You are on page 1of 6

Risco geológico ENGENHARIA

ENGENHARIA
CONSTRUÇÃO CIVIL TRANSPORTE
em obras civis
om a prática no Brasil de contratação
ENGENHARIA/2009
592

C de obras pelo sistema de Engineering,


Procurement, Construction (EPC) – Turn-Key
onde o preço é previamente estabelecido e
global, bem como os marcos contratuais e a
ERALDO LUPORINI PASTORE* data de entrega da obra, com transferência
de grande parte dos riscos para o contrata-
do –, tornou-se prática corrente a apresen-
tação de pleitos (claims) para ressarcimento
de custos adicionais e justificativa do não
cumprimento destas obrigações em decor-
rência de riscos ou imprevistos geológicos
e hidrológicos.
Mesmo na modalidade de contrato
por custo unitário disputas também têm
sido geradas, pois em muitos casos torna-
se necessário comprovar o aumento dos
custos devido a acréscimos nos volumes
de escavação e concreto e na quantida-
de de tratamentos ou ainda as razões do
comprometimento do cronograma devido
a fatores relacionados com tais riscos.
Dado o grande desconhecimento no
Brasil pelas partes envolvidas na contra-
tação de obras do significado principal-
mente de risco ou imprevisto geológico
– e a predominância ainda de grande
confusão relacionada ao tema tanto no
meio técnico quanto no meio jurídico –,
apresentam-se neste artigo conceitos e
definições com o intuito de auxiliar os
envolvidos nestas questões, tanto na
fase de preparação de contratos, quan-
to na formulação e avaliação de pleitos
relacionados com riscos ou imprevistos
geológicos.
O tema se aplica em especial a obras
civis pontuais como usinas hidrelétricas e
escavações em mineração e áreas indus-
triais, quanto em obras lineares como ro-
dovias, ferrovias, metrovias, canais e linhas
de transmissão onde o fator risco geológico
tenha significativa influência na eventual
causa de acidentes, nos acréscimos de cus-
tos e no comprometimento dos prazos de
marcos contratuais.

CONCEITUAÇÃO TÉCNICA
No que tange ao tema os seguintes
termos técnicos devem ser claramente
definidos com o intuito de esclarecer seu

www.brasilengenharia.com.br
ENGENHARIA
CONSTRUÇÃO CIVIL
significado, criando-se, ao mesmo tempo, apresentados no modelo conceitual ou Falhas ou zonas de cisalhamento rúptil

