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Contratransferência é o resultado da influência do paciente sobre o

sentimento inconsciente do analista. Freud considera que a contratransferência


é decorrente de complexos e resistências internas do analista, salientando a
necessidade de uma autoanalise e, alguns anos depois, análise didática e das
reanálises periódicas para reconhecê-la e superá-la. Para Freud, a
contratransferência é um obstáculo à análise, que deve ser superado pelo
analista. Embora Freud considere a contratransferência um obstáculo, em
1912, ao referir-se à atenção flutuante, descreve como o inconsciente do
analista pode ser utilizado como instrumento da análise.

Epstein e Feiner (1979) correlacionam esses dois pensamentos de


Freud: a contratransferência como obstáculo e tratamento, e por outro, o
inconsciente do médico como instrumento da análise, com as duas correntes
principais que irão dominar o cenário analítico em relação a contratransferência
e que foram denominados por Kernberg (1965) de clássica e de totalística,
respectivamente.

A contratransferência como obstáculo para o analista perdurou por mais


de 40 anos. A partir do final de 1940, surgiram novos conceitos de
contratransferência, bem mais abrangente e que foi denominado totalistíco
(Winnicott, 1999; Heimaann, 1950; Little, 1951; e outros). Esses novos
conceitos estavam relacionados com a relação mãe/bebê como uma unidade
única, dos tratamentos com pacientes muito perturbados os quais mobilizavam
relações contratransferênciais mais graves, e nas mudanças das premissas
das técnicas, e com maior compreensão da profundidade do fenômeno
transferencial, os alcances e as limitações da interpretação e a importância do
enquadre.

Desta forma, nos Estados Unidos, com a orientação da psicologia do


ego, predominou a visão denominada clássica, enquanto que na Inglaterra e
América Latina, com influência da teoria das relações de objeto, ou teoria
kleiniana, prevaleceu o conceito de totalístico em relação à contratransferência.

De acordo com visão clássica de contratransferência, esta é considerada


como algo estranho à posição emocional normal do analista, algo com
capacidade de parasitar nocivamente o processo analítico. Não é considerada
normal no processo analítico, mas algo perturbador. A contratransferência
clássica se restringe à reação inconsciente do analista a transferência do
paciente. Somente é tratada como contratransferência aquela parte do
relacionamento que se refere aos conflitos infantis e reprimidos do analista
(Little, 1951; Kernberg, 1965; Ribeiro e Zimmermann, 1968).

O conceito totalístico de contratransferência está relacionado a um


conceito normal no processo terapêutico. Compreende-se que ela contém
elementos da realidade da relação e pode incluir aspectos neuróticos do
analista, abrangendo suas reações conscientes e inconscientes, podendo ser
utilizada como instrumento de compreensão do paciente. O conceito totalístico
apreende que todos os sentimentos e atitudes do analista em relação ao
paciente são considerados contratransferência. Foi a partir de 1970 que a visão
totalística da contratransferência passou a ganhar expressão e a influenciar os
autores do modelo dito como clássico, sobretudo nos Estados Unidos.

Entretanto, o conceito totalístico, apesar do seu progresso, recebeu


críticas de autores como Thomã, Kachele e Sandler, no sentido de que não
discrimina o que vem do paciente e do que vem do analista. Sandler e col.
sugeriram que fosse denominado contratransferência apenas as reações
específicas do analista às qualidades específicas do paciente. Desta forma, o
terapeuta deveria formular e responder questões acerca do que está sentindo e
pensando antes e durante a sessão, tentando identificar a fonte de suas
respostas emocionais ao paciente.

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