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AL-BA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA BAHIA

NOÇÕES DE DIREITO PENAL


ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Estatuto da Criança e do Adolescente
Prof. Douglas de Araújo Vargas

SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................3
Estatuto da Criança e do Adolescente.............................................................4
Resumo.................................................................................................... 36

O conteúdo desta aula em pdf é licenciado para FRANCISCO JURACI ALVES DA SILVA - 01832261352, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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Estatuto da Criança e do Adolescente
Prof. Douglas de Araújo Vargas

DOUGLAS DE ARAÚJO VARGAS


Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no con-
curso realizado em 2013. Aprovado em vários concursos, como Polícia
Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e
Oficial – 2017.

Introdução

E aí, guerreiro(a)!

Na aula de legislação extravagante de hoje, iremos estudar a Lei n. 8.069/1990 –

o famoso ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Cabe ressaltar que o ECA é uma lei extensa, com 267 artigos que versam sobre

as mais diversas esferas do Direito. Nosso foco estará apenas nos aspectos infracio-

nais, sempre com o direcionamento específico para provas de concursos públicos.

Vamos em frente!

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Nos termos de seu art. 1, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.

8.069/1990) dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

O ECA é um regramento abrangente, que trata dos inúmeros deveres e direitos

relacionados às crianças e adolescentes em diversas esferas do Direito. E entre tais

esferas, é claro, está a esfera socioeducativa, que muito se associa com a disciplina

de Direito Penal.

Muito embora o ECA torne possível a responsabilização de uma criança ou ado-

lescente pela prática de ato análogo a um crime, como veremos mais à frente,

existem diversas peculiaridades que se aplicam nesses casos. E é justamente essas

peculiaridades que serão alvo da primeira parte de nossa aula.

Comecemos, é claro, pelo conceito de criança e adolescente, segundo o es-

tatuto.

Conceitos Básicos

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto
às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

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Mais simples impossível: para o legislador, criança é a pessoa que ainda não

completou 12 anos. Adolescente, por sua vez, é a pessoa entre doze e dezoito anos.

Ótimo. Já sabemos diferenciar crianças de adolescentes e adultos no âmbito do

ECA. Guarde bem esse conceito que será essencial para uma boa compreensão do

próximo tópico de nossa aula: existe crime praticado por criança ou adoles-

cente?

Atos Infracionais

Ao estudar a parte geral do Direito Penal, aprendemos que crime, sob o prisma

analítico, tem a seguinte definição:

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Para que uma conduta configure crime, portanto, deverá ser considerada como

fato típico, ilícito e culpável. Para bem entender o que preconiza o ECA, no entanto,

precisamos detalhar os elementos da culpabilidade:

A culpabilidade é um juízo de reprovabilidade da conduta. Ao analisar tal

elemento, já sabemos que o indivíduo praticou um fato típico e ilícito. Resta saber

se ele pode ser considerado culpável. Se é possível, diante das circunstâncias,

esperar dele outra conduta que não aquela que praticou.

E, entre os fatores para determinar se a conduta é ou não reprovável (e se o

autor, portanto, é ou não culpável), está a imputabilidade, que nada mais é do

que a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor-

do com este entendimento.

Uma pessoa normal, adulta (com mais de 18 anos), com desenvolvimento men-

tal completo, é, em regra, considerada imputável (de um modo bastante simples,

capaz de entender o caráter dos atos que pratica).

Já uma pessoa com desenvolvimento mental prejudicado, por sua vez, pode vir

a ser considerada inimputável, dependendo do caso. Ou seja, pode vir a ser, de

acordo com sua condição pessoal, considerada absolutamente incapaz de enten-

der o caráter dos atos que pratica.

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Quando consideramos o autor de um fato delitivo inimputável, acaba faltando

um dos elementos do crime (a culpabilidade). E se não há culpabilidade, não há

crime!

E é agora que vem o “pulo do gato”:

Para o legislador brasileiro, o menor de 18 anos é sempre inimputável.

Ou seja: não há imputabilidade nos atos praticados por crianças e adolescentes

e, dessa forma, eles não cometem crimes – mesmo que pratiquem atos típicos e

ilícitos!

Essa previsão absoluta de inimputabilidade está tanto na Constituição Federal

quanto no ECA. Veja só:

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medi-


das previstas nesta Lei.

CF/1988

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às nor-


mas da legislação especial.

