις –
hypostáseis)36 e a essência (οὐσία - ouçia)37 divina para entendermos a questão do Filho
estar na Terra e o Espírito Santo no céu e vice-versa.
Jo 16.7: “Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu (a ὑποστάσις -
hypóstasis do Filho) vá; pois se eu não for, o Ajudador (a ὑπόστασις - hypóstasis do
Espírito Santo) não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei”.
Em nenhum ponto a alma devota sente mais suas limitações do que quando é
confrontada com a responsabilidade de entender a TRIPERSONALIDADE de Deus. O
homem depois da queda tornou-se incapaz, à parte da iluminação divina, de
compreender o Criador soberano, e o salvo só recebe esse conhecimento de Deus
através da iluminação do Espírito Santo.
O estudo da personalidade de Deus está amalgamado ao estudo da Trindade, pois
“Deus na sua essência é uno, Ele é um ser simples, único, no sentido que não existem
nele partes componentes que, quando adicionada uma à outra, componham o ser de
Deus. Ele é essencialmente um, porém a pluralidade de pessoas na deidade não nega a
unidade essencial de Deus” (R.C. Sproul).
Estamos acostumados a pensar em relação segundo a qual um ser equivale a uma
pessoa. Cada pessoa que conheço no mundo é um ser distinto. Entretanto, nada existe
no puro conceito do ser que requeira que limitemos tal ser a uma única personalidade,
simplesmente porque estamos acostumados a pensar em uma pessoa que envolve um
ser” (R.C. Sproul).

36
ύπόστασις. Natureza substancial, essência, ser real, realidade Hb 1.3; 11.1.
37
ουσία – ousia. Palavra grega usada para se referir à essência.

51
“Na trindade, temos uma essência - οὐσία – ousia (ser) e três subsistências
(ὑποστάσεις - hypostáseis). As três pessoas da deidade subsistem na essência divina”
(R.C. Sproul).
“Dizemos que há três personas ou subsistências (ὑποστάσεις), verdadeira e
adequadamente assim chamadas, que são mutuamente distintas, cada uma possuindo
inteligência, subsistindo por si mesma e não transmitida ou transmissível às outras,
quais chamamos pessoas, de acordo com a definição que temos desse termo” (Hermann
Venema).
Quando Jesus diz: “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos”. Isto denota que a Pessoa do Filho (ὑπόστασις) que está no céu, também
em essência (οὐσία) está conosco aqui na Terra.

O ESPÍRITO SANTO TAMBÉM ESTARÁ ATUANTE DURANTE O


MILÊNIO.

O nosso batismo no Espírito Santo e o nosso conhecimento e vida no Espírito


são apenas as primícias daquela Plenitude que nos aguarda na ocasião da vinda em
Glória do Senhor Jesus. Quer dizer: a obra e o ministério do Espírito Santo aqui na
terra são apenas o início daquela grandiosa obra universal que ainda há de realizar-se
durante o milênio. Cumprir-se-á definitivamente a profecia de Jl 2.28-29.

Isaías também escreveu acerca daquele tempo (Is 32.15; 44.3). Ezequiel
acrescenta: “Porei dentro em vós o meu Espírito...” (Ez 36.27). Todavia nesta
dispensação o Espírito Santo exerce o seu ministério pleno na Igreja.

O Batismo no Espírito Santo

Esta experiência é assim chamada, porque é um batismo significando um


ensopamento, um transbordamento, uma saturação da alma e do corpo com o Espírito
Santo. Quando a Bíblia fala de Jesus “batizando no Espírito Santo” imediatamente
visualizamos algo externo, alguma coisa sendo colocada dentro de algo. Entretanto, a
palavra batizar no grego significa “cobrir totalmente” - É utilizada no grego clássico
com referência a um barco que fez água (a água entrou no barco) e se afundando - de
modo que realmente não faz diferença se Jesus nos imerge no Espírito em um sentido
externo da palavra; se Ele nos inunda do exterior; ou se Jesus faz com que o Espírito
que já habita em nós, aumente e transborde para cobrir nossa alma e corpo.
Provavelmente ambas as figuras sejam verdadeiras - O Espírito vem sobre nós tanto do
exterior como do interior, mas é importante lembrar que o Espírito Santo está vivendo
dentro de nós, portanto, é do interior que Ele pode inundar nossa alma e corpo (Jo 4.14;
7.38-39; Rm 8.9,11,14-16; 1Co 3.16; 6.17,19; Gl 4.6). Quando recebemos Jesus como
Salvador, o Espírito Santo “entra”, mas à medida que continuamos a confiar e crer em
Jesus o Espírito, que habita em nós, pode fluir copiosamente para inundar, ou batizar
nossa alma e corpo, e refrescar o mundo em nosso redor.

52
INFUSÃO E EFUSÃO DO ESPÍRITO SANTO: Jo 4.14; 7.38-39; Ef 5.18.
O Batismo no Espírito Santo não se trata de receber parte do Espírito na ocasião
do novo nascimento, e a totalidade depois na ocasião do batismo no Espírito Santo.
Como pessoa que é, o Espírito Santo é indivisível e tudo quanto fez em nós é feito
interiormente (Nm 11.17,25-26; Jo 4.14; 7;38-39; 1Co 12.13; 2Rs 2.9).
Quando aceitamos Cristo, o Espírito Santo entra em nós, e planta em nós uma
fonte perene e jorrante. Ele nos enche de paz e de satisfação. Porém à proporção que
enche a nossa vida, esta fonte vai engrossando de volume, fazendo-se um rio impetuoso
de águas vivas a espraiar-se pela alma e pelo corpo chegando ao transbordamento, ao
qual a Bíblia chama de “Batismo no Espírito Santo”.
Aqui desejo chamar atenção para o fato de que, quanto à relação entre nós e o
Espírito Santo, entram duas pessoas, uma divina e outra humana. A pessoa divina
habita na pessoa humana (Ef 2.22), e quer encher a sua vida com a divina Presença.
Paulo em Ef 2.22 fala de Deus habitando no espírito (o nosso).
Sendo de relações pessoais, a questão de ficar-se “cheio do Espírito Santo”
realiza-se à proporção que o crente permite ao Espírito dominar sua vida, em todas as
suas atividades e faculdades. Às vezes acontece que o crente abre de vez a sua vida ao
Espírito, e por sua parte, o Espírito de vez enche o crente. Parece que foi isso que
aconteceu na casa de Cornélio. Porém, em geral há um intervalo maior. E mesmo
depois deste batismo inicial temos a ordem de nos enchermos continuamente (Ef 5.18;
At 2.4; 4.31).
Ter o Espírito habitando em nós é diferente de tê-lo presidindo nossa vida. E,
pelo Espírito a presidir, queremos indicar a experiência “SER CHEIO DO ESPÍRITO”.
E ceder mais e mais à habitação do Espírito significa sermos mais e mais cheios do
Espírito. Mas isso não é o mesmo que ser revestido do poder do alto. O Espírito dentro
de nós enriquece a vida interior; o Espírito sobre nós unge com PODER para o
SERVIÇO.
O batismo no Espírito Santo não é só falar Línguas (Mc 16.17; 1Co 14.2).
Devemos crescer na Graça e no Conhecimento do Nosso Senhor Jesus Cristo (2Pe
3.18). Devemos buscar os melhores dons (1Co 12.31; 14.1) e seguir o amor (1Co 13).
Deus nos dará as manifestações e os ministérios do Espírito Santo para a edificação e
aperfeiçoamento da Igreja, e durante o nosso crescimento e amadurecimento, no devido
tempo surgirão os frutos do Espírito (Gl 5.22-23; Sl 1.3; Jr 17.7-8; Jo 15.1-8; Ef 4.11-
16; 1Co:12.1-11,28-31; 14.2,26; Rm 12.6-8).

O DIA DE PENTECOSTES

“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes…”. O nome “Pentecostes” (derivado da


palavra grega “cinqüenta”) era dado a uma festa religiosa do Antigo Testamento. A
festa era assim denominada por ser realizada 50 dias após a Páscoa (ver Lv 23.15-21).
Observe sua posição no calendário das festas. Em primeiro lugar festejava-se a
Páscoa. Nela se comemorava a libertação de Israel no Egito. Celebravam a noite em
que o anjo da morte alcançou os primogênitos egípcios, enquanto o povo de Deus
comia o cordeiro em casas marcadas com sangue. Esta festa tipifica a morte de Cristo,
o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos protege do juízo divino. No sábado, após a noite

53
de Páscoa, os sacerdotes colhiam o molho da cevada, previamente selecionado. Eram
as primícias da colheita, que deviam ser oferecidas ao Senhor. Cumprido isto, o
restante da colheita podia ser ceifado. A festa tipifica Cristo, “as primícias dos que
dormem” (1Co 15.20). O Senhor foi o primeiro ceifado dos campos da morte para subir
ao Pai e nunca mais morrer. Sendo as primícias, é a garantia de que todos quantos nele
creem segui-lo-ão pela ressurreição, entrando na vida eterna.

Quarenta e nove dias eram contados após o oferecimento do molho movido


diante do Senhor. E no quinquagésimo dia – o Pentecostes – eram movidos diante de
Deus dos pães. Os primeiros feitos da ceifa de trigo. Não se podia preparar e comer
nenhum pão antes de oferecer os dois primeiros a Deus. Isto mostrava que se aceitava
sua soberania sobre o mundo. Depois, outros pães podiam ser assados e comidos. O
significado típico é que os 120 discípulos no cenáculo eram as primícias da igreja
cristã, oferecidas diante do Senhor por meio do Espírito Santo, 50 dias após a
ressurreição de Cristo. Era a primeira das inúmeras igrejas estabelecidas durante os
últimos 19 séculos.

O Pentecostes foi a evidência da glorificação de Cristo. Para Myer Pearlman, a


descida do Espírito era como um “telegrama” sobrenatural, informando a chegada de
Cristo à mão direita de Deus. Também testemunhava que o sacrifício de Cristo fora
aceito no Céu. Havia chegado a hora de proclamar sua obra consumada. O Pentecostes
era a habilitação do Espírito no meio da Igreja. Após a organização de Israel, no Sinai,
o Senhor veio morar no seu meio, sendo sua presença localizada no Tabernáculo. No
dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio habitar na Igreja, a fim de administrar, dali, os
assuntos de Cristo.

O FALAR EM LÍNGUAS NA HISTÓRIA

Para os discípulos, era evidência de estarem completamente controlados pelo


poder do Espírito prometido por Cristo. Quando a pessoa fala uma língua que nunca
aprendeu, pode ter a certeza de que algum poder sobrenatural assumiu o controle sobre
ela. Alguns argumentaram que a manifestação do falar em línguas limitou-se à época
dos apóstolos. Aconteceu para ajudá-los a estabelecer o Cristianismo, uma novidade
naquela época. Não existe, no entanto, limites à continuidade dessa manifestação no
Novo Testamento.
Mesmo no quarto século depois de Cristo, Agostinho, o notável teólogo do
Cristianismo, escreveu: “Ainda fazemos como fizeram os apóstolos, quando
impuseram as mãos sobre os samaritanos, invocando sobre eles o Espírito mediante a
imposição das mãos. Espera-se por parte dos convertidos que falem em novas
línguas”. Ireneu (115-202 d.C.), notável líder da Igreja, era discípulo de Policarpo,
que por sua vez foi discípulo do apóstolo João. Ireneu escreveu: “Temos em nossas
igrejas muitos irmãos que possuem dons espirituais e que, por meio do Espírito, falam
toda sorte de línguas”.
A Enciclopédia Britânica declara que a glossolalia (o falar em línguas) “ocorreu
em reavivamentos cristãos durante todas as eras: por exemplo, entre os frades

54
mendicantes do século XIII, entre os jansenistas e os primeiros quaquers, entre os
convertidos de Wesley e Whitefield, entre os protestantes perseguidos de Cevennes, e
entre os irvingistas”. Podemos multiplicar as referências, demonstrando que o falar em
línguas, por meios sobrenaturais, tem ocorrido em toda a história da Igreja. (Nota: O
falar em línguas nem sempre é em língua conhecida. Ver 1Co 14.2).

Muitos calvinistas são antipentecostais, por este motivo colocamos este artigo de
Vicent Cheung:

Cessacionismo e o Falar em línguas 38

Os cessacionistas alegam que querem proteger as doutrinas da suficiência e


completude da Escritura. Creio que essa poderia ser uma das razões deles considerarem
necessário afirmar o cessacionismo. Contudo, creio que essa não é a única razão. Há
motivos ocultos por detrás dessa doutrina, tal como a incredulidade, e o medo que a
incredulidade seja exposta caso eles se aventurem e afundem como Pedro, quando o
Senhor o chamou para andar sobre a água. Teólogos versados não gostam de ser
embaraçados. Alguns deles crucificariam antes a Cristo com suas próprias canetas,
apenas para calá-lo, do que admitir que lutam com a incredulidade. Em todo caso, tem
sido mostrado que a continuação das manifestações sobrenaturais do Espírito não
compromete a suficiência e completude da Escritura.

A afirmação da soberania de Deus significa isto: se Deus quiser fazer uma pessoa
falar num idioma que ela nunca aprendeu, ele pode e fará. É simples assim. Se ele faz
isso ou não é uma coisa, mas não deveria haver dúvida que é possível, mesmo hoje.

Todavia, devemos reconhecer que a questão não é resolvida afirmando-se a mera


doutrina da soberania de Deus, visto que ela tem a ver com como ele usa essa soberania
com relação aos dons espirituais, e o que ele revelou na Escritura sobre isso. Também,
quando diz respeito aos dons espirituais, estamos nos referindo a um modo particular
da manifestação do poder de Deus, a saber, por meio de instrumentos humanos como
dons espirituais. Assim, é reconhecido que o assunto é complexo, embora permaneça
que o fundamento para a discussão deve ser a soberania de Deus, que ele pode e fará
tudo o que deseja. E em conexão com os dons espirituais, eu direi novamente que,
embora haja muitos versículos na Escritura nos ordenando a usar os dons espirituais,
não existe nenhuma evidência bíblica, ou qualquer outro tipo, que sequer venha a
sugerir que esses tenham cessado.

Deixe-me aplicar primeiro meu argumento simples contra o cessacionismo ao


caso do falar em línguas. Paulo escreve: “Não proíbam o falar em línguas” (1Coríntios
14.39, NVI). Mas se todos os dons espirituais cessaram, então as línguas cessaram. E se
as línguas cessaram, então todas as alegações de falar em línguas hoje são falsas. Se

38
http://www.vincentcheung.com/2009/03/09/cessationism-and-rebellion/.

55
todas as alegações de falar em línguas hoje são falsas, estão devemos proibir o falar em
línguas. Em outras palavras, se o cessacionismo é correto, então estamos obrigados a
fazer exatamente o oposto do que Paulo ordena nesse versículo sobre a base que a
situação mudou, de forma que a mesma preocupação apostólica requereria que
proibíssemos todo o falar em línguas.

Contudo, transformar “Não proíbam o falar em línguas” em “Sempre proíbam o


falar em línguas” requereria um argumento bíblico que fosse igualmente explícito, ou
se este deve vir por dedução ou inferência, que seja um raciocínio perfeito, infalível,
sem qualquer possibilidade de erro ou lugar para crítica. De outra forma, ninguém tem
autoridade para dizer que o falar em línguas cessou, e ainda menos para proibir o falar
em línguas.

Jesus diz: “Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que
dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino
dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado
grande no Reino dos céus” (Mateus 5.19). Deus me ordena: “Não matarás”. Se você
deseja promover uma doutrina que requeira de mim (Vicent Cheung) mudar isso para,
“sempre matarás”, então antes de eu ir para a matança, irei demandar que você produza
um mandamento bíblico direto que substitua o primeiro, ou um argumento bíblico
apoiando o novo mandamento ou obrigação que seja claro e perfeito, sem qualquer
possibilidade de erro ou lugar para crítica. Se eu percebo sequer a mínima falha ou
fraqueza, irei permanecer com o que é claro e direto, isto é, “não matarás”.

Da mesma forma, se ensino “não proíbam o falar em línguas” e você ensina


“sempre proíbam o falar em línguas” (ou uma doutrina que leve a isso), então um de
nós deve estar errado. Para me mostrar que sou eu quem está em erro, eu demandaria
que você produza um argumento bíblico que seja tão claro, forte, perfeito e infalível
como aquele que diz, “não proíbam o falar em línguas”.

Francamente, contra essa consideração, eu teria muito receio de ensinar o


cessacionismo. E eu me pergunto como podemos justificar a decisão de permitir
alguém permanecer no ministério, quando esta pessoa continua ensinando o
cessacionismo após ouvir este simples argumento. Se ele não pode respondê-lo – se não
pode produzir um argumento infalível para o cessacionismo – mas continua a ensinar a
doutrina, isso pode significar apenas que ele conscientemente promove rebelião contra
o Senhor. Que direito temos, então, de nos refrear de removê-lo do ministério? Eu
tenho autoridade para proteger tal pessoa da disciplina da igreja? Mas eu não sou mais
forte que o Senhor. Nessas circunstâncias, o cessacionismo não é uma doutrina sobre a
qual argumentar, mas um pecado do qual se arrepender. Os cristãos deveriam não
somente evitar o cessacionismo, mas deveriam temer afirmá-lo, pois equivale a um
desafio direto e deliberado aos mandamentos de Deus.

Você pode dizer: “Tudo bem dizer que não devemos proibir falar em línguas,
mas devemos proibir a falsificação”. Como isso é relevante neste ponto? Se na tentativa
de se opor à falsificação, você se opõe a todas as alegações de falar em línguas como

56
uma questão de princípio, então você volta a desafiar o mandamento de Paulo
novamente. Se você admite que não devemos proibir falar em línguas, mas devemos
julgar cada caso por seu próprio mérito, eu concordaria contigo, mas então você não
mais seria um cessacionista.

Agora que mencionamos a possibilidade da falsificação, a discussão finalmente


chega à natureza das línguas. Atos 2 nos diz que o Espírito Santo capacitou os
discípulos a falar em idiomas que eles nunca aprenderam. Esses eram idiomas humanos
conhecidos e reconhecidos pelos estrangeiros que estavam presentes. Algumas vezes é
suposto que foi um milagre de audição, mas os estrangeiros ouviram os discípulos falar
em seus próprios idiomas porque os discípulos estavam falando no idiomas deles. A
Escritura declara que eles falaram o que o Espírito lhes deu. Ela não diz que o Espírito
alterou a audição da audiência. O falar em línguas em 1Coríntios 12-14 é o mesmo tipo
de manifestação que aquela em Atos 2. Não há razão para pensar de outra forma.

Visto que as expressões consistiam de idiomas humanos, como demonstrado em


Atos 2 e também indicado em 1Coríntios 13.1, há certas características que deveríamos
esperar. Um idioma humano inclui um vocabulário substancial, ou palavras, que
formam sentenças. Em linguagem ordinária, sentenças são marcadas por pausas e
inflexões, que frequentemente determinam o significado preciso dessas sentenças. Por
exemplo, uma inflexão poderia mudar o que seria entendido como uma declaração de
fato numa pergunta. Dessa forma, “você irá à igreja hoje”, muda para “você irá à igreja
hoje?”. Uma inflexão poderia também tornar uma declaração ordinária numa
exclamação, ou mesmo numa acusação. Há muitas outras coisas que podemos
mencionar sobre as características dos idiomas humanos, mas o ponto é que elas
exibem traços e padrões complexos que são discerníveis.

Recentemente, ouvi um sermão sobre a abordagem bíblica ao crescimento da


igreja por John MacArthur. Ele insistiu que os métodos de crescimento de igreja que
são baseados em teorias de negócio e marketing são perversos e destrutivos. Antes, ele
propôs que os cristãos deveriam retornar a Atos dos Apóstolos, visto que ali o método
modelado pelos primeiros discípulos é apresentado. Ele não se referia a algum modelo
do Novo Testamento num sentido geral, mas foi inflexível que devemos seguir o Livro
de Atos.

Então, no curso do sermão, ele ofereceu cinco princípios que tinha derivado: A
igreja primitiva tinha 1) Uma mensagem transcendente, 2) Uma congregação
regenerada, 3) Uma perseverança resoluta, 4) Uma pureza evidente, e 5) Uma liderança
qualificada. Contudo, qualquer expositor honesto deveria ter adicionado, 6) Um
ministério de falar em línguas, curar coxos, ressuscitar mortos, expelir demônios,
destruir mentirosos, romper prisões, sacudir casas, amaldiçoar feiticeiros, ter visões,
predizer o futuro e realizar milagres. Todas essas coisas são registradas no Livro de
Atos, não são?

Sem dúvida, eu não esperava que MacArthur se embaraçasse com a verdade.


Sabendo que ele é um cessacionista extremo, esperava uma menção desse item antes de

57
rejeitá-lo, mas nada foi dito. Ele nem mesmo o mencionou. Mas eu pensei que
deveríamos retornar ao padrão no Livro de Atos. Qual Livro de Atos ele estava lendo?
Esse é o campeão da pregação expositiva que tantos cristãos adoram? Mas eu pensei
que a pregação expositiva compeliria o pregador a abordar tópicos com os quais ele não
se sente confortável, e apresentar o que ele poderia achar difícil de aceitar. O que
aconteceu com isso?

Eu vou lhe dizer qual é o padrão no Livro de Atos – é o padrão de não permitir
que a desonestidade e o preconceito obscureçam os ensinos claros da palavra de Deus.
Se nos forçássemos a ser caridosos sem justificação, poderíamos dizer que MacArthur
evitou a questão para economizar tempo de mencionar algo no qual ele não crê. Mas
ele violou, no mínimo superficialmente, seu próprio padrão de pregar a Palavra de
Deus como ela está escrita. É muito difícil, se não impossível, excusar alguém de
mencionar os milagres quando ele mesmo, com tanto zelo e indignação, repreende a
igreja por falhar em seguir o padrão no Livro de Atos.

Jesus disse que receberíamos poder quando o Espírito Santo viesse sobre nós.
Assim, onde está o poder? Você que não acredita na continuação dos dons
sobrenaturais: Você diz que tem o Espírito, que todos os crentes têm o Espírito, mas
onde está o poder? Seu hipócrita – você finge ter isso redefinindo o conceito. E você
que crê na continuação dos dons sobrenaturais: Você alega ter o Espírito, mas onde está
o poder? Seu hipócrita – você insulta o Espírito implementando um padrão baixo, de
forma que as falsidades e os excessos são numerados juntamente com o que é genuíno,
se é que há manifestações de fato genuínas entre vocês. Quando Elias desafiou os
falsos profetas, ele não tornou isso fácil para si mesmo ou para o Senhor. Ele não
derramou gasolina nos sacrifícios, mas derramou muita água. Ele era da opinião que se
Deus não fizesse isso, então que não fosse feito, mas se Deus fizesse, então que não
houvesse dúvida que foi um milagre do Senhor, e não dos esquemas e artimanhas dos
homens.

Vocês dizem que têm o Espírito, mas quando os discípulos foram cheios com o
Espírito no Livro de Atos, houve tamanhas manifestações de poder que fizeram os
incrédulos tremer. Onde está o poder? É verdade que uma demonstração de poder
divino nem sempre equivale a milagres, mas existe alguma manifestação de poder entre
vocês? Qualquer uma que seja? Onde está a autoridade divina em sua pregação? Onde
está a sabedoria divina em seu conselho? Onde está a ousadia divina em suas ações?
Você tem seus métodos expositivos, seus diplomas de seminário, seus ensaios de
ordenação, e os livros deste ou daquele teólogo em sua biblioteca. Mas você não tem o
poder.

O poder é a herança de todo cristão, e o equipamento necessário de todo ministro


do evangelho. Deus não nos deu um espírito de fraqueza, mas um espírito de poder –
poder para perceber, crer, declarar, suportar e poder para confrontar e destruir o
cinismo e a incredulidade.

58
Cessacionismo e Rebelião 39

Não apaguem o Espírito. Não tratem com desprezo as profecias. (1


Tessalonicenses 5.19-20, NVI).

Os versículos 19-22 discutem a política apostólica para com a profecia. Paulo


escreve, “não tratem com desprezo as profecias”, mas ele diz aos cristãos para por “à
prova todas as coisas”.

Cessacionismo é a falsa doutrina que as manifestações de concessões


miraculosas tais como aquelas listadas em 1Coríntios 12 cessaram desde os dias dos
apóstolos e a finalização da Bíblia. Embora não exista nenhuma evidência bíblica para
essa posição, um motivo principal para essa invenção é assegurar a suficiência da
Escritura e a finalidade (completação) da Escritura. Contudo, tem sido mostrado que a
continuação das manifestações miraculosas de fato não contradiz essas duas doutrinas,
nem as coloca em risco.40 Dessa forma, o cessacionismo é tanto antibíblico como
desnecessário.

Mais que isso: o cessacionismo é também perverso e perigoso. Isso porque se o


cessacionismo é falso, então aqueles que advogam essa doutrina estão pregando
rebelião contra o Senhor.

A Bíblia ordena aos cristãos: “Sigam o caminho do amor e busquem com


dedicação os dons espirituais, principalmente o dom de profecia” (1Coríntios 14.1). Se
o cessacionismo é correto, mas não sabemos isso, então ainda poderíamos obedecer
com segurança essa instrução, embora não receberíamos o que desejamos. Isto é, se a
profecia cessou, mas penso que ela ainda continua, então eu ainda poderia desejar o
dom de profecia de acordo com este mandamento, mas não receberei o dom de
profecia. Nenhum dano é feito.41

Por outro lado, visto que o cessacionista ensina que a profecia cessou, então
embora a Bíblia diga “busquem os dons espirituais”, ele não desejará os dons
espirituais, visto que os dons espirituais não estão mais em operação, e aqueles dons
que as pessoas pensam ter são necessariamente falsos. Isso também se aplica à profecia
em particular. Assim, embora Paulo diga, “não tratem com desprezo as profecias”, o
cessacionista deve tratar todas as profecias com desprezo, visto que ele crê que a
profecia cessou, de forma que todas as profecias hoje são falsas. Sua visão para com a
profecia deve ser “rejeitar todas as coisas”, em vezes de por “à prova todas as coisas”.
Mas novamente, se o cessacionismo é falso, então essa pessoa estaria pregando rebelião
contra os mandamentos bíblicos de desejar e provar as manifestações espirituais.

39
CHEUNG, Vicent. http://www.vicentecheung.com./2009/03/2009/cessationism-and-rebellion.
40
Veja Don Codling, Sola Scriptura and the Revelatory Gifts (Sentinel Press, 2005).
41
Se a profecia cessou, mas penso que continua, eu desejarei a mesma e falharei em receber, e então é possível que eu
pense que a tenha recebido (e isso é possível porque eu falsamente penso que ela continua) e passe a profetizar. Isso seria
uma falsa profecia. Há de fato dano nisso, mas o problema não está em pensar que a profecia continua, mas em pensar que
eu tenho o dom quando não o tenho. Assim, essa é uma questão relacionada, mas separada, e é abordada pela instrução de
Paulo, isto é, testando-se a suposta profecia, e não imposto a doutrina antibíblica do cessacionismo.

59
Visto que os mandamentos “busquem os dons espirituais”, “não tratem com
desprezo as profecias”, e “ponham à prova todas as coisas” são revelados por
autoridade divina e infalível, o cessacionista deve apresentar um argumento infalível
para torná-los inaplicáveis hoje. Se não pode fornecer isso, mas ainda advoga o
cessacionismo em face desses mandamentos bíblicos explícitos, então não é óbvio que
ele tem condenado a si mesmo diante de Deus, mesmo que esta pessoa esteja correta
que os dons cessaram? Nenhum cristão deveria ousar seguir tal pessoa ou crer em sua
doutrina. Se uma pessoa prega o cessacionismo, mas não pode prová-lo – se não pode
fornecer um argumento infalível para ele (visto que o mandamento para buscar as
manifestações espirituais é claro e infalível), então isso significa que ele
conscientemente prega rebelião contra alguns dos mandamentos claros da Bíblia. Por
que, então, ele não deveria ser removido do ministério, ou mesmo excomungado da
igreja?

Visto que os argumentos para o cessacionismo são forçosos e frágeis, e visto que
a doutrina apresenta um perigo tão grande, é melhor acreditar na Bíblia como ela está
escrita, e obedecer aos seus mandamentos como estes estão declarados – isto é,
“busquem os dons espirituais” e “ponham à prova todas as coisas”. Essa posição é fiel
às declarações diretas da Escritura, mas requer resistência corajosa aos argumentos
falaciosos, intimidações acadêmicas e tradições eclesiásticas.

Inerente nesta abordagem bíblica está a proteção contra os fanáticos neo-


pentecostais e os milagres falsos. A Bíblia nos instrui a por “à prova todas as coisas”, e
visto que isso é suficiente, ela é capaz de expor os milagres falsificados e as profecias
falsas. A resposta não é afirmar que os dons cessaram, mas seguir as instruções que a
Bíblia já deu sobre o assunto. Essa posição, que deveríamos seguir o que a Escritura
diz, nos ofereceria proteção perfeita, mesmo que o cessacionismo fosse correto. Se a
profecia de fato cessou, então qualquer profecia hoje é falsa. Visto que a Bíblia é uma
revelação suficiente, a informação nela nos capacitará a por “à prova todas as coisas”,
de forma que qualquer suposta profecia hoje ou será testada, e encontrando-se falsa,
será condenada, ou se o conteúdo é tal que a torna intestável, será ignorada.

O cessacionismo nos ensina a abandonar alguns mandamentos divinos sem


garantia divina, e dessa forma prega rebelião, mas a posição que deveríamos obedecer
tanto “busquem os dons espirituais” como “ponham à prova todas as coisas” prega
obediência ao Senhor, e é ao mesmo tempo capaz de se proteger contra todo engano.
Não existe nenhum perigo em desejar dons espirituais, conquanto também testemos
todas as coisas – se todas as manifestações espirituais são falsas, então exporemos
todas elas como falsas quando as testarmos, e assim consideraremos todas elas como
falsas. Uma pessoa que faz isso não está em perigo de incorrer em julgamento.

60
A EVIDÊNCIA FÍSICA E BÍBLICA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

O PADRÃO NO LIVRO DE ATOS


1. Pentecostes: At 2.4. Nesta passagem, o ser cheio com o Espírito Santo e o falar em
línguas estão intimamente ligados. Este é o nosso exemplo mais puro no sentido de que
Ele era o precedente soberano de Deus; esta foi a maneira como aconteceu
inicialmente; esta foi a maneira pela qual Deus introduziu esta experiência na Igreja.
2. Samaria: At 8.15-19. Ainda que a palavra “línguas” não seja mencionada, notamos
que Simão viu a manifestação do Espírito quando os apóstolos impunham as mãos nas
pessoas. Ele já havia visto curas e expulsão de demônios; contudo, ele não havia visto
nada como o que aconteceu quando os discípulos samaritanos receberam o Batismo no
Espírito Santo. Podemos concluir que ele viu a mesma manifestação (línguas) que
ocorreu nas outras quatro experiências pentecostais no livro de Atos.
3. Paulo: At 9.17; 1Co 14.18. É razoável e biblicamente consistente assumir-se que
Paulo falou em línguas pela 1a vez ao “receber o Espírito” já que outras referências
confirmam que este era o padrão de Deus.
4. A Casa de Cornélio: At 10.44-47; 11.15-17. Pedro chamou esta experiência de
Batismo com o Espírito Santo e de Dom. As línguas foram o sinal a Pedro e aos judeus
que fizeram com que eles soubessem indubitavelmente o que foi que aqueles gentios
haviam recebido.
5. Em Éfeso: At 19.2-6. Uma vez mais, línguas são ligadas com o recebimento do
Espírito. Devemos portanto, concluir que as línguas são a evidência física e bíblica de
que alguém foi batizado no Espírito Santo.
Frequentemente, algumas pessoas têm uma visitação do Espírito Santo muito
real, o que é para elas uma verdadeira apoteose pentecostal. Contudo, elas não se
entregam ao Espírito e não falam línguas. Estas pessoas muitas vezes, insistem que elas
receberam o Batismo no Espírito Santo por causa da realidade e preciosidade da
experiência. Isto, logicamente, deve ser respeitado por todos. Entretanto, não devemos
nunca estabelecer qualquer outra evidência ou diminuir aquela que é o sinal do
recebimento do Batismo no Espírito Santo, de acordo com o que a própria Bíblia
ensina. Portanto, estas pessoas devem ser ensinadas a se entregarem ao Espírito e
permitirem que Ele se expresse através de seus órgãos vocais. Poderíamos também
observar que as línguas de fogo ou o vento impetuoso que foram vistos e ouvidos no
dia de Pentecostes não aconteceram novamente como um sinal, mas que as línguas são
sinal e evidência do Batismo no Espírito Santo ainda perdura até aos nossos dias.

POR QUE DEUS ESCOLHEU O FALAR EM LÍNGUAS COMO PROVA


APARENTEMENTE ESTRANHA PARA ACOMPANHAR O BATISMO NO
ESPÍRITO SANTO?

RESPOSTA: 1Co 14.4-5,14-15; Jd 20 - Falar em línguas é orar com ou no espírito; é o


nosso espírito inspirado pelo Espírito Santo falando com Deus. Acontece que em vez
do cristão falar com Deus numa língua que conhece intelectualmente, ele simplesmente
fala, com fé como de uma criança, numa língua concedida pelo Espírito Santo, ele
confia a Deus a formação das palavras. O espírito humano regenerado unido ao Espírito

61
Santo (1Co 6.17; 14.2), ora diretamente ao Pai, em Cristo, sem ter de aceitar as
limitações do Intelecto, ou melhor, do nosso PSIQUÊ.

“O que fala em outras línguas a si mesmo se edifica” (1Co 14.4 – oikodomei -


οἰκοδοµει). “Edificar” é a tradução da palavra grega oikodomeō (οἰκοδοµέω) que
literalmente significa “Construir”. Aqui significa edificar espiritualmente. O apóstolo
Judas usa uma palavra correlata quando diz: Edificando-vos na vossa Fé santíssima,
orando no Espírito Santo (Jd 20). Judas mui claramente, nesta passagem refere-se ao
falar em línguas. O Intelecto, por não compreender a língua fornecida pelo Espírito
Santo, torna-se humilde; a alma (Psiquê) é colocada em seu devido lugar, sujeita ao
espírito. A oração é oferecida a Deus em liberdade. A oração vem justamente como o
Espírito Santo deseja; portanto é uma oração perfeita e eficaz. O Pai pode aceitá-la
totalmente, porque não procede de nossas almas ainda confusas, mas procede do
Espírito Santo por intermédio de nosso espírito, oferecida por nossa vontade e
cooperação.
A nossa voz, discurso ou como a Bíblia diz, a nossa língua, é o nosso principal
meio de expressão, por isso não é coincidência que é aqui onde o Espírito Santo
escolhe fluir primeiro. Nossa capacidade de falar é espiritual, psicológica e
filosoficamente central (Pv 18.20,21; Sl 73.8,9; 57.4; 12.2-4; Tg 3.1-18). Parece que a
mesma faculdade de discurso que é algo tão grande, também é a coisa principal que
obstrui a liberação do Espírito Santo na vida do crente.
Os neurocirurgiões afirmam que os centros da fala dominam o cérebro. Sendo
assim, Deus não pode dominar o cérebro físico a menos que tenha o controle do centro
da fala.
“Quem pode domar a língua?” Pergunta Tiago, e a resposta é: O Espírito Santo!
E falar em línguas é parte do processo.
O Espírito Santo deseja inspirar e regulamentar o meio de expressão mais
importante que você tem - a capacidade de falar - também quer domar e purificar
aquilo que é a principal causa de pecado para você, sua língua!
Falar em línguas não tem nada a ver com a emoção, o falar em línguas não pode
ser emoção, porque as emoções são partes da alma, do PSIQUÊ, enquanto o falar em
línguas é falar no espírito (1Co 14.14,15).
O falar em línguas é como dar partida num carro, você não consegue andar a 180
Km/h antes de dar partida, assim também são as manifestações do Espírito; as línguas
são o ponto de partida, e no decorrer do crescimento cristão aparecerão o Fruto, os
Dons, e as demais manifestações do Espírito Santo. Dê partida, comece a falar pela Fé
em outras línguas. Amém.

HÁ UMA DIFERENÇA ENTRE LÍNGUAS COMO EVIDÊNCIA INICIAL DO


BATISMO NO ESPÍRITO SANTO E O FALAR EM LÍNGUAS COM “DOM DE
LÍNGUAS”.

Todos os casos anteriores mostram que as pessoas falaram em línguas ao


receberem o batismo no Espírito Santo. Na maioria destes casos, é obvio que eles não
se submeteram às instruções do Senhor naquilo que se refere à maneira em que as

62
línguas deveriam ser usadas para edificarem a Igreja (1Co 14). É evidente quando uma
pessoa ou um grupo recebem o Batismo no Espírito Santo não é possível seguir as
instruções contidas em 1Co 14 sobre o uso das línguas, todavia depois de recebido o
Batismo o crente deve procurar se educar segundo a Bíblia e tudo deverá ser feito para
edificação da Igreja.
Em Coríntios todos falavam ao mesmo tempo (1Co 14.6,23,27). Isto está em
desacordo com a Bíblia e torna-se numa desordem. Além disso, não havia
interpretações, o que 1Co 14.5,28 revela como sendo impróprio também na assembleia.
Charis Charisma Charismata
Graça O Dom do Espírito Dons Espirituais
Devemos nos lembrar que o recebimento do Batismo do Espírito Santo não era
chamado de “O DOM DE LÍNGUAS”, e sim “O DOM DO ESPÍRITO SANTO” (At
10.45; 11.15-17), o qual incluía o falar em línguas. Os exemplos bíblicos anteriores nos
mostram que todos deveriam falar em línguas ao receberem o Batismo no Espírito
Santo. Mas Paulo mostra que há também um falar em línguas dentre os vários dons
dados à Igreja para o ministério do Corpo (1Co 12.10,30; 14.5,26).

JESUS
Charis Charisma Charismata
Graça O Dom do Espírito Dons do Espírito

Foi a confusão destes dois, aliás que o Senhor procurou corrigir em Coríntios.
Alguns vinham às reuniões e falavam em línguas demasiadamente, sem nenhuma
interpretação, produzindo abusos e confusão. Assim, através do Apóstolo Paulo, o
Senhor esclareceu este problema. Ele os ensinou que a assembleia do povo de Deus
deve ser respeitada e que cada pessoa deveria edificar a Igreja (1Co 14.12); e que as
mensagens em línguas dadas na Igreja deveriam ser interpretadas para que todos
pudessem ser edificados (1Co 14.5,28).

Paulo esclarece, no entanto, que ele não está se referindo ao uso privado de
língua, nas orações e louvor deles ao Senhor (1Co 14.4,15,18,19). A isto ele chama de
“ORAR NO ESPÍRITO” e “CANTAR NO ESPÍRITO” e confirma o fato de que
deveríamos praticá-lo. Por exemplo: Ef 5.18,19 nos exorta que estejamos cheios do
Espírito e que falemos “entre nós” com cânticos espirituais. Ef 6.18 nos exorta que
oremos sempre “no Espírito Santo”, e em Jd 20 somos exortados a edificar-nos através
do nosso orar no Espírito Santo. Paulo, aliás disse que ele praticava o falar em línguas
abundantemente (mais que todos os coríntios juntos). Paulo está escrevendo aos
cristãos de Coríntio no que se refere à conduta deles na assembleia e como eles
deveriam “falar aos homens” através do ministério e comunicação.

Ele não nos condena a um silêncio de línguas absoluto, ao invés, somente


silêncio “na Igreja”, a não ser que elas sejam interpretadas. Aliás, ele usa a palavra
igreja ou igrejas nove vezes neste capítulo, o que é muito mais vezes que em outro
capítulo do Novo Testamento (1Co 14.4,5,12,19,23,28,33,34,35). Além disso, note as
frases: “quando vos reunis (v.26). (Leia Cl 3.16). Devemos lembrar que o Paulo deseja

63
neste capítulo (1Co 14) e de ensinar-nos como usar as línguas para o “benefício” dos
irmãos.

O PROPÓSITO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

At 1.8. Poder para Testemunhar. Isto não somente envolve o nosso testemunho
verbal, mas também uma qualidade de vida a qual produz o testemunho visível a que
Jesus se refere em Mt 5.16.

A Bíblia enfatiza esta experiência numa escala mais ampla, mais permanente e
contínua do que aquilo que comumente entendemos. A ênfase, freqüentemente, tem
sido forte no ato inicial do recebimento do Batismo no Espírito Santo, mas fraca nos
efeitos contínuos que ele tem que ter em nossas vidas. O recebimento da Promessa e o
sermos cheios com o Espírito Santo retratam a invasão da nossa vida e caminhar por
completo pelo Espírito de Deus. Significa sermos imersos ou mergulhados no reinado
do Espírito. Ao divorciarmos o INICIAL do CONTÍNUO, fazemos com que as pessoas
não tenham o suficiente. Ao enfatizarmos o começo da jornada e não a própria jornada,
temos um foco errado, o qual produz uma ênfase errada em nossas vidas práticas. Uma
das maiores ênfases de Paulo, em seus escritos resume-se em Gl 5.25. “Se vivemos no
Espírito, andemos também no Espírito” - em outras palavras, não é suficiente entrarmos
no reinado ou esfera do Espírito. Devemos continuamente andar sob a influência do
Espírito (Andemos = STOIKHÕMEN (στοιχῶµεν) = caminhar continuamente em
linha reta).

COMO RECEBER O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO:


1) OUVIR COM FÉ; ouvir a Palavra e confiar em Deus (Gl 3.2,5,14; Rm 10.17; At
10.44-48.
2) PEDIR COM FÉ: Lc 11.5-13; Mc 11.24; 1 Jo 5.14; Tg 1.6,7.
3) RECEBER COM FÉ: Jo 4.14; 7.37-39; Gl 3.2. (Beber).
4) DEIXAR FLUIR OS RIOS COM FÉ: Jo 7.38,39; 12.24,25.
5) OBEDIÊNCIA: At 5.32.
As condições gerais necessárias são: arrependimento e batismo na água, os quais
envolvem uma confissão de Fé em Cristo e um passo de obediência ao seu senhorio.
Atos 2.38. “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo para remissão de vossos pecados, e recebereis o Dom do Espírito
Santo”.
A RESPOSTA DA FÉ: Gl 3.2,5,14. A Fé é a condição básica pela qual o homem
recebe tudo de Deus (Hb 11.6; Tg 1.6-8). A tendência do homem é de se apoiar nos
sentidos e emoções. Portanto se ele não tem uma “justiça que possa ser sentida”, ou se
ele não se sente digno, ele se aliena das bênçãos de Deus.
É de grande importância que notemos a palavra “DOM” em At 2.38. Deus
especificou que ele seria um “DOM DADO”, não comprado (At 8.15-19). Ninguém
compra um Dom; simplesmente o recebemos. O arrependimento e o novo nascimento
preparam uma pessoa para que ela seja batizada e cheia com o Espírito, e não obras ou
mérito ou caráter e maturidade cristãos. Apenas podemos receber os dons de Deus pela

64
Fé que é o pré-requisito para a salvação, para que sejamos cheios com o Espírito, para
curas, para a operação dos dons, etc. Não é necessário que ensinemos as pessoas a
“esperarem” pelo Espírito. Os crentes da Igreja primitiva não ensinavam nem
praticavam isto. Entretanto, é possível que façamos um período de espera por falta de
Fé ou devido a nossa tentativa de nos tornar dignos antes que o recebamos. Uma das
maiores lições que aprendemos, no entanto, caso esperamos, é que isto não é
necessário. Uma longa espera não é uma virtude, pelo contrário é frustração ao
indivíduo como também à graça de Deus (Gl 2.21). Quanto tempo alguém espera,
dependerá de sua Fé e de sua obediência.
Devemos responder com Fé e Obediência para que recebamos o Espírito.
É uma experiência tanto sobrenatural como humana; é o movimento do Espírito
Santo combinado com entrega, resposta e Fé, humanas. O milagre não é tanto de que a
pessoa esteja falando, e sim o que ela esteja falando. O Espírito Santo lhes deu as
palavras no dia de Pentecostes, mas eles é que falaram (At 2.4). A verdade sobre a ação
cooperativa entre Deus e o homem é ilustrada em vários lugares: Mt 10.19,20; 1Co
14.14,15; 3.9.

6) BUSCA - é de se esperar que logo após a conversão, a pessoa receba o Batismo no


Espírito Santo, tal como aconteceu em Samaria (At 8.17) e Cesaréia (At 10.44-48),
mas algumas vezes pode demorar muito tempo. Jesus sabia que poderia acontecer,
por isso ele nos exorta a continuar buscando sem desanimar (Lc 11.9-13).
Várias podem ser causas dessa demora:
1. Algum pecado oculto na vida do crente e do qual ele deverá se arrepender;
2. Falta de Fé verdadeira, a qual precisará desenvolver;
3. Falta de buscar com insistência;
4. Condicionamento mental de que tal experiência não é para os nossos dias e sim
somente para os dias apostólicos;
5. Condicionamento mental de que tais coisas não devem estar presentes dentro
das igrejas denominacionais;
6. Medo de falar da carne e de falsificações demoníacas;
7. Algum plano especial de Deus para com esse servo e por isso retarda a
promessa a fim de cumpri-la num momento adequado, etc...
Independente da ajuda externa, aquele que deseja vencer seus bloqueios
inibidores a fim de receber o batismo no Espírito Santo, deve buscá-lo com convicção e
irá conseguir. Essa busca deve ser alimentada com oração e louvor.
7) LOUVOR - Uma das finalidades principais do batismo no Espírito Santo é
conduzir o crente a uma forma mais elevada de louvor. A experiência cristã nos mostra
que o Senhor se faz presente entre seus adoradores, e muitos são batizados no Espírito
Santo de uma maneira muito simples e natural, quando o interessado, sem pedir o
batismo, começa a louvar, glorificar e agradecer a Deus (Sl 34.5-7).
Glorificar a Deus não é a mesma coisa que ficar gritando desesperadamente
“glória, glória, glória”... como ensinam alguns obreiros, tais expressões não significam
glorificar a Deus no mais profundo de seu coração sem se preocupar se vai ou não
receber o batismo. A adoração coloca o crente na dimensão espiritual e a partir daí o
Espírito Santo fluirá naturalmente através do seu espírito humano (Jo 7.37-39).

