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verve
Revista Semestral do Nu-Sol — Núcleo de Sociabilidade Libertária
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP
12
2007
VERVE: Revista Semestral do NU-SOL - Núcleo de Sociabilidade Libertária/
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP.
Nº12 ( outubro 2007 - ). - São Paulo: o Programa, 2007 -
Semestral
1. Ciências Humanas - Periódicos. 2. Anarquismo. 3. Abolicionismo Penal.
I. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos
Pós-Graduados em Ciências Sociais.
ISSN 1676-9090
Editoria
Nu-Sol – Núcleo de Sociabilidade Libertária.
Nu-Sol
Acácio Augusto S. Jr., Anamaria Salles, Andre Degenszajn, Beatriz Scigliano
Carneiro, Bruno Andreotti, Edson Lopes Jr., Edson Passetti (coordenador),
Eliane Knorr de Carvalho, Flávio Fraschetti, Guilherme C. Corrêa, Gustavo
Ferreira Simões, Gustavo Ramus, Lúcia Soares da Silva, Marcelo Peccioli,
Márcio Ferreira Araújo Jr., Natalia M. Montebello, Nildo Avelino, Rogério H.
Z. Nascimento, Salete Oliveira, Thiago M. S. Rodrigues, Thiago Souza Santos.
Conselho Editorial
Adelaide Gonçalves (UFC), Christina Lopreato (UFU), Clovis N. Kassick
(UFSC), Guilherme C. Corrêa (UFSM), Guilherme Castelo Branco (UFRJ),
Margareth Rago (Unicamp), Roberto Freire (Soma), Rogério H. Z. Nascimento
(UFPB), Silvana Tótora (PUC-SP).
Conselho Consultivo
Alexandre Samis (Centro de Estudos Libertários Ideal Peres – CELIP/RJ),
Christian Ferrer (Universidade de Buenos Aires), Dorothea V. Passetti
(PUC-SP), Francisco Estigarribia de Freitas (UFSM), Heleusa F. Câmara
(UESB), José Carlos Morel (Centro de Cultura Social – CSS/SP), José Eduardo
Azevedo (Unip), José Maria Carvalho Ferreira (Universidade Técnica de
Lisboa), Maria Lúcia Karam, Paulo-Edgar Almeida Resende (PUC-SP), Robson
Achiamé (Editor), Silvio Gallo (Unicamp, Unimep), Vera Malaguti Batista
(Instituto Carioca de Criminologia).
ISSN 1676-9090
verve
revista de atitudes. transita por limiares e ins-
tantes arruinadores de hierarquias. nela, não
há dono, chefe, senhor, contador ou progra-
mador. verve é parte de uma associação livre
formada por pessoas diferentes na igualdade.
amigos. vive por si, para uns. instala-se numa
universidade que alimenta o fogo da liberda-
de. verve é uma labareda que lambe corpos,
gestos, movimentos e fluxos, como ardentia.
ela agita liberações. atiça-me!
Poder e anarquia.
Apontamentos libertários sobre
o atual conservadorismo moderado
Edson Passetti 11
A tragédia Russa
(Uma revisão e uma perspectiva — ou panorama)
Alexander Berkman 81
A revolução do presente
Tânia Fonseca, Selda Engelman, Patrícia Kirst 238
RESENHAS
Mais do mesmo
Gabriel Espiga 315
michel foucault, no curso o governo dos vivos, falando
abertamente sobre anarqueologia.
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Poder e anarquia
poder e anarquia.
apontamentos libertários sobre o atual
conservadorismo moderado.
edson passetti*
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Reviravoltas anarquistas
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Sociedade de controle
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Penalidades
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Poder e anarquia
Konstantinos Kaváfis
Notas
1
Cf. Piotr Alexeyevich Kropotkin. Russian and french prisons. Londres, Ward an
Downey, 1887. Kropotkin, de maneira positivista chega a elogiar Pinel como o
libertador dos loucos.
2
Nesta época os anarquistas criaram a associação Cruz Negra Anarquista, para
tornar públicas as práticas de repressão e aniquilamento dos bolchevistas contra
eles. Cf. Acácio Augusto. “Os anarquistas e as prisões: notícias de um embate
histórico”, in Verve. São Paulo, Nu-Sol, 2006, v. 9, pp. 129-141.
3
Cf. Loïc Wacquant. As prisões da miséria. Tradução de André Telles. Rio de Janeiro,
Jorge Zahar Editor, 2003.
4
Cf. Michel Foucault. Securité, population, territoire. Paris, Gallimard/Seuil, 2004; e
Naissance de la biopolitique. Paris, Gallimard/Seuil, 2004.
5
Cf. Pierre-Joseph Proudhon. De la capacité politique des classes ouvrières. Paris,
Marcel Rivière, 1924.
6
Cf. Pierre-Joseph Proudhon. “Sobre o princípio da associação”, in Verve. São
Paulo, Nu-Sol, 2007, v. 11, pp. 44-74.
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7
Cf. Max Stirner. O único e a sua propriedade. Tradução de João Barrento, Lisboa,
Antígona, 2004.
8
Cf. Jean Maitron. “Émile Henry, o Benjamin da anarquia”, in Verve. São Paulo:Nu-
Sol, v. 7, 2005, pp. 11-41.
9
Cf. Edson Passetti. “Pensamento libertário, terrorismos e tolerância”. Lisboa,
Coleção Papers, 2007, 25 fls. http://pascal.iseg.utl.pt/~socius/publicacoes/wp/
wp200702.pdf. Edson Passetti e Salete Oliveira (orgs.). Terrorismos. São Paulo,
Educ, 2006.
Ver em especial, Richard Sennett. A cultura do novo capitalismo. Tradução de Clóvis
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RESUMO
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wilhelm schmid*
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Mudança de perspectivas
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Notas
1
Publicado em Nietzsche Studien, 21 (1992), pp. 50-62.
Doutor em História pela USP, pesquisador colaborador no Departamento de
2
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o grau mais favorável a que se pode chegar numa determinada coisa ou atividade,
no caso, a própria existência (NT).
31
De Sils-Maria à mãe e à irmã, em 9 de julho de 1881.
32
Vir obscurissimus significa “o mais obscuro dos homens”. Com esta expressão,
Nietzsche se refere ao anonimato em que viveu e escreveu sua obra. Nietzsche foi
pouco lido em vida e até sua morte permaneceu desconhecido do grande público
(NT).
33
Lathe biosas significa “esconde tua vida”, ou seja, vive no anonimato, sem atrair a
atenção sobre si mesmo e, portanto, sem perseguir a glória, o poder ou a riqueza.
