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1. Noção de Texto
O texto não é um amontoado de frases, mas um todo organizado e com sen-
tido. Como saber quando estamos diante de um texto com essas característi-
cas? Quando há nele coerência, ou seja, quando suas diferentes partes se re-
lacionam formando um todo com lógica, e quando apresenta coesão, ou seja,
quando há ligação entre as palavras e frases que garantam o encadeamento
entre as partes que o compõem.
Por que não pode ser considerado um texto a seguinte afirmação: “Paulo foi
viajar. A prova de matemática estava muito difícil?” Simplesmente porque
não há relação entre as ideias, embora as frases estejam gramaticalmente
corretas.
É necessário saber que todo texto faz parte de um contexto. Uma frase faz
parte de um contexto (um período e ou um parágrafo), um parágrafo faz parte
de um contexto (um texto). Por isso, muitas vezes interpreta-se mal uma frase.
Essa interpretação ocorre, geralmente, pelo fato de um fragmento estar iso-
lado de seu contexto.
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2. A Leitura
Para o melhor aproveitamento da leitura de um texto, ele deve ser visto como
uma realidade que se constitui de um acúmulo de elementos relacionados
entre si. Contudo, uma vez interpretado, torna-se um objeto coerente. Nesse
processo de ler, revela-se a importante relação entre o leitor e o texto, pois é
dessa interação – leitor e texto – que nascem os sentidos textuais.
Para formular hipóteses, o leitor utiliza tanto seu conhecimento prévio como
os elementos formais mais visíveis e de alto grau de informatividade como
título, subtítulo, datas, fontes, ilustrações. Ao formular hipóteses, o leitor esta-
rá predizendo2 temas, e ao testá-las estará depreendendo3 o tema daquele texto.
1. Hipótese
Suposição, conjectura, pela qual a imaginação antecipa o conhecimento, com o fim de
explicar ou prever a possível realização de um fato e deduzir-lhe as consequências.
2. Predizer
Dizer antecipadamente: prever.
3. Depreender
Entender, perceber, compreender.
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Para Pesquisar
Há alguns dicionários online muito bons onde você pode fazer consultas rápidas e com
segurança, como o Aurélio (http://www.dicionariodoaurelio.com/), o Priberam (http://
www.priberam.pt/dlpo/) e o Caldas Aulete (http://www.aulete.com.br/).
Ligação de ideias: esta é uma recomendação parecida com o tópico sobre cla-
reza. Um texto uniforme e coerente precisa apresentar as ideias e fatos rela-
cionados de modo que facilite ao leitor acompanhar o raciocínio apresentado.
Relevância das informações: tudo que está no texto precisa realmente estar?
As informações estão efetivamente relacionadas com os argumentos, com
a narrativa, com a descrição desenvolvida? Todos os dados relevantes estão
presentes? A resposta a essas perguntas é muito importante para que o autor
escreva com coerência e clareza, evitando que o leitor tenha a impressão de
descuido, desinformação ou má-fé, o que seria pior.
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Fundamento das conclusões: ao apresentar uma conclusão, em que se basear?
Em dados concretos ou na própria impressão pessoal? Não é coerente for-
mular conclusões baseando-se em ideias não apresentadas ou falsas, e em
informações que o leitor desconhece.
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pontos de contato sejam mantidos, apesar das divergências possíveis entre
opiniões e objetivos. Ir ao texto com ideias pré-concebidas, inalteráveis, com
crenças imutáveis, dificulta a compreensão quando elas não correspondem
às que o autor apresenta.
Alguns tipos de pistas que o autor deixa no texto para ajudar a reconstruir sua
referência são aquelas expressões que indicam o grau de comprometimento
do autor com a verdade, ou a justiça da informação, a certeza absoluta, ou
para menos, a possibilidade mais remota; são elas: talvez, evidentemente, não
há dúvida etc.
Outro tipo de marca formal da presença do autor é aquele que reflete a ati-
tude dele frente ao fato, à ideia, à opinião, que se concretiza principalmente
através da adjetivação e do uso de nomes abstratos indicativos de qualidades.
Esses recursos ajudam a criar imagens negativas ou positivas da realidade
em questão.
A capacidade de análise das pistas formais para uma síntese posterior que de-
fina uma postura do autor é considerada essencial à compreensão do texto. A
reconstrução de uma intenção argumentativa é considerada ainda como um
pré-requisito para o posicionamento crítico do leitor frente ao texto.
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Figura 1 – Exemplo de texto jornalístico.
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Na crônica, temos um texto ficcional de caráter crítico; nela, o autor, além de
relatar um fato, faz uma análise dele, destacando dois aspectos: o de que a
televisão nos obriga a ver, de forma passiva, as tragédias, e o fato de que há
pouca preocupação com a vida.
Figura 4 – Letra da música “Nega Luzia”, de Jorge de Castro e Wilson Batista, de 1957.
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Na propaganda, suas principais características são a linguagem argumentati-
va e expositiva, pois a intenção da propaganda é fazer com que o destinatário
se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter algum tipo de
descrição e deve ser elaborado de maneira clara e objetiva.
Exercícios Propostos
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( ) c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma gene-
ralização
( ) d) o termo “Também” exprime uma justificativa
( ) e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose
no sangue”
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A análise dos elementos constitutivos desse texto demonstra que sua função é:
( ) a) vender um produto anunciado
( ) b) informar sobre astronomia
( ) c) ensinar os cuidados com a saúde
( ) d) expor a opinião de leitores em um jornal
( ) e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho
A outra noite
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chu-
va, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo
e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens,
estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cida-
de eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem
irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou o sinal fechado
para voltar-se para mim:
- O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mes-
mo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma
outra – pura, perfeita e linda.
- Mas, que coisa...
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva.
Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser avia-
dor ou pensava em outra coisa.
- Ora, sim senhor...
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um “muito
obrigado ao senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito
um presente de rei.
Rubem Braga
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5. Partindo do pressuposto de que um texto estrutura-se a partir de carac-
terísticas gerais de um determinado gênero, identifique os gêneros des-
critos a seguir:
I. Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas de destaque
sobre algum assunto de interesse. Algumas revistas têm uma seção dedicada a esse
gênero;
II. Caracteriza-se por apresentar um trabalho voltado para o estudo da linguagem,
fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, a vida dos homens através
de figuras que possibilitam a criação de imagens;
III. Gênero que apresenta uma narrativa informal ligada à vida cotidiana. Apresen-
ta certa dose de lirismo e sua principal característica é a brevidade;
IV. Linguagem linear e curta, envolve poucas personagens, que geralmente se mo-
vimentam em torno de uma única ação, dada em um só espaço, eixo temático e
conflito. Suas ações encaminham-se diretamente para um desfecho;
São, respectivamente:
( ) a) crônica, carta, entrevista e carta argumentativa
( ) b) carta, bula de remédio, narração e prosa
( ) c) entrevista, poesia, crônica e conto
( ) d) entrevista, poesia, conto e crônica
( ) e) crônica, entrevista, carta e carta argumentativa
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