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Parceria Institucional
Presidente da OELA Carlos Cesar Durigan
Parceiros locais
Conselho Comunitário do Bailique (CCB) Paulo Rocha, Antonio Luiz Cordeiros Lopes
Colônia de Pescadores (Z–5) Florivaldo Mota Rocha
Instituto Estadual de Florestas do AmapÁ (IEF)
GRUPO DE APOIO
COMUNIDADE SÃO JOÃO BATISTA
Raimundo Vilhena Cordeiro, Juvanete Mira Rocha,
Ana Silvia Mira Rocha
COMUNIDADE NOSSA SENHORA APARECIDA Erasmo Mira Rocha, Fátima Mira Rocha
COMUNIDADE MACEDÔNIA
Antônio José Marques da Costa Filho,
Arlen Vieira da Costa
COMUNIDADE CARNEIRO Hernando Ferreira Marques
COMUNIDADE Vila Progresso
Bismarck Farias dos Santos,
Uellington Ferreira Farias
COMUNIDADE PONTA DO CURUÁ Arlan Costa
COMUNIDADE Buritizal Ruane Barbosa Pacheco, Maria da Conceição
Cooperação Técnica
CGEN / DPG / SBF / MMA
PUBLICAÇÃO
PROJETO GRÁFICO e design Start Digital
ILUSTRAÇÕES João Tiago Picoli
revisão Amélia Gonzales
AGRADECIMENTOS
Luiz Carlos Joels, João Matos, Tasso Azevedo, Carlos Potiara
CONTATO
rubensgomes@oela.org.br
ÍNDICE
1 A CONSTRUÇÃO DOS
PROTOCOLOS COMUNITÁRIOS 6
2 CONSIDERAÇÕES
SOBRE A METODOLOGIA 10
3 OFICINA 1 20
4 OFICINA 2 34
5 I ENCONTRÃO 54
6 OFICINA 3 58
7 OFICINA 4 70
8 II ENCONTRÃO 74
0 INTRODUçÃO
O
s países que ratificaram o
Protocolo de Nagoia buscam
hoje implementar os objeti-
vos da Convenção da Diversidade Bio-
lógica – CDB, sendo guiados pelo ter-
ceiro pilar, que é garantir a repartição
justa e equitativa dos benefícios, sem
perder de vista as outras questões,
como a conservação da diversidade
biológica e a utilização sustentável dos
seus componentes.
Em paralelo a este processo, os
usuários (em especial o setor indus-
5
1
A construção
dos Protocolos
Comunitários
7
1 A construção dos Protocolos Comunitários
A
construção de protocolos co- A criação de Protocolos Comu-
munitários tem como objetivo nitários tem como base internacional
empoderar povos e comuni- a Convenção sobre a Diversidade Bio-
dades tradicionais para dialogar com lógica (CDB) e o Protocolo de Nagoia.
qualquer agente externo de modo A nível nacional, a Rede GTA recorreu
igualitário, fortalecendo o entendimen- inicialmente à Metodologia da Certifi-
to da comunidade dos seus direitos e cação Socioparticipativa desenvolvida
deveres e estabelecendo a importân- pela Rede, além da legislação nacional
cia da conservação da biodiversidade vigente sobre acesso a recursos ge-
e de seu uso sustentável. Além disso é néticos e conhecimentos tradicionais
uma importante ferramenta de gestão associados.
de territórios, assim como do controle O desenvolvimento de um pro-
e da forma de uso de recursos naturais. jeto de construção de protocolo comu-
Esse projeto está sendo desen- nitário deve ter três fases. A primeira,
volvido pela Rede Grupo de Trabalho ano I do projeto, é o desenvolvimento
Amazônico (Rede GTA) e tem como do protocolo comunitário da comu-
apoiadores o Fundo Vale e a Fundação nidade (metodologia descrita nessa
Avina. Tem como parceiros a Regional cartilha). A segunda fase, ano II, é refe-
Amapá da Rede GTA, o Conselho Co- rente a melhorias de arranjos produti-
munitário do Bailique (CCB), a Colônia vos, onde a comunidade trabalha para
Z-5 de Pescadores, o Instituto Estadu- identificar potencialidades econômicas
al de Florestas do Amapá e o DPG/ no seu território e através do seu proto-
CGEN/Ministério do Meio Ambiente. colo inicia acordos comerciais em dife-
Para a Rede GTA, Protocolos rentes áreas. A terceira fase, ano III, é o
Comunitários são regras internas momento em que a comunidade de-
criadas pela própria comuni- senvolve a certificação socioparticipati-
dade. Tais regras refletem as suas va de seus produtos, com o objetivo de
características tradicionais, o modo aumento de renda e melhoria na quali-
como a comunidade se relaciona in- dade da produção. Essas fases são in-
terna e externamente, e definem tam- terligadas, sendo que os anos II e III do
bém alguns procedimentos, critérios e projeto são essenciais para fortalecer o
instrumentos de gestão territorial e de protocolo comunitário da comunidade
manejo e uso de recursos naturais. que foi desenvolvido no primeiro ano.
Essa cartilha é referente a
primeira fase do projeto e essa me-
todologia foi desenvolvida durante a
construção do protocolo comunitá-
rio do Bailique–AP, entre Outubro de
2013 e Dezembro de 2014.