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Por esse motivo, quando uma criança (ou adolescente) pratica um ato que se-

ria considerado INFRAÇÃO PENAL se praticado por um adulto, ela irá, na verdade,

incorrer em um ATO INFRACIONAL ANÁLOGO àquela conduta:

Essa previsão está no ECA, em seu artigo 103:

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção


penal.

Eu não posso ser mais enfático do que isso: em hipótese alguma, a criança

ou adolescente deixarão de ser considerados inimputáveis. Não irão prati-

car crimes, mas sempre atos infracionais!

Isso acontece porque o legislador adotou o chamado critério biológico para

determinar a imputabilidade das crianças e adolescentes. Comprovou que não tem

18 anos, acabou: o indivíduo será considerado inimputável!

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Não importa se a criança “é muito inteligente para sua idade”. Não importa se

o adolescente já possui ocupação remunerada como menor aprendiz ou se já leu

todo o Código Penal dez vezes. Será considerado inimputável, de forma absoluta,

unicamente tomando como base sua idade.

Certo. Agora que você já sabe disso, precisa entender mais detalhes sobre o

que acontece com a criança e com o adolescente quando praticam um ato

infracional. E esse é o nosso próximo assunto. Vamos em frente!

Crianças x Adolescentes

Para começar, vamos imaginar o seguinte: uma determinada criança, aos 10

anos de idade, pratica um ato infracional análogo ao crime de FURTO. No mesmo

dia, um adolescente, de 15 anos de idade, pratica outro ato infracional análogo ao

crime de FURTO, nas mesmas condições.

Haverá diferença no tratamento entre eles?

A resposta é positiva. Mas antes de determinar especificamente o que acontece

com cada um, você precisa conhecer a diferença entre dois institutos do ECA: as

medidas protetivas e as medidas socioeducativas.

Medidas Protetivas

Primeiramente, vejamos o que são as medidas protetivas:

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que


os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III – em razão de sua conduta.

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Como você pode perceber, as medidas protetivas não são aplicáveis unicamente

quando a criança ou adolescente praticam um ato infracional (ou seja, em razão de

sua conduta), mas também em casos que o indivíduo se encontra sob omissão da

sociedade ou mesmo de seus responsáveis legais.

São medidas menos gravosas, que, como o próprio nome diz, tem o objetivo de

proteger a criança e o adolescente de uma situação de risco.

Vejamos quais são elas:

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade compe-
tente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino funda-
mental;
IV – inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e
promoção da família, da criança e do adolescente;
V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar
ou ambulatorial;
VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos;
VII – acolhimento institucional
VIII – colocação em família substituta.
VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX – colocação em família substituta.

As medidas protetivas, portanto, são aplicáveis tanto às crianças quan-

to aos adolescentes, e não se restringem unicamente aos casos em que o

jovem pratica um ato infracional.

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Medidas Socioeducativas

Já as medidas socioeducativas, por sua vez, são um pouco diferentes:

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá apli-


car ao adolescente as seguintes medidas:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

Veja como as medidas socioeducativas são menos numerosas e mais gra-


vosas do que as medidas protetivas. Tais medidas são aplicáveis apenas aos
adolescentes, e apenas quando há a prática de um ato infracional.
Além disso, é importante notar que as medidas protetivas previstas nos incisos
de I a VI podem também ser aplicadas como medidas socioeducativas, se o magis-
trado as entender suficientes.

Quadro Comparativo

Comparando, temos o seguinte:

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Agora sim podemos responder àquela pergunta: há diferença no tratamento

entre a criança e o adolescente que praticam atos infracionais?

E a resposta é afirmativa!

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Maravilha! Já sabemos então quais são as medidas que podem ser aplicadas

face à criança e ao adolescente no caso de prática de ato infracional. Vamos em

frente!

Adolescentes e Privação de Liberdade

Como você já percebeu, a criança não estará sujeita a nenhuma medida que

possa lhe privar de sua liberdade ao praticar um ato infracional. É isso mesmo!

Se uma criança de 10 anos, por exemplo, por algum motivo qualquer, prati-

car de um delito de roubo, não será em hipótese alguma submetida a nenhuma

medida socioeducativa – e é nesse rol que estão inclusas as hipóteses que podem

restringir a liberdade do menor:

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá apli-


car ao adolescente as seguintes medidas:
[...]
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;

A criança, portanto, mesmo ao praticar um ato infracional análogo a um

crime grave, não incorrerá em medidas que lhe privem de sua liberdade.

