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Universidade Federal do Ceará – Departamento de Letras Vernáculas


Língua Portuguesa: Frase 2018.1 – Profa. Márluce Coan
Termos integrantes da oração

I – Proposta gramatical

1. Complemento nominal (CN)


Palavras que completam o sentido de substantivos, adjetivos e advérbios são chamadas de
complementos nominais.
Alguns colegas mostravam interesse por ele.
O CN pode ser representado por substantivo (alheia a toda essa ATIVIDADE), pronome
(notícia DELE), numeral (necessário a AMBOS), palavra ou expressão substantivada (luta
do SIM e do NÃO), oração completiva nominal (Estou com vontade DE SUPRIMIR ESTE
CAPÍTULO).
Obs. O nome cujo sentido o CN integra corresponde, geralmente, a um verbo transitivo de
radical semelhante. Ex. Ódio aos injustos / odiar os injustos.

2. Complementos verbais

2.1. Objeto direto (OD): complementa um verbo transitivo direto.


Não recebo dinheiro.
Não quero que fiques triste.
Observações:
- Há casos em que o OD vem regido de preposição:
a) Não amo a ninguém.
b) Sabeis que ao Mestre vai matá-lo.
c) A homem pobre ninguém roube.
d) Rubião esqueceu a sala, a mulher e a si.
- Há casos em que o objeto direto é representado por SN e pronome ou por pronome tônico e
átono:
a) Palavras, cria-as o tempo...
b) A mim, ninguém me engana.

2.2. Objeto Indireto (OI): complementa um verbo transitivo indireto.


a) Duvidava da riqueza da terra.
b) Não te esqueças de que a obediência é o primeiro voto.
Observações:
- Não vem precedido de preposição OI representado por pronomes oblíquos.
As noites deram-lhe tempo para meditação.
- Com a finalidade de realçá-lo, costuma-se repetir o OI (OI pleonástico).
A mim ensinou-me tudo.

2.3. Predicativo do objeto: modificador do objeto em estrutura verbo-nominal.


Uns a nomeiam primavera.
A gente só ouvia chamar-lhe ladrão e mentiroso.

2.4. Agente da passiva: complemento que designa o ser que pratica a ação sofrida ou
recebida pelo sujeito.
Um jornal é lido por muita gente.
Mariana era apreciada por todos quantos iam a nossa casa.
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Obs. Na passagem da voz ativa para a passiva, o agente e o paciente continuam os mesmos;
apenas desempenham função sintática diferente.
O governo não conteve a inflação. /A inflação não foi contida pelo governo.

II – Análise Crítica

1. Se o objeto direto não tem preposição, o objeto direto preposicionado é uma contradição.
Obs. Os casos com preposição são considerados por alguns gramáticos como OI (Eduardo
Carlos Pereira, Napoleão Mendes de Almeida, Said Ali e Antenor Nascentes.)

2. As gramáticas não usam o mesmo critério para diferenciar CN de Adjunto Adnominal.


Vejamos:
- PEREIRA, Eduardo Carlos. Gramática Histórica. São Paulo: Editora Monteiro Lobato &
cia, 1923.
Critérios: significação e posse.
- ROCHA LIMA, Carlos Henrique. Gramática da Língua Portuguesa. 20a ed. Rio de
Janeiro: José Olympio Ed., 1979.
Critérios: função sintático-semântica, transitividade.
- Obs. Há ainda o critério da abstratização: se o substantivo é abstrato, a locução que o
segue é CN; se concreto, a locução é Adj. Adn. (Ver Rocha Lima, 1998, p. 242).
- NASCENTES, A. O idioma nacional. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1960.
Critério: transitividade.
- CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo (3a
ed.). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
Critério: transitividade.

* * *

EXERCÍCIOS

1. No texto que segue, algumas locuções foram retiradas. Em quais pontos/partes do texto, a
omissão dessas locuções prejudica a interpretação ou impede a eficácia da comunicação?
Após análise do texto pelo critério da significação (coerência informacional), diga quais
dessas locuções são complementos nominais e quais são adjuntos adnominais.

Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza, mas a doença.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito. Eu pensava que
fosse um sujeito escaleno. Gostar de fazer defeitos na frase, é muito saudável, o Padre me
disse. Ele fez um limpamento em meus receios. O Padre falou ainda: Manoel, isso não é
doença, pode muito que você carregue para o resto um certo gosto... E se riu. Você não é de
bugre? ele continuou. Que sim, eu respondi. Veja que bugre só pega por desvios, não anda
em estradas – Pois é nos desvios que se encontram as melhores surpresas e os ariticuns
maduros. Há que apenas saber errar bem o seu idioma. Esse Padre Ezequiel foi o meu
primeiro professor. (Manuel de Barros) – Obs. Texto adaptado para a atividade proposta.

2. O objetivo corrente do ensino da Gramática é levar o aluno a ler e escrever melhor. Pode-
se dizer que diferenciar adjunto adnominal de complemento nominal auxilia o aluno na
construção de um texto?

3. Considere-se a seguinte definição de complemento nominal:


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“Convém ter presente que o nome cujo sentido o complemento nominal integra
corresponde, geralmente, a um verbo transitivo de radical semelhante.” (Cunha, C. e
Cintra, L., 2008, p.154)
a) Depreenda, do comentário acima, o critério considerado para análise do complemento
nominal.
b) Demonstre, por meio de um exemplo, a aplicação do critério considerado por Cunha, C. e
Cintra, L.
c) Escolha um exemplo de complemento nominal para o qual o critério sugerido não se
aplica e indique outro(s) critério(s) a ser(em) considerado(s).