9
2
Considerações
sobre a
metodologia
11
2 Considerações sobre a metodologia
A
metodologia desenvolvida pe
la Rede GTA para a construção
de protocolos comunitários
OFICINA
possibilita sua replicação em outras CONSULTA
comunidades tradicionais. Entretan-
to, é necessário ressaltar que se trata A R CAPACITAÇÃO
apenas de um guia, não de um manual. A capacitação é quando as lideranças
Portanto, deve ser adaptada à realida- das comunidades são informadas
de de cada região e comunidade. sobre como será o desenvolvimento
Os passos necessários para a do Projeto de Construção do
construção dessa metodologia estão Protocolo Comunitário. Nessa oficina,
expostos a seguir. são discutidos os seguintes conteúdos:
, Introdução básica da lei brasileira
de Acesso a Recursos Genéticos
e Conhecimento Tradicional
Passo 1 Associado, Convenção da
Consentimento Livre, Diversidade Biológica (CDB),
Prévio e Informado Protocolo de Nagoia e
Convenção 169 da Organização
Lembrando que um Protocolo Co- Internacional do Trabalho (OIT).
munitário deve ser criado pela , Exemplo concreto de um caso de
própria comunidade, é preciso Acesso ao Patrimônio Genético
entender que a metodologia apenas e Conhecimento Tradicional
oferece os instrumentos necessários Associado para ilustrar a
para a construção deste processo. Não importância desse assunto.
é papel da metodologia influenciar o , Apresentação sobre potencial do
conteúdo de regras ou procedimentos. biocomércio.
A comunidade é inteiramente respon- , Apresentação específica sobre o
sável pelo conteúdo do seu Protocolo que é um Protocolo Comunitário,
Comunitário. No entanto, para ser, de como fazemos para construir
fato, um instrumento de proteção de um e qual será o papel da
território e do conhecimento tradicional comunidade nesse processo.
associado ao patrimônio genético, este
É importante dar a oportunidade para as lideranças esclarecerem qualquer
dúvida que possa surgir durante o processo de capacitação.
B R Consentimento Comunitário
A segunda etapa é o processo de consentimento livre, prévio e
informado. Para isso é necessário que todas as pessoas que não sejam
da comunidade se retirem da sala e deixem apenas as lideranças ou
representantes se reunirem para deliberarem se querem ou não participar
do projeto. A tomada de decisão deve ser escrita em uma Ata e assinada
por todos os presentes.
13
2 Considerações sobre a metodologia
documento deve sempre estar basea- * Um fato preponderante para o êxito é
do nas legislações internacionais (CDB a escolha da Organização Animadora
– Nagoia – OIT 169) e nas legislações do Processo: é preciso ter uma rela-
nacionais (atual 2.186-16/2001, Esta- ção de extrema confiança entre ela e
duais e Municipais quando houver). a comunidade. Esta Organização deve
Para que isso aconteça, é preci- ter muito respeito ao registrar as infor-
so que o primeiro passo desse processo mações da comunidade. Não se pode
de construção do Protocolo Comunitá- induzir, de maneira alguma, muito me-
rio seja o “Consentimento Livre, Prévio, nos impor qualquer tema ou assunto
e Informado”. O Consentimento deve que não seja de interesse das pessoas
ser livre, sem nenhuma pressão interna que estão construindo o Protocolo.
e externa, coações ou intimidações, de-
vendo ser de espontânea vontade das
comunidades. Sempre deve ser prévio,
ou seja, antes dos fatos ocorridos ou de Passo 2
qualquer atividade de impacto. Por úl- Apresentação do
timo, deve ser sempre informado, ten- Ciclo de Oficinas
do a comunidade o direito de conhe-
cer profundamente o projeto que está Uma vez adquirido o consentimento
posto à discussão, lembrando que não livre, prévio e informado da comuni-
inclui somente as lideranças ou repre- dade, inicia-se o processo, em si, de
sentantes, mas todos os comunitários construção do Protocolo Comunitário.
que queiram participar, por livre e es- Essa construção acontece através de
pontânea vontade (não custa lembrar). quatro rodadas de oficinas que tratam
Portanto, é de extrema impor- de temas diferentes. Além dessas ofi-
tância que a comunidade dê o seu cinas, ocorrem também dois grandes
consentimento para que o protocolo encontros, que aqui vamos chamar de
seja legítimo e funcional desde o início. Encontrão.
Para isso, a primeira coisa é fazer uma Para participar dessas oficinas,
Oficina Consulta [ver quadro na pág. a comunidade deve escolher lideran-
anterior] com três etapas: capacitação, ças ou representantes que devem ter
consentimento comunitário e discus- a legitimidade para representar toda a
são de temas do Protocolo. comunidade. O número de represen-
tantes por comunidade pode ser siderar a possibilidade de deixar aber-
pré-definido a partir do número total to o convite para não só lideranças
de moradores ou das organizações participarem mas também comuni-
locais. Maior número de moradores tários interessados, o que aumenta a
e organizações locais, maior número participação nas oficinas.
de representantes. Veja tabela abaixo com a or-
Entretanto, é importante con- dem das oficinas:
OFICINA 1
Diagnóstico sócio/econômico/ambiental/cultural
OFICINA 2
Legislações internacionais, nacionais, conceitos, políticas
públicas voltadas PCTs
I ENCONTRÃO
Devolução da oficina 1 (através do documento consulta)
Roda de conversa com gestores públicos das políticas
direcionadas a PCTs (demanda da oficina 2)
Criação do Comitê Gestor do Protocolo Comunitário
OFICINA 3
Capacitação de ABS
Políticas Públicas para PCTs
OFICINA 4
Devolução do material gerado no Encontrão 1 (através do
documento consulta do encontrão)
Discussão de prioridades para protocolo
Riscos e oportunidades
II ENCONTRÃO
Fechamento final dos acordos para o Protocolo Comunitário
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2 Considerações sobre a metodologia
COMITÊ GESTOR DO
PROTOCOLO COMUNITÁRIO
A plenária do I Encontrão escolhe os representantes das comunidades
para compor a instância comunitária que irá coordenar e executar as
atividades ou ações deliberadas pelo Protocolo Comunitário. De acordo
com as demandas que aparecerem no processo, este Comitê poderá
constituir coordenações para serem responsáveis pela execução das
demandas expressas no Protocolo Comunitário, (ex: Regularização
Fundiária, Relações Institucionais, Desenvolvimento Tecnológico para os
arranjos produtivos, etc.)
