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REANIMAÇÃO CÁRDIO-

RESPIRATÓRIA E CEREBRAL

Prof.FRANCISCO GRILLO
1-INTRODUÇÃO
O termo reanimação cardiopulmonar cerebral é
utilizado para designar o conjunto de medidas
terapêuticas que visam:
 Recuperar as funções cardiocirculatórias e
respiratórias;
 Preservação da integridade funcional do Sistema
Nervoso Central.
2-ETIOLOGIA
A principal causa de PCRC são por causas
cardíacas:
 IAM;
 Estenose Aórtica;
 Miocardiopatias;
 Aneurisma Aórtico ou Ventricular com dissecção;
2-ETIOLOGIA
Causas Não Cardíacas:
 Embolia Pulmonar;
 Hemorragia Cerebral e Subaracnóidea;
 Asfixia;
 Distúrbios eletrolíticos;
 Traumas;
 AVE ;
 Hipovolemia;
 Hipotermia;
 Hiper e Hipoglicemia;
 Causas Tóxicas
3-FISIOPATOLOGIA
A PCRC é definida como a cessação abrupta das
funções :

Cardíacas;
Respiratórias;
Cerebral

COMPROVADA PELA AUSÊNCIA DE:

Pulso central(Carotídeo e Femoral);


Movimentos Respiratórios(Apnéia ou Agônicos);
Estado de Inconciência
3-FISIOPATOLOGIA
A PCRC é determinada por quatro Ritmos
Cardíacos:

Assistolia;
Atividade Elétrica sem Pulso(AESP);
Taquicardia Ventricular(TV);
Fibrilação Ventricular(FV)
3-FISIOPATOLOGIA
Assistolia

Não há atividade elétrica


ventricular e ,portanto,nenhuma
contração ventricular.
3-FISIOPATOLOGIA
Assistolia Assistolia
3-FISIOPATOLOGIA
É a forma de pior prognóstico, caracterizando a
ausência de atividade elétrica no coração.
ATENÇÃO
Erros mais comuns no diagnóstico de Assistolia:
 Cabos e eletrodos desconectados;
 Fibrilação Ventricular (FV) fina

PORTANTO
3-FISIOPATOLOGIA
Para confirmação do diagnóstico de Assistolia
deve-se proceder ao protocolo de linha reta que
consiste em:
 Checar a conexão dos eletrodos;
 Aumentar o ganho do monitor cardíaco;
 Checar o ritmo em duas derivações.

A seguir as causas mais prováveis de uma


Assistolia:
3-FISIOPATOLOGIA
CAUSA TRATAMENTO
Hipovolemia Volume
Hipóxia Oxigênio
H+ Acidose Metabólica Bicarbonato de Sódio
Hipotermia Reaquecimento
Hipocalemia/Hipercalemia Reposição de Potássio e
Bicarbonato de sódio
Tamponamento Cardíaco Punção pericárdica
Tromboembolismo Pulmonar Tratar PCR,considerar trombólise
Trombose de Coronária Tratar PCR,considerar tratamento
de reperfusão
Tensão (pneumotórax Hipertensivo) Punção de alívio/Drenagem de
tórax
Tóxico Antagonista específico
3-FISIOPATOLOGIA
Atividade elétrica sem Pulso (AESP)

Está associada à ausência de pulso,porém com a


presença de alguma atividade elétrica.
3-FISIOPATOLOGIA
3-FISIOPATOLOGIA
Geralmente existe algum fator impedindo o
acoplamento entre a atividade elétrica
organizada do miocárdio e a contração muscular
efetiva que deveria resultar dessa atividade.

ATENÇÃO

MUITA ATENÇÃO
3-FISIOPATOLOGIA
TANTO A ASSISTOLIA COMO A ATIVIDADE
ELÉTRICA SEM PULSO (AESP),NÃO SÃO
RITMOS CHOCÁVEIS:

PORQUÊ?