Esta máxima ética reflete a postura epicurista de não participar da vida pública.
Apesar de sua associação ao epicurismo, no período do império, o Lathe biosas podia
ser aplicado a todos que pensavam ser mais sábio afastar-se da vida política e das
glórias, daí a associação que Schmid faz com o estoicismo. Ovídio a traduzirá pela
fórmula latina bene vixit, qui bene latuit (“vive bem aquele que sabe se ocultar”): a arte
de viver torna-se uma arte da esquiva (NT). Agradeço ao Prof. Pedro Paulo Funari
pelos úteis esclarecimentos para esta nota.
34
Nietzsche se refere a isso em EH, Za, 1.
“Hast Du kein Glück mehr übrig mir zu geben, wohlan! noch hast du deine
35
Pein...” (NT).
36
KSA 12, 2[66].
37
BM 205.
38
KSA 11, 26[119]; GM III 12.
39
BM 203.
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KSA 9, 11[197].
41
KSA 9, 11[165].
42
KSA 9, 11[163].
43
BM 203.
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KSA 9, 11[48], 11[203].
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ABSTRACT
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Cena 1
*
Pesquisa coordenada por Beatriz Carneiro, com a colaboração de Acácio
Augusto, Anamaria Salles, Cibele Troyano e Eliane Knorr. Tradução de
Anamaria Salles, Eliane Knorr, Natalia Montebello. Roteiro e encenação:
Anamaria Salles, Beatriz Carneiro, Edson Passetti, Eliane Knorr, Gabriel Espiga,
Natalia Montebello e Cibele Troyano. Coordenação de Edson Passetti.
Realização: Nu-Sol. Apresentada em 28 de maio e 6 de junho de 2007, no
Teatro Tucarena, São Paulo/Brasil, com Cibele Troyano como Emma Goldman.
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Retorna ao palco.
Cena 2
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Ponto.
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Cena 3
Black-out.
Cena 4
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Black-out.
Cena 5
Abre o guarda-chuva.
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Black-out.
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Pausa. Senta-se.
Cena 6
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Black-out.
Cena 7
A atriz no escuro:
Cena 8
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Cena 9
De volta ao palco.
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Black-out.
Cena 10
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Cena 11
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(Vira-se de costas).
Cena 13
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Fim
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A tragédia russa
alexander berkman*
Prefácio
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A tragédia russa
De volta ao capitalismo!
A situação atual da Rússia é por demais anômala.
Economicamente é uma combinação de Estado e
capitalismo privado. Politicamente permanece a
“ditadura do proletariado” ou, mais corretamente, a
ditadura do círculo interno do Partido Comunista.
O campesinato forçou os bolchevistas a fazerem
concessões. Requisições forçadas foram abolidas. Em seu
lugar foi colocada a taxa em espécie, uma certa
percentagem do produto agrícola indo para o governo. A
livre troca foi legalizada e o agricultor passou a trocar
ou vender seu excedente para o governo, para as
cooperativas restabelecidas ou no mercado aberto. A
nova política econômica escancarou as portas da
exploração. Sancionou o direito de enriquecimento e de
acumulação de riquezas. O lavrador passou a lucrar com
suas bem sucedidas colheitas, arrendar mais terra e
explorar o trabalho daqueles camponeses que têm pouca
terra e nenhum cavalo para o trabalho. A escassez de
gado e ceifas ruins em algumas partes do país criaram
uma nova classe de “mão de obra agrícola” que se oferece
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Notas
1
O presente artigo compõe a Série Revolução Russa, n°1 (NE).
2
Ananias, personagem bíblico, aqui com o sentido de um mentiroso habitual.
3
Thomas Mooney (1888-1942) foi líder operário norte-americano, acusado
injustamente de colocar bombas em uma parada de preparação para entrada dos
EUA na I Guerra, em 1916. Alexander Berkman empenhou-se em campanhas para
sua libertação, e conseguiu ao menos que a pena de morte fosse suspensa.
Posteriormente, devido à sua atuação em movimentos contra a guerra, Berkman
foi preso, passou dois anos em um presídio em Atlanta e foi deportado para a
Rússia, em 1919.
4
“Santo dos santos” é o nome do local mais sagrado dentro do antigo templo de
Jerusalém.
5
Coup de main, ataque militar realizado por um único golpe com base em
surpresa e velocidade.
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A tragédia russa
6
Conde Mirbach. Embaixador alemão em Moscou; participou das negociações
de paz em Brest-Litovsk. Foi assassinado, em julho de 1918, por um membro
do Partido Socialista Revolucionário que discordava dos termos deste tratado
de paz com a Alemanha.
7
Tcheka. Nome abreviado da Comisão extraorinária panrussa para a repressão
da contra-revolução e da sabotagem, polícia secreta criada em 1917 para
combater os inimigos do governo revolucionário.
8
Razvyorstka, programa do governo que obrigava o agricultor a entregar o
excedente de sua produção a um preço fixo.
RESUMO
ABSTRACT
In this article Berkman pointed out the situation and the conditions
prevailing in Russia as being completely different from what had
been publicized among the sympathizers of the revolution. He
focused the social effects of the new economic-policy associated
with political repression, as the development of private enterprise
and even as the growth of a new industrialist class.
Keywords: Russian Revolution, anarchism, bolchevist repression
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natalia montebello*
1.
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Pesquisadora no Nu-Sol. Doutoranda na PUC/SP, com pesquisa sobre eco-
nomia e anarquismo. Secretária do Centro de Cultura Social de São Paulo.
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2.
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Notas
1
Texto apresentado no evento “Emma Goldman na Revolução Russa, aula-
teatro-vídeo”, no dia 28 de maio de 2007, no Tucarena. O evento foi organizado
pelo Nu-Sol.
2
Friedrich Nietzsche. Más allá del bien y del mal. Madrid, Alianza Editorial,
1983, p. 107.
3
Henry David Thoreau. “Walden” (fragmentos), in A desobediência Civil. Porto
Alegre, L&PM, 1999, p. 67.
4
Emma Goldman. Viviendo mi vida. Tomo II. Madrid, Fundación de Estudios
Libertarios Anselmo Lorenzo, 1996, p. 60.
5
Walt Withman. Folhas das Folhas de Relva. São Paulo, Brasiliense, 1983, pp.
110-111.
6
Emma Goldman. “La tragedia de la emancipación de la mujer”. In: La hipocre-
sía del puritanismo y otros ensayos, versión digital. http://www.antorcha.net/
biblioteca_virtual/politica/hipocresia/5.html (Consultado em: 26/05/2007)
7
Emma Goldman. Tráfico de mujeres y otros ensayos sobre el feminismo. Barcelona,
Anagrama, 1977, p. 18.