O mesmo, no entanto, não se aplica aos adolescentes. Caso um adolescente

pratique um delito de roubo, dependendo das circunstâncias, poderá ser subme-

tido às medidas dos incisos V e VI do art. 112, incorrendo em efetiva privação

de sua liberdade.

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No entanto, há uma série de direitos que o ECA garante ao adolescente antes

que ele possa ser submetido a tais medidas. Veja só:

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua
apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido


serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apre-
endido ou à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibi-
lidade de liberação imediata.

Em nosso ordenamento jurídico, a privação de liberdade do adolescente é con-

siderada uma medida extrema a ser praticada em último caso, e pelo menor tempo

possível. Veja, por exemplo, o que rege o art. 108 do ECA:

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo
de quarenta e cinco dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes
de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

É isso mesmo: a internação provisória do adolescente não pode ser de-

terminada por mais de 45 dias. Vejamos um exemplo.

Determinado adolescente, aos 17 anos, 11 meses e 29 dias de vida, praticou

um duplo homicídio qualificado, levando duas vítimas a óbito, utilizando-se de meio

insidioso ou cruel.

Foi preso em flagrante delito, e teve sua internação provisória decretada pelo

magistrado responsável pelo processo.

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Na situação acima, se decorrerem 45 dias sem o julgamento do mérito,

o adolescente terá de ser colocado em liberdade – independentemente da

gravidade dos fatos, de sua periculosidade ou de quaisquer outras circuns-

tâncias. Sua internação provisória não estará mais amparada pelo ECA!

Veja que essa é uma enorme diferença quando comparamos com o regramento

de prisão preventiva aplicado aos adultos, que sequer tem prazo máximo pre-

visto em lei.

Além do que ocorre com a internação provisória, as medidas de internação e de

inserção em regime de semiliberdade também se submetem a algumas limitações:

Do Regime de Semiliberdade
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como
forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que pos-
sível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as dispo-
sições relativas à internação.

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios


de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desen-
volvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da
entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reava-
liada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três
anos.

Ou seja: em nenhuma hipótese, ante a prática de qualquer ato infra-

cional praticado pelo adolescente, este será submetido a um período de

internação superior a três anos.

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Não importa se o adolescente tinha 17 anos e 11 meses e praticou um crime

hediondo. Não importa se a pena cominada para um imputável seria de 30 anos. O

adolescente que praticar um ato infracional análogo a qualquer crime não

poderá ser submetido a um período máximo de internação superior a três

anos.

Muitas questões tratam sobre o tema, e é muito importante que você não hesite

nesse ponto. Os examinadores gostam de afirmar que quando o ato infracional for

muito grave, essa regra não se aplica. Isso não é verdade!

Devemos ainda chamar a atenção para outro ponto fundamental sobre os ado-

lescentes infratores submetidos à internação:

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

Aos 21 anos, cessa o prazo limite para o cumprimento de eventual in-

ternação. Dessa forma, se o adolescente estiver internado, deve ser liberado. Se

estiver com Mandado de Busca e Internação, este perderá seus efeitos!

Com efeito, uma vez que o indivíduo completa 21 anos, cessa a possibilidade

de aplicação do ECA. Dessa forma, nem mesmo as outras medidas socioeducati-

vas poderão ser mantidas após o indivíduo completar 21 anos!

E para finalizar o assunto idade, é importante observar o seguinte: para o STJ,

o indivíduo completa 18 anos à meia-noite do dia de seu aniversário!

Se o indivíduo, portanto, é preso em flagrante delito às 00h01min do dia de seu

aniversário de 18 anos, não poderá argumentar, por exemplo, que nasceu às 7h

da manhã, e que, por isso, ainda tinha 17 anos, 11 meses, 29 dias e 17 horas de

idade quando foi preso.

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Para o STJ, uma vez que você adentra a meia-noite do dia do seu aniversário,

você já é maior de idade, e será submetido ao regramento do Código Penal (ou

de leis especiais) como verdadeiro imputável. E este é o posicionamento que você

deve adotar para provas de concursos!

Observações Gerais

Todas as aulas elaboradas em nosso curso tomam como base a frequência com

que determinados assuntos são cobrados em provas de concursos. Tal estratégia

ganha especial importância em leis extensas, como o ECA, que possuem muitos

artigos, e que tomam grande tempo do aluno para o seu estudo.