Cabe ao Comitê Gestor ajudar na construção do seu Protocolo
Comunitário. Para isso ele deve, gradativamente, assumir a tarefa
de repassar para as famílias das comunidades e para as escolas
comunitárias, todos os conteúdos apresentados nas oficinas. Assim como
executar as atividades referentes à “devolução” dos resultados das oficinas
e dos encontrões.
A organização apoiadora (animadora do Processo) deve ir
repassando gradativamente a responsabilidade para o Comitê Gestor
do Protocolo Comunitário, no sentido de construir o sentimento do
pertencimento local das ações. O êxito deste processo depende desta
apropriação pelo Comitê.
A instância maior de poder do Protocolo Comunitário é a plenária
das comunidades envolvidas no processo.
É importante ressaltar que a informação e dar também o direito
são os resultados dessas quatro ofi- da participação a todas famílias. Es-
cinas que irão formar o conteúdo do tas passarão também a ser multipli-
protocolo comunitário. cadoras das informações. A ideia é
No I Encontrão, por estarem criar o sentimento de pertencimento.
reunidas todas as comunidades en-
volvidas no processo, é o momento B k BANNERS
para a criação do Comitê Gestor do IMPERMEÁVEIS
Protocolo Comunitário Nas oficinas 2, 3 e 4, onde existe
um conteúdo a ser repassado para
as comunidades, o projeto traz es-
sas informações em banners de
Repassando a material impermeável, que permite
informação molhar sem ficar danificado. Cada
comunidade recebe um banner
A k CARTOLINA com as informações para poderem
Na primeira rodada de oficina, quan- levar de volta a suas comunidades
do é feito o diagnóstico das comu- e repassarem para outras famílias,
nidades, todos os resultados das como foi feito com as cartolinas na
atividades são colocados pelas lide- primeira oficina.
ranças/representantes em cartoli-
nas (informação mais permanente). C k Documento Consulta
Essas cartolinas são levadas de vol- (Inovação)
ta pelos representantes para serem A Rede GTA prioriza o princípio da
apresentadas às famílias de sua participação. Neste sentido, desen-
comunidade, com o intuito de dar volveu uma inovação criando um
retorno dos resultados obtidos na processo simples, mas eficiente,
oficina. Assim as lideranças podem que possibilita a inclusão de todos
envolver as famílias que queiram aqueles que estejam interessados
participar do processo e, ao mesmo em participar.
tempo, dar o direito de elas valida- Para que todas as famílias
rem ou não as informações. Esta é a membros da comunidade possam
forma mais eficiente para socializar ter o direito de participar da cons-
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2 Considerações sobre a metodologia
EQUIPE DE APOIO
Considerando a necessidade de aplicar
o documento consulta para o maior
número de famílias possível, e pensan-
do na necessidade de envolver a juven-
tude no projeto, criou-se uma equipe de
apoio que é formado por jovens da co-
munidade, de preferência aqueles que
já estão participando das oficinas.
Boas práticas
na conduta da oficina
, Sempre pedir ao mais velho/presidente da comunidade para dar as
boas vindas.
, Iniciar com uma oração, convidando todas as religiões presentes a
se manifestarem.
, Apresentar todos os participantes.
, Fazer acordo de convivência antes de iniciar as atividades: horário
de início e fim de oficinas, do almoço, de retorno, do jantar etc. Todas
essas decisões devem ser feitas pelos comunitários.
, Sempre fazer avaliação ao final das oficinas.
, Produzir todo o material em cartolinas, fazer fotos para registro e
entregar tudo para a comunidade.
, As fotografias tiradas em uma oficina devem ser impressas e
entregues à comunidade na próxima oficina como uma forma de
devolução.
, Todas as oficinas têm que ter um relator para tomar nota do processo.
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3
OFICINA 1
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3 OFICINA 1
E
ssa oficina tem como objetivo pantes discutam as três primeiras per-
fazer um diagnóstico social, guntas com o colega do lado e então
ambiental, cultural e econô- respondam no papel a última pergunta.
mico das comunidades. Todos os papéis são recolhidos
e colados em um mural para que todos
tenham acesso às respostas individu-
Passo 1 ais. Essas respostas serão revisadas
Identidade em outro momento da construção do
Protocolo.
Este passo propõe discutir e responder
as seguintes questões: Justificativa da
1. Se alguém de fora lhe perguntar: atividade
Quem é você? O que você diz? Aqui se busca um entendimento sobre
2. Como seus avós e pais se como os participantes se identificam
identificavam/reconheciam? em um contexto individual, para então
3. Você se identifica/reconhece levar essa discussão para a comuni-
do mesmo modo que eles? dade. É importante que seja uma ati-
Se não, por quê? vidade de auto-identificação, sem que
4. Como você se identifica/ o facilitador influencie na resposta. A
reconhece? identidade é algo que é fluido e pode
modificar com o tempo, principalmen-
Como desenvolver te frente a desafios. Por isso também, a
a atividade? auto-identificação pode vir em forma-
O facilitador apresenta as quatro per- to de várias respostas. Uma pessoa se
guntas escritas em uma cartolina. E identifica de vários modos.
entrega um pedaço de papel para que As perguntas 2 e 3 trazem uma
os participantes as respondam. reflexão sobre modos de identificação
A última pergunta é o foco des- passados, seja através das profissões
sa atividade, portanto o facilitador tem dos pais, seja através da situação po-
duas opções para desenvolvê-la. A pri- lítica vivida na época. Ela serve para
meira é pedir que todas as perguntas pensar sobre como a identidade pode
sejam respondidas no pedaço de papel. mudar de uma geração para outra.
A segunda opção é pedir que os partici-
lecer os critérios que fazem um indi-
Passo 2 víduo pertencer a uma comunidade
Como se define a e as regras que definem esse perten-
comunidade? cimento. Isso é importante porque
ajuda na construção da definição de
Este passo propõe discutir e respon- comunidade, saindo da discussão do
der as seguintes questões: ser individual e passando para uma
1. Como definir quem é da discussão mais coletiva.
comunidade? A pergunta sobre valores da
2. Como definir quem não é da comunidade se torna importante
comunidade? porque também entra na própria de-
3. Quais são os critérios de inclusão? finição da comunidade e de como os
4. Quais são os critérios de exclusão? comunitários se enxergam. Isso vai
5. Quais são os valores da influenciar o modo como essas pes-
comunidade? soas vão criar regras internas para
lidarem com o ator externo.