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rogério nascimento*
*
Rogério Nascimento é doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP e professor de
Antropologia na Universidade Federal de Campina Grande. Publicou Florentino
de Carvalho, pensamento social de um anarquista, Rio de Janeiro, Achimaé, 2000.
Participou do coletivo editorial do jornal Atentado com estudantes do curso de
Ciências Sociais da UFCG entre 2000 e 2001. É integrante do Nu-Sol.
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Florentino de Carvalho
A Plebe
Ano 04 – Nº 71
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São Paulo – SP
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03.07.1920
O esfacelo dos impérios, das monarquias, das repúblicas,
a desordem dos fatores econômicos, a débâcle religiosa e
moral que invade as altas camadas sociais, a perturbação
geral que parece ter posto o nosso astro fora do seu eixo,
trouxeram também ao pensamento das massas a confusão,
o desequilíbrio, perturbando a diretriz dos homens e dos
partidos.
Ante a derrocada geral, grande parte das hostes
militantes nas lutas políticas e sociais foi empolgada pela
rajada, e descambaram fora da sua órbita ideológica.
Foi tal o estrago, o desmantelo verificado na máquina
social, que não sabem qual partido seguir.
Diante da urgência do momento não atinam a tomar
uma resolução definitiva.
A aluvião cegou-os. No campo econômico não sabem se
devem pender para a reforma, para a nacionalização ou
para a transformação radical da propriedade. No terreno
político não têm uma idéia clara sobre a nova forma de
organização.
Uns enfileiraram-se nos partidos republicanos, outros
na democracia socialista, outros nos centros católicos, nos
sindicatos amarelos; outros, ainda, são pelo minimalismo,
pelo maximalismo, pela ditadura proletária.
Esta miscelânea de agrupamentos, de partidos, de
tendências, firmadas sob uma superficial observação dos
fenômenos sociais, em vez de apressar a marcha do
progresso social, serve-lhe de muralha difícil de transpor.
Nesta babel moderna nós não perdemos, felizmente,
o nosso tino, a nossa diretriz.
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Ao deputado M. de Lacerda
Florentino de Carvalho
A Plebe
Ano 04 – Nº 72
São Paulo – SP
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10.07.1920
A tese mais importante abordada pelo ilustre deputado
Maurício de Lacerda nas suas conferências aqui realizadas
foi a da inanidade do comunismo anárquico. Disse que esse
ideal é o mais belo, o mais sublime que a humanidade
tinha podido conceber; as massas, porém, não estavam
preparadas para tão elevada realização. Era preciso
estabelecer um regime, de transição, o maximalismo, por
exemplo, tal como se havia verificado na Rússia.
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Florentino de Carvalho
A Obra
Ano 0I – Nº 12
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São Paulo – SP
Página 07
01.09.1920
Trabalhadores!
Libertários!
A hora presente, hora de transcendental importância
nos destinos humanos, instante no qual o caos econômico
e político universal, transtornou o cérebro do homem, que
naufraga num “mare magnum” de idéias, de doutrinas,
de fatos estonteantes: que resvala pelo declive das
contemporizações, das concessões, dos arranjos, das
colaborações, exige elevação de vistas, pensamentos
profundos, vontades férreas, inquebrantáveis. Quem não
se investir dessa armadura invulnerável, não poderá
resistir à onda avassaladora que ameaça a derrocada
ideológica dos apóstolos da liberdade.
Por sobre os destroços, as confusões da sociedade
burguesa, acima das fascinantes realidades, deve pairar
incólume as rutilantes idéias libertárias, a mais preclara
doutrina inspirada na filosofia do anarquismo.
De que servem as enganosas perspectivas dos
movimentos socialistas autoritários se eles hão de ser
realizados a custo de incoerências, de quebra de princípios
por parte dos que professam ideais mais perfeitos e mais
dignificantes?
Nós podemos deixar de apoiar qualquer revolta que tenda
ao esfacelo da sociedade burguesa, mas não podemos
formar grupos, associações ou partidos que não sejam
edificados sobre o pedestal dos nossos princípios.
Nas nossas doutrinas encontramos processos para todas
as realizações, isto é, para provocar a transformação social,
para agir antes da revolução, na revolução e depois da
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Florentino de Carvalho
A Obra
Ano 0I – Nº 13
São Paulo – SP
Página 04
15.09.1920
Somos admiradores da grande obra das revoluções
libertadoras que tiveram lugar na Inglaterra, na França,
na América do Norte, na Espanha, na Hungria... em todo o
mundo. Julgamos dignos de glória os movimentos
subversivos contra as instituições reacionárias e, por isso,
louvamos a grande obra de demolição das arcaicas e
despóticas instituições do ex-império moscovita, realizada
com esforços e sacrifícios ingentes, pelos revolucionários
russos. Nós persistimos em cobrir de louros essa revolução
que mudou a face da História e abalou os alicerces da
sociedade burguesa.
As revoluções sociais, e principalmente a revolução
russa, despertam as massas e adestram os combatentes
por novas e mais justas formas de convivência social, nas
lides insurrecionais e ideológicas, transformadoras da
economia social e do direito, e são, portanto, dignas da
solidariedade de todos os que aspiram a novos e superiores
estágios de civilização.
Por isso a nossa atitude é de franco apoio à causa dos
revolucionários russos contra a burguesia universal, que
realiza a suprema tentativa para esmagá-los.
A Revolução Russa, bem como alguns de seus
princípios e realizações, despertaram em nós incontidos
entusiasmos.