65
Uma vez que estejamos louvando a Deus em espírito, de repente virá algo
diferente em nossa mente ou então na nossa língua sem passar pela mente, concentre-se
nesse algo diferente, porém sem expectativa ansiosa, pois isso fatalmente atrapalhará.
Com calma, deixe que as palavras de louvor fluam. Algumas pessoas quando chegam a
esse ponto dão vazão total às palavras que fluem do seu interior como uma verdadeira
enxurrada arrastando tudo ao redor; em outras pessoas, ao chegarem a esse ponto, as
palavras afloram com pequenas gotas esparsas. Neste caso, continue, porque você já
conseguiu, agora é só uma questão de tempo para você se desinibir totalmente e liberar
o seu espírito.

8) ORAÇÃO - Como já dissemos antes, a inibição é um obstáculo para o recebimento


do batismo no Espírito Santo. Se o crente conseguir se libertar dos fatores inibidores,
conseguirá, então, falar em línguas com naturalidade. Já vimos a importância do louvor
para isso, pois conduz a pessoa para dentro da esfera espiritual, mas é a oração (em
geral a oração de louvor) que libertará de vez tal pessoa de suas inibições.
Muita gente quer receber o batismo no Espírito Santo e falar em línguas, porém
não consegue nem ao menos abrir a boca para falar em sua própria língua, pois é muito
retraído; como espera então falar em outras línguas.
A pessoa que busca o batismo, poderá recebê-lo nas mais diversas circunstâncias,
até mesmo dormindo ou sem esperar, mas uma das coisas que mais poderá ajudá-la, é
convidarmos essas pessoas a orar ou então, cantar em voz alta. Não é necessário gritar,
pois isso atrapalha, entretanto eleve a voz e procure se descontrair. É mais fácil falar
em línguas quando já se está falando, ou seja, quando estamos de boca aberta. De boca
fechada não conseguimos falar nossa própria língua, muito menos outras línguas.
Observe que em muitos exemplos de batismo no Espírito Santo mencionados na Bíblia,
as pessoas estavam em oração, portanto já estavam falando na sua própria língua (At
1.14; 2.24-31).
Mas é importante considerar que ninguém consegue falar em dois idiomas ao
mesmo tempo, portanto comece louvar ao Senhor no seu próprio idioma, vá ao mesmo
tempo se enchendo do Espírito Santo, sempre numa atitude de oração e adoração (Ef
5.18) e quando você sentir algo diferente fluindo do seu interior, não pare de falar, mas
também não force sua mente para pensar e falar em português. As palavras de louvor
continuarão a fluir naturalmente só que a oração fluirá em forma de palavras
desconhecidas, ou até mesmo em forma de gemidos inexprimíveis (Rm 8.26,27; 1Co
14.21,22).

ERROS COMETIDOS QUANDO SE BUSCA O BATISMO NO ESPÍRITO


SANTO:

Temos observado experiências interessantes e outras desagradáveis, quando as


pessoas se propõem a buscar o batismo no Espírito Santo, principalmente quando
aparecem “aqueles que se dizem entendidos em técnicas infalíveis” de como receber o
batismo. Inegavelmente há servos de Deus, a quem o Senhor tem dado um ministério
todo especial nessa área e é interessante observar que nenhum deles tem um Método
infalível, cada um usa métodos próprios, mas o que todos eles têm em comum é a

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autoridade espiritual concedida por Deus, para invocar a promessa Bíblica do batismo
no Espírito Santo. Porém, tem aparecido muitas pessoas que se dizem doutores no
assunto, e que apesar de sua boa intenção e verdadeiro interesse em ver os demais
servos do Senhor serem batizados no Espírito Santo, infelizmente não tem
conhecimento algum da personalidade (Psiquê) e do espírito do homem, e ao
empregarem as suas técnicas, por eles consideradas infalíveis (e em muitos casos
realmente são), mas que para outras pessoas que a elas se submetem são verdadeiras
catástrofes espirituais.

AS FALHAS MAIS COMUNS QUE TEMOS OBSERVADO SÃO:

Muitos dos chamados batizadores dizem que o batismo no Espírito Santo é algo
destinado somente a alguns crentes muito especiais - colocam tal experiência como
alguma coisa tão excepcional, elevada, inatingível, dificílima de ser conquistada.
Chegam a afirmar que o batismo no Espírito Santo é o ápice, o maior objetivo da vida
cristã, o diploma de crente e a garantia de salvação.
Dentro de raciocínio tão absurdo, o crente simples que não se julga tão especial
como os demais, sente-se desanimado logo de início e quando vai orar pedindo o
batismo, já ora sabendo, de antemão, que não vai recebê-lo. Sua alma e seu espírito já
estão minados pelo derrotismo.
Tais batizadores molestos deveriam ler as palavras de Pedro em At 2.39, onde
vemos que o batismo não é difícil e nem é para crentes muito especiais, mas é para
todos os que creem; não é a conclusão final da salvação, mas apenas mais um dom que
acompanha.
Muitos obreiros dizem que o batismo no Espírito Santo é a coisa mais fácil do
mundo, basta abrir a boca e começar a falar que tudo fluirá normalmente. - São pessoas
que caem num erro exatamente oposto ao anterior. Inegavelmente falar em línguas é
fácil, basta abrir a boca e as palavras fluem normalmente (embora nem sempre), mas
isso só acontece com quem já foi batizado, porém quando as pessoas estão buscando o
batismo a coisa não parece tão fácil assim, e se o obreiro continuar insistindo em seu
ponto de vista, poderá deixar o interessado num total estado de desorientação e
derrotismo espiritual porque não consegue receber algo “tão fácil assim”.
Tais obreiros deveriam compreender que existem mais variados tipos de
bloqueios mentais e espirituais que podem impedir o crente de receber o batismo. Não
é difícil recebê-lo, o difícil é romper os bloqueios. Quando a pessoa está tendo
dificuldades para ser batizada, o obreiro agiria melhor se lembrasse das palavras de
Jesus que nos exorta a continuar buscando o batismo com insistência (Lc 11.9-13).
Portanto os obreiros deveriam continuar apoiando e acompanhando em oração aquele
que busca o batismo até que seus bloqueios sejam vencidos e seu espírito seja liberado.

Há aqueles que insistem em dizer que para receber o batismo o interessado tem
que esquecer de tudo, do mundo e de si mesmo - insistem que o interessado tem que
desligar seu intelecto, ficar com a mente completamente vazia. É verdade que devemos
procurar deixar de lado os problemas que nos rodeiam, mas é completamente errado
insistir num desligamento total, pois o apóstolo Paulo nos diz que não perdemos a

67
consciência, muito pelo contrário, o espírito do profeta (1Co 14.32) continua consciente
e com domínio de si mesmo. O ideal é o obreiro insistir com o crente para não procurar
entender o que está falando (1Co 14.14), pelo menos enquanto busca o batismo, pois
quem fala em línguas pode não saber o que fala, mas tem plena consciência que está
falando.

Há aqueles que insistem em dizer que o crente deve voltar a sua mente só para
Deus. Ao contrário do erro anterior, esses agora procuram forçar a mente direcionando-
a para Deus, ao mesmo tempo que procuram enchê-la de técnicas e princípios a serem
observados como indispensáveis para se receber o batismo. Com isso aquele que busca
acaba se embaralhando em meio a tantos conceitos a serem observados e se perde no
seu próprio raciocínio, não conseguindo ligar a sua mente a Deus.
Verdadeiramente existem alguns pontos a serem observados que podem ajudar o
crente a receber o batismo, porém outros pontos não são rígidos e devem ser frisados
antes de se começar a orar buscando o batismo e não quando se está buscando. Além
disso o batismo se recebe pela Fé (Gl 3.2,5) e não pelas leis que observamos. A Fé não
é irracional, muito pelo contrário, ela “também” se apóia no intelecto (Rm 12.1,2; At
17.2) e é necessário que se apresente alguns argumentos racionais a fim de se estimulá-
la, e através dela o interessado receba o batismo. Mas o intelecto pode sufocar a Fé se
ele tiver que ficar observando as regras, ditas indispensáveis, que o conduzem a receber
o batismo.

Há aqueles que procuram criar um tremendo estado emocional ao redor dos que
buscam o batismo. É verdade que quando as emoções estão livres o Espírito Santo pode
ser liberado, todavia alguns obreiros dizem que os buscadores devem ficar gritando
desesperadamente: “Glória, glória, glória...” ou então glória a Deus, Glória a Jesus,
aleluia, louvado seja,... e outros acham que as pessoas devem chorar até molhar o chão.
Tais tipos de atitudes em geral frustram aqueles que buscam o batismo,
principalmente porque as pessoas passam a dar louvor de maneira mecânica. Em
segundo lugar enquanto a pessoa estiver forçando a sua mente a falar mecanicamente
glória, ela não consegue se ligar verdadeiramente com Deus; e em terceiro lugar,
aqueles crentes que são menos emotivos e não conseguem chorar, desesperadamente se
sentirão incapazes de recebê-lo, pois acharão que Deus não os ouve pelo fato de não
serem emotivos.
Aqueles que ensinam que as coisas devem ser assim, deveriam se lembrar que o
batismo se recebe pela Fé (Gl 3.2,5,14) e não pelos atos exteriores que praticamos.
Deveriam se lembrar também que Deus deve ser adorado em espírito (Jo 4.24) e
racionalmente (Rm 12.1,2), e não mecanicamente, portanto devemos conduzir o
interessado a uma genuína atitude de louvor, e então o Espírito Santo fluirá como rios
de água viva (Jo 7.37-39).

Há aqueles que ensinam que o batismo no Espírito Santo deve ser conseguido
através de votos, promessas, etc. Tudo isso só serve para frustrar aqueles que buscam o
batismo desse modo. Devemos nos lembrar que o batismo vem pela Fé (Gl 3.2,5) e é
Dom de Deus (At 2.38), devem os interessados continuar buscando com insistência (Lc

68
11.5-13) até que seus bloqueios sejam quebrados e não se esqueçam que subornar ou
coagir a Deus é uma forma de Bloqueio.

Há finalmente aqueles que insistem em dizer que a pessoa que ora pedindo o
batismo e não recebe, é porque está com uma das seguintes falhas:
1. Tem pecado oculto;
2. Não tem fé verdadeira para receber;
3. Não o tem buscado com insistência.
Obviamente esses motivos podem ser verdadeiros e chegam a impedir o batismo,
mas devemos evitar a tendência que temos de sempre querer vê-los presentes em todas
pessoas que buscam e não recebem o Batismo. Muitas vezes a pessoa tem vida
irrepreensível, tem fé e busca com afinco, mas infelizmente tem bloqueios que
precisam ser rompidos. Portanto antes de sairmos por aí fazendo julgamentos
precipitados, seria melhor que incentivássemos estas pessoas e orássemos com elas (Jo
7.27-39).

DOIS RECEIOS INFUNDADOS: Línguas Malignas e Línguas da Carne.

1. Línguas Demoníacas - Aqueles que ficam com medo das línguas que estão
recebendo serem demoníacas, devem tirar tais receios da mente e encarar a coisa da
seguinte forma: Se antes ele estava louvando e glorificando a Deus em espírito e em
verdade, é impossível que de repente, sem mais nem menos, ele possa ser usado como
instrumento de Satanás. A Bíblia afirma que ninguém que fala pelo Espírito de Deus
poderá dizer: “Anátema Jesus”, por outro lado ninguém pode dizer: Senhor Jesus!
senão pelo Espírito Santo (1Co 12.3).
2. Línguas da Carne - Aqueles que ficam com medo das línguas serem da carne, devem
saber que toda língua vem mesmo através da carne. Muitos crentes pensam que quem
fala língua é o Espírito Santo e passam anos pedindo o batismo e não recebem. Não é o
Espírito Santo quem fala em línguas, ele apenas concede a “inspiração” (At 2.4), mas
quem fala é o próprio crente (At 2.4; 1Co 14.4,5,14,15,18,39). Repare os verbos e veja
que é o crente que fala em línguas, e não, o Espírito Santo. Portanto não espere que o
Espírito force a você a falar, mas busque o Dom e quando sentir um transbordamento
em seu interior (Jo 7.37-39), apenas abra a boca e pela fé (Gl 3.2,5) receba as línguas e
deixando que elas fluam naturalmente do seu espírito, através da sua alma e do seu
corpo.
Não queremos dizer com isto que não existam línguas demoníacas e línguas da
carne, mas podemos saber se as línguas são verdadeiras ou falsificações.
Através do Dom de Discernimento de espíritos ou pela própria experiência cristã
poderemos julgar e discernir se as línguas são verdadeiras ou não.
Quem fala as línguas poderá julgar-se para saber se fala línguas espirituais ou
demoníacas ou da carne. Se a pessoa, numa atitude de adoração a Deus apenas abre a
boca e elas fluem naturalmente, então as línguas são espirituais, porém se aquele que
fala em línguas busca inspiração demoníaca, então as línguas são de origem maligna. E
se aquele que fala em línguas repete premeditando cada palavra que vai falar, então a
língua que fala é da carne.

69
Outra consideração aqui é quando a pessoa que fala em línguas repete sempre as
mesmas palavras e frases. Se ela fala mecanicamente pode ser que seja da carne
(memória), mas se tais palavras são emitidas em adoração a Deus pode ficar
descansada porque as línguas certamente fluem do Espírito Santo, todavia esta pessoa
deve buscar receber mais e mais novas línguas.
Lembre-se que se você não quer falar línguas você não as falará, porque o
espírito do profeta está sujeito ao profeta (1Co 14.32). Você pode impedir a ação do
Espírito Santo no seu espírito.
Lembre-se também que não entendemos as línguas espirituais, a não ser que
recebamos também o Dom de Interpretação de línguas (1Co 14.13,14), mas raramente
isto acontece, então fale as línguas ainda que se sinta infantil ou até mesmo ridículo.
Deus deseja que tenhamos uma fé infantil para receber o seu Dom; fale em línguas e
sinta a comunhão com Deus, se aproprie pela fé da promessa que também é para você.
Aleluia!

AJUDA EXTERNA PARA QUEM DESEJA RECEBER O BATISMO NO ESPÍRITO


SANTO.
Uma vez convertido e tendo feito a confissão dos seu pecados, uma vez que o
crente busca numa atitude De louvor e adoração o batismo no Espírito Santo vem então
o enchimento ou a espiritual (Ef 5.18). O observador não entendendo a obra do Espírito
pensará realmente que o buscador está embriagado (At 2.13). O apóstolo Paulo usa esta
comparação, porque o crente cheio de Espírito Santo, assim como um bêbado, fala e
faz coisas sem saber exatamente o que está fazendo ou falando, embora saiba
perfeitamente que está falando e fazendo algo. A diferença entre o bêbado e o crente
cheio do Espírito Santo é que este último não perde o controle de si mesmo (1Co
14.32), mas apenas se comporta de modo diferente porque entrou em outra dimensão
espiritual.
Seria de se esperar que toda pessoa cheia do Espírito Santo começasse a falar em
línguas, porém nem sempre isso acontece, porque ela pode ter diversos bloqueios.
Esses atrapalham de tal modo que se a pessoa não tiver ajuda externa para estimular a
sua fé e romper o bloqueio ela não conseguirá se apropriar do Dom de Deus.
Há basicamente três maneiras que podemos empregar para estimular a Fé
daquele que busca o batismo e já está cheio faltando apenas falar em línguas.

1º) INCENTIVE-A FALAR EM LÍNGUAS


Vendo que o interessado está cheio do Espírito Santo, porém não consegue falar
em línguas, algum irmão que já é batizado e está intercedendo por aquele que busca,
poderá orar em línguas e sem atrapalhar o que busca poderá com autoridade divina
dizer para este começar a falar em línguas. Através do dom da palavra do
Conhecimento (revelação) o obreiro intercessor terá uma palavra da parte de Deus, o
Espírito Santo revelará que aquele que busca já está recebendo as línguas no seu
interior, porém não consegue falar, para começar a falar em línguas e este então poderá
com este impulso romper os seus bloqueios e explodir em línguas.
2º) INCENTIVE-A AGIR

70
Um segundo sinal desinibidor, é deixar a pessoa livre e até mesmo incentivá-la a
se mexer. Se ela quiser levantar os braços, bater palmas, sentar, pular ou até mesmo
dançar, não impeça a pessoa de tais coisas, porque o Espírito Santo não está limitado
no seu modo de operar e todas essas coisas ou formas de manifestações são bíblicas
(1Tm 2.8; Sl 47.1,5; At 2.1; 3.8; Sl 149.3; 150.4). Tais manifestações tem um efeito
muito grande como desinibidores. Não se deve forçar a pessoa a agir com total controle
dos seus impulsos ou, ao contrário, com total expansividade; cada pessoa tem a sua
própria personalidade. Devemos deixar estas pessoas livres para agir com liberdade.
(1Co 14.6,15-17,23,32,33,40).
Realmente não incentivamos reuniões para buscar o batismo no Espírito Santo
em cultos públicos (mas se o Espírito assim quiser operar, quem somos nós para
dizermos que não está certo), em geral tais reuniões devem ser de caráter fechado e
apropriadas para isso. Não porque vá escandalizar alguém, e sim porque os cultos
públicos são de caráter essencialmente evangelístico e não avivalístico.
Aquelas pessoas que combatem tais manifestações e alegam que o culto vira uma
“baderna”, deveriam se lembrar que:
a) As línguas são um sinal da presença divina. Mesmo que alguém se
escandalize e chame os crentes de bêbados (At 2.13; Ef 5.18) ou de loucos (1Co 14.23),
as línguas são um forte sinal da presença de Deus justamente para os incrédulos (1Co
14.22), e em geral quem se escandaliza e combate esse tipo de Manifestações não são
os incrédulos, mas, sim os crentes frios, formalistas, vazios e mais incrédulos que os
próprios incrédulos (1Co 14.21).
b) Paulo não combatia o falar em línguas, sendo ele próprio o maior falador de
línguas - ao contrário do que muitos querem aceitar, Paulo incentivava o falar em
línguas, e fazer tudo com ordem. O termo “ordem” aqui empregado não quer dizer
necessariamente que diversos crentes não pudessem falar línguas ao mesmo tempo,
mais sim que se buscassem a interpretação do que era falado, afim de que toda a igreja
fosse edificada (1Co 14.5,13,18,39).
c) Na igreja primitiva havia total liberdade para a manifestação das línguas e
demais dons espirituais (1Co 14.26; At 4.31; 5.12-16). Eram comuns as reuniões em
que diversas pessoas falavam em línguas ao mesmo tempo (At 2.1-4; 10.44-46; 19.6,7)
e a própria história da igreja testifica acerca disto. Portanto não é correto basear-se em
1Co 14 e afirmar que nos cultos da igreja apostólica somente uma ou no máximo três
pessoas podiam falar línguas e que as demais deviam ficar caladas. Existem reuniões
em que todas as pessoas podem falar ao mesmo tempo, visando a sua edificação
própria (1Co 14.4; Jd 20), porém se for entregue uma mensagem profética, aí sim cada
um fale ao seu tempo enquanto os demais ficam calados esperando a interpretação e ao
mesmo tempo julgando a profecia, ou esperando a sua vez também de profetizar em
línguas.
3º) A IMPOSIÇÃO DE MÃOS COM AUTORIDADE
Uma terceira maneira de ajuda externa para quem busca o batismo no Espírito
Santo é a imposição de mãos com autoridade (ministério apostólico).
As mãos são instrumentos usadas pelo Senhor para derramar as suas bênçãos, e
são muitos os exemplos bíblicos (tal prática foi usada pelo Senhor Jesus: Mt 8.3,15;
9.18; Mc 6.5; 10.16; 16.18; Lc 24.50) pelos apóstolos (At 5.12; 19.11) e outros (At

71
19.17; Gn 48.14). Mas muito mais que isso, desde o VT, a imposição de mãos já era
um sinal de autoridade (Gn 48.14; Nm 11.17). No NT, a prática tornou-se comum na
igreja:
a) Para consagração de obreiros (1Tm 5.22; At 6.6; 13.1-3; 9.17).
b) Em relação aos dons espirituais, para conferir algum dom para alguém (1Tm
4.14; 2 Tm 1.6).
c) Para as curas (Mt 8.3,15; Mc 16.17,18; At 3.7)
d) Para que as pessoas recebessem o batismo com a imposição de mãos de
obreiros ungidos (At 8.17; 9.17; 19.6). Não é necessário haver imposição de mãos, pois
no dia de Pentecostes e em Cesaréia não se usou este recurso.
Em geral quase todos que buscam o batismo com o Espírito Santo tem alguma
forma de inibição e precisam de algum sinal de desbloqueio a fim de estimular a sua fé
e liberar o seu espírito para o Espírito Santo fluir através dele. Esse sinal externo tão
necessário, nada mais é que a imposição de mãos com autoridade. Esse sinal tem um
efeito maior quando, antes de se começar a orar, esclarecemos as pessoas que vão
buscar o batismo, sobre o que é imposição de mão e que a pessoa que assim fará
durante a oração tem autoridade para isso; autoridade que lhe foi delegada por Deus,
por Jesus, pela igreja e pelo ministério. Aquele que imporá as mãos deve saber também
da autoridade investida e ao impor as mãos deve ordenar a benção sobre a pessoa,
mandando-a falar em línguas (At 19.6). Algumas pessoas gostam de impor as mãos de
imediato sobre a cabeça de alguém e orar o tempo todo com as mãos impostas. A
experiência nos ensina que tal procedimento não é bom porque o interessado pode ter
bloqueios tão profundos e poderá demorar um pouco, ou até mesmo muito tempo, para
receber o batismo, e tendo as mãos impostas sobre si por todo esse tempo, poderá se
sentir mais inibido ainda ou então começará a duvidar da validade de tal prática. O
ideal é incentivarmos a pessoa a ficar buscando o batismo até encher-se do Espírito
Santo e, quando ela já estiver cheia, então, imponha as mãos e ordene com autoridade a
benção. Nesse caso o efeito é muito maior.
Lembre-se: batismo com o Espírito Santo não é batismo nas águas e nem
garantia de salvação. É uma dádiva de Deus e que O torna mais real para o crente, mas
é uma dádiva que deve ser buscada por quem a deseja de fato.
O batismo com o Espírito Santo é a Promessa do Pai para todos os crentes, em
todos os lugares, em todas as épocas. É evidenciado pelo falar em outras línguas,
desconhecidas por quem fala, mas sujeitas a vontade de quem fala.
O crente não deve buscar o batismo com o Espírito Santo a fim de o “status” de
super-homem ser atingido, ou ser considerado um homem (ou uma mulher) espiritual,
mas deve buscar o batismo como uma porta introdutória para buscar os dons espirituais
e entender mais sobre os diferentes canais de inspiração.

AS OFENSAS COMETIDAS CONTRA O ESPÍRITO SANTO

1. RESISTIR AO ESPÍRITO: At 7.51; 2 Tm 3.8; Ex 32.9; 2Cr 24.19 ; Jr 32.33;


44.16; Zc 7.11).
2. ENTRISTECER AO ESPÍRITO: Ef 4.30; Is 63.10.
3. MENTIR AO ESPÍRITO SANTO: At 5.3,4.

72
4. APAGAR O ESPÍRITO: 1Ts 5.19. Apagar significa “extinguir, sufocar,
exterminar”. Isto se relaciona com a falta de conhecermos e respondermos a algo que o
Espírito nos inspira a que façamos, quer seja profetizar e manifestar os dons espirituais
ou testificar a outro sobre Jesus ou ainda obedecer Seus mandamentos na vida Cristã.
Significa apagar ou sufocar a vontade do Espírito. As igrejas podem fazer isso,
proibindo profecias e a expressão dos dons. Os indivíduos podem fazê-lo estando com
medo e apreensivos e não respondendo àquilo que o Espírito os inspira a fazer. Na
verdade, nesta progressão, o próximo passo após apagar o Espírito seria sem dúvida
nenhuma, entristecê-lo. Os que habitualmente persistem em apagar a sua operação e
vontade, eventualmente, entristecê-lo-ão.

Apagar o Espírito 42

Blasfemar contra o Espírito é um pecado cometido por descrentes. Entristecer e


apagar o Espírito são pecados cometidos por crentes. Veremos agora o que quer dizer
apagar o Espírito.
Esta é a breve advertência de Paulo: “Não apagueis o Espírito” (1Ts 5.19). A
palavra entristecer dá a ideia de mágoa, de sofrimento. Tem a ver com a maneira com
que nós ferimos o coração do Espírito em nossa vida particular. A palavra apagar
significa “abafar, extinguir”, e nos lembra do conceito bíblico de que o Espírito é um
fogo. Quando nós apagamos o Espírito, nós extinguimos o fogo. Não quer dizer que O
expulsamos, mas que abafamos o amor e o poder do Espírito enquanto Ele está
tentando executar através de nós o propósito divino. Podemos apagá-Lo de diversas
maneiras, mas a ideia de fogo sugere dois aspectos, à guisa de advertência.
Um fogo se apaga quando lhe tiramos o combustível. O fogo do Espírito fica
bloqueado quando nós deixamos a alma adormecida, quando deixarmos de usar o que a
graça põe à nossa disposição, quando deixamos de orar, falar de Cristo ou ler a Palavra
de Deus. Estas coisas são veículos que Deus usa para nos dar o combustível para
manter o fogo. O Espírito Santo quer que nós usemos estas coisas para mantê-Lo aceso
em nossa vida.
A outra maneira de apagar um fogo é jogar água ou terra sobre ele, ou sufocá-lo
com um cobertor. De maneira semelhante um pecado intencional apaga o Espírito.
Quando nós criticamos, somos grosseiros, rebaixamos o trabalho dos outros com
palavras impensadas ou depreciativas, estamos sufocando e apagando o fogo. Isto
acontece muito em movimentos do Espírito novos ou diferentes – que talvez não use os
métodos tradicionais de evangelização ou culto. Alguns cristãos, por exemplo, tentam
bloquear o que Deus está fazendo de maneira diferente.
Eu quero ser bem claro neste ponto: nenhum cristão tem de pecar. Por outro lado,
ele não foi redimido a ponto de ser incapaz de pecar. Eu creio que um cristão pode
pecar, mas não tem de pecar. É possível manter o fogo aceso; é possível evitar
entristecer o Espírito. Deus nunca teria exigido que nós rejeitemos as ações más se nós
não pudéssemos deixar de fazê-las. Graças a Deus que não precisamos pecar, mesmo se
podemos pecar!

42
GRAHAM, Billy. O Poder do Espírito Santo. São Paulo: Edições Vida Nova, p. 141-142.

73
Eu não sei quem pronunciou estas palavras pela primeira vez, mas elas têm sido
uma ajuda para mim: “Não resista a Ele quando Ele entra; não O entristeça quando Ele
está em você; não O apague quando Se manifesta. Abra-Lhe, pois Ele é o que entra;
agrade-O, pois Ele é o que mora em você; obedeça-Lhe quando Ele Se manifesta
testemunhando de Cristo, seja através de você ou de outros”.
Você já entristeceu ou apagou o Espírito em você, qualquer que seja o meio?
Este assumo é sério, exige de nós todo o cuidado. Se este foi o caso, saiba que o
momento de confessar isto a Deus é exatamente este; arrependa-se. E depois viva cada
dia na plenitude do Espírito, sensível à Sua orientação e ao Seu poder em sua vida.

5. BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO: Mt 12.22-37. Blasfemar significa


“falar injuriosamente contra, repreender ou pronunciar um desacato contra Deus ou
coisas sagradas”. É importante que mantenhamos este termo em seu contexto bíblico e
que não usemos descuidadamente. É importante que entendamos o contexto da
passagem. Israel continua a ser rebelde e um povo de dura cerviz, e rejeitando e
resistindo a Cristo em toda a oportunidade possível. Eles estavam enchendo a “medida”
de iniqüidade de seus pais (Mt 23.32). Eles eram duros de coração e cruéis, mesmo à
face dos milagres de libertação e compaixão de Cristo. Eles não somente rejeitaram a
Jesus como homem, mas também ao poder do Espírito Santo que operava através dele.
Os milagres de Cristo foram feitos pelo Espírito Santo e tinham o propósito de
testificarem Quem Ele era. O Espírito confirmava a mensagem de Cristo através de atos
divinos de curas, etc. (Jo 5.36; 10.36,38). Ele estava fazendo estas obras pelo Espírito,
para selar a sua identidade e o fato de que era do Reino de Deus. Assim sendo, rejeitar
as suas obras e atribuí-las a demônios foi o pecado dos fariseus. Eles reconheceram o
seu Poder e eles não o negaram, mas o chamaram de falso ou de impostor. Ao invés,
eles na violência tomaram a pior posição possível, atribuindo o seu poder a Belzebu
(relacionado com Baal, o deus de Ecron, 2Rs 1.2).

A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO43

Como já vimos, alguns não veem diferença entre o batismo no Espírito Santo e a
plenitude do Espírito. Entretanto, de acordo com o conceito que temos de batismo e
plenitude, podemos apontar quatro aspectos que distinguem um do outro.
Primeiro, a plenitude ou o enchimento do Espírito é algo que deve ocorrer
durante a vida cristã (Ef 5.18), enquanto que o batismo no Espírito acontece apenas
uma única vez (bênção que deve ser buscada logo no início da vida cristã).
Segundo, a experiência da plenitude do Espírito pode e deve repetir-se ao longo
da existência do crente no mundo (At 4.31), mas o batismo é um ato único. "Quando a
plenitude não é conservada, ela se perde. Se foi perdida, pode ser recuperada".
Terceiro, a vida cheia do Espírito deve ser buscada com diligência pelo crente
(Ef 5.18), enquanto que o Batismo no Espírito Santo é buscado e recebido tornando-se
um ato único e é dom de Deus.

43
SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. Curitiba - PR: Editora A. D. Santos, 2014, p. 256.

74
Quarto, por causa de negligência pessoal nem todos os crentes verdadeiros têm a
vida cheia do Espírito, mas o batismo no Espírito todos os crentes verdadeiros que
buscam o Batismo no Espírito recebem (At 2.1-4; 10.44-48; 11.15-17; 19.1-7).
Infelizmente muitos que já receberam o Batismo no Espírito, que são cheios dos
dons espirituais, carecem da plenitude do Espírito. Há abundancia de dons e carência
do fruto do Espírito (Gl 5.22-23) e têm uma vida carnal cheia das obras da carne (Gl
5.19-21).
Mt 7.22,23: 22. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos
em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos
milagres?’ 23. Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim
vocês que praticam o mal!
Os discípulos que receberam o Espírito no sopro de Jesus (Jo 20.22). Que foram
batizados no Espírito Santo no dia de Pentecostes (At 2.4), foram cheios do Espírito
Santo novamente (At 4.31). "Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam
reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra
de Deus".
Todos os cristãos sinceros foram batizados pelo Espírito Santo no Corpo de
Cristo, incorporados ao Corpo de Cristo e, portanto, podem participar da Ceia do
Senhor (10.16). Em Cristo não pode haver preconceito ou distinção racial, cultural,
econômica ou social, pois a todos que creem foi dado o direito de beber do único
Espírito de Deus, de modo que suas vidas expressam o fruto do Espírito que neles
habita (Gl 5.22,23; Jo 7.37-39).
O batismo pelo Espírito em 1Co 12.13 significa o ato pelo qual o Espírito nos
incorpora à Igreja, e que portanto é idêntico à conversão, ao passo que, nos Evangelhos,
e principalmente em Atos, o batismo com o Espírito refere-se a uma experiência pós-
conversão, confirmatória e autenticadora em sua essência.

A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO44

Em nossa casa (de Billy Graham) temos um reservatório que recebe água de duas
fontes das montanhas através da casa. As pessoas que moravam ali antes de nós diziam
que a quantidade de água destas duas fontes nunca varia. Sempre é a mesma, em
tempos de seca ou de chuva. Nós usamos a água que precisamos, mas pela água
corrente das fontes o reservatório está sempre transbordando. Literalmente é isto que
quer dizer “ser cheio do Espírito”.
Todos os cristãos devem ser cheios do Espírito. Qualquer coisa menos que isto é
só parte do plano de Deus para nossa vida.
O que a Bíblia quer dizer quando fala da plenitude do Espírito Santo? Vamos
definir o termo: Ser cheio do Espírito é ser controlado ou dominado pela presença e
pelo poder do Espírito. Em Efésios 5.18 Paulo diz: “E não vos embriagueis com vinho,
no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito.” Ele está contrastando duas coisas.
Alguém cheio de álcool é controlado ou dominado por este. A Presença e o poder do
álcool sobrepujaram suas capacidades e atitudes normais.

44
GRAHAM, Billy. O Poder do Espírito Santo. São Paulo: Edições Vida Nova, p. 103-106.

75
É interessante que nós dizemos às vezes que alguém está “sob a influência” do
álcool. Isto de certa forma traduz o que é ser cheia do Espírito. Estamos “sob a
influência” do Espírito. Ao invés de fazermos as coisas baseadas somente em nossa
força ou habilidade, Ele nos dá poder. Ao invés de fazermos somente o que nós
queremos fazer, somos agora guiados por Ele. Infelizmente milhões de filhos de Deus
não se alegram da riqueza espiritual ilimitada que está à sua disposição, porque não
estão cheios do Espírito Santo.
Eu me lembro de uma grande professora de Bíblia de nome Ruth Paxson, que eu
ouvi falar muitas vezes sobre este assunto. Ela foi hóspede em nossa casa, e eu ainda
tenho algumas anotações que fiz durante suas palestras.
Ela nos mostrou com clareza que a vida de muitos cristãos reflete os hábitos e os
padrões deste mundo. Sem dúvida eles foram batizados com o Espírito Santo no corpo
de Cristo, e vão para o céu, mas estão perdendo tantas coisas que Deus quer que eles
tenham nesta vida. Consciente ou inconscientemente eles estão mais interessados em
imitar o sistema deste mundo dominado por Satanás que imitar a Cristo. Na verdade
não querem sofrer a desonra com Cristo fora do acampamento (Hb 13.13). Os dons que
receberam não são usados, sua vida não apresenta o fruto do Espírito. Também não têm
vontade de evangelizar os espiritualmente necessitados do seu círculo de conhecidos.
Seu zelo em viver em obediência aos mandamentos de Cristo é fraco. Sua vida
devocional é irregular, quando não cessou de todo, e eles preferem ler os jornais antes e
mais que a Palavra de Deus. Quando oram, isto é para eles uma obrigação ou tarefa
enfadonha, e não uma alegria. O pecado perdeu para eles um pouco da sua
pecaminosidade, como para Ló em Sodoma; não têm mais tanta sensibilidade para o
pecado, e sua consciência perdeu a eficácia. Sabem que pecaram, mas não se apressam
a confessar.
Atualmente os cristãos têm mais equipamento e tecnologia para evangelizar o
mundo que nunca antes. Têm pessoal mais qualificado. Mas a grande tragédia é esta:
falta aos cristãos frequentemente a plenitude do Espírito, ou seja, a verdadeira
dependência do poder de Deus para seu ministério. No primeiro século temos
abundância de ilustrações do tipo de poder que eles precisam e não têm. Em uma
cidade as pessoas disseram dos cristãos: “Estes que têm transtornado o mundo
chegaram também aqui” (Atos 17.6). De tempos em tempos, nos séculos seguintes, o
mesmo poder do Espírito Santo foi derramado sobre o mundo. Exemplos isolados
temos ainda hoje. Mas como seria se todo o poder do Espírito fosse liberado em todos
os crentes verdadeiros? O mundo seria de novo transtornado, “virado de pernas para o
ar”.

A Base Bíblica para a Plenitude do Espírito 45

Acho que é apropriado dizer que todo cristão não cheio do Espírito é incompleto.
A ordem de Paulo aos cristãos de Éfeso, “enchei-vos do Espírito”, é válida para todos
os cristãos, em qualquer época, em qualquer lugar. Não há exceções. A conclusão
lógica é que se nós recebemos a ordem de ser cheios do Espírito, estaremos pecando se

45
GRAHAM, Billy Op. Cit., p. 103-106.

76
não o formos. E o fato de que nós não estarmos cheios é um dos maiores pecados
contra o Espírito Santo.
É interessante observar que, na língua grega original (πληροῦσθε) que Paulo está
usando, a ordem “enchei-vos do Espirito” na verdade transmite a ideia de ser
continuamente enchido. Uma vez não é suficiente, como se nós fôssemos um balde.
Devemos nos encher constantemente. Poderíamos traduzir: “Encham-se e continuem se
enchendo do Espírito de Deus”, ou “Estejam sendo cheios”. 46
Literalmente, Efésios 5.18 quer dizer: “Continuem se enchendo do Espirito”. Dr.
Merrill C. Tenney comparou isto com uma antiga cozinha de fazenda. Em um canto
havia um tanque; acima dele um cano trazia continuamente água de uma fonte,
mantendo o tanque sempre completamente cheio de água boa. O que sobrava saia por
outro cano. Assim como este tanque, o cristão não deve esperar até estar vazio do
Espírito, para se encher de novo; deve estar aceitando constantemente a orientação e a
energia do Espírito, e estar sempre transbordando.
Rios transbordantes e vida abundante são bênçãos à disposição de todos os
cristãos. Se em nossas vidas não correm rios de água viva, não é porque Deus os esteja
negando, mas porque nós não os queremos ou nos recusemos a cumprir as condições
para tê-los.
Em João 4, falando com a mulher samaritana no poço de Jacó, Jesus também
estava ensinando este ser continuamente cheio do Espírito: “Quem beber desta água,
tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá
sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar
para a vida eterna” (João 4.13,14).
Jesus falou do Espírito Santo nos mesmos termos em João 7.38: “Quem crer em
mim, como diz a Escritura, do Seu interior fluirão rios de água viva.” A fonte que
transborda e o rio que não seca são figuras das inesgotáveis bênçãos do Espírito Santo
disponíveis a todos os cristãos. Se nós não temos esta água viva que Jesus fala – este
ser constantemente cheio do Espírito Santo – não é porque Deus não nos queira
concedê-la, mas porque não a queremos ou não queremos nos enquadrar nas condições
que Deus estabeleceu para recebê-la.
Uma vez, lendo João 7.38, de repente fiquei dominado de temor ao compreender
a grandeza das palavras de Jesus. Ele não estava falando de gotas de bênçãos, poucas e
a intervalos, como uma chuva leve num dia de primavera. Estava falando de rios de
água viva. Pense no Amazonas, no Mississipi, no Danúbio, no Iangtsé: não importa
quanta água tiremos deles, eles não secarão, mas continuarão o seu caminho cheios. As
fontes que lhes dão origem continuam enviando água generosamente. Estes rios
ilustram a vida de um cristão cheio do Espírito. Nunca há falta de suprimento, porque o
Espírito Santo é fonte inesgotável.
O crente tem tudo do Espírito Santo, mas o Espírito comumente não tem tudo do
crente. Sua presença é expansiva: Ele enche tanto do crente do que estiver vazio de
egoísmo e pecado.
Assim, a exortação para encher-se do Espírito é uma exortação de completa
rendição a Ele.

46
πληροῦσθε. Presente imperfeito passivo de πληρόω = encher. A ideia da palavra é controle. O Espírito deve controlar e
dominar a vida do crente.

77
Quanto mais Ele nos enche, maior será a manifestação do Seu poder em nossas
vidas (Atos 6.3-5; 11.24).

78
O PROPÓSITO DOS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Os dons (KHARISMATA – carismata - χάρισµατα) não são meros talentos


humanos, nem mesmo habilidades humanas ativadas pelo Espírito Santo. Os dons são
manifestações (FANEROSIS) diretas do Espírito Santo. A função verdadeira dos dons
excede a personalidade e habilidade do homem; eles funcionam pela influência e
operação sobrenaturais do Espírito Santo (Fp 2.13; 1Co 12.4-7).
1. VISANDO UM FIM PROVEITOSO: 1Co 12.7; Ef 4.11-15. Deus não dá
dons a um indivíduo para seu próprio benefício, mas para beneficiar o corpo
(igreja).
2. PARA FORMAR UM CORPO: Rm 12.5; Cl 1.8,19; Ef 1.22,23; 4.12; 5.30.
3. OS DONS SÃO NECESSÁRIOS PARA OS NOSSOS DIAS: Mc 16.16-20;
Rm 15.17-20; 1Co 2.4; At 8.5-13; Hb 2.4.
4. PODE UM CRENTE POSSUIR TODOS OS DONS, MINISTÉRIOS E
OPERAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO?
Ninguém é completo em si mesmo, necessitamos uns dos outros. Um indivíduo é
somente um membro ou órgão do Corpo de Cristo, Independentemente de quão
“dotado” ele possa ser. Coletivamente formamos o Corpo de Cristo como igreja local.
Deus, no entanto, pode escolher o manifestar-se através de um único indivíduo com
quase ou todos os dons constante no NT Isto, contudo, não significa que isto aconteceu
em toda a Igreja local onde aquela pessoa ministra.

Paulo sendo usado através dos dons:


1. Dom da Palavra de Sabedoria: 2Pe 3.5;
2. Dom da Palavra do Conhecimento: At 13.8-11;
3. Dom de Discernimento de espíritos: At 16.16-18;
4. Dom de Variedades de Línguas: 1Co 14.18;
5. Dom de Interpretação de Línguas: 1Co 14.13;
6. Dom de Profecia: 1Co 14.6;
7. Dom da Fé: Rm 15.18,19.

Não nos esqueçamos que Paulo era um apóstolo, cuja incumbência foi escrever
mais livros do Novo Testamento do qualquer outro escritor.

LEMBRETE ACERCA DOS DONS


1. Todo crente, individualmente, deve ter pelo menos uma manifestação do
Espírito Santo (1Co 12.7).
2. Não devemos ser ignorantes quanto aos dons (1Co 12.1-7; 1Pe 4.10).
3. Não devemos negligenciar o nosso dom (1Tm 4.14; 2 Tm 1.6).
4. Devemos desejar profundamente dons que edifiquem (1Co 12.31).

79
IDEIAS ERRONEAS ACERCA DOS DONS

Alguns têm sido levados a crer que os dons do Espírito não são para nós hoje em
dia. Citam o texto de 1Coríntios 13.8 e dizem que “havendo línguas, cessarão”.
Contudo, o mesmo versículo diz que a ciência “desaparecerá”. Acaso isto já aconteceu?
Uma leitura cuidadosa do contexto deixa claro que estas operações imperfeitas cessarão
quando vier o que é perfeito. Isto será por ocasião da vinda de Cristo. Os dons foram
dados por Cristo à sua igreja - capacitações espirituais para uma guerra espiritual - e
seria loucura ignorá-los ou ir à batalha sem eles.

Muitas pessoas têm ideia errônea acerca da natureza desses dons. Alguns há que
acreditam que Deus dá a uma pessoa um ou mais desses dons e eles se tornam sua
propriedade exclusiva para ela proceder como lhe aprouver. Acreditam que essa pessoa
pode chamá-los à operação em qualquer tempo que quiser. Primeiro, notemos que 1Co
12.1 a palavra dons está escrita em itálico. Isto significa que ela foi colocada pelos
tradutores e não consta do texto original. Uma tradução mais literal seria: “A respeito
dos espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. O versículo 7 diz: “Mas a
manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (RC). “A cada um,
porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum” (RA).

São os Dons Irretratáveis (Rm 11.29)?


Os dons são irrevogáveis? (Rm 11.29).
“Porque os dons e a vocação de Deus são irretratáveis”.
“Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (NVI) .
As pessoas têm uma concepção errônea deste versículo, não só dele, mas de todo
o capítulo. Muitos pensam que aqui, se trata dos dons espirituais. Que quando Deus
concede um dom espiritual a alguém, ele é irrevogável, ou seja, nunca mais a pessoa irá
perdê-lo. Não se trata disto!
Primeira coisa a ser observada e que todo a capítulo onze, está direcionado a
Israel, não só ele, mas também os capítulos nove e dez. O apóstolo Paulo abre uma
espécie de parêntese (do capítulo 9 ao 11), para abordar as promessas proferidas aos
patriarcas e seus descendentes. Apesar da infidelidade e incredulidade dos israelitas, os
dons (promessas) prometidos aos patriarcas eram irrevogáveis (definitivas; sem
arrependimento). Que todas as promessas se cumpriram (e cumprirão) em Jesus. Deste
modo, Deus não estava falando a Igreja! E os dons se tratavam das promessas feitas a
Abraão, Isaque e Jacó.
John MacArthur, em sua Bíblia de Estudo, acercado contexto do capítulo 11 de
Romanos, diz que “Nessa seção, Paulo responde à pergunta que, logicamente,
surgiu de Rm 10.19-21: “Deus está colocando Israel de lado de modo permanente por
ter rejeitado a Cristo?”. O que está em questão é se é possível confiar que Deus manterá
a sua promessa incondicional a essa nação (cf. Jr 33.19-26)”.
Na mesma linha, Donald C. Stamps, na Bíblia de Estudo Pentecostal, argumenta
acerca do versículo 29: “Estas palavras se referem aos privilégios de Israel
mencionados em 9.4,5 e 11.26. O contexto desta passagem tem a ver com Israel e os

80
propósitos de Deus para aquela nação e não aos dons espirituais ou à vocação
ministerial relacionados com a obra do Espírito Santo na igreja (cf. 12.6-8; 1Co 12).
Em segundo lugar, a tradução do texto não foi feliz ao colocar o adjetivo
“irrevogáveis” na passagem de Romanos 11.29 visto que a palavra utilizada no original
grego é ametamélētos (ἀμεταμέλητος) que significa “que não está arrependido de”,
mostrando claramente um equívoco no sentido do texto. Deus não se arrepender acerca
da concessão de um dom não deve ser entendido como sinônimo de que Deus não pode
retirar esse dom.