Como desenvolver
a atividade?
Essa atividade deve ser feita em
grupo. Se existirem comunidades
diferentes fazendo a oficina, cada
comunidade deverá responder as
perguntas separadamente. Após res-
ponder as perguntas, cada grupo de-
verá apresentar suas respostas para
o restante dos participantes. Pode-se
abrir um espaço de discussões sobre
as caraterísticas comuns e diferentes
entre as comunidades.
Justificativa da
atividade
O objetivo dessa atividade é estabe-
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3 OFICINA 1
Justificativa da
Passo 3 atividade
Refletindo sobre O objetivo dessa atividade é iniciar um
sua história registro e um resgate histórico da co-
munidade. Tem o objetivo de trabalhar
Este passo propõe discutir e responder o sentido coletivo de identidade co-
as seguintes questões: munitária. A pergunta número 6 tem
1. Quando se fundou a comunidade? como objetivo identificar grupos tra-
2. De onde vieram os primeiros dicionais dentro da comunidade que
moradores? também fazem parte da história dessa
3. De onde vieram os demais comunidade.
moradores da minha comunidade?
(de qual Estado, cidade etc.)
4. Onde estão os parentes?
5. Quais são as principais tradições Passo 4
da sua comunidade? (festa religiosa, Linha do tempo
dança etc.)
6. Na sua comunidade tem parteira, Como desenvolver
benzedeira, conhecimento de a atividade?
plantas, raizeiro, puxador etc.? Essa atividade deve ser desenvolvida
Diga os nomes dessas pessoas. em conjunto, por todos os participan-
tes da oficina. Em uma cartolina, de-
Como desenvolver ve-se desenhar uma linha do tempo
a atividade? indicando os momentos discutidos na
Essa atividade deve ser feita em grupo. atividade anterior. Essa atividade pode
Se existirem comunidades diferentes ser feita durante a oficina ou ela pode
fazendo a oficina, cada comunidade ser apresentada para o grupo durante
deverá responder as perguntas sepa- o Encontrão para ser discutida, avalia-
radamente. Os grupos passam as res- da e aprovada.
postas para uma cartolina para serem
apresentadas para o restante dos par- Justificativa da
ticipantes em plenária. atividade
Essa atividade tem como objetivo visu-
alizar a história da comunidade que individuais. As respostas são coloca-
foi contada anteriormente. Quando das em um pedaço de papel e são
apresentada no Encontrão, os par- pregadas na parede. Não é preciso
ticipantes poderão adicionar infor- colocar o nome. Uma vez na pare-
mações que acharem importante. de, os participantes são convidados
Desde um evento particular até a a levantar e olhar as respostas da-
chegada de um símbolo, como um das. Pode-se fazer uma primeira
sino, uma imagem de santa etc, tudo sistematização das respostas mais
o que for lembrado sobre a história comuns e agrupá-las.
da comunidade.
Justificativa da
atividade
Essa atividade fecha o ciclo de dis-
Passo 5 cussão sobre identidade. Ela tem o
O que é ser..... ? objetivo de entender se existe uma
definição coletiva do que significa
Como desenvolver fazer parte dessa comunidade ou
a atividade? região. É importante que a equipe do
Aqui a pergunta é o que é ser de uma projeto veja se existe uma similari-
comunidade especifica. Por exem- dade de respostas que possam vir a
plo, o que é ser Bailiquiense (pessoa definir a comunidade. Essas respos-
do Bailique). Para desenvolver essa tas poderão ser colocadas no docu-
atividade, coloca-se em uma cartoli- mento do Protocolo Comunitário.
na a seguinte frase:
Ser é
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3 OFICINA 1
Organização/ Número de
Precisa de nova Nível da árvore famílias da
instituição instituição? comunidade
os participantes e irá apresentar o nizações presentes na comunidade.
desenho da árvore [ver págs. 28 e 29] A partir daí começa a se pensar se
que deverá ficar exposto durante há uma carência de organizações na
toda a atividade. As respostas serão comunidade e avaliar em que nível
feitas em um papel onde o quadro de desenvolvimento as instituições
já está pronto [ver quadro abaixo]. Os locais se encontram (de acordo
grupos passam as respostas para com nível da árvore). As perguntas
uma cartolina para ser apresentada 4 e 5 geram uma discussão a res-
para o restante dos participantes peito do nível de participação dos
em plenária. Pode-se abrir espaço comunitários nessas organizações
para discussão e esclarecimentos. e é parte essencial desse processo.
As perguntas 6 e 7 têm o objetivo de
Justificativa da levantar algumas questões da trans-
atividade parência nas atividades de gestão
O objetivo dessa atividade é fazer dessas organizações.
um levantamento de todas as orga-
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1 2 3
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5
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3 OFICINA 1
Animais
Como desenvolver
a atividade?
Essa atividade é feita com todos
os participantes ao mesmo tempo.
Em um quadro, o facilitador dese-
nha uma tabela como a que está
abaixo. E vai perguntando aos par-
Pecuária
Justificativa da
atividade
O objetivo dessa atividade é iniciar
Plantas
Como desenvolver
a atividade?
Essa atividade é feita individualmen-
te. O facilitador conversa com o gru-
po e busca saber o que eles pensam
a respeito da expressão “uso susten-
tável”. Em uma folha de papel, cada
participante escreve uma palavra,
uma frase ou até mesmo um exem-
plo para ilustrar o que significa “uso
sustentável”. As folhas de papel são
recolhidas e algumas são lidas para
a assembleia.
Justificativa da
atividade
Essa atividade não visa a um enten-
dimento aprofundado do que seria
“uso sustentável”. A ideia é começar
uma conversa sobre este assunto.
