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1935

A questão curricular

ARTIGO ARTICLE
para o plano de formação em Saúde Coletiva: aspectos teóricos

The curricular issue for academic training plan in Public Health:


theoretical aspects

Everardo Duarte Nunes 1


Juliana Luporini do Nascimento 1
Nelson Filice de Barros 1

Abstract The article analyses the literature on Resumo Neste trabalho, apresentamos uma re-
curriculum and its impact on the field of public visão da literatura sobre a questão curricular e
health. This analysis aims to locate the specific seus desdobramentos para o campo da Saúde Co-
lines of theoretical developments of the curricu- letiva. Esta análise tem como objetivos específicos
lum in order to establish a theoretical framework situar as linhagens teóricas da análise dos currí-
and conceptual study to the curricula of public culos, a fim de estabelecer um quadro de referên-
health in graduate courses. The main source of cia teórico-conceitual para o estudo dos currícu-
data is bibliographic, national and international. los da Saúde Coletiva nos cursos de pós-gradua-
It was concluded that the formulation of a ‘curric- ção stricto sensu. A principal fonte de dados é
ulum as fact’ and a ‘curriculum as practice’ is in- bibliográfica, nacional e internacional. Concluí-
teresting as starting point for analyzing the struc- mos que as formulações de um “currículo como
ture and process of formation of the curricula of fato” e de um “currículo como prática” são inte-
graduate health courses. Other points concern the ressantes como ponto de partida para se analisar
need to formalize that the curriculum should be a estrutura e o processo de constituição dos planos
based on a framework to define the characteristics dos cursos de pós-graduação em saúde. Outros pon-
that distinguish the contents and methodology of tos referem-se à necessidade de que, ao formalizar
the areas, classically known as social science, epi- a grade curricular, devemos apoiá-la num quadro
demiology and planning. On the other hand, es- de referência e definir as características que parti-
tablishing a framework that supports inclusion of cularizam os conteúdos e metodologias das áreas,
new areas and which parameters are established classicamente denominadas de ciências sociais,
between the curriculum of undergraduate and epidemiologia e planejamento. Mas, também, es-
postgraduate studies in public health. tabelecer os referenciais que sustentam a inclusão
Key words Curriculum, Curriculum as fact, de novas áreas e os parâmetros que dão sustenta-
1
Departamento de Medicina Curriculum as practice, Public health, Post-grad- ção ao currículo de graduação e de pós-graduação
Preventiva e Social, uate studies em Saúde Coletiva.
Faculdade de Ciências
Médicas, Universidade Palavras-chave Currículo, Currículo como fato,
Estadual de Campinas. Currículo como prática, Saúde coletiva, Pós-
Cidade Universitária graduação
Zeferino Vaz, Distrito Barão
Geraldo. 13083-970
Campinas SP.
evernunes@uol.com.br
1936
Nunes ED et al.

O princípio que está no coração das propostas de dade, ordem, conservação, equilíbrio e harmo-
um currículo do futuro não é primordialmente uma nia para analisar os sistemas e subsistemas soci-
ênfase em novos conteúdos de conhecimento, em- ais, Durkheim coloca a educação como um ele-
bora estes venham a ser desenvolvidos. Esse princí- mento fundamental nesse processo. O sociólogo
pio é por novas formas de relações de saber 1. francês afirma que a educação é a ação exercida
pelas gerações adultas sobre as que ainda não estão
maduras para a vida social, tem por objetivo susci-
Introdução tar e desenvolver na criança determinados núme-
ros de estados físicos, intelectuais e morais que dele
Abordar a questão curricular é adentrar um dos reclamam, por um lado, a sociedade política em
aspectos mais destacados do campo da educa- seu conjunto, e por outro, o meio especifico ao qual
ção, independente dos níveis em que ocorra o está destinado3.
