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Liberalismo teológico e

fundamentalismo cristão
27 de dezembro de 2017 Jean Seifert apologética, apostasia, heresia
interna, liberalismo, teologia liberal
Por Jean Seifert
INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem como objetivo a apresentar de forma panorâmica o pensamento e
posicionamento teológico da cosmovisão liberal, mostrando seus principais preceitos e
primórdios fundamentais, como e porque surgiram o fundamentalismo cristão e o que ele
responde, mostrando também seus principais teólogos desde início desse movimento
conhecido como pensamento teológico liberal, incluindo suas principais ideias sobre o
assunto.
LIBERALISMO TEOLÓGICO (INÍCIO)
Pressupõem que o liberalismo teológico teve início no racionalismo a meados do século 18
que foi muito bem desenvolvido até a década de 1920. O liberalismo tem fortes raízes no
iluminismo, ou seja, uma grande influência do movimento filosófico.

Eram contra o poder da religião institucionalizada e com suas bases fortes no Racionalismo
de Descartes, Spinoza e Leibniz e também no Empirismo Berkeley, Hume e Locke que
mesmo tendo grandes discordâncias entres si não deixou de fazer grande abalo na teologia
cristã.

Para a teologia liberal manter Deus de fora do conhecimento humano era simplesmente
normal para sua tese visto que o Racionalismo tinha feito esse buraco na teologia cristã
quando afirma que “ o sobrenatural não invade a história”, ou seja, a história passou a ser
meramente causa e efeito.

Todo o pensamento teológico de que Deus conduz a sua história atuando, intervindo e se
revelando a humanidade foram rapidamente excluídos pelo pensamento teológico liberal
gerando assim abalos dentro da teologia cristã.

TEÓLOGOS LIBERAIS
Friedrich Schleiermacher foi um teólogo, filosofo e pastor alemão filho de um capelão
militar oriundo da tradição reformada que estudou em escolas luteranas. Nasceu na Brelslau
na Prússía sua época foi dominada pelo pensamento moderno conhecido como “Era da
Razão”.

Foi considerado o pai da “teologia moderna” ou liberalismo teológico, seu ensinamento


explicava o relacionamento do homem e o infinito e que esse relacionamento não
necessitava de forma nenhuma dos aspectos fé e milagres e até mesmo a própria existência
de Deus.

Diante disso, ou seja, da ênfase na subjetividade, Schleiermacher pode


ser considerado o primeiro grande teólogo da modernidade. Algumas
pontuações sobre a teologia de Schleiermacher são a seguir colocadas.
O milagre não é mais que o nome religioso para designar um
acontecimento; todo acontecimento, até o mais natural, tão logo se
mostra apropriado para que a consideração religiosa do mesmo possa
ser dominante, é um milagre”. (SCHLEIRMACHER 2000, p. 41).
Exemplo disso é sua descrença na bíblia dizendo que o antigo testamento seria importante
apenas para apontar o relacionamento histórico do cristianismo e que o Jesus dos
evangelhos é meramente produzindo pela imaginação dos autores da época.

Sendo assim a Bíblia não é nunca foi inspirada por Deus são relatos imaginários de seus
autores e o Jesus dos evangelhos nunca foi Deus isso foi uma má interpretação, mas foi um
homem que alcançou a plena e pura consciência de Deus. Para ele o que realmente interessa
para a religião são os sentimentos.

A religião não pode ser estudada pelos dogmas da igreja muito menos pelo racionalismo
nem pela filosofia que o mais importante era o puro sentimento para assim geral um
genuíno relacionamento com Deus e de deus com o homem.

Schleiermacher questionava todos os autores dos evangelhos e questionava também a


interpretação tradicional da igreja sobre os evangelhos não desacreditava da igreja pois
acreditava que a igreja era sim uma grande comunidade humana na busca da plena e
genuína dependência de Deus.

DOUTRINAS LIBERAIS
Definitivamente a Bíblia não é a Palavra de Deus muito menos inspirada por ele, ela contém
vários erros por ser ela escrita por homens e o ser humano é falho gerando uma interrogação
na teologia cristã.