Em outro momento, mais à frente,
na construção do Protocolo, o tema
voltará a ser debatido.
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4 OFICINA 2
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4 OFICINA 2
E
sta oficina traz informações e saberes, gerem renda e melhorem a
sobre as definições e con- qualidade de vida e do ambiente.
ceitos relacionados a povos
e comunidades tradicionais, sobre os Agroecologia
regulamentos internacionais e nacio- Busca a integração entre capacidade
nais de acesso ao patrimônio genético, produtiva, uso e conservação da bio-
ao conhecimento tradicional associa- diversidade e dos demais recursos
do e à repartição de benefícios, assim naturais, equilíbrio ecológico, eficiência
como sobre as políticas públicas rela- econômica e justiça social.
cionadas a PCTs.
Agrobiodiversidade
Agrega a diversidade entre as espécies
e entre os ecossistemas, representa a
Atividade 1 interação de sistemas de cultivo, de
Conceitos e Definições espécies, de variedades e raças, assim
como diversidade humana e cultural.
Essa atividade trabalha com o esclare-
cimento e entendimento de conceitos Agroextrativismo
e definições-chave. Os conceitos são: É representado pelas atividades eco-
nômicas de grupos sociais que incor-
Biodiversidade poram o progresso técnico e novas
‘Bio’ significa ‘vida’ e diversidade signi- tecnologias na transformação e agre-
fica ‘variedade’. Então, biodiversidade gação de valor aos produtos da econo-
ou diversidade biológica compreende mia florestal não madeireira. Também
a totalidade de variedade de formas de abrange atividades agropastoris, extra-
vida que podemos encontrar na Terra tivistas e silviculturais, envolvendo tan-
(plantas, aves, mamíferos, insetos, mi- to os processos produtivos como os de
cro-organismos etc.). transformação e de comercialização.
Sociobiodiversidade Desenvolvimento
Bens e serviços, gerados a partir da Sustentável
biodiversidade, que promovam a ma- É o desenvolvimento capaz de suprir
nutenção e a valorização das práticas as necessidades da geração atual, sem
comprometer a capacidade de aten- isso com cada um dos seis conceitos.
der as necessidades das futuras ge- Na oficina, inicia-se a ativi-
rações. É o desenvolvimento que não dade fazendo uma leitura dos con-
esgota os recursos para o futuro. ceitos que estão nos cartazes, mas
sem estender muito na explicação
Como fazer essa do sentido das definições. Após uma
atividade? leitura inicial, os comunitários se di-
Antes de a oficina começar, é preciso videm em três grupos de trabalho e
pegar cada um desses seis conceitos cada grupo recebe dois envelopes
(biodiversidade, sociobiodiversidade, com dois conceitos contendo as pa-
agroecologia, agrobiodiversidade, lavras que já foram preparadas an-
agroextrativismo, desenvolvimento teriormente. A atividade consiste em
sustentável) e identificar palavras- cada grupo tentar formar a definição
chaves, similares ou sinônimas às daquele conceito que está no envelo-
usadas na definição original que pe utilizando as palavras dadas (não
possam ser usadas para construir a necessariamente utilizando todas) e
definição do conceito. Por exemplo: também podendo acrescentar novas
definição de biodiversidade : “‘Bio’ palavras. Pede-se que cada grupo
significa ‘vida’ e diversidade significa pense em um exemplo para os con-
‘variedade’. Então, biodiversidade ou ceitos. Cada grupo escreve na carto-
diversidade biológica compreende lina sua definição e exemplos.
a totalidade de variedade de formas A segunda etapa da atividade
de vida que podemos encontrar na é a apresentação de cada grupo, em
Terra (plantas, aves, mamíferos, in- plenária, e depois leitura da definição
setos, micro-organismos etc).” original e discussão com todo o gru-
Escreve-se então as seguin- po, para ver se houve diferença de
tes palavras: vida, variedade, formas definição e se ficou claro para todos.
de vida, plantas, aves, peixes, animais Na página a seguir há uma
da mata e terra em pedaços de papel, tabela com a sugestão de palavras a
sendo uma palavra em cada pedaço serem usadas nos envelopes.
de papel. O segundo passo é colocar
essas palavras dentro de um envelo-
pe intitulado BIODIVERSIDADE. Fazer
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4 OFICINA 2
Conceito Palavras
Diversidade / espécies /
ecoSsistemas / interação / cultivo /
Agrobiodiversidade
variedade / diferentes pessoas /
diferentes culturas
Importante ressaltar aqui que esses conceitos são sugestões que faze-
mos como temas importantes de discussão. É possível adicionar outros conceitos,
como por exemplo agrofloresta, que sejam relevantes para a comunidade que está
desenvolvendo o Protocolo.
Comunidades Tradicionais
Atividade 2 São grupos culturalmente diferen-
Comunidades ciados e que se reconhecem como
tradicionais tais, que possuem formas próprias
de organização social, que ocupam
Essa atividade tem por objetivo es- e usam territórios e recursos naturais
clarecer o conceito de comunidades como condição para sua reprodução
tradicionais usado pelo governo bra- cultural, social, ancestral, econômica
sileiro. É importante que a comuni- e religiosa, utilizando conhecimentos,
dade se entenda como tal para que inovações e práticas gerados e trans-
possa acessar as políticas públicas mitidos pela tradição. Há uma gran-
dos PCTs e, para isso, sugere-se que de sociodiversidade entre os PCTs
essa atividade seja desenvolvida da do Brasil, entre eles estão os Povos
seguinte maneira: Indígenas, Quilombolas, Seringueiros,
Primeiramente dá-se o tem- Castanheiros, Quebradeiras de coco
po de alguns minutos para uma con- de babaçu, Pescadores Artesanais,
versa com o colega do lado sobre o Marisqueiras, Ribeirinhos, Campeiros,
que é entendido na expressão co- Pantaneiros, entre outros.
munidades tradicionais. Se for me-
lhor, esse exercício pode ser feito em O facilitador inicia a leitura
conjunto, puxado pelo facilitador. propondo as seguintes reflexões:
Após essa primeira reflexão, , Essa comunidade pode ser enten-
parte-se para a análise da definição dida como grupos que são cultu-
que está no banner. Pensando em ralmente diferenciados? Vocês são
associar a comunidade com a ideia diferentes do pessoal da cidade?
de comunidade tradicional, o facilita- , Vocês ocupam um território es-
dor vai lendo cada parte da definição pecífico?
e perguntando se tem relevância , Vocês usam recursos naturais para
para a comunidade. sua sobrevivência?