Nesse sentido, normalmente as questões de Direito Penal sobre o ECA se limi-

tam aos seguintes tópicos:

• definição de ato infracional;

• diferença entre crime e ato infracional;

• diferença na responsabilização entre o imputável e o inimputável;

• medidas protetivas e socioeducativas;

• prazos de internação;

• delitos previstos no ECA.

Como você pode perceber, todos esses temas, com exceção dos crimes especí-

ficos previstos no ECA, já foram abordados na aula de hoje. Focamos apenas nos

assuntos recorrentes em prova – o que você verá ao fazer os exercícios dessa aula.

Objetividade SEMPRE!

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A estratégia recomendada, portanto, é a seguinte (do ponto de vista das ques-

tões de Direito Penal, é claro):

• faça o estudo de nossa aula;

• faça a leitura dos seguintes artigos do ECA, de forma complementar: art. 1º

a 6º e art. 98 a 125.

Dito isso, vamos passar agora para o estudo dos crimes previstos na parte es-

pecial do ECA, finalizando, assim, a aula de hoje!

ECA – Título VII – Capítulo I – Dos Crimes

Introdução

Como você já sabe, crianças e adolescentes não praticam crimes, e sim atos

infracionais.

Dessa forma, é essencial notar que os crimes previstos do art. 228 em diante do

ECA não são condutas praticadas por crianças e adolescentes, mas sim crimes nos

quais as vítimas são crianças e adolescentes!

Essa determinação, inclusive, consta nas disposições gerais do capítulo, que

merecem ser lidas:

Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o ado-
lescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal.

Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código
Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.

Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada.

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Uma vez que sabemos disso, podemos finalmente passar para os crimes em

espécie.

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de aten-


ção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma
e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu
responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.

Trata-se de crime próprio, praticado pelo responsável de cumprir as obriga-

ções do art. 10 do ECA, qual seja:

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, pú-


blicos e particulares, são obrigados a:
I – manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais,
pelo prazo de dezoito anos;
II – identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital
e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela auto-
ridade administrativa competente;
III – proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no me-
tabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
IV – fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrên-
cias do parto e do desenvolvimento do neonato;

Trata-se, portanto, de conduta omissiva, na qual o indivíduo viola seu dever,

deixando de cumprir as obrigações que a lei lhe determina.

O delito se consuma com a mera omissão do agente (é crime omissivo pró-

prio), de modo que não admite a tentativa.

Cuidado! Existe a previsão de modalidade culposa para o delito em es-

tudo.

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Por fim, cabe informar que é considerado como de perigo abstrato pela doutrina,

de modo que não há necessidade demonstrar que houve dano no caso concreto. O

lesão ao bem jurídico causada pela omissão é presumida pelo legislador.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à


saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do
parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.

O delito previsto no art. 229 também é crime próprio, mas, dessa vez, pratica-

do apenas pelo médico, pelo enfermeiro ou pelo dirigente do estabelecimen-

to de saúde de gestante, os quais deixam de identificar corretamente o neonato

e sua mãe, por ocasião do parto.

Nesse caso, os sujeitos passivos do delito são tanto o neonato quanto a própria

mãe!

Note que o objetivo do legislador ao criminalizar tal conduta é o de evi-

tar a chamada “troca de bebês na maternidade”, que pode ser evitada por

meio da identificação cautelosa e correta do neonato e de sua mãe.

Novamente, estamos diante de crime omissivo próprio, o qual, por natureza,

não admite tentativa. E, assim como no caso do art. 228, há também previsão de

modalidade culposa.

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreen-


são sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade
judiciária competente:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observân-
cia das formalidades legais.

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Os alunos mais experientes devem estar se perguntando: “mas, professor, pro-

ceder à prisão ou apreensão de alguém, sem os devidos requisitos legais, não seria

abuso de autoridade?”

Se você pensou assim, parabéns, pois esse é um excelente raciocínio! No

entanto, faltou observar um pequeno detalhe: o chamado princípio da especiali-

dade. A norma especial prevalece sobre a norma geral!

Nesse sentido, acontece o seguinte:

Além disso, outra diferença importante é que a conduta do art. 230 do ECA é

considerada crime comum, que pode ser praticada por qualquer pessoa, e não

apenas por agentes públicos, como é o caso dos crimes de abuso de autoridade!

Trata-se de crime material, que se consuma com a efetiva privação da liberdade

da vítima. A tentativa, portanto, é perfeitamente admissível!

