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PEC: 169808-7  Código SUSEPE:  


Vera  Lucia  Fleck​​,  filha  de  -  e  de  Maria  Vanilda  Ribeiro,  nascida  em  01/11/1982,  RG
7086795866/RS 
 
 
 
Vistos.
 
I – Prisão Domiciliar
O art. 117 expõe, taxativamente, as circunstâncias em que
é admissível a prisão domiciliar, dentre as quais o perfil da apenada não se
encaixa, pois cumpre pena privativa de liberdade sob regime fechado. 
No que tange à filha menor de idade, verifica-se que a
mesma conta com 05 anos, ou seja, à data do fato, já era nascida e, mesmo
assim, sua mãe envolveu-se em tráfico de drogas, tendo conhecimento das
consequências de tal conduta.  
De qualquer sorte, como referido pela psicóloga nos
documentos apresentados pela defesa (fls. 148/149), a criança encontra-se
sob a guarda da tia e avó maternas, bm como está recebendo tratamento
psicológico e frequentando a escola. 
De acordo com a jurisprudência, não basta a existência de
filhos menores de idade para a concessão de prisão domiciliar, sendo
indispensável a inexistência de pessoa para cuidá-los e que estejam em
situação de risco; isso porque a finalidade da benesse é o bem-estar do
menor – e não da genitora.
Impossível que o afastamento da mãe não gere reflexos na
criança, porém, como bem ressaltado pelo Ministério Público, caso fosse
deferido o benefício postulado – que não encontra respaldo no art. 117 da
LEP, como já mencionado -, este deveria ser estendido a todas as genitoras
que se encontram cumprindo pena privativa de liberdade, o que significaria
impunidade e o crescimento ainda maior do ingresso de mulheres no mundo
do crime.
Nesse sentido:
 
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PRISÃO DOMICILIAR.
CONDENADA COM FILHOS MENORES. NÃO CABIMENTO.
PECULIARIDADES DO CASO EM APREÇO. TRÁFICO PRATICADO EM
CASA. PEDIDO DENEGADO. ORDEM CONCEDIDA, DE OFÍCIO. 1. O
recolhimento da condenada em residência particular, ainda que presente
alguma das hipóteses previstas nos incisos do art. 117 da LEP, não
constitui injunção legal inafastável, porquanto cabe ao magistrado verificar
se o caso concreto recomenda a medida. No caso da primeira parte do
inciso III do mencionado dispositivo legal (condenada com filho menor), em
especial, deve-se atentar não para o interesse da apenada, mas, sobretudo,


PEC: 169808-7 
 

para o melhor interesse das crianças. 2. ​In casu​, a paciente ostenta duas
condenações por tráfico de drogas e respectiva associação, sendo um
dos delitos praticados no interior da própria residência, situação que,
além de revelar elevada periculosidade, compromete, à toda evidência,
o regular desenvolvimento dos filhos menores, inseridos pela própria
mãe em um ambiente absolutamente inadequado, tudo a recomendar
que eles permaneçam sob os cuidados da avó. ​3. Pedido de prisão
domiciliar denegado. Ordem concedida, de ofício, apenas para considerar,
para os devidos fins, o período de "suspensão" da execução da reprimenda
(sem qualquer previsão legal) como tempo de pena efetivamente cumprido.
(Habeas Corpus 416501/RS, 6ª Turma do STJ, Relator: Ministro Sebastião
Reis Júnior, julgado em 20/02/2018) 

RECURSO DE AGRAVO. EXECUÇÃO PENAL. REGIME FECHADO.


PRISÃO DOMICILIAR. FILHO MENOR. INDEFERIMENTO.
IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. Não obstante a previsão expressa do art.
117 da LEP que admite a concessão de prisão domiciliar à condenada com
filho menor, esse benefício não se dá de modo automático. Ou seja, não
basta a comprovação através de certidão de nascimento ou mediante
demonstração de vínculo afetivo existente entre mãe e filho menor. Aliás,
em relação ao vínculo afetivo que se estabelece entre mãe e filho, esse
decorre de presunção diante do que se dá ordinariamente. ​Imprescindível,
porém, que seja suficientemente demonstrada a necessidade da
concessão do benefício, sempre tendo por finalidade o bem estar do
menor. Caso concreto em que os menores possuem outros familiares aptos
a lhes prestar assistência, não configurando situação de desamparo a
autorizar a concessão do benefício. RECURSO IMPROVIDO. (Agravo Nº
70075327973, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Victor Luiz Barcellos Lima, Julgado em 26/10/2017)  

Ressalte-se que o HC Coletivo 111840 apenas diz respeito a


presas provisórias, o que não é a hipótese dos autos, em que já houve
condenação, confirmada pelo Tribunal de Justiça.
Pelo exposto, ​indefiro ​o pedido de prisão domiciliar, visto
que a apenada não preenche os requisitos descritos no art. 117, ​caput, ​da
LEP;  
II – Visita Íntima
Não havendo resposta ao e-mail de fl.131, reitere-se;
III - Detração
Acolho a manifestação do Ministério Público, no sentido
de indeferir a detração do período em que a apenada cumpriu medidas
cautelares substitutivas à prisão preventiva, pois não há previsão legal no
art. 42 do CP;
IV – Agravo referente despacho de fl. 76
Junte-se aos autos a decisão que recebeu o Agravo (fl. 133
do PEC).
Mantenho a decisão agravada por seus próprios
fundamentos.
Remeta-se ao Tribunal de Justiça.

PEC: 169808-7 
 

Intimem-se.
Cópia da presente servirá como ofício.  

Bento Gonçalves, 14/08/2018. 


 
 
 
Fernanda Ghiringhelli de Azevedo, 
Juíza de Direito. 


PEC: 169808-7 

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