A definição de comunidades , Vocês utilizam de conhecimentos
tradicionais colocada no banner é: tradicionais que foram passados
de pais para filhos?
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4 OFICINA 2
Repartição de benefícios
Consiste na divisão dos benefícios pro- Atividade 6
venientes da exploração econômica de Legislações
produto ou processo desenvolvido a par- Internacionais e
tir do acesso ao patrimônio genético ou Nacionais
ao conhecimento tradicional associado.
As formas e o montante dessa Nessa atividade são apresentadas
repartição são acordados entre as ins- legislações nacionais e internacio-
tituições de pesquisa e os provedores, nais importantes para a discussão de
podendo ser monetárias ou não, in- acesso a repartição de benefícios. Os
cluindo a transferência de tecnologias. conceitos estão abaixo (para serem
colocados nos banners) seguidos de
Contrato de Utilização sugestões sobre como apresentá-los
do Patrimônio Genético para a comunidade.
e Repartição de Benefícios
Contrato a ser firmado entre as partes Convenção sobre
envolvidas em atividades que envol- Diversidade Biológica (CDB)
vam acesso e remessa a componente A CDB foi estabelecida durante a ECO
do patrimônio genético ou acesso aos –92, no Rio de Janeiro, em junho de
conhecimentos tradicionais providos 1992. Esse tratado das Nações Unidas
por comunidades indígenas ou locais. é um dos mais importantes instru-
mentos internacionais sobre o meio
CGEN – Conselho de Gestão ambiente. Seus objetivos são:
do Patrimônio Genético
Responsável pela emissão de autoriza- , Conservação da diversidade bio
ção de acesso ao patrimônio genético ou lógica;
ao conhecimento tradicional associado. , Utilização sustentável dos seus
componentes;
Após o teatro, o facilitador faz , Repartição justa e equitativa dos
uma leitura sobre os conceitos dos benefícios.
banners. Ele explica o significado de
cada um, sempre usando a história do
teatro para ilustrar os conceitos.
Como desenvolver essa ção sobre a Diversidade Biológica.
atividade? Foi adotado em 29 de outu-
Facilitador explica história e origem bro de 2010 em Nagoia, no Japão,
da CDB e esclarece os seus objetivos e se aplica aos recursos genéticos
principais. Comunidade é dividida em e aos conhecimentos tradicionais,
três grupos onde cada grupo vai dis- bem como aos benefícios decorren-
cutir um objetivo da CDB, elaborando tes de sua utilização. O Protocolo de
exemplos locais. Cada grupo apre- Nagoia foi assinado pelo Brasil em 2
senta sua discussão em plenária. de fevereiro de 2011 em Nova York
e ainda precisa ser aprovado pelo
CDB – artigo 15 – Acesso Congresso Nacional.
a Recursos Genéticos
O acesso aos recursos genéticos Saiba mais www.cbd.int/abs
deve estar sujeito ao consentimento
prévio fundamentado da Parte Con- Como desenvolver essa
tratante provedora destes recursos, atividade?
a menos que tenha sido determina- O facilitador conta a história desse
do de outra forma por esta parte. Protocolo, sua origem e importância.
Pode-se utilizar esse espaço para
Saiba mais http://goo.gl/Na3HXi discutir com comunidades sobre a
posição do Brasil na implementação
Como desenvolver essa desse Protocolo que, até 2014, ainda
atividade? não tinha sido ratificado.
Aqui o facilitador faz uma leitura do
artigo, dando foco na importância do Protocolo de NagoIa –
consentimento prévio no acesso. Artigo 12
As partes deverão apoiar o desen-
Protocolo de NagoIa volvimento de protocolos comu-
O Protocolo de Nagoia sobre Acesso nitários relativos a acesso ao co-
aos Recursos Genéticos e a Reparti- nhecimento tradicional associado
ção Justa e Equitativa dos Benefícios a recursos genéticos e à repartição
Advindos de sua Utilização (ABS) é justa e equitativa dos benefícios de-
um acordo suplementar à Conven- rivados de tal conhecimento.
47
4 OFICINA 2
49
4 OFICINA 2
51
4 OFICINA 2
53
5
I ENCONTRÃO
55
5 I ENCONTRÃO
E
ncontrão é uma reunião amplia- algumas informações preliminares.
da com a participação de todas A escolha de quais gestores con-
as comunidades envolvidas no vidar fica a critério das demandas identi-
processo de construção do Protocolo Co- ficadas na Oficina 2.
munitário. Dependendo do tamanho da
comunidade, existe a necessidade de divi-
di-la em polos (levando em conta a apro-
ximação geográfica) para que o número Atividade 1.1
de participantes em cada oficina não seja Roda de Conversa
muito alto, o que dificultaria a metodolo-
gia. O Encontrão é o momento em que Roda de Conversa com gestores públicos
todas as comunidades se encontram para relacionadas às políticas públicas para os
participarem das atividades e discutirem, povos e comunidades tradicionais para
em conjunto, detalhes do Protocolo. que eles expliquem os caminhos que as
comunidades devem seguir para acessar
estas políticas.