processo pedagógico. Assim, de um lado, a sua Em Parsons4 (1902-1979), o processo da edu-
presença e seus problemas manifestam-se tanto cação ou socialização, como denomina, é que ga-
no ensino fundamental como no ensino médio e rante a manutenção e perpetuação dos sistemas
superior. De outro lado, essa questão encontra- sociais. Em oposição a estas abordagens, segun-
se presente em diferentes campos do conheci- do dois outros pensadores, Dewey5 (1859-1952) e
mento dos quais a filosofia, a sociologia e a pe- Mannheim6 (1893-1947), citados por Noe7, a edu-
dagogia constituem os mais representativos. cação constitui um mecanismo dinamizador das
Acrescente-se que esta questão faz parte do am- sociedades através de um indivíduo que promove
plo campo da educação, que está presente nas mudanças. O processo educacional [...] possibilita
origens das formulações da sociologia como ci- ao indivíduo atuar na sociedade sem reproduzir
ência e tem em Durkheim (1858-1917) um dos experiências anteriores, acriticamente. Pelo con-
seus mais destacados representantes. Apesar de trário, elas serão avaliadas criticamente, com o ob-
outros sociólogos terem abordado a educação jetivo de modificar seu comportamento e desta ma-
em seus trabalhos, o tema não obteve maior des- neira produzir mudanças sociais.
taque na produção sociológica geral2. Dewey, em trabalho que se tornaria clássico
É a partir do pós 2a Guerra que se desenvolve na educação, escreve em 1934: não creio que as
a maioria dos estudos sociológicos da educação. escolas possam ser, literalmente, construtoras da
Gomes2, ao analisar alguns aspectos desta traje- nova ordem social. No entanto, as escolas, decerto,
tória, aponta que é a partir dos anos setenta que participarão, concretamente e não idealmente, na
se instala uma nova perspectiva nos estudos. Essa construção da ordem social do futuro à medida
perspectiva é marcada pelo que se denominou de que se forem aliando com este ou aquele movimen-
“nova sociologia da educação” que “representa to, no seio das forcas sociais existentes.Este fato é
uma alternativa aos grandes paradigmas, princi- inevitável5.
palmente em oposição ao paradigma do consen- Por sua vez, Mannheim6 assinala que a edu-
so”2. Vinte anos depois, Michael Young, um dos cação é uma das técnicas sociais. Para ele, as téc-
propugnadores dessa perspectiva, faria uma im- nicas sociais são entendidas como “todos os
portante análise crítica sobre esse período1. métodos de influenciar o comportamento hu-
Neste trabalho, apresentamos uma revisão mano de maneira que este se enquadre nos pa-
da literatura sobre a “sociologia dos currículos” drões vigentes de interação e organização soci-
e seu desdobramento para o campo da Saúde ais”. Segundo Mannheim, “A educação não mol-
Coletiva. A revisão tem como objetivos específi- da o homem em abstrato, mas em uma dada
cos situar as linhagens teóricas da análise desse sociedade e para ela” e A unidade educacional fun-
tema, no sentido de estabelecer um quadro de damental nunca é o indivíduo, mas o grupo, que
referência teórico-conceitual para o estudo dos pode variar em extensão, objetivo e função. Com
currículos da Saúde Coletiva nos cursos de pós- isso variarão os padrões predominantes de ação,
graduação stricto sensu. aos quais terão de conformar-se os membros desses
grupos6.
