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Juliana Sommer1
Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul
julianasommer@yahoo.com.br
Mônica Karawejczyk2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
karawejczyk@gmail.com
Palavras-Chave
1 INTRODUÇÃO
A riqueza de um país também pode ser medida pela riqueza de seu patrimônio
cultural. De modo que quando falamos em preservar a cultura de um país também estamos
falando em conservar o seu patrimônio cultural. Patrimônio esse que não se restringe
apenas a igrejas, palácios, prédios históricos e outros bens imóveis, mas também bens
móveis, tais como mobiliários, livros, documentos, quadros e roupas que encontramos
guardados nos nossos museus, arquivos e casas, por exemplo. Já os acervos sob a guarda
dos museus e arquivos federais, estaduais, municipais e particulares têm por característica
principal a sua grande variedade de itens, e dentre desses o papel é o suporte mais comum
estando presente em: documentos, livros, mapas, jornais, periódicos e fotografias.
Considerando que o patrimônio é uma evidência tanto material quanto imaterial de nossa
cultura, os acervos que possuem esse tipo de material (suporte em papel) representam
uma grande parte da expressão da produção humana. Muitas vezes este tipo de fonte
histórica, mesmo sendo a mais numerosa em relação quantitativa no Brasil, é deixado de
lado, principalmente pela falta de (re)conhecimento do grande público. Ainda associamos
erroneamente, o patrimônio histórico a bens grandiosos e quase sempre arquitetônicos
tais como igrejas, prédios históricos, etc., descartando por vezes o suporte mais comum e
mais numeroso nos acervos, o papel.
Levando-se em conta que “os arquivos são casas de memória, documento e poder”
(CHAGAS, 2002, p.25) e que são nos arquivos que encontramos uma parte do nosso
patrimônio cultural e do nosso passado em comum, que compreendemos a importância
de se conservar os materiais ali armazenados. Todavia a função do arquivo não é apenas
de guarda do material, mas também de divulgação deste. Heloísa Bellotto exemplifica um
dos usos dos arquivos ao afirmar: é direito do cidadão ter acesso às informações sobre si
mesmo e o papel dos arquivos deveria ser, prioritariamente, o de satisfazer a necessidade
do cidadão de “comprovação de seus direitos, consulta a atos legislativos etc. enfim,
uma serventia mais jurídica e administrativa do que qualquer outra coisa” (BELLOTTO,
2000, p.158). A definição de Vera Lucia Maciel Barroso (2002) nos é aqui importante na
compreensão da função de um arquivo, que envolve em si os atos de recolher, conservar
e transmitir o que está em sua posse. Somente ao alcançar estas três premissas o arquivo
cumprirá sua missão social.
Cada instituição que procura preservar parte da nossa história possui suas
características próprias, servindo a um determinado público, mas como já salientamos em
quase todas elas se encontra, no seu acervo, algum tipo de material cujo suporte principal
é o papel. Uma grande parte do material encontrado nos acervos espalhados pelo Brasil
é composta por arquivos que contém livros, documentos impressos ou manuscritos,
fotografias e periódicos. E esse material tem aumentado de forma contínua e exponencial,
mesmo com as novas tecnologias de transferência da informação utilizados atualmente
para outro suporte mais estável tais como microfilmes ou mesmo a digitalização do
material, o documento original ainda deverá ser preservado. Medidas simples podem ser
empregadas como um meio de preservar o material, indo desde cuidados no seu manusear
até técnicas corretas de limpeza. Nesse sentido a ação dos funcionários que trabalham
em tais instituições passa a ser fundamental para o reconhecimento da instituição como
objeto cultural repositória da cultura e da memória de um grupo.
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Localização da cidade
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A proposta do curso foi dar algumas noções básicas dos princípios de conservação
do material com suporte em papel que se encontram nos arquivos das instituições de
pesquisa ou nos museus da cidade da Lapa. Arquivo é aqui entendido como um “conjunto de
documentos manuscritos, impressos, fotográficos, produzidos por órgão governamentais,
entidades particulares ou pessoais” (MANUAL, 1985, p. 15) e que estão sob a guarda de
uma instituição seja ela pública ou particular.
