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MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
Monografia apresentada à
Universidade Católica Dom Bosco,
curso de Direito, sob orientação
temática da Profª. Maria Teresa
Casadei e orientação metodológica do
Prof.º Dr. José Manfrói para efeito de
obtenção do título de Bacharel em
Direito.
CAMPO GRANDE-MS
2014
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________
Dedico esta
monografia às
futuras gerações.
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente sou grata aos meus pais e demais familiares, pessoas de valor
inestimável em minha vida, que com carinho me transmitiram valores, ensinamos, e
pelo auxilio na decisão de cursar esta graduação.
Dedico gratidão aos meus exemplos, André Luis Moraes de Oliveira, Carlos
Teodoro José Hugueney Irigaray, Flávio Garcia Cabral e Lenirce Aparecida Avellaneda
Furuya, pela convivência e experiência prática do Direito.
ABREVIATURAS
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 10
1. TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO............................................................................... 12
1.1. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO ................................................................................. 12
1.2. DAS CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO .................................................................. 13
1.2.1. Sentido sociológico ................................................................................................... 13
1.2.2. Sentido político ......................................................................................................... 14
1.2.3. Sentido jurídico ......................................................................................................... 14
1.2.4. Sentido de ordem material e aberta da comunidade .................................................. 15
1.2.5. Sentido de processo público ...................................................................................... 16
1.2.6. Sentido culturalista .................................................................................................... 17
1.3. PODER CONSTITUINTE ............................................................................................... 17
1.3.1. Poder Constituinte Originário ................................................................................... 17
1.3.2. Poder Constituinte Derivado ..................................................................................... 19
1.3.3. Poder Constituinte Difuso ......................................................................................... 20
2. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 22
2.1. CONCEITO...................................................................................................................... 23
2.2. NATUREZA .................................................................................................................... 24
2.3. CARACTERÍSTICAS ..................................................................................................... 25
2.4. MODALIDADES ............................................................................................................ 26
2.5. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL ...................... 27
2.5.1. Mutações Operadas em virtude da interpretação constitucional ............................... 28
2.5.2. Mutações através da Construção Constitucional ....................................................... 32
2.5.3. Mutações Decorrentes das Práticas Constitucionais ................................................. 35
3. MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL ..................................................................................... 37
3.1. LIMITES DA MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL .......................................................... 37
3.2. CARACTERÍSTICAS DAS MUTAÇÕES INCONSTITUCIONAIS ............................ 39
3.3. EFEITOS DAS MUTAÇÕES INCONSTITUCIONAIS ................................................. 40
3.4. EXEMPLO DE MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL ................................................... 41
3.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DA MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL ...... 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 46
10
INTRODUÇÃO
1
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional, 2007, p.27.
2
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional – Teoria do Estado e da Constituição, Direito
Constitucional Positivo, 2007, p. 71.
3
Expressão latina que pode ser usada para se referir a Constituição.
13
terá outro destino senão sucumbir perante os fatores reais de poder dominantes. Dessa
forma, fica exposto que o texto escrito tem sua importância extremamente diminuída ao
passo que a realidade social ganha muito mais importância.
6
SCHMITT, Carl. Teoria da Constituição, 2008, p.47.
7
SCHMITT, Carl. Ob. Cit., 2008, p.63.
8
HANS, Kelsen. Teoria Pura do Direito, 1979. p. 17.
15
Konrad Hesse defende que a constituição não é a mera soma dos fatores
reais e efetivos do poder, mas “também pode servir de instrumento de modificação da
realidade histórica e social”11, configurando dessa forma uma via de mão dupla no
concernente a transformações, em outras palavras, a realidade social pode aprimorar a
constituição escrita ou a constituição escrita pode aprimorar a realidade social.
9
HANS, Kelsen. Ob. Cit., 1979. p. 31.
10
HESSE, Konrad. A Força Normativa da Constituição, 1991, p. 5.
11
AZEVEDO, Nivaldo. Direito Constitucional Sistematizado para Concursos Públicos, 2012, p. 14.
12
HESSE, Konrad. Ob. Cit., 1991, p. 5.
