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Capítulo 7

ESCOAMENTOS EXTERNOS

§ A camada limite se desenvolve sem restrições


§ Existe sempre uma região do fluido for a da camada limite

§ Convecção forçada:
§  escoamento ocorre devido a agentes externos
§ Convecção natural:
§  escoamento ocorre devido a forças de empuxo causadas
por diferenças da densidade no fluido (devido a
diferenças de temperatura ou concentração)

§ Objetivo: queremos determinar h para diferentes geometrias e


obter correlações do tipo: Nux=f(x,Rex,Pr), ou Num=f(ReL,Pr)
1
- Método Empírico: obtenção de h a partir de dados experimentais
Exemplo: placa plana
Pr1
IE = q = h L As (Ts − T∞ )
log Nu L
Pr2
U,T∞ Ts,As
Pr3
€ €
I E
log ReL

- medindo q e as temperaturas para diferentes


condições, obtemos h ou Nu:
Nu L = C Re mL Pr n
C,m,n − dependem da geometria e do tipo de escoamento
-OBS: as propriedades são consideradas constantes. Em geral,
utiliza-se uma temperatura média (p.ex. entre a superfície e o
€ ambiente) 2
- Solução exata: placa plana (dp/dx=0)
- Escoamento laminar: solução pelo método da similaridade
- Hipóteses: - regime permanente
- fluido incompressível
- propriedades constantes
-dissipação viscosa desprezível
-Equações de conservação:
∂u ∂v
+ =0
∂x ∂y

⎛ ∂u ∂u ⎞ ⎛ ∂ 2u ⎞
⎜⎜ u + v ⎟⎟ = ν ⎜⎜ ⎟
2 ⎟
⎝ ∂x ∂y ⎠ ⎝ ∂y ⎠

⎛ ∂T ∂T ⎞ ⎛ ∂ 2T ⎞
⎜⎜ u +v ⎟⎟ = α ⎜ ⎟
⎜ 2 ⎟
⎝ ∂x ∂y ⎠ ⎝ ∂y ⎠

3
- Problema hidrodinâmico: solução de Blasius
hipótese: u/U=g(η) η≈y/δ, η: variável de similaridade

Pela análise de ordem de grandeza, δ ≈ υ x /U


pode-se estimar
η ≡ y U/(υ x)
ϕ: função corrente: utilizada para ∂φ ∂φ
u≡ v≡−
eliminar a equação da continuidade ∂y ∂x

Função corrente adimensional: f (η ) = φ / g ( x ) ; g ( x ) = U υx / U

transformação de coordenadas: (x,y) (x,η)


∂η U η ∂η y U η
= = =− =−
∂y υ x y ∂x 2 υ x3 2x

4
∂η U η ∂η y U η
φ = f (η ) U υx / U = = =− =−
∂y υ x y ∂x 2 υ x 3 2x
=0
!
∂ϕ ∂ϕ ∂η ∂ϕ ∂x ∂ϕ ∂η df df
u= = + = =U u=U
∂y ∂η ∂y ∂x ∂y ∂η ∂y dη dη

∂ϕ ⎛ ∂ϕ ∂η ∂ϕ ∂x ⎞ 1 υU ⎛ df ⎞ 1 υU ⎛ df ⎞
v=− = −⎜⎜ + ⎟⎟ = ⎜⎜η − f ⎟⎟ v= ⎜⎜η − f ⎟⎟
∂x ⎝ ∂η ∂x ∂x ∂x ⎠ 2 x ⎝ dη ⎠ 2 x ⎝ dη ⎠

∂u d ⎛ d f ⎞ dη U d 2f ∂ 2 u U 2 d 3f
=U ⎜⎜ ⎟⎟ =U =
∂y dη ⎝ dη ⎠ dy υx dη 2 ∂y 2 υ x dη 3

∂u ∂ ⎛ df ⎞ d 2 f ∂η U d 2f
= ⎜ ⎟= =− η
∂x ∂x ⎜⎝ dη ⎟⎠ dη 2 ∂x 2 x dη 2

5
- A equação de momentum resulta numa equação diferencial ordinária:

d3 f d2 f
2 + f =0
dη 3 dη 2

CC : u ( x ,0 ) = v ( x ,0 ) = 0

u( x, ∞) = U

df df
⇒ = f (0) e =1 f ( 0) = 0
dη η = 0 dη η → ∞

- A solução da equação pode ser obtida por expansão em série ou


integração numérica
6
- A solução da equação
5 5x
-Para η=5, u/U=0,99 ⇒δ = =
U / υx Re x

