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Evangelhos e Atos – Aula

1
complementar
Evangelhos: uma história, muitas
dimensões
2 O problema
hermenêutico
O Reino de Deus Como traduzir tais
ideias para nossos
é crucial para o contextos culturais?
ministério de
Jesus, mas é
Por que o tema do
também Reino de Deus não
apresentado em aparece em João?
linguagem e
conceitos do Teria sido ele
judaísmo do substituído pelo tema
século I; da “vida eterna”?
3

As dificuldades na natureza dos


evangelhos:
•Jesus não escreveu nada sobre si mesmo;
•Existem 4 evangelhos que contam as mesmas histórias
de formas diferentes;
•Marcos foi escrito 1º, depois foi reescrito por Mateus e
Lucas com ajustes, cortes e acréscimos;
•João escreveu outro evangelho;
•Jesus falava aramaico e os Evangelhos foram escritos
em grego;
4 Os dois níveis dos evangelhos:
• Histórico: Apresenta Jesus como uma pessoa concreta,
nascida em determinado lugar e época, com pais,
irmãos, comunidade e trabalho;
• Teológico: Apresenta Jesus como o Filho de Deus morto
e ressuscitado, aquele que agiu pelo poder do Espírito
Santo e foi feito Senhor da igreja e meio pelo qual as
pessoas podem ser salvas;

Os dois contextos culturais:


• De Jesus: Na Palestina judaica e agrícola do início do
século I;
• Dos evangelistas: No mundo romano pagão e urbano
do fim do século I.
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Diferença entre histórico e teológico:
• Histórico: está ratificado pela história, seja por
registros escritos ou arqueológicos, seja pela
repetição no tempo;
• Teológico: Baseia-se em testemunhos de fé e
não pode ser comprovado pelos meios
históricos convencionais;
6 O contexto histórico geral de Jesus
7 As formas básicas do ensino de Jesus:
Parábolas:
• “Escutai vós, pois, a parábola do semeador.” (Mt 13,18);
• “E ele lhes propôs esta parábola, dizendo:” (Lc 15,3);
• “E aconteceu que Jesus, concluindo estas parábolas, se
retirou dali.” (Mt 13, 53)

Hipérbole:
• “E, se a tua mão te escandalizar, corta-a;” (Mc 9,43);
• “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma
agulha.” (Mc 10,25);
• “Coais um mosquito e engolis um camelo.” (Mateus 23,24)
8 As formas básicas do ensino de Jesus:
Provérbios:
• “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o
vosso coração.” (Mt 6,21);
• “E, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode
subsistir” (Mc 3,24);

Metáforas ou símiles:
• “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos;
portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos
como as pombas.” (MT 10,16);
• “Vós sois o sal da terra [...] Vós sois a luz do mundo” (MT 5,13-
14);
9 As formas básicas do ensino de Jesus:
Linguagem “E qual dentre vós é o homem que,
poética:
pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma
pedra?” (Mt 7,9);

Perguntas: “Que te parece, Simão? De quem cobram


os reis da terra os tributos, ou o censo? Dos
seus filhos, ou dos alheios?” (Mt 17,25)

Ironia: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre


de Israel, e não sabes isto?” (Jo 3,10)
10 As formas básicas do ensino de Jesus:
11

Pense horizontalmente:
• Sempre procure o paralelo da perícope nos outros
evangelhos;
• Não se deve preencher um evangelho com
informação do outro;
• Os paralelos mostram as ênfases de cada
evangelista;
• Os evangelhos sinóticos foram escritos a partir de
um evangelho primário, Marcos;
12
Multiplicação dos pães para 5 mil
Quantidade de palavras usadas para contar a história

Evangelho Qtde. de palavras


Mateus 157
Marcos 194
Lucas 153
João 199
Porcentagem de concordância entre os
13
evangelhos:
Evangelho %
Mateus com Marcos 59%

Mateus com Lucas 44%

Lucas com Marcos 40%

Joao com Mateus 8,5%

Joao com Marcos 8,5%

Joao com Lucas 6,5%


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Pense verticalmente:
•Os dois contextos: o de Jesus (original)
e o dos evangelistas (o do texto);
•Os evangelistas deram contextos para
os ditos de Jesus e nem sempre sabe-se
claramente qual foi o contexto original;
•Pensar verticalmente é tentar descobrir
a situação histórica de cada dito;
•Deve-se sempre descobrir o contexto
original;
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Pense verticalmente:
• “Muitos primeiros serão os últimos; e os últimos,
primeiros”;
• Em seu contexto original, esse dito provavelmente
serviria para justificar a aceitação dos pecadores
por Jesus, a luz da contestação dos fariseus;
• Os fariseus pensavam que, por “suportarem a
fadiga e o calor do dia”, ou seja, por “cumprirem”
a Lei, eram dignos de mais pagamento.
• Mas os evangelistas contextualizavam os ditos de
Jesus de acordo com as necessidades de seus
públicos;
Pense
16 verticalmente: Deixar tudo “Muitos primeiros serão os últimos; e os
últimos, primeiros” (Mc 10,31);
por causa de “Muitos primeiros serão os últimos; e os
últimos, primeiros” (Mt 19,30);
Jesus: No paralelo de Lucas (18,24-30) o dito
não é repetido.