O Encontrão é um evento de três
Atividade 1 dias. É importante que essa roda de con-
Diminuindo a distância versa aconteça no primeiro dia e que os
entre poder público e gestores públicos fiquem no evento até o
comunidades final. O motivo é que a presença deles no
evento possibilita o surgimento de peque-
Considerando que muitas das políticas nas rodas de conversas informais com os
públicas voltadas aos PCTs são ainda comunitários durante o processo. Conside-
desconhecidas pelos povos e comunida- rando que esses gestores nunca, ou quase
des tradicionais, vê-se a necessidade de nunca, ficam na comunidade, é importan-
diminuir a distância entre a comunidade te dar a chance aos comunitários de con-
e essas políticas. versarem com eles o máximo possível.
A organização moderadora do É papel do moderador da mesa
processo, portanto, deve servir de ponte identificar algumas possíveis demandas
junto aos ministérios proponentes desta das comunidades durante a roda de con-
política, convidando-os para participa- versa. Essas demandas, ao final do En-
rem do I Encontrão, no intuito de trazer contrão, deverão ser postas para votação
pela assembleia para ver como devem No Encontrão, este caderno
agir (por exemplo, enviando um ofício do polo será avaliado pelas lideran-
pedindo ajuda ao Ministério Público so- ças, para observar as mudanças que
bre questão fundiária, convidando ou- aconteceram com as contribuições das
tros gestores para próxima oficina etc). famílias. Sendo feita por polos, a siste-
matização possibilita que cada comuni-
dade se enxergue no documento. Des-
se modo, tanto as divergências quanto
Atividade 2 as convergências são identificadas.
Devolução da Cada polo deve discutir o resul-
Sistematização dos tado. Os comunitários têm a oportuni-
Documentos Consultas dade de concordar com as mudanças
feitas ou alterar ainda mais o resultado,
Todos os documentos-consultas (con- modificando ou adicionando informa-
sulta a todas as unidades familiares) ções. Este debate gera um produto de
referentes à oficina 1 são sistemati- consenso das lideranças que é apre-
zados por comunidades e por polo, sentado em plenária no Encontrão.
tentando ter uma visão geral do grupo. Esse caderno irá retornar com
Deste modo, cada comunidade terá as lideranças ou representantes das
uma informação referente às respos- comunidades para que as famílias to-
tas da Oficina 1, que é agora um re- mem conhecimento do resultado.
flexo, não somente das respostas das Após o Encontrão, a equipe
lideranças, mas também das outras técnica do projeto sistematiza essas
pessoas da comunidade. novas informações que foram apre-
A sistematização por polo deve sentadas em plenária. Com esses da-
ser impressa em um material mais dos, constroem um novo documento-
permanente e impermeável (depen- consulta que irá passar a cada unidade
dendo do número de comunidades, é familiar das comunidades para reco-
preciso produzir um caderno para cada lher suas contribuições.
polo). Deve-se imprimir em papel A 4 A sistematização destas in-
os resultados para cada comunidade. formações irá alimentar o debate da
Assim, a liderança pode fazer a devo- quarta Rodada de Oficinas, antes de
lução às famílias de sua comunidade. ir para o II Encontrão.
57
6
OFICINA 3
59
6 OFICINA 3
A
Oficina 3 é dedicada à capa- dessa atividade depende do número de
citação de ABS (Acesso ao apresentações, mas é muito importan-
Patrimônio Genético e Repar- te que se deixe tempo suficiente para
tição de Benéficos) e de Políticas Pú- as comunidades tirarem as dúvidas
blicas de interesses aos PCTs. sobre a melhor maneira de acessar as
políticas públicas apresentadas.
É importante que essa seja a
primeira atividade para que a comu-
Atividade 1 nidade tenha os outros dias da oficina
Apresentação de para manter conversas informais com
políticas públicas esses gestores sobre políticas públicas
e como acessá-las.
Durante a oficina 2 e durante o Encon-
trão devem ser identificadas algumas
necessidades de conhecimento de po-
líticas públicas específicas. Isso pode Atividade 2
surgir também a partir de demandas Capacitação de
feitas pela comunidade. acesso ao patrimônio
Uma vez identificadas as ne- genético, conhecimento
cessidades, os representantes dos tradicional e repartição
ministérios são convidados a participa- de benefícios
rem dessa oficina, no intuito de apre-
sentar algumas políticas públicas. Para desenvolver essa atividade, o faci-
O material gerado por esses litador deve tentar, o máximo possível,
gestores deverá ser impresso nos ban- criar uma conversa com o grupo para
ners do projeto, pois estes seguirão para trazer o esclarecimento sobre o tema.
as comunidades. É importante aconse- É importante o uso de exemplos locais
lhar esses órgãos na produção do texto para facilitar a explicação. Somente
desse material para que seja algo obje- após uma discussão inicial é que o faci-
tivo e de linguagem acessível a todos. litador deve iniciar a leitura do material,
Na oficina, cada órgão apresen- que deve conter figuras para facilitar o
ta o material para as comunidades e entendimento.
abre para perguntas e debate. O tempo
Material apresentado
PÁgina 1
Por que os recursos genéticos são importantes?
Porque eles podem ajudar no desenvolvimento de medicamentos e de cosmé-
ticos, nas técnicas agrícolas e ambientais.
61
6 OFICINA 3
Página 2
Por que os conhecimentos tradicionais são importantes?
Conhecimentos tradicionais têm ajudado a preservar, manter e até aumentar a
diversidade biológica ao longo dos séculos. Além disso, populações tradicionais
utilizam desse conhecimento na agricultura e também na saúde, através de medi-
camentos tradicionais.
AZEITE de
andiroba
SABONETE
DE AÇAÍ
63
6 OFICINA 3
Página 4
O que é acesso ao conhecimento tradicional associado?
, Essas informações podem ser usadas para estudo acadêmico, para a pesquisa
científica ou para o desenvolvimento comercial de um produto.
REMÉDIO DE FARMÁCIA
À BASE de andiroba
, Os conhecimentos tradicionais são uma fonte vital de informações para identificar
os usos dos recursos genéticos com os quais a humanidade pode se beneficiar.