4. Rocha Lima (1979), ao referir-se a adjunto adnominal e complemento nominal, apresenta


as seguintes observações:
a) do ponto de vista do ensino, a distinção é perturbadora e supérflua e
b) o cerne da questão está no conceito de transitividade e intransitividade.
Questões:
4.1 - Prove que as observações de Rocha Lima são pertinentes às noções de adjunto
adnominal e de complemento nominal.
4.2 - Contra-argumente o exposto por Rocha Lima.

5. Escolha um ou mais critérios e classifique os termos em destaque: complemento nominal


ou adjunto adnominal.
a) A defesa do réu foi trabalhosíssima para seus advogados.
b) A mulher do réu chorava convulsivamente.
c) À noite, é deslumbrante a visão da cidade.
d) Os habitantes da cidade são taciturnos.
e) Está desmoralizada a crença em fantasmas.
f) O aparecimento de fantasmas sobressaltou os habitantes.
g) A esperança de perdão transfigurava-o.
h) A hora do perdão não chegara ainda.
(Exemplos retirados de KURY, A. G.)

6. Nos exemplos que seguem, os termos destacados classificam-se como objeto indireto ou
objeto direto preposicionado? Justifique.
a) Louvemos a Deus.
b) Os romanos adoravam a Júpiter.
c) Muito admiramos a Vossa Senhoria.
d) Nem eles me entendiam, nem eu a eles.
e) A mim, sei que ele estima.
(Exemplos retirados de KURY, A. G.)
f) Ao supervisor o gerente encontrou.
g) Elogiou ao jogador de futebol o comentarista do DN.
h) Amai a Deus sobre todas as coisas.
i) Os organizadores do congresso necessitam dos arquivos impressos.
j) Repassou aos alunos todos os exercícios.
k) Paguei dez reais ao rapaz que entregou os livros de Literatura.

7. Qual é a função sintática de marido e mulher na tirinha abaixo?


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Fonte: http://www.omelhordohumor.net/tirinhas/armadilha-do-mundo-moderno.html

8. Como classificar ME em:


a) Não me voltem tarde!
b) Não me peça isso ao professor!

9. Agente da passiva, complemento nominal e objeto indireto são termos regidos por
preposição. Diferencie essas três funções nos dados que seguem.
a) As plantações foram prejudicadas por violentas geadas.
b) A geada foi prejudicial à plantação.
c) Os ilhéus estavam cercados por jacarés.
d) O grande segredo era, realmente, conhecido de todos.
e) As nossas dúvidas serão esclarecidas pelo abade.
f) Foram claras as respostas às nossas dúvidas.
g) O abade respondeu a nós com clareza.
h) Não estou duvidando de sua bondade.
[Exercício adaptado de: ANGÉLICA, M. Aprenda Análise Sintática. São Paulo: Saraiva,
2003, p. 48-49.]

10. No texto que segue, qual é o tipo de oração subordinada mais frequente.
Eu Sei Que Vou Te Amar (Vinicius de Moraes)
Eu sei que vou te amar Eu sei que vou chorar
Por toda a minha vida, eu vou te amar A cada ausência tua, eu vou chorar
Em cada despedida, eu vou te amar Mas cada volta tua há de apagar
Desesperadamente O que esta tua ausência me causou
Eu sei que vou te amar
Eu sei que vou sofrer
E cada verso meu será A eterna desventura de viver
Pra te dizer À espera de viver ao lado teu
Que eu sei que vou te amar Por toda a minha vida
Por toda a minha vida

11. Classifique as orações subordinadas das frases que seguem.


a) Informe-lhe quem chegou atrasado.
b) Não vi a escola desfilar.
c) Lembre-se de que a vida é um teatro.
d) Contentou-se em vê-la a distância.
e) Era favorável a que mudassem todo o regimento interno.
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f) Vimos o seu interesse em comprar a velha casa.


[Exemplos retirados de ANGÉLICA, M. Aprenda Análise Sintática. São Paulo: Saraiva,
2003.]
g) As ordens são dadas por quem pode (F. Namora).
h) E se a primeira pode não encontrar partidários incondicionais, a segunda é certamente
subscrita por quantos tenham uma experiência análoga... (M.Torga)
[Exemplos retirados de CUNHA, C. & CINTRA, L. Nova Gramática do Português
Contemporâneo. 5ª. edição. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.]

12. Destaque e analise, nos textos que seguem, orações classificadas como termos
integrantes.

TEXTO 1
NÃO ENTENDO PATAVINAS
Os portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades
italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova, sendo assim, não entender patavina
significa não entender nada. [Expressões Populares – fonte: http://www.letras.etc.br]

TEXTO 2
ESTÔMAGO DE AVESTRUZ
Define aquele que come de tudo. O estômago do avestruz é dotado de um suco gástrico
capaz de dissolver até metais. [Expressões Populares – fonte: http://www.letras.etc.br]

TEXTO 3
Trecho do texto PONTO-E-VÍRGULA
(...) Jamais usei ponto-e-vírgula. Já usei “outrossim”, acho que já usei até “deveras” e vivo
cometendo advérbios, mas nunca me animei a usar ponto-e-vírgula. (...) [Luís Fernando
Veríssimo]

TEXTO 4
“Eu escrevo sem a esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera
nada... porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo
desabrochar de um modo ou de outro...” [Clarice Lispector]

Bom trabalho!

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