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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Disciplina de Psicanálise I
Profª Dra Lucianne Sant’Anna de Menezes

Resenha do texto “Esboço de Psicanálise” (1940) de Sigmund Freud

Amanda Cunha Stefani 11411PSI063


Cintia Ozaki Travassos 11711PSI021

Uberlândia, 2018
Parte I - A mente e o seu funcionamento
Capítulo I - O aparelho psíquico
Nosso aparelho psíquico é constituído pelo id, que contem tudo o que é herdado,
e as pulsões (instintos) encontram no id uma forma de expressão psíquica. Com a
influência do mundo externo, uma parte do Id se desenvolve em um mediador entre o
mundo externo e o id, denomina ego. Sua tarefa é a autopreservação, tanto externamente
quanto internamente, lidando com as pulsões. É regido pelas tensões produzidas pelos
estímulos, onde sua elevação causa desprezar e sua diminuição, prazer. Ao fim da
infância, a partir do ego surge o superego, espécie de prolongamento da influência
parental a que vão se somando as figuras de autoridade.
Os atos do ego devem conciliar as exigências de todas as instâncias psíquicas e da
realidade. É interessante notar que o id e o superego são constituídos pelo passado.
Capítulo II - A teoria das pulsões (instintos)
O id busca satisfação enquanto o ego busca autopreservação e o supergo impõe
limites. As forças por trás das tensões do id são as pulsões, conservadoras, e que
representação às exigências somáticas. Podem mudar de objetivo. Há dois básicos: Eros
e a pulsão de morte. Todas as outras distinções pulsionais anteriores foram incorporadas
ao Eros. A energia deste é denominada libido. As duas pulsões podem competir ou fundir-
se.
A pulsão de morte, enquanto interna raramente é percebida, mas é notável quando
volta-se para fora, na pulsão de destruição. Durante o estabelecimento do superego, parte
da pulsão agressiva se fixa no ego e opera autodestrutivamente.
No narcisismo primário, toda a libido é armazenada no ego. Este começa a
catexizar ideias objetais com a libido, transformando a libido narcísica em objetal. Essa
instância psíquica permanece sendo durante toda a vida o reservatório do qual as catexias
libidinais são enviadas aos objetos e para onde retornam, posteriormente. A libido é
móvel, mas podem ocorrer fixações objetais que duram a vida toda. A pulsão sexual
desenvolve-se a partir das zonas erógenas.
Capítulo III - O desenvolvimento da função sexual
Dentre os principais achados da Psicanálise temos: a vida sexual inicia-se logo
após o nascimento, há diferenciação entre sexual e genital, e, por fim, nem sempre a
função de obter prazer de zonas do corpo coincide com a reprodução.
O desenvolvimento sexual é difásico, sendo a amnésia infantil parte desse
processo. Numa tenra idade já são perceptíveis fenômenos psíquicos como ciúme e
fixação objetal. A primeira zona erógena é a boca e percebemos a busca infindável por
satisfação, muito além do necessário para a subsistência. Essa busca por prazer pode ser,
portanto, denominada sexual.
As pulsões sádicas começam a surgir e se intensificam na próxima fase, anal-
sádica. Há a fusão das pulsões libidinais e agressivas. A próxima fase é a genital, onde a
sexualidade infantil atinge seu apogeu e aproxima-se de sua dissolução. Meninos e
meninas interrogam-se sobre o sexual e assumem que todos possuem a mesma genitália.
Entretanto seus caminhos divergem, com o menino entrando no Édipo e saindo dele com
a ameaça de castração. Já a menina apresenta outros caminhos para lidar com a decepção
e as mudanças de amor objetal.
Na puberdade a organização se completa, com as pulsões se submetendo à
primazia dos genitais e ao prazer na função sexual. Algumas pulsões são reprimidas
(recalcadas) ou empregadas no ego formando traços de caráter ou sublimação.
Inibições nesse processo de desenvolvimento podem gerar fixações da libido a
fases anteriores e a pulsão descrita como perversão. Percebe-se nas dificuldades no
mundo externo real a regressão da libido à catexias pré-genitais.
A etiologia dos distúrbios deve ser procurada, portanto, no início da vida do
indivíduo.
Capítulo IV - Qualidades psíquicas
O estudo do inconsciente é o que dá força ao estudo da psiquismo, separando o da
filosofia. Pode-se, através dele, determinar, tal qual nas outras ciências, as leis que regem
seu funcionamento. Tudo o mais que não seja consciente é inconsciente.
Há três qualidades dos processos psíquicos: consciente, pré-consciente e
inconsciente. A fim de trazer para a consciência o que está no inconsciente pode se