Parábola dos “Assim os últimos serão primeiros, e


os primeiros últimos” (Mt 20,16);
trabalhadores
na vinha
“há últimos que virão a ser primeiros, e
A porta primeiros que serão últimos.” (Lc 13,30);

estreita:
17 Interpretando perícopes individuais
Mt 24.15-16 Mc 13.14 Lc 21.20.21
Quando porém, virdes
Quando, pois virdes Quando, pois virdes Jerusalém sitiada de
exércitos, sabei que
o abominável da o abominável da está próxima a sua
desolação desolação devastação.
de que falou o profeta situado onde não deve
Daniel, no lugar santo estar
(quem lê, entenda), (quem lê, entenda),
então, então, Então,
os que estiverem na os que estiverem na os que estiverem na
Judeia fujam Judeia fujam Judeia fujam
para os montes para os montes para os montes;
18 How to Read the B ible Book by Book
(Gordon D. Fee; Douglas Stuart)
19 Synopsis of the Four Gospels (Kurt Aland)
20
Os três princípios de composição
dos evangelhos:
•Seletividade:
• Os evangelistas selecionaram aquelas
narrativas e ensinos de Jesus que eram
apropriados para seus propósitos.
• João 20.30-31; 21,25;
• Lucas 1,1-4;
• Lucas não incluiu uma parte significativa
do evangelho de Marcos (6,45-8,26)
Os três princípios de
21 composição dos evangelhos:
•Harmonia:
• Os evangelistas harmonizaram as histórias e
ditos de Jesus à necessidades de suas
comunidades:
• “nenhum profeta é bem recebido em sua própria
terra” (Lc 4,24; Nazaré);
• “Não há profeta sem honra, senão na sua terra”
(Mc 6,4; Nazaré);
• “Não há profeta sem honra, senão na sua terra e
na sua casa.” (Mt 13,57; Nazaré)
• “Porque o mesmo Jesus testemunhou que um
profeta não tem honras na sua própria terra.” (Jo
4,4; Jerusalém)
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Os três princípios de composição dos evangelhos:


• Adaptação:
• As principais adaptações são cronológicas, embora
existam muitas teológicas;
• A figueira sem fruto:
• “Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus
discípulos ouviram isto! E seus discípulos ouviram isto.”
(Mc 11,14 [...] E, passando eles pela manhã, viram que
a figueira secara desde a raiz.” (v 20);
• “Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou
imediatamente. Vendo isto os discípulos, admiraram-
se e exclamaram: Como secou depressa a figueira!”
(Mt 21,19-20).
23 Contextualize Divórcio (Mt 19,3-12; Mc 10,2; Lc 16,18; I Cor
os 7,10-11);
evangelhos:
A “segunda milha” (Mt 5,41).

Fique atento “não resistais ao perverso [...] volta-lhe


aos também a outra [...] deixa-lhe também a
imperativos capa. [...] vai com ele duas. Dá a quem te
pede e não voltes as costas ao que deseja
de Jesus: que lhe emprestes. [...] amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem;
[...] sede vós perfeitos” (Mt 5,38-42)
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A centralidade do conceito de Reino de Deus:
“ninguém ouse O caráter escatológico
pensar que pode do NT:
interpretar “o arcabouço
corretamente os teológico básico de
evangelhos sem um todo o Novo
entendimento mínimo Testamento é
do conceito do reino escatológico.”
de Deus no ministério
de Jesus.”
A Essa nova era seria um tempo de justiça (Is
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natureza 11,4-5);
do Reino Os homens viveriam em paz (Is 2,2-4);
de Deus;
Seria um tempo de plenitude do Espirito (Jr
2,28-30);
A nova aliança apregoada por Jeremias seria
realizada (Jr 31,31-34; 32,38-40);
O pecado e a enfermidade seriam anulados
(Zc 13,1; Is 53,5);
Até mesmo a criação material sentiria os
efeitos da nova era (Is 11,6-9).
26 O reino de Deus e a crise da igreja

O PONTO: O Reino de Deus, já veio:


• O messias prometido já veio (Jesus);
• O Espírito já foi derramado em plenitude;
• A nova aliança já foi estabelecida...

O CONTRA-PONTO: A presente era ainda não passou:


• O pecado ainda se faz presente e domina as pessoas;
• A morte ainda atua pelo poder do pecado;
• A maldade humana ainda atua;
• Israel ainda continua subjugado.

O DILEMA DA IGREJA: Como entender isso?


27

Igreja: comunidade de dois mundos


•Jesus não viera para introduzir o fim “definitivo”,
mas o “começo” do fim;
•Com a morte e a ressurreição de Jesus e com a
vinda do Espirito, o reino de Deus foi iniciado;
•As bênçãos e os benefícios do futuro já podem
ser experimentados pela igreja;
•O reino de Deus já chegou, porém, não
plenamente;
28 O contraste entre o “já, mas ainda não”
O "Já" O "Ainda não"
Mas ainda não fomos aperfeiçoados (Fp
Já conhecemos o perdão divino (I Jo 1,9)
3,10-14)
Mas ainda temos que morrer (Fp 3,20-
Já vencemos a morte (ICo 3,22)
21)
Mas ainda não deixamos o mundo de
Já vivemos no Espírito (Gl 5,5)
Satanás (Ef 6,10-17)

Já não temos nenhuma condenação para Mas ainda haveremos de enfrentar um


enfrentar (Rm 8,1; ICor 5,17) julgamento futuro (2Co 5,10).

Vivemos a ética e os valores do Reino de Mas ainda estamos no mundo


Deus “governado” por Satanás
29
O contraste entre o “já, mas ainda não”
30 O contraste entre o “já, mas ainda não”

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