Sem dúvida, os clássicos da sociologia e da
A educação a perspectiva sociológica pedagogia trouxeram importantes contribuições
para a questão da educação, especialmente nas
Como citamos, a educação está nas origens da análises que privilegiaram as relações entre edu-
sociologia e recebeu de Durkheim uma atenção cação e estrutura social. Mas é a partir da 2a Guer-
especial. Com base nos princípios de continui- ra que ocorre a valorização desse tema, como
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apontamos inicialmente. Nogueira8 enfatiza que cional, marco das análises sobre a estrutura in-
As décadas de 50 e 60 presenciaram a constituição terna da escola. Para Neves11, “O estudo socioló-
da Sociologia da Educação como campo de pesqui- gico da escola transforma-se em tendência domi-
sa, e sua afirmação como um dos principais ramos nante no desenvolvimento da sociologia da edu-
da Sociologia nos países industrialmente desenvol- cação no Brasil”. Neves11 cita outro trabalho de
vidos. As razões mais gerais desse fenômeno são Cândido13, no qual aponta que a análise da estru-
comuns aos países ocidentais que se tornaram os tura interna da escola deveria abarcar: os subgru-
principais centros produtores de pesquisa: França, pos sociais e os controles internos; a estrutura e o
Inglaterra e Estados Unidos. funcionamento da escola inserida no sistema esco-
No Brasil, em suas origens, a sociologia man- lar mais amplo e diferenciado; a complexidade das
tém estreita relação com a educação, tendo em tarefas administrativas impostas pela expansão e
Fernando de Azevedo (1894-1974) um dos seus diferenciação do sistema escolar e seus componen-
mais importantes pioneiros. Autor do livro In- tes burocráticos. Nos anos sessenta, Florestan Fer-
trodução à Sociologia Educacional, publicado em nandes, Marialice Foracchi e Luiz Pereira trazem
1940, produz extensa obra sobre a questão edu- destacadas contribuições, consolidando o campo
cacional. Azevedo9, um dos fundadores da Uni- da sociologia da educação, com novos temas e
versidade de São Paulo, é pioneiro em tratar a inclusão de categorias analíticas procedentes de
educação tanto como problema social como pro- áreas diversas da sociologia, como a economia14.
blema sociológico. O texto sobre a sociologia A segunda fase da sociologia da educação
educacional foi escrito sob a influência direta do brasileira é datada a partir do golpe militar de
pensamento durkheimiano, embora nele estejam 1964 e é chamada de “pessimismo pedagógico”11.
presentes outras correntes da sociologia. Nesse período, ocorre a Reforma Universitária
Em 1955, com a criação do Centro Brasileiro de 1968, mas também o esvaziamento da ação
de Pesquisas Educacionais, muitos cientistas soci- do INEP e de outros centros regionais. Neves11
ais e educadores passaram a se dedicar ao tema assinala que Na década de 1970, o foco dos estudos
da educação. Mariani10 narra que, nessa data, es- desviou-se da escola e de suas relações com a dinâ-
tiveram reunidos educadores e cientistas sociais que mica social para a política educacional. Multipli-
responderam ao apelo de Anísio Teixeira: Fernan- caram-se os estudos sobre a legislação e os progra-
do de Azevedo, Almeida Junior. J. Roberto Moreira, mas governamentais. Importante na teorização
Charles Wagley, Mário de Brito, Jaime Abreu, Luis da educação nesse período é a difusão das teorias
de Castro Faria, Antônio Cândido de Mello e Sou- da reprodução social como as de Louis Althus-
za, José Bonifácio Rodrigues, Lourival Gomes Ma- ser, Pierre Bourdieu, S. Bowles e H. Gintis. Neves
chado, Bertran Hutchinson, Florestan Fernandes, ressalta também a importância da abordagem
Egon Schaden, L. A Costa Pinto e Henri Laurentie, gramsciana sobre educação a partir do final dos
este representante da assistência técnica da ONU. anos setenta. Lembramos que data de 1964 a
Nas palavras de Anísio Teixeira, citado por Maria- publicação da excelente antologia de textos Edu-
ni10, era impossível estudar a educação brasileira e cação e Sociedade, onde os autores14 assumem
seus problemas sem levar em conta a realidade na- que Não se pode, portanto, conceber a sociologia
cional. Para isso era necessário montar uma estru- da educação como área independente, pois a edu-
tura ainda inexistente no Brasil. cação deve ser focalizada como objeto de análise
Neves11, em detalhada revisão sobre Os estu- sociológica. Compreendendo a educação como pro-
dos sociológicos sobre a educação no Brasil, assina- cesso social inclusivo, adotamos a linha de aborda-
la que é possível distinguir três fases nesse proces- gem que nos parece a mais sugestiva e fecunda, mas
so: a primeira de 1930 até 1960, o período dos não ignoramos ser esta apenas uma das orienta-
governos militares e de meados de 1980 até a atu- ções possíveis no campo da sociologia da educação.