∂u U d2 f
- Tensão cisalhante τs = µ = µU
∂y y =0 υx dη 2
η =0

ρµU
τ s ( x ) = 0,332 U
x

τ s ( x)
- Coeficiente de atrito Cf ≡ = 0,664 Re −x 1 / 2
x ρU2 / 2

7
-A equação da energia pode ser resolvida com o campo de
velocidades (também pelo método da similaridade):
T − Ts
T ** =
T∞ − Ts

T ** = T * (η ) H ( x )

Mostra - se que H ( x ) = 1

d 2T * Pr dT *
⇒ + f =0
dη 2 2 dη

CC : T * ( 0 ) = 0 T * ( ∞ ) = 1 8
-Esta equação da energia pode ser resolvida numericamente, para
diferentes valores de Prandtl.

-Para Pr > 0,6:

dT *
= 0,332 Pr 1 / 3
dη η = 0

1/ 2
q "s T∞ − Ts ∂T * ⎛U ⎞ dT *
hx = =− k = k⎜ ⎟
Ts − T∞ Ts − T∞ ∂y y = 0 ⎝ υx ⎠ dη η = 0

hx x
⇒ Nu x ≡ = 0,332 Re1x / 2 Pr 1 / 3
k

9
- Da solução da equação de energia, δ/δt ≈Pr1/3

τ sx
Cf x ≡
ρU 2 / 2

1 x −1 / 2
τ sx ≡ ∫0 τ sx dx ⇒ Cf x = 1,328 Re x
x

1/ 2
1 k ⎛U ⎞ x 1
h x ≡ ∫0x hx dx = 0,332 Pr 1 / 3 ⎜ ⎟ ∫0 1 / 2 dx = 2 hx
x x ⎝υ ⎠ x

h x
Nu x ≡ x = 0,664 Re1x/ 2 Pr 1 / 3 (Pr > 0,6)
k

10
- Para metais líquidos (Pr << 1) a equação anterior não é válida.

-Nestes casos, δ << δt, e é razoável assumir que u=U.

Resolvendo a equação de energia chega-se a:

Nu x = 0,565Pe1x / 2 Pr ≤ 0,05, Pe x = Re x Pr ≥ 100

11
- Correlação de Churchill e Ozoe: escoamento laminar, placa plana
isotérmica, qualquer Pr

0,3387 Re1x/ 2 Pr 1 / 3
Nu x = Pe x ≥ 100
1/ 4
[1 + (
0,0468 / Pr 2 / 3)]
Nu x = 2 Nu x

- Escoamentos turbulentos:
Cf x = 0,0592 Re −x 1 / 5 Re x < 10 7

δ = 0,37 x Re −x 1 / 5

δt ≈ δ

Nu x = 0,0296 Re 4x / 5 Pr 1 / 3 0,6 < Pr < 60 12


-Camada Limite mixta:
região de transição (entre a CL laminar e a turbulenta)
1 xc
hL =
L
( L
∫0 hlam dx + ∫xc hturb dx )
[ ( )]
⇒ Nu L = 0,664 Re1x/, c2 + 0,337 Re 4L / 5 − Re 4x ,/c5 Pr 1 / 3

para

( )
Re x , c = 5 x10 5 → Nu L = 0,037 Re 4L / 5 − 871 Pr 1 / 3 0,6 ≤ Pr ≤ 60, 5 x10 5 ≤ Re L ≤ 10 8

Analogamente,

0,074 1742
Cf L =
1
Re L/ 5

Re L
(Re x, c = 5x10 5 ,5x10 5 ≤ Re L ≤ 108 )
Quando L >> xc ⇒ Re L >> Re x , c :

Nu L = 0,037 Re 4L / 5 Pr 1 / 3 ; Cf L = 0,074 Re −L1 / 5 13


-Casos especiais:
-CL térmica começando após a CL hidrodinâmica
2p
⎡ 2 p +1 ⎤ 2 p +1
L ⎢ ⎛ξ ⎞ 2 p+2 ⎥
U,T∞ Nu *L = Nu L ⎢ 1− ⎜ ⎟ ⎥
ξ =0 L − ξ L
⎢⎣ ⎝ ⎠ ⎥⎦
Ts=T∞ Ts>T∞
x=0 p=1 - escoamento laminar
ξ
p=4 - escoamento turbulento