encontrar uma forte resistência. Entretanto, a manutenção de certas resistências é
fundamental para a normalidade. Demonstrações dessas mudanças de qualidade: sonhos,
lapsos de memórias, chistes.
As alucinações ocorrem quando não há mais distinção na relação entre percepção
e realidade do ego. Esta instância está ligada com o pré-consciente, que por sua vez se
vincula com resíduos da fala. Já o id é inconsciente. Há uma parte do id, não inata, que
se desenvolveu com o ego, sendo negado por este e reprimido no inconsciente.
Há leis diferentes no id, processo primário, e no ego, processo secundário.
Capítulo V - A interpretação de sonho como ilustração
O conteúdo manifesto do sonho é produzido a partir da elaboração onírica dos
pensamentos latentes. Podemos observar como o conteúdo inconsciente do id força seu
caminho até o pré-consciente do ego através da deformação onírica. O sonho se forma a
partir de desejos inconscientes ou restos diurnos que se ligam a conteúdos inconscientes.
O sono aproxima-se de um retorno ao útero materno, com o ego se aproximando
de seu funcionamento original, do id, que por sua vez tem mais liberdade. Isso aponta,
também, para a importância dos sonhos no tratamento, uma vez que auxiliam a
reconstituir a vida do sujeito, já que a memória nos sonhos permite recobrar coisas
impossíveis de outra maneira.
Através dos sonhos se pode conhecer o funcionamento do inconsciente. Dentre as
leis que governam a passagem do conteúdo inconsciente, tem-se a condensação e os
deslocamentos.
O id busca descarregar a excitação acima de tudo. O inconsciente é o reino ilógico.
Pulsões com objetivos contrários coexistem, qualquer elemento pode significar também
seu oposto. A linguagem arcaica corrobora essa forma de nomeação, com opostos tendo
a mesma raíz.
A fim de compreender os conteúdos oníricos temos de recorrer a associação feita
pela sonhador. Os sonhos são uma espécie de conciliação entre o id, realizando desejos,
e o ego, que deseja permanecer dormindo. Às vezes, porém, os conteúdos produzidos
podem causar muita angústia ao ego, que se defende despertando, evitando os conteúdos
que não foram muito deformados.
Compreender a formação dos sonhos auxilia a compreender a formação das
neuroses e psicoses.
Parte II - O Trabalho Prático
Capítulo VI – A técnica da psicanálise
Freud compara a psicose com o sonhar, mostrando que quando dormimos, o ego
se desligaria da realidade do mundo externo e ficaria sob a influência do mundo interno.
Assim, é na análise dos sonhos, com o ego enfraquecido e com as exigências do id e do
supergo, que é possível interpretar o material. O analista auxilia o ego a dominar suas
regiões perdidas da vida mental. O ego é aliado do analista, na neurose, porém, na psicose
isso não pode ser afirmado, muito pelo contrário, visto que não há engajamento e
possivelmente o abandono. Então, Freud afirma que até então não era possível um plano
de cura com a psicose.
A regra fundamental é imprescindível no processo analítico, visto a importância
de que o paciente diga tudo que vem a sua cabeça, tudo que pode ser desagradável, tudo
que pode ser sem importância e tudo que parece absurdo. Assim, é possível analisar o
material inconsciente reprimido, ampliando o conhecimento do ego sobre o
inconsciente.
A interpretação desse conteúdo nem sempre será aceito pelo paciente, que verá no
analista o retorno de alguma figura importante da infância, transferindo a ele seus
sentimentos e reações. A transferência possui duas faces, a positiva (atitudes de afeição)
e a negativa (atitudes hostis). Quando em transferência positiva, o paciente tenta
conquistar o aplauso do analista, tornando seu ego forte, sem sintomas e um possível
restabelecimento. É preciso que o analista tenha cuidado com a transferência e não tente
servir de novo educador de seus pacientes, transferindo a dependência a ele, daquela que
antes fora dos pais. É importante que respeitar a individualidade do paciente.
O manejo cuidadoso da resistência, esclarecendo o paciente da verdadeira
natureza de sua transferência, converte perigos em lucros, visto que o entendimento cria
uma força de convicção grande.
Freud destaca a importância de não dizer tudo que descobrimos logo de cara, e
sim que haja uma grande reflexão do material, esperando o momento mais adequado para
dizer. É necessário que o paciente esteja preparado para receber as interpretações, caso
contrário, de nada servirá ou até mesmo poderá se instaurar uma resistência.