Sem esses conhecimentos tradicionais muitas espécies atualmente usadas em
pesquisas e em produtos comercializados poderiam nunca ter sido identificadas.
Página 5
Setores envolvidos no acesso aos recursos genéticos e conhecimento tradicional
65
6 OFICINA 3
Página 6
Termo de Anuência Prévia (TAP) – Documento assinado pelo pesquisador/em-
presa e comunidade antes de se iniciar o projeto. Se a comunidade assinar o TAP
significa que os comunitários aceitaram o projeto. O que precisa ter no TAP?
NÃO monetária
67
6 OFICINA 3
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7
OFICINA 4
71
7 OFICINA 4
E
ssa oficina é o momento em
que as comunidades iniciam Atividade 2
os seus acordos para a cons- Acordos e prioridades
trução do seu protocolo e identificam
riscos e oportunidades locais. Após a discussão do documento-con-
sulta pós Encontrão, as comunidades
presentes identificam que perguntas
Atividade 1 presentes nesse documento devem
Devolução do estar no documento final do protocolo
documento–consulta e quais devem ir para um anexo.
pós–Encontrão I Após essa identificação, as co-
munidades tentam unificar as suas res-
Será apresentado para as comunida- postas no máximo possível, deixando
des o resultado da última devolução ainda espaço para outras discussões
do documento-consulta que foi circu- que surgirão durante o segundo Encon-
lado em todas as unidades familiares trão, que chamaremos de Encontrão II.
após o Encontrão. Esse material estará O resultado desses acordos fi-
exposto em banners que serão entre- nais devem ser guardados pela equipe
gues a cada polo. do projeto porque será apresentado no
O objetivo dessa atividade é Encontrão II.
dar chance às lideranças e represen-
tantes presentes que conheçam as
discussões feitas nos últimos meses
com as comunidades. Abre-se espaço
para debate e ponderações.
Atividade 3
Riscos e
Oportunidades
73
8
II ENCONTRÃO
75
8 II ENCONTRÃO
O
II Encontrão reúne mais uma
vez todas as comunidades Atividade 2
envolvidas, para a finalização ABS no protocolo
dos acordos para construção do Proto-
colo Comunitário., fechando o ciclo de Após os acordos feitos com o material
atividades dessa metodologia. vindo da oficina 4, a comunidade deve
considerar adicionar ao seu protocolo
informações relacionadas a ABS, como
um modo de garantir seus direitos den-
Atividade 1 tro dessa discussão. O texto abaixo é
Apresentação das uma sugestão para a comunidade, ba-
decisões da oficina 4 seada nas atividades da terceira rodada
de oficina. Esse texto deve ser discutido
, As discussões feitas na oficina 4 so- e adaptado se necessário. O importan-
bre sistematização dos documen- te é que ele reflita as legislações na-
tos-consultas deverão ser apre- cionais e internacionais vigentes sobre
sentadas para todo o grupo com o acesso e repartição de benefício.
intuito de visualizar a região como
um todo. Texto de ABS – sugestão
, Deverão ser apresentados também para o Protocolo
o material de riscos e oportunidades Considerando a atual legislação brasi-
gerado na oficina 4 e o material de leira de acesso ao patrimônio genético
prioridades para estar no Protocolo. e conhecimento tradicionais associado
(MP 2.186/16), a OIT 169, a Conven-
Com essas informações já ção da Diversidade Biológica e o Pro-
compartilhadas para todo o grupo, os tocolo de Nagoia, afirmamos que para
participantes do II Encontrão deverão qualquer acesso ao recurso genético
iniciar o debate para decidir o que vai do nosso território e/ou conhecimento
estar no Protocolo Comunitário. Aqui tradicional associado, é necessário res-
será necessário um moderador no pro- peitar e acatar as seguintes decisões:
cesso para poder facilitar esses acordos
e uma pessoa responsável por colocar
todas as informações em um cartaz.
1. O Comitê Gestor do Protocolo Todas as informações colo-
Comunitário é o primeiro ponto cadas na cartolina deverão ser orga-
de contato para qualquer organi- nizadas e apresentadas no final do
zação externa que queira acessar terceiro dia para a plenária, a fim de
recurso genético e/ou CTA; obter aprovação.
2. Antes de qualquer acesso é ne-
cessário iniciar um diálogo com os
comunitários, no intuito de conse-
guir seu consentimento (Anuência
Prévia). Para isso, é necessário que
todos sejam informados sobre
todo o projeto em questão, inclusi-
ve qual o tipo de acesso feito (PG
e/ou CTA), como requerido pela
atual legislação brasileira;
3. Os comunitários têm o direito de
pedir maiores esclarecimentos
quanto ao projeto. Não deve haver
um tempo mínimo para que eles
decidam sobre a questão;
4. O consentimento dos comunitários
deve ser livre, prévio e informado;
5. O Contrato de utilização e repar-
tição de benefício deve ser apre-
sentado aos comunitários, com o
objetivo de haver uma negociação
entre essas pessoas e o órgão
prospector. A comunidade enten-
de que tem o direito de negociar
detalhes do contrato, incluindo va-
lores da repartição de benefícios,
podendo pedir auxílio a outras ins-
tituições, se achar necessário.
77
APOIO
PARCERIA INSTITUCIONAL
Metodologia
Protocolos comunitários são regras internas criadas pela própria
comunidade. Tais regras refletem as suas características tradicionais,
o modo como a comunidade se relaciona interna e externamente.
definem também alguns procedimentos, critérios e instrumentos de
gestão territorial e de manejo e uso sustentável de recursos naturais. para construção
de Protocolos
Essa cartilha descreve a metodologia de construção de protocolos
comunitários que foi desenvolvida pela Rede GTA no arquipélago do
Bailique, Amapá. Esperamos que esse modelo de protocolo comunitário
possa ser replicado em outros territórios, transformando-se em um
instrumento de empoderamento dos povos e comunidades tradicionais. Comunitários