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Nunca diga nordestino Desde a cidade à aldeia Por isso vamos lutar

Que Deus lhe deu um destino Do Sertão à capital Nós vamos reivindicar
Causador do padecer O direito e a liberdade
Nunca diga que é o pecado Aqueles pobres mendigos Procurando em cada irmão
Vão à procura de abrigos
Que lhe deixa fracassado Justiça, paz e união
Sem condições de viver Cheios de necessidade Amor e fraternidade
Nesta miséria tamanha
Não guarde no pensamento Se acabam na terra estranha Somente o amor é capaz
Que estamos no sofrimento Sofrendo fome e saudade E dentro de um país faz
É pagando o que devemos Um só povo bem unido
A Providência Divina Mas não é o Pai Celeste Um povo que gozará
Não nos deu a triste sina Que faz sair do Nordeste Porque assim já não há
Legiões de retirantes
De sofrer o que sofremos Opressor nem oprimido
Os grandes martírios seus
Deus o autor da criação Não é permissão de Deus
Nos dotou com a razão É culpa dos governantes
Bem livres de preconceitos Nordestino sim,
Já sabemos muito bem
Mas os ingratos da terra nordestinado não
Com opressão e com guerra De onde nasce e de onde vem
A raiz do grande mal
Negam os nossos direitos
Vem da situação crítica
Não é Deus quem nos castiga Desigualdade política
Nem é a seca que obriga Econômica e social
Sofrermos dura sentença
Não somos nordestinados Somente a fraternidade
Nós somos injustiçados Nos traz a felicidade
Precisamos dar as mãos
Tratados com indiferença
Para que vaidade e orgulho
Sofremos em nossa vida Guerra, questão e barulho
Uma batalha renhida Dos irmãos contra os irmãos
Do irmão contra o irmão
Nós somos injustiçados Jesus Cristo, o Salvador
Nordestinos explorados Pregou a paz e o amor
Mas nordestinados não Na santa doutrina sua
O direito do bangueiro
Há muita gente que chora É o direito do trapeiro
Vagando de estrada afora Que apanha os trapos na rua
Sem terra, sem lar, sem pão
Crianças esfarrapadas Uma vez que o conformismo
Faz crescer o egoísmo
Famintas, escaveiradas
Morrendo de inanição E a injustiça aumentar
Em favor do bem comum
Sofre o neto, o filho e o pai É dever de cada um
Para onde o pobre vai Pelos direitos lutar
Sempre encontra o mesmo mal
Esta miséria campeia
O Peixe Cousa estranha

Tendo por berço o lago cristalino, Esta noite, já quase madrugada,


Folga o peixe, a nadar todo inocente, No silêncio melhor de toda gente,
Despertei do meu sono inocente
Medo ou receio do porvir não sente, Pelo doido ladrar da cachorrada.

Pois vive incauto do fatal destino.


E fiquei a dizer: não devo nada,
Criminoso não sou, vivo contente.
Se na ponta de um fio longo e fino Quem me vem perturbar, tão insolente,
O repouso feliz desta morada?
A isca avista, ferra-a insconsciente,

Ficando o pobre peixe de repente, Me fugiram os pulsos, pois sou fraco


E lembrei-me de gato, de cassaco
Preso ao anzol do pescador ladino.
E raposa, mexendo no poleiro.

O camponês, também, do nosso Estado,


Porém logo notei estranha coisa:
Ante a campanha eleitoral, coitado! Nem cassaco, nem gato, nem raposa.
Era um vice-prefeito em meu terreiro.
Daquele peixe tem a mesma sorte.

Antes do pleito, festa, riso e gosto,

Depois do pleito, imposto e mais imposto.

Pobre matuto do sertão do Norte!

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