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adoles-


cente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do
apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.

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O art. 231 do ECA também se assemelha muito à previsão contida no art. 4º,

alínea c, da Lei de Abuso de Autoridade. Entretanto, assim como ocorre no art. 230,

aqui as vítimas serão as crianças e adolescentes que, apreendidos, não têm sua

situação imediatamente comunicada à autoridade judiciária competente ou à sua

família.

Da mesma forma que no artigo anterior, lembre-se que essa conduta não irá

constituir abuso de autoridade por força do princípio da especialidade.

O delito se consuma com a omissão do agente delitivo. Por se tratar de

crime omissivo próprio, não admite a tentativa.

É crime próprio, pois só pode ser praticado pela autoridade responsável por

comunicar à autoridade judiciária e à família da criança ou do adolescente sobre

sua apreensão.

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a


vexame ou a constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Mais uma vez o legislador tipifica no ECA uma conduta semelhante à prática

de abuso de autoridade (art. 4º, alínea b, da Lei n. 4.898/1965). Entretanto, da

mesma forma que nos casos anteriores, a diferença principal está no fato de que

a vítima será uma criança ou adolescente que está sob a autoridade, guarda ou

vigilância do autor.

O delito se consuma com a prática de qualquer ato que efetivamente venha a

submeter a vítima ao vexame ou constrangimento.

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Trata-se de crime próprio e também material, admitindo a tentativa.

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata


liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
apreensão:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.

Novamente, temos um delito baseado na Lei de Abuso de Autoridade – porém,

dessa vez, tipificando conduta semelhante ao art. 4º, alínea d, da Lei n. 4.898/1965,

e que prevalecerá por força do princípio da especialidade.

Trata-se de crime próprio, praticado pela autoridade competente que deixa de

ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente apreendida ilegalmente.

O crime é omissivo próprio, de modo que não admite a tentativa.

Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de ado-


lescente privado de liberdade:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.

O ECA prevê diversos prazos que dizem respeito aos benefícios que podem ser

concedidos ao adolescente temporariamente privado de sua liberdade.

Caso o destinatário do prazo (ou seja, o agente responsável por respeitar tais

normas) deixe de cumpri-los injustificadamente, incorrerá no art. 235 do diploma

legal. Dessa forma, estamos novamente diante de crime próprio.

Também é crime omissivo próprio, de modo que não admite a tentativa.

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho


Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.

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A eficácia das ações das autoridades judiciárias, dos Conselhos Tutelares e do

MP deve ser especialmente preservada quando tratam das funções do ECA, haja

vista a prioridade que têm os interesses das crianças e adolescentes.

Por esse motivo, o legislador equiparou a conduta de tentar com a conduta de

efetivamente impedir a ação de tais agentes públicos no exercício de funções

relacionadas à Lei n. 8.069/1990, ou seja, estamos diante do chamado crime de

atentado!

O delito em estudo se consuma com a prática de condutas típicas, entretanto,

não admite a tentativa, haja vista que a forma tentada já é suficiente para con-

sumar o delito.

É crime comum, praticável por qualquer indivíduo.

Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em
virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa.

Esse tipo penal difere bastante dos demais que estudamos até aqui. Enquanto

nas normas anteriores o legislador está preocupado em dar eficácia e respeitabi-

lidade às medidas previstas no ECA, no art. 237 a preocupação é outra: inibir o

comportamento daquele que deseja subtrair uma criança ou adolescente

com a finalidade de introduzi-lo em nova família.

O crime é comum, de modo que pode ser praticado por qualquer pessoa. É

muito importante que você se lembre que a configuração do art. 237 só se dá se

houver o dolo específico de inserir a criança ou adolescente em lar substi-

tuto – e não com a mera subtração.

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Por força do princípio da especialidade, o art. 237 do ECA não se confunde com o

delito de subtração de incapazes previsto no art. 249 do Código Penal.

O delito se consuma com a subtração do menor, mesmo que o autor não tenha

êxito em inserir a vítima em lar substituto.

Trata-se de crime comum, formal e comissivo, o qual admite a tentativa.

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga


ou recompensa:
Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recom-
pensa.

A preocupação do legislador, ao editar o art. 238 do ECA, é inibir o chamado

tráfico de crianças, prática que infelizmente ainda é comum em dias atuais.

Trata-se de crime próprio que só pode ser cometido pelos pais, tutores ou guar-

diões das crianças ou adolescentes, que as entregam a terceiros em troca de di-

nheiro (o menor é entregue a outro núcleo familiar em troca de recompensa).