alidade. Já assinalamos a presença de importan- Ela apresenta, contudo, sobre as demais, a vanta-
tes estudiosos na primeira fase, acompanhada da gem indiscutível de permitir a focalização globali-
implantação de instituições como o INEP (Insti- zadora do processo educacional.
tuto de Pesquisas Educacionais) e posteriormente A terceira fase dos estudos sociológicos da
do CBPE (Centro Brasileiro de Pesquisas Educa- educação inicia-se a partir de meados dos anos
cionais). Acima, citamos Antônio Cândido12 en- oitenta, com ênfase nas políticas sociais e nas re-
tre os cientistas sociais que impulsionaram o cam- lações entre educação e sociedade (custos, eficiên-
po dos estudos sociológicos e devemos lembrar cia, diversidade sociocultural)11.
que, em 1955, escreveu um trabalho sobre O papel Neves11 aponta os principais temas aborda-
do estudo sociológico da escola na sociologia educa- dos na atualidade pela sociologia da educação:
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Nunes ED et al.

escola (escolaridade e desigualdades sociais, es- nos no processo de ensinar e aprender conheci-
cola e violência, escola e professor: trabalho e mentos. Nessa perspectiva, o professor encontra-se
profissão); políticas educacionais; ensino supe- necessariamente comprometido com o planejamen-
rior em transformação; educação e trabalho; mo- to e com o desenvolvimento do Currículo.
vimentos sociais e educação; educação e gênero. Em recente artigo, Valle21 traz à tona uma
A própria construção sociológica do campo discussão que nos interessa. A autora toma como
da sociologia da educação foi alvo de extensa referência a denominada “sociologia do currícu-
análise no trabalho de Dias da Silva15. Martins16, lo” desenvolvida na Grã-Bretanha e a “sociologia
em detalhada resenha desse trabalho, afirma: a dos saberes” de origem francesa. Ambas condu-
autora destaca que a institucionalização da socio- zem-nos a pontos de referência para a questão
logia da educação no país oscilou entre uma con- da construção de uma teoria do currículo. Se-
cepção, próxima de uma policy science, desejosa de gundo a autora, a perspectiva britânica perma-
aplicar os conhecimentos científicos à formulação nece fiel à ideia que motivou as primeiras incur-
de políticas públicas, particularmente no campo sões no campo educacional – de que os critérios de
da política educacional, e outra que buscou se cons- legitimação e hierarquização prevalecem na orga-
tituir como uma disciplina estritamente acadêmi- nização escolar, beneficiando os saberes mais abs-
ca, próxima do modelo mertoniano de comunida- tratos, mais distantes da vida cotidiana, mais de-
de científica. pendentes da codificação escrita, mais adaptados
aos procedimentos de avaliação formal. Eles refle-
tem relações de poder e dominação que perseveram
A questão curricular tanto no centro das instituições quanto no nível
da sociedade em geral. A perspectiva francesa con-
Ribeiro da Silva17, ao discutir as questões refe- verge para a ideia de uma “cultura escolar” especí-
rentes à organização curricular por competênci- fica, na medida em que todo saber, para ser ensina-
as no ensino superior, sintetiza alguns pontos do, deve se submeter a certas “deformações”, decor-
que aqui retomamos. Primeiramente, quanto à rentes da necessidade de generalizá-lo ou de sim-
etimologia do termo currículo, derivado do ver- plificá-lo a fim de que se torne adequado aos pro-
bo em latim currere (correr), que significa car- cessos de aprendizagem.
