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1. Introdução
É importante salientar que o controle de constitucionalidade é um
instrumento de atuação proativa, via de regra, do Poder Judiciário e, por vezes, é
necessário para assegurar a efetivação de garantias e direitos constitucionais dos
cidadãos. No Brasil, o sistema de controle de constitucionalidade é híbrido, abrangendo
tanto o controle de constitucionalidade difuso quanto o controle de constitucionalidade
concentrado. Esta atuação do Poder Judiciário, normalmente, ocorre diante da inércia
dos Poderes Executivo e Legislativo, sendo que sempre encontra limitações próprias do
Estado Democrático de Direito, como o Princípio Federativo. Vejamos como funciona
cada tipo de controle de constitucionalidade.
O Controle de Constitucionalidade Difuso se dá através de todo e qualquer
órgão do Poder Judiciário sem a necessidade de provocação. Esse controle acontece
com o caso concreto, ou seja, tem início em um incidente dentro de um processo cujo
objeto principal é a tutela de um direito subjetivo pleiteado pelas partes. É importante
ressaltar que o importante na demanda não é o controle de constitucionalidade, mas sim
a causa de pedir das partes. Assim, ao longo do processo, a parte busca que o
magistrado julgue constitucional a aplicação de determinado dispositivo no caso
concreto, bem como pede que seja excepcionada a aplicação da lei no caso, alegando
sua inconstitucionalidade e tendo por base a proibição de se aplicar lei inconstitucional.
Ressalta-se que o magistrado pode agir de ofício diante da observância de uma
inconstitucionalidade, não necessitando de provocação das partes.
Já o Controle de Constitucionalidade Concentrado, também chamado de
Controle Abstrato, é exercido exclusivamente por uma Corte Constitucional. Esta Corte
possui as funções de fiscalização e controle e, no Brasil, se chama Supremo Tribunal
Federal. É um sistema de controle tem a finalidade de assegurar a proteção da ordem
constitucional objetiva e é exercido por meio de ações específicas em que se argúi a
inconstitucionalidade de um dispositivo. São estas as cinco ações: Ação Direta de
Inconstitucionalidade Genérica (ADI); Ação Direta de Inconstitucionalidade por
Omissão (ADO); Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI Interventiva);
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC); e Ação de Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF). Estas ações têm por objeto a análise da
constitucionalidade de determinada norma em abstrato, visando sempre à proteção da
Constituição, não tendo como intuito a tutela de um direito subjetivo.
Atualmente, a respeito deste tema, é possível observar certo ativismo
judicial tanto no que diz respeito ao controle difuso como ao controle concentrado. Tal
ativismo pode gerar dois principais efeitos. Primeiro temos aquilo que se chama de
Sentenças Intermediárias Normativas. Essas sentenças seriam:
E também podemos falar ainda da Sentença Aditiva, outro fator que decorre
do excessivo ativismo judicial. Essas sentenças são:
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MACIEL, Marina Campos. Ativismo judicial e controle abstrato de constitucionalidade: a questão das
sentenças aditivas e substitutivas no Brasil. In:Âmbito Jurídico, Rio Grande, XX, n. 157, fev 2017.
Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=18511>. Acesso em dez 2017.
2
Idem.
Tal julgamento consiste em habeas corpus, com pedido de concessão de
medida cautelar, impetrado em face de acórdão que não conheceu do HC, já que duas
pessoas foram presas acusadas de atuar em uma clínica de aborto. No julgamento, se
decidiu pela revogação da prisão preventiva de pessoas envolvidas em um caso de
aborto e o Ministro Barroso, ao proferir seu voto, ressaltou que a criminalização do
aborto não é aplicada em países democráticos e desenvolvidos, como os Estados
Unidos, Alemanha, França, Reino Unido e Holanda, entre outros. E concluiu:
3
Habeas Corpus 124.306/RJ – STF. Publicado em DJ Nr. 52 do dia 17/03/2017. Min Rel. Roberto Barroso
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Idem.
Em contrapartida a esta decisão, que não é vinculante, temos a proibição ao
aborto no Código Penal (CP), ressalvado o previsto pelo art. 128 do CP, e, mais
recentemente, a aprovação do controverso texto principal da Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 181 pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, que busca
proibir todas as formas de aborto no país.
Aqui é necessário se discutir que à decisão do HC não caberia modificar a
Norma Penal ao ponto de descriminalizar o aborto nos três primeiros meses de gravidez.
Por mais que se considere que tenha sido uma decisão acertada, principalmente no
âmbito da prisão preventiva, ainda que este seja um posicionamento considerado
moderno e por maior que seja sua convicção pessoal como julgador sobre o tema, sob
pena de permitir ao Judiciário fazer as vezes do legislador, o STF incorreu em risco de
modificar a legislação sem o devido processo legislativo ou controle de
constitucionalidade adequado.
Referências:
Habeas Corpus 124.306/RJ – STF. Publicado em DJ Nr. 52 do dia 17/03/2017. Min Rel.
Roberto Barroso. Disponível em:
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4637878>
Acesso em dez 2017.