É no arquivo que se pode encontrar pelo menos parte da memória de uma cidade, de
uma sociedade, ou mesmo das pessoas que ali habitaram. E como guardiã desta memória
que a instituição não deveria apenas “guardar” o acervo como um almoxarifado ou um
depósito de materiais, mas sim os arquivos deveriam ser reconhecidos, eles mesmos,
como objetos culturais. Este aspecto do uso do arquivo é bem explorado por Lopes que
indica que quando os arquivos são socialmente usados não serão mais vistos apenas como
um patrimônio físico que está ocupando espaço (LOPES, 2002, p.178).
Os acervos sob a guarda dos museus e arquivos federais, estaduais, municipais e
particulares têm por característica principal a sua grande variedade de itens. O papel é um
dos suportes mais frequentes nos acervos, estando presente em: certidões, livros, mapas,
jornais, periódicos e fotografias, por isso a escolha de se trabalhar com esse suporte no
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O mini-curso foi dividido em quatro aulas, duas teóricas e duas práticas, em dois
turnos, totalizando duas turmas, uma em cada turno. O conteúdo teórico foi abordado
através de uma exposição dialogada com recurso de slides. No primeiro dia foram abordados
os seguintes temas: história do suporte papel: dos primórdios da sua utilização até os
dias atuais; os tipos de papéis empregados no restauro; a era do mau-papel (celulose – a
partir de 1850); exposição dos conceitos básicos: conservação preventiva ou preservação;
conservação curativa ou conservação; conservação restaurativa ou recuperação/reparo/
restauração.
No segundo dia da parte teórica foi mostrado, através de fotografias, um exemplo
dos procedimentos de restauro de uma folha de um livro, também abordamos, entre
outros assuntos: o que é higienização mecânica; apresentação da indumentária básica
do conservador para o processo de higienização; explicação da ficha técnica para ser
preenchida durante o processo de higienização; explicação dos procedimentos básicos
da higienização mecânica; forma de guarda do acervo e do espaço físico onde está
armazenado o acervo e o manuseio correto do material.
Nas aulas práticas os alunos foram convidados a se portarem como verdadeiros
conservadores-restauradores. No início da parte prática foi apresentado o “kit” com as
ferramentas e os materiais empregados na higienização básica de livros/documentos
suporte papel além de uma explicação detalhada do conteúdo da ficha técnica seguida
pela entrega de um documento para ser higienizado para cada aluno (material cedido pela
IPHAN- Curitiba). Após cumprida tal etapa cada aluno foi convidado a preencher a ficha
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O papel é o suporte mais comum, quando não exclusivo, dos documentos e livros
conservados em arquivos e bibliotecas. Oriundo da China chegou à Europa através da
Espanha pelas mãos dos povos árabes. Era produzido, no mundo oriental, com restos
de tecidos de origem vegetal e animal (seda) e determinados vegetais. Na Europa, os
primeiros papéis foram fabricados de tecidos de fibra vegetal (linho, cânhamo, algodão).
Esse sistema de fabricação persistiu até meados do séc. XIX, quando uma nova matéria-
prima – a madeira – substituirá radicalmente as fontes anteriores.
Somente por volta do século XIX que a madeira passou a ser a principal matéria-
prima, o papel de celulose ou o papel moderno. Uma vez industrializado, tornou-se o
principal suporte de escrita. Na sua fabricação não é utilizado apenas a polpa de celulose,
mas também a lignina que está presente na madeira e não consegue ser totalmente retirada
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Fatores internos
Fatores externos
• Ambientais
o Umidade
o Ventilação
o Luminosidade
o Poeira
• Biológicos
o Insetos bibliófagos (atacam o papel). Exemplo: traça
o Insetos anobídeos (atacam a madeira). Exemplo: broca, cupim
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o Roedores
o Fungos
• Físicos
o Luminosidade ideal zero
o Temperatura entre 18º e 22°C
o Umidade entre 45 e 55%
• Químicos
o Acidez do papel ideal neutro ph 7
o Poluição atmosférica
o Tintas e pigmentos
Conceitos básicos
Higienização
A poeira é grande inimiga dos documentos, pois contém partículas de areia que
cortam e arranham; fuligem, mofo e inúmeras outras impurezas, atraem a umidade e
degradam papéis. Além de remover a poeira, sempre que possível, devem ser removidos
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objetos danosos aos documentos, como grampos, clipes e prendedores metálicos. Uma
vez que se trata de um processo minucioso e demorado, é preciso definir o alcance da
higienização, se abrangerá uma ou mais coleções ou todo um acervo.
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3 CONSIDERAÇÕES
BIBLIOGRAFIA