-CC de fluxo na superfície (qs=cte, Ts≠cte)

- escoamento laminar: Nux=0,453Rex1/2Pr1/3 Pr > 0,6

- escoamento turbulento: Nux=0,0308Rex4/5Pr1/3 0,6 < Pr < 60


14
-  Metodologia para cálculos de convecção:
1.  Determinar a geometria do escoamento
2.  Especificar a temperatura de referência e calcular as
propriedades
3.  Calcular Re e determinar o regime de escoamento
4.  Selecionar a correlação apropriada

15
-  Exemplo: Placa plana (largura W=1m), isotérmica (Ts=230oC),
com aquecedores elétricos. Determinar em qual
aquecedor a potência é máxima, e qual o seu valor.

T∞=25oC
U=60m/s q"conv
ar
1 2 3 4 5 6
Li=50mm q"ele

16
- Escoamento cruzado sobre um cilindro
- Gradiente de pressão adverso causa a separação do escoamento
- Separação da CL resulta na formação de uma esteira na região
posterior ao sólido - formação de vórtices, escoamento irregular

17
Escoamentos sobre cilindros/ esferas

18
- A transição da CL influencia fortemente a posição do ponto de
separação. Transferência de momentum é maior na CL turbulenta -
transição retarda a ocorrência da separação:
- Re<2x105 - θsep≈80o
- Re>2x105 - θsep≈140o
- Formas mais afinadas - retardamento da separação

19
- A separação tem forte influência sobre a força de arraste sobre
o corpo. FD é devida ao atrito sobre a superfície e à diferença de
pressão na direção do escoamento, causada pela esteira que se
forma atrás do corpo
FD
CD ≡
A f ( ρU 2 / 2 )

C D = f (Re )

-Para Re<2 - efeitos da


separação são desprezíveis
-Maiores Re - separação (∆p)
é mais importante
- Para Re baixos (Re<0,50), CD é obtido da transição da CL
20
Lei de Stokes, CD=24/ReD
- Coeficiente de troca de calor por convecção

-Nu é fortemente influenciado pela CL:

Re > 105: 2 pontos de mínimo


Até o primeiro mínimo, Nu cai devido ao
desenvolvimento da CL laminar. Depois, Nu
cresce rapidamente na transição e volta a
cair no desenvolvimento da CL turbulenta,
até a separação

Re < 105: ponto de mínimo - ponto onde


ocorre a separação. O aumento de Nu a
seguir é devido à formação dos vórtices na
esteira

21
- Correlações para Nu - escoamento sobre cilindros
- Pr > 0,6 - análise teórica da CL:
Nu D (θ = 0) = 1,15 Re1D/ 5 Pr 1 / 3

- Correlação de Hilpert (empírica):


Nu D = C Re m
D Pr 1/ 3

propriedades avaliadas a Tf=(T∞+Ts)/2


C, m - tabelados

ReD C m

0.4-4 0.989 0.330


4-40 0.911 0.385
40-4000 0.683 0.466
4000-40000 0.193 0.618
40000-400000 0.027 0.805
22
Nu D = C Re m
D Pr 1/ 3

23
- Correlação de Zhukauskas
1/ 4
m n ⎛ Pr ⎞ 0,7<Pr<500
Nu D = C Re D Pr ⎜⎜ ⎟
⎟ 1<ReD<106
⎝ Prs ⎠

propriedades a T∞, Prs a Ts,


para Pr < 10 - n=0.37,
Pr ≥ 10, n=0.36

- Correlação de Churchill e Bernstein: para ReDPr > 0.2


4/5
5/8⎤
0,62 Re1D/ 2 Pr 1 / 3 ⎡ ⎛ Re
D ⎞
Nu D = 0,3 + ⎢1 + ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥
1 / 4
[
1 + (0, 4 / Pr )2 / 3 ] ⎢ ⎝ 282000 ⎠



- obs: erros da ordem de 20% 24
- Correlações para Nu - escoamento sobre esferas

- Correlação de Whitaker:
1/ 4
⎛ µ ⎞
( 1 / 2 2 / 3 0
Nu D = 2 + 0, 4 Re D + 0,06 Re D Pr ⎜⎜ , )
4 ⎟