reira, pequena caminhada a percorrer. Dentre os Ainda em relação aos estudos realizados na
autores que definiram currículo, Zabalza18 afir- Grã-Bretanha, sem dúvida, a contribuição de
ma que o Currículo é o conjunto dos pressupostos Michael Young1 é fundamental, com um novo
de partida, das metas que se deseja alcançar e dos enfoque ao fenômeno educacional, ou seja, “ao
passos que se dão para alcançá-las; é o conjunto de contrário de direcionar seu olhar para os gran-
conhecimentos, habilidades, atitudes, etc. que são des sistemas educacionais, propõe um olhar so-
considerados importantes para serem trabalhados bre a sala de aula, por exemplo, buscando com-
na escola, ano após ano. E, supostamente, é a razão preender e explicar as microrrelações que se esta-
de cada uma dessas opções. Ribeiro da Silva desta- belecem entre os diferentes sujeitos que atuam
ca que o conceito de currículo apresenta tensões no espaço escolar”, segundo Gomes2. Ao desen-
e controvérsias, como já havia sido assinalado volver a chamada “nova sociologia da educação”
por Pacheco19, além de carregar uma polissemia (NSE), Young repensa o tema tendo como prin-
de visões, mas que no ensino superior deve des- cipais fontes teóricas o interacionismo simbólico
pertar a autonomia dos indivíduos e permitir que e a fenomenologia social. Como assinala Gomes2,
a realidade seja aprendida e não somente repro- os principais desdobramentos da NSE, [são] os es-
duzida. Importante nessa perspectiva são os pres- tudos sobre currículos, representações de professo-
supostos de partida e os passos que se deseja res, interação pedagógica. Nos estudos sobre currí-
alcançar a fim de que, no percurso acadêmico, o culo, observamos uma preocupação em compreen-
currículo se converta em um conjunto de conhe- dê-lo do ponto de vista de sua construção social
cimentos compartilhados. abandonando a ênfase nos aspectos técnicos valo-
Moreira20 escreve o seguinte: Concebo currí- rizando os aspectos inerentes ao seu significado
culo como todas as experiências organizadas pela social e às implicações dessa construção nos fenô-
escola que se desdobram em torno do conhecimen- menos do fracasso escolar.
to escolar. Incluo no âmbito do currículo, assim, Especialistas têm apontando que os estudos
tanto os planos com base nos quais a escola se orga- sobre as questões curriculares no Brasil, embora
niza, como a materialização desses planos nas ex- apresentando destacado crescimento, sofrem al-
periências e relações vividas por professores e alu- guma perda de influência nas propostas de mu-
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dança na educação brasileira a partir de 1990. passam na escola médica. Sem dúvida, esses e
Isso é assinalado sobretudo em relação a algu- outros trabalhos inauguram de forma auspicio-
mas vertentes dos estudos culturais e à impor- sa o campo da sociologia da educação médica,
tância das teorias críticas na década de noven- que se transformaria em sociologia da educação
ta22. Além das revisões como as realizadas por das profissões da saúde, incluindo primeiramente
Moreira23, há estudos sobre o impacto das polí- a enfermagem e depois outras profissões.
ticas de avaliação no currículo escolar24, sobre as No final dos anos oitenta, estudiosos como
relações entre o processo de centralização da es- Light36 revisam o campo da sociologia da educa-
cola e a construção curricular25, sobre universa- ção médica nos Estados Unidos, lembrando que,
lismo e relativismo na seleção dos conteúdos cur- nos anos oitenta, alguns estudos dedicaram-se a
riculares26, sobre propostas pedagógicas e curri- aspectos estruturais, incluindo análise de custos,
culares como expressão de projeto político-cul- aparato tecnológico, profissionalização, o papel
tural27. Há ainda estudos comparativos das polí- da mulher e outros. Lembra a importância para
ticas curriculares em diferentes governos brasi- os sociólogos e educadores médicos de estudos
leiros28, sobre multiculturalismo e estratégias pe- longitudinais em educação médica, enfatizando a
dagógicas29, sobre currículo e pós-modernida- necessidade de serem comparativos e mais estru-
de30 e como construção histórico-cultural31. turados do que os realizados no passado. Outro
ponto destacado é o da revisão de conceitos que
haviam sido amplamente utilizados na década
Estudos sobre os currículos na área da saúde anterior, como o de autonomia profissional. Sem
dúvida, o destaque é a necessidade cada vez maior
Ao se constituir como um subcampo importan- de enfatizar pesquisas que levem em considera-
te para a pedagogia, a questão curricular acaba ção as relações entre as redes comunitárias e as
avançando sobre todas as áreas do conhecimen- instituições que fazem parte do contexto onde se
to. Isso acontece com a área da saúde e da medi- localizam os centros médicos acadêmicos.