O choque pode desorganizar a atividade elétrica


existente por menor que ela seja.
3-FISIOPATOLOGIA
Taquicardia Ventricular sem Pulso

Apresenta-se com FC maior que 100bpm e não


superior a 220bpm.Com complexos QRS,bizarro
e serrilhado.Estas alterações eletrocardiográficas
estão associadas à ausência de pulso palpável.
3-FISIOPATOLOGIA
3-FISIOPATOLOGIA
Fibrilação Ventricular (FV)

É uma desorganização elétrica ventricular.No


traçado eletrocardiograma ,não há complexos
QRS,a FC é elevada e desorganizada.
3-FISIOPATOLOGIA
Fibrilação Ventricular
4-QUADRO CLÍNICO
O paciente em parada cardiorrespiratória
apresenta-se:

Não responsivo (inconsciente);


Apnéia;
Ausência de Batimentos Cardíacos;
Cianose;
Alteração Pupilar(Midríase)
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
A cadeia de sobrevida foi descrita para ressaltar
a importância da adoção hierarquizada das
atitudes terapêuticas em situação de PCR em
que a Fibrilação Ventricular (FV) é o ritmo inicial
presente em 40% dos casos.
A cadeia é constituída por cinco passos principais:
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
1- Reconhecimento imediato da parada cardíaca e
o desencadeamento do sistema de
emergência(chamar por ajuda);
2-Aplicação das manobras de ressuscitação
cardiopulmonar (RCP) com ênfase nas
compressões de alta qualidade;
3-Rápida desfibrilação;
4-Medidas eficazes de suporte avançado de vida;
5-Cuidados organizados e integrados pós-parada.
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
O atendimento da PCR pode ser dividido em
duas etapas:
 Avaliação Primária: BLS (Basic Life Suport)

 Avaliação Secundária: ALS (Advanced Life


Suport)
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
 Avaliação Primária: BLS (Basic Life Suport)
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Básico de Vida
5.1. Reconhecimento da PCR e chamar por ajuda
 Se o paciente responder ao chamado: Significa
que ainda possui fluxo sanguíneo o suficiente
para manter atividades do SNC;
 Se o paciente não respondeu ao chamado e não
há movimentos respiratórios (ou apresenta gasps
agônicos): Significa PCR
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Básico de Vida
5.2. Desencadeamento do Sistema de Emergência
A medida principal que determina o melhor
prognóstico na PCR é o acesso rápido ao
desfibrilador.
Quando a desfibrilação é realizada até o 3º ou 4º
minuto da PCR em Fibrilação Ventricular
(FV),existe a reversão da parada em 47-72% dos
eventos.
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Básico de Vida
5.3.Compressões de Alta qualidade
As novas diretrizes da AHA (American Heart
Association) 2010 para RCP enfatizam,mais uma
vez,a necessidade de uma RCP de alta
qualidade,incluindo:
 Freqüência de compressão mínima de 100/minutos;
 Profundidade de compressão mínima de 2
polegadas(5 cm),em adultos;
 Retorno do tórax após cada compressão;
 Minimização das interrupções torácicas;
 Evitar excesso de ventilação.
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Básico de Vida
5.3.Compressões de Alta qualidade
Técnicas de compressões de alta qualidade:
 Devem ser aplicadas de forma rápida e
intensa,sobre a metade inferior do esterno,na
linha intermamilar no centro do tórax.Nesse
ponto colaca-se a região hipotenar da mão do
braço mais forte.Deverá o outro braço formar um
ângulo de 90º com o plano horizontal;
 Paciente deverá estar sobre uma superfície
rígida
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Básico de Vida
5.4.Compressões + Ventilação
Recomenda-se fazer ciclos de 30 compressões
torácicas,seguidas de duas ventilações até a
chegada do desfibrilador.
As principais recomendações são:
 Cada ventilação de resgate deve durar 1
segundo;
 Aplicar volume corrente suficiente para elevar o
tórax
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
 Evitar ventilações rápidas e forçadas;
 Em qualquer momento,quando uma via aérea
avançada estiver colocada,aplicar 8-10
ventilações por minutos não sincronizadas com
as compressões torácicas;
 Volume corrente de 6-7 ml/Kg é suficiente.
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
5.5.Manuseio das Vias Aéreas
A abertura das vias aéreas pode ser feita através
da elevação da mandíbula ou hiperextensão da
coluna cervical ou pela tração da mandíbula.
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Hiperextensão da
Elevação da Mandibula coluna cervical
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE

 Avaliação Secundária: ALS (Advanced Life Suport)


A avaliação secundária envolve a aplicação de
manobras para o suporte avançado de vida,tais
como:
 Dispositivos invasivos de via aérea;
 Estabelecimento de acesso venoso;
 Utilização de drogas;
 Desfibrilação elétrica;
 Estabilização do paciente após PCR com dragas
vasopressoras.
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Avançado de Vida
No suporte avançado de vida,a identificação do
ritmo cardíaco é feita pelas pás do monitor
cardíaco,poupando tempo durante o atendimento
por permitir a rápida desfibrilação,caso esteja
indicada.
Podemos dividir a PCR em duas modalidades:
 Ritmos que merecem desfibrilação imediata: TV
ou FV sem pulso;
 Ritmos que não devem receber desfibrilação:
Assistolia ou AESP
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Avançado de Vida
A desfibrilação elétrica é um procedimento
terapêutico que consiste na aplicação de uma
corrente elétrica contínua NÃO SINCRONIZADA,
no músculo cardíaco. Esse choque despolariza
em conjunto todas as fibras musculares do
miocárdio, tornando possível a reversão de
arritmias graves como a TV e a FV, permitindo ao
nó sinusal retomar a geração e o controle do
ritmo cardíaco.
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Avançado de Vida

Tipos de Desfibriladores

 Desfibrilador externo automático (DEA)- utilizado por


leigos no atendimento a PCR. O equipamento
quando corretamente instalado no paciente, tem a
capacidade de ler o traçado eletrocardiográfico e
indicar ou não a necessidade do choque
 Desfibrilador monofásico
 Desfibrilador bifásico
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE

DEA BIFÁSICO
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Avançado de Vida
Em PCR onde o paciente estava monitorizado,o
tempo máximo da Fibrilação Ventricular(FV) para
iniciar a desfibrilação é de no máximo 3 minutos.
Enquanto o desfibrilador não disparar,as
manobras de reanimação não podem parar.
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Avançado de Vida
A segurança durante a desfibrilação é de
responsabilidade de quem manipula o
aparelho.Durante a desfibrilação,alguns cuidados
devem ser adotados:
 Para choques monofásicos,deverá ser aplicado 1
choque de 360J;
 Para choques bifásicos,deverá ser aplicado 1
choque de 150-200J;
 Correto posicionamento das pás;
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Avançado de Vida
 Utilização do gel condutor;
 Orientar os demais profissionais a se afastar da
cama do paciente;
 Paciente em uso de Oxigênio durante o choque,
o mesmo deverá ser desligado;
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE

Tipos de Ondas Local correto


5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Avançado de Vida
Via aérea Avançada
A via aérea avançada pode ser obtida pelos
seguintes procedimentos:
 Intubação oro/nasotraqueal;
 Máscara Laríngea;
 Combetube;
 Cricotireoidostomia
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE

Cabo e Lâmina Lâminas


5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Intubação Difícil

Distância Mento-Tireóide

< 6,0 cm
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE

Ventilação c/ Máscara Intubação


5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE

Máscara Laríngea Técnica


5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE

Combetube Combetube
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Cricotireoidostomia
Cricotireoidostomia
5-ABORDAGEM INICIAL DO PACIENTE
Manobras de Suporte Avançado de Vida
Confirmação e Adequação da Via Aérea Adequada
 Exame Físico:
 Expansão torácica bilateral;
 Auscultar o epigástrico (sons respiratórios não
audíveis);
 Auscultar campos pulmonares bilateralmente
(devem ser simétricos);
 Dispositivos de detecção de CO2 exalado
 Capnografia
6-TRATAMENTO
Alteração de A-B-C para

C-A-B
Compressões Torácicas- Via aérea- Respiração
6-TRATAMENTO
6-1-Verificar a No ambiente de
Terapia Intensiva,os
Responsividade pacientes encontram-
se muitas vezes
sedados e com nível
neurológico alterado.
6-TRATAMENTO
Além de chamar o
6-2-Chamar auxílio de outros
por Ajuda profissionais,também
se faz necessária a
presença do carrinho
de emergência.
6-TRATAMENTO
6-3-Posicionamento A colocação da
correto do paciente prancha rígida é
e do socorrista fundamental,bem
como abaixar a cama
ou providenciar uma
escada.Isso
possibilita o
posicionamento
correto do profissional
6-TRATAMENTO
4-Compressões Freqüência de
compressão
Torácicas mínima de
100/minutos;
 Profundidade de
compressão mínima de 2
polegadas(5 cm),em
adultos;
 Retorno do tórax após
cada compressão;
 Minimização das
interrupções torácicas;
 Evitar excesso de
ventilação.
6-TRATAMENTO
6-5-Abrir as Vias Nos pacientes que
estão sob intubação
Aéreas orotraqueal,esse
passo não é
necessário.
Inclinação da
cabeça,elevação do
queixo(suspeita de
trauma:Anteriorização
da mandibula.
6-TRATAMENTO
Uma ventilação a cada
6-6-Ventilar 6-8 segundos(8-10
ventilações por
minutos).
6-TRATAMENTO
6-7-Desfibrilação Recomenda-se um
choque ao invés de
três choques.
 Desfibriladores
Monofásicos:
Choque com 360J
 Desfibriladores
Bifásicos:(120 a
200J)
Uso Exclusivo em FV
6-TRATAMENTO
Medicação Apresentação Dose Inicial Dose Máxima
Epinefrina Ampola de 1mg 1mg de 3/3 a 5/5 Indeterminada
minutos
Vasopressina 20 unidades/ml 40 unidades 40 a 80 unidades
Amiodarona Ampolas de 5mg/Kg de peso 7,5mg/Kg de
150mg peso
Lidocaína 1%(1ml=10mg) / 1 a 1,5mg/Kg de 3mg/Kg de peso
2% (1ml=20mg) peso
Bicarbonato de 1ml=1mEq 1mEq/Kg de Indeterminada
Sódio 8,4% peso
Sulfato de 10%(10ml=1g) 1a2g 0/hora,5 a 1g
Magnésio 20%(10ml=2g)
50%(10ml=5g)
6-TRATAMENTO
6-8-Medicamentos  Atropina não é mais
usada no tratamento
da AESP;
 Adenosina é
recomendada no
tratamento inicial da
taquicardia de
complexo largo;
 Usa-se lidocaína na
falta da Amiodarona
7-Status Pós PCR
Após a reversão da PCR,é de grande importância
organizar uma estratégia sistemática de cuidados
(pós-parada) com os seguintes objetivos:
 Otimizar a função cardíaca,respiratória e buscar
normalizar a perfusão de órgãos vitais;
 Identificar e tratar SCAs e outras causas
reversíveis;
 Transportar/transferir para um hospital ou UTI
com estruturado sistema pós PCR;
7-Status Pós PCR
 Checar periodicamente posicionamento da
cânula,acompanhando continuamente a
capnografia quantitativa;
 Verificar constantemente o acesso venoso central
(para aminas vasoativas e drogas antiarritmicas)
e periféricos para outras drogas, sangue e seus
derivados;
 Observar no monitor multiparamétrico PA
invasiva ou não,bem como os demais sinais
vitais;
7-Status Pós PCR
 Induzir a hipotermia no período pós-PCR
(temperatura corporal entre 32-34ºC) por 12-24
horas para pacientes que apresentam lesão
neurológica grave;
 Dosar glicemias,pois hiperglicemias acima de
180mg/dl não devem ser toleradas;
 Observar presença de estado de mal epilético
não convulsivo,pois nesses pacientes é
freqüente,realizar eletroencefalografia.O uso de
anticonvulcionante é recomendado.
8-Referências Bibliográficas
1-SALLUN,Ana Maria Kalil...[et al.].O Enfermeiro e
as situações de emergência.2º edição.São
Paulo:Atheneu,2010
2-MARTINS,Herlon Saraiva...[et al.].Emergências
Clínicas,Abordagem Prática.6ª
edição.Barueri,SP:Manole,2011
3-DUBIN,Dale B...[et al.].Interpretação Fácil do
ECG.6ª edição.Rio de Janeiro:Revinter,1999
4- Destaques das Diretrizes da American Heart
Association 2010 para RCP e ACE

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