NARRADOR: JÉSSICA PAI:

ANINHA: COLEGUINHA 1:
PROFESORA: COLEGUINHA 2:

A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

NARRADOR: Aninha tem 4 anos e está ingressando em uma nova escola. No

seu histórico pessoal, possuía um tumor no cérebro que ao ser removido
deixou uma sequela caracterizada por crises de risos que podem durar até 15
segundos e já foram comparadas com uma crise epilética. E como será que
isso afetou Aninha em sua vivência na escola?

Era início de Agosto. As aulas já haviam começado quando Aninha retornou de

suas férias de Julho. Apesar de já conhecer os coleguinhas e a professora, a
menina sentou-se na porta da sala, cruzou os braços e ficou. O pai já
começando ficar irritado se dirigia a garota quando a professora interrompeu.

(ANINHA SENTADA NO CHÃO. PROFESSORA SE APROXIMA

CALMAMENTE E SE ABAIXA PARA FALAR COM ELA)

PROFESSORA: Pode ir, pai. Nós cuidamos da Aninha.

(PAI SAI DE CENA)

PROFESSORA: Olá, Aninha. Vamos entrar?

(ANINHA COMEÇA A CHORAR AINDA SENTADA NO CHÃO)

(PROFESSORA PEGA UM BRINQUEDO E LEVA ATÉ ANINHA NA PORTA)

PROFESSORA: Vamos entrar, Aninha. Brincar com seus coleguinhas. Vai ser
divertido!

(ANINHA PEGA BRINQUEDO MAS NÃO DÁ ATENÇÃO A PROFESSORA E

ENTRA NA SALA E SENTA-SE EM UMA CARTEIRA)

NARRADOR: Naquele dia Aninha não participou da roda de conversas,

brincou sozinha no parquinho, não realizou a atividade que a professora
sugeriu aos alunos e dormiu até o fim da aula.

Na semana seguinte Aninha chegou atrasada todos e mostrou resistência

todos os dias para entrar na sala. A professora foi até a porta da sala para
tentar convencê-la.

PROFESSORA: Vamos entrar, Aninha. Seus coleguinhas estão te esperando!

(ANINHA CONTINUA DE BRAÇOS CRUZADOS SEM OLHAR PARA A

PROFESSORA)
Foi então que a professora teve uma ideia. Ela pediu que um coleguinha fosse
até a porta para abraça-la, beijá-la e chama-la para entrar.

COLEGUINHA 1: (ABRAÇA, DÁ UM BEIJO NA TESTA) Vamos, Aninha. A tia

vai contar histórias legais!

E então Aninha entrou na sala. Nos três primeiros dias da semana a estratégia
funcionou, mas por fim a menina já voltava a demonstrar sinais de resistência.

(TODOS SAEM DE CENA COMO SE FOSSEM PARA CASA. TODOS

VOLTAM PARA A SALA MENOS ANINHA)

(ANINHA FICA NA PORTA EMBURRADA)

Foi aí que a professora teve que criar uma nova estratégia para convencer
Aninha entrar na sala.

PROFESSORA: (VAI A PORTA COM UM BRINQUEDO) Olhe, Aninha. Todos

seus coleguinhas estão brincando com esse brinquedo. Quer brincar com ele
também? (ANINHA PEGA O BRINQUEDO) Tudo bem se você não quiser
entrar, mas olha lá, você está brincando igualzinho eles!

(ANINHA OLHA OS AMIGOS, ABRE UM SORRISO E ENTRA NA SALA)

(ANINHA SENTA NO COLO DA PROFESSORA)

Aninha não participou da roda de conversa naqueles dias, mas sentou no colo
da professora e ouviu atentamente. No parque, diferente da outra semana
trocou palavras com os colegas e brincou junto deles.

(COLEGUINHAS E ANINHA BRINCAM)

Porém, no retorno para a sala de aula teve uma de suas crises.

(ANINHA TEM CRISE DE RISOS).

Depois, teimou que queria ficar sozinha, abaixou a cabeça e dormiu até o fim
da aula.

(TODOS SAEM DE CENA COMO SE FOSSEM PARA CASA. TODOS

VOLTAM PARA A SALA MENOS ANINHA)

Na terceira semana, Aninha chegava feliz com seu pai, se despedia com um
beijo e um abraço e corria para os braços da professora dar mais beijos e
abraços.