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A consumação do delito ocorre com a realização da promessa ou com a efe-

tiva entrega do menor, dependendo do caso.

O delito é próprio, formal na conduta prometer e material na conduta entre-

gar. A tentativa, segundo a doutrina, é admissível.

Lembre-se que, por força do parágrafo único, quem oferece ou paga a recompensa

pelo menor também incide nas penas do art. 238.

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou


adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de
obter lucro:
Pena – reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.

Outro delito relacionado ao tráfico de crianças, porém, cuja pena é mais gra-

vosa, haja vista o caráter de internacionalidade da conduta. Busca-se, portan-

to, reprimir o tráfico internacional de crianças por meio da previsão do art. 239 do

ECA.

O delito se consuma em dois momentos distintos:

• na modalidade efetivar, a consumação ocorre com o envio do menor ao ex-

terior. É necessário que o menor saia do território nacional;

• na modalidade auxiliar, o delito se consuma com a prática de qualquer ato

idôneo para contribuir com o efetivo envio da vítima ao exterior.

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O crime é comum, de perigo abstrato e admite a tentativa.

Cabe observar que, por força da CF/1988, a competência para processar

e julgar o autor do delito previsto no art. 239 do ECA é da Justiça Federal.

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer
modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput
deste artigo, ou ainda quem com esses contracenam.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime:
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade;
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro
grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a
qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.

O art. 240 trata da revoltante conduta de pedofilia. O tipo penal é considerado

pela doutrina como de livre execução, haja vista a preocupação do legislador em

atingir o registro do material sob qualquer meio.

Trata-se de norma penal em branco homogênea, que necessita de comple-

mentação para definir o conceito de cena de sexo explícito ou pornográfica, o qual

é apresentado pelo legislador no art. 241-E da Lei n. 8.069/1990:

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explí-
cito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente
em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. 

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O delito em estudo se consuma com a prática das condutas típicas. É conside-

rado como crime comum e formal. A tentativa é admissível.

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Para repressão da pedofilia, o legislador não considerou suficiente limitar a cri-

minalização ao registro (produção) do material – tipificando também a conduta

daquele que vende ou expõe à venda tais tipos de registros.

Assim como o art. 240, o art. 241 é norma penal em branco complementada

pelo art. 241-E do ECA.

O delito se consuma com a prática das condutas típicas. A tentativa é admissí-

vel, e o crime é comum e formal, segundo a doutrina.

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por


qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou
imagens de que trata o caput deste artigo;
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias,
cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste artigo são puníveis quando o
responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar
o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.

Indo além na busca da repressão da pedofilia, o legislador criminalizou também

a conduta daquele que compartilha ou dá circulação ao material com tal conteúdo.

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Note que, nesse caso, assim como acontece na comercialização, o material já foi

produzido anteriormente e, da mesma forma, trata-se de norma penal em branco

que requer o complemento do art. 241-E do ECA.

Conforme disposição contida no Informativo n. 532 do STJ, a competência para

processar e julgar tal delito é da Justiça Federal.

O crime é comum e formal. A tentativa é admissível.

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou ou-
tra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 11.829, de
2008)
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o ma-
terial a que se refere o caput deste artigo.
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às
autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A
e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
I – agente público no exercício de suas funções;
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades ins-
titucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes
referidos neste parágrafo;
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço
prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão manter sob sigilo o material
ilícito referido.

Ainda tratando das condutas relacionadas à pedofilia, o legislador editou o art.

241-B, que basicamente tipifica a conduta de manutenção de material conten-

do pedofilia.

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A competência para julgar esse delito é da Justiça Estadual, salvo casos em que

a conduta ultrapasse os limites do território nacional (o que irá ensejar a compe-

tência da Justiça Federal, de forma excepcional).

O crime se consuma com a prática das condutas típicas previstas no tipo penal

(é crime formal).

É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, e a tentativa é

admissível.

Cabe observar que a causa de diminuição de pena prevista no parágrafo 1º

(pequena quantidade de material) acabou padecendo de complementação. O le-

gislador não definiu o que é “uma pequena quantidade de material” para fins de

aplicação de tal norma penal, de modo que a doutrina entende ser responsabilidade

do magistrado analisar a quantidade apreendida diante do caso concreto.