A RELAÇÃO ENTRE OS DONS ESPIRITUAIS E O BATISMO NO


ESPÍRITO SANTO

Há no meio pentecostal uma ideia comum que só em pessoas batizadas no


Espírito Santo é que se manifestam os dons espirituais. Essa ideia não é apresentada na
Bíblia e nem é verdadeira, embora em certo aspecto ela é realmente correta.

Em Marcos 15.16-18 a expulsão de demônios e os dons de cura são colocados ao


lado do Dom de Línguas, ou seja, todos são independentes e se manifestam em
conseqüência da Fé (Mt 10.1,8; Mc 6.7-13; Lc 9.1-6; 10.1-20). Os discípulos ainda não
eram batizados no Espírito Santo e no entanto operaram milagres.

Por outro lado, a própria experiência cristã nos ensina que os dons de:
Variedades de línguas, interpretações de línguas e Profecia só se manifestam após o
batismo no Espírito Santo (mas, é bom lembrar que a profecia já era atuante no Velho
Testamento). Isso é bastante compreensível, se considerarmos que para que eles se
manifestem é necessário que o Espírito Santo exerça o controle da língua de quem fala
(Tg 3.1-12) e esse controle passa a existir, com certeza, no momento do batismo do
Espírito Santo.

Todavia se alguém costuma orar e os enfermos são curados, após o batismo no


Espírito Santo a incidência aumentará.

A necessidade prévia, ou não, do batismo no Espírito Santo para a manifestação


dos dons espirituais é algo discutível para muitos estudiosos, mas o que mais importa é
que para uma pessoa ser usada nos dons espirituais é necessário entrar numa esfera
mais elevada de comunhão com Deus e quanto mais esta pessoa é usada nos dons
espirituais, mais seu espírito penetra na esfera de influência do Espírito Santo, e mais
ela aprenderá a conhecer a Deus e também como ser usada por Ele através dos
diferentes canais de inspiração divina.

O Batismo no Espírito Santo não é o nosso diploma de formatura da


“faculdade espiritual”. É o certificado de matrícula no MOBRAL47 da fé.

47
O Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) foi um projeto do governo brasileiro, criado pela Lei n° 5.379,
de 15 de dezembro de 1967, e propunha a alfabetização funcional de jovens e adultos, visando "conduzir a pessoa humana

81
OS DONS DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO 48

O Espírito Santo mostrou-se ativo na obra da regeneração durante os tempos do


Antigo Testamento. A regeneração era um requisito anterior para que houvesse fé tanto
quanto o é atualmente. Jesus repreendeu a Nicodemos, um mestre de Israel, por não ter
ainda entendido que o renascimento espiritual, por obra do Espírito Santo, é algo
necessário para a salvação.
Em adição à obra da regeneração, na transmissão de vida aos crentes do Antigo
Testamento, para que eles adquirissem fé, o Espírito de Deus também dispensava dons
especiais, ou poder carismático, para indivíduos específicos. As primeiras pessoas, nas
Escrituras, sobre quanto a dons espirituais, foram os artífices Bezalel e Aoliabe. Eles
foram dotados pelo Espírito Santo como poder de realizar obras de arte que eram obras-
primas:
“Depois disse Moisés aos filhos de Israel: Eis que o Senhor chamou por nome a
Bezaleel, filho de Úri, filho de Hur, da tribo de Judá, 31 e o encheu do espírito de
Deus, no tocante à sabedoria, ao entendimento, à ciência e a todo ofício, 32 para
inventar obras artísticas, para trabalhar em ouro, em prata e em bronze, 33 em
lavramento de pedras para engastar, em entalhadura de madeira, enfim, para
trabalhar em toda obra fina. 34 Também lhe dispôs o coração para ensinar a outros; a
ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã” (Ex 35.30-34).

Se prestarmos atenção a essa narrativa bíblica, seremos forçados a concluir que


Bezalel e Aoliabe foram dois dos mais dotados e versáteis artistas da história da
humanidade. Eles eram prateiros, ourives, fabricantes de jóias, lapidários e xilógrafos, e
também tinham o dom de ensinar a outros essas habilidades artísticas.
No Antigo Testamento, certos indivíduos foram especialmente dotados para o
ministério pela unção do Espírito Santo. Os profetas falavam por inspiração do
Espírito. Juízes como Sansão, Otniel e Samuel exibiram unções especiais do Espírito.
Até reis foram ungidos pelo Espírito. Quando Davi se arrependeu de seu pecado co
Bate-Seba, ele clamou: “não retire de mim o teu santo Espírito” (Sl 51.11).
Talvez a mais dramática unção de um indivíduo, nas páginas do Antigo
Testamento, tenha sido a de Moisés. Moisés foi o mediador (Goel) do Antigo
Testamento, e era também o vaso escolhido por Deus para entregar a legislação
mosaica a Israel. Ele exerceu sua liderança sobre Israel em virtude do poder
carismático do Espírito Santo. Um episódio crucial para compreendermos o
Pentecostes teve lugar na vida de Moisés e ficou registrado no capítulo onze do livro de
Números. Quando os filhos de Israel queixaram-se de sua dieta de maná, Moisés
expressou seu protesto a Deus: “Eu só não posso: levar a todo este povo, porque me é
pesado demais” (Nm 11.14).
Em resposta à dificuldade de Moisés, Deus disse:

a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la a sua comunidade, permitindo melhores condições
de vida". (Wikipédia).

48
SPROUL, R. C. O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO SANTO. Editora Cultura Cristã, 1997, p. 146-148.

82
Disse então o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel,
que sabes serem os anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da
revelação, para que estejam ali contigo. Então descerei e ali falarei contigo, e tirarei
do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão eles o peso do povo
para que tu não o leves só (Nm 11.16,17).

Vemos aqui uma distribuição expansiva do Espírito Santo. Em lugar do poder


carismático do Espírito repousar limitado a um único e solitário indivíduo, Deus
distribuiu o Espírito a setenta outros homens.
A diferença entre o mediador do Antigo Pacto – Moisés – e o Mediador do Novo
Pacto – Jesus – é que Jesus distribuiu o seu Espírito Santo sobre todo o seu povo.
“Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em
vós?” (1Co 3.16).
“No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no
Espírito” (Ef 2.22).
“Vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para
serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus
por Jesus Cristo” (1Pe 2.5).

DESPERTE O DOM DE DEUS QUE HÁ EM TI PELA IMPOSIÇÃO DE


MÃOS

Uma das finalidades da imposição de mãos é dotar o servo de Deus com algum
dom espiritual.
Em primeiro lugar façamos uma pequena consideração sobre a parábola dos
talentos (Mt 25.24-30) e a parábola das minas (Lc 19.13-26). Estas parábolas têm
algumas coisas em comum: Em Mateus, Jesus frisa a recompensa que será dada a todos
os salvos, independente do serviço cristão; Em Lucas, Jesus frisa o galardão individual
que cada um receberá proporcional ao serviço cristão. Ambas parábolas tratam da
obrigação que cada servo tem de comercializar o “Dom” (Talentos e Minas) que
recebeu de acordo com sua própria capacidade individual (Mt 25.15-17). O Senhor
cobrou o resultado do trabalho de cada um, e o que Ele desejava eram outros talentos e
outras minas, iguais aos que havia dado a cada servo. O Senhor dá dons espirituais e
deseja que, não só usemos em sua obra, como também que multipliquemos esse dom,
levantando mais pessoas com o mesmo dom que recebemos; em outras palavras, quem
tem o dom de língua deve falar línguas, como também capacitar outras pessoas
igualmente a falarem em línguas; quem tem o dom de curar, deve usá-lo para curar as
enfermidades, mas também capacitar outros a terem os dons de curar e assim
sucessivamente.
Diante do exposto muitos poderão se levantar contra dizendo que é um absurdo
nós gerarmos um profeta, ou outro ministério qualquer, pois é o Senhor quem nos dá o
dom e não nós. Concordamos plenamente com essa afirmação. É o Senhor quem dá os
dons, mas nós não podemos ignorar o papel do elemento humano em três aspectos: a)
Deus pode nos usar a fim de despertar o interesse por algum dom em qualquer pessoa.
b) Deus pode nos usar para orientar uma pessoa menos experiente como usar o dom

83
espiritual que nós recebemos e no qual já temos mais experiência quanto ao uso.
c)Podemos ser usados pelo Senhor para investirmos (ou transferirmos) a outra pessoa
o mesmo dom do qual estamos investidos, e há base bíblica para isto, além do que já
podemos deduzir através das parábolas dos talentos e das minas.
Vejamos o exemplo de Paulo: O Apóstolo desejava comunicar algum dom
espiritual à igreja de Roma (Rm 1.11). Ele desejava ver a igreja de Roma, a fim de
comunicar aos crentes romanos algum dom espiritual. Embora o sentido de tais
palavras seja muito questionado por várias pessoas e mesmo admitindo-se que o
referido versículo possa ter mais de uma interpretação, ninguém pode contradizer que o
termo “comunicar”, em grego “metadō - µεταδῶ”, significa “repartir ou distribuir”, no
sentido de dar, entregar, doar, conferir, etc..., ou seja, Paulo desejava ir a Roma a fim
de distribuir algum dom espiritual entre os romanos, ou repartir seus próprios dons,
recebidos do Senhor.
“Porque muito desejo ver-vos, a fim de REPARTIR (metadídōmi - µεταδίδωµι)
convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados” (RA).

“Porque anseio ver-vos para vos conferir algum dom espiritual, a fim de que
sejais firmados”. (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas).
A ação de Paulo em Éfeso - Nessa cidade, Paulo após instruir os discípulos sobre
o que era o batismo no Espírito Santo, orou por eles e impôs-lhes as mãos e eles não só
foram batizados no Espírito Santo como também receberam o dom de Profecia (At
19.6).

Vejamos agora a formação de profetas - Quando falamos que é possível


investirmos alguém de autoridade para o exercício de algum dom específico, parece
que todos concordam com esse parecer, mas quando falamos que isso inclui o dom de
profetizar, a maioria dos crentes discorda e não aceita que podemos passar a outras
pessoas esse dom. Mas mesmo que tal afirmação possa parecer absurda para muitos,
podemos incluir o Dom de Profecia.

Nos dias de Samuel e de Elias havia uma escola de profetas em Israel (1Sm
10.5,6,10-12; 2Rs 2.15; 4.38) e Elias ungiu Eliseu como profeta em seu lugar (1Rs
15.16). O apóstolo exortava a Timóteo a despertar o dom de Deus que nele havia o qual
lhe havia sido dado pela imposição de mãos do próprio Paulo (1Tm 1.6). Obviamente
por trás dessa ação aparentemente humana estava o Senhor indicando ao profeta a
quem ele apresentaria para igualmente ser um novo profeta (1Rs 19.16), isso significa
que de nada adiantaria apresentar qualquer pessoa para ter o mesmo dom que nós
temos, sem que para isso tenhamos sido impulsionado por Deus, que em última análise
é que realmente doaria o dom. Aqui vale a exortação de Paulo ao mesmo Timóteo,
quando mais tarde ele viesse a ter a mesma responsabilidade: “A ninguém imponhas
precipitadamente as mãos...” (1Tm 5.22).

Muito embora nesse versículo Paulo esteja falando sobre a ordenação de


obreiros, o mesmo vale com relação aos dons espirituais.

84
Embora o Senhor dê os dons espirituais, ele pode muito bem usar seus vasos, já
possuidores de algum dom, para despertar ou direcionar outras pessoas para os mesmos
dons, ou até mesmo para outros dons. Um dos modos mais práticos e mais freqüentes
para isso é justamente a imposição de mãos de alguém dotado de autoridade (2Tm
1.16), ou de presbitério da Igreja (1Tm 4.14).

Vale acrescentar que a imposição de mãos para o recebimento de dons espirituais


é uma transferência, ou uma investidura, de autoridade, mas não é uma garantia do
exercício do dom. Como já dissemos anteriormente, o dom da Fé é progressivo e o
exercício dos demais dons também é progressivo. Então compete ao crente que recebeu
algum dom pela imposição de mãos a não negligenciá-lo (1Tm 4.14), mas sim
despertá-lo e desenvolvê-lo (2 Tm 1.6).

DIAIRESIOLOGIA - A DOUTRINA DAS DIVERSIDADES

1ª) Diairéçeis Kharismátōn - διαιρέσεις δὲ χαρισµάτων.


2ª) Diairéçeis Diakoniōn - διαιρέσεις διακονιῶν.
3ª) Diairéçeis Energuēmatōn - διαιρέσεις ἐνεργηµάτων.

1Co 12.4-11: “4 Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. 5 E há


diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há diversidade de operações,
mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. 7 Mas a manifestação do Espírito é
dada a cada um, para o que for útil. 8 Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da
sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; 9 E a outro, pelo
mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; 10 a outro a
operação de milagres; a outro a profecia; a outro o dom de discernir espíritos; a outro a
variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas. 11 Mas um só e o mesmo
Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”.

Diairesiologia ainda não existe nos nossos dicionários da Língua Portuguesa.


Como a língua é viva tive a liberdade de criar esta palavra par melhor definir o nosso
estudo. Diairesiologia é a junção de diaíreçis (διαίρεσις), cuja tradução é diversidade,
com logia (λόγια) cuja tradução é discurso, expressão, linguagem; estudo, ciência.
Portanto diairesiologia é o estudo das diversidades.

Robert Charles Sproul nos dá uma boa definição da palavra diversidade:


Um dos problemas mais complicados encontrados pelo pensador antigo (que continua
complicado até hoje) era o da unidade e da diversidade, ou “do uno e do múltiplo”. Era a
questão de encontrar sentido no meio das diversas manifestações da realidade: como todas as
coisas se encaixam de modo que faz sentido?
Hoje em dia, quase sempre falamos do universo sem pensar muito. O termo universo é meio
híbrido, em que as palavras unidade e diversidade (o uno e o múltiplo) misturam-se para
formar uma palavra única. As instituições de ensino superior são geralmente chamadas
“universidades”, porque ali se estudam os diversos elementos do universo. 49

49
SPROUL, R. C. Filosofia Para Iniciantes. São Paulo: Editora Vida Nova, 2002, p. 16.

85
OPERAÇÕES

DONS DONS
ESPIRITUAIS MINISTERIAIS

A unidade dos dons espirituais está na Pessoa do Espírito Santo, pois os dons
pertencem a ele, e a diversidade está nos membros do Corpo (Igreja) de Cristo. Nós os
membros deste Corpo somos os canais por onde a Manifestação (fanerosis) flui. A
corrente elétrica flui através dos fios, flui através do filamento de uma lâmpada e então
acontece uma manifestação – a luz. Da mesma maneira, também, a energia divina flui
através de nós, os membros, e acontece a manifestação – os dons espirituais, os
ministérios e as operações.
“Soberanamente o Espírito Santo distribui dons à sua Igreja. A Igreja é um corpo
de membros dotados por Deus, que funciona dentro do arcabouço da unidade e da
diversidade”.50

Fp 2.13: “Porque Deus é o que opera (energiza) em vós tanto o querer como o
efetuar (energizar), segundo a sua boa vontade”.

1Co 12.7: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for
útil”.

50
SPROUL, R. C. Ministério do Espírito Santo. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997, p. 157.

86
A Trindade e a Doutrina das Diversidades:
1ª) DIVERSIDADE DE DONS. Mas o Espírito é o mesmo (1Co 12.4);
2ª) DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS. Mas o Senhor é o mesmo (1Co 12.5);
3ª) DIVERSIDADE DE OPERAÇÕES. Mas é o mesmo Deus que opera tudo em
todos. (1Co 12.6);
4ª) DIVERSIDADE DE MEMBROS: 1Co 12.13: “Agora, porém, há muitos
membros, mas um só corpo”. Leia: 1Co 12.12-27.

DIVERSIDADE DE DONS

DIAIREÇEIS KHARISMATON - διαιρέσεις δὲ χαρισµάτων


DIVERSIDADE DE DONS (1Co 12.4) - Mas o Espírito é o mesmo.

As classificações dos Dons:


1. Naturais - Vocações natas (talentos): São aquelas características que dão a
cada ser humano uma personalidade sem igual.
2. Espirituais - capacitações que o Espírito Santo nos dá para as realizações
daquilo que for útil, para proveito comum (1Co 12.7).
3. Ministeriais (diakonion) - a pessoa toda como Dom de Deus dado à Igreja, ao
Corpo; não dado à denominação, mas ao Corpo (Ef 4.11; 1Co 12.27,28).

DONS ESPIRITUAIS - O significado de Kharismata (carismata - χαρίσµατα).

No Novo Testamento há uma palavra especial para dons espirituais - Carismata,


de onde deriva o adjetivo “Carismático”. Caris (χάρις), é a palavra que significa -
Graça. No grego clássico foi usada com o significado de “lindo”, “belo”, “encanto” e
por extensão “favor”, “bondade” e “gratidão” como resposta a uma dádiva.
Quando os escritores do Novo Testamento adotaram o termo CÁRIS,
empregaram-no para descrever o amor espontâneo, gracioso e imerecido de Deus
operando em Cristo Jesus. Caris ou Graça significa em primeiro lugar, o amor gratuito
e perdoador de Deus em Cristo para com os pecadores; e em segundo lugar, a operação
desse amor na vida dos Cristãos.
CARISMA (χάρισµα), um substantivo singular derivado de CÁRIS, significa
literalmente “Dom de Graça”. Representa todos os dons espirituais possuídos e
manifestados pelos crentes em vários graus e formas. Significado este que está longe do
usado popularmente para expressar fascinação, atração ou magnetismo pessoal de
personagens de vida política ou cinematográfica.

Karismata é a forma plural de Karisma, cujo significado é “Dons de Graça”.


Karisma e Karismata ocorre 17 vezes no Novo Testamento: 16 vezes nas cartas
paulinas e uma vez em 1Pe 4.10 (Rm 1.11; 5,15,16; 6.23; 11.29; 12.6; 1Co 1.7; 7.7;
12.4,9,28,30,31; 2Co 1.11; 1Tm 4.14; 2 Tm 1.6; 1Pe 4.10).

87
DONS GERAIS
1. Dom da justificação (Rm 5.15,16)
2. Dom da Vida Eterna (Rm 6.23)
3. Dom (?) (Rm 1.11; 1Tm 4.14; 2 Tm 1.6)
4. Dons Irretratáveis (Rm 11.29)
5. Dom do Celibato (1Co 7.7) “O dom de celibato é aquela capacidade especial que
Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para permanecerem solteiros e
apreciarem a sua condição; para continuarem solteiros e não sofrerem tentações sexuais
insuportáveis” (Peter Wagner).
6. Dom da Intercessão (2Co 1.11): “É a capacidade especial que dá a certos
membros do Corpo de Cristo para orar extensos períodos de tempos sobre bases
regulares, recebendo respostas freqüentes e específicas para as suas orações, em grau
muito maior do que aquilo que se espera do crente comum” (Peter Wagner).

2Co 1.11: “Contando também com a ajuda das vossas orações por nós, para que,
pelo favor (dom) que nos foi concedido pela intercessão de muitos; da mesma forma,
por muitos, sejam oferecidas ações de graças a nosso favor” (King James).

7. Dom do Martírio (1Co 13.3) “O dom do martírio é aquela capacidade especial que
Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para suportarem sofrimentos e até a
própria morte pela fé, ao mesmo tempo em que exibem coerentemente uma atitude
jubilosa e vitoriosa, que redunda na glória de Deus” (Peter Wagner).
8. Dom de Hospitalidade (1Pe 4.9,10) “O dom de hospitalidade é aquela capacidade
especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para franquearem suas
casas e acolherem calorosamente àqueles que precisam de alimento e abrigo”.(Peter
Wagner)
9. Dom de Exorcismo: “É aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros
do Corpo de Cristo, para que expulsem demônios e espíritos malignos” (Peter Wagner).
Ex:.At 16.16-18.
Dr. Peter Wagner catalogou 27 dons espirituais, mas nos prenderemos apenas a
estes de Rm 12.6-7 e 1Co 12.8-10. (Leia: Descubra Seus Dons Espirituais - Dr. Peter
Wagner).
DONS CONGREGACIONAIS OU MANIFESTAÇÕES
ROMANOS 12.6-8 1CoRÍNTIOS 12.8-10
1. Profecia 1. Palavra da Sabedoria
2. Serviço 2. Palavra do Conhecimento
3. Ensino 3. Fé
4. Exortação 4. Dons de Curar
5. Contribuição 5. Operações de Milagres
6. Governo 6. Profecia
7. Exercício de Misericórdia 7. Discernimento de espíritos
8. Variedades de línguas
9. Interpretação de línguas

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10. PROFECIA (Rm 12.6; 1Co 14.3; 12.10) – PROFĒTEÍA (προφητεία). Significa
falar aos homens para a Edificação, Exortação e Consolação;
Definição: É a capacidade dada por Deus para profetizar uma mensagem de Deus
em língua conhecida, que você recebeu diretamente do Espírito Santo para aquela
situação específica. O exercício do dom inclui tanto enunciação como prenúncios.
11. SERVIÇO – DIAKONIA (διακονία). Geralmente o termo significa o cuidado das
necessidades físicas (At 6.1,2; 1Pe 4.11; Lc 22.24-27; Mt 20.27,28) - “O dom do
serviço é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo
para que identifiquem necessidades não-satisfeitas envolvidas em alguma tarefa ligada
à obra de Deus e para usarem os recursos disponíveis para satisfazerem a essas
necessidades e ajudarem a cumprir os alvos desejados” (Peter Wagner).
12. ENSINO – DIDASKŌ (διdάσκω). Este dom tem por finalidade instruir e
consolidar outros na Verdade do Evangelho. “O dom do ensino é aquela capacidade
especial que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para comunicarem
informações relevantes para a saúde e o ministério do Corpo e seus membros, de tal
modo que outros crentes possam aprender” (Peter Wagner).

13. EXORTAÇÃO – PARAKALÉŌ (παρακαλέω). O Termo grego (παρακαλῶν -


parakalōn) deriva de outro, PARAKLETOS, que significa “ir em socorro de alguém”
em qualquer necessidade que apareça. Encorajamento ou conforto é aplicação deste
dom. “O dom da exortação é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros
do Corpo de Cristo para ministrarem palavras de consolo, encorajamento e conselho a
outros membros do Corpo de Cristo, de tal maneira que se sintam ajudados e curados”
(Peter Wagner).

14. CONTRIBUIÇÃO – METADIDUS (μεταδιδοὺς). Metadidōmi (μεταδίdωμι)


significa dar, compartilhar com alguém (2Co 9.7). “ É aquela capacidade especial que
Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo para que contribuam com seus recursos
materiais para a obra de Deus, com liberalidade e bom ânimo”(Peter Wagner).

15. LIDERANÇA, PRESIDIR - PROÏSTÁMENOS (προϊστάµενος). Proístemi


(προϊστημι) significa estar em primeiro lugar, presidir, governar, tomar o comando ou
diretiva de qualquer grupo. Dr. Peter Wagner faz diferença entre este dom (Rm 12.8) e
o outro citado em 1Co 12.28. Sua definição do dom de liderança é: O Dom de
Liderança é aquela capacidade especial que Deus dá a certos membros do Corpo de
Cristo para estabelecer alvos harmônicos com o propósito de Deus para o futuro,
transmitindo esses alvos a outros de tal modo que, voluntária e harmoniosamente,
operem juntos para concretizar aqueles alvos para a glória de Deus. Já a definição de
Peter Wagner do O Dom da Administração é a seguinte: “É aquela capacidade especial
que Deus dá a alguns membros do Corpo de Cristo, capacitando-os a entender
claramente os alvos imediatos e a longo prazo de alguma unidade particular do Corpo
de Cristo, a fim de traçar e executar planos eficazes para a concretização daqueles
alvos”. Para Peter Wagner, pastores como o Dr. David Yonggi possuem o Dom da
Liderança, e outros pastores locais podem não possuir este dom, todavia podem possuir

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o Dom da Administração e serem bem sucedidos em suas igrejas menores. A palavra
usada em 1Co 12.28 é KYBERNĒRSEIS (κυβερνήσεις)de kybérnēsis (κυβέρνησις)
que significa a ação de pilotar um navio. E a palavra usada em Rm 12.8 – proístemi
(προϊστημι)significa chefiar, presidir e governar.

16. MISERICÓRDIA, COMPAIXÃO - ELEÕN (ἐλεῶν - ἐλεάω) (Lc 7.13; Mc


6.34). O que tem este dom sente alegria, tem empatia, se compadece da dor do
próximo, é misericordioso para com os irmãos, ajuda quem não tem condições de
ajudar-se a si mesmo. O dom de misericórdia move as ações sociais mais sublimes.
Fazer ação social apenas em nome de modas político-ideológicas não alcança sucesso
que tal missão atinge quando é o resultado da ação do Espírito Santo movendo o
coração humano em compaixão e misericórdia.

AS MANIFESTAÇÕES (1Co 12.8-10) - OS DONS DE REVELAÇÃO

17. A PALAVRA DA SABEDORIA. LOGOS SOFIA - λόγος σοφίας (1Co 12.8).

Primeira Definição: É uma comunicação não adquirida e sobrenatural de um


fragmento da Sabedoria Total e Absoluta de Deus, para satisfazer uma necessidade
específica, responder a um desafio determinado ou utilizar uma porção específica de
conhecimento.
Segunda Definição: É a aplicação sobrenatural do Conhecimento. É saber o que
fazer com o conhecimento natural ou sobrenatural que Deus lhe deu.
Terceira Definição: É a capacidade de raciocinar e de planejar com o uso do
conhecimento e da experiência já adquiridos.
Tipos Diferentes de Sabedoria
1) Sabedoria Natural Humana
2) Sabedoria Sobrenatural deste mundo decaído (Gn 3.6; Dn 2.27,28)
3) Sabedoria Intelectual Verdadeira. Esta sabedoria vem pelo temor ao Senhor e
à Palavra de Deus. Exemplo: Os livros de Provérbios e a Sabedoria de
Salomão.
4) O DOM DA PALAVRA DA SABEDORIA
Sobre o Dom da Palavra da Sabedoria, as pessoas, às vezes chamam este dom de
“O Dom da Sabedoria”. Isto não é correto, devemos dar a ele o nome que a Bíblia lhe
dá; de outra forma, ficaremos confusos. Este Texto Bíblico não está falando a respeito
da sabedoria no sentido geral. Está falando exatamente naquilo que diz - A Palavra da
Sabedoria.
Deus possui toda a Sabedoria e todo o conhecimento. Ele sabe tudo, mas nunca
revela a ninguém tudo quanto sabe. Ele simplesmente lhes dá uma Palavra daquilo que
Ele sabe. Uma palavra é uma parte fragmentária da frase. E assim acontece com a
Sabedoria. Não é Dom da Sabedoria, é o Dom da Palavra da Sabedoria que Deus revela
ao homem - apenas a Palavra, ou a parte, que Ele quer que o homem saiba.
De acordo com a Rev. Caio Fábio D'Araujo Filho este dom se manifesta em três
circunstâncias específicas:
90
1. Diante de situações de dificuldades. Em Lc 21.14,15, Jesus diz que quando os
discípulos se encontrassem em apuros na presença de autoridades, Ele lhes daria
sabedoria, à qual ninguém poderia resistir. Foi o caso de Estevão, em At 6.8-10, que
falava com tanta sabedoria que ninguém podia opor-lhe resistência.
2. Em questões de divisões dentro da Igreja. 1Co 6.5 diz que o sábio no meio da
irmandade é aquele que tem uma palavra pacificadora, apazigua ânimos, reaproxima
irmãos, acalma situações, encontra sempre um modo de reconciliação para cada coisa.
3. Manifesta-se antes de tudo nas atitudes. É o que diz Tiago no capítulo 3 verso
l3 à 18.
Dick Iverson diz que este Dom manifesta-se das seguintes maneiras:
1. Pelo Espírito no nosso interior, ou poderíamos dizer, por intuição espiritual:
ouvir, com os ouvidos espirituais a voz do Espírito (Rm 8.16);
a. At 16.6-8. Aqui o Espírito proibiu que Paulo fosse a Bitínia.
b. 1Rs 3.16-28. Salomão, lidando com as duas prostitutas, é um exemplo
perfeito da aplicação deste dom.
c. 2 Sm 12.1-14. Aqui vemos que o profeta Natã não somente tinha
conhecimento sobrenatural, mas também sabedoria e direção
sobrenaturais na aplicação deste conhecimento.
d. At 8.20-23. Pedro viu o coração de Simão como um livro aberto, e
pelas palavras do conhecimento e da sabedoria, lidou com ele.
2. Como aplicação bíblica revelada, isto seria uma “palavra vivificada do
Senhor” para uma situação específica. A palavra específica dada por Deus
quando o pregador está pregando realmente atinge o alvo.
a. At 1.15-23. Enquanto Pedro e o resto dos 120 estavam em oração,
Deus abriu o seu entendimento quanto ao que deveria ser feito. Ele o
fez, vivificando uma passagem bíblica a Pedro. Ele usou o Salmo 109,
onde Davi estava fazendo uma oração imprecatória contra os seus
inimigos.
b. At 2.14-36. A palavra da Sabedoria estava também envolvida aqui, na
revelação da passagem do Velho Testamento a Pedro (Jl 2.28,29).
c. At 15.13-18. Aqui Tiago recebeu sabedoria e revelação em relação a
uma passagem do Velho Testamento (Am 9.11,12), o que ajudou a
trazer a solução a um problema muito delicado e difícil na Igreja
primitiva.

3. Através de uma voz audível ou de um anjo: 1Rs 19.12-18; At 8.26-29; At


9.10-17; At 27.21-24;
4. Através de Sonhos, Visões ou Arrebatamento de Sentidos: At 18.9,10;
16.9,10; 22.17-21; At 10.1-6.
De acordo com Kenneth E. Hagin A Palavra da Sabedoria pode também vir
através do dom vocal da profecia, ou das línguas e da interpretação.
Kenneth Hagin diferentemente de Caio Fábio e Dick Iverson faz uma separação
entre a Sabedoria narrada por Tiago (Tg 1.5; 3.13-17) e o Dom da Palavra da
Sabedoria. Diz Kenneth: “A sabedoria à qual Tiago se refere é a sabedoria para lidar
sabiamente com as questões da vida - a sabedoria está à disposição de qualquer um que

91
pedir. Deus realmente outorga sabedoria, mas esta não é a manifestação sobrenatural da
Palavra da Sabedoria”.
Escrevendo aos crentes, Tiago disse que se Algum de vós tem falta de sabedoria,
peça a Deus, que a TODOS dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada. Paulo,
porém, disse (1Co 12.8): A um é dada a palavra da Sabedoria - a um; não a Todos, mas
a UM. Isso dá a entender que nem todos terão essas manifestações dos dons espirituais
do Espírito Santo. Paulo termina, dizendo que as manifestações do Espírito Santo são
dadas somente segundo o Espírito quer.
Exemplos Bíblicos do dom da Palavra da Sabedoria:
1) José (Gn 41)
2) Jaaziel (2Cr 20.12-23)
3) Natã (2 Sm 12.1-14)
4) Paulo (At 23.6-10)
5) Jesus (Lc 4.3-14; 7.22; Jo 4.9-26; Mt 22.15,41-46)
6) Estevão (At 6.8-10).

18. A PALAVRA DO CONHECIMENTO - Logos Gnōseōs (1Co 12.8)


λόγος γνώσεως = Logos Gnōseōs
1ª) Definição: É a capacidade dada por Deus, por revelação, de receber fatos e
informações que são humanamente impossíveis de se conhecer.
2ª) Definição: É a revelação sobrenatural dos fatos passados presentes ou futuros que
não foram aprendidos mediante esforço da mente natural.
3ª) Definição: É a revelação sobrenatural de algum fato que existe na mente de Deus,
mas que o homem, devido às suas limitações, não pode conhecer, a não ser pela
intervenção poderosa do Espírito Santo.
4ª) Definição: É uma revelação que vem como relâmpago à mente humana, apesar
de estar totalmente fora do alcance daquilo que o homem poderia ter sabido ou
imaginado, dentro das suas próprias limitações.

Este Dom não é o conhecimento que vem através da habilidade natural,


observação, estudo, educação ou experiência. O Dom da Palavra do Conhecimento vem
do Espírito Santo. Todo outro conhecimento vem ou passa primeiro pela mente -
faculdade da alma. Todavia a Palavra do Conhecimento vem do Espírito Santo ao
nosso espírito humano, Deus comunica-se conosco por meio de nosso espírito, não
através de nossa alma (Rm 8.16).

Quatro Tipos de Conhecimento:

1) Conhecimento Humano Natural que certamente está aumentando (Dn 12.4). Por
importante que este conhecimento seja, muitas vezes cria tanto orgulho que algumas
pessoas são impedidas de entrar no Conhecimento do Senhor (1Co 2.14; 8.1).

2) O Conhecimento Sobrenatural deste mundo decaído. É a tentativa da mente natural


de conseguir informação por meios sobrenaturais que não mediante o Espírito Santo.
Inclui o oculto, o psíquico e as investigações “metafísicas” que Satanás está usando

92
para enganar um número crescente de pessoas hoje. Exemplo: O programa da Rede
Bandeirantes de Televisão - Terceira Visão.

3) O Conhecimento Intelectual Verdadeiro - É o que vem pelo conhecimento pessoal


de Deus mediante Jesus Cristo (Jo 17.3; Fp 3.10; 2Pe 3.18), a Plenitude do Espírito
Santo, e o estudo da Palavra de Deus, que traz o conhecimento da vontade de Deus e de
seus modos, para os quais não há substituto (Sl 103.7; Ex 33.13; Is 11.9; Hc 2.14).

4) O Dom - A Palavra do Conhecimento - É a revelação sobrenatural pelo Espírito


Santo de certos fatos existentes na mente de Deus.
O Dom A Palavra do Conhecimento é manifestado: através de visões e de uma
revelação interior (At 9.10-12; 10.9-20; Jo 4).
Também podemos adicionar: com que propósito este dom é usado? Pode ser o
conhecimento dos pensamentos dos corações. Ex: Lc 5.22; 6.8; 7.36-50; Mt 3.7-12;
1Rs 21.17-20; Jo 11.11-14; At 11.27-30; 9.10-18; 10.1-9; 1Rs 6.9; 2Rs 5.20-27; At 5.1-
10.
Exemplos Bíblicos da Palavra do Conhecimento:
1) Samuel: 1Sm 3.1,11-14; 9.15-20; 10.21-23; 13.14
2) Natã: 2 Sm 12.7-13
3) Elias: 1Rs 19.2-4,14,18
4) Eliseu: 2Rs 5.25,26; 6.8-23; 8.7-15
5) Daniel: Dn 2.19-45
6) Pedro: Mt 16.16-18; At 5.1-11; 10.9-23
7) Ananias: At 9.10-12,17
8) Ágabo: At 11.27-30; 21.10,11
9) Jesus: Jo 11.11-14; 4.17,18; 1.48; 13.38; 6.61
10) José: Gn 40.5-19; 41.1-36
11) Paulo: At 16.16-18; 20.29-31; 27.23,24

Lembrete: o fato de que algo seja revelado não significa, que ele deva ser
proferido imediatamente, ou até mesmo mais tarde. Uma palavra de conhecimento,
muitas vezes, vem inesperadamente, e tem freqüentemente, o propósito de nos levar à
oração com relação ao que Deus nos mostra. Ela pode envolver uma necessidade na
vida de um parente, de algum crente, ou de uma igreja local.

“A Palavra do Conhecimento” pode ser recebida através de uma revelação


silenciosa e a pessoa que recebeu esta manifestação deve pedir a Deus que lhe mostre o
que fazer com ela.

A palavra do conhecimento também pode ser usada para revelar doenças ou


possessão demoníaca (At 16.16-18).

19. O Dom do Discernimento de Espíritos.


É a capacidade dada por Deus por revelação, de reconhecer que espíritos estão
por detrás de diferentes manifestações ou atividades (At 16.16-18). Na dimensão

93
espiritual há espíritos divinos tanto quanto espíritos malignos. É com o Dom de
Discernir que podemos saber a origem das manifestações.
Tipos de Discernimentos:
1) Discernimento Natural;
2) Discernimento Intelectual Verdadeiro (1Co 2.15,16);
3) Discernimento Sobrenatural Falso;
4) O Dom do Discernimento de espíritos.

As manifestações espirituais podem ter três fontes:


1) Natural - oriunda do Psiquê do homem.
2) Diabólica - oriunda de espíritos malignos.
3) Divina - oriunda do Espírito Santo.
OS DONS DE PODER
1) Fé;
2) Operações de Milagres;
3) Dons de Curar.
Estes dons se operam na esfera física. São dons ativos que produzem sinais e
maravilhas (At 4.29,30; Hb 2.4; Mc 16.20).

20. O DOM DA FÉ. É o maior dos três dons de poder. É um dom do Espírito para o
crente, para que este possa realizar milagres. Quando se opera o Dom da Fé, é a Fé
concedida por Deus que funciona através dos homens (At 3.16).

Definição: Fé é o equipamento espiritual e sobrenatural do crente, para lhe


conceder o poder sobrenatural de confiar em Deus nas ocasiões em que só um milagre
glorioso poderia alterar a situação; confiar quando tudo está aparentemente perdido;
confiar quando não há a mínima esperança de uma solução.

Existem dois tipos de Fé:


1ª) Natural - Oriunda da alma, da psiquê, do intelecto.
2ª) Sobrenatural - Oriunda do Espírito Santo e pelo poder da Palavra de Deus.
TIPOS DE FÉ SOBRENATURAL:
1ª) Fé Salvadora. Esta é aquela resposta de Fé inicial a Deus, a qual nos
introduz no reino de Deus. Ela é a habilitação de Deus a uma pessoa para que esta o
Aceite e creia Nele (Jo 1.12; Gl 2.8,9; At 16.31; Rm 10.8-17; 12.3; Hb 11.1,6). O
veículo de Deus para nos salvar foi a Graça; nosso veículo em aceitá-la é a Fé ou uma
resposta de receptividade à sua Graça.
2ª) Fé como Fruto do Espírito Santo. Esta é a Fé gradativa, cada vez que
crescemos na Graça e no Conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Fé como
qualquer árvore cresce (Gl 5.22).
3ª) O Dom da Fé. É a habilidade dada por Deus de se crer Nele para o
impossível numa determinada situação. Ele não é tanto a Fé geral que crê em Deus para
suprir as nossas necessidades, etc, mas ele vai um passo além, onde “simplesmente
sabemos” que uma determinada coisa é a vontade de Deus e que vai acontecer.

94
Caio Fábio define este dom dizendo: É a possibilidade de discernir os propósitos
de Deus para o futuro, mesmo que as coisas se desencadeiem em condições
desfavoráveis no presente. Os que possuem tal dom são responsáveis por ver além da
nuvem. (1Co 12.9; Mc 11.22,23). Exemplos: Mt 8.1-3; 11.11-14,23-43; Jo 9.1-7; Mc
1.31; At 3.1-7; 5.1-10; 16.16-18; 20.7-12; 27.21-25; 1Rs 17.1,14; 2Rs 1.10-14; 2.23-
24; 3.16-20; 6.18; Nm 27.18; Dt 34.9; Js 10.12-14; At 13.8-11; 14.8-10.

Kenneth E. Hagin dá seis manifestações para o Dom da Fé:


1ª) O Dom da fé para Bênçãos Sobrenaturais. Os patriarcas impunham as mãos
sobre os filhos e ordenavam bênçãos sobre os filhos e muitas vezes estas bênçãos se
realizavam anos depois. Vemos isto nas vidas de Abrão, de Isaque, e de José.
2ª) O Dom da Fé para a Proteção Pessoal (Dn 6.16,17,19-23).
3ª) O Dom da Fé para Sustento Sobrenatural (1Rs 17.2-6).
4ª) O Dom da Fé para Ressuscitar os Mortos. Segundo relata Albert Hibbert o
grande evangelista Smith Wigglesworth ressuscitou 14 pessoas durante o seu
ministério. Para a ressurreição de mortos os três dons de poder entram em ação. O Dom
da Fé, o dom Operações de Milagres e os Dons de Curar.
5ª) O Dom da Fé para a Expulsão de Demônios (Mc 16.17). Na operação deste
dom para expulsão de demônios muitas vezes outros dons entram em ação como os
dons de Discernir os espíritos e a Palavra do Conhecimento. (At 16.16-18).
6ª) O Dom da Fé para ministrar o Espírito Santo (Gl 3.5). Esse dom da Fé entra
em operação na imposição das mãos para as pessoas receberem o Batismo no Espírito
Santo (At 9.17,18; 8.15-19; 19.6).

21. OPERAÇÕES DE MILAGRES (ENERGĒMATA DYNAMEŌN).


Energuēmata dynámeōn = ἐνεργήµατα δυνάµεων.
O milagre é intervenção sobrenatural na função normal da natureza; a suspensão
temporária da ordem habitual; a interrupção do sistema natural observado pelos
homens.
“O milagre é um acontecimento que não parece ser parte nem resultado de
nenhuma lei ou agência naturais, e é muitas vezes atribuído a uma fonte sobre natural
ou divina”.51
“Quando se realiza um milagre, as leis da natureza não são violadas, mas
substituídas num ponto especial por uma manifestação mais elevada da vontade de
Deus. As forças da natureza não são aniquiladas ou suspensas, mas contrabalançadas
num determinado ponto por uma força superior aos poderes da natureza” (L.
Berkhof).52
A palavra “dynamis” (δύναµις) aparece 119 vezes no Novo Testamento. Esta
palavra em 1Co 12.10 - Dynamis é traduzida milagre, todavia nos outros textos é
traduzida por milagre, obra poderosa, poder, força, poderoso, virtude e de diversas
formas em outras versões. Energēmata (ἐνεργήµατα) plural de enérguēma

51
JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p.70.
52
Ibid. 70.

95
(ἐνέργηµα) vem de energuéō – energizar (ἐνεργέω) que dá origem a palavra energia
em Português.
O Novo Testamento emprega três palavras gregas diferentes para expressar
“milagres”:
1. Téras (τέρας). Que significa prodígio, presságio ou maravilhas;
2. Dynamis (δύναµις). Que significa poder miraculoso;
3. Sēmeion (σηµεῖον). Que significa milagres, símbolo, sinal ou maravilha.

O apóstolo João empregou de forma consistente a palavra sēmeion para


descrever as obras de Cristo. Este emprego encarece o valor de “sinal” dos milagres. O
sinal não é importante em si mesmo, mas para o que ele ressalta ou indica. Dessa
forma, os milagres de Cristo foram importantes por aquilo para o qual apontavam.53
João selecionou somente sete milagres de um número muito maior e os registrou
tendo em vista um propósito definido: “Jesus, na verdade, operou na presença de seus
discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém,
estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome”. Portanto, uma das principais finalidades dum milagre é
levar as pessoas a crerem que Jesus Cristo é o filho de Deus, o Salvador do mundo, de
modo que crendo possam ter a vida eterna por intermédio dele.54
Nicodemos disse a Jesus: “sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém
pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (Jo 3.2).
Pedro no seu sermão no dia de Pentecostes disse: “Varões israelitas, escutai estas
palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres,
prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem
sabeis” (At 2.22).
Jesus citou suas obras miraculosas como prova de sua missão messiânica aos
mensageiros de João Batista: “Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do
Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou
havemos de esperar outro? Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis
e vedes: os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos
ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.” (Mt 11.2-
5).
Os discípulos do Senhor receberam a Grande Comissão de levar o Evangelho ao
mundo todo. Foi-lhes dito que sinais maravilhosos acompanhariam aqueles que
cressem: “E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão
demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa
mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão
curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à
direita de Deus. Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o
Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam” (Mc 16.17-20).
Na carta aos Hebreus, lemos: “testificando Deus juntamente com eles, por sinais e

53
JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p.72.
54
Ibid. p. 72.

96
prodígios, e por múltiplos milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos segundo a sua
vontade” (Hb 2.4).55
Cremos que a Grande Comissão é ainda obrigação dos cristãos atuais. Se a ordem
está em vigor, o poder para cumprir a ordem ainda deve estar disponível. O Espírito
Santo foi enviado para estar conosco sempre. Por certo seus dons de poder serão
sempre concedidos aos que sinceramente confiam nele para obter essas capacitações
divinas. Os dons do Espírito são desejáveis para um ministério efetivo aos enfermos.56

Os milagres internos: Ef 1.17-19; 3.16-20; Fp 3.10; Cl 1.11.


Os milagres externos: At 1.8;3.12; 4.7; 4.33; 6.8; 8.10; Mc 16.17-20; João 14.12-
20.
Alguns Milagres do Velho Testamento:
1) A divisão do mar vermelho (Ex 14.21-31).
2) A parada do Sol e da Lua (Js 10.12-14).
3) A farinha e o óleo não esgotaram (1Rs 17.8-16).
4) A descida de fogo no monte Carmelo (1Rs 18.17-39).
5) O regresso de 10 graus no relógio do sol (2Rs 20.8-11).
6) A divisão das águas do rio Jordão (2Rs 2.9-14).

Alguns Milagres do Novo Testamento:


1. A transformação da água em vinho (Jo 2.1-11)
2. Andando sobre as águas (Mt 14.25-33).
3. Alimentando a multidão (Mc 6.38-44; Mt 15.19-39).
4. Acalmando a Tempestade (Mc 6.45-52).
5. Pescando aonde não havia peixe (Jo 21.5-12).
6. Pedro encontrando dinheiro na boca do peixe (Mt 17.27).
7. A libertação dos apóstolos e outros (At 12.1-17; 16.25-40; 5.17-25).
8. A transladação de Felipe de Gaza a Azoto (At 8.39-40). Azoto fica 32 Km
ao norte de Gaza.
9. A cegueira temporária de Elimas (At 13.8-12).
10. Paulo picado pela cobra nada sofreu (At 28.3-6).

