You are on page 1of 3

BIOGRAFIA

FLORESTAN FERNANDES (1920-1995)

 Considerado um dos mais importantes sociólogos brasileiros


 Nasceu em São Paulo em uma família pobre
 Trabalhou como auxiliar de barbearia, copeiro, garçom, etc.
 Ingressou na USP em 1941 e doutorou-se em 1951
 Colaborou em diversas pesquisas com o Sociólogo francês Roger Bastide
 Professor na Universidade de São Paulo
 Aposentado compulsoriamente em 1964 com a chegada da ditadura
 Foi para o Canadá e para os Estados Unidos, onde lecionou em como
universidades como Yale, Columbia e Toronto
 Ao voltar para o Brasil participou ativamente de movimentos como Diretas Já
 Eleito Deputado Federal em 1986 pelo Partido dos Trabalhadores
 Ajudou na elaboração da constituição de 1988
 Reeleito como Deputado Federal em 1990
 Faleceu em 1995 após realizar um transplante de fígado

RESUMO

A obra “Capitalismo Dependente e Classes Sociais na América Latina”,


publicada em 1973, está dividida em três partes: “Padrões de Dominação Externa na
América Latina”; “Classes Sociais na América Latina” e por fim “Sociologia,
modernização autônoma e Revolução Social”, sendo utilizado para a elaboração deste
trabalho apenas a segunda parte.
Nessa secção Florestan irá falar sobre os fatores que levaram países, possuidores
de um mesmo sistema econômico (capitalismo), a alcançar resultados tão distintos. Para tal,
o autor desenvolve seu pensamento em três temas principais: existem classes sociais
na América Latina? ; capitalismo dependente e classes sociais; classe, poder e
revolução social.
Para responder a pergunta do primeiro tema Fernandes diz que “As classes
sociais não ‘são diferentes’ na América Latina. O que é diferente é o modo pelo qual
o capitalismo se objetiva e se irradia historicamente como força social.” e, portanto, a
estrutura das classes sociais não devem ser apreendidas a partir dos moldes
“clássicos” europeu. Segundo o sociólogo os países latino-americanos não possuem
estruturas de crescimento próprio que possibilitem as transformações necessárias para que
alcancem uma ordem societária do capitalismo tipicamente "clássico". Isso não quer dizer,
porém, que os países da América Latina não desenvolveram um tipo de estratificação de
classe inerente do capitalismo. Assim, é necessário que os estudos a cerca das classes
sociais nesses países sejam realizados tendo em mente seus dinamismos e suas
realidades particularidades. Em outras palavras, é importante estar ciente de que países
colonizadores são diferentes dos países que foram colonizados e explorados, "(...) enquanto
se manteve, o antigo sistema colonial impediu que o mercado e o sistema de produção
assimilassem as formas e os dinamismos da economia e da sociedade de mercado,
importantes no mundo metropolitano. As transformações que ele sofreu, sob o império do
pacto colonial, não visam a uma revolução dentro da ordem que transferisse o controle do
"capitalismo político monopolizador" (...) das metrópoles para as colônias: elas se voltavam
para o aperfeiçoamento da exploração colonizadora e da própria ordem colonial, que
precisavam ser reajustadas às modificações do capitalismo da Europa e às realidades
cambiantes do mundo colonial" [p.47]. O autor também diz que as classes sociais sul-
americanas não conseguem preencher suas principais funções destrutivas e
construtivas dentro da sociedade, o que acaba por aprofundar a concentração de
poder e riqueza pela classe dominante enquanto aumenta as desigualdades sociais
vividas pela classe trabalhadora.
Em seguida Florestan aborda o segundo tópico, onde irá discorrer sobre o
capitalismo dependente e a sociedade de classes. Para o sociólogo capitalismo dependente
é uma especificidade do capitalismo. Em sua obra, capitalismo dependente se apresenta
como um sistema econômico que não se integra da mesma forma que sob o
capitalismo avançado, visto que coordena e equilibra estruturas econômicas em
diferentes estágios de evolução econômica, conferindo em diferentes níveis, aspectos
arcaicos e modernos em distintos setores.
O autor também diferencia o capitalismo “clássico” ou “normal” do capitalismo
presente na América Latina. O primeiro seria “o modelo que envolve condições e efeitos
que não se concretizaram historicamente da mesma maneira ou que se manifestaram ao
nível estrutural de outra forma e com outra intensidade, como: crescimento econômico
auto-sustentado; modernização tecnológica autônoma e acelerada; expansão para fora,
com a apropriação da riqueza de outros povos e a incorporação deles aos dinamismos
econômicos, culturais e políticos das nações capitalistas em expansão neocolonial e
imperialista; impulsões diferenciadoras do processo de acumulação de capital e seus
sucessivos impactos na reorganização do sistema de produção; a articulação econômica,
sociocultural e política das revoluções agrícola, urbana e industrial, e sua seriação em
seqüência; racionalização do direito, da administração e das funções econômicas do
Estado; formação e consolidação de uma ordem civil burguesa, suficientemente homogênea
e fluida para instituir a. "hegemonia burguesa", mas bastante, aberta para canalizar a
competição e o conflito, em escala setorial e nas relações de classe, de acordo com padrões
de conciliação que fortaleciam o monopólio social do poder e do Estado pelas classes
dominantes; desintegração da cultura de “folk”, que era uma "cultura de pobreza", e
proletarização das camadas destituídas, transformadas em classe operária e ativamente
empenhadas, como tal, no uso da competição e do conflito nos planos econômico,
sociocultural e político; emergência da conciliação como mecanismo político de acomodação
dos interesses de classe, de diferenças regionais e de atividades partidárias conflitantes;
dualidade da política econômica, simultaneamente "nacional" e "mundial", isto é, voltada
para o desenvolvimento econômico interno e a integração nacional da economia através da
conquista de hegemonia econômica, cultural e política sobre outros povos, submetidos a
uma dominação neocolonial ou imperialista” (pp. 44-45). Enquanto o segundo traz em sim
as marcas da apropriação e expropriação sofrida durante o período colonial, uma economia
que não é autossustentada e um sistema dificilmente autônomo. Mas ambos apresentam o
componente da acumulação de capital para expansão das economias centrais e dos
setores sociais dominantes.
A economia capitalista dependente está sujeita a uma depleção de suas
riquezas, sejam elas existentes ou potencialmente acumuláveis, o que não permite o
monopólio do excedente econômico por seus próprios agentes privilegiados. Isso faz
com que a classe de trabalhadores e destituídos da população fiquem sempre
submetidos aos mecanismos de sobre-apropriação e sobre-expropriação capitalistas.

You might also like