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito


ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo
ou qualquer outra forma de representação visual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza,
distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material
produzido na forma do caput deste artigo.

No art. 241-C temos a conduta daquele que simula a participação de criança

ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica. Segundo a dou-

trina, a simulação pode se dar por meio de qualquer tipo de adulteração, monta-

gem ou modificação da filmagem ou fotografia, de modo a dar a aparência de que

a criança ou adolescente está envolvido em cena de sexo explícito ou pornográfica.

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Se o indivíduo, por exemplo, altera uma fotografia para simular uma cena de

sexo entre crianças, ou se edita um vídeo e substitui um objeto que está na mão

de uma criança (como um brinquedo) pela figura de um órgão sexual, irá incorrer

nas penas do art. 241-C.

O delito se consuma com a finalização da simulação em fotografia, vídeo

ou outra forma de representação visual.

O delito é comum, formal e admite a tentativa.

Cabe ressaltar que aquele que dá circulação, divulgação, publicidade ou

armazenamento de material simulado irá também incorrer no art. 241-C,

por meio da conduta equiparada prevista em seu parágrafo único.

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunica-


ção, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pela Lei n. 11.829, de
2008)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou
pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a
se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.

Esse tipo penal foi utilizado pelo legislador para inibir as condutas que são con-

sideradas como meio para a prática de ato libidinoso com a criança, buscando ini-

bir o mal maior (a efetiva prática do ato libidinoso) por meio da criminalização do

aliciamento e da instigação para a prática de tais atos.

É importante notar que o legislador se omitiu quanto ao ADOLESCENTE. Portanto,

por força do princípio da legalidade, esse tipo penal só se aplica à conduta pra-

ticada em face de vítima criança.

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O delito se consuma com a prática das condutas típicas. É crime comum, formal,

doloso e que admite a tentativa.

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a


criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.

O art. 242 merece uma atenção especial – embora sua conduta seja uma das

mais simples de memorizar. O legislador simplesmente criminalizou as ações da-

quele que vende ou fornece (mesmo que gratuitamente) arma, munição ou explo-

sivo à criança ou adolescente.

A atenção especial se dá pelo fato de que esse delito causa muita confusão com

as previsões contidas na Lei n. 10.826/2003 (o Estatuto do Desarmamento).

Logo, as seguintes observações são cabíveis:

O crime é comum, formal e doloso. A tentativa é perfeitamente admissível.

Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de


qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, ou-
tros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica:
Pena – detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime
mais grave.

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Utilizando-se do art. 243, o legislador criminalizou as condutas que podem fazer

chegar às mãos de um menor qualquer produto que possa causar dependência, tais

como bebidas alcóolicas. A conduta abrange até mesmo medicamentos que, quan-

do utilizados de forma indevida, possam causar dependência.

Trata-se de crime comum, praticável por qualquer pessoa. O delito só admite a

modalidade dolosa, e é considerado formal pela doutrina. A tentativa é admissível.

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma,


a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo
seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida:
Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa.

O art. 244 trata da conduta daquele que vende ou entrega à criança ou adoles-

cente fogos de artifício que tenham potencial de lhes causar dano físico por meio

de sua utilização indevida.

O crime é comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). O objetivo do legis-

lador foi o de evitar o manuseio de fogos de estampido ou de artifício por menores,

haja vista o risco para a incolumidade física tanto do menor quanto das pessoas à

sua volta.

O crime é formal, de perigo abstrato, e admite a tentativa.

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º


desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual:
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utiliza-
dos na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da
unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressal-
vado o direito de terceiro de boa-fé.
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local
em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no
caput deste artigo.
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e
de funcionamento do estabelecimento.

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O art. 244-A encontra-se tacitamente revogado pelo artigo 218-B do Có-

digo Penal, o qual foi inserido em nosso ordenamento jurídico pela Lei n.

12.015/2009.

Está aqui inserido apenas para ciência dos alunos que, de forma recomendável,

também estudem realizando a leitura do texto de lei.

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele


praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali
tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
internet.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de
a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei n. 8.072, de 25
de julho de 1990.

O art. 244-B do ECA trata da chamada corrupção de menores, influência re-

alizada por imputável que resulta no envolvimento de crianças ou adolescentes na

prática infrações penais.

O objetivo do legislador é de proteger a moralidade do menor de 18 anos, evi-

tando que sua conduta seja deturpada pela influência de terceiros que têm por

objetivo induzir o menor à prática de qualquer tipo de infração penal.

Se um imputável que decide praticar um roubo (art. 157 do CP) vier a corromper

um menor para que este atue como seu comparsa, deverá responder tanto pelo

delito de roubo quanto pelo art. 244-B, em concurso material.

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O delito se consuma com a mera prática das condutas previstas no tipo. Não

importa se efetivamente o menor se corrompe (o delito é formal).

Trata-se de crime comum, doloso, comissivo e que admite a tentativa.

A forma equiparada do delito criminaliza a conduta daquele que pratica a corrup-

ção de menores até mesmo por meios eletrônicos, tais como salas de bate-papo

na internet.

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RESUMO

Estatuto da Criança e do Adolescente

Conceitos Básicos

• Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de

idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

• Para o legislador brasileiro, o menor de 18 anos é sempre inimputável.

• Não há imputabilidade nos atos praticados por crianças e adolescentes e,

dessa forma, eles não cometem crimes – mesmo que pratiquem atos típicos

e ilícitos!

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medi-


das previstas nesta Lei.

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção


penal.

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Medidas Protetivas

• As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que

os direitos reconhecidos nesta lei forem ameaçados ou violados:

I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III – em razão de sua conduta.

Medidas Socioeducativas

• Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá apli-

car ao adolescente as seguintes medidas:

I – advertência;

II – obrigação de reparar o dano;

III – prestação de serviços à comunidade;

IV – liberdade assistida;

V – inserção em regime de semiliberdade;

VI – internação em estabelecimento educacional;

VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Estatuto da Criança e do Adolescente
Prof. Douglas de Araújo Vargas

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Estatuto da Criança e do Adolescente
Prof. Douglas de Araújo Vargas

Privação de Liberdade

• A criança não estará sujeita a nenhuma medida que possa lhe privar de sua

liberdade ao praticar um ato infracional.

• Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá apli-

car ao adolescente as seguintes medidas:

V – inserção em regime de semiliberdade;

VI – internação em estabelecimento educacional.

Internação Provisória (Adolescente)

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo
de quarenta e cinco dias.

Internação Condenatória

• Em nenhuma hipótese, ante a prática de qualquer ato infracional praticado

pelo adolescente, este será submetido a um período de internação superior a

três anos.

Limite de Idade

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

• Aos 21 anos, cessa o prazo limite para o cumprimento de eventual internação.

• Com efeito, uma vez que o indivíduo completa 21 anos, cessa a possibilidade

de aplicação do ECA.

• Para o STJ, o indivíduo completa 18 anos à meia-noite do dia de seu aniver-

sário.

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Estatuto da Criança e do Adolescente
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Crimes Praticados contra a Criança e o Adolescente

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de aten-


ção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma
e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu
responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à


saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do
parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei;

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreen-


são sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade
judiciária competente;

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adoles-


cente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do
apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a


vexame ou a constrangimento.

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Estatuto da Criança e do Adolescente
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Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata


liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
apreensão.

Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de ado-


lescente privado de liberdade.

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho


Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei

Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em
virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto.

• Por força do princípio da especialidade, o art. 237 do ECA não se confunde

com o delito de subtração de incapazes previsto no art. 249 do Código Penal.

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga


ou recompensa:

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou


adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de
obter lucro.

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente.

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por


qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente.

• Conforme disposição contida no Informativo n. 532 do STJ, a competência

para processar e julgar tal delito é da Justiça Federal.

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Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou ou-
tra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente.

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito


ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo
ou qualquer outra forma de representação visual

• Cabe ressaltar que aquele que dá circulação, divulgação, publicidade ou ar-

mazenamento de material simulado irá também incorrer no art. 241-C, por

meio da conduta equiparada prevista em seu parágrafo único.

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunica-


ção, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:

• É importante notar que o legislador se omitiu quanto ao ADOLESCENTE. Por-

tanto, por força do princípio da legalidade, esse tipo penal só se aplica à con-

duta praticada em face de vítima criança.

Art. 242. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ou entregar, de qualquer forma, a


criança ou adolescente arma, munição ou explosivo

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Estatuto da Criança e do Adolescente
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Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de


qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, ou-
tros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma,


a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo
seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida.

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele


praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la.

• A forma equiparada do delito criminaliza a conduta daquele que pratica a

corrupção de menores até mesmo por meios eletrônicos, tais como salas de

bate-papo na internet.

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