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é
verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em
nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que
é certo. Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda a boa
obra.2 Timóteo 3:16-17 (BÍBLIA NVT).
Jesus não nasceu de uma virgem isso são afirmações mitológicas tais como a própria
ressurreição de Cristo em forma corpórea na verdade Jesus era sim um bom professor de
moral, mas seus milagres não foram reais nem sobrenaturais.

O homem pode-se ajudar e não precisa de nenhum sacrifício de Jesus, sendo assim o
inferno não é real e nem a humanidade está perdida a caminho do inferno e não existe um
julgamento final pois o próprio céu é uma grande utopia do cristianismo isso nega a morte
expiatória de Cristo.

O que torna importantíssimo a teologia liberal é o amor ao próximo são as atitudes de amor
para com o próximo o que os teólogos liberais decidem que é bom então é bom negando
doutrinas essências da Escritura, logo distorcendo a vida cristã e seus preceitos e
ensinamentos vitais.

FUNDAMENTALISMO CRISTÃO
O fundamentalismo cristão nasce na tentativa de resposta ao liberalismo teológico, ou seja,
às doutrinas básicas, essências e vitais do cristianismo foi sim interpretada de forma
totalmente errada pela teologia liberal.

Os fundamentalistas ou conservadores tradicionais, tem em sua maioria uma interpretação


literal das Sagradas Escritura eles tem a Bíblia com única autoridade para base de seus
ensinos e práticas e que nela não a erro nenhum.
Sendo assim a interpretação dos fundamentalistas passa a ser a única interpretação bíblica
correta todas a outras interpretações estão erradas, ou seja, a sua interpretação é a única
valida e legitima.

Não é uma doutrina. Mas uma forma de interpretar e viver a doutrina.


É assumir a letra das doutrinas e normas sem cuidar de seu espírito e
de sua inserção no processo sempre cambiante da história, que obriga
a contínuas interpretações e atualizações, exatamente para manter sua
verdade essencial. Fundamentalismo representa a atitude daquele que
confere caráter absoluto ao seu ponto de vista. (BOFF 2002, p. 25).
DISPENSACIONALISMO
Dispensacionalismo tem em seu cerne duas distinções básicas, uma sendo a interpretação
literal da Bíblia em particular os livros proféticos e a outra seria a distinção Israel e a igreja
no plano divino de Deus.

O dispensacionalista afirma que sua hermenêutica é a interpretação literal até mesmo os


símbolos e as figuras de linguagem são interpretados de forma óbvia e simples tudo isso é
colocado de forma imperativa literal.

Mesmo quando a símbolos e figura de linguagem ela foi dada por Deus para a capacitação
do homem em comunicação e interpretação e olhando para o antigo testamento todas a
profecias a respeito de Jesus foram literalmente cumpridas, ou seja, todos os atos bíblicos
tais como nascimento, ministério, morte e ressurreição de Jesus ocorreram todos em
exatidão e literalidade como prescritos no antigo testamento, demonstrando não ter
nenhuma profecia não literal no novo testamento.

Essa é sua forte base hermenêutica de interpretação justamente para não dar margem a toda
e qualquer interpretação humana pois se assim fosse tiraria toda a inefabilidade da bíblia
gerando uma possível falha na interpretação bíblica.

Essa teologia acredita ter dois povos diferente de um único Deus sendo eles os Israel e a
igreja, a salvação não veio por outro meio se não a fé em Deus no velho testamento e
também em Cristo o filho de Deus no novo testamento.

Então a igreja não veio para substituir a Israel na condução da história divina e muito menos
que as promessas do antigo testamento foram transferidas para a igreja e que todas essas
promessas Deus a Israel no velho testamento vão sim se cumprir em um grande período de
mil anos que é citado em Apocalipse 20.

Essa base teológica de dispensacionalismo gera uma organização bíblica dividida em sete
dispensações sendo elas, inocência (Gênesis 1:1-3-7), consciência (Gênesis 3:8-8-22),
governo humano (Gênesis 9:1-11-32), promessa (Gênesis 12:1 – Êxodo 19:25), lei (Êxodo
20:1 – Atos 2:4), graça (Atos 2:4 – Apocalipse 20:3), e o reinado milenar (Apocalipse 20:4
– 20:6).