⎝ µs ⎠
0,71<Pr<380
3,5<ReD<7.6x104
propriedades a T∞

- Correlação de Ranz e Marshall (para esferas em queda em líquidos)


Nu D = 2 + 0,6 Re1D/ 2 Pr1 / 3

- Para ReD→0, ambas as equações levam a Nu=2 (=resultado


obtido para condução de uma esfera num meio semi-infinito) 25
Exemplo

A cobertura de plástico de uma esfera de cobre de 10 mm de


diâmetro é curada num forno a 75 oC. Ao sair do forno, a esfera é
exposta ao ar ambiente, a 1 atm e 23 oC, e velocidade de 10 m/s.
Estime quanto tempo levará para resfriar a esfera até a
temperatura de 35 oC.

Ti=75 oC
Tf=35 oC
ar

26
- Escoamento através de um conjunto de cilindros

- O coeficiente de troca de calor é função da posição de cada tubo


no arranjo
-Em geral vamos querer determinar h médio 27
Nu D = C1 Re m
D , max
- Correlação de Grimison: para 10 ou mais linhas (NL ≥ 10)
ρvmax D
2000 < Re D , max ≡ < 40000
µ

Pr = 0.7

ST ST 2 1/2
vmax =
ST − D
v vmax =
2(S D − D )
v SD = [
S L2 + (ST / 2 ) ]
$!! !#!!! " $!!!#!!!"
arranjo alinhado, desalinhado arranjo desalinhado se SD < (ST + D)/2

propriedades a Tf=(T∞+TS)/2 28
- Equação modificada, para Pr ≥ 0.7:
Nu D = 1,13C1 Re m
D , max Pr 1/ 3

2000 < Re D , max < 40000

-Para NL<10: usar um fator de correção Nu D N <10 = C 2 Nu D N ≥10


L L

- Coeficientes para a equação de Grimison:

29
- Correlação de Zhukauskas:
1/ 4
m
"
0.36 Pr
%
Nu D = C Re D,max Pr $ '
# Prs &
N L ≥ 20
0.7 < Pr < 500
1000 < Re mD,max < 2 ×10 6
propriedades a (Tent + Tsai ) /2

- se NL<20: Nu D N L <20
= C2 Nu D N
L ≥20

30
- A temperatura varia muito ao longo do arranjo (ΔT=TS-T∞ cai).
Assim, o valor do fluxo de calor calculado como q"=h ΔT é
superestimado. Devemos usar uma temperatura média para
corrigir isso:
ΔTlm =
(Ts − Ti ) − (Ts − To )
ln[(T − Ti ) /(Ts − To )]
s 
diferença média logaritmica de temperatura (DMLT)

To :
(Ts − To ) = exp&( −πDNh )+
( ρvN S c +
(Ts − Ti ) ' T T p*

q
L
(
= N hπDΔTlm )
& ρv 2 )
Δp = N L χ ( max + f
' 2 *

queda de pressão
ao longo dos tubos 31
Exemplo
Água pressurizada a altas temperaturas é muito utilizada para
aquecimento de salas ou aplicações industriais. Em geral temos
um arranjo de tubos, com a água passando no interior dos tubos
e ar escoando em volta. Para o arranjo da figura, calcule:
a)  o coeficiente de troca de calor externo e o calor trocado no arranjo
b)  a queda de pressão do ar que passa através dos tubos
SL=34,3mm D=16,4mm
Ts=70 oC
ST=31,3mm

ar
v=6m/s
T∞=15 oC

32
linha 7
linha 1 (8 tubos por linha)
Resultados:

T T
v=6m/s NL=25

q'
q'

NL v

33
- Outras geometrias com aplicações importantes:
- Jatos sobre superfícies: secagem de tecidos e papéis, resfriamento
de componentes
- Em geral utiliza-se um conjunto de jatos
- O coeficiente de troca de calor (ou o Nu)é função da
velocidade e temperatura de saida dos jatos, da geometria e
dimensoes do jato e da distancia entre a saida do jato e a
superficie, alem dos adimensionais Re e Pr

-Leitos porosos:transferencia e armazenamento de energia termica


secagem
-Coeficiente de troca de calor dependem dos tamanos das
particulas, forma e densidade do leito

34
Resumo

35

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