cina que, em alguns países, constituem campo Na América Latina, a questão da educação
específico de estudos sociológicos. médica é tratada a partir dos anos setenta, num
Em realidade, a emergência da sociologia enfoque teórico baseado no materialismo histó-
médica nos Estados Unidos está fortemente vin- rico37, que também constitui referência de alguns
culada à educação, com relevante produção cien- dos estudos sobre a enfermagem38. No Brasil,
tífica responsável por um subcampo do conhe- surgem alguns trabalhos sobre a educação mé-
cimento, o da sociologia da educação médica, dica39 e sobre o estudante de medicina40.
desenvolvida a partir dos anos cinquenta. Esse A presença da questão curricular na área da
desenvolvimento inicia-se em 1952 na Universi- saúde esteve predominantemente ligada ao ensi-
dade de Columbia com um projeto sobre as pro- no de graduação, notadamente do ensino médi-
fissões no mundo moderno. A medicina é esco- co, posteriormente da enfermagem e da odonto-
lhida como pesquisa inicial, sendo um dos moti- logia, visando discutir a estrutura curricular e
vos da escolha a certeza de que serviria como um possíveis mudanças, introduzindo, por exemplo,
protótipo para outras profissões32. Posterior- a perspectiva dialética41. Há estudos abrangen-
mente, o projeto passa a incluir o Departamento tes, como o de Ronzani42, que, a partir de uma
de Medicina da Universidade de Cornell, num revisão das reformas curriculares, destaca a im-
experimento que fica conhecido como “com- portância de avaliar determinadas crenças que
prehensive care”, visando ampliar o foco sobre a fortalecem e mantêm certas práticas e ideologias
medicina clínica. De forma geral, o principal ponto em saúde.
desse esforço é desencadear uma investigação que Também, estudos institucionais que abordam
tomasse como centralidade o conceito de “socia- reformas curriculares têm sido objeto de grupos
lização para a profissão”33. Outros conceitos apa- de pesquisas, como o relatado por Barreira e co-
recem no trato dos processos educacionais, como laboradores43, que trata da experiência da Escola
os cunhados por Fox34, “detached concern” e “trai- de Enfermagem Anna Nery, do Rio de Janeiro.
ning for uncertainty”. Poucos anos depois, Be- Especialmente disciplinas que não faziam par-
cker e colaboradores35 escrevem um dos protóti- te do currículo clássico do ensino médico, como
pos da pesquisa qualitativa em educação e socio- as ciências sociais, passam a ser objeto de muitos
logia médica, com um estudo sobre os estudan- estudos e avaliações. Nesse sentido, o trabalho
tes de medicina e suas organizações frente às pers- de Nunes, Hennington, Barros, Montagner44, que
pectivas que se colocam durante o período que oferece uma perspectiva desse campo tanto nos
1940
Nunes ED et al.

Estados Unidos como no Brasil, abrange vasta tribuições para a teoria do currículo como for-
literatura. A metodologia básica usada pelos au- ma de organização e legitimação do saber, assim
tores é documental/bibliográfica, utilizando pes- como para o conhecimento das representações
quisas já sistematizadas, em especial as que da- dos professores e compreensão do processo de
tam de 1960-1979, e de levantamentos nos ban- interação pedagógica.