Os milagres devem acompanhar a pregação do Evangelho (Mc 16.15-20; 1Co


2.1-5).
A Operação de Milagres é usada para demonstrar o Poder e a Grandeza de Deus.
A palavra grega, segundo o dicionário significa “explosões de onipotência”. Dynamis é
energia ou poder de Deus. Paulo pregou não somente em palavra, mas em Poder
(dynamis) - (1Ts 1.5). Não podemos ser bem sucedidos se Deus não cooperar conosco
com sinais e prodígios. Devemos orar pedindo poder para pregarmos a Palavra com
intrepidez e que o Senhor coopere conosco estendendo a Sua mão para fazer curas,
sinais e prodígios por intermédio do Nome de Jesus (At 4.29,30).

55
JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p.73.
56
JETER, Huhg. Ibid. 73.

97
MILAGRES SÃO NECESSÁRIOS HOJE57

O poder sobrenatural de Deus manifesto nas curas miraculosas dos enfermos é


de grande necessidade no mundo céptico de nossos dias. Há muitos “Nicodemos” hoje
que necessitam ser convencidos por tais demonstrações do poder do Deus vivo.
Todavia, está em ordem uma palavra de advertência àqueles que buscam ser usados por
Deus dessa forma. Deveríamos tomar todo cuidado para evitar o aspecto “mágico” na
busca do “miraculoso”. Deus executa muitos milagres que não são “espetaculares”.
Deveríamos lembrar-nos sempre de que a prova de um verdadeiro milagre de Deus é:
“Que benefício este milagre traz?” Um milagre (semeion) deveria sempre apontar para
o operador do milagre, Jesus Cristo, e não para aquele que simplesmente serve de
instrumento nas mãos de Deus.

O fato de haver tantos milhões de sofredores ao nosso redor, que necessitam de


experimentar a cura que só Cristo pode dar, constitui grande motivação para buscar os
dons de curas e de milagres. Não obstante, é muito fácil aos nossos corações enganar-
nos pensando que nossos motivos são puros, quando existe grande porcentagem de
egoísmo em nossos pensamentos mais íntimos. Desejamos publicidade, fama,
multidões e talvez mesmo a recompensa financeira que tal ministério provavelmente
possa trazer. Um orador pode atrair centenas de pessoas, enquanto um “operador de
milagres” atrairia milhares. E difícil manter a vitória sobre o êxito. A intoxicação
causada pela multidão pode resultar em sério dano espiritual. Devemos estar seguros de
que possuímos os motivos certos - compaixão pelos enfermos no corpo e na alma, e um
sincero desejo de ver que nosso maravilhoso Salvador receba toda a glória que tão
ricamente ele merece.
Marcos 16.15-20:
15. “O tempo é chegado”, dizia ele. “O 15. E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e
preguem o evangelho a todas as pessoas.
16. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.
17. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão
demônios; falarão novas línguas;
18. pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal
nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”.
19. Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi elevado aos céus e assentou-se à
direita de Deus.
20. Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava
com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam.
Alguns ao lerem este texto de Marcos, levados pelos comentários de rodapé de
diversas Bíblias de Estudo, afirmam que os dons não são para hoje. Afirma que essas
palavras não ocorrem em alguns manuscritos antigos. Porém há 4.200 manuscritos
gregos do Novo Testamento. Pelo menos 680 deles contém o Evangelho de Marcos
completo, e apenas dois desses 680 manuscritos não incluem esses versículos (9-20).
Dentre três versões do latim, 8.000 contém os versículos a que nos referimos. As

57
JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p.74.

98
versões góticas, egípcias e armênicas - todas contém esses versículos. Somente no
Século IV é que começaram a surgir dúvidas sobre esses versículos.

22. DONS DE CURAR - KHARISMATA IAMATON (Mt 10.1,8; Mc 16.16-18; Mt


8.3). KHARÍSMATA IAMÁTŌN (χαρίσµατα ἰαµάτων).
Definição: O Dom de Curar é a habilidade dada por Deus de Se transmitir a cura
ao corpo físico em ocasiões específicas. Ele é acompanhado por uma medida de dom
da Fé, muitas vezes pelo dom do conhecimento. Ele envolve a transmissão desta Fé à
pessoa que necessita da cura, o que a levanta do campo da dúvida e incredulidade, e faz
com que as pessoas se apropriem da cura. Deus energiza o crente e então há a
manifestação do Espírito Santo para a cura. A Fé pode ser do doente, do parente ou
amigo do doente ou do próprio crente que ora (Lc 5.17-20). O propósito dos dons de
curar é libertar os enfermos e destruir as obras do Diabo no corpo humano (At 10.38).

DONS DE CURAS E DE OPERAÇAO DE MILAGRES

Um estudo da doutrina da cura divina não estaria completo sem um exame


cuidadoso dos dons do Espírito Santo, especialmente os de curas e de milagres. Paulo
escreveu à igreja de Corinto: “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que
sejais ignorantes” (1Coríntios 12.1). Infelizmente, muitos dos filhos de Deus hoje
parecem estar muito desinformados quando se trata de dons espirituais. E.S. Williams,
referindo-se ao propósito dos dons espirituais, diz: “São capacitações espirituais com o
propósito de edificar a igreja de Deus. Também são concedidos como sinais para a
confirmação da Verdade ao mundo”.
“Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e
confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam” (Mc 16.20.)
Há milagres de muitos tipos diferentes registrados na Bíblia. Houve os tipos de
milagres onde não havia cura, tais como a separação das águas do mar vermelho e as
do rio Jordão, a descida de fogo do céu para consumir o sacrifício sobre o altar no
monte Carmelo, a provisão de água da rocha e o maná vindo do céu. Houve também
muitos milagres de cura realizados pelo Senhor Jesus e por seus seguidores.
Muitas curas parecem ser miraculosas. Qual a diferença, se houver alguma, entre
os dons de curar e o dom de operações de milagres? Já observamos que alguns milagres
nada têm que ver com a cura física. Há os creem que os milagres devem ser
instantâneos embora a cura (mesmo a divina) pudesse tomar tempo para sua
completação.

Há três ministérios associados com a cura física:


1. Evangelista: Ef 4.11; At 8.4-8;
2. Operadores de Milagres: 1Co 12.28;
3. Dons de Curar: 1Co 12.28.

Há três dons do Espírito associados com a cura física:


1. Os dons de curar;
2. Operações de Milagres;

99
3. Fé.

OS DIFERENTES NÍVEIS DE CURA:


1. Instantânea: Mt 8.3 “E Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Eu
Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo da lepra”.
2. Paulatina: A cura de um cego em Betsaida: Mc 8.22-26.
3. A Ceia Do Senhor: Aquele que participa dignamente da Ceia do Senhor
muitas vezes recebe curas físicas ( 1Co 11.25-32 ).
4. A Imposição de Mãos (Mc 16.16-18; At 19.11; Mc 6.5; At 5.12; 14.3).
5. Através da Palavra Falada (Sl 107.20; Lc 7.1-10; Jo 4.43-53; 5.1-9.
6. Os trajes de Jesus; A sombra de Pedro (Mc 6.56; Mt 9.20-22; At 5.15,16).
7. Os lenços e Aventais de Paulo (At 19.11,12).

Que tipo de curas o Senhor Realizou?


1. Cegueira: Mt 12.22; 15.30; 21.14; Mc 10.46-52; Lc 7.21;
2. Surdez: Mc 9.25-27; Mt 11.5;
3. Possessão demoníaca: Mt 4.24; 8.16,28-34; 9.32,33; 12.22; 15.22-28; 17.18;
Mc 1.32-34,39; 7.26-30; 16.9; Lc 4.41; 8.2; 26.36; 9.42; 11.14; 13.32;
4. Hidropisia: Lc 14.2-4;
5. Mudez: Mt 12.22; 15.30; Mc 9.17-27;
6. Orelha restaurada: Lc 22.51;
7. Febre: Mt 8.14,15;
8. Hemorragia: Mc 5.25,29; Lc 8.43-48;
9. Corcunda: Lc 13.11-13;
10. Incapacitado: Jo 5.5-9;
11. Coxeadura: Mt 15.30; 21.14;
12. Lepra: Mt 8.2,3; Lc 5.12,13; 17.12-14;
13. Lunático: Mt 4.24;
14. Aleijados: Mt 15.30,31;
15. Paralisia: Mt 4.24; 8.5-13; 9.2-7; Lc 5.18-25; Mc 2.3-12;
16. Espírito de enfermidade: Lc 13.11-13;
17. Doença mortal: Lc 7.2-10;
18. Espíritos imundos: Mc 1.23-26; 5.2-15; 7.25-30; Lc 4.33-36; 6.18; 8.26-35;
9.42;
19. Mão ressequida: Mt 12.10-13.

Além dos casos individuais de cura mencionados, também está registrado que o
senhor curou:
1. Muitos: Mc 1.34; 3.10; Lc 7.21;
2. Doenças diversas: Mt 4.24: Mc 1.34; Lc 4.40;
3. Multidões: Mt 12.15; 19.2; Lc 5.15; 6.17-19;
4. Todos os que estavam enfermos: Mt 8.16; 12.15; 14.14; Lc 4.40; 6.19; 9.11.
Por que Jesus Curou?
1. Para mostrar compaixão: Mt 14.14; 20.34; Mc 1.40,41; 5.19; 9.22; Lc 7.13;

100
2. Para cumprir profecias: Mt 8.17; Is 53.4;
3. Para provar que fora enviado de Deus: At 2.22; Jo 5.36;
4. Para capacitar os curados a servir: Mt 8.14,15;
5. Para comunicar Vida Abundante: Jo 14.6;
6. Para destruir as obras do diabo: 1 Jo 3.8; At 10.38;
7. Para manifestar as obras de Deus: Jo 9.3; Mt 9.8; 15.31; Mc 2.12; Lc 5.26;
7.16.

Como foi que Jesus Cristo Curou?


Um estudo cuidadoso das Escrituras leva muitos a crerem que Cristo não curou
por seu próprio poder, como o divino Filho de Deus, mas mediante o poder do Espírito
Santo. Ele curou porque foi ungido pelo Espírito (Is 61.1,2; Lc 4.18-20; Jô 5.19; At
10.38).
1. Imposição de mãos: Mc 5.23; 6.5; 8.23; Lc 4.40; 13.13;
2. Curou por sua Palavra: Mt 8.8; Lc 4.32,36; 7.7 (Logos);
3. Repreendeu a enfermidade ou o espírito que a causava: Mt 17.18; Mc 1.25;
9.25; Lc 4.35,39; 9.42;
4. Pessoas foram curadas por tocarem nele ou em suas vestes; tendo fé: Mt
9.21; 14.36; Mc 3.10; 5.28; 6.56; 8.22; 10.13; Lc 6.19;
5. Em algumas ocasiões Jesus disse aos buscavam a cura: “A tua fé te salvou”:
Mt 9.2,22,29; 15.28; Mc 2.5; 5.34; 10.52; Lc 5.20; 7.50; 8.48; 18.42;
6. Com lodo e saliva: Jo 9.6-15.

AS DOENÇAS SÃO RESULTADO DA QUEDA: At 10.38; Lc 13.16.

A primazia de Satanás no setor das doenças remonta à queda do homem no


Jardim do Éden (Gn 2.17; Rm 5.12). A influência física é na realidade produzida pela
doença espiritual. Quando a alma do homem se torna corrompida pelo pecado, o seu
corpo torna-se sujeito às doenças e enfermidades como conseqüência. A doença era
parte da maldição da lei (Dt 28.58-61).

A CURA DIVINA ESTÁ INCLUÍDA NA EXPIAÇÃO DE JESUS

A cura física e a cura espiritual estavam incluídas na obra redentora de Cristo,


isto é salientado tanto no Velho Testamento como no Novo Testamento (Sl 105.37;
103.2,3; Is 53.4,5; 1Pe 2.24; Ex 15.25,26; Mt 8.16,17; 3 Jo 2).

OS DONS VERBAIS

23. PROFECIA (PROFETÉIA - προφητεία). É um pronunciamento sobrenatural


num idioma conhecido. A profecia é o mais importante dos dons verbais (1Co 14.5). A
palavra hebraica que é traduzida “profetizar” significa “sair fluindo” e transmite o
pensamento de “borbulhar como uma fonte, gotejar, sair ao borborrões, jorrar”. A
palavra grega - profeteia significa “falar em prol de alguém”. Significa falar em nome

101
de Deus, ou ser Seu porta-voz (Ex 7.1). A profecia é a própria voz de Cristo falando a
Igreja. Assim como oramos por alguém e é Deus quem cura, assim também quando
alguém inspirado, movido pelo Espírito Santo profetiza, não é o elemento humano
quem está falando pelo seu intelecto, mas é o Espírito Santo fornecendo-lhes as
palavras.

O DOM DA PROFECIA É PARA TODOS (1Co 14.1-5,39).

O DOM DA PROFECIA É DIFERENTE DA PREGAÇÃO. Muitas versões


bíblicas traduzem do grego para o nosso vernáculo estas duas palavras: KĒRÚSSŌ
(κηρύσσω) e PROFĒTEÚŌ (προφητεύω), com o mesmo sentido, todavia Kērússō é
pregar e profēteúō é profetizar. Não há nenhuma justificativa para se traduzir a palavra
profecia como “pregar, ensinar ou exortar”, isto seria roubar a unção sobrenatural desta
manifestação. A Bíblia não confunde nem altera o uso destas duas palavras. A unção
para pregar é diferente da unção para profetizar (1Tm 4.1; Hb 3.7; At 21.11; Lc 1.67).
A pregação pode conter a profecia, mas ela não é profecia em si mesma. A profecia
nunca deve tornar- se um substituto da pregação ou do ensino.

A PROFECIA NA DISPENSAÇÃO NEOTESTAMENTÁRIA

Cerca de 30 vezes o Novo Testamento refere-se ao Dom da Profecia. Pedro


confirma que esta manifestação é para os nossos dias (At 2.16-18; Jl 2.28). Paulo
também confirma nas suas epístolas (1Co 12; 13.8-13; Rm 12.3-8). A profecia estará
conosco até que venha o que é perfeito (1Co 13.9,10). Não extingais o Espírito; não
desprezeis as profecias (1Ts 5.19-20).

AS PROFECIAS BÍBLICAS SÃO DIFERENTES DO DOM DE PROFECIA

As profecias bíblicas estão em um nível mais elevado da manifestação do Dom


de Profecia. As Profecias da Bíblia nunca serão igualadas ou ultrapassadas (Dt 4.2; Pv
30.5,6; Ap 22.18,19). As Profecias Bíblicas tornaram-se a Sua Palavra escrita e
autoritária para toda a era da Igreja (2Pe 1.21; Ef 2.20).
Em toda a história eclesiástica dois erros têm sido praticados com relação ao
Dom de Profecia, por um lado exaltamos esta manifestação ao ponto de infabilidade e,
por outro lado desprezamo-la. Não devemos dar-lhe autoridade excessiva, nem
focalizá-la em demasia; nem tão pouco reduzi-la ao nível do poder humano. A
manifestação deste dom deve ser julgada à luz da Bíblia.

NOTA: Profetéia - Profecia encontra-se 19 vezes no Novo Testamento.


Profēteúō - Profetizar encontra-se 28 vezes no NT Profētēs (προφήτης) - Profeta
encontra-se no NT 144 vezes.

OS ELEMENTOS OU PROPÓSITOS DO DOM DE PROFECIA (1Co 14.3)

102
1. EDIFICAÇÃO – OIKODOMĒ (οἰκοδοµή). Esta é uma palavra usada em
arquitetura e descreve uma construção de uma casa (οἶκος - oikos = casa). Este é o
meio que Deus proporcionou pelo qual devemos “edificar” ou construir a Igreja.
Jesus disse: “Edificarei (oikodomēsō - οἰκοδοµήσω futuro de oikodoméō -
οἰκοδοµέω) a minha Igreja” (Mt 16.18). É vital que edifiquemos com materiais de
qualidade (dons e ministérios) ao invés de madeira, feno, e palha (1Co 3.10-15). Há
duas maneiras de se construir ou edificar a Igreja, primeiro pelo acréscimo de novos
materiais (novos membros) e pelo fortalecimento daquilo que já existe (1Co
14.24,25). Destruir, confundir, e repulsar são o oposto da obra do Espírito Santo na
manifestação do Dom de Profecia. Edificar os santos na Fé santíssima (Jd 20) é
construir um santo templo no Senhor (Ef 2.21,22). Fortalecer os santos, aumentar-
lhes a Fé e desenvolver-lhes o caráter cristão são os objetivos do Espírito Santo
através da manifestação deste dom.

2. EXORTAÇÃO – PARÁKLĒSIS (παράκλησις). O dicionário grego diz que


exortar significa: “incitar, encorajar, aconselhar e prevenir veementemente”. A
exortação é uma faceta tão distinta do dom da profecia que também é chamado de
“Dom” (Rm 12.8). Exortar (parakaléō - παρακαλέω) significa segundo o texto
grego, “chamar para mais perto de Deus”. Paulo disse a Timóteo: “Aplica-te à
leitura, à exortação, e ao ensino (1Tm 4.13).

3. CONSOLAÇÃO – PARAMUTHÍA (παραµυθία). Jesus nos deu um dos mais


importantes nomes do Espírito Santo: O Consolador, O Parácletos - παράκλητος
(Jo 14.16,26). Sendo este seu próprio nome, não surpreende que um dos seus dons
tenha como objetivo a consolação dos Santos (1Co 14.31). Vine, um erudito em
grego diz que PARAMUTHÍA - Consolação significa: “primariamente, um falar
íntimo com qualquer pessoa”, portanto, ela denota consolação, conforto, com um
grau maior de ternura que “ PARÁKLĒSIS”. 58

4. SENTENCIAR E CONVENCER (1Co 14.24,25).

5. INSTRUÇÃO E APRENDIZAGEM (1Co 14.31).


DIFERENTES MANEIRAS PELAS QUAIS AS PROFECIAS PODEM VIR A
UMA PESSOA E SER EXPRESSA.

Segundo Dick Iverson (O Espírito Santo Hoje)59 as profecias podem vir:


a) Como declarações espontâneas; alguma coisa revelada no mesmo instante,
totalmente impremeditada, e que vem do Espírito Santo no nosso espírito. Embora
nada, na verdade, seja visto ou ouvido, fortes impressões vêm durante a reunião numa
maneira oportuna.

58
VINE, W. E. VINE. DICIONÁRIO EXPOSITIVO. DITORIALCARIBE, 1999, p. 631.
59
IVERSON, Dick. O ESPÍRITO SANTO HOJE. CURITIBA: COMUNIDADE CRISTÃ DE CURITIBA, p. 97-99.

103
b) Através de visões ou êxtases; talvez isso esteja mais no campo do ministério
do Profeta, ainda que possa acontecer a qualquer pessoa (Ananias é um exemplo em At
9.10-16). Esta era uma experiência comum para os profetas do A.T.(Is 6; Ap 1.11; Nm
24.1-6).
c) Através de sonhos e visões noturnas (Dn 7.1-28; Gn 37.5-9; Nm 12.6; Jl
2.28).
d) Por intermédio de um anjo (Ap 1.1; At 10.22; 27.23-26).

AS PROFECIAS PODEM SER EXPRESSAS OU TRANSMITIDAS DAS


SEGUINTES MANEIRAS:

a) Sendo, simplesmente, falada ou verbalizadas sob a unção do Espírito Santo


(1Co 14.4,6,9).
b) Através de ações demonstrativas, representadas numa forma parabólica ou
figurativa. Parece que isto está, quase exclusivamente, no campo do ministério do
profeta (1Sm 15.26-28; At 21.10,11).
c) Sendo escritas: muitas profecias do Velho Testamento foram dadas antes do
tempo em que elas foram transmitidas ou escritas. Novamente, parece que isto se
relaciona com um nível de profecia mais elevado que aquele que procede da
congregação geral para edificação, exortação, e conforto (Ap 1.11; Jr 36.18).”

AS PROFECIAS DEVEM SER JULGADAS (1Co 13.9; 14.29; 1Ts 5.20,21; 1


Jo 4.1).
O dom de profecia é um dom imperfeito. Esta manifestação envolve o elemento
humano e outro sobrenatural que é o Espírito Santo, e enquanto formos humanos
haverá sempre a possibilidade de mistura. Poderemos entregar a profecia na íntegra,
todavia poderemos aumentá-la ou diminuí-la. Uma das maiores razões porque a
operação dos dons de enunciação inspirada é impedida, ou mesmo inteiramente
suprimida, está no receio constante de errar, ou na forma de fanatismo ou de falsa
inspiração. É por isto que necessitamos de controle e de pesarmos ou julgarmos as
profecias.

104
Há três espíritos potencialmente envolvidos na profecia:
1. O Espírito Santo (2 Sm 23.2; Jr 1.9; At 19.6; 21.11;1Co 12.3,7-10)
2. Espíritos imundos e mentirosos (Is 8.19,20; 1Rs 22.22; Mt 8.29; At 16.17;
Ef 2.1-3; 1Tm 4.1,2; 2 Tm 2.25,26).
3. O espírito humano (Jr 23.16; Ez 13.2,3).

QUEM DEVE JULGAR AS PROFECIAS?

1. Todo crente que tenha o Espírito dentro de si. (Pv 14.15; 1 Jo 4.1; 1Co 14.20). A
habilidade de discernirmos os erros varia de acordo com os níveis de maturidade e
experiência (1 Jo 2.27; 1Co 2.15; 1Ts 5.21; Jo 10.27). O Senhor deu às suas ovelhas
uma habilidade excepcional de reconhecerem a Sua Voz.
2. Os anciãos da igreja local (Hb 13.17; 2 Tm 4.1-3; 1Tm 5.17; Ef 4.11-16).
3. Aqueles que tenham o dom de discernimento (1Co 12.10).
4. Os profetas (1Co 14.29).

REGRAS PARA JULGAMENTO DAS PROFECIAS

1. Pela Palavra de Deus (Hb 4.12; Ap 22.18; 1Co 14.37; Is 8.19,20; 1Tm 6.3-5; 2 Tm
1.13; 3.16,17; 2 Jo 1-11.
2. Pelo testemunho do Espírito Santo. Ele testemunhará no nosso espírito como
também no coração do pastor da Igreja (1 Jo 2.27; 1Co 2.15).
3. Pelos testes de 1 Jo 4.1-3 e de 1Co 12.3, se for necessário. As três questões
principais que devem ser feitas ao espírito, segundo o que está contido nestes
versículos, são:
a) Jesus Cristo veio em carne?
b) Jesus Cristo é anátema?
c) Jesus Cristo é o (seu) Senhor?
4. Pelos seus frutos. Eles edificam e produzem vida e liberdade? Eles são um som
distinto ou um som confuso? A pessoa que está profetizando manifesta o fruto do
Espírito? (Gl 5.22; 1Co 14.3,4).
5. Pelo fato de se cumprirem ou não (se elas contém predições e promessas, etc.)
Deuteronômio 18.21,22)

OUTRAS QUESTÕES PERTINENTES 60

Todo aquele que profetiza é um profeta?


Não! É óbvio, ao estudarmos o Novo Testamento que há uma diferença distinta
entre o dom de profecia para todo crente e o ofício de profeta. A manifestação da
profecia citada em 1Co 12 e 14 é claramente, uma expressão do Espírito que deve
suceder-se através dos vários membros do corpo. O profeta, contudo, como Ef 4.7-11 o
retrata, é, ele mesmo, citado como sendo um dom ao Corpo (assim como o são todos os
cinco ministérios).

60
IVERSON, Dick. O ESPÍRITO SANTO HOJE. CURITIBA: COMUNIDADE CRISTÃ DE CURITIBA, p. 101-104.

105
Aqui estão algumas referências que tratam com o que poderíamos chamar de
ofício de profeta (ou poderíamos, em outra forma igualmente bíblica, dizer “dom “ de
profeta).
Dom de Profecia: 1Co 12.10; 1Co 14.5,24-31; At 21.9.
Ofício de profeta: At 13.1; 1Co 14.32,37; 12.28,29; Ef 2.20; 3.5; 4.11.
O profetizar-se se refere a um dom ou manifestação do Espírito: “profeta” se
refere a um homem.
A profecia é diretiva em si mesma, ou é confirmativa?
Observamos que há muito pouca evidência de que os apóstolos dependeram de
profecias para direção ou em decisões de importância. Até mesmo em Atos 13.1-5, a
palavra profética somente confirmou o chamado de Paulo que havia sido previamente
declarado (At 9.15). Ainda que uma direção possa ser dada até certo ponto, em
profecia, durante a imposição das mãos do presbitério (1Tm 4.14) e através do
ministério do profeta, esta não deveria ser a única direção a seguir-se. Ao invés a
direção deveria confirmar o que o Senhor já tem incutido num indivíduo pessoalmente.

O que eu deveria fazer se alguém me trouxer uma profecia pessoal que me


confunda ou que não tenha o testemunho do meu espírito?

Novamente, direção pessoal nunca foi uma função principal da profecia. Paulo
recebeu, repetidas vezes, profecias que diziam que prisões e tribulações o esperavam
em Jerusalém. Contudo, tal conhecimento profético não foi a sua direção (At 20.22-24;
21.10-14). Geralmente, a direção vinha às pessoas diretamente, e era somente
confirmada por outros. Num caso como o mencionado na questão, tal profecia deveria
ser, simplesmente, “colocada de lado” e uma confirmação deveria ser aguardada. O
Senhor nunca Se opõe ao nosso desejo sincero de recebermos uma confirmação. Ele,
na verdade, no diz que tudo deveria ser confirmado pela boca de duas ou três
testemunhas (2Co 13.1).
Quais referências bíblicas são usadas para ensinarem que as profecias já
cessaram?
Provavelmente, a passagem principal que é usada para ensinar isto é 1Co 13.8-
13.
Alguns dizem que esta passagem ensina que “o que é perfeito” veio com a
complementação do cânon bíblico e que os dons do Espírito (profecia, línguas) se
tornaram obsoletos. Contudo Paulo está declarando uma verdade que é freqüentemente,
mencionada por ele: o fato de que a Igreja está crescendo a uma maturidade completa,
de que o corpo está crescendo “em tudo naquele que é o cabeça” e alcançará a sua
completa perfeição (Ef 4.13-16; 2.20-22).
Paulo, nesta passagem está pondo em contraste aquilo que é perfeito (maduro)
com aquilo que é em parte ou é fragmentário ou imaturo. Vemos a isto claramente no
versículo 11.
Aqui ele coloca em contraste a infância com a varonilidade. Isto corresponde
perfeitamente com a sua analogia em Ef 4.13-14. O conceito de que não necessitamos
de profecias porque as Escrituras já estão totalmente escritas não é válido. O propósito
das profecias nunca foi somente o de se escrever a Bíblia. Provavelmente as profecias

106
que foram faladas e não foram registradas, pelos profetas são muito mais que as que
foram registradas. Além disso, ainda que a palavra de Deus esteja totalmente escrita,
ela ainda não foi completamente cumprida. E a maneira pela qual Deus traz este
cumprimento é, grandemente, através do Seu falar a Palavra diretamente ao interior da
vida da Igreja uma vez mais. Há criatividade e vida na palavra “Rhema”. Deus sempre
fala a fim de que as coisas comecem a existir. Se tirarmos a sua voz, tiraremos a
“Rhema” ou “palavra do seu poder” que nos conduz ao nosso objetivo (Hb 1.3).
Quais são alguns exemplos de coisas em minha vida que contaminam as minhas
profecias?
Uma das áreas principais é a “raiz da amargura”, a qual contamina a muitos (Hb
12.15; Tg 3.11-14; Cl 3.19; Ef 4.31).
Poderíamos dizer que qualquer coisa que afete uma atitude negativa importante
em nossas vidas poluíra o fluxo de profecias. Não é a água que está suja, e sim o
encanamento pelo vaso. Algumas das outras áreas de importância são: o orgulho, a
depressão, o antagonismo, uma atitude arrogante ou teimosia, um espírito
independente, rebeldia, dogmatismo, etc. Todas estas atitudes podem ser observadas
em tudo que fazemos, até mesmo na operação dos dons.

Quais são algumas das razões principais pelas quais os crentes se contêm de
profetizar?
1. Medo:
a) Medo das pessoas (de suas faces).
b) Medo de não compreenderem a Deus e dizerem algo errado ou algo que seja
simplesmente de suas próprias mentes.
c) Medo que sua fé venha a falhar (desvanecer-se) no meio da profecia.
d) Medo de suas próprias vozes.
2 Tm 1.7. “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de
amor e de moderação”.
2. Colocando-se, mentalmente, o profetizar fora de alcance. Tomando-se a atitude que
isto está além de suas habilidades de algum dia obterem êxito: Esta atitude de fazer as
coisas espirituais inatingíveis e supercomplicadas é, frequentemente, baseada numa
autoimagem fraca ou autorrejeição.
3. Não permanecendo expostos em um ambiente onde as profecias estejam fluindo. Se
bebermos do rio por um tempo suficiente, também estaremos envolvidos.
4. Não vivendo na Palavra. Se a Palavra de Cristo não estiver habitando ricamente
numa pessoa, então o Espírito terá pouco que extrair dela. A nossa profundidade na
Palavra também será refletida nas nossas profecias.
5. Querendo-se começar do topo: o desejo de serem profundos ao invés de
permanecerem no que é simples. Uma pessoa que tenha mania de perfeição,
freqüentemente, desanima-se com facilidade neste ponto. Este pode, também ser um
fator de motivação que faz com que as pessoas tentem profetizar além de sua fé e
maturidade, ou que seja super dramáticas ou autoritárias ao profetizarem. Elas sentem
que a profundidade ou a maneira autoritária pela qual elas falam ou o volume e
entusiasmo com os quais elas falam tornarão a profecia mais importante e farão com

107
que ela tenha um maior impacto. No entanto, é a motivação das pessoas e o nível real
de unção que fazem a diferença.

Quais são alguns pontos práticos de sabedoria que devem governar o profetizar-
se na assembleia?
1) Abstenha-se de repreender, censurar ou açoitar as pessoas através de profecias. Isto
também se aplica a profecias extremamente negativas, ásperas ou sentenciosas.
2) Evite profetizar suas ênfases favoritas.
3) Evite a tentação de divulgar “um conselho pessoal” com relação a alguma
necessidade da qual por acaso, você esteja ciente.
4) Evite corrigir a liderança através de profecias.
5) Evite introduzir num culto uma direção totalmente nova através de profecias.
6) Evite “pregar” em longos períodos enquanto estiver profetizando, através de uma
elaboração ou expansão da mensagem depois que a unção deixar.
7) Evite profecias redundantes ou repetitivas. Quando a mente de Deus já foi
claramente comunicada através de várias mensagens, não tome a palavra para repeti-la,
mas deixe que ela permaneça clara, concisa e poderosa. A força das profecias é
dissolvida pela prolixidade.
8) Permaneça na harmonia e no curso que o culto esteja tomando. Não vá contra a
corrente. Isto frustra e obstrui a mensagem que o Senhor quer que seja expressa. Se um
conflito desenvolver-se e duas ou mais correntes separadas estiverem fluindo, então a
liderança deverá ter a responsabilidade de agir e dirigir a reunião, segundo o que eles
sintam que seja a direção do Espírito.
9) Abstenha-se de gritar, berrar, lamuriar-se ou de outros extremismos na voz e na
conduta. O ideal é o falar-se inspirativamente, porém, observando-se todas as leis
gerais de comunicação (boa gramática, pronunciação e tom bom, etc.). Isto é
simplesmente parte do fazer-se “tudo decentemente e com ordem”. O princípio de que
“o espírito do profeta está sujeito ao profeta” aplica-se aqui. Deus deixa que o homem
tenha um controle completo. O entregar-se a transes e êxtases ou a alguns estados onde
o controle seja perdido é o que os espíritas e outras seitas praticam. Um fruto do
Espírito é o autocontrole. Ele não toma; ao invés, Ele o dá.
10) Abstenha-se de injetar os seus próprios problemas pessoais tais como: mau humor,
pressões ou circunstâncias; um coração vazio, ira, impetuosidade, opiniões, etc.
11) É importante que qualquer elemento negativo seja expurgado do seu próprio
espírito. Evite falar sobre assuntos onde você saiba que você ainda tem um
envolvimento emocional negativo.
12) Abstenha-se de falar se você tiver uma mensagem turvada ou obscura. Se a
trombeta der som incerto, ela produzirá confusão (1Co 14.23-40; 4.12).
13) Agarre-se à Palavra. Isto é especialmente importante para principiantes. Não nade
para muito longe da praia até que tenha certeza que o seu próprio navio esteja, em si
mesmo, bem estabelecido. O próprio Espírito parece restringir, até certo ponto, aos
principiantes a profetizarem a própria Palavra escrita com muito poucos comentários
adicionais. Assim sendo, Ele tira uma Palavra da Palavra, e faz com que ela se torne
viva para uma dada ocasião. Relacionado com isto, está o princípio de ficarmos dentro

108
da nossa medida da fé. O maior proveito possível será recebido de suas profecias
quando você estiver dentro dos limites de sua própria fé e maturidade (Rm 12.6).

24. O DOM DE VARIEDADES DE LÍNGUAS E INTERPRETAÇÃO DE


LÍNGUAS61

Limitar-nos-emos, primeiramente, aos dons de línguas e interpretação de línguas


na congregação pública; em seguida, passaremos a considerar o assunto de falar-se em
línguas de uma forma geral.
O que é dom ministerial de variedade de línguas? O dom ministerial de línguas é
a habilidade dada por Deus a alguém para que haja comunicação numa língua
desconhecida, e para que seja interpretada na assembleia a fim de que todos possam
compreendê-la.
“... a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação de línguas...” (1Co
12.10; Veja também 1Co 14.5).
Novamente, esta é uma “manifestação do Espírito” (1Co 12.7), e não uma
habilidade humana. Isto não têm absolutamente nada a ver com habilidades lingüísticas
naturais, eloqüência em discursos, ou uma nova maneira Santificada de falar-se.
Ainda que o Espírito possa estar envolvido nestas características estão todas à
parte do assunto em consideração. O dom de línguas é uma manifestação ou expressão
sobrenatural do Espírito Santo; através dos órgãos vocais de uma Pessoa. Ele é uma
manifestação direta da esfera dos milagres.
Isto é diferente de línguas que são usadas na vida particular do crente?
Sim! A Bíblia, claramente, revela três categorias gerais quanto ao falar-se em
línguas. Embora a Bíblia não seja escrita na forma de um livro de teologia sistemática,
com tudo bem dividido e esquematizado, à medida que a estudamos aprendemos por
observação e experiência, certas categorias claramente emergem.
Ainda que a Bíblia, em si não nos dê resumos sistematizados, estes são
descobertos através de uma síntese de todos os ensinamentos da bíblia num dado
assunto. Isto é parte do “manejar-se bem” (dividir, analisar) a Palavra de Verdade (2
Tm 2.15).

Estas três categorias gerais de línguas podem ser, claramente, vistas nas
Escrituras:
1. Línguas que são faladas no momento em que recebemos o Batismo no
Espírito Santo. (At 2.4; 10.45-47; 19.6).
2. Línguas para uma comunhão Pessoal com Deus numa maneira contínua.
(1Co 14.1-4,15; Jd 20; Rm 8.26,27; Ef 6.18).
3. Línguas que são dadas na assembleia para uma comunicação ao Corpo e para
serem um sinal ao incrédulo (1Co 12.10; 14.5; 14.21,22).

Foi a confusão destas três categorias de línguas que o Senhor procurou corrigir
na Igreja de Corinto. Aparentemente, alguns falavam em línguas demasiadamente nas
reuniões, sem que interpretações fossem dadas.
61
IVERSON, Dick. O ESPÍRITO SANTO HOJE. CURITIBA: COMUNIDADE CRISTÃ DE CURITIBA, p. 105-109.

109
Isto produzia confusão e abusos. Portanto, o Senhor, através de Paulo,
classificou-as para eles. Além disso, deveríamos entender que há três maneiras gerais
em que a Bíblia usa a palavra “dom” ou “graça”.

1) O “dom” de Deus da Salvação através de Cristo (Rm 5.15-18; 2Co 9.15), o


qual incluí;
2) O “dom” do Espírito Santo (At 2.38; 8.20; 10.45; 11.17) o qual incluí;
3) Os “dons” do Espírito Santo (1Co 12.1,4,9,28; 14.1; Hb 2.4).

Em nenhum lugar o batismo no Espírito é chamado de “dom de línguas”. Ao


invés, ele é o “dom do Espírito” (o qual inclui línguas). Todo crente que é cheio do
Espírito deve falar em línguas, mas nem todos necessariamente tem o dom de línguas
como uma manifestação espiritual no ministério do Corpo.

Paulo ensina que 99% de línguas são para um uso particular e pessoal na oração,
louvor e auto-edificação. Todavia, há aqueles a quem o Espírito move para que
levantem as suas vozes em línguas na assembleia, para que sejam, em seguida,
interpretadas, a fim de abençoarem ao povo.

O dom de línguas é para a edificação da Igreja, e não do indivíduo que exercita.


O falar-se em línguas como parte do Dom do Espírito Santo, deve continuar em nossas
vidas privadas para uma edificação individual, e não da Igreja.

Quais são os propósitos de línguas e interpretação na assembleia?


1) Para serem um “sinal” ao incrédulo. (1Co 14.21-22).
2) Para expressarem edificação, exortação e conforto ao crente (1Co 14.3-5).
Línguas com interpretação são equivalentes a profecias.
3) Para levantarem a congregação ao louvor e à oração (1Co 14.13-16). Nesta
passagem, Paulo encoraja ao que fala em línguas a orar pela interpretação. O contexto
imediato que se segue é o orar e falar em línguas. A dedução é que a oração e o louvor
no Espírito poderiam ser interpretadas e ser edificantes ao Corpo. Se uma igreja tem
mais línguas e interpretações que profecias, isto é uma indicação que ela não cresceu
além de um nível elementar de fé (1Co 14.5-13), ou que há incrédulos que,
regulamente a freqüentam e que necessitam deste sinal (1Co 14.21-22).

De que maneiras as línguas são um “sinal” aos incrédulos?


1) Pela evidência do sobrenatural; ao verem as pessoas falando em línguas que
elas nunca aprenderam, (At 2.6-8; 1Co 14.21-22).
2) Pela sensação do sobrenatural; elas carregam a atmosfera com a sensação da
presença de Deus. Isto é sentido até mesmo pelos incrédulos.
3) Pelo testemunho do ouvir-se uma língua estrangeira que eles possam
conhecer, Deus lhes dá um sinal, falando com eles em suas línguas maternas (ou uma
outra língua que eles aprenderam).

110
Este foi o grande sinal durante o Pentecostes. Eles ouviram as pessoas falando,
sobrenaturalmente, em suas próprias línguas maternas. Este sinal proporcionou a
salvação de três mil judeus que foram obedientes.

Ainda que as línguas sejam um sinal, os incrédulos nem sempre as aceitam como
tal, especialmente se forem praticadas sem a ordem devida (todos falando ao mesmo
tempo - 1Co 14.23). Eles dirão: “estais loucos”. Na verdade muitos cépticos e críticos
respondem desta maneira, até mesmo quando as línguas são praticadas no modo
apropriado. Muitos hoje igualam as línguas a uma tagarelice incoerente que é falada
num estado de loucura emocional ou psicológica. Isto é, exatamente, o que um grupo
de pessoas orgulhosas disse no dia de Pentecostes (At 2.13). Isto é exatamente, o que
Deus disse que os homens diriam.

Todos devem ter o dom de variedade de línguas?


Não! 1Co 12.28-30 mostra, claramente, que nem todos são usados desta maneira.
O texto de 1Co 12.28-30 é correlato ao de Ef 4.1 que fala acerca dos dons ministeriais.
Há uma distinção entre os dons e os ministérios. Existe o dom de variedade de línguas
(1Co 12.10) e existe o ministério de variedades de línguas (1Co 12. 28). Ainda que
todos possam dar um passo de fé, ocasionalmente, e falar em diversas línguas, não é
bíblico o ensinar-se que todos devem ter qualquer um dos dons ministeriais do Espírito.
Esta era uma das principais ênfases de Paulo em seus ensinamentos sobre os dons e
ministérios do Corpo (Rm 12.3-8; 1Co 12.4-31).
1Co 12. 28-30: E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo
lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de
curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos?
são todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres? Todos têm
dons de curar? falam todos em línguas? interpretam todos?
Quantas mensagens em línguas e interpretações estão em ordem numa reunião?
A resposta a esta questão é dada, muito simples e brevemente, por Paulo em 1Co
14.27-28. Duas ou três mensagens são, geralmente, suficientes para que recebamos,
com clareza o teor completo daquilo que o Senhor esteja falando.
Algumas assembleias têm, virtualmente, proibido línguas nas assembleias, por
várias razões (permitindo, somente que sejam praticadas no “salão dos fundos” depois
do culto). Contudo, a Bíblia não nos ordena que as silenciemos nas atividades da
assembleia, e sim, que as regulemos. Temos, na verdade, a admoestação direta: “...Não
proibais falar línguas”. (1Co 14.39-40).

25. O DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS


O que é o dom de interpretação de línguas?
O dom de interpretação é a habilidade sobrenatural e espontânea de interpretar-se
uma comunicação dada em línguas na língua que é compreendida pelas pessoas
presentes. Novamente, isto não tem, absolutamente nada a ver com um conhecimento
natural de línguas mas procede diretamente, do Espírito Santo (1Co 12.10). Observa-se
que em 1Co 14.13 diz: “ore para que possa interpretar”, e não “estude línguas”. Além
disso, 1Co 14.2 mostra que quando alguém fala em línguas, “ninguém entende”.

111
Portanto, deve haver uma revelação sobrenatural, assim como a mensagem em línguas
foi sobrenatural. A interpretação deveria ser dada como uma resposta imediata à
mensagem em línguas.

A interpretação é o mesmo que tradução?

Não! Interpretar significa explicar, expor, elucidar ou expandir. Traduzir


significa converter de uma língua para outra. Na verdade, o grau de tradução em si
pode variar segundo o dom de interpretação em particular. Também deveríamos
lembrar que mesmo o traduzir-se de uma língua para outra, geralmente, deixa uma
grande discrepância entre a extensão da mensagem e o número de palavras necessárias
para dizerem a mesma coisa. Observe Dn 5.25-28 que a interpretação de “Mene, Mene,
Tequel, Ufarsim” foi, aproximadamente, nove vezes maior que mensagem original.
Uma outra razão pela qual as mensagens podem ser bem mais curtas que suas
interpretações é que a situação envolve, na verdade, línguas seguidas por uma profecia;
ou talvez uma oração em línguas seguida por uma resposta do Senhor através de uma
profecia.
Deveríamos também mencionar que uma mensagem em línguas pode ser na
verdade, uma oração, adoração, como também uma exortação. Freqüentemente, alguém
pronuncia em voz alta uma oração inspirada pelo Espírito a qual Deus quer que seja
feita em tal momento. A interpretação então informa ao povo aquilo que foi orado e os
levanta à oração em conjunto, como também aviva a sua fé. Em outras ocasiões, o
Senhor pode desejar que o Seu povo O louve e O adore e Ele pode mover alguém a
começar a falar em línguas. Quando há interpretação, esta levanta ao povo ao louvor e
à adoração. Se uma interpretação genuína estiver acontecendo, então algumas das
mensagens em línguas serão, indubitavelmente, interpretadas como orações e louvor
como também exortações.
As possíveis explanações do fato de que algumas mensagens em línguas são
seguidas por profecias, ao invés de interpretações são: possivelmente, a mensagem em
línguas estava fora de ordem e isto inspirou outra pessoa a profetizar; alguém
interrompeu e profetizou antes que uma interpretação pudesse ser dada; porque não
havia nenhum intérprete presente, ou a pessoa com a interpretação não quis dá-la, então
alguém com o dom de profecias moveu-se nesta área. Com relação a esta última razão
possível, não é claro a alguns que há uma diferença entre o dom de profecias e o dom
de interpretação. Eles, portanto, podem tentar interpretar mensagens em línguas,
simplesmente porque eles profetizam. Há, contudo, uma diferença definida e esta tem
que ser respeitada.

Que mensagens são interpretadas?

Se uma interpretação é necessária ou não depende da situação e da categoria das


línguas que estão sendo faladas. Nunca houve nenhuma interpretação quando as
pessoas falaram em línguas ao receberem o Espírito Santo (At 2.4-6; 10.45-47; 19.6). A
Bíblia também indica que, quando as línguas são usadas para a oração ou adoração
pessoal, elas não são interpretadas (1Co 14.2,14-18; Rm 8.26-27).

112
As únicas línguas que Paulo disse que necessitam de interpretação são as faladas
na igreja com o propósito de comunicarem aos homens.
Geralmente, isto é evidente em si mesmo. Uma pessoa, durante o minguamento
da adoração, ou durante a oração e espera em Deus em silêncio, distintamente levanta a
sua voz por pouco tempo, falando numa língua que é desconhecida aos presentes. Esta
é a categoria entre a “variedade (tipos) de línguas” que necessita ser interpretada.

Quem deve interpretar as línguas na assembleia?

Basicamente, alguém que tenha recebido este dom deveria fazer a interpretação.
Pode ser outra pessoa, além daquela que esteja dando a mensagem em línguas (1Co
14.27), ou pode ser a própria pessoa que falou a mensagem em línguas (1Co 14.5-13).
Paulo parecia indicar em 1Co 14.27, que, em qualquer reunião está de acordo com a
ordem que uma pessoa faça as interpretações. Uma versão traduz esta passagem assim:
“Que o mesmo intérprete explique a palavra a todos”. Parece que esta é uma tradução
fiel do propósito deste versículo no original.
Provavelmente, uma maior ênfase necessita ser colocada no dom de interpretação
de línguas. Parece que esta tem sido uma área de entendimento negligenciado no
passado. Na verdade, nem todos ou qualquer um deveria tentar exercitá-lo. As
tentativas de interpretação por aqueles que não receberam, especificamente, este dom
são, provavelmente, a causa de não haver um maior número de interpretações puras.