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A força da anarquia
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O perigo... O remédio
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Notas
1
O anarquismo constitui campo bastante largo para experimentos e vivências em
diferentes modalidades de sociabilidades. Por esta razão suas diversas expressões
se reconhecem entre si, apesar de constituírem perspectivas próximas ou mesmo
consideravelmente distantes. Esta particularidade talvez explique a migração de
anarquistas para outros campos do pensamento social. Neste sentido basta
relembrar que anarquistas de projeção no movimento migraram para o marxismo
e fundaram o PCB em 1922. José Oiticica (1882-1957) e Edgar Leuenroth
(1881-1968), por exemplo, foram abalados pelo bolchevismo, mesmo sem
adotarem o marxismo. Leuenroth chegou a escrever em 1919 um opúsculo junto
com Hélio Negro, pseudônimo de Antonio Candeias Duarte, muito simpático ao
bolchevismo. Oiticica colaborou com muita proximidade com os maximalistas
por um certo tempo antes da criação do PCB. O jornal carioca Spártacus (1919)
registra a aproximação de Oiticica com o marxismo. Outros anarquistas desistiram
das idéias libertárias ou se voltaram para outras sociabilidades. Elysio de Carvalho
(1880-1925), anarquista individualista de atuação importante no início do século
XX, tornou-se uma figura importante no estabelecimento da polícia científica,
momento em que se afastara do anarquismo, tornando-se um nacionalista próximo
do integralismo. Entretanto, anarquistas como, por exemplo, Gigi Damiani (1876-
1953), Lima Barreto (1881-1922), Maria Lacerda de Moura (1887-1945),
Friedrich Kniestedt (1873-1947) e Florentino de Carvalho (1883-1947) foram
irredutíveis, não contemporizando com nenhuma forma de absolutismo. Ver
Edgar Leuenroth; Hélio Negro. O Que é Maximismo ou Bolchevismo. São Paulo,
[s.n], 1919; Friedrich Kniestedt. Memórias de um imigrante anarquista. Porto Alegre,
Escola Superior de Teologia, 1989. (Coleção Imigração Alemã) Tradução René
E. Gertz; Moacir Medeiros de Sant´ana. Elysio de Carvalho, um militante do
anarquismo. Maceió, Arquivo de Alagoas, 1982; Elysio de Carvalho. Ensaios. Brasília,
Universa – UCB, 1997. Na vasta obra de Edgar Rodrigues há informações sobre
diversos anarquistas no Brasil. Ver em particular Edgar Rodrigues. Os Companheiros.
Rio de Janeiro, VJR Editores Associados, 1994-1997 em 5 volumes. Sobre
anarquismos, no plural, ver Edson Passetti. Anarquismos e Sociedade de Controle. São
Paulo, Cortez, 2003; Edson Passetti. Anarquismos. Disponível em <www.nu-
sol.org>
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153
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6
Para André Glucksmann, os hospitais psiquiátricos para dissidentes políticos
e, sobretudo, os gulags, os campos de concentração russos, não foram “erros”,
“desvios” nem “equívocos” acidentais, mas antes aspectos constituintes do
marxismo. A história não o desmente. Estado marxista e instituições
concentracionárias estão juntas onde quer que tenha sido instaurado e
independente da vertente adotada. André Glucksmann. A cozinheira e o
canibal: ensaio sobre as relações entre o Estado, o marxismo e os campos de
concentração. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978, Tradução de Angelina Peralva.
Roberto das Neves relacionou marxismo com estabelecimento de ditaduras.
Ver Roberto das Neves. Marxismo: escola de ditadores. Rio de Janeiro, Mundo
Livre, s/d. Os embates ocorridos entre Marx e Bakunin tiveram como um
de seus desdobramentos a publicação de análises elaboradas pelo segundo
em torno do pensamento social e político do primeiro, de onde é possível
destacar o caráter despótico do pensamento social de Marx evidenciado na
analítica bakuniniana. Ver Mikhail Bakunin. Escritos Contra Marx. Tradução
de Plínio Augusto Coelho. São Paulo, Imaginário, Nu-Sol, SOMA, 2001.;
Mikhail Bakunin. Estatismo e anarquia. São Paulo, Imaginário, Nu-Sol,
SOMA, 2003. Tradução de Plínio Augusto Coelho.
7
Os artigos foram atualizados e corrigidos. Procuramos intervir o mínimo
nos textos. Por isto mantivemos algumas expressões em desuso. Verve
publicou dois artigos de Florentino de Carvalho. Ver Rogério Nascimento.
“Guerras, deuses, educação, liberdade sob olhares anárquicos.” in Verve
Vol. 3. São Paulo, Nu-Sol – Núcleo de Sociabilidade Libertária, 2003, pp.
92-136; Florentino de Carvalho. “Carta aberta aos trabalhadores.” in Verve
Vol. 10 . São Paulo, Nu-Sol – Núcleo de Sociabilidade Libertária, 2006, pp.
220-223.
8
O jornal anarquista A Plebe foi criado em 1917 por conta das agitações
proletárias ocorridas naquele ano em São Paulo, tendo atravessado três
fases até meados da década de 1940. Entretanto, a considerar o editorial do
primeiro número, este jornal era a continuação de A Lanterna, jornal
anticlerical fundado em 1901. A decisão de publicar o jornal com novo
nome deu-se, ainda segundo o editorial, por conta da necessidade, colocada
pelo coletivo editorial, de ampliar o foco de abordagem da questão social.
Um jornal monotemático limitava as possibilidades. A Plebe passou a tratar
de outros temas sem deixar de publicar em suas colunas artigos críticos do
clero, da igreja e da religião. Por sua vez A Obra, apesar de ter sido publicado
apenas no ano de 1920, agregava anarquistas atuantes em outros jornais e
revistas, inclusive n’A Plebe, e também em outras atividades, como escolas
e sindicatos. Rogério Nascimento realizou tese de doutoramento sobre
jornais e revistas anarquistas. Ver Rogério Nascimento. Indisciplina:
experimentos libertários e emergência de saberes anarquistas no Brasil. 388 f. Tese
(Doutorado em Ciências Sociais – Política) – PUC-SP. São Paulo, 2006.
Disponível em <www.sapientia.pucsp.br>.
154
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RESUMO
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edgar rodrigues*
Introdução
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Conclusão
Notas
1
Ao Congresso do Ferrol, contra a guerra o movimento anarquista de Portugal
enviou como delegados: Mário Nogueira, Manuel Joaquim de Sousa, Serafim
Cardoso Lucena, António Alves Pereirea, Ernesto Costa Cardoso e Aurélio
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RESUMO
ABSTRACT
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christian ferrer*
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Nota final
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Notas
1
A noite de São Bartolomeu refere-se ao massacre, comandado pelos reis
católicos da França, em agosto de 1572, que durou vários meses e vitimou
entre 70.000 e 100.000 protestantes franceses, chamados huguenotes. (NT)
2
Uma semana de regozijo. (NT)
RESUMO
ABSTRACT
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Notas
1
Sobre proibicionismo e também sobre antiproibicionismo, veja-se texto de Marco
Perduca, “Vamos Criminalizar a Proibição!”, traduzido para o português com o
título, às páginas 51 a 63, de “Avessos do Prazer – drogas, aids e direitos humanos”.
2
Convenção Internacional sobre o Ópio – “Artigo 20. Os Poderes contratantes
devem examinar a possibilidade de editar leis ou regulamentos tornando um ilícito
penal a posse ilegal de ópio natural, ópio refinado, morfina, cocaína e seus
respectivos sais, a não ser que já existentes leis ou regulamentos na matéria”.