Esses atos de dispensacionalismo são atos onde Deus separou para um relacionamento com
a humanidade são caminhos que Deus usou para interagir com o homem e não se trata de
uma questão soterológica, mas de comunicação e relacionamento do divino com sua
criação.

POSICIONAMENTO
Sendo o liberalismo teológico fruto do iluminismo ele chega com a seguinte colocação eu
só posso aceitar como verdade o que minha mente vai entender, mesmo a nossa fé cristã
sendo racional alias ela é suprarracional o exemplo disso é que não podemos entender a
doutrina da trindade mesmo sabendo que não somos politeístas.

Não podemos entender como um Deus só subsiste em três pessoas distintas, não podemos
entender com nossa razão um Deus que transcende e é maior do que tudo que ele criou pode
se fazer carne, homem e habitar em nosso meio.

Não podemos explicar racionalmente os milagres, mas quando nossa mente não pode ir
além aí nós cremos e o liberalismo teológico diz que isso nós não podemos aceitar e isso
afetou e matou várias igrejas onde o liberalismo se instalou.

Se olharmos para a Europa hoje que é conhecida como o berço do protestantismo onde
temos grandes movimento e grandes igrejas históricas onde grandes homens de Deus se
empenharam na divulgação de um evangelho genuíno muitos perderam suas vidas ao
defender isso.

Hoje muitos dessas igrejas históricas estão em decadência por causa do liberalismo
teológico que inundou muitas dessas igrejas e adentrou fortemente em suas universidades
tendo como base em sua grade curricular até os dias de hoje, fazendo enfraquecer a fé
cristã.

A Bíblia exalta a “terrível transcendência de Deus”; o liberalismo


aplica o nome de Deus ao “processo do mundo”. A Bíblia ensina que
“o homem é um pecador sob a justa condenação de Deus”; o
liberalismo acredita que “sob as grosseiras feições exteriores do
homem […] é possível descobrir abnegação suficiente para servir de
fundamento à esperança da sociedade”. A Bíblia proclama Jesus Cristo
como objeto divino e humano da fé; o liberalismo vê nele um exemplo
humano de fé. A mensagem central da Bíblia é a salvação da culpa do
pecado pelo sacrifício expiatório de Cristo, o Filho de Deus; o
liberalismo ensina que a salvação vem pelos próprios seres humanos,
vencendo sua preguiça para fazer o bem. O “missionário cristão”
prega a salvação das almas humanas pela obra redentora de Cristo; o
missionário do liberalismo procura expandir os benefícios da
civilização cristã. (MACHEN 2016, p.129).
O liberalismo teológico está impregnado em várias universidades e seminários e de lá desse
para os púlpitos das igrejas dissolvendo todo nosso discernimento teológico histórico e
bíblico e a única forma de combatê-lo é pregando a Palavra de Deus pura e verdadeira.

E o que muitos fazem hoje é tentar conjugar cristianismo com darwinismo e isso não tem
como interagir, se tivermos que negar alguns livros da bíblia talvez teríamos que negar ela
por inteiro e isso é impossível o exemplo disso é que a criação não está só descrita em
Gênesis 1 e 2, mas também na lei, nos livros poéticos, nos livros proféticos, nos salmos nos
evangelhos em atos ou seja, em toda a Escritura e isso é impossível de ser negado.

CONCLUSÃO
O liberalismo teológico se tornou um câncer para a teologia cristã, e nós ainda temos um
pequeno flerte pelo liberalismo nos encantamos com esse veneno teológico. Nós não vemos
pastores liberais plantadores de igrejas, promovendo o crescimento da obra de Deus muito
menos experimentando um reavivamento.

REFERÊNCIAS
SCHLEIERMACHER, Friedrich D. F. Sobre a religião – Discursos a seus
menosprezadores eruditos. São Paulo, Novo Século, 2000.
BOFF, L. Fundamentalismo: a globalização e o futuro da
humanidade. Rio de Janeiro: Sextante, 2002.
MACHEN, J. Gresham. Christianity and liberalism. O desafio do
fundamentalismo protestante. Concilium, Petrópolis, 1992, p.129.
BIBLIA SAGRADA, NVT, editora Mundo Cristão, 2016, SP.

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