Além disso é significativo que aqueles que dão mensagens em línguas


compreendam que sua responsabilidade não termina com o seu simples falar
abertamente em línguas se não houver ninguém com o dom de interpretação presente.
A responsabilidade, então, recai sobre eles. Eles devem interpretar suas próprias
palavras; caso contrário estarão fora de ordem (1Co 14.5,13-28). Se alguém, portanto,
não está definitivamente ciente de que alguém com o dom de interpretação esteja
presente, este não deve mover-se em línguas a não ser que esteja disposto a interpretar
também, caso ninguém mais o faça.

Como saberei se devo dar uma mensagem em línguas ou fazer uma


interpretação?

A sensibilidade às inspirações internas do Espírito é uma área em que todos


devemos aprender. Ela está mais na esfera subjetiva, nenhuma lista de regras pode ser
produzida a fim de informar a outros como isto é feito. Certos princípios, contudo,
podem ser mencionados e podem ser úteis.
Um dos princípios é que compreendamos que Jesus não julgava nem rejeitava a
Seus discípulos por cometerem erros ao tentarem fazer a Sua vontade. O terror às
conseqüências de um erro pequeno e sem importância pode fazer com que uma pessoa
evite o seu envolvimento permanentemente. Deus tem paciência conosco quando os
nossos corações estão puros e estamos sinceramente, procurando fazer a Sua vontade.
Assim também o Senhor zela por nós ao tropeçarmos ou cambalearmos enquanto
aprendemos a andar nos dons espirituais.

113
Um outro princípio é que sua voz e inspirações internas são suaves. É possível
que não as percebamos se supormos que elas sejam impressões ou impulsos humanos.
Freqüentemente, o Senhor move-Se fortemente e com grande clareza e certeza no
principiante. Porém isto pode diminuir à medida em que ele aprende mais sobre a fé e a
ter uma maior sensibilidade ao Espírito Santo.

O FALAR EM LÍNGUAS E OBSERVAÇÕES GERAIS 62

O que significa “falar em línguas”?

A palavra “línguas” (At 2.3; 1Co 12.10; 13.1) é a palavra grega (γλῶσσα)
“glossa” e significa uma linguagem ou idioma. Ela não é “tagarelice incoerente”, e sim
linguagens. Observe que a palavra é usada na forma plural o que mostra que um único
crente é capaz de, não somente falar uma língua, mas também fala em línguas. Que o
falar em línguas sempre se refere a línguas terrenas e conhecidas não pode ser
presumido. Na verdade, Paulo usa a mesma palavra referindo-se a línguas angelicais
(1Co 13.1). Ele Também diz que, quando alguém fala em línguas “ninguém o entende”
(1Co 14.2).
1Co 14.26 diz “... um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação, aquele outra
língua...”; cada pessoa tem uma diferente. Aplicando-se isto ao Corpo de crentes, em
sua totalidade ao redor do mundo, seria muito mais que suficiente para esgotar as
línguas terrenas conhecidas.

O repertório de línguas de Deus é, certamente, maior que o do homem e inclui


muitas que são celestiais ou desconhecidas ao homem. Ainda que as línguas sejam
idiomas verdadeiros e devam ser um “sinal aos incrédulos”, as Escrituras não indicam
que, afim de que elas sejam um sinal ou que sejam faladas na assembleia, alguém que
entenda o idioma que está sendo expresso no exercício deste dom deva estar presente.
A única vez na Bíblia em que isto aconteceu está em Atos 2. Paulo esclarece em 1Co
14 que as línguas teriam que ser sobrenaturalmente, interpretadas a fim de que fossem
compreendidas na assembleia. Seguindo-se a analogia da profecia de Isaías citada em
Paulo (Is 28.10-12; 1Co 14.21), deveríamos observar que a “língua” seria “uma outra”,
ou uma língua estranha a Israel. Isto se referia ao julgamento que viria das nações
inimigas. Já que eles não ouviriam a Deus falando-lhes através dos profetas, Ele viria a
falar-lhes através dos exércitos estrangeiros. O “sinal” do idioma era que ele não era
entendido pelo povo ele era estrangeiro e desconhecido do povo.

Quais são as razões segundo a Bíblia, de que os crentes falariam em línguas?


1) É um sinal de que Cristo ressuscitou e de que Ele está glorificado e sentado
nos céus (At 21.32-36).
2) É um sinal da aceitação pessoal do Seu Senhorio (At 2.4,32,39) e da nossa
entrega total, até mesmo a ponto de entregarmos o nosso membro mais rebelde: a
língua (Tg 3.1,18).

62
IVERSON, Dick. O ESPÍRITO SANTO HOJE. CURITIBA: COMUNIDADE CRISTÃ DE CURITIBA, p. 111-114.

114
3) É um sinal de que a pessoa se arrependeu e recebeu o Espírito Santo. É o
sinal inicial do recebimento do Espírito Santo (At 2.4,38,39; 10.46,47; 19.6).
4) Para lidar com orgulho humano. Para entrar em contato com Deus o homem
deve tornar-se como uma criança (1Co 1.18-31; Mt 18.2-5). Isto é parte do “opróbrio”
que carregamos (do ponto de vista do mundo e do nosso intelecto humano).
5) Para que Deus possa falar, sobrenaturalmente, aos homens (1Co 12.10; 14.5;
13.22).
6) Para que os homens possam falar com Deus sobrenaturalmente (1Co 14.2,16-
18). Isto se refere à adoração (1Co 14.15,16; At 2.11; 10.45,46).
7) Para edificarmos a nós mesmos (1Co 14.4,15,16; Jd 20; Ef 6.18).
8) Para serem um sinal ao incrédulo (1Co 14.22).
9) Para cumprirem profecias bíblicas (Is 28.11).
10) Isto é um sinal do crente (Mc 16.17; At 10.45,46; Jo 7.38,39; At 1.8).

A alma e o corpo, sem o auxílio, não estão equipados com as faculdades que
possibilitam uma completa expressão do espírito humano. O espírito recém nascido
comunica-se com o Senhor através da língua (linguagem) recém nascida.
A linguagem que a nossa alma conhece e os pensamentos que a nossa mente
pensa colocam grandes restrições na livre expressão do nosso espírito. O nosso espírito,
com o Espírito Santo nele habitando, transcende a alma e sempre requer um outro meio
de expressão, além daquele que a alma proporciona. É por isto que é de grande valor
que não limitemos as nossas orações e a nossa adoração ao que a mente compreende. É
uma vantagem ao invés de desvantagem que não saibamos o que estamos dizendo. Isto
faz com que as nossas capacidades mentais que são limitadas sejam ignoradas e nos
lança na esfera ilimitada do Espírito de Deus.
O orar em línguas é uma grande chave para o crente em seu caminhar no
Espírito. Este era um dos grandes segredos de Paulo (1Co 14.18). Enquanto o nosso
espírito não estiver fluindo na oração, a nossa vida de oração não está nem “a meio
caminho andado”. Temos que aprender a nos entregar e a orar no Espírito para que
tenhamos uma vida de oração eficaz e alegre.
Através de nossa perseverança em, profundamente, usarmos as línguas em
nossas vidas privadas, o Espírito Santo, continuamente transmite poder e energia a todo
o nosso ser. Através desta avenida, Deus pode dar-nos revelações e um estímulo às
nossas mentes, permear todo o nosso sistema emocional com o Seu Espírito, além de,
continuamente influenciar a nossa vontade afim de que vivamos numa obediência
absoluta a Ele.
Também desta avenida, a nossa saúde física pode ser libertada e emergir do
Espírito que concede vida, e que está dentro de nós, os nossos corações são reavivados
e os violentos ataques de doenças e enfermidades são impedidos.
É por isto que Paulo ao colocar restrições e controles com relação a línguas na
assembleia, fez exatamente o oposto referindo-se ao seu uso privado. Ele encorajou o
uso copioso de línguas.
É através deste meio que podemos rejuvenescer e reanimar ao nosso homem
interior por completo (Is 40.29-31).

115
NOTA: Um outro aspecto da nossa auto edificação através de línguas é visto
através de um exame cuidadoso de 1Co 14.5 o qual poderia, com toda validade, ser
interpretado assim: “Quisera que todos vós falásseis em línguas afim de que possais
profetizar...” (no grego, a construção destas sentenças pode expressar um propósito).

O falar em línguas, em outras palavras é, um degrau que nos conduz à


interpretação e à profecia. Este versículo não está mostrando um contraste entre duas
coisas, e sim referindo-se a uma progressão. O falar e cantar em línguas são a forma
mais fácil e menos complicada de alguém aprender a profetizar.

Porque as línguas aparentemente atraem mais atenção e argumentação que


os outros dons?
1) Porque os oponentes fazem delas um ponto de discórdia. Isto força aos que
creem em línguas a falarem sobre o assunto. Freqüentemente, temos a impressão de
que os pentecostais somente falam sobre isto, porque isto é tudo que eles perguntam.
2) Porque, freqüentemente, aqueles que falam em línguas dão uma ênfase
exagerada em seus ensinamentos e prática. Muitas vezes, isto tem sido feito numa
forma carnal e defensiva, tornando-se assim numa coisa ofensiva desnecessariamente.
3) Porque elas têm sido usadas em cultos fora da ordem bíblica: sem
interpretações, com um número excessivo de mensagens em línguas, etc. Onde quer
que haja muita vida nova o potencial para confusões também existe. Quanto maior for
o impulso espiritual, maior será o potencial para erros. Contudo, a maneira errada de
trazermos a ordem é extinguirmos a vida. As correções devem ser feitas sem que
sufoquemos a operação. Alguns têm a tendência de usarem extintores de incêndio
maiores e mais poderosos quando não há fogo algum. Não faz sentido dar-se ênfase a
controles quanto aos dons espirituais, se não houver nenhum dom em operação. Os
abusos não são resolvidos pelo desuso.
4) Por causa de sua própria natureza, elas são um sinal ou manifestação
sobrenatural que atrai muita atenção.
5) Porque as línguas são a possessão comum em potencial de todos os crentes,
e deveriam por conseguinte, ser muito prevalecentes. É portanto provável que elas
sejam um grande alvo de atenção, especialmente se forem abusadas.
6) As línguas são muitas vezes, usadas como base para as desaprovações dos
escarnecedores, incrédulos ou dos indoutos em tal doutrina. Elas são um sinal que
causam uma “ofensa” àqueles cujos corações não estão abertos a Deus.
7) Porque estão elas restauradas. O fato de elas terem sido negligenciadas ou
ausentes no passado acentua agora, sua ampla manifestação à medida que Deus
derrama o Seu Espírito, sobre toda carne.

Muitas vezes, durante o processo de restauração de uma faceta de uma verdade


que foi perdida, tal verdade recebe uma ênfase exagerada. Isto é quase que necessário
para que tal verdade seja colocada de volta em seu lugar de equilíbrio adequado, assim
como uma pessoa que esteja com uma grande necessidade de uma certa vitamina,
geralmente deve tomar grandes doses da mesma num certo período, para que o seu
sistema adquira o equilíbrio apropriado.

116
É o Espírito Santo que fala ou sou eu?

De certa maneira, são ambos, mas é de grande ajuda ao nosso entendimento que
compreendamos que temos que falar. Usamos os nossos próprios órgãos vocais por um
ato de nossas próprias vontades, cooperando com o Espírito Santo que nos está
movendo.
At 2.24. “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar”. Observe
que “eles” é que falaram.
1Co 14.15.“Orarei... com o Espírito...” “Cantarei... com o Espírito”.
Não é exatamente correto que digamos que o Espírito Santo fala em línguas. Ele
nos estimula e nós falamos em língua. Contudo, numa forma geral é apropriado que
digamos que o Espírito está falando através de nós. Este princípio é ilustrado nestas
duas referências:
At 13.2 “... disse o Espírito Santo...” (provavelmente através de um dos profetas
presentes).
1Tm 4.1 “O Espírito afirma expressamente...” (contudo foi através de Paulo que
a mensagem veio na verdade).

O Espírito é a fonte de motivação; contudo, temos que obedecer e cooperar sem


esperarmos que Ele nos avassale e nos sobrepuje. Fazemos isto, estando totalmente
conscientes e com uma posse voluntária dos nossos sentidos.

O Subconsciente.63

CONSCIENTE

SUBCONSCIENTE

O subconsciente ou inconsciente é a área da alma onde cada experiência que a


pessoa teve é armazenada em bancos de memória como as dos computadores. Tudo o
que vimos, pensamos, sentimos e percebemos desde o momento de nossa concepção
até o presente está ali.

63
BENETT, Denis e Rita. TRINDADE DO HOMEM. Editora VIDA, 1982, p. 79.

117
Seria impossível conservar tudo na memória ativa de modo que é “armazenado”
no inconsciente. Seu subconsciente contém todos os sentimentos, pensamentos,
motivações já registradas em sua vida. A mente já foi comparada a um “iceberg”.
A ponta que está de fora é a parte consciente, mas a parte submersa é sete vezes
maior, é o subconsciente.

“A Mente consciente tem a função de tomar decisões, raciocinar, escolher,


decidir e pensar, enquanto o Subconsciente armazena lembranças, é intuitiva, cria
comandos automáticos, e está totalmente sujeita ao consciente, ou seja, o consciente
comanda o subconsciente. Nosso Subconsciente é o canal que está ligado ao mundo
Espiritual, é o canal que está conectado a Tudo e a todos, sendo assim possui um poder
inestimável e infinito. Através dele podemos ser ou ter o que desejamos, e ai surge uma
pergunta: Como podemos controlar nosso subconsciente para mudar nossas vidas? A
mente consciente comando o subconsciente, ela dá as ordens e o subconsciente segue.
O desafio está em dar as ordens certas. Vamos ler essa metáfora para compreender
melhor”: 64
“Em um navio existia um comandante e sua tripulação, o comandante tinha o
destino de ir a Austrália, mas como nunca tinha navegado para aqueles lados, pediu
instruções a um grupo de cavalheiros que se encontrava beirando o porto, os
cavalheiros instruíram o comandante e esse mesmo passou estas instruções à tripulação,
a tripulação confiava em seu comandante e seguiu as ordens exatamente como foram
passadas. A tripulação começou a se mover, levantou âncoras, e colocou o navio nas
coordenadas que o comandante havia dito. Feito isso seguiram navegando, mas depois
de alguns dias o comandante e toda sua tripulação notaram que o clima ficava cada vez
mais frio, e passado mais dias ainda blocos de gelos começaram a surgir no mar, mas o
comandante insistia que o caminho era por ali, e assim foi até se completar um mês e
toda a tripulação junto com o comandante morrerem congelados”. 65
Metáfora do livro: O Poder do Subconsciente:
Podemos notar aqui uma história triste mais que poderia ser evitada se o capitão
tomasse consciência que o caminho que seguia era para a destruição. A nossa mente
consciente é o comandante do navio que passa as ordens para a tripulação (mente
subconsciente), é essa segue as ordens exatamente como foram passadas. Cabe a nós,
decidir para onde vamos, e assim passar essas ordens à nossa tripulação mental, se
concluirmos que o caminho não está nos fazendo bem, tomamos outro rumo.
Não há dúvida a respeito da existência da mente inconsciente, mas as opiniões
diferem quanto ao seu papel. Alguns acham que Deus entra na alma passando pelo
inconsciente. Outros dizem que o inconsciente é o espírito.
Não acreditamos ser esta a maneira correta de ver o inconsciente. Deus não entra
na personalidade por meio das profundezas do inconsciente, mas de uma direção
totalmente diversa. O espírito não é a mente inconsciente.
O inconsciente faz parte da alma. O espírito é uma área completamente diversa, e
é através do espírito que Deus chega a nós.

64
http://site.suamente.com.br/mente-consciente-subconsciente-%E2%80%93-entendendo/.
65
http://site.suamente.com.br/mente-consciente-subconsciente-%E2%80%93-entendendo/.

118
Diz o Dr. Thomas A. Harris a respeito da mente consciente e subconsciente: “As
provas parecem indicar que tudo que esteve em nossa consciência é gerado com
detalhes e armazenado no cérebro e pode ser reproduzido no presente”. Muitas
respostas do passado são reproduzidas no presente se alguém nos toca uma ferida
psicológica.
A mente subconsciente tem muitas recordações doloridas, “Longe dos olhos,
longe do coração” não é válido aqui. O que é bloqueado de nossa memória consciente
ainda influencia e dá colorido ao nosso pensar e ações a menos que seja curado.
Se uma ferida emocional é profunda demais, a pessoa não pode simplesmente
usar a inteligência e a força de vontade para resolver o problema. Os problemas do
subconsciente são involuntários.
O subconsciente motiva nossas ações como a propaganda subliminar pode, sem
que o percebemos, afetar o tipo de coisas que compramos.

O orar em Línguas e o Subconsciente.66

As pessoas freqüentemente perguntam: “O falar em línguas vem do


subconsciente?” Não, não vem. Se viesse, teríamos uma jaula cheia de problemas todas
as vezes que falássemos em línguas, porque o subconsciente é um balaio de confusão.
O espírito recriado, onde Deus habita, é santo, logo, quando a pessoa ora nesse nível
mais profundo é edificada no espírito (1Co 14.4). Se viesse da parte subconsciente da
alma a pessoa seria edificada em um instante e no outro ficaria deprimida.
O falar em línguas não exige dados mentais, quer conscientes quer inconscientes,
mas procede diretamente do Espírito para o espírito do crente. Pode ser um processo de
cura para o inconsciente expressar-se, à medida que o Espírito Santo concede essa
capacidade, o que de outra forma, seriam necessidades inalcançáveis e inexprimíveis
encontradas no inconsciente.
O orar em línguas é um instrumento valioso na cura da alma. Todavia, embora
você tenha a habilidade de Deus de falar em línguas, pode ser que ainda precise de um
pouco mais de ajuda com oração específica e que cura a alma.

A vida de Deus está dentro de nós, devemos cooperar com Deus para que a sua
vida (zōē - ζωή) possa se manifestar em todas as facetas de nossa vida (Jo 12.24, 25).
O Espírito é a fonte de motivação; contudo, temos que obedecer e cooperar sem
esperarmos que Ele nos avassale e nos sobrepuje. Fazemos isto, estando totalmente
conscientes e com uma posse voluntária dos nossos sentidos.

66
BENETT, Denis e Rita. TRINDADE DO HOMEM. Editora VIDA, 1982, p. 80.

119
É apropriado que os crentes orem ou adorem em línguas juntos ao mesmo
tempo?

As instruções de Paulo no 1Co 14 nos dão a ordem para a maioria das nossas
assembleias gerais. Se contudo, uma reunião de crentes for feita com único propósito
de oração em conjunto, isto apresentará um quadro um pouco diferente. Se a reunião
for definitivamente, uma reunião só de crentes, haverá talvez, uma liberdade maior do
que aquela em que incrédulos estiverem presentes. É a nossa convicção, que numa
reunião como esta, onde a única ênfase está em comunicarmo-nos com Deus e não um
com os outros, que a oração e o louvor em línguas em conjunto estão de acordo com a
ordem.
Há na verdade um grande poder a bênção nisto.
Sabemos que a Igreja primitiva orava em conjunto (todos ao mesmo tempo) (Lc
24.52,53; At 4.24-31; 12.12; 21.5) e que, em várias ocasiões, todos eles falavam em
línguas em conjunto (At 2.1-4; 10.45,46; 19.6).
Há ocasiões em que Deus dirige Seu povo a cantar ou a falar juntos no Espírito.
Isto tem acontecido, como ondas através da história, como também no próprios dias em
que vivemos. Muitas vezes, durante reavivamentos, isto simplesmente, surge
soberanamente quando Deus se move sobre um grupo de pessoas. O ponto principal é
que tal louvor e adoração não deveriam produzir confusão ou desarmonia, mas

120
deveriam ser feitos em unidade e com o único propósito de adorar a Deus ou orar. O
ponto principal é, essencialmente: “com quem temos o propósito de comunicarmo-nos,
Deus ou o homem?”.

O propósito desta lista é o de demonstrar que Paulo, não somente falou


negativamente sobre línguas em 1Co 14, mas também positivamente, e de mostrar
claramente que, quando havia restrições com relação a línguas, ele se referia ao seu uso
na congregação pública e não na vida privada. Na verdade, temos a impressão de que
ele remove qualquer controle ou censura no uso de línguas em nossas vidas privadas
(1Co 14.18,28).
A questão toda é que para comunicarmo-nos com os homens temos que fazê-lo
de maneira inteligível e ordenadamente. Isto é uma demonstração de amor, o qual
busca a edificação dos outros, ao invés de satisfazermos aos nossos próprios desejos ou
necessidades (Ver em 1Co 14.4,5,12,17,26).

Os dons e o amor 67

O amor não é um dos dons espirituais, embora esteja intimamente relacionado


com eles. O amor é uma das características do homem dominado pelo Espírito Santo
(Gl 5.22). Enquanto os dons na vida do crente evidenciam o que Deus faz, o amor
revela o que Deus é; e toda manifestação de dons carismáticos deve estar, por assim
dizer, recheada de amor.
O amor não torna os dons desnecessários; muito pelo contrário, o amor adorna os
dons e torna-os verdadeiramente eficazes, pois sem amor os dons nao têm sentido (1Co
13.1-3). Portanto, a combinação dos dons com o amor é que constitui o “caminho ainda
mais excelente” de 1Coríntios 12.31.
Procure descobrir o que é este amor e enriqueça com ele sua experiência
carismática; aliás, enriqueça com ele sua vida toda. Você e o corpo de Cristo só terão a
ganhar.

DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS
O NASCIMENTO DOS MINISTÉRIOS NA IGREJA 68

Podemos distinguir duas grandes correntes ministeriais: a primeira, proveniente


da tradição hebraica, é composta por “presbíteros ou anciãos”, considerados, todos eles,
como “diaconias ou serviços”. Trata-se de termos técnicos institucionais já
consolidados no judaísmo da época cristã. O termo “presbítero” do Novo Testamento
não deriva do ambiente cultual, mas da sinagoga e da direção das comunidades. Só no
Apocalipse fala-se de uma ação litúrgica de presbíteros na Jerusalém celestial (Ap 4.4-
11; 5.6-10).

67
MORENO, José A. Peraçoli. Desperte o Poder do Alto. 1ª ed. Olinda, PE: Editora livro Rápido, 2008, p. 65.
68
ESTRADA, Juan Antonio. Para Compreender Como Surgiu a Igreja. 1ª ed. São Paulo: Editora Paulinas, 2005, p. 322-
324.

121
A segunda corrente ministerial depende da cultura greco-romana e consta de
bispos (prefeitos, diretores, gestores, administradores) e diáconos (domésticos, criados,
servos) que são dois termos profanos. Designam determinadas funções da sociedade
romana, sem, todavia serem cargos institucionais no sentido que os da tradição hebraica
possuem. Os bispos tinham uma função de inspetor, vigia ou administrador; eram os
altos funcionários, que controlavam as cidades com funções diretivas.

Os ministérios surgem como “serviços”, porque os doze apóstolos não podem


atender a todas as necessidades da Igreja (At 6.1-7). Todos os ministérios são
diaconias, até o ministério apostólico (At 1.17,25). Paulo também emprega
abundantemente o conceito de diaconia para falar dos ministérios, incluindo também o
dele mesmo (Rm 11.13; 12.7; 15.31; 1Co 12.5; 16.15; 2Co 4.1; 5.18; 6.3; 8.4), já que
inicialmente o termo não designava um cargo preciso, mas a índole servidora de cada
cargo e função.69

ESTRUTURA ECLESIÁSTICA 70
Examinando as Escrituras Sagradas, encontramos duas estruturas que sustentam a
Igreja:
A Estrutura Funcional, composta de bispos, presbíteros, diáconos e discípulos
(1Tm 3.1-13; Tt 1.5-9);
A Estrutura Ministerial, composta de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores
e mestres, e os demais dons ministeriais (Ef 4.11; 1Co 12.28).

(a) Na Estrutura Funcional. A fim de poder exercer uma função na Igreja, todo
cristão deve preencher as qualificações exigidas pela Palavra de Deus:
O bispo – 1Tm 3.1-7
O presbítero – Tt 1.5-9
O diácono – 1Tm 3.8-13
O discípulo – Atos 2.42; 1Co 11.2

(b) Na Estrutura Ministerial. Não há qualquer texto bíblico definindo as


qualificações de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, pois são dons
ministeriais. Então, a nossa convicção é que tais ministros devem viver de acordo com
os ensinamentos gerais expostos nas Sagradas Escrituras para todo o povo de Deus (Mt
5.48).

ADVERTÊNCIA: NÃO CONFUNDIR OS MINISTÉRIOS COM


OFÍCIOS.

Embora muitos ministérios devam ser encontrados em uma Igreja do NT, todavia
há apenas dois ofícios definidos na organização da Igreja local. Estes são: o ofício de
diácono e o ofício de presbítero. Os presbíteros (ou anciãos) são a provisão de Deus
para o governo espiritual da Igreja local. Eles assumem a supervisão do rebanho de

69
ESTRADA, Juan Antonio Op. Cit., p. 326.
70
MORENO, José. O Caminho do Peregrino. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: www.anglicanalivre.org,br, 2006, p. 56,57.

122
Deus (1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9; 2.2). Os diáconos são a provisão de Deus para a supervisão
dos aspectos naturais da Igreja local (At 6.3-6; 1Tm 3.8-13).
A palavra “presbítero” é uma transliteração da palavra grega “PRESBYTEROS”
(πρεσβύτερος). Esta palavra simplesmente significa “idoso” ou “velho”. Na Igreja do
NT este termo é usado especialmente para designar um homem que é o oposto do
neófito. Portanto a palavra “presbítero” descreve um homem e não um ofício.
Duas palavras que são geralmente confundidas com a palavra “presbítero” são
palavras “bispo” e “pastor”. Quando verificamos a relação destas palavras no NT, não
há mais necessidade de confusão. A palavra “bispo” descreve um ofício (At 1.20) ou a
posição que o presbítero ocupa. A palavra “pastor”, que tem a conotação de
alimentador ou apascentador, descreve o trabalho que realiza o presbítero, no ofício de
bispo. Para melhor ilustrar esta diferença, note os versículos bíblicos seguintes, nos
quais estes termos são usados:
At 20.17,28: De Mileto mandou a Éfeso chamar os presbíteros
(πρεσβυτέρους) da igreja... Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o
Espírito Santo vos constituiu bispos (ἐπισκόπους), para pastoreardes (ποιµαίνειν) a
igreja de Deus, a qual Ele comprou com o seu próprio sangue.
1Pe 5.1,2: Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu,... pastoreai o rebanho
de Deus que há entre vós.
Tt 1.5-7 ... para que ... constituísses presbíteros, conforme te prescrevi... que o
bispo seja irrepreensível...
1Pe 2.25. Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos
convertestes ao Pastor e Bispo das vossas almas.

GOVERNO NA IGREJA LOCAL


QUEM SÃO “OS PRESBÍTEROS DA IGREJA”?

Os presbíteros da Igreja, de acordo com Atos 20.17,28 e 1Pedro 5.1-3, são os


irmãos plurais e co-iguais sobre cujos ombros repousa o governo do Corpo de Cristo
local em cada lugar. Eles operam sob a chefia direto do próprio Jesus Cristo.

PRESBÍTEROS, PASTORES E BISPOS

Essas três denominações são aplicadas aos mesmos irmãos plurais e co-iguais por
Paulo e Lucas em Atos 20 e por Pedro em 1Pedro 5.
De Mileto (Paulo) mandou a Éfeso chamar os presbíteros (presbuteron no
grego) da Igreja (At 20.17). A respeito desses idênticos homens, Paulo declara em v.
28: sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos (ou superintendentes; no grego,
episkópous - ἐπισκόπους).

Paulo ainda instrui esses presbíteros, esses bispos, a pastorear (no grego,
ποιµαίνω - poimainō) a igreja de Deus. E a respeito desses mesmos homens que Paulo
escreve posteriormente em Efésios 4.11: E Ele mesmo concedeu uns... para pastores
(ποιµήν -poimen, no grego) com vistas ao aperfeiçoamento dos santos.

123
A estrutura funcional: o diácono 71

“Diácono”, em grego, significa: “aquele que serve”. Ele é um ministro ordenado


para auxiliar o presbítero e o bispo nas várias atividades da Igreja.
A Bíblia não define qual é a função do diácono. Isto ocorre, porque as
possibilidades de serviço na igreja são as mais diversas. Cada época, cada local e cada
situação apresentam necessidades específicas, pois a igreja é um organismo vivo, em
constante crescimento e transformação.
As qualificações pessoais exigidas de um diácono (1Tm 3.8-13), o treinamento
que recebe e a ordenação, fazem dele um auxiliar especializado. Essa condição lhe
permite exercer suas atividades em áreas importantes da obra de Deus, tais como ajudar
o presbítero a administrar o batismo e a eucaristia e, eventualmente, administrá-los,
quando convocado. Entre os deveres ministeriais do diácono, também estão dar
aconselhamento espiritual e pastorear o rebanho de Cristo.

A estrutura funcional: o presbítero 72

“Presbítero”, em grego, significa “homem maduro”. Ele é um ministro ordenado


com imposição de mãos (1Tm 4.14; Tt 1.6) para pastorear uma comunidade local,
como vigário do bispo, ou seja, seu representante. Ele administra a paróquia nos seus
aspectos terrenos, seculares (At 11.30) e, por causa do dom ministerial de pastor (1Pe
5.1-4; Jo 21.15-17) e da comissão recebida do bispo, é também seu guia espiritual.
As qualificações pessoais exigidas de um presbítero podem ser vistas em Tt 1.5-
9.
O presbítero é um oficial da igreja que:
Dedica tempo integral na obra de Deus;
Tem autoridade para tomar decisões em nível paroquial;
Pode ministrar a palavra de Deus, ensinando e pregando.

O Novo Testamento sempre se refere a “presbíteros” (no plural), sem exceção,


mostrando que a Igreja deve formar um “presbitério”, um corpo de presbíteros
agraciados com os diversos dons espirituais, um completando o outro, para o bom
andamento da diocese.

A distinção de funções entre os membros do presbitério pode ser observada em


1Tm 5.17. Ali, encontramos “aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino”, em
contraste com os que não pregam ou ensinam. O bispo deve estar atento a essa
diversidade de vocações em seu presbitério, para que o povo de Deus seja melhor
servido por seus ministros ordenados.

A estrutura funcional: o bispo 73

71
MORENO, José. O Caminho do Peregrino. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: www.anglicanalivre.org,br, 2006, p. 57,58.
72
MORENO, José. O Caminho do Peregrino. 1ª ed. Belo Horizonte, MG: www.anglicanalivre.org,br, 2006, p. 57,58
73
MORENO, José . Op. Cit., p. 59,60.

124
“Bispo”, no original grego, significa: “aquele que olha de cima”. Ele é um
ministro ordenado e consagrado para supervisionar a obra de Deus. É um presbítero,
atuando como primus inter pares (primeiro entre seus iguais), ou seja, exercendo a
função de supervisor do presbitério.
Do ponto de vista estritamente bíblico, os termos "bispo“ e "presbítero" são
intercambiáveis e podem aplicar-se ao mesmo homem ou a homens com funções
idênticas ou muito parecidas. O bispo é designado para exercer funções de chefia ou
superintendência. Todo bispo é presbítero (comparar os versículos 17 e 28 de At 20;
ver também: Tt 1.6-7), mas, obviamente, nem todo presbítero é bispo.
O bispo é o pastor principal da diocese e como tal a pastoreia (At 20.28).
Tradicionalmente, ele tem atuado como pastor de pastores (os presbíteros e os
diáconos), tornando-se um conselheiro para eles e um pai espiritual, exercendo
autoridade e disciplina no que se refere às suas vidas e ministérios.
Na igreja primitiva, sob o governo apostólico, aquilo que depois se tornou a
função de um bispo, era realizado por um apóstolo. Paulo teve que disciplinar um outro
apóstolo (Pedro) e certamente o fez investido da autoridade "daquele que olha de cima"
(o bispo) – Gl 2.11-14.

Dicas para o seu ministério


1. Sempre que houver uma atividade especial na sua Igreja (e em outras
ocasiões também), convide seus parentes e amigos para participar.
2. Abra a sua casa, convidando seus vizinhos para um bate-papo, um cafezinho.
A sua casa pode também abrigar um grupo de vida.
3. Participe dos programas escolares do seu bairro e influencie professores, pais
e alunos.
4. Procure conviver com parentes e amigos, indo ao cinema com eles ou a um
jogo de futebol.
5. Tenha sempre à mão folhetos evangelísticos e aproveite todas as
oportunidades para distribuí-los.
6. Memorize Lc 19.10 e faça uma lista com os nomes de pessoas perdidas e ore
para que Deus lhe dê oportunidades e estratégias para ganhá-las para Cristo.
7. Leia Mt 25.31-46 e procure envolver-se pelo menos mensalmente nas
atividades citadas por Jesus ali.
8. Leia livros sobre evangelismo e missões e faça cursos na área.
9. Receba e hospede em sua casa missionários e evangelistas.
10. Pense também em missões: ore pelos países das marcas de roupas que você
usa; mantenha correspondência (internet ou correio) com algum missionário
no Brasil ou no exterior; assista aos noticiários e ore pelos países citados nas
reportagens.
11. Procure saber a situação das igrejas ao redor do mundo.
12. Procure conhecer a vontade de Deus: ele quer que você o sirva como
missionário em algum lugar do Brasil ou do mundo?

125
DIVERSIDADE DE MINISTÉRIOS (1Co 12.5)

Os dons ministeriais são indivíduos com um ou mais ministérios específicos,


dados à igreja (1Co 12.18-30; Ef 4.11). Ministérios são oportunidades para o serviço
cristão (diakonia) que estão abertas para nós para o exercício de nossa motivação
básica.

Estes ministérios foram dados por Deus, e são todos necessários para que os
propósitos de Deus sejam cumpridos na Terra. Um dos cinco não é suficiente.
Precisamos de tudo que Deus tem providenciado. O desejo de Cristo é ter uma Igreja
Gloriosa, sem mácula nem ruga (Ef 5.17) , e Ele providenciou o ministério quíntuplo
para este plano soberano em Seu povo - até que todos cheguemos à unidade da Fé (Ef
4.13). Enquanto este objetivo não for atingido, enquanto não chegarmos à perfeita
varonilidade, podemos esperar que estes ministérios sejam importantes e funcionem na
igreja de Jesus Cristo. Eles não foram dados apenas para uma época apostólica em
particular, mas foram dados à Igreja, até o tempo em que a Igreja chegue à medida da
estatura da Plenitude de Cristo (Ef 4.13).
A finalidade dos dons ministeriais é o aperfeiçoamento dos santos para a obra do
ministério.
1. O Evangelista tem a função de treinar os santos para evangelizarem. A
maioria dos crentes não evangelizam porque nunca foram treinados.
2. O pastor tem a função de treinar os santos para pastorearem, treinar os santos
a consolidarem os novos convertidos na fé.
3. O mestre tem a função de treinar os santos a ensinarem aos novos
convertidos.
4. O profeta tem a função de ensinar os santos a profetizarem, e o propósito da
profecia é edificar, exortar e consolar.
5. A função do apóstolo é enviar os santos.
Os pilares da igreja em células: Ganhar, consolidar, treinar, edificar e enviar.
Vejam as relações dos cinco ministérios com os cinco pilares da igreja em célula:
Evangelista Pastor Mestre Profeta Apóstolo
Ganhar Consolidar Treinar Edificar Enviar
A ideia de apóstolo:
Há um primeiro ponto sobre o qual parece que se tenha conseguido certa
unanimidade: os textos dos sinóticos que falam de “os apóstolos” são redacionais e não
permitem afirmar que Jesus mesmo lhes tenha atribuído esse título. Tal título supõe o
testemunho sobre a ressurreição e Pentecostes [...]. De tudo isso se deduz que, histórica
e criticamente, “os apóstolos” e “os doze” não podem ser identificados pura e
simplesmente [...]. Lucas tende a identificar os apóstolos com os doze, tendência que
será confirmada pelo Apocalipse (Ap 21.14) e que parece ser testemunhada antes de
Lucas e no próprio Paulo (Gl 1.17), todavia sem que esse uso seja sistemático ou
exclusivo [...]. Mas em Paulo, e até uma vez nos Atos (At 14.4,14), o qualificativo
“apóstolo” é dado a outras pessoas além dos doze [...]. Se considerarmos a data
respectiva dos textos paulinos e lucanos, não parece que o título de apóstolo tenha sido

126
reservado, em um primeiro momento, aos doze, sendo estendido mais tarde a outros. É
bem mais provável que tenha ocorrido o contrário.74

1. APÓSTOLO (ἀποστόλος) - A palavra significa literalmente “enviado”. Este


ministério é mencionado muitas vezes em todo o Novo Testamento. De fato, há 79
referências a apóstolos. Existiram os 12 apóstolos que indubitavelmente possuem um
lugar especial no Reino, pois estiveram intimamente relacionados com o Senhor, tendo
estado presentes à ceia de fundação da Nova Aliança (Lc 22.14). Mas existiram
também outros apóstolos que também ministraram na época neotestamentária.
Existiram homens com Andrônio e Júnias (Rm 16.7), Barnabé e Paulo (At 14.14), Tito
(2Co 8.23), e outros. Daniel Berg e Gunnar Vigrem de certa forma foram apóstolos
(Pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil). “William Carey foi um apóstolo para a
Índia”.

Os doze primeiros apóstolos lançaram o fundamento da igreja como os primeiros


pioneiros e pregadores do Evangelho. Além disso, lançaram o fundamento da Igreja ao
receberem o Espírito Santo.

Apóstolos de Fundação 75
Os apóstolos do Novo Testamento tinham um tipo singular de autoridade na
igreja primitiva: autoridade para falar e escrever palavras que eram “palavras de Deus”
em sentido absoluto. Não acreditar neles ou desobedecer a eles era o mesmo que não
crer em Deus e desobedecer a Deus. Os apóstolos, portanto, tinham autoridade para
escrever palavras que se tornaram palavras da Bíblia. Este fato por si só nos sugere que
havia algo de singular no ofício de apóstolo, e não esperaríamos que ele continuasse
hoje, porque atualmente ninguém pode acrescentar palavras à Bíblia e tê-las na conta
de palavras de Deus ou como parte das Escrituras.

IGREJA
OS DONS
MINISTERIAIS

OS 12 APÓSTOLOS
JESUS

O próprio Novo Testamento possui três versículos nos quais a palavra apóstolo
(gr. apóstolos - ἀποστόλος) é usada em um sentido amplo, não para se referir a
qualquer ofício específico na igreja, mas simplesmente com o sentido de “mensageiro”.

74
ESTRADA, Juan Antonio. Para Compreender Como Surgiu a Igreja. 1ª ed. São Paulo: Editora Paulinas, 2005, p. 313-
314.
75
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p. 760—764.

127
Em Filipenses 2.25, Paulo chama Epafrodito “vosso mensageiro (apóstolos) e vosso
auxiliar nas minhas necessidades”; em 2Co 8.23, Paulo refere-se àqueles que
acompanharam a oferta que ele estava levando para Jerusalém como “mensageiros
[apostoloi] das igrejas”; e em João 13.16, Jesus diz: “...nem é o enviado [apóstolos]
maior do que aquele que o enviou”.
Mas há outro sentido para a palavra apóstolo. Com freqüência muito maior no
Novo Testamento refere-se a um ofício especial, “apóstolo de Jesus Cristo”. Nesse
sentido estrito do termo, não há mais apóstolos hoje, e não devemos esperar mais
nenhum apóstolo. A razão disso baseia-se no que o Novo Testamento diz sobre as
qualificações de um apóstolo e sobre quem foram eles.

a. As qualificações de um apóstolo. As duas qualificações de um apóstolo


eram: (1) ter visto Jesus Cristo após a ressurreição (ser testemunha ocular da
ressurreição) e (2) ter sido especificamente comissionado por Cristo como seu
apóstolo.
O fato de que um apóstolo tinha de ter visto o Senhor ressurreto é indicado
em Atos 1.22, onde Pedro diz que o substituto de Judas deve “se tornar
testemunha conosco de sua ressurreição”. Além disso foi “aos apóstolos que
escolhera” que “depois de ter padecido se apresentou vivo, com muitas provas
incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias” (At 1.2-3; cf. 4.33).
b. Quem eram os apóstolos? O grupo inicial contava com doze – os onze
discípulos originais que continuaram após a morte de Judas, e Matias, que o substituiu:
“E os lançaram em sortes, vindo a sorte a recair sobre Matias, sendo-lhe então votado
lugar com os onze apóstolos” (At 1.26). Tão importante era esse grupo original de
doze apóstolos, os membros fundadores do ofício apostólico, que lemos que seus
nomes estão escritos nos fundamentos da cidade celestial, a nova Jerusalém: “A
muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos
doze apóstolos do Cordeiro” (Ap 21.14).
c. Resumo. A palavra apóstolo pode ser usada em um sentido amplo ou restrito.
Em sentido amplo ela significa “mensageiro” ou “missionário pioneiro”. Mas em
sentido restrito, que é o mais comum no Novo Testamento, refere-se a um ofício
específico, “apóstolo de Jesus Cristo”. Esses apóstolos tinham autoridade única
para fundar e liderar a igreja primitiva e podiam falar e escrever a palavra de
Deus. Muitas de suas palavras escritas tornaram-se as Escrituras do Novo
Testamento.
O ministério do apóstolo parece ser lançar o alicerce de igrejas locais (Ef 2.20).
Ao fazê-lo, eles estabelecem novas assembleias que já estavam estabelecidas, mas
precisavam ser melhor alicerçadas.
O apóstolo tem o equipamento sobrenatural chamado “governo” (1Co 12.28).
O missionário que é realmente chamado por Deus e enviado pelo Espírito Santo
é um apóstolo.
O Novo Testamento nunca menciona os missionários mas, o cargo de
missionário não deixa de ser importante. Está incluído aqui no cargo de apóstolo.

128
O missionário terá a capacidade dada por Deus de todos os Dons Ministeriais:
1. Fará o trabalho do Evangelista. Levará as pessoas à salvação.
2. Fará a obra do Mestre. Ensinará as pessoas e os firmará na Fé.
3. Fará a obra do Pastor. Pastoreará por algum tempo essas mesmas pessoas.

Ao estudarmos de perto a vida do apóstolo Paulo, notamos que ele disse que
nunca edificou em alicerce deitado por outra pessoa. Esforçava-se para pregar o
Evangelho onde Cristo ainda não fora proclamado (Rm 15.20), e sempre permanecia
numa localidade entre seis meses a três anos.
Sua vocação principal não era ser pastor, mas permanecia no local por um tempo
suficiente para deixar seus convertidos firmados na Verdade antes de ir para outro
lugar.
Algumas características do ministério apostólico:
a) Ele é caracterizado por humildade (1Co 4.9; 2Co 10.18; 1Co 12.12).
b) Ele se sacrifica (2Co 11.22-29; 1Co 4.9-13)
c) O seu ministério é acompanhado por sinais e maravilhas (2Co 12.12).
d) Ele é paciente (2Co 12.12).
e) Ele é estabelecido no Corpo por Deus, e não pelo homem (1Co 12.28)
f) Ele não é dominador sobre o rebanho (2Co 1.24; 1Pe 5.3).
g) Ele precisa produzir fruto apostólico (1Co 9.1,2).

Alguns se perguntam se existem apóstolos hoje. Ninguém, nem sequer Paulo,


poderia ser um apóstolo no mesmo sentido dos DOZE originais. Havia somente “doze
apóstolos do Cordeiro” (Ap 21.14).
As qualificações deles (12) foram delineadas em At 1.21,22, quando então os 11
apóstolos selecionaram um apóstolo para ocupar o lugar de Judas Iscariotes. Vemos,
que para ser um dos Doze apóstolos do Cordeiro, era necessário ter acompanhado os
Doze Apóstolos originais e Jesus durante o período inteiro do Seu ministério de três
anos e meio (Paulo não estava com eles). Mesmo assim, hoje existem apóstolos no
sentido de Barnabé, Paulo, e ou terem sido apóstolos.

Ef 4.11. E Ele mesmo concedeu uns para APÓSTOLOS... Se Deus tivesse tirado
esse ministério, ou qualquer outro, fora dessa lista, a Bíblia deveria nos ter informado.
Todos os dons do ministério foram dados com vista ao aperfeiçoamento dos santos para
o desempenho do ministério, e para edificação do Corpo de Cristo. Esses dons incluem
os apóstolos.

Alguns obreiros possuem manifestações de uma ou mais facetas deste ministério.


Alguns possuem a habilidade de impor as mãos e Jesus batizar no Espírito Santo,
todavia não possuem a habilidade de estabelecer novas assembleias (At 8.5-20). Outros
apesar de não possuírem a habilidade de estabelecer novas assembleias, possuem
todavia, a habilidade de fundamentar na verdade assembleias já existentes.

Outra característica de um apóstolo que não citamos anteriormente é a habilidade


de impor as mãos e Jesus batizar em massa no Espírito Santo (At 8.17,19; 9.17; 19.6,7).

129
ELE DEU UNS PARA APÓSTOLOS76

Quando uma pessoa tem ideias preconcebidas nenhum argumento é suficiente


para convencê-la do contrário. Isto é particularmente verdade no campo da religião;
mesmo diante de evidências irrefutáveis, ela não arreda o pé. É como Chicó, de Auto da
Compadecida: “Não sei; só sei que é assim”.
Algo semelhante ocorre com o ministério de apóstolo. Enquanto proliferam por
aí muitos autodenominados apóstolos, brotam mestres ensinando que este ministério
teria cessado no “tempo dos apóstolos”, quer dizer, quando o último dos Doze morreu.
Entre aqueles e estes, há uma relação de equivalência complexa, fenômeno linguístico
que ocorre quando dois eventos distintos, não ligados entre si, são apresentados como
tendo o mesmo significado, como sendo equivalentes. Assim, o fato de existirem falsos
apóstolos implicaria em que não temos os verdadeiros. Será?