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18
Declaração Universal dos Direitos Humanos – “Artigo XI. (...) 2. Ninguém
poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituam
crime perante o direito nacional ou internacional (...)”.
19
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos – “Artigo 15. 1. Ninguém
poderá ser condenado por atos ou omissões que não constituam crime de acordo
com o direito nacional ou internacional, no momento em que foram cometidos
(...)”.
20
Esta expressão é utilizada por Francisco Muñoz Conde em seu Derecho Penal –
Parte Especial, quando comenta os dispositivos do Código Penal espanhol em matéria
de drogas. Ver Francisco Muñoz Conde. Derecho Penal – Parte Especial. Valencia, 14ª
edição, Tirant lo Blanch, 2002, pp.629-653.
21
Código Penal – “Art. 368. Los que ejecuten actos de cultivo, elaboración o tráfico,
o de otro modo promuevan, favorezcan o faciliten el consumo ilegal de drogas
tóxicas, estupefacientes o sustancias psicotrópicas, o las posean con aquellos fines,
serán castigados con las penas de prisión de tres a nueve años y multa del tanto al
triplo del valor de la droga objeto del delito si se tratare de sustancias o productos
que causen grave daño a la salud, y de prisión de uno a tres años y multa del tanto
al duplo en los demás casos”.
22
Convenção de Viena – “Artigo 3 (...) 5. As Partes disporão o necessário para que
seus tribunais e demais autoridades jurisdicionais competentes possam levar em
conta circunstâncias de fato que dão particular gravidade ao cometimento dos
delitos tipificados em conformidade com o parágrafo 1 do presente artigo, tais
como: a) A participação no delito de um grupo delitivo organizado do qual o
delinqüente faça parte; b) A participação do delinqüente em outras atividades
delitivas internacionais organizadas; c) A participação do delinqüente em outras
atividades ilícitas cuja execução se veja facilitada pelo cometimento do delito; d) O
recurso à violência ou o emprego de armas por parte do delinqüente; e) O fato do
delinqüente ocupar um cargo público e do delito guardar relação com esse cargo; f)
A vitimização ou utilização de menores de idade; g) O fato do delito ter sido
cometido em estabelecimentos penitenciários, em uma instituição educacional ou
em um centro assistencial, ou em suas imediações, ou em outros lugares freqüentados
por colegiais e estudantes para realizar atividades educativas, esportivas e sociais; h)
Uma declaração de culpabilidade anterior, em particular por delitos análogos,
prolatada por tribunais estrangeiros ou do próprio país, na medida em que o direito
interno de cada uma das Partes o permita”.
General Civil Penal Code – “Section 162. Any person who unlawfully manufactures,
23
imports, exports, acquires, stores, sends or conveys any substance that by statutory
provision is deemed to be a drug shall be guilty of a drug felony and liable to fines
or imprisonment for a term not exceeding two years. An aggravated drug felony
shall be punishable by imprisonment for a term not exceeding 10 years. In deciding
whether the offence is aggravated special importance shall be attached to what
sort of substance is involved, its quantity, and the nature of the offence. If a
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209
12
2007
such person shall be sentenced to a term of imprisonment which may not be less
than 10 years or more than life (…). If any person commits such a violation after
a prior conviction for a felony drug offense has become final, such person shall be
sentenced to a term of imprisonment which may not be less than 20 years and not
more than life imprisonment. (…)”.
27
Convenção de Viena – “Artigo 3 (...) 7. As Partes velarão para que seus tribunais
ou demais autoridades competentes tenham em conta a gravidade dos delitos
enumerados no parágrafo 1 do presente artigo e as circunstâncias enumeradas no
parágrafo 5 do presente artigo, ao considerar a possibilidade de conceder a liberdade
antecipada ou o livramento condicional a pessoas que tenham sido declaradas
culpadas de algum desses delitos”. “8. Cada uma das Partes estabelecerá, quando
proceda, em seu direito interno, um prazo de prescrição prolongado dentro do qual
se possa iniciar o processo por qualquer dos delitos tipificados na conformidade do
parágrafo 1 do presente artigo. Tal prazo será maior quando o suposto delinqüente
tenha eludido a administração da justiça”.
Declaração Universal dos Direitos Humanos – “Artigo VII. Todos são iguais
28
perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. (...)”.
29
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos – “Artigo 14. 1. Todas as
pessoas são iguais perante as cortes e tribunais. (...)”.
30
Convenção de Viena – “Artigo 3 (...) 6. As Partes se esforçarão para assegurar
que quaisquer faculdades legais discricionárias, segundo seu direito interno,
relativas a processos pelos delitos tipificados em conformidade com o disposto
no presente artigo, se exerçam para dar a máxima eficácia às medidas de inves-
tigação e repressão desses delitos, levando devidamente em conta a necessidade
de exercer um efeito dissuasivo com referência ao cometimento desses deli-
tos”.
31
Declaração Universal dos Direitos Humanos – “Artigo XI. 1. Toda pessoa
acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente, até que
a sua culpa tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no
qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa”.
32
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos – “Artigo 14. 2. Toda
pessoa acusada de um crime terá direito a que se presuma sua inocência até que
se prove sua culpa de acordo com a lei”.
33
Lei 11.343/06 – “Artigo 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o,
e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas
de direitos.”
34
Essa série de leis brasileiras de emergência ou de exceção, iniciada com a Lei
8.072/90, a chamada lei dos “crimes hediondos”, prosseguiu especialmente
com a Lei 9.034/95, que, inspirada pelo pretexto de repressão à “criminalidade
210
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12
2007
RESUMO
ABSTRACT
Hiding the failure of its explicit goals, hiding paradoxes and pro-
moting violence, prohibition on drugs nourishes the expansion of
the punishing power. The UN conventions on this issue and the
internal laws of the most different national States systematically
violate principles and rules of universal declarations of rights
and democratic Constitutions. Harms related to illicit drugs do
not come from themselves, but from prohibition. They are harms to
fundamental rights and they threaten the preservation of demo-
cracy. It’s time to put in effect an ample reform of the international
conventions and the national laws on drugs, in order to legalize
the production, distribution and consumption of all psychoactive
substances. 1st parte.
Keywords: prohibition, punishing power, drugs.
213
12
2007
Ajustando comportamentos
*
Professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação da Uni-
versidade Federal da Paraíba.
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Espaços da amizade
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Notas
1
Especialmente o Estado, a Igreja, a família e a escola.
