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AFETIVIDADE NO ÂMBITO HOSPITALAR

Clarice Grasmück*

PINHEIRO, Glícia Rodrigues; BOMFIM, Zulmira Áurea Cruz. Afetividade na relação


paciente e ambiente hospitalar. Revista mal-estar e subjetividade. Fortaleza, vol. IX,
nº1, pp. 45-74. mar. 2009.

Um dos processos com mais relevância da interação do indivíduo com o ambiente


é o que relaciona à conversão do espaço físico em espaço significativo para o mesmo
indivíduo. A significância do ambiente refere-se à representação, ou seja, o impacto
emocional, que um determinado ambiente tem para cada sujeito, no qual é preciso
considerar os aspectos políticos, sociais e culturais. O artigo busca discutir a afetividade
como categoria de análise da relação paciente e ambiente hospitalar.
A afetividade compreende as emoções e os sentimentos do ser humano, onde
incorpora tanto a resposta emocional, como aspectos expressivos e gestuais. Pode ser
compreendida com a capacidade humana de elevar seus instintos à altura da consciência.
Como categoria de análise, a afetividade permite além do conhecimento sobre o ambiente,
ressaltar como os indivíduos agem e se posicionam nesse espaço.

Na visão ocidental, a emoção se opõe da razão, o que impede o indivíduo pensar


com perceptibilidade, portanto, a afetividade é vista como inferior à razão. No entanto,
vários autores não concordam com tal pensamento, afirmando que a dimensão emocional
pode contribuir para o contato do homem com a realidade, e que todas as funções
psicológicas superiores estão relacionadas seja o sentimento, pensamento e a vontade.

Para compreender os sentimentos, deve-se observar os aspectos culturais e


históricos onde o sujeito se encontra. Um paciente hospitalizado, por exemplo, possui
uma forma de expressar a dor e o sofrimento, que está determinada pela cultura que impõe
padrões de expressões aceitáveis e não aceitáveis. O indivíduo tem conhecimento desde
a infância de como as pessoas que estão a sua volta esperam e aceitam para com sensações
dolorosas.

A humanização no tratamento implica a precisão de uma visão geral do sujeito,


onde deve-se reconhecer os aspectos e diferenças culturais para compreender melhor a
dor do paciente, que é quem melhor pode descrevê-la. A hospitalização do paciente pode
desencadear transtornos emocionais, e a dor crônica muitas vezes está relacionada com a
situação de sofrimento, onde pode vir acompanhada de ansiedade, medo, raiva,
desesperança e sentimento de impotência. E estes se mostram dispostos a colocarem seus
destinos na mão da equipe de saúde, no entanto, não conseguem expressar sua
subjetividade.

O ambiente hospitalar quase sempre omite as necessidades emocionais do


paciente. Porém, quando o paciente observa o cuidado da equipe, ele sente-se mais
seguro, assim contribuindo de forma efetiva para a melhora do quadro do paciente. Diante
de tudo isso, faz-se necessária uma escuta individualizada e atenta aos pacientes, que
inclui aspectos fisiológicos, psicológicos, socioculturais e religiosos. De nada adianta
querer aliviar a dor do paciente com analgésicos em massa, a dor do paciente precisa ser
acolhida em sua totalidade e subjetividade.

Com vasta familiaridade com o tema a autora Glícia Rodrigues Pinheiro, possui
graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (2006), e mestrado em
Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (2009), tem experiência na área de
psicologia clínica, hospitalar e do trabalho. E a autora Zulmira Áurea Cruz Bomfim,
também possui amplo conhecimento na área, graduada em Psicologia pela Universidade
Federal do Ceará (1985), possui mestrado em Psicologia pela Universidade de Brasília
(1990) e doutorado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (2003). Pesquisadora pela Universidade de Barcelona em Espaço
Público e Regeneração Urbana (2001), e Pós-doutorado na Universidade da Coruña-
Espanha (2011). Atua nas áreas de psicologia, com ênfase em Psicologia ambiental e
psicologia social, atuando principalmente nos seguintes temas: cidade, afetividade, mapas
afetivos; comportamentos pró-ambientais, vulnerabilidade socioambiental e juventude.

O artigo sobre a afetividade na relação de paciente e ambiente hospitalar, é um


trabalho muito bem elaborado, que apresenta de forma coerente a subjetividade de cada
indivíduo, ressaltando a afetividade como viabilidade de conhecer o ambiente hospitalar,
e sendo um precursor da ação e da forma como o paciente se comporta nesse espaço.

Suas conclusões auxiliam a construir uma discussão mais consciente sobre o tema,
principalmente às pessoas que trabalham ou estudam na área da saúde, pois deve-se
compreender os fatores subjetivos envolvidos em cada paciente.

*Acadêmica de Enfermagem da Unidavi

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