O bom senso, a honestidade e o desejo de estabelecer a verdade bíblica devem


fazer-nos examinar mais de perto esta questão. Se não há mais apóstolos, denunciemos
os falsos. Se ainda há, denunciemos os falsos e honremos os verdadeiros.

O apóstolo Paulo teve problemas nesta área. Parece que houve quem duvidasse
do seu apostolado. E então ele escreveu aos coríntios: “Se eu não sou apóstolo para os
outros, ao menos o sou para vocês; porque vocês são o selo do meu apostolado no
Senhor” (1Co 9.2) e: “Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vocês
com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas” (2Co 12.12).

A origem do ministério de apóstolo pode ser encontrada nas seguintes Escrituras:

“Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.
Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens. Ora,
isto — ele subiu — que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas
da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus,

76
http://www.anglicanalivre.org.br. +José Moreno, um bispo e apóstolo anglicano.

130
para tornar tudo pleno. E ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas,
outros para evangelistas, outros para pastores e mestres” (Ef 4.7-11).

“E, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos, em segundo lugar


profetas, em terceiro mestres, depois milagres, depois dons de curar, socorros,
governos, variedades de línguas” (1Co 12.28).

O próprio Deus deu apóstolos para a igreja e os estabeleceu nela. O termo


“apóstolo” significa literalmente “emissário; enviado” e refere-se a um ministro
encarregado de exercer um ministério pioneiro, cujo objetivo é plantar novas igrejas e
dar-lhes a base doutrinária sobre a qual outros edificarão (1Co 3.10).

Os cessacionistas, porém, dizem que não há mais manifestação de dons


espirituais atualmente e negam, portanto, sua contemporaneidade. Até J. I. Packer, um
dos maiores teólogos anglicanos, em seu excelente livro Teologia Concisa, publicado
em 1999 pela Editora Cultura Cristã, contaminado pelo pensamento cessacionista,
chega ao absurdo de dizer que não está claro se ao escolher Matias, os apóstolos
estavam certos e Paulo seria então o décimo terceiro apóstolo, ou, se Paulo fosse o
substituto de Judas pretendido por Cristo, a escolha de Matias teria sido um equívoco;
e, pior, ele diz que isto não está claro em Atos e que o próprio Lucas pode não ter
sabido o que era o certo! (págs. 184-185). Lucas não foi inspirado por Deus ao escrever
Atos?

É difícil aceitar a tese cessacionista, pois Deus faz o que ele é, e o que ele é ele
faz. Milagres e outras manifestações sobrenaturais não são apenas realizados por Deus,
mas fazem parte da natureza mesma de Deus. Negar a operação dos dons espirituais é o
mesmo que afirmar que o Espírito eterno concluiu sua ação na igreja. Mas se ele é
Deus, e é eterno ― ele é! ― então suas operações acontecem normalmente, pois
integram a essência divina. Onde Deus está o sobrenatural acontece normalmente.

Se houvesse um texto bíblico afirmando a cessação dos dons, é claro que não
teríamos o que discutir. Não há. O cessacionismo é basicamente uma reação aos
exageros do montanismo do século II e do pentecostalismo dos séculos XIX ao XXI.

Outro problema com o cessacionismo é que ao abraçá-lo eliminamos os demais


ministérios: profetas, evangelistas, pastores e mestres, ministérios esses que foram
dados aos homens juntamente com o de apóstolo (Ef 4.11), com propósitos bem
definidos, dos quais a igreja ainda não pode prescindir, a saber:

“Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para


edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao
conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de
Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados ao redor por todo o
vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam
fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que
é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas

131
as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua
edificação em amor” (Ef 4.12-16).

Vejamos este texto mais de perto: Deus ainda quer “o aperfeiçoamento dos
santos”; a “obra do ministério” ainda está por fazer; o corpo de Cristo ainda precisa ser
edificado; a unidade da fé ainda é um alvo a ser atingido pela igreja; o “conhecimento
do Filho de Deus” não está completo (ainda é atual a exortação do profeta:
“Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor” – Os 6.3); não chegamos nem
perto da estatura de Cristo, o homem perfeito; a bem da verdade, talvez nunca tenha
havido tanta meninice e inconstância como agora; quanto vento de doutrina tem levado
os crentes de um lado para outro; quantos homens astutos e fraudulentos têm enganado
os incautos!

Portanto, os propósitos de Deus ainda não foram plenamente alcançados e já


podemos dispensar os ministérios, ou algum deles? Especificamente o primeiro, o
apóstolo? Estou convencido que não.

Há ainda outro problema com o cessacionismo: é que ao abraçá-lo eliminamos os


demais dons: profetas, mestres, milagres, dons de curar, socorros, governos, variedades
de línguas. Como estas listas são representativas e não exaustivas, qualquer dom
espiritual fica obsoleto. Seria uma temeridade a igreja existir sem profetas (aqueles que
falam inspirados por Deus); sem milagres (eu mesmo estou esperando um grande
nestes dias); sem os dons de curar (é fato que mesmo os melhores hospitais e
tratamentos médicos não dão conta da imensidão de doenças que assolam a
humanidade); sem socorros, ou seja, sem atos de beneficência e misericórdia; sem
governos, quer dizer, sem administração inspirada pelo Espírito Santo; sem variedade
de línguas, um dom utilíssimo para a autoedificação em tempos tão bicudos.

Uma igreja assim estaria morta, destruída, de tal modo que não poderia ser
restaurada. Uma igreja assim precisaria confiar nos dotes intelectuais de seus líderes,
nos diplomas universitários, na capacidade humana, a qual já demonstrou não ser muito
chegada às coisas de Deus.

O argumento de que para alguém ser um apóstolo é necessário ter visto Jesus
pessoalmente provém de uma interpretação equivocada da oração feita para a
substituição de Judas Iscariotes: “É necessário, pois, que dos homens que conviveram
conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus esteve entre nós, começando desde o
batismo de João até o dia em que dentre nós foi recebido nas alturas, um deles se faça
conosco testemunha da sua ressurreição” (At 1.21-22).

Eles, os Doze, exerceram um apostolado inicial e especial, e protótipo do


apostolado que Cristo daria aos homens alguns anos após sua ascensão. A carta aos
Efésios foi escrita mais de três décadas depois (ano 62); a primeira aos Coríntios, quase
três décadas depois (ano 56). Os ministérios, pois, foram dados tardiamente à igreja,
depois que vários dos primeiros apóstolos já haviam morrido.

132
A escolha de Matias foi para completar os Doze, cujos nomes estarão inscritos na
nova Jerusalém juntos com os doze patriarcas do Antigo Testamento. A intenção era
que Matias fosse testemunha da ressurreição de Cristo, pois este era o tema da pregação
deles. Mas em nenhum lugar no Novo Testamento se lê que ser testemunha ocular da
ressurreição era condição para outros exercerem o apostolado.

Paulo, que não era dos Doze e que não viu Jesus em carne, mas em uma teofania
na estrada de Damasco, e que era apóstolo, ensinou que todo cristão deve ter uma
experiência com a ressurreição e com as aflições de Cristo (Fp 3.10). Esta é,
necessariamente, uma experiência mística e acessível a todos os que são habitação do
Espírito Santo.

Barnabé era apóstolo: “Ouvindo isto, porém, os apóstolos Barnabé e Paulo,


rasgaram as suas vestes, e saltaram para o meio da multidão” (At 14.14).
Obviamente, ele não era dos Doze e provavelmente não havia visto Jesus encarnado.

Andrônico e Júnia eram apóstolos: “Saúdem Andrônico e Júnia, meus parentes e


meus companheiros na prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que
estavam em Cristo antes de mim” (Rm 16.7). Eles também não eram dos Doze nem
viram Jesus em carne.

A respeito de Tiago, irmão do Senhor, Paulo escreveu: “E não vi a nenhum outro


dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor” (Gl 1.19). Ele era apóstolo, embora
não fizesse parte dos Doze, mas é óbvio que havia conhecido seu irmão em carne e o
tinha visto ressurreto.

Epafrodito era apóstolo (Fp 2.25). O termo “enviado” nas Bíblias em português é
traduzido do grego ἀπόστολον, apóstolo. Não sei o motivo por que se traduz assim em
nossa língua. A Vulgata Latina grafa: apostolum, não misit, enviado.

Do mesmo modo, Paulo cita alguns irmãos que eram “apóstolos das igrejas e
glória de Cristo” (2Co 8.23). No grego se lê: ἀπόστολοι, na Vulgata: apostoli; mas nas
nossas traduções em português encontramos: “enviados”, “mensageiros”,
“embaixadores”, “representantes”. Também não sei por quê.

Enfim, é preciso esforçar-se para negar a contemporaneidade do ministério de


apóstolo. É claro que há muitos falsos apóstolos, mas isto não é privilégio dos nossos
tempos, como notou Paulo: “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos,
transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (2Co 11.13). Além disso, como alguém
poderia se transfigurar em apóstolo de Cristo se fosse notório que não havia mais este
ministério na igreja? Seja como for, abusus non tollit usum, o abuso não impede o uso.
Este é um princípio latino, segundo o qual pode-se usar de uma coisa boa em si mesma,
ainda quando outros usam dela abusivamente. Ninguém rejeita o dinheiro verdadeiro
porque há cédulas falsas por aí!

133
Finalizando, ressalto que os apóstolos exercem também a supervisão das igrejas
que plantaram ou ajudaram a plantar, orientando-as na doutrina, ordenando-lhes
presbíteros e diáconos, e zelando pela disciplina delas. O ministério do apóstolo é tão
atual e necessário nos dias de hoje como era nos tempos da igreja primitiva. Eu não
tenho a menor dúvida quanto a isto.

2. PROFETAS (προφήτας) - O profeta (προφήτης) não é uma figura nova no


Novo Testamento. Muito semelhante aos profetas antigos, eles têm um ministério
duplo de predizer e anunciar. Profeta no sentido neo-testamentário é aquele que fala
obedecendo ao impulso duma repentina inspiração, à luz duma súbita e momentânea
revelação (1Co 14.29,30). O ministério do profeta é freqüentemente ligado ao
ministério do apóstolo, e ambos são vistos trabalhando juntos como ministérios
fundamentais (Ef 2.20). Ágapo é o profeta mais notável no livro de Atos, predizendo
uma fome, e a prisão de Paulo (At 11.27,28; 21.10-14). Os profetas ministravam
especialmente ao Corpo de Cristo nas assembleias ou reuniões (1Co 14.29-31,37); na
ordenação e envio de obreiros, sob os auspícios da assembleia local (At 13.1-3); e
exortação, edificação e consolação de todo o Corpo (1Co 14.3).
Um profeta deve ser primeiramente um ministro do Evangelho, separado e
chamado para o ministério. Segundo Kenneth Hagin não existe profetas entre os
chamados leigos. Há pseudo-s profetas que só profetizam para mulheres carentes,
viúvas etc., tais profetas recebem ofertas avulsas destas pessoas carentes quando
deveriam ser pastores devidamente remunerados. tal situação leva estes profetas muitas
vezes a profetizarem de seus próprios corações.

Algumas características do ministério de profeta são:


a) Ele precisa ter o dom de profecia (1Co 12.10).
b) Ele precisa ter o dom Palavra da sabedoria (1Co 12.8).
c) Ele precisa ter o dom Palavra do Conhecimento (1Co 12.8).
d) Ele precisa ter o dom Discernimento de espíritos (1Co 12.10).
e) Ele precisa ser escolhido por Deus (1Co 12.28,29).
f) Ele precisa ter uma vida de santidade e humildade.
g) Ele precisa estar disposto a permitir que suas profecias sejam julgadas (1Co
14.29).
h) Ele estabelece verdades fundamentais (Ef 2.20).
i) Ele dá revelações divinas (Ef 3.3-5).
j) Ele exorta, confirma e aconselha os irmãos (At 15.32).
k) Ele tem visões e revelações (At 9.17;22.17,18). Os profetas do Velho
Testamento eram chamados videntes.
l) O ministério de cura acompanha o ministério de profeta (Lc 4.27; 2Rs 5.3).
Muitos supõem que o profeta não faz nada a não ser profetizar. Mas o principal
ministério do profeta é PREGAR e ENSINAR a Palavra de Deus.
João Batista era um grande profeta, todavia não há nenhum registro de nenhuma
profecia a não ser que após ele viria o Messias. Mas João pregou a mensagem do
Reino.

134
Aconselho os irmãos a lerem os livros de Kenneth Hagin: “Compreendendo a
UNÇÃO”; “ELE concedeu Dons aos Homens”; “Os Dons do Ministério”.
Um pequeno exemplo: “Um dia na congregação da Assembleia de Deus em
Manaus no bairro chamado São Jorge, estava pregando uma mensagem e no meio
desta, uma jovem entrou no templo, e neste momento me veio uma palavra de
conhecimento - O Espírito Santo revelou-me que aquela moça pretendia dar fim a sua
vida. Passei então a narrar para aquela igreja local e para aquela jovem o que me vinha
ao meu espírito; ela veio chorando a frente e confirmou tudo aquilo que o Senhor
estava revelando”.

3. EVANGELISTAS (EUANGUELISTÁS - εὐαγγελιστάς) - O vocábulo


aparece apenas três vezes no Novo Testamento (At 21.8; Ef 4.11; 2 Tm 4.5). Significa
aquele que leva o Evangelho, que prega o Evangelho, e, literalmente “mensageiro de
boas novas”. É-nos mostrada a necessidade de evangelistas na obra de aperfeiçoamento
da Igreja (Ef 4.11); Paulo instrui Timóteo, que na realidade era um apóstolo para fazer
a obra de um evangelista (2 Tm 4.5); mas se desejamos saber qual é o trabalho de um
evangelista, precisamos estudar o ministério de Felipe, o evangelista (At 21.8; 8.1-
13,26-40).

Características do Ministério de Evangelista:


a) O seu ministério é duplo: Evangelismo público e pessoal (At 8.1-13,26-40).
b) O seu ministério é especialmente aos perdidos e doentes (At 8.1-13,26-40).
c) Deve ser diligente na palavra (2 Tm 2.15; 4.1-5).

4. PASTORES (ποιµένας - poiménas) - Pastor no grego significa guardador de


ovelhas - (Jo 10.11; Hb 13.20; 1Pe 2.25; 5.4) - Poimen - ποιµήν (At 20.17).
Dons do pastor : o dom da Fé e o dom da liderança.
Enquanto o ministério dos apóstolos, profetas e evangelistas pareça ter natureza
móvel, aos pastores é dado governar as assembleias locais. Jesus era e é o Bom Pastor,
e é portanto, o verdadeiro pastor.
Características de um pastor:
a) Alimenta as ovelhas (1Pe 5.2). Apascentai - Pastoreai (Poimanate).
b) Guia, dirige e governa as ovelhas (1Pe 5.2; At 20.17,18)
c) Ama as almas das ovelhas (Hb 13.17).
d) Cuida das ovelhas (Jo 10.11-14)
e) Está disposto a dar a sua vida pelas ovelhas (Jo 10.15-18).

ADVERTÊNCIA: A situação dos falsos pastores (Ez 34.1-10; Jr 23.1).


5. MESTRE (DIDÁSKALOS - διdάσκαλος) - Os mestres (διdασκάλους)
também são essenciais para o aperfeiçoamento dos santos. O dom ministerial de mestre
abrange mais do que a exposição e a explanação da Bíblia em aulas bíblicas (todos os
presbíteros devem ser capazes de ensinar - 1Tm 3.2; Tt 1.9), mas este também é um
ministério cujo padrão deve ser Cristo, que era o Grande Mestre. O ensino e os mestres
tem um lugar bem definido e importante nas igrejas do NT, e isso se prova pelo fato de
serem mencionados nas três listas dos ministérios (Rm 12.6-8; 1Co 12.28,29; Ef 4.11).
135
Apesar de que os pastores tivessem que ser aptos para o ensino (1Tm 3.2), o mestre
podia ser chamado para um ministério itinerante, semelhante aos dos apóstolos e dos
evangelistas; e, na verdade, quando mais notável fosse o seu ministério e seu dom de
ensinar, melhor seria. Um caso que as Escrituras nos apresentam é o de Apolo, que
viajava constantemente (At 18.27; 1Co 16.12; Tt 3.13).

O ministério de ensinar é o que constrói o edifício sobre o alicerce lançado pelos


Apóstolos e Profetas. É o mestre que deve criar profundas raízes nos santos. A
promessa de Deus nestes dias é restaurar verdadeiros mestres à Igreja (Is 30.20).

Características do ministério de mestre:


a) Ministra com dedicação (Rm 12.7).
b) Ensina por milagres (Lc 5.1-10).
c) Ensina por raciocínio (At 24 e 25).
d) Edifica sobre o fundamento dos Apóstolos e Profetas para estabelecer os
santos e dar-lhes raízes (1Co 3).

Jesus Cristo é padrão para os cinco ministérios:


1. Apóstolo e Sumo Sacerdote: Hb 3.1;
2. Profeta: Jo 4.19;
3. Evangelista: Lc 4.18;
4. Pastor: Jo 10.11-17;
5. Mestre: Jo 3.2.

Em 1Co 12.28-31 Paulo amplia a relação de Efésios capítulo 4:


“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar
profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar,
socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? são todos
profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres? Todos têm dons de
curar? falam todos em línguas? interpretam todos? Mas procurai com zelo os maiores
dons. Ademais, eu vos mostrarei um caminho sobremodo excelente”.
OPERADORES DE MILAGRES (dynámeis - δυνάµεις). Dynamis (δύναµις). A
palavra “dynamis” aparece 119 vezes no Novo Testamento. Em 1Co 12.10 aparecem
duas palavra gregas: Energēmata (ἐνεργήµατα) e dynámeōn (δυνάµεῶν). Dynamis é
traduzida milagre, todavia nos outros textos é traduzida por obra poderosa, poder,
força, poderoso, virtude e de diversas formas em outras versões. Em 1Co 12.28 a frase
“Operadores de Milagres” é a tradução apenas da palavra grega dynámeis (δυνάµεις)
que literalmente seria traduzida por “poderes”. “Energēmata (ἐνεργήµατα) plural de
enérgēma (ἐνέργηµα) vem de energuéō – energizar (ἐνεργέω) que dá origem a palavra
energia em Português. Dynamis é energia ou poder de Deus. Paulo pregou não
somente em palavra, mas em Poder (dynamis) - (1Ts 1.5). Não podemos ser bem
sucedidos se Deus não cooperar conosco com sinais e prodígios. Devemos orar pedindo
poder para pregarmos a Palavra com intrepidez e que o Senhor coopere conosco
estendendo a Sua mão para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do Nome de
Jesus (At 4.29,30). Este ministério difere do dom Operações de milagres apenas em

136
amplitude, pois o Dom Ministerial é uma pessoa dotada do dom de Operações de
milagres. Assim como nem todo o que profetiza é profeta, também nem todo o que tem
a manifestação do dom Operações de milagres é Operador de Milagres. Todavia,
aquele que é profeta tem que ter o dom de profecia, também aquele que um Operador
de Milagres tem que ter o dom de operações de milagres.
6. Dons de Curar (χαρίσµατα ἰαµάτων – Kharismata Iamátōn). O que vale para
o que foi dito anteriormente (sobre os dons de curar) vale também aqui. Existe o dom –
dons de curar, também existe o ministério dons de curar.
7. Socorros (antilémpseis - ἀντιλήµψεις). Antílēmpsis - ἀντίλημψις - Socorros é
o ministério de socorrer em todas áreas, tanto material como espiritual.
8. Governos (κυβερνήσεις). Governo - κυβέρνησις. A definição de Peter
Wagner do Dom da Administração é a seguinte: “É aquela capacidade especial que
Deus dá a alguns membros do Corpo de Cristo, capacitando-os a entender claramente
os alvos imediatos e a longo prazo de alguma unidade particular do Corpo de Cristo, a
fim de traçar e executar planos eficazes para a concretização daqueles alvos”. Para
Peter Wagner, pastores como o Dr. David Yonggi possuem o Dom da Liderança, e
outros pastores locais podem não possuir este dom, todavia podem possuir o Dom da
Administração e serem bem sucedidos em suas igrejas menores. A palavra usada em
1Co 12.28 é KYBERNĒRSEIS (κυβερνήσεις)de kybérnēsis que significa a ação de
pilotar um navio. E a palavra usada em Rm 12.8 – proístemi (προϊστημι)significa
chefiar, presidir e governar.
9. Variedades de Línguas (γένη – nações; γλωσσῶν -línguas). Existe o dom de
variedade de línguas (1Co 12.10) e existe o ministério de variedades de línguas (1Co
12. 28). Ainda que todos possam dar um passo de fé, ocasionalmente, e falar em
diversas línguas, não é bíblico o ensinar-se que todos devem ter qualquer um dos dons
ministeriais do Espírito. Esta era uma das principais ênfases de Paulo em seus
ensinamentos sobre os dons e ministérios do Corpo (Rm 12.3-8; 1Co 12.4-31).
10. Interpretador de Línguas (διερµηνεύουσιν). Diermēneúō - διερµηνεύω
– Intérprete de línguas de outras nações. É a habilidade sobrenatural e espontânea de
interpretar-se uma comunicação dada em línguas na língua que é compreendida pelas
pessoas presentes. Novamente, isto não tem, absolutamente nada a ver com um
conhecimento natural de línguas, mas procede diretamente, do Espírito Santo (1Co
12.10). Este ministério está também acima do dom de Interpretação de línguas.

Todos estes ministérios são susceptíveis de abusos por parte dos homens. Há
falsos apóstolos que se autonomeiam, explorando o povo de Deus (2Co 11.11-15). Há
falsos profetas, que profetizam do seu próprio coração (At 13.6). Há falsos evangelistas
que enganam o povo de Deus com métodos antibíblicos e engodos. Há falsos mestres
que introduzem “heresias” destruidoras (2Pe 2.1). Há falsos pastores que são
mercenários, e não amam as ovelhas, e tosquiam o povo de Deus (Ez 34.1). Por toda a
Bíblia há severas advertências contra esses tipos de coisas. Devemos rescindir os falsos
ministérios, todavia devemos tomar cuidado para não rejeitar os verdadeiros
ministérios.

DIVERSIDADES DE OPERAÇÕES

137
DIVERSIDADES DE OPERAÇÕES (1Co 12.6)

Hoje esquecidas. Quando Deus opera com diversidade de operações os ministros


que as operam são chamados “loucos, místicos, exagerados, falsos profetas,
inovadores, perturbadores da ordem e etc”.

1. Mas as diversidades de operações são bíblicas:


Eliseu deitou-se sobre um corpo morto, aqueceu-o e ordenou que a morte se
retirasse e o menino reviveu (2Rs 4.34-36). Mas antes ele estava importunado até que
veio a diversidade de operação com unção de Deus. Eliseu era um homem
perseverante. Quando ele ordenou ao rei Jeoás que tomasse as flechas e o arco, e
atirasse as flechas pela janela e disse que aquelas seriam as flechas do livramento, mas
o rei atirou apenas três flechas e cansou-se. Eliseu ficou indignado, e disse-lhe: Cinco
ou seis vezes deverias ter ferido; então feririas os sírios até os consumir; porém agora
só três vezes os ferirás (2Rs 13.19).
2. São muitas as diversidades de operações na Bíblia:
a) Paulo ungiu roupas
b) A sombra de Pedro curava
c) A imposição de mãos: Algumas pessoas são curadas; outras ordenadas ao
ministério; bênçãos são transferidas; autoridade e unção; poder (muitas
pessoas caem devido ao poder transferido das mãos).
d) Smith Wigglesworth deu um soco no abdômen de uma mulher com úlcera
e ela foi curada.

O milagre é intervenção sobrenatural na função normal da natureza; a suspensão


temporária da ordem habitual; a interrupção do sistema natural observado pelos
homens.
“O milagre é um acontecimento que não parece ser parte nem resultado de
nenhuma lei ou agência naturais, e é muitas vezes atribuído a uma fonte sobre natural
ou divina”.77
“Quando se realiza um milagre, as leis da natureza não são violadas, mas
substituídas num ponto especial por uma manifestação mais elevada da vontade de
Deus. As forças da natureza não são aniquiladas ou suspensas, mas contrabalançadas
num determinado ponto por uma força superior aos poderes da natureza” (L.
Berkhof).78

O SIGNIFICADO DOS MILAGRES 79

Os milagres levantam a questão do nosso conceito de Deus.


Os milagres do Antigo Testamento nos forçam a fazer perguntas como estas: “É
possível que Deus exista, ou o universo material é a única realidade?” “O universo

77
JETER, Huhg. Pelas Suas Pisaduras. Editora Vida, 1980, p.70.
78
Ibid.
79
RICHARDS, Larry. Todos os Milagres da Bíblia. 1ª ed. Campinas, São Paulo, 2003, p. 30-33.

138
material é eterno ou tem uma causa incausada?” “Qual a relação de Deus com o
universo material?” “Quais são as possibilidades de Deus usar eventos para castigar ou
recompensar seres humanos?”
O testemunho das histórias de milagres do Antigo Testamento apóia o
ensinamento das Escrituras de que, como Criador, Deus é a fonte do universo material,
distinto dele e totalmente livre para agir nele em favor do seu povo.
Semelhantemente, as histórias de milagres nos Evangelhos levantam a questão da
identidade de Jesus. Homens e mulheres do primeiro século foram forçados a
perguntar: “Jesus é um mágico ou feiticeiro? É um ‘homem divino’, cuja superioridade
e intimidade com Deus o capacitam a fazer prodígios? Ou Ele é Deus encarnado, como
afirma?”
Os milagres que Jesus realizou não responderam em si a essas perguntas, mas
impeliram as pessoas que ouviram as histórias a tomar uma decisão sobre a identidade
de Jesus. E, ao examinar esta questão, cada pessoa foi confrontada com a afirmação das
Escrituras sobre todos os três grandes milagres que moldam o conceito cristão de Deus.
1. Deus criou todas as coisas.
2. O Deus Criador encarnou-se em Jesus.
3. O Deus encarnado morreu e ressuscitou dentre os mortos.

CADA MILAGRE TEM SUA PRÓPRIA SIGNIFICÂNCIA RELIGIOSA

A história de Sodoma e Gomorra ilustra a prioridade da significância


religiosa. Ao mesmo tempo em que afirmamos a significância maior das histórias de
milagres das Escrituras, também temos de afirmar que há significado intrínseco em
todo milagre relatado na Bíblia. Já definimos um “milagre” como “um evento
extraordinário causado por Deus que tem significância religiosa”. Agora vamos enfocar
esta verdade: A significância religiosa de qualquer milagre é de extrema importância.
Cada história de milagre nas Escrituras, estudada no contexto da sua época e à luz
do propósito de salvação de Deus, tem sua própria significância especial. Ao estudar
milagres, podemos enfatizar a significância da localização de Sodoma e Gomorra (Gn
19). Elas se encontravam num vale formado por uma grande falha na crosta da terra.
Nesse vale, abundavam depósitos de betume e piche.
Com essa informação, podemos ver facilmente como as duas cidades poderiam
ser destruídas por fogo caído do céu. Um grande deslocamento na falha causaria um
terremoto, enchendo o ar de material inflamável. Tempestades elétricas geradas pelo pó
lançado na atmosfera gerariam raios e inflamariam esse material, fazendo com que todo
o vale se incendiasse.
Mas, se enfatizássemos apenas sua localização geológica numa tentativa de
tornar o evento mais verossímil para a mente moderna, perderíamos o significado de
Sodoma e Gomorra. O evento foi extraordinário não porque envolveu uma violação da
lei natural, mas porque o Senhor o profetizou para Abraão (Gn 18) e explicou que
estava prestes a causá-lo em razão dos pecados dos habitantes dessas cidades. A
significância religiosa é que Deus é o Juiz moral do nosso universo e que Ele punirá os
pecados.

139
Termos bíblicos para milagres nos ajudam a identificar sua significância
religiosa. Uma coisa que nos ajudará a determinar a significância dos milagres é o
vocabulário usado para descrevê-los.

PALAVRAS PARA MILAGRES NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS


Cada Testamento tem vocabulário específico para identificar milagres. É
importante saber o que cada uma dessas palavras nos diz sobre os milagres que
descrevem.
O termo Pēlē’ (‫)פלֶא‬, ֽ ֶ cuja raiz, encontra-se no verbo Pālā (‫ )פָ לָאי‬Este verbo é
usado para designar coisas maravilhosas. O construto masculino do substantivo é
traduzido por milagre.80
Pālā‘(‫)פָ לָאי‬. Esta palavra é usada cerca de 70 vezes no Antigo Testamento.
Significa “ser maravilhoso”. A raiz geralmente refere-se aos atos de Deus, quer
formando o universo ou agindo na História em favor do seu povo. A palavra chama
nossa atenção para a reação das pessoas quando são confrontadas por um milagre. O
crente vê o poder tremendo de Deus que invadiu o tempo e o espaço para fazer algo
maravilhoso demais para os seres humanos reproduzirem (Expository Dictionary of
Bible Words, Zondervan, 444).
Uma autoridade afirma o seguinte sobre pala’:
Preponderantemente, o verbo e o substantivo referem-se aos atos de Deus,
designando prodígios cósmicos ou feitos históricos em favor de Israel. Isto é, na Bíblia
a raiz pl’ refere-se a coisas que são anormais, além da capacidade humana.
Conseqüentemente, desperta admiração (pl’) no homem. Logo, a “verdadeira
importância dos milagres para a fé não está na sua realidade material, n’;as no seu
caráter evidencia!... não é, em geral, exatamente o caráter incomum do evento que o
torna um milagre; o que forçosamente chama a atenção dos homens é a impressão clara
do cuidado ou da retribuição de Deus no milagre” (Eichrodt). Podemos acrescentar que
é essencial que o milagre seja tão anormal a ponto de ser inexplicável, exceto pela
demonstração do cuidado ou da retribuição de Deus (Theological Wordbook of the Old
Testament, Moody, 1980,723).
Várias palavras em português são usadas para traduzir pala’, entre elas
“prodígio”, “milagre”, “maravilhas”, “grandezas” e “grandes obras”.
A ênfase dos Pēlē’s é que o homem deve carregar consigo a imagem do que foi
realizado por Deus, não o evento em si, nem tampouco os ensinamentos dos mesmos,
mas a pessoa que os realiza. A ênfase está na capacidade de fazê-los – “Ó Senhor,
quem é como Tu entre os deuses? Quem é como Tu glorificado em santidade, terrível
em louvores, obrando maravilhas?” (Ex 15.11). O emprego da palavra é algo
característico da ação de Deus, de forma poderosa e soberana, que é capaz de
“encantar” e “assusta!”, levando o homem a glorificá-lo. Por isso Davi afirma:
“Certamente me lembrarei das maravilhas da Antigüidade”. (Sl 77.11) Eliú convida-
nos a considerarmos as suas maravilhas – “Considera as maravilhas de Deus” (Jó
34.14,16).

80
COSTA, Sirgisberto Q. da. MILAGRES. 1ª ed. João Pessoa, PB. Avelar Gráfica e Editora, 1991, p. 12-22

140
As maravilhas, denominadas Pēlē’s, implicam peculiaridade reservada a Deus.
Os milagres, denominados Pēlē’s, estão potencialmente nele, devendo ser atribuídos
somente a Ele (Ex 15.11; Sl 136.4).
Segundo a terminologia e etimologia hebraica os milagres são sinais, portentos e
maravilhas. Os sinais são milagres educativos, elementos didáticos d’Aquele que criou
e governa todas as cousas. Os portentos são milagres de poder, de exuberância, de
superabundância de capacidade. As maravilhas são milagres peculiares, exclusivos,
inconfundíveis, que trazem sobre si o selo de Deus.

O segundo termo hebraico usado para designar o milagre, é o termo “MÔFET”


(‫)מּוֹפ֙ ת‬, os “MÔFETs”, têm uma conotação totalmente diferente do termo “sinal”. E
direcionam a nossa atenção, não para o ensino do fenômeno, mas para o fenômeno em
si, os MÔFETs estão diretamente relacionados com os acontecimentos sobrenaturais.

Desde o princípio, quando Moisés e Arão foram ordenados por Deus para realizarem
seus “MÔFETS” (milagres) diante de Faraó (Ex 4.21: ‫ הַ מֹּֽ פְ ִתים‬- hamôfetim), até o uso final,
os “MÔFETS” são uma demonstração de poderes extraordinários.
De maneira sucinta, poderíamos dizer que a singularidade do uso do termo, refere-se: a
acontecimentos onde a mão de Javé esteve presente, aos acontecimentos do Egito, aludidos
tanto ao presente, como ao passado (Ex 4.21; 7.3; 11.9; Dt. 4.34; 6.22, 26.8), em seguida
refere-se ao que Deus fez no meio de Israel (Is 8.18), e finalmente, ao que Deus fará no futuro
(JI 2.30). Os “MÔFÊTS”, atos sobrenaturais do Deus de Israel são incomparáveis, são feitos
grandiosos, pois “só Ele” pode realizar, estas grandes e terríveis cousas diante dos olhos
humanos (Dt 10.21). Os “MÔFÊTS”, são singulares, são grandes e terríveis pela atuação do
único que pode realizá-los, de Javé.

MÔFET. Esta palavra hebraica ocorre apenas 36 vezes no Antigo Testamento.


Também significa “prodígio” ou “milagre”. É usada principalmente para relembrar os
poderosos feitos de Deus no Egito com o propósito de livrar seu povo da escravidão.
Mofet também é usado para castigos e a provisão que demonstra o cuidado contínuo de
Deus por Israel no decorrer da História.

O Theological Wordbook oi the Old Testament (Livro Teológico de Palavras do


Antigo Testamento) indica que mofet é freqüentemente usado com uma terceira palavra
hebraica para milagre, ‘ot. As duas juntas geralmente são traduzidas como “sinais e
prodígios”.
Em Deuteronômio 13, mofet refere-se a uma previsão exigi da de alguém que
afirma ser profeta. Se o ‘ot (sinal) ou mofet (prodígio) realmente acontece, o candidato
a profeta é autenticado. Se não acontece, ele é um falso profeta.
Mofet sozinho geralmente é traduzido por “prodígio” ou “prodígios” nas versões
portuguesas da Bíblia.
Entre os termos usados para designar-se o milagre, encontramos a palavra ÔT
(‫ )אוֹת‬que é geralmente traduzida por “sinal”. Esta palavra dentro da etimologia
hebraica tem sua origem na narrativa da criação, quando Deus, após haver criado os
luminares, declara que os havia colocado como sinais (“milagres”) dos tempos, o sol, a

141
lua, e as estrelas (Gn 1.14). A expressão usada é MÊÔRÔT (‫ ) ְמאֹ רֹ ת‬para “sinais”. Esta
palavra aparece pela ultima vez, referindo-se ao sábado, quando o próprio Deus, afirma
tê-lo dado ao povo de Israel também como “sinal”, entre Ele e o povo (Ez 20.20 ‫)לְ אוֹת‬.
Os ÔTS recebem vários significados nas páginas do Velho Testamento. Entre
estes, destacam-se dois. O significado conseqüente do uso natural da palavra e o
sobrenatural. O uso natural, refere-se sempre a algum elemento, físico ou espiritual,
escolhido por Deus para testemunho entre Ele e o Seu povo. Este elemento, que pode
ser denominado como objeto do milagre, deveria servir de “memorial” aos que haviam
recebido benefícios divinos, feito um pacto com Deus, ou ainda, haviam recebido urna
ordem objetiva dEle. Os ÔTS são usados especialmente referindo-se: a colocação dos
luminares como determinantes do tempo (Gn 1.14), a circuncisão dos primogênitos (Gn
17.11 ‫)לְ אוֹת‬, a aspersão do sangue pascal (Ex 12.13 ‫)לְ אוֹת‬, a institucionalização do
sábado (Ez 20.20 ‫)לְ אוֹת‬, a obrigação de conhecimento da lei (Dt 6.8 ‫)לְ אוֹת‬, a pessoa do
profeta (Ez 24.27). É importante observar que estes acontecimentos possuem o caráter
de peculiaridade; somente o povo de Deus ou o escolhido por Ele podem usufruir deste
milagre.

O outro sentido destacável dos “OTS” é o sentido sobrenatural da palavra, o qual


possui uma relação direta com o nosso vocábulo “milagre”. Os principais
acontecimentos, onde aparecem o uso do termo “ÔT” destacando o elemento
sobrenatural, caracterizam uma Intervenção divina. O sinal na testa de Caim (Gn 4.15
tO)), a criação do Arco-íris (Gn 9.12 ‫)אוֹת‬, os milagres realizados perante Moisés no
Monte Sinal (Ex 3.12 ), os prodígios realizados no Egito (Êx 10.1,2 [‫ ;]וְ אֶ ת‬Nm 14.14;
Sl 78.43 [‫ ;]אֹ תוֹתָ יו‬Jr 32.21; Is 20.3).

Os milagres. denominados “ÔTs”. são instrumentos educativos de Deus na


formação e direção do conhecimento do Seu povo. Eles são Instrumentos usados para
imprimir na mente, do homem, dos povos, das tribos, de todos, lembranças vivas
d'Aquele que os realizou. Os ÔTs são atos distintos de poder de Javé, são elementos
didáticos d’Aquele que pode torná-los singular, para a humanidade, para a nação
judaica, para o homem que contemplou o sinal (milagre) do Seu poder.

‘Ot (‫)אוֹת‬. Esta palavra hebraica significa “sinal milagroso”. Tem uma grande
variedade de significados. A palavra é usada para designar os corpos celestiais como
“sinais” que distinguem as estações (Gn 1.14) e para designar uma insígnia ou um
estandarte (Nm 2.2). No entanto, quase todas as suas 80 ocorrências no Antigo
Testamento hebraico incorporam o significado de sinais milagrosos, indicando um ato
claro e inconfundível de Deus. Como visto acima, ot é freqüentemente usado com
mofet, e as duas palavras juntas são traduzi das como “sinais e prodígios”.
Várias outras palavras hebraicas são usadas para descrever milagres. Por
exemplo, milagres são “poderosos feitos” (yalla) ou “poderes miraculosos” (giborah)
que são obras inconfundíveis (maasheh) de Deus. Examinaremos essas palavras
hebraicas com maiores detalhes à medida que estudarmos cada milagre na Bíblia.

142
O Novo Testamento emprega três palavras gregas diferentes para expressar
“milagres”:
1. Téras (τέρας). Esta palavra, traduzida por “prodígio” ou “prodígios”, é
encontrada apenas 16 vezes no Novo Testamento, em cada caso ligada a semeion como
“sinais e prodígios”. Na literatura grega, téras denotava alguma aparição terrível que
evocava temor e terror e que contradizia a ordem do universo. A Septuaginta [tradução
grega do Antigo Testamento hebraico terminada no segundo século a.C.] usa téras
para traduzir mofet, indicando assim um símbolo, sinal ou milagre. O termo
veterotestamentário e seu equivalente do Novo Testamento estão ligados à revelação de
Deus de si mesmo aos seres humanos.
2. Dynamis (δύναµις). Que significa poder miraculoso, milagre, obra poderosa,
poder, força, poderoso, virtude. A palavra “dynamis” (δύναµις) aparece 119 vezes no
Novo Testamento. Esta palavra em 1Co 12.10 - Dynamis é traduzida milagre, todavia
nos outros textos é traduzida por milagre, obra poderosa, poder, força, poderoso,
virtude e de diversas formas em outras versões. Energēmata (ἐνεργήµατα) plural de
enérgēma (ἐνέργηµα) vem de energuéō – energizar (ἐνεργέω) que dá origem a palavra
energia em Português.
3. Sēmeion (σηµεῖον). Esta palavra grega significa “sinal, prodígio, ou milagre”.
O significado básico da palavra indica um sinal pelo qual se reconhece uma pessoa ou
coisa específica. Quando a palavra semeion tem uma dimensão maravilhosa ou
extraordinária, geralmente é traduzida por “sinal milagroso”. O Expository Dictionary
oi Bible Words (Dicionário Expositivo de Palavras Bíblicas) observa que esta palavra
“enfatiza o aspecto de autenticação do milagre como indicação de que poder
sobrenatural está envolvido”.
Os milagres internos: Ef 1.17-19; 3.16-20; Fp 3.10; Cl 1.11.
Os milagres externos: At 1.8;3.12; 4.7; 4.33; 6.8; 8.10; Mc 16.17-20; João 14.12-
20.

Alguns Milagres do Velho Testamento:


1. A divisão do mar vermelho (Ex 14.21-31).
2. A parada do Sol e da Lua (Js 10.12-14).
3. A farinha e o óleo não esgotaram (1Rs 17.8-16).
4. A descida de fogo no monte Carmelo (1Rs 18.17-39).
5. O regresso de 10 graus no relógio do sol (2Rs 20.8-11).
6. A divisão das águas do rio Jordão (2Rs 2.9-14).

Alguns Milagres do Novo Testamento:


1. A transformação da água em vinho (Jo 2.1-11)
2. Andando sobre as águas (Mt 14.25-33).
3. Alimentando a multidão (Mc 6.38-44; Mt 15.19-39).
4. Acalmando a Tempestade (Mc 6.45-52).
5. Pescando aonde não havia peixe (Jo 21.5-12).
6. Pedro encontrando dinheiro na boca do peixe (Mt 17.27).
7. A libertação dos apóstolos e outros (At 12.1-17; 16.25-40; 5.17-25).

143
8. A transladação de Felipe de Gaza a Azoto (At 8.39-40). Azoto fica 32 Km
ao norte de Gaza.
9. A cegueira temporária de Elimas (At 13.8-12).
10. Paulo picado pela cobra nada sofreu (At 28.3-6).

Os milagres devem acompanhar a pregação do Evangelho (Mc 16.15-20; 1Co


2.1-5).
A Operação de Milagres é usada para demonstrar o Poder e a Grandeza de Deus.
A palavra grega, segundo o dicionário significa “explosões de onipotência”. Dynamis é
energia ou poder de Deus. Paulo pregou não somente em palavra, mas em Poder
(dynamis) - (1Ts 1.5). Não podemos ser bem sucedidos se Deus não cooperar conosco
com sinais e prodígios. Devemos orar pedindo poder para pregarmos a Palavra com
intrepidez e que o Senhor coopere conosco estendendo a Sua mão para fazer curas,
sinais e prodígios por intermédio do Nome de Jesus (At 4.29,30).

DIVERSIDADES DE MEMBROS

(Ef 4.11-16; 5.30; 1Co 6.15-20; 11.29; Rm 12.4,5; 1Co 12.12-17).


1. Jesus disse que nós faríamos coisas maiores do que Ele fez; individualmente
isto é quase impossível, todavia como Corpo de Cristo isto é possível.
2. Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os
membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo
em Cristo, e individualmente membros uns dos outros (Rm 12.4,5). Leia
também Ef 4.12.

1Co 12.12-27: 12 Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e


todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito
a Cristo. 13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer
judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só
Espírito. 14 Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. 15 Se disser o
pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. 16 Se o
ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. 17
Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o
olfato? 18 Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe
aprouve. 19 Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo? 20 O certo
é que há muitos membros, mas um só corpo. 21 Não podem os olhos dizer à mão: Não
precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. 22Pelo contrário, os
membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; 23 e os que nos
parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra; também os que em
nós não são decorosos revestimos de especial honra. 24 Mas os nossos membros nobres
não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais
honra àquilo que menos tinha, 25 para que não haja divisão no corpo; pelo contrário,
cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. 26 De maneira
que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele

144
todos se regozijam. 27 Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros
desse corpo.

INSPIRAÇÃO 81

A palavra inspiração vem do latim “inspiratione” e quer dizer aspirar, respirar


para dentro, colocar ar nos pulmões. Essa palavra é usada para traduzir o termo grego
“theopneustos” que aparece no Novo Testamento em 2 Tm 3.16, porém a palavra
teopneustos quer dizer “soprado por Deus”, no sentido de soprado para fora, expirado.
Inicialmente temos que diferenciar três tipos de inspiração: a humana, a satânica
e a divina.
Inspiração Humana é uma forma de atividade mental que surge devido às
diferentes combinações dos seis aspectos do Intelecto (memória, imaginação,
raciocínio, meditação, entendimento e sabedoria) juntamente com os afetos da alma
(sentimentos), e pode manifestar em palavras faladas ou escritas, em pintura,
habilidades manuais, etc...
Inspiração Satânica é o controle mental satânico voluntário ou obsessivo. Se
caracteriza pela inconsciência, ou semiconsciência, da pessoa ante ao que se passa com
ela, e também por distúrbios de personalidade e psicossomáticos, chegando algumas
vezes a um comportamento exagerado, e até mesmo perigoso. Um exemplo típico de
inspiração demoníaca é o fenômeno da psicografia, comum nos médiuns espíritas que
escrevem livros.

Inspiração Divina é aquela para qual vale a conceituação apresentada no


primeiro parágrafo desse item, é diferente da inspiração humana e da inspiração
demoníaca em alguns aspectos.
1. A Inspiração Divina é o resultado da ação do Espírito Santo sobre o espírito
humano - não nasce no intelecto e nem por influência malígna no intelecto,
mas sim por ação do Espírito Santo (Jó 32.8; 33.4; Rm 8.16).
2. A Inspiração Divina atua através do Espírito Humano, mas pode atuar
também nos sentidos, nos sentimentos e até mesmo nos instintos. Vale
acrescentar que a pessoa não perde a consciência de si mesmo. Poderá não
saber e exatamente o que diz, ou que faz, mas com certeza saberá que está
sendo usada por Deus. (Dn 12.8).
3. A Inspiração Divina é voluntária - Há necessidade de colaboração por parte
do homem para que possa ser usado por Deus (1Co 14.32).

Do ponto de vista bíblico, portanto, inspiração é a disposição espiritual, mental,


emocional e física do homem para falar ou fazer algo que lhe venha diretamente do
Espírito Santo. O homem inspirado por Deus passa a ser um canal de ligação entre
Deus e o mundo.
1. A CADEIA SEQÜENCIAL DE INSPIRAÇÃO DIVINA:
1.1. O Corpo é:

81
PINHO, G. de A. Apostila de Antropologia. São José dos Campos - SP.

145
a) Matéria orgânica;
b) Invólucro da alma e do espírito, e portanto o instrumento da alma para
o homem se relacionar com o mundo;
c) Templo do Espírito Santo.