2
Refere-se a um dispositivo de poder. A sexualidade se estruturou de tal maneira,
organizando um arsenal de discursos que objetiva, primordialmente, a moralidade.
Cf. Michel Foucault. Microfísica do poder. Tradução e organização de Roberto Machado.
Rio de Janeiro, Graal, 1979.; e História da sexualidade: a vontade de saber.Tradução de
Maria T. da C. Albuquerque e J. A. Guilhon de Albuquerque. Rio de Janeiro, Graal,
1988. v. 1.
3
Prefiro esta expressão à categoria homossexual. As pessoas transitam no oceano
das relações, sem se acostarem a uma ou a outra, mas a uma diversidade de relações
que emergem, de acordo com suas necessidades afetivas, em circunstâncias especiais.
Mesmo que as pessoas em determinados momentos tenham sido enquadradas na
categoria homo, colocando-as numa posição de inferioridade perante as demais,
não significa que tenham perdido sua porção erótica. Criar uma outra categoria,
mesmo com propósitos diferentes, para suavizar os estereótipos e as discriminações,
sobretudo verbais, é complexo. O homoerotismo, em oposição ao homossexualismo,
resvala nessa complexidade. Apenas é introduzido o vocábulo erótico a um outro
vocábulo homo. Soma, não surpreende. A categoria ou prefixo homo permanece
intacto, mesmo que não cumpra a mesma função, quando é associado a erótico, pois
não visa uma discriminação explícita. Cf. Jurandir Freire Costa. A inocência e o vício:
estudos sobre o homoerotismo. Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 1991.
4
Os ocidentais traduzem o sexo em discurso. Percebe-se que os orientais primam
pela vivência e auto-educação. Cf. Mallanaga Vatsyayana. Kama sutra. Tradução de
Waltensir Dutra. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2002.
5
Michel Foucault. Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975). Tradução de
Eduardo Brandão. São Paulo, Martins Fontes, 2001, p. 70, p. 76, pp. 78-80.
6
Idem, p. 78.
7
Gilles Deleuze. “Política. Controle e devir. Post-scriptum sobre as sociedades de
controle” in Conversações, 1972-1990. Tradução de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro,
34 Letras, 1992, pp. 207-226.
8
Gilles Deleuze e Félix Guattari. O anti-édipo: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de
Joana M. Varela e Manuel Carrilho. Lisboa, Assírio e Alvim, 2000, p. 35.
9
Gilles Deleuze e Félix Guattari. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de
Suely Rolnik. São Paulo, 34 Letras, 1997. V. 4. p.129.
10
Michel Foucault, 1979, op. cit.
11
Gilles Deleuze, 1992, op. cit.
228
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229
12
2007
28
A AIDS, de acordo com Lima Júnior, é compreendida como peste. Além de
referir-se ao território, ela assume uma conotação moral. A peste é discutida, ainda,
por Camus e Oliveira. Cf. Luiz Pereira de Lima Júnior. O acontecimento aleatório do
sexo: cartografando a sexualidade na prática da educação sexual e no espaço dos parâmetros
curriculares nacionais. (Doutorado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo; Albert Camus. A peste. Tradução de Valerie Rumjanek.Rio
de Janeiro, São Paulo, Record, 2002.; Salete Magda de Oliveira. Política e peste:
crueldade, plano Beveridge e abolicionismo penal. Doutorado em Ciências Sociais, São
Paulo, PUC-SP, 2003.
29
Luiz Pereira de Lima Júnior, op. cit, 2003.
30
Francisco Ortega. “Estilística da amizade.” In Vera Portocarrero e Guilherme
Castelo Branco. (Org.). Retratos de Foucault. Rio de Janeiro, Nau, 2000. Parte 3. pp.
245-263 e p. 250.
31
Friedrich Wilhelm Nietzsche. Assim falou Zaratustra. São Paulo, Martin Claret,
2000. p. 77.
32
Oscar Wilde, 2001, op. cit., p. 51.
33
Gilles Deleuze, 1992, op. cit, p. 214.
Oswaldo Giacóia Júnior. Labirintos da alma: Nietzsche e a autosupressão da moral.
34
L&PM, 1987.
36
Pierre Louÿs. Manual de civilidade para meninas. Tradução de Júlio Henriques.
Lisboa, Fenda, 1995.
37
Gilles Deleuze e Félix Guattari, 2000, op. cit, pp. 367-368.
Maria José Werebe. Sexualidade, política e educação. Campinas, Autores Associados,
38
1998.
Vale ressaltar: “‘Plano de Direitos Humanos de FHC apóia união gay’(...) Fernando
39
Henrique disse apoiar o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional, que
permite a união civil entre pessoas do mesmo sexo. O presidente chegou a posar
para fotos segurando uma bandeira com o símbolo do movimento em defesa dos
homossexuais, um arco-íris.” Cf. Ricardo Mignone. “Plano de Direitos Humanos
de FHC apóia união gay e cota para negro” in Folha on line, São Paulo, 14 de maio.
2002. Disponível em: http://www.uol.com.br/folha/Brasil/ult96u32443.shl.
Acesso em: 14 de maio. 2002. Além deste acontecimento, cabe mencionar, ainda,
que “‘Casais gays conquistam vitória no Parlamento britânico’. Casais
homossexuais estão mais perto de conseguir o direito de adotar crianças na
Grã-Bretanha.” Cf. Marina Brito. “Casais gays conquistam vitória no parlamento
britânico” in Folha on line, São Paulo, 21 maio. 2002. Disponível em: <http://
www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/020521_gaycasalmb.shtml>. Acesso em:
21 de maio. 2002, p.1.
230
verve
RESUMO
ABSTRACT
Keywords: sex, sexual relations among people from the same sex,
immorality.
231
12
2007
nilson oliveira*
232
verve
A paixão obscura
233
12
2007
O bilingüismo ativo
234
verve
As vertigens do arquipélago
I.
Roberto Juarroz é um caso de convívio intenso com
a escrita literária. Viajou, pesquisou, escreveu,
traduziu, mergulhou ao centro das escrituras perfiladas
por fora da raiz como em Heráclito, Mallarmé, René
Char. Injetou na literatura ares de renovação, de força,
de inusitado, em voltas com o pensamento, com o exílio,
enredando-se para mais distante. Juarroz foi poeta de
uma escrita peculiar, de um estilo que atravessou os
alicerces do inominável e do possível, presente em todas
as coisas e fora delas. Toda a sua obra consiste em um
único tema: Poesia vertical,5 que se engendra em uma
infinidade de números, como se através desse ciclo
incessante perfilasse as bandas do infinito.
235
12
2007
II.