(ANINHA CHEGA COM O PAI. ELES TROCAM BEIJOS E ABRAÇOS.

ANINHA ABRAÇA COLEGAS E PROFESSORA)
Até os coleguinhas receberem beijinhos!

ANINHA: Posso brincar com você hoje?

COLEGUINHA 1: (RISOS TÍMIDO) Pode sim!

ANINHA: Olha que legal, professora. Vamos brincas juntos!

PROFESSORA: Que legal, Aninha!

Nessa semana específica Aninha apresentou suas crises, que apesar de curtas
a deixavam cansada.

(ANINHA TEM CRISE DE RISOS E FICA CANSADA)

Mas, não dormiu nenhum dia e participou da maioria das atividades.

(ANINHA CONVERSA COM OS COLEGAS E BRINCA)

Já no fim de Agosto, a semana foi bem conturbada. Um dos coleguinhas mais

próximos de Aninha não compareceu a aula.

(O COLEGUINHA 1 DE ANINHA SAI DE CENA)

(ANINHA NA PORTA)

A garota, ao notar a falta do coleguinha, fez birra logo na entrada e chorou

muito. A professora, não podendo deixar de intervir na situação, seguiu
confiante em direção a porta.

(ANINHA CHORANDO ALTO E PROFESSORA SE APROXIMA, E SE

ABAIXA PARA FICAR DA MESMA ALTURA DA GAROTA)

PROFESSORA: Ei, Aninha. Por que está chorando? Seus coleguinhas

precisam de você. Eles também estão tristes porque você está triste.

(ANINHA CHORA MAIS ALTO)

A professora chamou uma coleguinha da turma para mostrar apoio a Aninha e

convencê-la entrar na sala.

(PROFESSORA CHAMA COLEGUINHA 2 QUE VEM AJUDAR E

CONVERSAR COM ANINHA)

Não funcionou muito bem, mas a menina parou de chorar e a professora e a

coleguinha conseguiram leva-la para a sala de aula.

(ANINHA ENTRA COM O COLEGUINHA 2 E A PROFESSORA)

Infelizmente, após dez minutos de interação, Aninha abaixou a cabeça e se
isolou, não querendo participar de nenhuma atividade.

(ANINHA DORME NA CARTEIRA)

Já era o ultimo dia da semana e Aninha chegou animada para a aula, mesmo
com seu colega mais próximo ausente. Beijou a professora, os coleguinhas e
sentou-se com um sorriso em sua carteira.

(ANINHA SAI E VOLTA ANIMADA)

Apesar desse avanço, Aninha não se interessou pelas atividades do dia e só

fez quando viu que os outros coleguinhas estavam fazendo também.

(COLEGUINHAS FAZENDO ATIVIDADE)

(ANINHA OLHA PARA OS COLEGUINHAS E COMEÇA A FAZER A

ATIVIDADE)

Na segunda atividade do dia, Aninha estava agitada, não fez sua atividade e
ainda atrapalhava os outros que estavam fazendo a sua.

(ANINHA ANDA NO MEIO DOS COLEGAS)

PROFESSORA: Aninha, seus colegas estão trabalhando. Não podemos...

ANINHA: nã nã nã (FAZ BARULHO COMO NÃO QUER OUVIR)

PROFESSORA: Aninha, isso não é...

(ANINHA TOMA O LÁPIS DO COLEGUINHA 2 E A PROFESSORA TENTA

PEGÁ-LO DE VOLTA. NESSE MOMENTO ANINHA MORDE A
PROFESSORA)

Aninha e a professora foram para a sala da coordenação aquele dia.

(AS DUAS SAEM DE CENA)

A menina se desculpou, mas teve uma de suas crises de riso e acabou

dormindo. Só acordando quando os pais vieram a buscar. Dias depois, Aninha
estava feliz no colo da professora que a havia convencido brincar de teatro.
Naquele dia, Aninha se despediu da professora dizendo que gostava muito
dela. A professora sorriu agradecida, feliz pelo bom dia que a garota teve,
mesmo sabendo que amanhã a atitude de Aninha era uma incógnita. E essa
era a vida de Aninha, sua professora, seus colegas e seus pais. Cheia de altos
e baixos.