Capítulo VII – Um exemplo de trabalho psicanalítico


O destino de toda criança, é o complexo de édipo, que na mitologia grega diz do
filho que matou o pai e casou-se com a mãe, em um ato sem intenção, pois não conhecia
os pais, analiticamente se mostra inevitável.
Inicialmente, na neurose, não há distinção entre o corpo da criança e o seio da
mãe, que o alimenta, dá amor e o nutre. Em sua ausência, o bebê se projeta para o exterior,
carregando consigo o objeto libidinal narcísico. Após isso, o bebê consegue integrar o
seio a própria mãe, pois ela passa a cuidar desse bebê, promovendo inúmeras sensações
físicas, agradáveis e desagradáveis. Assim, a mãe torna-se o objeto amoroso do bebê e
um protótipo de todas as relações amorosas posteriores para ambos os sexos.
O menino, quando na fase fálica, coloca a mãe como objeto de desejo, tentando
seduzi-la e possuí-la sexualmente. Essa sexualidade despertada, tende a colocar o pai
junto a ela, tornando o pai, seu grande rival e obstáculo para mãe. A mãe deve perceber
essa relação e entender que mais cedo ou mais tarde será necessário cortar isso. A criança
só irá parar com essa movimentação, a partir da angústia de possibilidade de castração.
Aqui vive-se o complexo de castração, o trauma mais sério de sua vida no início. A única
saída é a imaginação, visto que teve que abandonar a masturbação.
Já a menina, não receia a perda do pênis, na verdade ela reage ao fato de não ter
recebido um. Seu desenvolvimento dará a partir da inveja dos meninos por terem o pênis.
Na fase fálica, ela masturba, a fim de encontrar prazer, mas fracassa e se dá conta da sua
inferioridade de seu pênis atrofiado e do seu eu (self). Desistindo da masturbação, a
menina dá as costas a sua própria sexualidade. Se a menina insiste no desejo de virar
homem, poderá se tornar homossexual ou com características masculinas, ou ainda
poderá se voltar contra a mãe, que não a forneceu um pênis. Quando ressentida, coloca
outra pessoa no lugar de sua mãe, seu pai. Assim, a menina toma o lugar da mãe e começa
a tomar seu lugar, junto ao pai, odiando essa mãe, que antes amava, por não ter dado um
pênis a ela e agora também por disputar o pai. A menina então, começa a ter o desejo de
um bebê, desse pai, que ocuparia o lugar do pênis.
PARTE III - O TRABALHO PRÁTICO
Capítulo VIII - O Aparelho Psíquico e o Mundo Externo
A fim de resgatar o aparelho psíquico e suas atividades, Freud fala do Id, onde se
opera dois instintos orgânicos, composto por duas forças primevas (Eros e destrutividade)
que buscam a satisfação. O Id tem apenas contato com o interior, entendendo muito bem
suas modificações, que geram conscientemente prazer-desprazer.
O Ego, é quem está em contato direto com o externo, a realidade e é ele quem leva
acontecimentos do Id para um nível dinâmico elevado. É o Ego quem decide se a
satisfação será obtida ou adiada, caracterizando o princípio da realidade. A
autopreservação do Ego, leva o uso das ansiedades como sinais de perigo a integridade.
Na neurose, frente a um comportamento particular, existem duas atitudes
diferentes presentes, uma ao ego e a contrária ao Id, que é reprimida. Já na psicose, a uma
divisão do Ego, que procura negar uma parte do mundo externo real. Nas duas estruturas,
o sucesso nunca é atingido por completo e irrestrito.
Capítulo IX - O Mundo Externo
O Ego, sempre procura mediar o mundo externo e o Id, procurando a satisfação e
a autopreservação. Uma parte do mundo externo é introduzida no Ego, criando um novo
agente psíquico, o Superego, que observa o Ego, dando ordens e ameaçando, bem como
o lugar de seus pais. O Superego se faz como herdeiro do complexo de Édipo, após a
libertação dessa fase. As censuras causadas pelo Superego podem representar o medo da
perda do amor, ou, se o ego resistir de maneira positiva as censuras, pode-se fortaleceu a
auto estima e o orgulho. Por fim, o Superego intermedia o id e o mundo externo, unindo
influências do passado e do presente, transformando o presente no passado.

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