Maria Gabriela Llansol é dessas escritoras que
agem silenciosas; sua movimentação é quase
invisível, dela só vemos as irrupções, suas cintilações
que jorram num lastro cada vez mais sólido, líquido,
surpreendente; sua escrita se espraia em uma obra
extensa e diversa que navega numa constante
superação de si. O que começa em um livro apaga em
outro ou atravessa seu limite edificando um plano; a
obra vista em perspectiva que se estende além do
limite da vista, em um mar de areia líquida que engole
todo aquele que nela se lança, que seduz o leitor como
um canto de sereia, atrai para o centro da sua
atmosfera. Seu movimento líquido revolve a não mais
poder, escorre em uma jornada cujo curso ou destino
é desconhecido.
III.
Edmond Jabés é o poeta da travessia, do
pensamento nômade, um pensamento encontrado nas
margens, nas distâncias e nas questões silenciosas,
um pensamento abolido das reminiscências,
desenraizado do peso da identidade. Da escrita de
Jabés cintilam os ventos de um pensamento-outro,
pensamento que vaga pelo deserto da página branca,
em um ciclo sagrado em torno do inexistente. Corre
por suas veias a escritura, o exílio, o acontecimento.
Esse é o investimento de Jabés, o combate pelas
entranhas de um pensamento que se desloca, estando
sempre aberto, sendo sempre outro. A escrita de Jabés
age silenciosa e encontra no sujeito a decisão de não-
ser; que consiste no desejo nômade de convocar o
ausente, para tornar real sua presença, fora dela e do
mundo; para presentificá-la em sua realidade de
escritura. Seu lugar é o não-lugar. Esse é seu
combate, sua matéria de fim e de começo, ofício de
interminável busca.
236
verve
Notas
1
Herman Melville. Moby Dick. Francisco Alves, 1982.
2
Roberto Juarroz, Nonato Cardoso: Revista Polichinello, nº 1, 2004 e nº 4,
2005.
3
Disponível em: <http://www.caiomeira.kit.net/escritos.htm>.
4
Lucia Castello Branco (org.). Os absolutamente sós: Llansol – Lacan. Belo
Horizonte, Letra: Autêntica, 2000.
5
Roberto Juarroz. Poesía Vertical I y II. Buenos Aires, Emecé, 2005.
RESUMO
ABSTRACT
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12
2007
a revolução do presente
Aufklärung e Revolução
238
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A revolução do presente
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A revolução do presente
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A revolução do presente
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A revolução do presente
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2007
mais? Ele não agüenta mais tudo o que o coage por fora e
por dentro, não agüenta o adestramento a que está
submetido historicamente e também a culpabilização, a
patologização do sofrimento, a insensibilização e sua própria
negação. Um corpo não cessa de ser submetido aos
encontros; ele diz respeito às afecções com a alteridade
que o atinge, da multidão de estímulos e excitações que
cabe a ele selecionar, evitar, escolher, acolher.
Para mais e melhor, torna-se necessária a atenção às
excitações que o circundam, sendo de sua competência a
capacidade em evitar a violência que o destruiria de vez.
Se consideramos que o corpo não é definível como unidade
psico-física, sendo um ser de consciência e de
inconsciência, conforme palavras de José Gil,13 podemos
pensá-lo como em estado de permanente produção, que é,
por sua vez promovida primeiramente pelo encontro com
outros corpos. Assim, o corpo não nos é dado. Devemos
torná-lo nosso, instituí-lo em nossos códigos de significação
e valores. Neste sentido, um corpo não é nada, é portador
de uma certa impotência da qual, contudo, pode extrair a
potência superior de inventar-se.
Não seria este o sentido que poderíamos dar ao desejo?
Transbordamento, excesso, poderosa vitalidade não
orgânica, que completa a força com a força e enriquece
aquilo de que se apossa. Vida, puro acontecimento,
impessoal, singular, neutro, para além do bem e do mal,
uma espécie de “beatitude”, diz Deleuze. Corpos que falam
de uma forma de vida que é sem forma, sem sede de forma,
sem sede de verdade, sem sede de julgar e ser julgado.
246
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A revolução do presente
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A revolução do presente
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A revolução do presente
Notas
1
David Le Breton. Adeus ao corpo: antrologia e sociedade. São Paulo, Papirus,
2003.
2
Zygmunt Baumann. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro, Zahar, 2001.
3
Michel Foucault. “O que é o Iluminismo.” in: ESCOBAR, C. H. Michel
Foucault. Dossier Últimas entrevistas. Rio de Janeiro, Taurus Editora, 1984, pp.
103-112.
4
Was ist Aufkärung (O que é o Iluminismo?), de Immanuel Kant, colocado em
análise por Michel Foucault em um contexto de estudo sobre a história da
filosofia. Para Foucault, o texto de Kant não coloca diretamente as questões
da origem e do fim, mas posiciona-se de modo discreto, quase lateral, em
relação á teleologia imanente ao processo histórico.
5
Idem, p. 107.
6
Ibidem, pp. 107-108.
7
Ibidem, p. 109.
8
Peter Pál Pelbart. Vida Capital. Ensaios de biopolítica. São Paulo, Iluminuras, 2003.
9
Francisco Varela. Sobre a competência ética. Lisboa, Edições 70, s/d.
10
D. Lapoujade “O corpo que não agüenta mais.” In: Daniel Lins e S. Gadelha
(Orgs.) Nietzsche e Deleuze: Que pode o corpo. Rio de Janeiro, Relume-Dumará., 2002,
p.82.
251
12
2007
11
Gilles Deleuze. Crítica e Clínica. Tradução de Peter Pál Pelbart. São Paulo, Ed.
34, 1997.
12
Peter Pál Pelbart. A vertigem por um fio. Políticas da Subjetividade Contemporânea. São
Paulo, Iluminuras, 2000.
13
José Gil. “Abrir o corpo.” in: Tânia Fonseca e Selda Engelman (orgs.) Corpo, Arte
e Clínica. Porto Alegre, Ed. EFRGS, 2004, pp. 13-28.
14
Michel Foucault. Microfísica do Poder. Tradução de Roberto Machado. Rio de
Janeiro, Graal, 1979, p. 82.
Paolo Virno. Virtuosismo y revolución. La accion política en la era del desencanto.
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A revolução do presente
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Notas
1
Estas reflexões e princípios de ação foram esboçados em outubro de 2006,
quando foi realizado o encontro Cinema, Jovens e Transgressão organizado pelo
Nu-Sol.