16
13
HABERLE, Peter. Hermenêutica Constitucional - A Sociedade Aberta dos Intérpretes da
Constituição: Contribuição para a Interpretação Pluralista e "Procedimental" da Constituição, 2002, p. 24.
14
AZEVEDO, Nivaldo. Ob. Cit., 2012, p. 15.
17
Por fim, é preciso notar que todos os sentidos ou concepções, antes de serem
antagônicas, são na realidade complementares, surgindo assim à ideia de Hermann
Heller: a Constituição Total. De tal maneira, a Lei das Leis é um “conjunto de normas
fundamentais condicionadas pela cultura total, e, ao mesmo, tempo condicionante desta,
emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladora da existência, da
estrutura e fins do Estado e do modo de exercício e limites do poder político”15.
baseia em nenhuma regra jurídica predecessora. Sua natureza tem uma índole histórica,
afinal é anterior ao Estado. Nas palavras do notório constitucionalista Uadi Lammêgo
Bulos:
b) Ilimitado, pois não está sujeito aos limites jurídicos durante a criação de
sua obra, a única limitação que ele pode vir a sofrer é de ordem metajurídica;
16
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit., 2007, p.284.
17
BRASIL, Constituição Federal de 1988, artigo 1ª paragrafo único.
19
a) Derivado, porque sua força provém de outro poder, o PCO, sendo criado
e instituído por ele;
b) Limitado, pois seu exercício deve respeitar os limites impostos pelo PCO;
Pode-se dizer que, quanto mais rígidas forem as exigências para uma
reforma constitucional, mais fortemente se apresentarão os meios difusos de
modificação, a fim de adaptarem o Texto Maior as exigências sociais. A Constituição
está numa relação condicionante e condicionadora com as demais estruturas estatais,
caso as estruturas éticas, sociais, jurídicas, econômicas e políticas se altere, ela também
deverá modificar-se, objetivando fazer com que a realidade social não se desarmonize
com o texto judicioso.
21
2. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
18
BULOS, Uadi Lammêgo. Mutação Constitucional. 1997, p. 194.
23
2.1. CONCEITO
19
MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 2008, p.129
20
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 57
21
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito constitucional Positivo. 2006, p. 61.
22
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 61.
23
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional. 1993, p. 231
24
BISCARETTI DI RUFFIA, Paolo. Diritto costituzionale. 1986, p. 86.
24
2.2. NATUREZA
25
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Processos informais de mudança da Constituição: mutações
constitucionais e mutações inconstitucionais. 1986, p. 12.
26
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. 1991, p. 133.
27
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 58.
28
VEDEL, George. Manuel élémentaire de droit constitutionnel. 1949, p. 112.
29
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 61.
25
2.3. CARACTERÍSTICAS
30
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 61.
31
Ob. Cit. 1997, p. 61.
32
Ob. Cit. 1997, p. 62.
26
2.4. MODALIDADES
33
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 63.
34
FERRAZ, Anna Candida da Cunha. Processos informais de mudança da Constituição: mutações
constitucionais e mutações inconstitucionais, 1986, p. 13.
35
CAMPOS, Milton. Constituição e Realidade, 1960, RF, 187:19.
36
WHEARE, Karl. Las constituciones modernas, 1975, p. 77.
37
ZAMUDIO, Hector Fix. Algunas reflexiones sobre la interpretación constitucional em el
ordenamento mexicano, 1975, p. 14.
38
LAVIÉ, Humberto Quiroga. Los câmbios constitucionales a través de la constumbre y la
jurisprudência, 1977, p. 112.
27
Como conclui Uadi Lammêgo, “como se vê, não existe consenso a respeito
das modalidades pelas quais as constituições são modificadas através dos processos
informais de mudança.”39
39
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 65.
40
Ob. Cit. 1997, p. 66.
41
Ob. Cit. 1997, p. 66.
42
Ob. Cit. 1997, p. 70.
28
43
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Ob. Cit.1986, p. 38-39
29
44
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Ob. Cit.1986, p. 36.
45
Ob. Cit.1986, p. 40.
30
46
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Ob. Cit.1986, p. 42-43.