cos de dados Lilacs, MEDLINE, Sociological Abs- Vinte anos após as formulações da “nova
tracts (1980-2000), totalizando 21 documentos sociologia da educação”, Michael Young1 apre-
que relatam experiências de ensino em saúde. senta uma revisão crítica sobre essa questão. Esse
Recentemente, Barros e Nunes45 realizaram estu- autor escreve: A ‘nova sociologia da educação’,
do comparativo da sociologia médica/saúde e seu como um conjunto de ideias e descrição das priori-
ensino no Reino Unido e no Brasil. Anterior a dades de um grupo de pesquisadores e professores,
esse estudo, desde os anos setenta há diversas teve vida breve, em parte em razão das mudanças
análises sobre o ensino das ciências sociais apli- nas circunstâncias políticas e econômicas mais
cadas à medicina46,47. amplas, o que significa que a ênfase dada aos pro-
Em relação à Saúde Coletiva, os estudos so- fessores como agentes de mudanças se tornava cada
bre a questão do ensino e estrutura curricular da vez menos realista. Para ele, o fato dessa aborda-
pós-graduação vêm sendo realizados a partir dos gem da educação ter-se concentrado no currícu-
anos oitenta. O primeiro levantamento dos seis lo escolar é o que “causou mais nervosismo entre
cursos de mestrado e quatro de doutorado exis- seus críticos”. A questão do currículo tinha como
tentes em 1981 constitui um trabalho de Magaldi referência o fracasso escolar da classe operária,
e Cordeiro48. Em 1983, Marsiglia e Rossi49 efetu- que a sociologia da educação anterior situava
am o levantamento preliminar do ensino, pes- como decorrente de fatores causais históricos
quisa e dos recursos docentes das ciências sociais culturais dos estudantes.
nos cursos de pós-graduação em Saúde Coletiva Nos anos setenta, a discussão sobre o tema
e, no mesmo ano, Temporão e Rivera50 caracteri- assenta-se em duas concepções: a do “currículo
zam os docentes de administração e planejamen- como fato” e do “currículo como prática”. A pri-
to em saúde no Brasil. A seguir, Cohn e Nunes51 meira apresenta o currículo “como algo que tem
apresentam uma pesquisa sobre as característi- vida própria e obscurece os contextos sociais em
cas dos programas de oito cursos de pós-gradu- que se insere; ao mesmo tempo, apresenta o cur-
ação em Saúde Coletiva. Nos anos noventa, quan- rículo como um dado – nem inteligível nem mo-
do da realização da autoavaliação e avaliação ex- dificável”, como “saber externo àqueles que sa-
terna sobre a pós-graduação em Saúde Coletiva, bem, tanto professores como estudantes”, “in-
com dados de 1995/1996, Nunes e Costa52 anali- corporado em programas e manuais”, “conjunto
sam dezessete cursos e fazem estudo detalhado de portas de entrada para o mundo adulto”1 e
sobre suas grades curriculares. Especificamente, a está presente tanto nos acadêmicos como profis-
epidemiologia será estudada em sua trajetória his- sionalizantes, visando a “reproduzir o saber pro-
tórica e de ensino, em diversos momentos53-57. duzido alhures por outras pessoas”1.
O “currículo como prática”, segundo Young1,
inverte os pressupostos do “currículo como fato”.
Estrutura curricular dos cursos Prossegue afirmando: “Não parte da estrutura
de pós-graduação em Saúde Coletiva: do conhecimento, mas de como o conhecimento
proposta de estudo é produzido por pessoas que agem coletivamen-
te”. Mas, também nessa formulação, o currículo
As revisões citadas acima evidenciam pontos “está longe de ser apenas um produto da prática
importantes. Primeiramente, elas ressaltam que dos professores e dos alunos”, pois envolve as
a perspectiva sociológica da educação constitui concepções que outros agentes (administradores,
um campo que acompanha o desenvolvimento pais, empregadores) têm da educação. Assim,
da sociologia e encontra terreno bastante fértil Young argumenta que uma concepção de currícu-
tanto nos países desenvolvidos como nos consi- lo como prática não oferece uma alternativa ade-
derados em desenvolvimento. Especialmente na quada às ideias acerca do currículo definido nos
Inglaterra, a questão dos saberes escolares ad- termos das estruturas do conhecimento. Sua fra-
quire proeminência nos estudos e a sociologia da queza está nas limitações de seu conceito de prática.