ENGENHARIA/2009
592
uma padronização da terminologia: feição de projeto, em decorrência de limitações As falhas são também denominadas de
geológica; condicionante geológico; risco e caráter pontual das “campanhas de in- paráclases ou zonas de cisalhamento rúptil
ou imprevisto geológico; modelo geológico vestigação convencionais” realizadas no constituindo-se em descontinuidades ao
conceitual; modelo geológico real. início dos estudos, quando comparado às longo das quais os blocos separados so-
Feição geológica - Termo de larga abran- escavações que permitem a exposição em frem deslocamentos (figura 1). A espessura
gência utilizado em Geologia que engloba verdadeira grandeza do modelo e condi- das falhas pode se limitar à de uma película
todo e qualquer elemento de origem geo- cionantes geológicos reais do maciço ro- escura nas duas faces que se atritaram ou
lógica aplicando-se tanto a conformações choso, com consequências na ocorrência alcançar espessura de centenas de metros,
de relevo quanto a estruturas tectônicas de acidentes e no acréscimo de custos e caso em que são denominadas de zonas
em grande ou pequena escala. prazos de execução da obra. de falha. Nos planos de falha é comum a
Entre as feições geológicas que tem Modelo geológico conceitual - É o mode- ocorrência de estrias (slickensides) geradas
maior relevância na construção de obras lo elaborado na etapa de projeto com base pelo atrito, o que auxilia sua identificação
no Brasil encontram-se as zonas de cisa- em análise de documentos, interpretação e classificação. Em testemunhos de sonda-
lhamento (falhas) com ou sem preenchi- de fotografias aéreas e imagens de radar gem rotativa convencional existe dificul-
mento de argila, as juntas-falha, os planos e satélite, mapeamento de campo e inves- dade de identificação de falhas, quando
de fraturas, as dobras, os planos de aca- tigação através de sondagens mecânicas, mais espessas, pois em geral o material é
mamento e foliação das rochas, as irregu- sondagens geofísicas e ensaios in situ e em lavado pela água de circulação durante a
laridades acentuadas do topo de rocha sã, laboratório, cujos dados são associados e perfuração.
as cavernas, cavidades e dolinas, as rochas correlacionados formando o modelo ge- As falhas são classificadas de acordo com
desagregáveis e friáveis, as rochas de re- ológico que tem influência no projeto do o deslocamento dos blocos em falhas nor-
sistência extremamente elevada, as ten- empreendimento. mais ou de gravidade, falhas de empurrão e
sões in situ, as pressões e vazões elevadas Modelo geológico real - É o modelo ge- falhas transcorrentes, podendo ocorrer em
de água subterrânea e as águas ácidas. ológico elaborado na fase de execução da escalas desde microscópicas até macroscópi-
Condicionante geológico - Entende-se obra quando o maciço encontra-se esca- cas (Teixeira et al, 2001). Por se constituírem
por condicionante geológico toda a feição vado e visível em todas as suas particula- em planos de fraqueza quase sempre apre-
geológica que interfere em maior ou menor ridades sendo possível a observação direta sentam problemas de ruptura e infiltração de
grau de modo adverso na estabilidade, na em escala real das exposições das camadas água, indesejáveis nas escavações.
estanqueidade, na durabilidade e na geome- e feições em subsuperfície, observações
tria final das escavações e estruturas com que podem ainda ser auxiliadas por inves- Dobras
implicação direta na ocorrência de aciden- tigações adicionais. As dobras são ondulações resultantes de
tes e no acréscimo de custos e prazos de deformações de massas rochosas original-
execução da obra. FEIÇÕES GEOLÓGICAS / mente com feições planares tais como planos
Risco ou imprevisto geológico - Risco CONDICIONANTES GEOLÓGICOS de acamamento ou de foliação. As dobras
ou imprevisto geológico é entendido como A seguir são apresentadas as principais podem ter convexidade voltada para cima
variações significativas das previsões da feições geológicas que podem se constituir ou para baixo denominando-se, no primeiro
geologia e dos condicionantes geológicos em condicionantes geológicos. caso de anticlinal (figura 2), e no segundo de

Figura 1 - Exemplos de falhas na fundação de estrutura de concreto e em túnel

www.brasilengenharia.com.br
ENGENHARIA ENGENHARIA
CONSTRUÇÃO CIVIL TRANSPORTE
seu preenchimento lavado durante o pro- sivas encontram-se os basaltos vesículo-
ENGENHARIA/2009
592

cesso de perfuração em sondagens, o que amigdaloidais que contém zeólitas, os are-


pode mascarar sua presença. As juntas nitos e siltitos que contém montmorilonitas
quando ocorrem com mergulho subhori- e rochas vulcânicas que contém quantida-
zontal na fundação de estruturas de con- des apreciáveis de vidro (por exemplo tufos
creto quase sempre representam proble- andesíticos).
mas de estabilidade devido a sua menor Rochas friáveis em geral são rochas
resistência ao cisalhamento ( figura 3 ). Se areníticas que não contém cimentação so-
encontradas durante as escavações levam frendo erosão interna (piping) com facili-
invariavelmente à necessidade de modi- dade nas fundações de barragens sob gra-
ficações no projeto acarretando custos dientes hidráulicos mais elevados e erosão
adicionais de tratamento da fundação. superficial em taludes pela ação de águas
Figura 2 - Canadian Landscapes Photo
Collection – Alberta Jasper National Park Quando dois ou mais sistemas se cruzam pluviais.
pode haver formação de cunhas de pe-
sinclinal. Podem ter dimensões microscópi- quenas ou grandes dimensões potencial- Rochas de resistência
cas, mesoscópicas (escala de afloramentos) e mente instáveis em taludes. extremamente elevada
macroscópicas – escala de imagens de satéli- São representadas por rochas que con-
te ou fotografias aéreas (Teixeira et al, 2001). Cavernas, cavidades e dolinas tém grande quantidade de quartzo em sua
Este tipo de feição quando na escala Estas feições são típicas de regiões de composição oferecendo grande resistência
mesoscópica é raramente visível em paí- calcários onde devem ser esperadas com ao corte e provocando desgaste elevado
ses tropicais como o Brasil devido à grande frequência. A sua localização e dimensio- nos bits das ferramentas de perfuração para
cobertura dos maciços rochosos por espes- namento necessitam de investigação apro- desmonte com explosivos e nos cutters das
sas camadas de solo tanto residual quanto priada para que se evite problemas a elas máquinas tuneladoras (TBM) empregadas
transportado e abundante vegetação. Sua associados, principalmente de fuga d’água na perfuração de túneis em rocha.
perfeita determinação através de sonda- devido a intercomunicação subterrânea en-
gens é praticamente impossível podendo tre as mesmas. Topo rochoso muito irregular
ser bem definida apenas em escavações de Constituí-se em uma feição geológica
porte no terreno. Em investigações de su- Solos moles e compressíveis muito comum que acarreta, em geral, pro-
perfície sua identificação quase sempre só é São depósitos geológicos muito conhe- blemas de sobre-escavação nas fundações,
possível apenas com intensivos e prolonga- cidos devido a sua forma de ocorrência, ge- pois em geral nos projetos, em sua maioria
dos trabalhos de mapeamento e complexa ralmente na orla marinha (mangues) e em baseados em informações pontuais, a super-
interpretação dos dados. planícies aluvionares exigindo tratamentos fície do topo de rocha sã na qual devem ser
especiais de fundação. apoiadas as estruturas é interpretada como
Planos de acamamento e de foliação regular, o que nem sempre ocorre devido
Os planos de acamamento e foliação são Rochas desagregáveis e friáveis a diferenciações acentuadas na resistência
feições planares adquiridas durante a for- Estas variedades de rocha apresentam das rochas ao intemperismo.
mação das rochas sedimentares e metamór- comportamento particular nas escavações
ficas, respectivamente, podendo se consti- exigindo cuidados especiais. Tensões virgens elevadas
tuir em planos potenciais de ruptura devido Entre as rochas desagregáveis ou expan- As tensões virgens elevadas não se
a sua menor resistência (descontinuidades).
São feições facilmente identificáveis tanto
em mapeamento de superfície quanto em
testemunhos de sondagens.

Sistemas de juntas e fraturas


Os sistemas de juntas e fraturas são
constituídos por feições planares lisas ou
onduladas com posição espacial muito
variável. Sua identificação em geral não
apresenta grande dificuldade podendo,
no entanto, quando mais espessas, ter Figura 3 - Exemplos de junta-falha em talude de escavação e fraturas sigmóides em túnel

www.brasilengenharia.com.br
constituem em uma feição geológica pro- geofísicas, visando definir o modelo ge-

ENGENHARIA/2009
592
priamente dita, mas em um fenômeno omecânico característico das fundações
decorrente de concentração de tensões das diversas estruturas, identificando os
naturais no maciço em uma determinada critérios utilizados para sua elaboração e
região ou local e que apresenta instabili- evidenciando as condicionantes caracterís-
dade quando escavado, principalmente nas ticas de cada situação.
obras subterrâneas. Os critérios a serem utilizados para a
elaboração do modelo geomecânico das
Pressões e vazões elevadas fundações, serão naturalmente função
de água subterrânea das condicionantes específicas de cada
São condições especiais onde as pres- local. Deverão ser definidos como con-
sões e as vazões da água subterrânea po- sequência de um nível de investigações
dem se apresentar muito acima do normal geológico-geotécnicas adequado, os di-
Figura 4 - Inundação do túnel devido a
exigindo a aplicação de sistemas de estabi- versos tipos de tratamento de fundações
infiltração de água subterrânea através de
lização e bombeamento reforçados, princi- zonas de falha. Vazão média 460 l/s ~0,5 m 3 /s necessários para as várias estruturas do
palmente no caso de obras subterrâneas (fi- aproveitamento, assim como as respecti-
gura 4). Em escavações a céu aberto podem cisalhamento direto em rocha. vas quantidades, profundidades, espaça-
representar custos adicionais caso o afluxo mentos, rumos e inclinações.
de água pelas fundações exija, da mesma MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO Deverão ser feitos, “quando se revela-
forma, sistema de bombeamento reforçado GEOLÓGICA ESPECIAIS rem necessários”, devido às características
para possibilitar o avanço das escavações. Os seguintes métodos de investigação geológico-geotécnicas particulares dos lo-
são considerados especiais devido ao seu cais dos aproveitamentos e de exigências
Águas ácidas elevado custo e especificidade, tendo como estruturais específicas, estudos especiais
A ocorrência de águas ácidas está di- objetivo buscar informações mais deta- in situ e sondagens especiais tais como: (a)
retamente relacionada com a presença de lhadas, somente se justificando em casos galerias em rocha; (b) ensaios de injeção; (c)
sulfetos na rocha que, uma vez expostas ao onde o porte e tipo do empreendimento e sondagens com amostragem integral; (d)
meio ambiente, gera ácido sulfúrico o qual, a complexidade geológica exigirem para a ensaios de palheta (Vane test); (e) ensaios
por sua vez, rebaixa drasticamente o pH das elaboração de um modelo geológico con- de penetração estática (Diepsoundering);
águas, tornando-as altamente corrosivas e ceitual satisfatório: (a) galerias de inspeção (f) ensaios de permeabilidade in situ; (g) en-
letais aos seres vivos. em rocha; (b) televisionamento de furos saios pressiométricos; (h) ensaios de mecâ-
de sondagem; (c) ensaios de cisalhamento nica das rochas.
MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO direto e de deformabilidade in situ; (d) en- Ensaios de laboratório - Os ensaios que
GEOLÓGICA CONVENCIONAIS saios de fraturamento e de macaqueamento devem ser realizados em amostras de so-
Os seguintes métodos de investigação hidráulico; (e) ensaios triaxiais de rocha em los provenientes de áreas de empréstimos
são considerados convencionais, tendo laboratório. e áreas de escavações obrigatórias, bem
como objetivo buscar informações mínimas No caso específico de usinas hidre- como de amostras de solos situados nas
para a elaboração de um modelo geológi- létricas, as diretrizes para elaboração de áreas de fundação das barragens, diques e
co conceitual satisfatório para o projeto estudos de viabilidade da Eletrobrás/DNA- ensecadeiras, são as seguintes: (a) ensaios
da obra: (a) informações bibliográficas; (b) EE (1997) e projeto básico da Eletrobrás/ de caracterização; (b) ensaios de compac-
interpretação de imagens de satélite, radar Aneel (1999) para estes empreendimentos tação; (c) teor da umidade natural; (d)
e fotografias aéreas; (c) mapeamento ge- estabelecem os seguintes tipos de investi- ensaios de densidade in situ; (e) ensaios
ológico de superfície detalhado; (d) levan- gações para complementação dos dados de permeabilidade em permeâmetros,
tamentos geofísicos: sísmica de refração básicos geológico-geotécnicos obtidos na com carga variável; (f) ensaios de adensa-
e caminhamento elétrico; (e) sondagens fase de viabilidade: mento com e sem saturação e com e sem
mecânicas rotativas com recuperação de Investigações de campo - Deverá ser medidas de permeabilidade; (g) ensaios de
testemunhos; (f) ensaios de permeabilidade feito um detalhamento das investigações expansibilidade com medida de pressão
in situ em solo (infiltração) e rocha (perda geológico-geotécnicas realizadas nos es- e expansão; (h) ensaios de compressão
d’água sob pressão); (g) ensaios de labora- tudos de viabilidade, através de investiga- triaxial rápidos, rápidos pré-adensados,
tório em amostras de solo e rocha: carac- ções manuais (trados, poços e trincheiras), rápidos pré-adensados saturados, lentos,
terização, compactação e triaxiais em solo, investigações mecânicas (sondagens rota- lentos saturados; (i) ensaios de compres-
lâmina petrográfica, compressão uniaxial e tivas, percussão e mistas) e investigações são triaxial PH (pressões hidrostáticas) e

www.brasilengenharia.com.br
ENGENHARIA ENGENHARIA
CONSTRUÇÃO CIVIL TRANSPORTE
ENGENHARIA/2009
592

Tabela 1 - Redutor em função do tipo de obra Tabela 2 - Classificação da complexidade geológica


Item Tipo de obra Redutor Parâmetros de classificação e seus pesos Complexidade geológica

Túneis de adução, túneis longos com alta cobertura, Item Parâmetro Faixa de valores
1 taludes de casa de força, taludes > 30 m de altura, 0,70 Quantidade de estudos na região da implantação muitos alguns nenhum
casa força subterrânea minas subterrâneas 1
da obra 20 10 2
2 Túneis de desvio e rodoferroviários, taludes Obras similares construídas no mesmo domínio muitas algumas nenhuma
0,85 2
industriais fundação estruturas de concreto geológico 20 15 2
3 Taludes < 30 m altura, taludes provisórios, fundação 3 A B C
1,00 Tipo de rocha predominante no sítio da obra
barragem de terra e enrocamento, substação 15 5 0
A B C
4 Atividade tectônica na região
PN (pressões não hidrostáticas); (j) en- 25 10 1
saios de compressão triaxial K0 drenados Somatória valores x redutor tipo de obra = Peso
PESO 50 - 75 25 - 50 0 - 25
ou não drenados; (k) ensaios de erodibili- CLASSE BAIXA MÉDIA ALTA
dade – estes ensaios só devem ser feitos,
em princípio, quando houver evidência da Tipo de Rocha Tectônica
existência de argilas dispersivas (argilas A Granitos, basaltos A Baixa
sódicas), os principais métodos de ensaios B Xistos, gnaisses B Média
para determinar a dispersividade de um C Arenitos, f ilitos, calcários C Complexa
material argiloso são os ensaios de Furo
de Agulha (Pinhole Test de Sherard), o Tabela 3 - Classificação do programa de investigação
Ensaio de Dispersão (U.S. Soil Conserva- Parametros de classificação e seus pesos Qualidade do programa de investigação
tion Service) e o Ensaio Químico (U.S. Soil Faixa de valores
Conservation Service); (l) raio X e/ou aná-
Boa Média Insuf iciente
lise termo-diferencial – sempre que for 1 - Pesquisa bibliográf ica
4 2 1
necessária a caracterização mineralógica 2 - Interpretação de fotograf ias aéreas e Adequada Razoável Inexistente
do material. análise de imagens de radar e satélite 8 4 0
Os resultados destes ensaios devem ser Existente Parcial Não realizado
3 - Caminhamento elétrico
adequadamente apresentados, descritos e 8 4 0
analisados em relatórios específicos. Todos 4 - Sísmica de refração
Existente Parcial Não realizado
6 4 0
os materiais das áreas de empréstimo, das
áreas de escavação obrigatória e das funda- 5 - Sondagens rotativas nas estruturas
Em todas Algumas Insuf icientes
8 7 2
ções em solo, deverão ser classificados.
Boa Razoável Não satisfatória
6 - Qualidade da descrição de testemunhos
8 4 1
CLASSIFICAÇÃO DO RISCO GEOLÓGICO
Suf icientes Parciais Não realizados
Os riscos geológicos sempre estarão 7 - Ensaios de perda inf iltração e perda d´água
6 2 0
presentes em qualquer tipo de obra em Especiais Usuais Inexistentes
maior ou menor grau dependendo de inú- 8 - Ensaios em amostras de rocha
8 4 0
meras variáveis, entre as quais as mais im- Especiais Usuais Insuf icientes
9 - Ensaios em amostras de solo
portantes são a complexidade geológica, a 8 4 1
qualidade do programa de investigação e o 10 - Modelo geológico
Detalhado Simplif icado Muito simplif icado
tipo de obra. 8 3 1

A seguir apresenta-se uma tentativa de 11 - Modelo geomecânico


Consistente Simples Inexistente
8 4 0
classificar os riscos geológicos em função
destas variáveis em três níveis: alto (A), mé- Consistente Simples Inexistente
12 - Modelo hidrogeológico
8 4 0
dio (M) e baixo (B), podendo esta classifi-
Intensa Média Não realizada
cação tanto ser aplicada na análise de risco 13 - Interatividade entre informações geológicas e projeto
8 4 0
prévia de projetos básicos para formação de
Criteriosa Superf icial Inexistente
preço e licitação, quanto na fase de cons- 14 - Análise de riscos geológicos esperados
4 2 0
trução para avaliação de riscos eventual- Somatória valores x redutor tipo de obra = PESO
mente ocorridos. PESO 100 - 70 70 - 30 0 - 30
CLASSE BOA MÉDIA RUIM
A sistemática da classificação do ris-

www.brasilengenharia.com.br
Tabela 4 - Classificação do risco geológico

co consiste em inicialmente se classificar

ENGENHARIA/2009
592
a complexidade geológica e a qualidade
do programa de investigação aplicando-se
um redutor para o tipo de obra em função
de sua complexidade, com base em pontu-
ações, de acordo com as tabelas 1, 2 e 3,
utilizando-se, em seguida, a tabela 4.

PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS E
MEDIDAS MITIGADORAS DO
RISCO GEOLÓGICO
As principais consequências do risco
geológico nas obras são a ocorrência de
acidentes de pequenas ou graves propor-
ções com perdas materiais e humanas, os
custos adicionais devido à necessidade de
modificações no projeto básico ou básico
consolidado durante o projeto executivo,
com acréscimos consideráveis de volumes projeto seja feito com base em investiga- gy (Hoek & Palmeiri, 1998).
de escavação e de concreto, acréscimos ções de qualidade seguindo, no mínimo, Por fim, deve ser ressaltado que não
nos quantitativos de tratamentos de talu- o recomendado pela Eletrobrás/Aneel podem ser confundidos ou caracterizados
des e sistemas de suporte de túneis, atrasos (1999) e que análises de risco sejam reali- como risco geológico durante a construção
nos marcos contratuais com pagamento de zadas nos projetos em licitação. da obra – o que tem sido muito frequente
multas e adiamento da geração no caso de As seguintes medidas são recomenda- no Brasil – problemas de acidentes e sobre-
usinas hidrelétricas. das pela American Society of Civil Engineers escavação decorrentes, entre outros, de
A identificação e comprovação de (1997) para redução de riscos geológicos: erros de locação topográfica, escavações
que os problemas ocorridos na obra são 1) Destinar um orçamento adequado para em rocha com carga excessiva de explo-
devidos a condicionantes geológicos e a investigação geológica de sub-superfície. sivos, plano de fogo mal dimensionado e
comprovação do risco geológico são ex- 2) Recorrer a profissionais experientes e qua- velocidades de avanço além do permitido
pedientes complexos e demorados. Em lificados para investigar, avaliar potenciais em projeto no caso de túneis.
vista disto é sempre recomendado que o riscos, preparar desenhos e especificações e
um relatório consistente de análise REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
de riscos. [1] AMERICAN SOCIETY OF CIVIL ENGINEERS (1997)
3) Alocar recursos e tempo sufi- - Geotechnical Baseline Reports for Underground Cons-
ciente para preparar um relatório truction, Guidelines and Practices. Geotechnical Reports
de diretriz geotécnico claro e con- of the Underground Technology Research Council.
[2] ELETROBRÁS/DNAEE (1997) - Instruções para Es-
sistente com outros documentos
tudos de Viabilidade de Aproveitamentos Hidrelétricos.
de projeto. [3] ELETROBRÁS/ANEEL (1999) - Diretrizes para Ela-
O gráfico da figura 5 exem- boração de Projeto Básico de Usinas Hidrelétricas.
plifica a importância da realiza- [4] HOEK, E. and PALMIERI, A. (1998) - Geotechni-
ção de investigações devido à cal risks on large civil engineering projects. Keynote
address for Theme I – International Association of En-
sua consequência nos acrésci-
gineering Geologists Congress, Vancouver, Canada.
mos dos custos contratuais da [5] TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M.; FAIRCHILD,
obra decorrentes de imprevistos T. R.; TAIOLI, F. (2001) - Decifrando a Terra. Editora
geológicos, relacionando custos Universidade de São Paulo.
X razão entre o comprimento
de sondagens exploratórias e o * Eraldo Luporini Pastore é diretor do Departamento
comprimento do túnel, elabora- de Engenharia de Minas e Geologia do Instituto de Enge-
do com base em dados coletados nharia, especialista em Geotecnia (LCPC – Paris), mestre e
doutor em Geotecnia (USP), pós-doutorado Universidade
Figura 5 - Variação nos custos em função do comprimento de 84 túneis pelo U.S. National Sherbrooke (Canadá)
de sondagens realizadas em túneis Committee on Tunnel Technolo- E-mail: elpastore@uol.com.br

www.brasilengenharia.com.br

You might also like