1.2. A alma é:
a) Vida do corpo;
b) Personalidade do indivíduo, ou seja uma interação de instintos,
sentimentos, sentidos, intelecto e vontade;
c) Auto-consciência do Indivíduo, com suas funções analítica, descritiva e
impulsiva.

1.3. O espírito é:
a) O comunicador da alma ao corpo;
b) A consciência moral do homem, com suas funções conectivas e morais;
c) O elemento de ligação entre Deus e o homem, e entre o homem e Deus.

Quando o homem se liga com Deus, a cadeia de ligação pode nascer no intelecto
humano, portanto na alma, ou na própria função conectiva do espírito (intuição). Se
nascer no intelecto, daí passa à vontade (pois o homem deve querer se ligar com Deus),
da vontade passa à função descritiva (que pode restringir ou não) e daí à função
impulsiva que a impulsiona ao espírito, e daí através da adoração, meditação ou
serviço, chega ao Espírito Santo, e dele a Deus.
A ligação Deus-homem faz um caminho inverso. Começa no Espírito Santo e
penetra no espírito humano, através da inspiração e função conectiva, chegando então
na alma, onde é impulsionada pela função impulsiva e depois pela função descritiva, e
daí passa à vontade (pois o homem deve permitir que Deus se ligue com ele) e da
vontade vai atuar no intelecto ou nos demais atributos da personalidade. A alma
transferirá ao corpo as manifestações inspirativas, e esse por sua vez as demonstrará ao
mundo físico através das diferentes formas de manifestações da inspiração divina como
veremos a seguir.

1. DIFERENTES FORMAS DE INSPIRAÇÕES:

Deus tem diversas formas de falar aos seus servos (Hb 1.1; At 10.9-17). No texto
de At 10.9-17 veremos que Pedro teve um êxtase (Ekstasis - ἔκστασις). O
significado específico de êxtase é quando a consciência deixa parcial ou totalmente, de
operar, através da influência do poder divino. É quando os sentidos humanos ficam
temporariamente suspensos e entramos na dimensão do Espírito.

Seguido do êxtase vieram outras manifestações inspirativas: “Pedro viu o céu


aberto”; ouviu uma voz e ficou perplexo (dieporei).

Cornélio também teve visão e ouviu vozes (At 10.1-8).


INSPIRAÇÃO MENTAL

146
A Inspiração Mental é a forma mais comum de inspiração divina. O Espírito
Santo pode atuar, colocando as ideias diretamente na mente do indivíduo, através da
cadeia inspirativa (Espírito Santo - espírito humano - alma - corpo) como fez com
Pedro e Cornélio (At 10.1-20). Obviamente o grau de inspiração varia de acordo com a
própria sensibilidade espiritual e pré-disposição do indivíduo, pois se ele já é maduro e
experimentado nas coisas espirituais, e se está em ligação mental com Deus, orando ou
meditando na sua Palavra, é muito mais fácil para o Espírito Santo coordenar e dirigir
os pensamentos do homem, segundo a sua vontade (1Co 2.12-16).
Alguns comentadores fazem dentro da inspiração mental uma grande diferença
entre inspiração comum, das ideias, verbal, gráfica, motora, e plenária. Embora sejam
diferentes formas de inspiração mental, parece que a maior diferença entre elas está
apenas no grau de inspiração.
1. Inspiração Comum - Todo crente, além de sua natureza espiritual tem o
Espírito Santo habitando em seu interior, o que lhe permite compreender muitas coisas
de Deus, permite cantar, orar, pregar ou ensinar de maneira ungida. Afinal só a ação do
Espírito Santo em nosso espírito é o suficiente para nos fazer entendidos (Jó 32.8),
porém de acordo com o nosso grau de ligação com Ele podemos dar-lhe maior ou
menor liberdade de se manifestar por nosso intermédio. Assim sendo, concluímos, que
a inspiração comum admite níveis gradativos de desenvolvimento, mas que não é uma
forma especial de ligação divina, quando muita é apenas uma demonstração de maior
ou menor unção sobre nós.
2. Inspiração das Ideias - Muitas vezes o Espírito Santo quer se revelar mais ao
crente, atuando em sua mente; mas se ele for muito teórico, poderá não dar liberdade de
ação ao Espírito Santo, e nesse caso a inspiração não vai além de poucas ideias que
logo se desvanecem antes que consigam se manifestar pela fala, escrita ou ação.
3. Inspiração Oral ou Verbal - Essa forma de inspiração já exige um pouco
mais de familiaridade entre o crente e o Espírito Santo. A fala nada mais é que a
expressão dos pensamentos ou ideias, ou seja, é impossível separar a fala da ideia.
Nesse caso o Espírito comunica as ideias, mas cabe ao crente dar expressão a elas, em
forma de palavras, quer em profecia, línguas, interpretação, palavra da sabedoria ou
palavra de conhecimento.
Esse era o modo específico do Espírito Santo atuar sobre os profetas do Velho
Testamento, e do Novo Testamento (2Pe 1.21; Am 3.7,8) e também nos dias atuais.
4. Inspiração Gráfica - É quando a ação inspirativa do Espírito Santo nos leva,
não a expressão oral, mas sim à expressão escrita. Também era comum no VT e no NT
como aconteceu com Moisés (Ex 34.27); Jeremias (Jr 36.1,2); Daniel (Dn 12.9);
Habacuque (Hc 2.2); Paulo (1Co 14.37); João (Ap 1.11), e etc...
Não se deve confundir a inspiração mental gráfica com o fenômeno diabólico do
espiritismo, conhecido como psicografia. Na inspiração mental gráfica, há cooperação
consciente entre o escritor e o Espírito Santo (1Co 14.32), enquanto que na psicografia
há a possessão mental da pessoa e de tal maneira que é levada a um grande desgaste
físico e mental, quando não chega até mesmo a um desequilíbrio da personalidade.
5. Inspiração Motora ou Ativa - É quando a ação inspirativa do Espírito Santo
nos leva alguma ação (Gn 41.8-38; Ex 31.1-4,5; 35.34; Jz 3.10,11; 13.25; 15.14-20;
1Sm 16.13-23; At 8.4-7,39,40).

147
Desses cinco tipos de inspiração mental até agora mencionados, são os três
últimos (e em especial a inspiração oral) que mais nos chamam a atenção por três
motivos: (1) Em primeiro lugar pelo nível de familiaridade que o crente deve ter com o
Espírito Santo. (2) Em segundo lugar pela autoridade conferida àquele que fala, isto é,
o crente fala com autoridade espiritual, que o ouvinte perceberá nitidamente que é Deus
falando através do homem e não homem apenas, ele é profeta de Deus (em grego
‘προφήτης’ pro quer dizer “no lugar de” e phētēs, do verbo phemi quer dizer “falar”,
portando profeta - é aquele que fala em lugar de alguém, e esse alguém é Deus). (3) Em
terceiro lugar pela própria impressão que deixa nos ouvintes.
Todos esses cinco tipos de inspiração mental admitem desenvolvimento de
acordo com o próprio exercício da fé, mas há um outro tipo de inspiração mental que
não admite gradação, a PLENÁRIA.

6. Inspiração Plenária (a dos escritos bíblicos) não difere da inspiração mental


gráfica, quanto a sua forma externa, porém difere muito quanto ao nível, a autoridade,
ao espaço e ao tempo.
Quanto ao nível temos de esclarecer que a inspiração gráfica está sujeita ao
desenvolvimento proporcional a fé daquele que busca, podendo o escritor estar mais
inspirado hoje e menos inspirado amanhã, ou vice-versa. Com relação a inspiração
plenária dos escritores bíblicos, ela não está sujeita a desenvolvimento, pois todas as
vezes que o Espírito Santo vinha sobre os profetas, ambos entravam na mais intima e
perfeita comunhão, pois toda Escritura é divinamente inspirada (2 Tm 3.16; 2Pe 1.21).
Se a inspiração plenária estivesse sujeita a oscilações haveria na Bíblia trechos mais
inspirados e outros menos inspirados, e com isso ela perderia seu valor autoritário
como a Palavra de Deus. Muito embora, muitas vezes os escritores não entendessem o
que falavam (Jr 1.6), ou escreviam (Dn 12.4,8,9), ou faziam (Jz 13.25), mas isso não
tirava a autoridade do registro bíblico.
Quanto a autoridade vale acrescentar que a Bíblia é infalível, é o único manual
de fé, de doutrina e de prática da vida cristã; é o juiz para julgar toda e qualquer outra
forma de inspiração (1Co 14.29) e ainda hoje rege e repreende a reis, sacerdotes,
profetas, homens grandes e pequenos, portanto se ela tem tanta autoridade assim é
porque foi escrita por homens inspirados, dotados de autoridade delegada por Deus
para escreverem a sua Palavra (2Pe 1.21).
Quanto ao espaço, a Bíblia é adaptada para qualquer lugar, para qualquer nível
sócio-econômico, para qualquer cultura. A Bíblia, e portanto a inspiração plenária, vale
para qualquer comunidade eclesiástica, as outras formas de inspiração não são regra
geral para a Igreja, quando muito tem apenas aplicação local para as pessoas e para a
comunidade isolada onde foi proferida, com exceção quando o Senhor achar por bem
divulgá-la em maior âmbito.
Quanto ao tempo, ao cânon bíblico já foi encerrado e completo desde os dias
apostólicos, e ninguém pode acrescentar-lhe ou subtrair-lhe coisa alguma sob a pena de
cair na maldição de Deus (Ap 22.18,19). Apesar de ter sido escrita a tantos séculos e
numa época tão diferente dos nossos dias, a bíblia é sempre atual.
COMO O CÂNON BÍBLICO JÁ ESTÁ ENCERRADO, NÃO EXISTE MAIS
EM NOSSOS DIAS A “INSPIRAÇÃO PLENÁRIA”.

148
2.2. AUDIÇÃO

Dentre todos os meios de Deus falar com os seus servos, a forma audível talvez
seja a que mais deixa os crentes surpresos, e até mesmo assustados, ao descobrirem que
Deus fala de uma maneira clara, audível e real. Em Ex 33.11 lemos que o Senhor falava
com Moisés cara a cara, casos idênticos ocorrem com Josué (Js 5.13-15), Gideão (Jz
6.12-23), Samuel (1Sm 3.1-14), Elias (1Rs 19.12-18), Isaías (Is 6.8-13), Jeremias (Jr
1.4-10), Ezequiel (Ez 2.1,2), Habacuque (Hc 2.2), os apóstolos (Mt 17.5,6), Paulo (At
9.5), João (Ap 1.11), etc... Só a expressão “assim diz o Senhor” e outras semelhantes,
ocorrem na Bíblia aproximadamente 2.600 vezes.

A própria História da Igreja, como também a experiência cristã, tem


demonstrado que o Senhor ainda fala com os seus servos até os nossos dias porém não
se comenta muito isso por diversos motivos, entre os quais podemos mencionar três:
(1) Se alguém disser que ouviu pessoalmente a voz de Deus muitas pessoas, inclusive
muitos crentes dirão que essa pessoa se equivocou, ou está ficando fanático, ou até
mesmo será classificado de louco, pois é grande a incredulidade em meio aos crentes.
(2) Para se ouvir a voz de Deus é necessário um alto nível de obediência por parte dos
crentes (Ap 2.7,17,29; 3.6,13,22) e nem todos estão realmente dispostos a responder
como Samuel: “Fala, Senhor, porque o teu servo ouve”, ou como Isaías “Eis-me aqui,
envia-me a mim”. (3) Temos que considerar também que nem todos estão preparados
para entender as palavras de Deus como ocorreu com os companheiros de Saulo na
estrada para Damasco (At 9.7; 22.8,9), com os seguidores de Jesus no Templo em
Jerusalém (Jo 12.28-30) e muitas vezes os próprios crentes podem não discernir se é
Deus mesmo quem está falando, como ocorreu com Samuel (1Sm 3.1-10).

Basicamente a audição como forma de inspiração pode se manifestar de dois


modos:
1. Audição espiritual ou mental - É quando a voz de Deus vem lá do fundo do
nosso espírito e seguindo toda a cadeia inspirativa, termina por atuar em nosso intelecto
sem que haja de fato uma expressão audível da voz de Deus (Rm 8.16; Jó 4.13-16).
2. Audição Física ou Real - É mais difícil de ocorrer, mas é a forma mais
impressionante. É quando a voz de Deus vem de maneira mansa e delicada (1Rs
19.12), porém autoritária, e ressoa fisicamente atingindo os nossos ouvidos como
ocorreu no Batismo de Jesus (Mt 3.17; Lc 3.22), no Monte da Transfiguração (Mt
17.5), no Templo em Jerusalém (Jo 12.28-30) ou com Saulo na estrada para Damasco
(At 9.3-7).

149
2.3. VISÃO

Outra forma bíblica de Deus se revelar ao homem é por meio de Visões. Esse
método de inspiração é tão antigo e difundido que os primeiros profetas eram
chamados de videntes (1Sm 9.9). As visões muitas vezes estão associadas ao êxtase,
não porque o vidente fique fora de si, mas sim porque normalmente fica extático,
parado, adormecido. Por essa mesma razão, muitas vezes as visões estão associadas aos
sonhos (Nm 24.4,16; At 22.17,18).

As visões podem vir de três formas diferentes:


1. SONHO - Todos nós sonhamos. Quando dormimos passamos por quatro
fases de sono, com duração aproximada de 20 minutos cada uma: na 1ª) Fase: sono
leve inicial, quando ainda não nos desligamos totalmente do mundo que nos rodeia; 2ª)
Fase: sono profundo parcial, quando já nos desligamos do mundo ao redor, porém o
nosso intelecto ainda não se desliga e está com atividade mental; 3ª) Fase: sono
profundo total quando até o nosso intelecto se relaxa permanecendo apenas as
atividades inconscientes e indispensáveis para a vida; 4ª) Fase: sono leve final, também
chamado de fase do sonho, porque é nesta fase que de fato sonhamos. Identificamos
essa fase em quem está dormindo principalmente nas crianças, porque o globo ocular
fica em constante movimento debaixo das pálpebras fechadas. Portanto um ciclo
completo de sono tem duração média de uma hora e vinte minutos e nós só sonhamos
nos últimos 20 minutos de cada ciclo e depois iniciamos um novo ciclo de sono. Numa
noite de 5 horas e vinte minutos de sono, que é o limite mínimo de sono que o
organismo de homem adulto necessita por dia, sonhamos pelo menos quatro vezes. Se
dormirmos seis horas e quarenta minutos sonharemos cinco vezes e assim
sucessivamente. Porém em geral, só nos lembramos do último sonho da manhã.
Quando lembramos.
O sonho é uma forma de atividade mental, onde se combinam diferentes aspectos
do intelecto, como: memória, imaginação e raciocínio (portanto os animais também
sonham, pois seu intelecto tem esses três aspectos); juntando-se a esses aspectos do
intelecto vem informações desordenadas do subconsciente, de tal forma que os nossos
sonhos não seguem uma ordem lógica e saem muitas vezes, ou geralmente, do total
controle de quem sonha. Tudo vem à mente de modo muito subjetivo, como as peças
de um quebra-cabeças onde as partes nem sempre se juntam perfeitamente, pois são
passíveis de impressões, ajustes e interpretações particulares de acordo com as
experiências diárias (próximas ou distantes), daquele que sonha.
Além, da memória, imaginação, raciocínio e subconsciente, pode o indivíduo em
estado de semiconsciência, característica no momento do sono, penetrar em outras
áreas de atividades mentais, como: meditação, entendimento e sabedoria, e assim se
ligar com o Espírito Santo através de seu espírito, ou o próprio Espírito Santo, atuando
em seu espírito, poderá conduzi-lo a esses outros estados de atividades mentais. Em
qualquer um dos dois casos o sonhador passa a ter sonhos espirituais ou visões
noturnas.
Porque o Espírito Santo usa o sonho como uma forma dEle se revelar ao
homem? Considerando-se que é necessário atuar na mente do homem afim de que sua

150
mensagem seja entendida pelo próprio homem e considerando-se ainda que é o
intelecto um dos principais bloqueadores da inspiração divina, pois o homem
plenamente consciente mantém controle de si mesmo; ao dormirmos não temos mais o
pleno controle de nosso intelecto e portanto não conseguimos nos dominar, e ao mesmo
tempo não estamos totalmente inconscientes e portanto podemos receber algo em nosso
intelecto. Justamente por estarmos em estado de semiconsciência e também porque os
sonhos estão intimamente associados às nossas experiências espirituais, os sonhos
espirituais aparecem em forma de figuras e símbolos e sem uma forma ordenada,
havendo necessidade de que os mesmos sejam interpretados a fim de sua mensagem se
aclarar.
Desde os dias mais antigos, os profetas recebiam as suas mensagens por meio de
sonhos (1Sm 9.9; Jr 23.28) e Deus se revela assim para pessoas crentes (Gn 46.2; Jó
7.14; 20.8; 33.14,15) e até para descrentes (Gn 40.8-13; 41.25-32; Dn 2.28). Quando a
pessoa não entende o sonho, recorre à interpretação (Dn 2.3,4,16,19). Vale acrescentar
que a interpretação do nosso sonho também vem de maneira inspirada pelo dom da
Palavra da Sabedoria (Dn 1.17; 1Co 12.8) e não por meio de regras fixas como fazem
os “interpretadores profissionais” que andam por aí. Contudo devemos observar que
assim como uma língua estranha falada por um servo de Deus, pode ser entendida por
alguém que conhece, do mesmo modo o sonho pode ser interpretado por regras gerais
de interpretação bíblica, conhecendo-se a linguagem figurada e os símbolos da bíblia;
mas assim como as línguas são em geral desconhecidas e interpretadas somente pela fé,
do mesmo modo os sonhos em geral não são inteligíveis, sendo interpretados somente
pela fé.

2. VISÃO ESPIRITUAL OU MENTAL - É quando a inspiração divina


começa lá no fundo do nosso espírito e seguindo toda a cadeia inspirativa termina por
atuar em nosso intelecto, sem que haja de fato uma expressão virtual em nossa frente,
ou seja, as imagens são apenas mentais.
As visões mentais ocorrem do mesmo modo que os sonhos, como eles devem ser
interpretadas (At 10.11-16). Aqui todavia a visão de Pedro foi uma visão aberta.

3. VISÃO FÍSICA OU REAL (ABERTA) - É quando de fato uma


materialização, ou pelo menos uma manifestação física e real em nossa frente, de tal
maneira que o fato seja percebido visualmente. Muitos profetas viram a Deus com seus
próprios olhos, embora obviamente não em toda a sua Glória, como Moisés (Ex 33.18-
23), Isaías (Is 6.1-9), Ezequiel (Ex 1.26-28); os apóstolos viram Cristo transfigurado
ladeado por Moisés e Elias (MT 17.1-8), Estevão e João viram Cristo glorificado (At
7.55,56; Ap 1.12,13). As Visões eram comuns nos dias apostólicos (Lc 24.23; At 12.7-
9) e também são comuns hoje.

2.4. INTUIÇÃO

A Inspiração é outra forma do Espírito de Deus falar ao homem. O espírito


humano pela sua própria natureza já tem sensibilidade para captar induções que
venham de Deus. Obviamente essa sensibilidade espiritual, assim como as demais

151
formas de inspiração até agora estudadas, estão sujeitas a desenvolvimento em função
da Fé.
A intuição é uma forma de conhecimento empírico e espiritual, não adquirido
pelas atividades analíticas do intelecto, e também independente das sensações da alma
e de influências externas. A intuição é resultante da ação do Espírito Santo sobre a
sensibilidade espiritual do homem que segundo a cadeia inspirativa irá atuar sobre a
alma, em especial sobre os seus atributos personalísticos, que são: os instintos, os
sentimentos, os sentidos e até mesmo sobre o intelecto. A definição segundo o
dicionário do MEC é a seguinte: “é a percepção clara, direta e imediata, de verdades
sem a necessidade da intervenção do raciocínio”.

Devido ao modo como a inspiração intuitiva se manifesta, podemos classificá-la


de quatro modos diferentes: Convicção Interior (se manifesta no intelecto),
Pressentimento (se manifesta nos sentidos), Comoção (se manifesta nos Sentimentos),
Êxtase (nos Instintos).

1. CONVICÇÃO INTERIOR - É uma forma de discernimento mental com


forte atuação emocional.
Se é discernimento mental então atua sobre o intelecto, mas não de modo
racional ou analítico, mas sim empiricamente, dando ao servo de Deus plena convicção
sobre alguma coisa que ele não saberia por outros meios. Ao mesmo tempo ele é
tomado por uma forte ação emocional que o impulsiona a fazer algo que faltaria
iniciativa para fazer em condições normais (Mc 2.8; At 20.22).

2. PRESSENTIMENTOS - Ao contrário da convicção, o pressentimento não


atua no intelecto e sim sobre os sentimentos, mas do mesmo modo como a convicção
interior, tem forte atuação emocional.
O pressentimento atua principalmente sobre os sentimentos, em especial sobre o
tato e o olfato. Atuando sobre o tato faz com que o servo de Deus sinta sensações
físicas de calor, frio, pressão, dor, etc... Atuando sobre o olfato faz com que ele sinta
cheiro de perfume ou cheiro ruim. Ao mesmo tempo o servo de Deus é tomado de uma
forte ação emocional que poderá impulsioná-lo a fazer algo que lhe faltaria iniciativa
para fazer em condições normais, ou pelo menos o coloca em estado de desconforto e
alerta (2Co 2.15,16.12.7-9).

3. COMOÇÃO - Ao contrário da convicção interior e do pressentimento, a


COMOÇÃO não atua sobre o intelecto nem sobre os sentidos, mas do mesmo modo
como eles, atua sobre o sentimentos, porém de uma forma mais marcante que nos dois
tipos anteriores de intuição podendo a pessoa também ser levada à ação (2Co 4.13).
De todos os meios diferentes de Deus falar com o homem , talvez o mais comum
seja justamente a intuição, e em especial a comoção, porém tal método apresenta duas
desvantagens: 1ª) Como ele atua sobre os sentimentos, é facilmente confundido com os
próprios atributos naturais da alma e por isso raramente a pessoa não experimenta nesse
tipo de inspiração, compreender quando é que Deus está falando com ela. 2ª) Como as
pessoas têm personalidades diferentes, sendo um mais emotivo que o outro, em

152
especial as mulheres, enquanto que os homens já são mais retraídos nos seus próprios
sentimentos então é de se esperar que uns inibam esse tipo de inspiração enquanto que
outros exagerem, dando vazão aos sentimentos da carne e achando que estão sendo
usados por Deus. Vale acrescentar aqui que o estado do espírito pode atuar de tal modo
sobre a personalidade (que é basicamente atribuição da alma) que a Bíblia pode se
referir a indivíduos dando-lhes no seu todo atributos que são do Espírito.
Concluindo podemos dizer que a comoção é uma alteração sentimental podendo
até mesmo chegar a perturbação e algumas vezes ao desequilíbrio, com claras
manifestações físicas, principalmente: alegria imensa (Lc 1.47), tristeza profunda (Sl
34.18), insatisfação (At 17.16; Mc 8.12), dor (Mt 14.14; Lc 10.33;15.20), medo (Jo
12.27), perturbação (Jo 11.33;13.21; At 16.16-18; 2Co 2.13), quebrantamento (Sl
51.17), perplexidade (At 10.7).

4. ÊXTASE - EKSTASIS – ekstasis (ἔκστασις). Significa “fora de estado”, no


sentido de estar fora do raciocínio normal, fora dos sentidos e também imobilizado;
posteriormente tal palavra passou a designar pessoas aterrorizadas e loucas (Mc
5.42;16.8; Lc 5.26; At 3.10).
Em êxtase a pessoa está fora do seu perfeito controle mental, mas isso não
significa que ele está completamente fora do seu juízo, se isso acontecesse, os profetas
bíblicos não teriam condições de transmitir suas mensagens entrando em contradição
com 1Co 14.32, onde vemos que o espírito do profeta está sujeito ao próprio profeta,
além disso a Bíblia costuma associar o estado de êxtase às visões (At 10.10;11.5;
22.17); Nm 24.4,16). O significado bíblico de tal palavra é que em êxtase a pessoa está
semiconsciente mentalmente, passivo na presença de Deus, parado extático, sem
responder as suas reações instintivas, ou seja, o êxtase atua sobre os instinto inibindo-
os completamente e tirando ao homem todo o impulso para fazer qualquer coisa.
Êxtase é o estado que ficam as pessoas diante de algum ato milagroso de Deus,
como aconteceu com Pedro em Jope (At 10.10;11.5), com Paulo em Jerusalém (At
22.17) e com Balão no VT (Nm 24.4,16).

2.5. DIVERSIDADE DE ARREBATAMENTOS

De todas as formas de Deus falar, inegavelmente é o arrebatamento a forma mais


elevada, isto por dois motivos: 1) Pela própria experiência espiritual que isso significa,
pois é surpreendente ser conduzido de um lugar para outro; 2) Porque no arrebatamento
juntam-se todas ou quase todas as demais formas de inspiração possíveis.
Há basicamente quatro formas de arrebatamentos descritos na Bíblia:
1º) O Repouso no Espírito (Cair no Espírito).
É quando a pessoa não suportando a Manifestação do Poder de Deus, cai no
chão, todavia continua plenamente consciente (At 9.1-7; 26.13; Jo 18.4-6; Ez 1.28;
43.3; Dn 10.8,17). “Cair no espírito” se refere a uma ação indireta do Espírito Santo na
vida do homem levando este a cair no chão passando por um momento de transe ou
não. Daniel teve uma visão de Deus (10.5,6), caiu com o rosto em terra profundamente
adormecido (v. 9) e, antes que as revelações fossem feitas, ele é colocado de pé (v. 11).
A visão de Daniel foi tão tremenda que o seu corpo não resistiu. Por isto, ele desfalece.

153
Observa-se aqui que não foi por uma ação direta do Espírito Santo que Daniel
“desmaiou”. O seu corpo (físico) é que estava com dificuldades para conceber uma
presença tão poderosa do Poder de Deus: “E não ficou força em mim; desfigurou-se a
feição do meu rosto, e não retive força alguma” (Dn 10.8). “Nas Sagradas Escrituras, o
cair no Espírito não chega a ser um fenômeno; é mais uma reação reverente diante do
sobrenatural. Registra-se apenas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, 11
casos de pessoas que caíram prostradas, com o rosto em terra, em sinal de adoração a
Deus. E tais casos não se constituem num histórico; são episódicos isolados. Não têm
foro de doutrina, nem argumentos para se alicerçar um costume, nem para se
reivindicar uma liturgia; não podem sacramentar alguma prática”.82

Em que circunstâncias deram-se os diversos casos de cair por terra nos relatos
bíblicos:
1. A força de uma visão nitidamente celestial.

As visões, na Bíblia, tinham uma força impressionante. Agitavam, enfraqueciam


e até deitavam por terra homens santos de Deus. Que o diga Daniel. Já encerrando o
seu livro, o profeta registra esta formidável experiência: “Fiquei, pois, eu só e vi esta
grande visão, e não ficou força em mim; e transmudou-se em mim a minha formosura
em desmaio, e não retive força alguma. Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e
ouvindo a voz das suas palavras, eu caí com o meu rosto em terra, profundamente
adormecido” (Dn 10.8,9). Em sua primeira visão, Ezequiel também se assusta com o
que vê. Ele se apavora: “Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e,
vendo isso, caí sobre o meu rosto” (Ez 1.28). Sem liturgia, ou intervenção humana, o
profeta prostra-se todo. E quem não haveria de se prosternar? Mesmo o mais forte dos
homens, não se agüentaria diante de tamanho poder e glória. Recurvar-se-ia; lançar-se-
ia com o rosto em terra. Mais tarde, encontraremos Ezequiel noutro caso de prostração:
“E levantei-me e saí ao vale, e eis que a glória do Senhor estava ali, como a glória que
vira junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto” (Ez 3.23). Quem não cairia ante as
singularidades da glória de Deus? Quem a resistiria? Já no final de seus arcanos,
Ezequiel vê-se constrangido a comportar-se de igual maneira: “E o aspecto da visão
que vi era como o da visão que eu tinha visto quando vim destruir a cidade; e eram as
visões como a que vira junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto” (Ez 43.3).
Nesses casos, as visões divinas foram tão fortes que levaram tanto Ezequiel como
Daniel a caírem por terra. Noutras ocasiões, porém, a ocorrência de visões, igualmente
poderosas, não provocou alguma prostração. Haja vista o caso de Isaías. Embora se
mostrasse aterrorizado e compungido com a visão do trono divino, não se menciona ter
o profeta caído por terra. Isto significa que as experiências, embora semelhantes,
possuem suas particularidades e idiossincrasias. Isto é: cada experiência, ou encontro
com Deus, é única. Seria tolice pretender repeti-las para que a sua repetição adquirisse
foros de doutrina.

2. O impacto de um encontro com Deus.

82
MARTINEZ, J. F. O Cair no Espírito. http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-
BR&article=934&menu=7&submenu.

154
Além das visões, certos encontros com Deus, tanto no Antigo como no Novo
Testamento, levaram à prostração. Mencione-se, por exemplo, o que aconteceu a Saulo
no caminho de Damasco. O encontro com Jesus foi tão formidável, que forçou o
implacável perseguidor a cair por terra, e a reconhecer a autoridade e a soberania do
Filho de Deus: “E caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que
me persegues?” (At 9.4). Como nos casos anteriores, nada havia sido programado.
Saulo foi levado a recurvar-se em virtude da sublimidade do Senhor Jesus. Noutras
ocasiões, porém, os encontros com Deus deram-se de maneira suave. A entrevista de
Natanael com Jesus é um exemplo bastante típico dessa suavidade tão santa. O que
também dizer do encontro de Gideão com o anjo do Senhor? Ou do encontro de
Jeremias com Jeová? Este encontro veio na medida certa; veio de acordo com o caráter
suave e melancólico do profeta. Mas tivesse Jeremias o temperamento colérico de
Paulo, certamente o Senhor teria agido com impacto para que o vaso fosse quebrado e
moldado conforme a sua vontade. Como se vê, as experiências variam de acordo com
as circunstâncias e a personalidade das pessoas envolvidas no plano de Deus.

3. Diante da autoridade de Cristo.

A autoridade do nome de Cristo é mais que suficiente para fazer com que todos
os joelhos dobrem-se diante de si. Aliás, chegará o momento em que todos os seres,
quer nos céus, quer na terra, quer sob a terra, hão de se curvar diante da infinita
grandeza do nome do Senhor Jesus: “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e
lhe deu um nome que é sobre todo o nome para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que
Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.9,10).
Na noite de sua paixão, o Senhor demonstrou quão grande era a sua autoridade:
“Quando, pois, (Jesus) lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra” (Jo 18.6). Ao
contrário dos casos anteriores, nessa passagem quem cai por terra são os ímpios.
Recurvam-se estes não em sinal de reverência a Deus, mas em razão da autoridade e
soberania irresistíveis de Cristo. Caso semelhante ocorreu com Ananias e Safira.
Ambos caíram por terra em decorrência de sua iniqüidade: “Disse então Pedro:
Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e
retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não
estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos
homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras caiu e expirou. E um grande
temor veio sobre todos os que isto ouviram” (At 5.3-5). Casos como esses não são
raros. Em nossos dias, muitos são os ímpios que, por se levantarem contra os
escolhidos do Senhor, caem por terra e, às vezes, fulminados. Noutras ocasiões, porém,
o Senhor revelou-se de maneira tão suave, que se faz homem diante dos homens. Que
encontro mais doce do que aquele que se deu junto ao poço de Jacó? O Senhor revela-
se de maneira surpreendentemente afável à mulher samaritana. E a experiência de
Nicodemos? Ou a de Zaqueu?
Daquilo que até agora vimos acerca do “cair no Espírito” podemos tirar as
seguintes conclusões, tendo sempre como base as Sagradas Escrituras:
155
1. Não se pode realçar a experiência, nem guindá-la a uma posição superior à
da Palavra de Deus. A experiência é importante, mas varia de pessoa para pessoa;
cada experiência é uma experiência; tem suas particularidades. A experiência tem de
estar submissa à doutrina, e não há de modificar, por mais extraordinária que seja,
nenhum artigo de fé.
2. O cair por terra não pode ser visto nem como evidência da plenitude do
Espírito Santo, nem como sinal de uma vida consagrada. A evidência do batismo no
Espírito Santo são as línguas estranhas; e a vida consagrada tem como característica o
fruto do Espírito. O cair por terra pode ser admitido, no máximo, como reação
esporádica de alguma visitação dos céus. Se provocado, ou repetido, deixa de ser
reação para tornar-se liturgia.
3. Caso ocorra alguma prostração, deve-se fazer as seguintes perguntas: 1)
Qual a sua procedência? 2) Teve como objetivo promover o homem ou glorificar a
Deus? 3) Foi usada para catalisar a atenção dos presentes? 4) Foi provocada por
sopros, toques ou por algum objeto lançado no auditório? 5) Houve sugestão
coletiva? 6) Prejudicou a boa ordem e a decência da igreja? 7) Conta com o respaldo
bíblico suficiente? 8) Tornou-se o centro do culto?
4. Devemos estar sempre atentos, pois o adversário também opera sinais
espetaculares com o objetivo de enganar os escolhidos: “Surgirão falsos cristos e
falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora,
enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24).
5. Nos diversos exemplos de prostração que fomos buscar na Bíblia,
observamos o seguinte: Os personagens que se prostraram, ou foram prostrados, em
virtude de alguma experiência sobrenatural, caíram em reação ao poder de Deus. Não
era algo programado, nem ministro algum induzira-os a cair. Ou seja: ninguém
precisou soprar neles ou neles tocar para que caíssem. Tais modismos têm levado a
irreverência e a bizarria ao seio do povo de Deus. Há alguns que se tornaram tão
ousados que jogam até os seus paletós a fim de provocar prostrações coletivas. Isto é
um absurdo! É antibíblico!
6. Os casos de prostração narrados na Bíblia deram-se em virtude da
reverência e temor que os já citados personagens sentiram ao presenciar a glória
divina. No Novo Testamento, o termo usado para prostração é prosekynēsan
(προσεκύνησαν) que, no original, significa: cair por terra em sinal de devoção. Em
Apocalipse 5.14, a expressão grega aparece para mostrar os anciãos prostrados aos
pés do Cristo glorificado.
7. Voltemos à questão. Pode acontecer prostração numa reunião evangélica?
Pode! Mas não tem de acontecer necessariamente; pode, mas não precisa acontecer,
nem ser provocada. Caso aconteça, deve ser encarada como reação e não como fato
doutrinário. John e Charles Wesley, por exemplo, experimentaram um poderoso
avivamento, mas jamais elevaram suas experiências à categoria de doutrina. As
heresias nascem quando se supervaloriza a experiência em detrimento da doutrina.
Não podemos nos esquecer de que algumas das mais notáveis heresias deste século,
como a Igreja Só Jesus, nasceu em pleno período de avivamento.
156
8. De uma certa forma, todo avivamento provoca extremismos. Cabe-nos,
porém, buscar o equilíbrio tão necessário à Igreja de Cristo. Era o que ocorria em
Corinto. Não resta dúvida de que os irmãos daquela comunidade cristã haviam
recebido uma forte visitação dos céus. Todavia, tiveram de ser doutrinados e
disciplinados. A esses irmãos, escreveu Paulo: “E os espíritos dos profetas estão
sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em
todas as igrejas dos santos” (1Co 14.32,33).
Finalmente, jamais devemos abandonar a Bíblia. Ênfases, como o cair no
Espírito, hão de surgir sempre. Não devemos nos impressionar com elas; tratemo-las
com o devido equilíbrio. Pois o equilíbrio bíblico e teológico há de manter a igreja de
Cristo em permanente avivamento. E o verdadeiro avivamento não extingue o
Espírito, mas sabe como evitar os excessos.

2º) O dormir no Espírito - É quando a pessoa não suportando o Poder de Deus,


cai no chão e adormece (Dn 10.9; 8.18; Gn 2.21; 1Sm 26.12; Ap 1.17).
Tanto no Repouso como no dormir no espírito as pessoas podem ter visões,
revelações, êxtase, e nos dias atuais através destas manifestações, Deus tem dado uma
nova unção, dons espirituais, cura interior, etc. Às vezes acontece apenas um
REFRIGÉRIO. (At 3.19; 1Co 16.18; Sl 23.3).

3º) O Arrebatamento em Espírito (Ap 1.10; 2Co 12.2-4; Ez 8.3). - Nesse caso
o espírito humano é retirado de dentro do corpo e é levado para locais distantes da
própria habitação da pessoa arrebatada, como foi o caso de Ezequiel que foi arrebatado
na Babilônia e levado a Jerusalém (Ez 8.3), e muitas vezes a pessoa é levada até
mesmo ao céu como aconteceu a Paulo e João. Em Apocalipse veremos que ora João
estava na terra ora estava no céu.

4º) Arrebatamento Físico - Algumas vezes a pessoa é arrebatada não apenas


em espírito, mas sim em espírito, em alma e corpo, podendo ser transladada de um
lugar para outro como Filipe (At 8.39 - 38km); como Enoque e Elias (Gn 5.24; Hb
11.5; 2Rs 2.11). Evidente que estes tiveram seus corpos transformados por antecipação
(1Co 15.50), pois não poderiam entrar em no céu em seus corpos psiquikos (almáticos).

REVELAÇÃO E CONHECIMENTO

A inspiração mental, a audição, a visão, a intuição e o arrebatamento não são


dons espirituais, e sim diferentes canais de inspiração através dos quais os dons são
recebidos.
Independente do canal pelo qual se recebe o dom espiritual, quanto a sua origem
o dom pode vir por revelação ou por conhecimento (1Co 14.6).
1. Revelação - Em grego apocalypsys (ἀποκάλυψις) que quer dizer “tirar o
véu”, ou mostrar algo que antes estava encoberto ou escondido. A revelação não é um
dom espiritual como muitas pessoas creem, mas é simplesmente o fato de Deus mostrar
algo que jamais seria conhecido por outro meio (Dn 2.19,20,22; Ap 1.1,2). A revelação

157
pode ser dada por qualquer um dos canais inspirativos já mencionados: Inspiração
Mental (At 1.19), Audição (Ap 1.10), visão (Ap 1.19), intuição (At 10.10-16,28), e
arrebatamento (Ap 1.10).
Devido ao fato de ser o dom de profecia aquele que mais depende da revelação
divina, é que o apóstolo Paulo escreve em 1Co 14.6. “... de que vos aproveitarei; se vos
não falar por meio de revelação ou de profecia,...”.
2. Conhecimento ou Ciência - É uma outra forma de recebimento dos dons
espirituais. Nesse caso o conhecimento dos fatos não vem por revelação e sim poderá
ser adquirido por meio de pesquisa inspirada como Lucas (Lc 1.1-4) ou pelo
conhecimento da Palavra de Deus (Jo 14.26). O Espírito Santo dirige a pessoa na
aquisição do conhecimento adquirido, inspirando tal pessoa através dos diferentes
canais inspirativos já estudados principalmente a inspiração mental (Lc 1.1-4) e a
intuição (em especial a convicção interior - João 14.26). O conhecimento serve de base
principalmente para os chamados dons de Revelação ou Saber, ou seja: “A Palavra de
Conhecimento, a Palavra de Sabedoria e discernimento de espíritos” (1Co 12.8,10; Lc
21.14,15; 1 Jo 4.1-3).
Devido ao fato dos chamados dons de Revelação se apoiarem no conhecimento
doutrinário da Bíblia é que o apóstolo Paulo escreveu em 1Co 14.6. “... de que vos
aproveitarei; se vos não falar ou por meio... de ciência ou de doutrina?”

BUSCANDO INSPIRAÇÃO E OS DONS ESPIRITUAIS (1Co 14.1,12)


As revelações e o conhecimento de Deus são progressivos de acordo com o
nosso próprio desenvolvimento espiritual (Is 28.10). A própria experiência cristã nos
ensina que os diferentes canais inspirativos não são fixos, mas nós nos apropriamos
deles e os desenvolvemos à medida que crescemos no conhecimento e aplicação dos
mesmos, passando por sucessivas experiências espirituais. Em outras palavras, a
inspiração é progressiva e existem algumas coisas que podemos observar a fim de
sermos um vaso nas mãos de Deus, tais como: buscar a presença de Deus, adquirir e
desenvolver a sensibilidade espiritual e vencer os fatores bloqueadores.

BUSCAR A PRESENÇA DE DEUS, A INSPIRAÇÃO E OS DONS


ESPIRITUAIS
A primeira condição para alguém estar mais em comunhão com Deus, receber
mais inspiração e ser mais usado por Ele, é buscar a presença de Deus. Assim como um
Atleta, para participar de uma competição precisa se esforçar em seu treinos a fim de
ficar melhor preparado, do mesmo modo o atleta cristão deve buscar mais a presença
de Deus como:
1. Leitura e Meditação na Palavra de Deus - Através disso, nossa Fé é estimulada
(Rm 10.17), passamos a ter mais conhecimento da vontade divina (Ef 5.17) e estaremos
melhor preparados para a hora em que o Espírito Santo quiser nos usar (Jo 14.26).
2. Oração e Jejum - É o mais eficiente modo de recebermos a mensagem divina.
Orar quer dizer conversar. Quando oramos, falamos a Deus da nossa vontade de sermos
usados por Ele e lhe damos liberdade de fazer conosco a sua vontade assim na terra
como no céu (Mt 6.10). Durante a oração há momentos que devemos permanecer em
silêncio, a fim de permitirmos que Deus fale conosco. Nesses momentos é que

158
percebemos que o Senhor nos revela coisas grandes e ocultas que não sabemos (Jr
33.3).
Jesus falando aos seus discípulos mostrou a importância da oração e da
insistência a fim de recebermos o que buscamos (Lc 11.9-13). Paulo exorta aqueles que
falam línguas que orem a fim de interpretá-las (1Co 14.13).
Embora não haja recomendações bíblicas específicas com respeito a
obrigatoriedade do jejum, inegavelmente ele é um complemento da oração e é uma
forma de buscarmos poder (Mt 17.20,21).
Além da oração no nosso vernáculo, há ainda a oração em outras línguas que nos
leva a uma profundidade bem maior, pois quando oramos em línguas é o nosso espírito
humano via Espírito Santo que está orando, Paulo afirma que quando oramos em
línguas é o nosso espírito que é edificado (1Co 14.2-4,14,15; Jd 20). Centenas de
pastores da atualidade afirmam que o segredo dos seus ministérios é a oração em
línguas.
3. Santificação - Em grego é hierós (ἱερός) e em hebraico é kadoshe (‫ )קדַּ ְשׁ‬e quer
dizer “separação”. Esse é um dos aspectos da salvação e consiste na separação do
crente das coisas do mundo (2Co 6.14-7; Sl 1) e separação para Deus (1Pe 1.15-17;
2Co 3.18; Hb 9.14). A santificação vem em decorrência da própria leitura e meditação
da Palavra (Jo 17.17; 15.3.; Ef 5.26; Sl 119.9) e também da oração (1Tm 4.5; Sl 32.6).
A santificação por si só nos faz idôneos e preparados para toda boa obra (2 Tm 2.21; Js
3.5).

SENSIBILIDADE ESPIRITUAL

O atleta para participar de uma competição, além de ter que treinar, precisa
também ir progressivamente participando de competições de importâncias gradativas, a
fim de se preparar psicologicamente para competições maiores. Do mesmo modo o
atleta cristão precisa ir adquirindo sensibilidade espiritual (Hb 3.7,8).

A sensibilidade espiritual se desenvolve por dois processos:


1. Conhecimento dos diferentes canais inspirativos.
2. Pela prontidão de vontade - Estando sempre disposto a se submeter e a
obedecer a voz de Deus, quando ela chegar em nosso Espírito, por mais imperceptível
que seja. Quanto mais obedecermos de imediato a voz de Deus, a voz do Espírito em
nosso espírito (Rm 8.16), mais sensibilidade e habilidade vamos adquirir para
percebermos que o Senhor fala conosco (Is 28.10,11; 1Ts 5.19-21).

159
Vencendo os Fatores Bloqueadores

A inspiração e a utilização dos dons espirituais são progressivos. Deus quer que
as busquemos e que adquiramos sensibilidade espiritual, porém devemos compreender
que há fatores bloqueadores que precisam ser vencidos tais como: incredulidade,
intelecto e medo;
1. Incredulidade é vencida pelo exercício da fé. A incredulidade pode impedir a
salvação (Hb 3.7,8), impediu até mesmo a operação de milagres por parte de Jesus
Cristo (Mc 6.2-6), pode quebrar a cadeia inspirativa e impedir as manifestações dos
dons espirituais.
Por outro lado somos salvos pela fé (Ef 2.8), recebemos o batismo no Espírito
Santo pela fé (Gl 3.2,5), exercemos os dons espirituais pela fé. O dom da Fé é
progressivo. A Fé é progressiva e deve ser desenvolvida (2Ts 1.3; Jd 20), sendo a
Palavra de Deus o maior fator para desenvolvimento da Fé (Rm 10.17).
O Espírito Santo está Sempre pronto a falar conosco, então devemos aceitar pela
fé, aquele pensamento que nos vem à mente, aquela voz quase inaudível que nos chega
aos ouvidos, aquela visão rápida que atinge os nossos olhos, e também aquela sensação
inexplicável que nos agita por dentro. Uma vez que aceitemos tudo isso pela fé, uma
certeza nascerá em nosso interior e pela fé falaremos ou faremos esse algo que como
um impulso nos chega.
Se quisermos ser realmente usados por Deus, não devemos duvidar do impulso
que nos vem, ainda que as pessoas ao nosso redor procurem abafar a VOZ do Espírito
Santo em nosso espírito (1Co 14.39; Hb 11.1,2,33,34).
2. O intelecto humano é vencido pela mente de Cristo - o raciocínio humano ao
procurar julgar tudo, mostra-se ineficiente quando se pretende julgar as coisas
espirituais, pois gera dúvidas que podem inibir a inspiração (2Co 10.5).
Inegavelmente não perdemos a consciência quando somos usados por Deus (1Co
14.32) e devemos de fato julgar tudo (1Ts 5.19-21), mas devemos cuidar acima disso
em termos uma mente pura (Fp 4.7,8) e saturada pelo Espírito Santo a fim de estarmos
em sintonia com a mente de Cristo (1Co 2.12-16). Tendo a nossa mente sempre voltada
para as coisas espirituais, não duvidaremos em falar ou fazer algo que nos vem de
impulso, pois teremos a plena certeza que tal impulso nos vem de Deus, mesmo que o
nosso intelecto fique infrutífero (1Co 14.14), pois não compreendemos com clareza o
que está acontecendo e nem porque falamos ou fizemos algo, porém isso não deve nos
preocupar, se considerarmos que os profetas bíblicos nem sempre entendiam a
mensagem que recebiam (Dn 12.8).
3. O Medo e o desinteresse são vencidos pela autoridade espiritual. Um dos
piores, senão o pior de todos os fatores bloqueadores é o medo, ou seja o medo de
crítica, o medo de estar agindo pela carne, o medo de influências demoníacas, o medo
da própria inexperiência, o medo do desconhecido, o medo de ter medo, etc... O medo
pode fazer com que o crente enterre o talento que tanto buscou e recebeu do Senhor
(Mt 25.24-30) ou pelo menos que se desinteresse por ele e o negligencie (1Tm 4.14).
Aqueles que assim pensam e conseqüentemente tem medo de utilizar os dons
espirituais, deveriam temer mais ainda o fato de não os utilizar. Deveriam se lembrar
que quem busca recebe (Lc 11.9-13) e uma vez que Deus deu algum dom, Ele não o

160
retira (Rm 11.29). A quem muito é dado, muito será cobrado (Lc 12.47,48) e aquele
que não exercita o dom torna-se culpado diante de Deus (Mt 25.24-30; Ez 3.18). O
próprio apóstolo Paulo e profeta Samuel compreendiam isso e sabiam que eram
responsáveis se não desempenhassem a contento os seu ministérios (1Co 9.16; 1Sm
12.23).
Antes que alguém sinta medo agora pelo tamanho da responsabilidade, e não
queira mais pedir dom algum, deve se lembrar que a salvação é dada a qualquer um
pela Graça e independente dos dons espirituais (Ef 2.8; Mt 25.20-23), deve se lembrar
ainda que os dons são dados segundo a capacidade de cada um, portando Deus não dará
dom algum a alguém que não possa exercê-lo (Mt 25.15) e por fim deve lembrar que os
galardões serão dados segundo ao modo como os dons foram recebidos (Lc 19.16-19).
Mas o mais importante é saber que quando o crente recebe algum dom do
Senhor, recebe juntamente com ele a autoridade espiritual para exercê-lo
condignamente em nome daquele para quem tudo é possível (Lc 9.16; Lc 10.1-20; Mc
16.15.17-20).

TEMOS LIMITAÇÕES FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E ESPIRITUAIS


QUE NOS IMPEDEM DE MAIORES REVELAÇÕES DE DEUS
Já vimos que o Espírito Santo habita, pela fé, continuamente dentro do crente (Ez
36.27; Jo 14.17; Rm 8.9; 1Co 6.17,19; 2Co 6.16) uma vez lá dentro Ele está sempre
pronto a falar conosco (Rm 8.16), porém o nosso espírito tem que ser liberado do poder
da alma a fim de termos maiores revelações de Deus (Lc 1.80).
Se não temos maiores revelações de Deus não é porque o Espírito Santo esteja
limitado no seu modo de operar em nós, mas sim porque nós mesmos somos limitados.
Todavia podemos desenvolver a nossa sensibilidade espiritual, mas ainda assim
enfrentaremos três limitadores cruciais em nosso relacionamento com Deus:
1. A própria fragilidade do nosso corpo físico (limitações físicas - Jesus nos diz
que o espírito está sempre pronto, mas a carne é fraca (Mt 26.41; Mc 14.38). Muitos
homens de Deus que foram grandes vasos, tanto nas páginas bíblicas como na História
da Igreja, e que atingiram uma rara estirpe de fé espiritual, quando começaram a ter
maiores revelações de Deus, sentiram de imediato as limitações de seus próprios
corpos. Alguns deles desmaiaram e outros acharam que iam morrer (Ex 3.6; Jz 6.22,23;
13.20,21; Is 6.5; Ez 1.26; Dn 10.8,9; At 9.3,4; Ap 1.17). Vejamos alguns homens da
História da Igreja, cujos testemunhos precisariam de longas páginas para serem escritas
e que igualmente sentiram suas limitações físicas diante das revelações divinas que
receberam, como por exemplo: Irineu, Justino Mártir, Tertuliano, Agostinho, Francisco
de Assis, Martinho Lutero, John Knox, George Fox, John Wesley, Dwignt Limmam
Moody, e muitos outros. Se homens desse quilate sentiram-se limitados diante de Deus,
quem somos nós então?!!!
2. A própria pecaminosidade da alma humana (limitações psicológicas). A
nossa própria natureza pecaminosa em constante luta contra o espírito (Gl 5.16,17),
limita-nos à maiores revelações com Deus (2 Tm 2.21). Isaías e Paulo que foram dois
privilegiados espirituais no que se refere as revelações divinas, sentiram que estavam
limitados por sua própria natureza pecaminosa (Is 6.5; Rm 7.17-25; Gl 5.16-17).

161
3. A nossa própria falta de maturidade espiritual (limitações espirituais) - O
nosso espírito é o canal de ligação com Deus e está sempre pronto para cumprir a sua
missão (Mt 26.41; Mc 14.38), porém também ele encontra limitações resultantes de
nossa incompreensão das coisas espirituais e da nossa maturidade. Exemplos: Samuel e
Sansão.
Diante de tudo que até agora foi exposto vemos que Deus quer se revelar ao
homem. Mas como pode o homem finito e limitado compreender toda a imensidão do
Deus Infinito que nem o céu dos céus pode contê-lo (1Rs 8.27; 2Cr 2.6; 6.18)?!
Moisés nos diz: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus mas as
reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre,...”.
“Há mais coisas entre o céu e a terra que jamais pode sonhar a nossa vã
Filosofia” (Shakespeare).

O ESPÍRITO SANTO NA IGREJA LOCAL

A igreja Universal é somatória das Igrejas locais. O Espírito Santo habita na


Igreja Universal e também na assembleia local (1Co 3.16; Ef 2.18-22; Hb 3.6; 1Pe 2.5).

1. ELE CONGREGA OS SANTOS (1Co 12.13,27). Esta integração e coesão


vincula todos os crentes num sentido que as organizações e clubes seculares não
conseguem imitar. A igreja não é uma simples organização, é um organismo. Desde a
Encarnação e o nascimento virginal de Jesus Cristo, Ele tem tido um corpo. Quando
Jesus Cristo se tornou homem, assumiu um corpo de carne e sangue. Ele foi feito à
semelhança dos homens (Fp 2.7). Aquele corpo fora preparado pelo Espírito Santo (Lc
1.34,35; Hb 1.5; 10.5). Ele era completo com todas as minúcias de um corpo humano.
Ele era um corpo composto de muitos membros. Através daquele corpo Jesus ministrou
na Terra. Ele usou aquele corpo quando estendeu a mão para curar. Quando Jesus
ascendeu às alturas, concedeu o Espírito para guiar o novo corpo, a Igreja. Cristo agora
opera nesse corpo espiritual e através dele, sendo Ele mesmo a cabeça.

2. O ESPÍRITO SANTO ESCOLHE OBREIROS E OPERA POR MEIO


DELES (At 13.1-4; 1Co 12.28; Ef 4.8,11,12). Como no caso da Igreja Universal, assim
também até certo ponto nas assembleias locais deve aparecer o ministério de apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores e mestres. Devem ocorrer curas, línguas e reuniões de
negócio guiados pelo Espírito Santo. Todas estas funções devem realizar-se no poder e
com os dons do Espírito.

3. A ADORAÇÃO NA IGREJA LOCAL (1Co 14.23-31; Ef 5.18,19; Cl


3.15,16)

Paulo exorta-nos como cristãos para apresentarmos os nossos corpos como


sacrifício vivo para Deus (Rm 12.1). Ele nos recomenda que submetamos os nossos
membros a Deus como instrumentos de justiça (Rm 6.13). Deus quer usar os nossos
membros para glorificá-lo. Ele nos concedeu expressões de louvor e adoração que
abrangem todo o nosso ser.

162
Quando nos entregamos inteiramente a adoração para Deus precisamos lembrar
que Deus quer que adoremos em Espírito e em Verdade. Ele quer que entreguemos
todo o nosso espírito a Ele (Sl 111.1: “Aleluia! Darei graças ao Senhor de todo o
coração na reunião da congregação dos justos”; Sl 138.1,2: “Eu te louvarei, Senhor, de
todo o coração; diante dos deuses cantarei louvores a ti. Voltado para o teu santo
templo eu me prostrarei e renderei graças ao teu nome, por causa do teu amor e da tua
fidelidade; pois exaltaste acima de todas as coisas o teu nome e a tua palavra”).
Deus não está apenas interessado em que todas as nossas energias sejam
dirigidas na direção de adoração a Ele, mas quer que o adoremos em Verdade (Jo
17.17). Quando adoramos baseados na Palavra, conhecemos a Verdade que é capaz de
nos libertar (Jo 8.32). Ele nos libertará de todas as tradições que nos impedem de entrar
em sua adoração verdadeiramente bíblica. Jesus disse que são as tradições dos homens
que cancelam os benefícios da Palavra de Deus (Mc 7.7,8: “Em vão me adoram; seus
ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens. Vocês negligenciam os
mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens”).

Deus prescreve pelo menos nove maneiras de adoração nas escrituras, que
abrangem a totalidade de nosso ser. Três maneiras incluem o nossa voz, Três as
nossas mãos e três maneiras incluem o nosso corpo.

a) Boca - Deus deseja que louvemos com os nossos lábios (Sl 42.4: Pois eu
costumava ir com a multidão, conduzindo a procissão à casa de Deus, Sl 66.8:
“Bendigam o nosso Deus, ó povos, façam ressoar o som do seu louvor”). Gritos de
louvor a Deus podem tomar parte ao culto cristão, conforme os padrões bíblicos (Sl
47.1: Povos todos, batei palmas, aclamai a Deus com gritos alegres - BJ; Sl 98.4:
Aclamai a Iahweh, terra inteira, daí gritos de alegria! - BJ). Na ocasião da entrada
triunfal de Jesus em Jerusalém, toda a multidão dos discípulos passou a louvar a Deus
em alta voz, por todos os milagres que tinham visto... Ora, alguns dos fariseus lhe
disseram em meio à multidão: Mestre repreende os teus discípulos. Mas ele lhes
respondeu: Asseguro-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão (Lc 19.37-40).
Seremos fariseus ou seremos aqueles que adoram ao seu Deus em alta voz? (Esdras
3.12,13: 12: “Mas muitos dos sacerdotes, dos levitas e dos chefes das famílias mais
velhos, que tinham visto o antigo templo, choraram em alta voz quando viram o
lançamento dos alicerces desse templo; muitos, porém, gritavam de alegria. Não era
possível distinguir entre o som dos gritos de alegria e o som do choro, pois o povo
fazia enorme barulho. E o som foi ouvido a grande distância” - NVI).

Devemos também adorar a Deus pregando o Evangelho. Deus deseja que


emitamos palavras positivas inspiradoras e de fé. Quando isto acontece estamos
louvando a Deus (Veja Sl 40.3; 51.15; 63.5; 71.8,15; 89.1; 145.21; 149.6; 109.30; Rm
15.6).
b) Cânticos - A Bíblia ensina que devemos nos aproximar da presença de Deus
com cânticos (Sl 100.4: Entrem por suas portas com ações de graças, e em seus átrios,
com louvor; dêem-lhe graças e bendigam o seu nome”). Já foi dito que você pode dizer

163
qual é a situação de uma nação ou mesmo de uma pessoa, pelos cânticos que são
entoados. O cântico é uma elevada expressão do “Homem Inferior”. A perda do cântico
é um sinal de um povo sob julgamentos (Is 16.9,10: 9 “Por isso eu choro, como Jazar
chora, por causa das videiras de Sibma. Hesbom, Eleale, com minhas lágrimas eu as
encharco! Pois não se ouvem mais os gritos de alegria por seus frutos e por suas
colheitas. 10 Foram-se a alegria e a exultação dos pomares; ninguém canta nem grita
nas vinhas; ninguém pisa as uvas nos lagares, pois fiz cessar os gritos de alegria” NVI).
Os que haviam levado os filhos de Israel cativos para Babilônia, lhes pediam para
cantar os cânticos de Sião, mas eles não tinham cânticos para cantar em terra estranha.
Quando eles foram libertados do cativeiro Babilônico, imediatamente tomaram as suas
harpas que estavam dependuradas nos salgueiros e começaram a cantar um novo
cântico a Deus (Sl 137.1-4; 126.1,2). Este é o dia em que Deus está revertendo
cativeiros. Não é para admirar que sejam dias de cânticos alegres. Cada visitação do
Espírito produziu uma riqueza de novos cânticos, vozes de júbilo e alegria. Hoje em dia
a mesma coisa está acontecendo. O povo de Deus está começando a fazer um alegre
ruído ao Senhor, cantarão novos cânticos ao Senhor (Jr 33.11).

Na área dos cânticos há três níveis que devem ser experimentados pela igreja: (1)
Salmos - que foram entregues a igreja primitiva; (2) Hinos - que eram composições
ungidas e que até hoje continuam sendo compostos; (3) e cânticos espirituais (Ef
5.18,19: 18 Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se
encher pelo Espírito, 19 falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais,
cantando e louvando de coração ao Senhor; Cl 3.16: Habite ricamente em vocês a
palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e
cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração; 1Co
14.15: então, que farei? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento;
cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento). Este último é o
verdadeiro cântico espiritual, o transbordar da vida do Espírito Santo nos crentes. Este
cântico se oferece ao Senhor, não aos ouvintes. É maravilhoso este louvor; todo crente
cheio do E. Santo deve se dar ao louvor, e todos devem submeter-se uns aos outros no
temor de Deus, falando entre si com salmos, entoando de coração ao Senhor com hinos
e cânticos espirituais (Ef 5.18,19). Tal é a ênfase bíblica nos cânticos congregacionais
inspirados pelo E. Santo. Não deixemos que a chamada música especial das nossas
assembleias se degenere numa manifestação carnal de talento humano ou num tipo de
entretenimento ou espetáculo.

c) Clamor - É fácil ter-se a impressão de que a adoração no Tabernáculo de Davi


por vezes era um tanto ruidosa. Com os cantores, com todas as suas forças, cantando ao
Senhor, e os músicos tocando, também com todas as sua forças, devia parecer uma
perturbação para os que não amavam o Senhor. Além de tudo isto ainda havia
clamores. Se alguém grita num jogo de futebol ninguém fica perturbado; de fato
espera-se isto, mas algumas pessoas pensam ser estranho que haja gritos de louvor na
igreja (Vejam estes textos no original):

164
Sl 5.11 - Mas todos os que se refulgiam em ti se alegrarão; por tempo indefinido
gritarão de júbilo. (Tradução do Novo Mundo) TNM
Sl 32.11 - Alegrai-vos em Iahweh, ó justos e exultai, dai gritos de alegria todos
os retos de coração. (Bíblia de Jerusalém) BJ
Sl 33.1 - Gritai de júbilo, ó justos, por causa de Jeová. (TNM)
Sl 35.27 - Gritem de júbilo e alegrem-se os que se agradam da minha justiça.
(TNM)
Sl 132.9 - vistam-se os teus próprios sacerdotes com Justiça e gritem de júbilo
os teus que te são leais. (TNM)
Sl 12.6 - Erguei alegres gritos, exultai, ó habitantes de Sião, porque grande é o
santo de Israel no meio de ti. (BJ)
d) Palmas - O Senhor deseja que batamos palmas como sinal de alegria (Sl 47.1:
Povos todos, batei palmas, aclamai a Deus com gritos alegres - BJ). O Costume do
mundo de bater palmas como sinal de aplausos é na realidade imitação de uma prática
santa. Oradores e cantores nunca deveriam ser aplaudidos na casa de Deus, e nem o
povo de Deus aplaudi-los em qualquer outro lugar, pois tal prática é honrar a carne e
não tem cabimento na adoração de Deus (Jo 5.44; 1Co 10.22). A casa de Deus é o lugar
de honrar e adorar a Deus, e somente Ele.

e) Mãos levantadas - Uma reação natural de um coração grato é levantar as mão


diante do Senhor (Lm 3.41: Levantemos o coração e as mãos para Deus, que está nos
céus). Às vezes ocorrem demonstrações e manifestações entre os crentes cheios do E.
Santo, os quais estão em nítido contraste com o ambiente grave e silencioso de muitas
Igrejas em nossos dias. À medida que os santos em oração ou em louvor erguem as
mãos dirigem-nas para Deus. Temos uma demonstração que se considera fora do
comum. Isto é porque a maioria dos crentes nunca atentaram para os seguintes textos:
1Tm 2.8: Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas,
sem ira e sem discussões; Sl 134.2: Levantem as mãos na direção do santuário e
bendigam o Senhor!; Sl 141.2: Seja a minha oração como incenso diante de ti, e o
levantar das minhas mãos, como a oferta da tarde). É interessante que mãos levantadas
são também sinal de um juramento ou aliança com Deus (Gn 14.22). Somos um povo
que está ligado a Deus mediante a aliança, e é grato ao Senhor por sua benignidade
para conosco (Sl 63.3-5). Portanto, levantaremos ao Senhor mãos santas sem iras nem
contenda (1Tm 2.8; Sl 28.2; 88.9; 119.48; 143.6; Hb 12.12). Mãos levantadas poderão
nos dar vitória sobre o inimigo (Êx 17.8-16).

A Vitória sobre os Amalequitas (Êx 17.8-16): 8 Sucedeu que os amalequitas


vieram atacar os israelitas em Refidim. 9 Então Moisés disse a Josué: “Escolha alguns
dos nossos homens e lute contra os amalequitas. Amanhã tomarei posição no alto da
colina, com a vara de Deus em minhas mãos”. 10 Josué foi então lutar contra os
amalequitas, conforme Moisés tinha ordenado. Moisés, Arão e Hur, porém, subiram ao
alto da colina. 11 Enquanto Moisés mantinha as mãos erguidas, os israelitas venciam;
quando, porém, as abaixava, os amalequitas venciam. 12 Quando as mãos de Moisés já
estavam cansadas, eles pegaram uma pedra e a colocaram debaixo dele, para que nela
se assentasse. Arão e Hur mantiveram erguidas as mãos de Moisés, um de cada lado, de

165
modo que as mãos permaneceram firmes até o pôr-do-sol. 13 E Josué derrotou o
exército amalequita ao fio da espada. 14 Depois o SENHOR disse a Moisés: “Escreva
isto num rolo, como memorial, e declare a Josué que farei que os amalequitas sejam
esquecidos para sempre debaixo do céu”. 15 Moisés construiu um altar e chamou-lhe
“o SENHOR é minha bandeira”. 16 E jurou: “Pelo trono do SENHOR!c O SENHOR
fará guerra contra os amalequitas de geração em geração”.

f) Instrumentos - Muitas pessoas censuram o uso de instrumentos musicais


achando que tal coisa não é sustentado pela autoridade do NT O apóstolo Paulo exorta
os crentes a usarem “Salmo” (Ef 5.18,19; Cl 3,16). A definição da palavra salmos é:
“cânticos de louvor acompanhado pela harpa ou outro instrumento musical”. Na
própria definição desta palavra exorta-nos a usarmos instrumentos musicais (Is 38.20;
Sl 150.1-6; 1 Cr 25.1-3).

g) Levantar-se - Há lugar para o ato de ficar em pé diante do Senhor em


adoração a Ele (Sl 134.1 - Bendizei a Jeová, todos vós servos de Jeová os que estais em
pé na casa de Jeová durante as noites). Ao levantarmos na sua presença estamos dando-
lhe glória reverência e admiração . Na vida militar quando um superior entra numa sala
todos os subordinados se levantam. Nós estamos na presença do Senhor dos Exércitos e
é o correto nos levantarmos perante Ele (Sl 135.2,3) “louvai ao Senhor! Louvai o nome
de Iahweh, oferecei louvor ó servos de Iahweh, vós que estais de pé na casa de Iahweh,
nos pátios da casa de nosso Deus”.

h) Encurvar-se ou Ajoelhar-se: Quando Salomão apresentou-se figuradamente


como sacrifício vivo na presença do povo ajoelhou-se estendeu as mão para o céu, e
clamou a Deus (2Cr 6.13,14). Ajoelhar-se ou curvar-se é um gesto de humildade de
nossa parte (Sl 95.6).

i) A dança - também tem sua função santa como expressão de gozo no Senhor
(Sl 150.4). Davi dançou com todas as suas forças diante do Senhor (2Sm 6.14). Mical,
sua esposa, viu-o dançar e desprezou no seu coração; quando ele voltou para casa ela o
ridicularizou. Davi respondeu-lhe: “Perante o Senhor me tenho alegrado” (2Sm 6.22).
Deus aceitou o louvor de Davi e castigou Mical por sua atitude (2Sm 6.23).
Aprendamos bem esta lição que o Senhor quer nos ensinar!

Quando se fala de dançar (Sl 149.3; 150.4) levanta-se um cartão vermelho.


Algumas vezes nos acostumamos tanto a ver como o diabo tem pervertido determinada
coisa que perdemos a vontade de ver a expressão daquela mesma coisa. Quando
pensamos na dança, automaticamente pensamos na expressão carnal de dançar como é
encontrada no mundo. A bíblia declara enfaticamente que devemos louvar o Senhor
com danças.

Convém observar que a frase “Dançar no Espírito” não pode ser encontrada na
Palavra de Deus. Esta frase foi formada por pessoas que não entendem plenamente a
mensagem do louvor e do sacrifício de louvor. Os atos de levantar as mãos, bater

166
palmas, cantar, gritar e dançar são todos conscientes, executados com um entendimento
da Palavra de Deus, e de uma disposição para obedecer aos seu ditames. Você não
precisa receber uma visitação especial do E. Santo para cantar, para dançar. Todavia
dançar na presença de Deus é adoração em um plano bem elevado e deve ser sempre
considerado e tratado como tal. Dançar para o Senhor é uma “liberação emocional”, é
um ato de adoração. Devemos nestes ato sermos puros, pois ninguém pode ser sensual
na presença de Deus. O escândalo deve ser evitado.
Deus está restaurando a alegria no meio do seu povo, restaurando os carismas,
restaurando os ministérios do E. Santo; não fiquemos com as águas pelos artelhos ou
pelos joelhos, mas mergulhemos no Rio do Espírito Santo (Ez 47.1-12).

Há ainda um assunto que muitos estão estranhando, é a prostração. A presença


do Senhor se torna as vezes tão real e empolgante que os crentes se prostram aos seus
pés. Quando Daniel teve sua grandiosa visão, disse: “Não restam forças em mim; o
meu rosto mudou de cor e se desfigurou, e não retive força alguma... Caí sem sentido
com o rosto em terra” (Dn 10.8,9). É interessante notar que Daniel caiu num profundo
sono, este fenômeno está acontecendo em vários lugares; os católicos carismáticos
chamam este fenômeno de “Repouso no Espírito”, os pentecostais chamam de
arrebatamento, porém nem sempre esta prostração ou dormir no espírito chega a ser um
verdadeiro arrebatamento, pois este quando acontece leva o espírito humano do
arrebatado à presença de Deus no céu e ter visões celestiais. Todavia a prostração no
espírito é na realidade um repouso espiritual. Muitas pessoas pelas quais tenho orado,
ao serem visitadas pelo Poder de Deus, sentem um profundo sono e seus membros
perdem a força e finalmente dormem; ao acordarem tais pessoas levantam-se com
novas forças, tanto físicas como espirituais, e algumas até curadas. Quando o apóstolo
João viu Jesus Cristo glorificado, na sua visão na ilha de Patmos, caiu aos pés do
Senhor como “morto” (Ap 1.17). Os soldados romanos, ao verem o anjo na madrugada
do dia da Ressurreição de Cristo, “tremeram espavoridos, e ficaram como se estivessem
mortos” (Mt 28.4). Devemos tomar cuidado para não confundir este fenômeno com
possessão maligna, pois já vi algumas pessoas prostradas, dormindo no espírito e
alguns irmãos precipitadamente começaram a expulsar demônios onde não havia tais.
Isto denota falta de discernimento. Dormir no espírito é uma reação espontânea e
perfeitamente natural perante uma visitação poderosa do Espírito Santo. Na ocasião de
recebimento do batismo no Espírito Santo, alguns crentes ficam prostrados sob o poder
de Deus o qual é perfeitamente bíblico .

Não é bíblico nem espiritual reprimir os nossos impulsos emocionais se são


espontâneos e sinceros e se surgem de corações puros e entregues a Deus. Todavia,
quem adora a Deus no Espírito deve observar os ditames bíblicos que governam toda
manifestação espiritual e emocional (1Co 12.7). Os dons e operações do Espírito
devem edificar a Igreja (1Co 14.4,5,12,17,26). Línguas, profecias, sabedoria,
conhecimento, fé, e sacrifício pessoal nada valem se não são motivados pelo amor (1Co
13). Se o exercício do nosso dom ou bênção pessoal não serve para edificar a Igreja, o
Amor nos obriga a ficarmos silenciosos, controlando nosso espírito em obediência ao
Senhor (Pv 16.32).

167
“O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem nem para
onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.8).

O símbolo do Espírito vento é deveras significativo, “O vento sopra onde quer”.


Isto serve para nos mostrar que não podemos colocar rédeas na obra do Espírito, pois
sempre haverá um fenômeno oriundo dele que não entenderemos com o nosso intelecto
(1Co 14.14,15). Um dia quando estava a frente do pastorado de uma pequena igreja em
Belo Horizonte, um grupo de mais ou menos 10 irmãos, todos juntos, cada um cantava
numa língua diferente da do outro, depois houve um silêncio e quatro irmãos cantaram
em português as estrofes do hino espiritual. Até aquela data eu nunca presenciara tal
manifestação do Espírito.

FRUTO DO ESPÍRITO SANTO 83


Transcrição do livro: O Poder do Espírito Santo do autor Billy Graham

Um grupo de homens estava esperando em uma doca do rio Tâmisa em Londres


desde as cinco da manhã, em uma manhã de inverno terrivelmente fria. Juntos com
outros grupos eles tinham sido escolhidos para descarregar um cargueiro atracado ali.
Faziam isto equilibrando um carrinho da mão sobre tábuas que iam da doca até um
barco menor e dali até o cargueiro. Entre os homens estava um pastor, mas os outras
não sabiam disto. Ele estava muito interessado no pessoal daquela área da cidade, e
chegou à conclusão que a única maneira de fazer contato com eles seria trabalhar entre
eles. Vestido como eles, ele se recusava até a beber uma xícara de chá quente antes de
sair de casa, porque sabia que a maioria dos homens que estariam na doca aquele dia à
procura de trabalho não teriam tido este conforto, nem estariam adequadamente
vestidos. Saiu até sem casaco.
Antes de conseguir trabalho experimentou o que significa ser tratado como
estranho. Ficou sabendo o que é ficar o dia todo de pé no frio e na neblina, para receber
a informação de que não havia emprego. Aqueles homens voltavam para o que
chamavam de casa sem ter um pedaço de pão a oferecer às suas famílias famintas.
Aquele dia ele tinha tido sorte e foi contratado. Quando passava pela décima
segunda vez pelas tábuas com seu carrinho de mão carregado, ele escorregou e perdeu
o equilíbrio, caindo no Tâmisa em meio a gargalhadas que vinham de todo lado.
Lutando contra seu temperamento, conseguiu ficar de pé depois de alguma
dificuldade, sorrindo. Um dos homens (o que tinha balançada a tábua, fazendo-o cair)
tinha gritado “homem ao mar”, e estava parado ali, rindo. Vendo o pastor disfarçado
tentando de bom humor se livrar da lama, algum impulso melhor fez com que ele
jogasse algumas caixas vazias no lodo, pulando nelas para ajudar o homem a sair. A
primeira observação sua confirmou a atitude do pastor que o Espírito Santo tinha
causado:
– Você não levou a mal, não é? – ele disse enquanto ajudava o pastor a subir nas
caixas. Ele não tinha falado no dialeto dos que moram nos bairros pobres de Londres,
de modo que não deveria ser um estivador comum.
83
GRAHAM, Billy. O Poder do Espírito Santo. São Paulo: Edições Vida Nova, p. 197-204.

168
– Você não parece estar muito tempo neste ramo, respondeu o pastor.
– Nem você – retrucou o que antes o tinha jogado na lama e agora estava
ajudando-o a sair. O pastor concordou, e convidou o outro para ir com ele até a sua
pensão.
Durante a conversa o pastor descobriu surpreso que aquele homem tinha sido um
médico de sucesso, mas que perdeu sua clínica e sua família por beber demais. O fim
da história foi que o pastar pode levar este homem a Cristo e também vê-lo novamente
junto dos seus amados.
Isto talvez ilustre o que é o fruto do Espírito. Se a vida fosse sempre um mar de
rosas, as pessoas sempre amáveis e gentis, se nunca tivéssemos dores de cabeça nem
sofrêssemos de cansaço ou sob pressões terríveis talvez o fruto do Espírito nem
aparecesse.
Mas a vida não é assim. No meio das dificuldades e do sofrimento é que mais
precisamos do fruto do Espírito, e é nestas ocasiões que Deus pode atuar através de nós
de maneira especial para levar outras pessoas a Cristo. Quando temos em nós o fruto do
Espírito outros verão em nós “a imagem de seu Filho” (Rom. 8:29) e serão atraídos
para o Salvador.
Não é por acaso que a Escritura chama a Terceira Pessoa da Trindade de Espírito
Santo. Uma das funções principais do Espírito Santo é repartir conosco a santidade de
Deus, o que Ele faz desenvolvendo em nós um caráter semelhante a Cristo – um caráter
marcado pelo fruto do Espírito. O propósito de Deus é que nós nos tornemos “pessoas
maduras, crescendo até alcançarmos a altura espiritual de Cristo” (Ef 4.13, BLH).

Fruto: é o que Deus Espera de Nós

Deus Espírito Santo usa freqüentemente na Escritura a palavra fruto para indicar
o que Ele espera do Seu povo quanto ao caráter. Nos capítulos sobre os dons do
Espírito Santo constatamos que os crentes receberam vários dons. Eu posso ter algum
dom que outras não têm, e eles terão dons que eu não tenho. Mas quando chegamos ao
que a Bíblia ensina sobre o fruto do Espírito vemos que esta é a diferença entre os dons
do Espírito e o fruto do Espírito.
O fruto do Espírito não é dividido entre os crentes, como os dons do Espírito.
Todos os cristãos devem ter todo o fruto do Espírito. Deus espera isto de nós; podemos
ver isto claramente em diversas passagens da Escritura. Em Mateus 13 encontramos a
conhecida parábola do semeador. Seu trabalho parece ser o de alguém que anuncia a
Palavra de Deus – pastor, mestre, evangelista ou qualquer outro crente. Um pouco da
semente cai na beira do caminho, onde os pássaros a comem; um pouco cai entre
pedras e seca ao Sol; alguns grãos crescem entre os espinhos, e estes os sufocam. O
restante cai em terra boa, cresce e produz em abundância. Da mesma forma você e eu
devemos produzir fruto, à medida que a Palavra de Deus começa a atuar em nós no
poder do Espírito.
Fato interessante é que a Bíblia fala do fruto do Espírito, e não de frutos. Uma
macieira pode produzir muitas maçãs, mas todas vêm da mesma árvore.
Semelhantemente o Espírito Santo é a origem de todo fruto em nossa vida.

169
Em termos mais simples podemos dizer assim: a Bíblia ensina que nós
precisamos que o Espírito Santo traga fruto em nosso vida, porque não podemos nos
tornar parecidos com Jesus sem o Espírito. Nós estamos cheios de desejos egocêntricos
e egoístas, opostos à vontade de Deus para nossa vida. Em outras palavras, duas coisas
precisam acontecer em nossa vida: uma, que o pecado tem de ser expulso da nossa
vida; outra, que o Espírito Santo precisa entrar e nos encher, e produzir o fruto do
Espírito. “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: ... revesti-vos, como eleitos de
Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de
mansidão, de longanimidade” (Cl 3.5, 12, grifo nosso).
Deixem-nos usar uma ilustração. Muitas pessoas têm uma cerca ao redor da sua
casa, com um portão para entrar e sair. O portão tem utilidade dupla: serve para deixar
alguém entrar, ou para manter alguém fora.
A nossa vida é espiritualmente como este portão. Em nós há todo tipo de coisas
erradas e que desagradam a Deus. Precisamos pôr estas coisas para fora e deixar o
Espírito Santo entrar para controlar o centro da nossa vida. Nós não temos força nem
para abrir o portão. Só o Espírito Santo pode fazê-lo, e quando Ele o faz – quando nos
entregamos a Ele e pedimos que Ele nos encha – Ele não só entra mas também ajuda a
jogar fora todas as coisas más. Ele controla o portão, e à medida que vai purificando o
coração da sua maldade. Ele pode introduzir novas atitudes, nova motivação, devoção e
amor. Ele também reforça o portão, Para que o mal não possa arrombá-lo. Assim, as
obras da carne vão embora e o fruto do Espírito entra. A Escritura diz que o Espírito
Santo quer que demos fruto.
Manford George Gutzke, em seu livro The Fruit of the Spirit (O Fruto do
Espírito) compara o fruto do Espírito à luz: “Em cada raio de luz solar temos todas as
cores do arco-íris. Elas estão sempre presentes, mesmo quando não as vemos
separadamente. Não precisamos imaginar uma por uma quando vemos a luz. Da mesma
forma que as cores do arco-íris estão no raio de luz, estes traços de conduta pessoal
estão na atuação do Espírito Santo”.

Como Cresce o Fruto

Como o Espírito Santo faz para que nossa vida produza o fruto do Espírito? Duas
passagens da Escritura nos ajudarão a responder a esta pergunta.
A primeira passagem é o Salmo 1, que compara o homem de Deus com uma
árvore plantada às margens de um rio: “O seu prazer está na lei de Deus, e nesta lei ele
medita dia e noite. Esse homem é como uma árvore que cresce na beira de um riacho;
ela dá frutas no tempo certo, e suas folhas não murcham. E tudo o que esse homem faz
dá certo” (Salmo1.2, 3, BLH). Nesta passagem, dar fruto está relacionado diretamente à
importância que a Palavra de Deus tem para nós (observe que não está escrito lê, mas
medita). À medida que lemos e meditamos na Bíblia, o Espírito Santo – que inspirou a
Bíblia, como sabemos – vai nos convencendo de pecados que precisam ser erradicados
e nos dirige ao padrão de vida que Deus quer para nós. Sem a Palavra de Deus não
pode haver crescimento espiritual duradouro nem produção de frutos em nossa vida.
A segunda passagem encontrarmos em João 15, onde Jesus compara nosso
relacionamento com Ele com os ramos de uma videira. “Permanecei em mim, e eu

170
permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não
permanecer na videira; assim nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu
sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto;
porque sem mim nada podeis fazer” (João 15.4, 5).
Esta passagem abriga muitas verdades maravilhosas, mas há algumas coisas que
devemos destacar. A primeira é uma ordem para cada crente: “Permanecei em mim.”
Isto quer dizer que devemos ter o relacionamento mais próximo e íntimo possível com
Cristo, sem nada entre Ele e nós. Por isso oração, estudo bíblico e comunhão com
outros crentes devem ser tão importantes.
Diz-nos também que só podemos produzir fruto se permanecermos em Cristo:
“Sem mim nada podeis fazer”. Pode ser que usemos os dons do Espírito mesmo sem
estar em comunhão com o Senhor. Mas não podemos dispor do fruto do Espírito
quando nossa união com Cristo foi interrompida pelo pecado. Vemos daí como é
crucial ser cheio do Espírito, e nós estamos cheios quando permanecemos em Cristo, a
videira. O segredo para permanecer é obediência. Se nós permanecemos em Cristo,
vivendo de maneira obediente, a vida de Cristo flui para dentro de nós (como a seiva da
árvore, que dá vida aos ramos), produzindo fruto para a glória do Pai, e para alimentar
e abençoar outros.
Eu creio que há algo neste relacionamento que não podemos entender de todo. Se
nós perguntássemos a um ramo de uva branca:
– Como você faz para ter frutos tão deliciosos? – provavelmente o ramo
responderia:
– Eu não sei. Eu não fiz crescer nenhum deles. Eu só os carrego. Se você me
cortar do pé de uvas eu secarei e não terei mais utilidade.
Sem a videira o ramo não pode fazer nada. Assim também acontece conosco.
Enquanto eu me esforçar e trabalhar para conseguir produzir o fruto do Espírito, ficarei
frustrado e sem fruto. Mas se eu permaneço em Cristo mantendo um relacionamento
íntimo, obediente e dependente com Ele Deus Espírito Santo atua em minha vida,
produzindo em mim o fruto do Espírito. Isto não quer dizer que vamos ficar maduros
instantaneamente, imediatamente cheios do fruto do Espírito. Qualquer fruto precisa de
tempo para amadurecer, talvez até alguma poda se faça necessária, antes de aparecerem
frutos em quantidade.
Minha esposa e eu (Billy Graham) gostamos muito das árvores bonitas que há ao
redor da nossa casa na Carolina do Norte. No outono quase todas as folhas caem e são
levadas pela vento, mas milhares das velhas folhas ficam presas nos galhos durante
todo o inverno. Quando a seiva começa novamente a correr novas folhas surgem – e
vida e poder pulsam em cada galho. E ninguém percebe que todas as folhas velhas
caem. Este é o quadro do cristão! “As coisas antigas já passaram; eis que se fizeram
novas” (2Co 5.17).
Além disto a cada verão nós cortamos algumas árvores que impedem a visão ou
bloqueiam a luz do Sol. Outras foram muito prejudicadas pelas tempestades de inverno.
Em nossa vida também temos árvores que precisam do machado – que estão
apodrecendo ou estragando o panorama. Jesus disse: “Toda planta que meu Pai
celestial não plantou, será arrancada” (Mt 15.13). Em nosso terreno temos poucas
árvores frutíferas. Das que trazem os melhores frutos nós cuidamos mais – podando-as,

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adubando-as, pulverizando-as com inseticida no tempo certo. Uma árvore boa continua
dando bons frutos, e deve ser mantida. Mas cortar ou não uma árvore depende da
distinção que Jesus fez. Ele disse: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20).
Temos também alguns pés de uva. Em alguns anos colhemos somente algumas
uvas pequenas, para nas. Mas nem por isto cortamos as videiras. Pelo contrário,
cuidamos bem delas. E no próximo ano elas trarão mais e melhores frutos. De maneira
semelhante, à medida que o Espírito Santo vai podando o que não presta em nassa vida,
os ramos da videira, espiritualmente falando, vão ficando mais úteis na produção de
mais fruto espiritual.
Na figura de João 15 o Senhor Jesus é a videira, nós os ramos e Deus o
agricultor, ou jardineiro.
No versículo três lemos: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho
falado”, ou, como J. B. Phillips traduz: “Agora vocês já foram podados pelas minhas
palavras”. Não há melhor maneira de o filho de Deus ser podado que pelo estudo e pela
aplicação da Bíblia em sua própria vida e sua situação. Deus pode nos corrigir, nos
dizer onde nós nos enganamos e nos perdemos, sem nos desencorajar.
Em Atos lemos de Apolo, que cativou o coração de Áquila e Priscila com seu
zelo, seu amor e seu dom de oratória, Mas ele era imaturo e despreparado para levar
outros a uma vida cristã mais profunda. Seu progresso não tinha passado dos ensinos de
João Batista. E este casal, ao invés de rir da sua ignorância e desprezar sua falta de
compreensão da verdadeira ortodoxia bíblica, levou-o para casa e, com amor, lhe
expuseram melhor o caminho do Senhor (Atos 18.26). Depois ele começou a usar seus
dons para a glória de Deus, ganhando almas. Deixou uma impressão indelével na Igreja
Primitiva, e ajudou a espalhar o reino de Deus no primeira século.
Você permanece em Cristo? Esta é a correição básica que Deus estabelece para
podermos produzir o fruto do Espírito. Há em Sua vida algum pecado inconfesso que o
impede de andar mais perto de Cristo? Falta-lhe disciplina? Há algum relacionamento
prejudicado com alguém, que precisa ser posto em ordem? Seja qual for a causa, traga-
a a Cristo, confessando-a arrependido. E então experimente o que quer dizer
“permanecei em mim” cada dia. (Até aqui a transcrição do livro: O Poder do Espírito
Santo do autor Billy Graham).

As manifestações, os ministérios e as operações do Espírito Santo não terão


nenhum valor se não estiverem alicerçadas no amor. Interessante notarmos que entre o
capítulo 12 e o 14 de 1Coríntios temos o capítulo 13 que fala-nos da suprema
Excelência do Amor.

As qualidades cristãs que são observadas nos crentes estão relacionadas na


Palavra de Deus como Fruto do Espírito. Quando o E.Santo controla nossas vidas Ele
produz em nós esta espécie de fruto: Amor, Alegria, Paz, Longanimidade, Benignidade,
Bondade, Fidelidade (fé), Mansidão e Domínio Próprio.
Tecnicamente este texto, no original grego significa que há um único Fruto que é
o Amor. Este amor contudo é manifestado em nossas atitudes e ações como alegria,
paz, paciência, gentileza, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22,23
Bíblia Viva).

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Literalmente o texto poderia ser traduzido: “Quando o E.Santo controla as nossas
vidas Ele produz este tipo de fruto: Amor, alegria amorosa, paz amorosa, paciência
amorosa, gentileza amorosa, bondade amorosa, fidelidade amorosa, mansidão amorosa
e autocontrole amoroso”.

Os dons não denotam santidade, só se conhece uma vida santa pelos frutos:
O fruto é o Amor e:
A alegria é força do Amor;
A Paz é a segurança do Amor;
A paciência é a persistência do Amor;
A gentileza é a conduta do Amor;
A Bondade é o caráter do Amor;
A fidelidade é a confiança do Amor;
A mansidão é a humildade do Amor;
O Domínio próprio é a vitória do Amor.

Muitos crentes vivem vidas retas, moral e eticamente boas. Mas somente Cristo
em nós, o Espírito Santo habitando no nosso espírito humano, pode capacitar-nos a
viver de modo sobrenatural e a produzirmos fruto espiritual.

Lembremo-nos que o fruto não é nosso, mas do Espírito Santo. Devemos apenas
nos entregar a Ele, e Ele mesmo em Nós dará muitos frutos (Jo 15). Amém.

Dez mandamentos para o Cristão Carismático:


1. Não haja como se fosse mais santo que outros.
2. Não espere que o Espírito Santo faça a tarefa que você deve fazer.
3. Pare de defender o Espírito Santo. Ele sabe como cuidar de si mesmo.
4. Nunca demonstre seu dom espiritual para satisfazer aos curiosos, e nunca o
0manifeste por exibicionismo.
5. Não interrompa o exercício de seu dom em prejuízo daquele que lhe deu.
6. Use os dons do Espírito para buscar o fruto do Espírito.
7. Se você fala línguas estranhas viva uma vida vitoriosa.
8. Não se glorie de que você fala em línguas, mas de seu nome estar escrito nos
céus.
9. Você recebeu poder do alto, para amar os perdidos. Procure realizar isto.
10. Não atire aos porcos as pérolas de sua experiência, para que eles não se
voltem contra você e o despedacem. Reparta-os com aqueles que as buscam com
sinceridade.

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89. http://www.vincentcheung.com/2009/03/09/cessationism-and-rebellion/
Os livros abaixo o autor não possui mais, porém foram citados quando iniciamos a
escrever o original em forma de apostila.
90. A Respeito dos Dons Espirituais - Kenneth Hagin
91. O Espírito Santo e Seus Dons - Kenneth E. Hagin

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Biografia do autor
O pastor Antônio Carlos Gonçalves Bentes é capitão do Comando da Aeronáutica,
Doutor em Teologia pela American Pontifical Catholic University (EUA), Pós-
graduado em Ciências da Religião pela Pan Americana, Pós-graduado em Psicologia
Pastoral pela Pós-graduado em Ciências da Religião pela Pan Americana, Pós-
graduado em Psicologia Pastoral pela FATEH - Faculdade de Teologia Hokemãh,
conferencista, filiado à ORMIBAN – Ordem dos Ministros Batistas Nacionais,
professor dos seminários batistas: STEB, SEBEMGE e Koinonia e também das
instituições: Seminário Teológico Hosana, UNITHEO, Seminário Teológico Goel e
Escola Bíblica Central do Brasil, atuando nas áreas de Teologia Sistemática, Teologia
Contemporânea, Apologética, Escatologia, Pneumatologia, Teologia Bíblica do Velho
e Novo Testamento, Hermenêutica, e Homilética. Reside atualmente em Lagoa Santa,
Minas Gerais. É pastor presidente da Igreja Batista Nacional Goel em Lagoa Santa -
Minas Gerais. É casado com a pastora Rute Guimarães de Andrade Bentes, tem três
filhos: Joelma, Telma e Charles Reuel, e duas netas: Eliza Bentes Zier e Anna Clara
Bentes Rodrigues.

Pedidos ao Pr. A. Carlos G. Bentes


E-mail: pastorbentesgoel@gmail.com
TEL. (031) 3681 4770; CEL. 96849869 (VIVO); 86614070 (TIM).
Facebook: Antônio Carlos Bentes

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