educação passa a ser uma “sociologia do currí- Profundo conhecedor das correntes socioló-
culo”. A época da chamada “nova sociologia da gicas e pedagógicas da educação, Young1 se refere
educação” dos anos setenta traz importantes con- a Paulo Freire e seu questionamento do “currícu-
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lo como fato” por “desumanizar e mistificar o cação. Quais são os pressupostos filosóficos,
processo de aprendizado”. Para o sociólogo in- sociológicos e pedagógicos que informam a ado-
glês, A filosofia educacional de Freire partia das ção de determinada maneira de construir o cur-
intenções e ações dos homens e mulheres e não da rículo? Assim, é importante olhar para a estrutu-
estrutura de saber, que ele via como produzida por ra interna, mas também para analisar como ocor-
seres humanos, mas, muitas vezes experimentada re a construção social do currículo, ou seja, quais
como externa a eles. Argumentarei que uma tal são os agentes – professores, estudantes, admi-
concepção foi uma reação excessiva à invasão de nistradores, diretores, comissões de ensino, ins-
concepções sobre o currículo associadas a matéri- tituições avaliadoras de desempenho – que con-
as, formas de conhecimento e objetivos, e ela mes- tribuem para a escolha das disciplinas e de seus
ma se tornou uma forma de mistificação1. conteúdos? Essas questões levam a rever a histo-
As formulações de um “currículo como fato” ricidade do currículo e a outras indagações como:
e de um “currículo como prática” são interessan- é considerada a trajetória histórica da disciplina
tes como ponto de partida para se analisar a es- quando se opta por determinada formulação?
trutura e o processo de constituição dos currícu- Sabendo-se que o conhecimento apresenta na
los dos cursos de pós-graduação em saúde. Não pós-modernidade rápidas mudanças, qual o es-
é o caso da Saúde Coletiva, cuja tradição de ensi- paço contemplado na estrutura da disciplina
no é mais recente, mas na medicina muito do para as inovações teóricas e metodológicas?
que se ensina está pré-formalizado em uma se- Pensamos que a esquematização de um mapa
quência de conhecimentos e livros-texto que cons- conceitual sobre os currículos é altamente suges-
tituem a base do que se transmite ao neófito em tiva para uma análise do tema na pós-gradua-
relação aos saberes biomédicos. Assim, algumas ção em Saúde Coletiva, pois ele comporta polis-
questões a serem investigadas na Saúde Coletiva semia de visões no que se refere à saúde e à diver-
buscam dar resposta às seguintes perguntas: sidade interna ao campo, assim como tensões e
Como se formaliza a grade curricular, ou seja, controvérsias nas conceituações dos subcampos.
qual o seu quadro de referência? Considerando Compreendemos também que as metas a serem
as diferentes áreas de concentração, quais as ca- atingidas com o estabelecimento de currículos
racterísticas que particularizam (ou não) con- estão claramente associadas ao percurso acadê-
teúdos e metodologias (de pesquisa e de ensino) mico, ao compartilhamento das experiências dis-
das áreas, classicamente denominadas de ciênci- ciplinares e, sobretudo, às necessidades concre-
as sociais, epidemiologia e planejamento? No caso tas da formação dos profissionais para o setor.
de novas áreas, como ocorre a sua inclusão na Essas são algumas das inúmeras questões que
grade curricular e quais as orientações que presi- podem ser levantadas em relação ao estudo do
dem a sua inserção? A fim de se estabelecer parâ- currículo e, mesmo, para a estruturação de no-
metros de comparação, que semelhanças e dife- vas disciplinas nos cursos de pós-graduação. Sem
renças são estabelecidas entre o currículo de gra- dúvida, a especificidade de cada campo e as con-
duação e de pós-graduação? dições de sua emergência são fatores que condi-
Sem dúvida, qualquer posição assumida (cur- cionam peculiaridades das estruturas curricula-
rículo como fato e currículo como prática) tem res, somando-se a elas as determinações institu-
como pressuposto um conceito sobre o tema e cionais e regimentais que orientam os cursos em
este, por sua vez, uma posição no campo da edu- suas características gerais e específicas.

Colaboradores

ED Nunes, JL Nascimento e NF Barros partici-


param da pesquisa de textos e elaboração do
material, sendo que a redação final coube a ED
Nunes.
1942
Nunes ED et al.

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