2
Félix Guattari. apud. Peter Pál Pelbart. A vertigem por um fio: políticas da
subjetividade contemporânea. São Paulo, Iluminuras, 2000, p.12.
3
Gilles Deleuze. O Ato de Criação. Tradução de José Marcos Macedo. Caderno
Mais!, Folha de S. Paulo, 27 de junho de 1999, p. 5.
4
Gilles Deleuze. Conversações. Tradução de José Marcos Macedo. Rio de Janeiro,
Ed. 34, 1992, p. 224.
5
Friedrich Nietzsche. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. São
Paulo, Companhia das Letras, 1992, p.34. Tradução de Paulo César de Souza.
6
Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. São Paulo, Companhia das
Letras, p.165.
7
Charles Baudelaire. Meu coração desnudado. Tradução de Aurélio Buarque de
Holanda. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1981, p.45.
8
Michel Foucault. “Outros Espaços” in Estética: Literatura e Pintura, Música e
Cinema (Ditos & Escritos v.III). Manuel Barros da Motta (org.). Tradução de
Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2001, p.411.
9
Idem. p. 412.
Franz Kafka. Parábolas e fragmentos. Tradução de Geir Campos. Rio de Janeiro,
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Notas do tradutor
1
Para uma aproximação inicial às palavras do curso: Jean-Michel-Landry.
“Genealogie politique de la psychologie. Une lecture du cour de Michel
Foucault.” (Collège de France, 1980). Revue Reaisons politiques, n. 25, fev 2007,
pp31-45.
2
Du Gouvernement des vivants. Cours au Collège de France, (1979-1980). Transcrição
realizada a partir dos arquivos sonoros depositados na Bibliothèque générale
du Collège de France (52, rue du Cardinal-Lemoine, 75005 Paris, França).
Agradeço a Sra. Marie-Renée Cazabon e sua equipe pelo acesso aos arquivos. O
presente trabalho de transcrição e tradução, realizado sem recurso ao manuscrito,
sujeita-se a um maior número de incorreções interpretativas. Falta-lhe, talvez,
uma certa medida de rigor e exatidão, já que estão ausentes os procedimentos
de “autentificação” próprios das publicações realizadas dos cursos de Michel
Foucault. Porém, aquilo que se busca é um efeito e uma utilização particulares
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que nada disso seja de algum modo eliminado, um soberano. Tornar seu amor
soberano, tornar sua alimentação soberana, tornar soberanos seu despertar e seu
deitar: é nisso que consiste a operação específica do ritual e do cerimonial da
corte”.
10
Cf. Michel Foucault. “Sorcellerie et folie” in Dits et écrits II, 1976-1988. Paris,
Gallimard, 2001, pp. 89-92: “Não foi somente a bruxa com suas pobres quimeras
e suas potências de sombra que foi enfim, por uma ciência tardia mas salutar,
reconhecida como alienada. (...) um certo tipo de poder se exercia através das
vigilâncias, dos interrogatórios, dos decretos da Inquisição; e é ele ainda, por
transformações sucessivas, que nos interroga hoje, questiona nossos desejos e sonhos,
inquieta-se com nossas noites, persegue os segredos e traça fronteiras, designa os
anormais, promove purificações e assegura as funções da ordem.”, p. 90.
11
Jean Bodin (1530-1596) jurista considerado precursor do Mercantilismo,
entre suas obras constam Les six livres de la République (1577) e De la démonomanie
des sorciers (1580).
12
Michel Foucault. Sécurité, territoire, population. Cours au Collège de France (1977-
1978). Paris, Gallimard/Seuil, 2004.
13
Michel Foucault. Naissance de la biopolitique. Cours au Collège de France (1978-
1979). Paris, Gallimard/Seuil, 2004.
14
Fim da gravação da fita cassete I, dia 09/01/1980, lado A, e início do lado B.
15
Cf. Michel Foucault. “Michel Foucault: crimes et châtiments en U.R.S.S. et
ailleurs...” in Dits et écrits II, 1976-1988. Paris, Gallimard, 2001, pp. 63-74. A
propósito das imagens veiculadas na França de um campo de concentração
soviético, Foucault declarou: “Os Soviéticos inicialmente disseram algo que
muito me impressionou: ‘Nada de escandaloso nesse campo: a prova é que ele
se encontra no meio da cidade; todos podem vê-lo’. Como se o fato de que um
campo de concentração esteja instalado numa grande cidade – no caso Riga –,
sem que seja necessário dissimulá-lo, como o fizeram os alemães, fosse uma
desculpa! Como se esse despudor em não ocultar aquilo que se faz ali onde é
feito autorizasse reclamar o silêncio em toda parte, e de impô-lo aos outros: o
cinismo funcionando como censura; é o raciocínio de Cyrano: porque meu
nariz é enorme no meio da minha cara, vocês não tem o direito de falar dele.
Como se não fosse preciso, nessa presença de um campo na cidade, reconhecer
o brasão de um poder que se exerce sem vergonha como entre nós em nossas
delegacias, em nossos palácios de justiça ou em nossas prisões. Antes de saber se
os prisioneiros são ‘políticos’, a instalação do campo, tão visível e o terror que
ele exala, são por si mesmos políticos. Os arames farpados que se prolongam
pelos muros das casas, os feixes de luz que se entrecruzam e o passo das
sentinelas na noite, isso é político. E é uma política.”, p. 63.
16
Fim da gravação da fita cassete I, dia 09/01/1980, lado B. A transcrição que
segue foi extraída da gravação da fita cassete IV, dia 30/01/1980, lado A.
17
Cf. Pierre Hadot. Exercices spirituels et philosophie antique. Paris, Albin Michel,
2002, p. 239: “chama-se tradicionalmente ‘teologia negativa’ um método de
pensamento que se propõe conceber Deus aplicando-lhe proposições que negam
todo predicado concebível”.
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Resenhas
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Edson Lopes é mestre pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências
Sociais da PUC-SP e pesquisador no Nu-Sol.
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e terrorismo de estado acácio augusto*
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NU-SOL
Publicações do Núcleo de Sociabilidade Libertária, do Programa de
Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP.
hypomnemata
Boletim eletrônico mensal, 1999-2006
vídeos
Libertárias, 1999
Foucault-Ficô, 2000
Um incômodo, 2003
Foucault, último, 2004
Manu-Lorca, 2005
A guerra devorou a revolução. A guerra civil espanhola, 2006
Cage, poesia, anarquistas, 2006
CD-ROM
Um incômodo, 2003 (artigos e intervenções artísticas do Simpósio Um
incômodo)
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Livros
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Identificação:
Resumo:
Notas explicativas:
Citações:
I) Para livros:
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