47
Ob. Cit.1986, p. 42.
48
Ob. Cit.1986, p. 45.
31
49
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Ob. Cit.1986, p. 50.
32
Perante esta análise, podemos afirmar que todos os métodos citados podem
provocar mutações constitucionais de menor ou maior amplitude, cada qual dentro de
suas margens, observando sempre os limites razoáveis para não macular a Lei das Leis.
50
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Ob. Cit. 1986, p. 50.
51
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 149.
52
Ob. Cit. 1997, p. 167.
33
53
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 152.
54
Ob. Cit. 1997, p. 154.
34
55
LESSA, Pedro. Do Poder Judiciário, 1915, p. 18.
56
FAGUNDES, Seabra. Cadernos de conferência, 1971, p. 31.
57
BARBOSA, Ruy. Comentários à Constituição Federal brasileira, 1933, p 477.
35
58
São práticas que possuem elemento objetivo ou psicológico do costume, falta certeza no concernente a
sua obrigatoriedade.
59
São decisões cuja índole é política, onde os órgãos do poder a maneira como assumem suas respectivas
competências em face a outros órgãos ou entidades.
60
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 178.
61
Ob. Cit. 1997, p. 179.
36
3. MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL
62
CAMPOS, Milton. Constituição e Realidade, 1960, RF, 197:22.
63
BULOS, Uadi Lammêgo. Mutação Constitucional, 1997, p. 87.
64
Ob. Cit. 1997, p. 88.
38
poderia ser feito mediante a separação brusca da Realidade e do Direito. Se tal distinção
fosse feita, teríamos como consequência a inadmissão de fazermos quaisquer
considerações, sejam elas filosóficas, políticas ou histórias, do processo de evolução das
concepções do Direito.
Então, depois de dito isto, podemos concluir que não existem muitos limites
para o exercício das alterações informais. Uma das únicas limitações que a doutrina
considera tem caráter subjetivo e psicológico. Em outras palavras: os limites estariam na
consciência do interprete, que buscaria “não extrapolar a forma plasmada na letra dos
preceptivos supremos do Estado, através de interpretações deformadoras dos princípios
fundamentais que embasam o Documento Maior”66.
É claro que não podemos confiar de forma cega “no elemento psicológico
da consciência do interprete em não violar os parâmetros jurídicos”67, estes podem
muito bem realizar interpretações que tenham malícia, causando traumas a Carta
Magna. Caso aconteçam mutações inconstitucionais decorrentes da forma maliciosa de
interpretação o controle mais eficaz que se pode exercer é aquele feito pela opinião
pública, pelos grupos de pressão, partidos políticos etc.
Muito embora os limites não possam ser fixados com maestria, existem sim
certos meios para identificar as mutações que frutificadas a partir interpretação corrupta,
já que as mutações constitucionais não alteram o espírito da Constituição.
67
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 91.
68
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Processos informais de mudança da Constituição: mutações
constitucionais e mutações inconstitucionais. 1986, p. 245.
69
Ob. Cit. 1986. p. 245.
40
70
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Ob. Cit. 1986. p. 245.
41
71
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Ob. Cit. 1986. p. 249.
72
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 135.
42
Os riscos existem. Isso, contudo, não serve de pretexto para que as leis
deixem de ser interpretadas com larga visão de sentido, alcance e
significado, através dos meios difusos de modificação constitucional.
As mutações, quando constitucionais, tem um fundamento que não
pode ser ignorado, o de promover mudanças necessárias e
perfeitamente admitidas.73
73
BULOS, Uadi Lammêgo. Ob. Cit. 1997, p. 139.
74
FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Ob. Cit. 1986. p. 257.
43
Além destas, lúcidas e sólidas soluções enumeradas acima, cada vez mais
podemos contar com a ascensão, a um lugar de destaque, dos Direitos Humanos e dos
Princípios, sejam eles implícitos ou explícitos, no Ordenamento Jurídico, como
mecanismo de defesa contra as arbitrariedades de quem possa eventualmente agir
contra constitutionem75.
75
Expressão latina que quer dizer “contra constituição”.
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS