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Korach pensou: "Meu destino indica que nasci para a grandeza. Por quê razão meu
avô deu o nome de Yitshar - óleo - a meu pai? Meu avô deve ter previsto que
exatamente como o óleo sempre flutua na superfície, assim meu pai produz filhos
superiores, merecedores de serem untados com o sagrado óleo da unção para as
posições de kehuná (sacerdócio) ou realeza.
"Agora, quem é mais predestinado que eu, o filho mais velho de Yitshar, e o mais
qualificado para altos cargos?"
• Primeiro, seus ancestrais eram ilustres. Seu antepassado era Kehat, e sua
família, os filhos de Kehat, era a mais importante família dos levitas. Korach era
primo em primeiro grau de Moshê e Aharon.
Korach disse: "Estou destinado a ser a fonte de todas essas grandezas. Como pode
ser que eu mesmo não atinja um posto de destacada importância?"
Saber de antemão acerca da grandeza de sua prole fortaleceu sua crença no
sucesso de uma revolta contra Moshê. (Não percebia que seria destruído, e que
seus filhos sobreviventes gerariam esses grandes descendentes.)
• Acima de tudo, Korach estava muito seguro de si e presunçoso por causa de sua
fabulosa fortuna. Pensava que era favorecido por Elohim, e que por isso tinha o
direito de travar contenda contra Moshê, pois, "Um homem rico fala com
imprudência." (Mishlê 18:23)
Os outros membros da tribo de Levi viviam na pobreza. Não levaram ouro nem
prata do Egito consigo. Moshê ordenou que todo israelita pegasse dinheiro e
objetos preciosos dos egípcios, referindo-se apenas às tribos que executaram
trabalho escravo. Uma vez que os leviyim não trabalharam para os egípcios (mas
eram livres e estudavam Torá), não receberam dinheiro como recompensa, no
Êxodo. No Mar Vermelho, os leviyim recusaram-se a pegar o espólio dos egípcios,
pois não atribuíam valor algum às posses terrenas. Estavam completamente
imersos no estudo da Torá. Através dos anos no deserto, os leviyim viviam sem
meios de sustento, dedicando-se puramente às preocupações espirituais.
Apenas Korach era ávido por dinheiro. No Egito, fora tesoureiro do Faraó.
Esperava que os israelitas permanecessem no Egito após a Redenção, e ele tornar-
se-ia, então, o proprietário do tesouro real. Elohim, Que dirige a vida da pessoa na
senda que essa quer trilhar, satisfez o desejo de Korach por dinheiro, deixando-o
descobrir uma parte do tesouro que Yossef ocultara nos cofres reais. Esta
descoberta transformou Korach numa das pessoas mais ricas que já viveram.
Quando os israelitas saíram do Egito, Korach guardou todo o seu ouro e prata em
incontáveis cofres, e trancou-os. Possuía tantas chaves que necessitava de
trezentas mulas para carregá-las. Estas chaves eram de couro; se fossem de
metal, nem trezentas mulas poderiam carregar tal peso.
Contudo, uma vez que ele malversou sua fortuna para rebelar-se contra a Torá, foi
punido na mesma moeda. Não restou traço de sua fortuna. Essa desapareceu na
terra, juntamente com ele.
Apesar de suas diversas distinções, Korach não ousaria rebelar-se contra Moshê,
se não fosse por sua esposa. A esposa de Korach inflara o ego de seu marido, e
garantiu-lhe repetidamente que estava no mesmo nível de Moshê e Aharon. Para
seu infortúnio, Korach ouviu sua esposa.
Haviam duas pessoas extremamente ricas, uma judia e outra gentia, que deram
ouvidos às respectivas esposas, foram destruídos e perderam suas fortunas. O
israelita foi Korach, cuja esposa inspirou-o a rebelar-se contra Moshê. O não
israelita foi Haman, que deu ouvidos à sua esposa, erguendo um patíbulo (de cerca
de vinte e cinco metros) para Mordechai. Não percebeu que preparara seu próprio
cadafalso.
"É absolutamente injusto," pensou o mortificado Korach, "que Moshê não tenha me
escolhido como líder da família de Kehat. É claramente meu direito ter sido
escolhido. Sou o primogênito do segundo filho de Kehat, Yitshar. Mas não! Ele
incumbiu esta função a meu primo mais novo, Elitsafan filho de Uziel.
"Meu avô Kehat tinha quatro filhos, Amram, Yitshar, Chevron e Uziel. Os dois
filhos de Amram, Moshê e Aharon, tornaram-se, respectivamente, rei e Sumo-
sacerdote. O neto de Amram, Elazar, virou cohen, enquanto eu não; apesar de eu
ser pelo menos igual a ele. (Korach calculara que até mesmo o valor numérico de
seu nome, Korach, tinha o mesmo valor de Elazar, 308). Por que Elazar foi feito
cohen, e eu não?
"Não acredito que Elohim ordenou a Moshê que distribua os cargos de maneira tão
injusta. Nada disso! Moshê deve ter feito isso por sua própria vontade. Quem
disse que cada um de seus atos é ditado por Elohim, como ele nos assevera?"
Korach, um homem sábio, perdeu sua sabedoria e razão porque foi consumido pelo
desejo pela linda presença e pela inveja dos que, a seu ver, eram seus iguais e
atingiram posições mais altas que ele. Sua declaração de que Moshê distribuíra os
cargos sem ordem Divina era apostasia. Korach assim fez com que fosse
classificado como um dos que "desdenhou a palavra de Elohim." Eventualmente,
Korach foi tão longe que asseverou que Moshê inventara todas as mitsvot.
A inveja ardera no coração de Korach por longo tempo. A inveja era objeto de
muitas conversas entre ele e sua esposa. Uma dessas teve lugar quando retornava
da cerimônia de purificação dos leviyim (Bamidbar 8:5 -14), tendo os cabelos
raspados a ponto de ficar irreconhecível.
"Foi obra de Moshê," replicou Korach. "Mais que isso! Primeiro, Moshê e Aharon me
levantaram e balançaram-me para cima e para baixo! Que desgraça! A seguir,
Moshê me disse que agora estou puro, porque passei pelo processo de purificação
dos leviyim."
Korach zombou da cerimônia de purificação, uma vez que sabia que não se tornaria
"mais puro", porém, pelo contrário, sentiu um desejo não satisfeito de rebelar-se e
blasfemar contra as mitsvot. (Na verdade, a Torá e as mitsvot são um elixir para
os que desejam se purificar, todavia, é veneno para os que procuram rebaixar-se.)
A reação da esposa de Korach: "Ridículo! Você está vendo como Moshê te odeia.
Ele concebeu a idéia de raspar teus cabelos a fim de te ridicularizar."
E Korach: "Não pode dizer tal coisa; afinal, fez o mesmo com seus próprios filhos."
Agora, no segundo ano no deserto, após o incidente com os espiões, Korach sentia
que a hora da rebelião chegara. Aconteceram muitas mortes. Israelitas morreram
após terem recebido dos céus a carne exigida na forma de aves (slav). Sobretudo,
as pessoas estavam deprimidas porque todos os homens que saíram do Egito viriam
a perecer no deserto. Moshê não fora capaz de impedir esse decreto através de
sua oração, e sua popularidade anterior se esvanecera. Muitos israelitas pensaram,
em seu íntimo, que sob a liderança de Moshê sofreram muitos infortúnios. Korach
acreditava que agora poderia aliciar seguidores.
Certo dia, ao voltar da Casa de Estudos, sua esposa inspirou-o com uma idéia para
iniciar uma contenda com Moshê.
Korach: "Ele nos ensinou as leis de tsitsit, franjas, das quais uma tem de ser da
cor turquesa."
Korach: "Moshê disse: 'Atem fios às suas roupas de quatro cantos. Um desses
deve ser de lã azul, tingido com o sangue de uma criatura chamada chilazon.'"
A esposa: "Está vendo! Que leis tolas ele ensina! Por que você só pode ter um fio
turquesa atado à sua roupa? Posso lhe fazer uma roupa completamente turquesa!"
Korach sabia que não teria esperança de obter êxito se soubessem que seu
objetivo era obter uma posição para si. Assim sendo, decidiu formar um partido
contra Moshê, com intenções altruísticas. Proclamou que cada israelita deveria ter
igual oportunidade de servir no Mishkan/Santuario.
Korach começou a agitar o povo, chamando sua atenção ao fato de que a maioria
dos cargos no Mishkan/Santuario eram ocupados pela própria família de Moshê,
bem como outras posições na comunidade.
Korach disse a seus próprios parentes: "Por que Moshê tornou-os apenas leviyim, e
não cohanim? Ele os indicou meramente como assistentes de seu irmão Aharon e
seus filhos!"
Aos primogênitos de cada tribo disse: "Com que direito Moshê declarou-os inaptos
para o serviço Elohimico, e substituiu-os pelos leviyim?"
"Os filhos de Reuven, por que toleram que Moshê dê a kehuná para Aharon? Até
agora, os primogênitos costumavam oferecer os sacrifícios."
"Certa vez havia uma pobre viúva que tinha duas filhas, que possuíam um único
campo. Quando queria ará-lo, Moshê advertiu-a: 'Não are com um boi e um burro
juntos.' Quando ela estava prestes a semear, Moshê disse-lhe: 'Não plante duas
espécies em seu campo!' Ao chegar a época da colheita em que ela colheria os
grãos, Moshê ordenou: 'Deixe o lêket, a peá e a shichechá no campo (os presentes
deixados para os pobres, frutos da colheita.)' Depois que ela colheu o trigo, ele
avisou-a: 'Separe as dívidas de terumá, maasser rishon e maasser sheni (porções
destinadas aos cohanim, leviyim, etc.).'
"A pobre viúva decidiu que não vale a pena manter seu campo. Vendeu-o e comprou
dois carneiros. Planejava utilizar a lã para confeccionar roupas quentes e abater os
filhotes para consumo da carne. Quando a ovelha pariu, Aharon apareceu e
ordenou-lhe: 'Dê-me o primogênito; Elohim disse que me pertence.' Ao tosquiar as
reses, Aharon veio novamente, dizendo-lhe: 'A primícia da tosquia me pertence.'
"'Quanto mais este homem irá exigir?' - pensou a viúva. 'Deixe-me abater minhas
ovelhas e comê-las.'
"Assim que as ovelhas foram abatidas, lá estava Aharon novamente, reivindicando
seu direito ao ombro, mandíbulas e estômago.
"'Perfeito,' gritou Aharon em júbilo, 'agora são todos meus, pois Elohim ordenou:
'Todo cherem pertence aos cohanim.'
"Aharon levou tudo, deixando a pobre viúva e suas duas filhas soluçando.
"Vocês vêem, " concluiu Korach, "o que quer que Moshê e Aharon preguem é em seu
próprio benefício. Eles os roubam, e asseveram que Elohim ordenou-os a fazê-lo!"
Logo que Korach começou a falar contra Moshê, dois agitadores uniram-se a ele.
Datan e Aviram esperavam esta oportunidade, pois odiavam Moshê, e discutiam
com ele sempre que houvesse uma ocasião.
Korach, com sua língua ferina, persuadiu-os que era injusto que apenas uma tribo
realizasse o serviço Elohimico, enquanto outras eram excluídas deste privilégio. Em
comparação a Korach, que procurou a discórdia por motivos puramente egoístas,
esses duzentos e cinqüenta homens acreditavam sinceramente que o povo israelita,
como um todo, se beneficiaria se todas as tribos pudessem atingir a grandeza
derivada da realização do serviço Elohimico.
Vestidos em trajes azuis, Korach, Datan, Aviram e os duzentos e cinqüenta homens
apresentaram-se descaradamente perante Moshê e Aharon. Korach, o porta-voz,
dirigiu-se a Moshê como se segue: "Você nos ordenou a atar um fio da cor turquesa
às nossas roupas. Fizemos melhor; confeccionamos uma roupa inteiramente
turquesa. Diga-nos, tais trajes ainda requerem um fio da cor turquesa ou não?"
Moshê replicou à questão de Korach: "Ouvi de Elohim que mesmo se um traje for
feito inteiramente da cor turquesa, não obstante ainda requer um fio da cor
turquesa."
Neste ponto, Korach atacou a mitsvá de tsitsit, "decidindo" que roupas turquesas
não necessitam de fios extras da cor turquesa. Então, começou a denegrir todas
as mitsvot.
"Permita-me formular outra pergunta" - continuou Korach. "Se numa casa há rolos
da Torá, é necessário afixar uma mezuzá na porta?" "Sim, é necessário" -
respondeu Moshê.
"Mas os Rolos de Torá são melhores que uma mezuzá!" - replicou Korach. "Eles não
apenas contêm o Shemá, mas também toda a Torá. Então por que é necessário
afixar uma mezuzá na porta?"
Por fim, Korach afirmou: "Não creio que Elohim tenha te dado todas as mitsvot.
Você as inventou. Ouvimos apenas os Dez Mandamentos no Monte Sinai. Nunca
ouvimos de Elohim todas essas leis sobre terumá, maasser (dízimo), chalá ou
tsitsit. Você, Moshê, as inventou a fim de governar-nos e trazer honra a seu irmão
Aharon!
"O que o povo israelita ganhou sob sua liderança, Moshê e Aharon? Vocês tornaram
a vida mais difícil do que era no Egito. Pagamos terumá aos cohanim, maasser aos
leviyim, e damos vinte e quatro presentes diferentes aos cohanim. Além disso, a
cada ano quinze mil de nós perecerão no deserto. Vocês abocanharam altas
posições demais. Você, Moshê, usurpou a realeza. Por que também indicou seu
irmão como Sumo-sacerdote? Não têm o direito de proclamarem-se cabeças de
toda esta comunidade, cujos membros são todos santos, e em cujas mentes reside
a Shechiná (Presença Divina)."
Moshê prostrou-se sobre sua face. Significava que diminuiu-se, sentindo-se mais
humilde de todos, e não afirmava autoridade sobre outros, como reivindicava
Korach. Respondeu dócil e humildemente a Korach: "Não persigo o poder, tampouco
meu irmão Aharon procura ser o Sumo-sacerdote."
Aharon, que estava ao lado, não refutou os vis argumentos de Korach com uma
palavra sequer. Permaneceu em silêncio durante a disputa inteira, como se
reconhecesse humildemente que Korach era realmente mais merecedor a ser o
Sumo-sacerdote que ele próprio (e ele apenas ficava no cargo, pois obedecia a
Elohim).
"Sou solidário ao seu desejo de que muitas pessoas de todas as tribos realizassem
o Serviço. As nações do mundo, de fato, têm muitos sacerdotes pois idolatram
muitas divindades, e cada divindade tem seu próprio templo e sacerdote. Nós,
israelitas, contudo, somos diferentes. Reconhecemos Um Único Elohim, e todos
acreditamos em Uma só Torá. Elohim ordenou que haja apenas um único Sumo-
sacerdote: aquele que Ele escolheu para realizar o Serviço. Ele indicou uma única
tribo, a tribo de Levi, para a kehuná e a leviyá. Por conseguinte, é impossível para
todos vocês, que estão aqui reunidos, tomarem parte no Serviço do
Mishkan/Santuario."
Moshê pensou que se adiasse até a manhã seguinte, o efeito da refeição e do vinho
de Korach já teriam se esvanecido, e seus seguidores perceberiam sua tolice, e
fariam teshuvá. O teste, então, seria desnecessário. Moshê, contudo, não revelou a
verdadeira razão para adiar o teste, por temer provocar uma contra-rebelião.
"Qualquer um que reivindique ter sido escolhido para o Serviço poderá vir aqui
amanhã de manhã, com um recipiente cheio de incenso, e oferecê-lo sobre o altar.
Vocês sabem que um não cohen que oferece incenso é passível de morte pelo Céu.
Assim, se forem poupados da morte, sua reivindicação de que todos vocês são
merecedores de ocuparem posições no Mishkan/Santuario provará estar certa.
Contudo, devo adverti-los de que este é um teste suicida. Apenas a pessoa mais
santa sobreviverá, e todo o resto perecerá."
Ao ouvir estas palavras, Korach presumiu que certamente sobreviveria, uma vez
que estava destinado a tornar-se progenitor de grandes descendentes.
Temendo que toda a tribo de Levi fosse levada a seguir Korach, Moshê apelou a
seus membros: "Por favor, ouçam-me, filhos de Levi! Satisfaçam-se com a honra de
cantar e realizar outras tarefas no Mishkan/Santuario. Por que desejam
tornarem-se cohanim? Você, Korach, e seus seguidores, não clame contra Aharon,
pois o Todo Poderoso concedeu-lhe a kehuná. Na realidade, você está se opondo a
Elohim. Se Aharon aspirasse à kehuná você teria motivo para reivindicar. Contudo,
ele não desejou seu ofício. O que ganhou com isso? Enterrou seus dois filhos,
Nadav e Avihu."
Moshê viu que Korach não podia ser controlado. Por isso, tentou reconciliar-se com
Datan e Aviram, enviando-lhes mensageiros convocando-os ao Mishkan/Santuario.
Contudo, Datan e Aviram receberam os mensageiros zombando deles livremente.
"Não acatamos ordens do filho de Amram," anunciaram. "Não nos apresentaremos!
Já é suficiente que você nos tirou do Egito, uma terra onde fluía o leite e o mel,
verdadeiramente um segundo paraíso, e nos trouxe ao deserto, onde decretou
nossa morte? Será que você e seu irmão também se proclamarão nossos
governantes?"
Voltando-se a Elohim, Orou: "Elohim, eu Lhe imploro, não lide com eles de acordo
com Sua qualidade de Misericórdia, porém com Severidade. (A não ser que os puna
imediatamente, sua influência perniciosa é uma ameaça ao povo inteiro.)
Você sabe a verdade, Elohim, que eu nunca me impus como rei sobre eles, como
dizem.
"Um rei cobra impostos de seus súditos, enquanto eu nem aceitei remuneração pelo
meu trabalho no Mishkan/Santuario, ou em prol da comunidade. Tampouco pedi ao
povo que reembolsasse qualquer de minhas despesas, nas quais incorri por eles.
Quando aluguei um burro para viajar de Midyan para o Egito a fim de redimir o
povo, tinha o direito de pedir-lhes reembolso, porém paguei com meu próprio
dinheiro.
"Jamais enganei alguém dando veredicto de julgamento injusto. Não puni Datan e
Aviram, apesar de terem delatado ao Faraó que matei um egípcio.
"Você sabe que sempre que lido com a comunidade, ajo apenas em Sua honra."
Naquela noite, Korach foi de tribo em tribo pregando contra Moshê, a fim de
obter mais simpatizantes.
Declarou: "Você acha que fundei este partido em meu benefício? Certamente que
não! Meu objetivo é restaurar as posições de direito a todos os israelitas. Por que
ficam em silêncio enquanto Moshê se faz de rei e concede a permissão como uma
lei eterna a seu irmão? Cada israelita merece tornar-se um Sumo-sacerdote, pois
ouviu no Monte Sinai: 'E serão para Mim um reino de sacerdotes e uma nação
kadosh/santa.'"
Moshê e Aharon prostraram-se sobre suas faces e imploraram para que Elohim
poupasse os israelitas. Argumentaram: "Elohim, você conhece a mente de cada
indivíduo. Um rei humano talvez tenha de aniquilar todos os seus súditos, mesmo se
apenas alguns se rebelaram contra ele, pois não pode distinguir o culpado do
inocente. Você, contudo, sabe que os israelitas não se rebelaram contra Você; eles
vieram aqui meramente porque Korach persuadiu-os. Somente Korach rebelou-se
contra Você."
Elohim respondeu: "Sua oração foi aceita. Devo agir com Misericórdia com o povo.
Apenas Korach, Datan, Aviram e suas famílias serão destruídos. Ordene ao povo
que se distanciem das tendas destes homens perversos, e que não toquem em nada
que lhes pertence.
Ouvindo o decreto de Elohim, Moshê tentou falar com Datan e Aviram a fim de
poupá-los da destruição.
Elohim aceita o pedido de Moshê e Korach com seus seguidores são castigados de
maneira sobrenatural
Moshê então dirigiu-se ao povo israelita: "Agora terão a prova de que agi por
comando Elohimico ao indicar Aharon para Sumo-sacerdote, e Elitsafan líder de
Kehat; e que todas as minhas palavras e ações são ditadas pelo Todo Poderoso.
"Se Datan, Aviram e Korach falecerem como ocorre geralmente com as pessoas, de
doença ou idade avançada em suas camas, e seus corpos forem trazidos para
serem enterrados, a alegação de Korach seria verdade. Eu estaria admitindo e
professando que Elohim não me enviara e que preenchi os altos cargos por minha
própria escolha."
Moshê voltou-se a Elohim e rezou: "Peço de Você, Elohim, que puna esses
perversos com uma morte única na história."
Por que Moshê rezou para que Korach, Datan e Aviram fossem exterminados por
uma morte não natural? Por quê Moshê não pediu que Elohim salvasse suas vidas,
como fazia sempre com os israelitas que pecavam? Por que Moshê, que geralmente
anseia por misericórdia para os pecadores, neste caso implorou ativamente ao
Todo Poderoso que puna Korach e seus seguidores com morte imediata e
diferente?
Após examinar o paciente, o médico disse: "A radiografia mostra que o estado de
sua perna é muito grave. Se nada for feito, a doença se espalhará por todo o
corpo. Por isso, a perna tem de ser amputada. É trágico, mas a operação salvará
sua vida."
Korach alegou que algumas das proclamações de Moshê não eram de origem Divina,
porém palavras dele própria. Se esses difamadores ficassem impunes mesmo que
por pouco tempo, sua apostasia teria se espalhado pelo resto do povo e os
israelitas seriam influenciados por eles. Assim como o doente da parábola salvou-
se porque teve a perna amputada, os israelitas foram salvos da destruição por
causa da punição do grupo de Korach.
Enquanto Moshê rezava para Elohim, o sol e a lua ameaçaram: "Se Você não
responder a prece de Moshê, não iluminaremos mais o mundo. Fomos criados para
iluminar, e assim os israelitas poderem cumprir a Torá. Korach e seus seguidores
atacaram a Torá, colocando a existência do mundo em perigo."
Elohim fez o milagre que Moshê pediu. Na verdade, isto não foi um milagre novo.
Durante os seis dias da Criação Elohim já havia preparado a abertura da terra, que
tragaria Korach e seus seguidores.
No mesmo instante em que Moshê terminou a sua oração Elohim realizou seu
pedido. Realizou um milagre espetacular, que claramente expôs Korach e sua súcia
como mentirosos.
Tudo o que possuíam foi magneticamente tragado pelo abismo; mesmo se as roupas
de alguém estivessem sendo lavadas ou tivesse emprestado algum pequeno artigo a
outro israelita, como uma agulha, foi sugado pelo abismo e desapareceu. Mesmo se
os nomes de Korach, Datan ou Aviram estivessem inscritos em algum documento, a
escrita desaparecia milagrosamente.
A fortuna de Korach, que possibilitou-lhe criar uma revolta contra Moshê, ficou
perdida para sempre. (Ele nem ao menos mereceu que outros israelitas realizassem
boas ações com ela.)
Rabá bar Chana contou: "Certa vez, enquanto estava viajando, encontrei-me com
um árabe (Eliyahu o profeta, disfarçado de árabe) que me perguntou: 'Devo te
mostrar o local onde Korach e seus seguidores foram engolidos pela terra?'
O fator decisivo foi que sua punição constituiu uma santificação pública do Nome
de Elohim. Fortaleceu a fé dos israelitas na Torá e na veracidade da missão de
Moshê.
Contudo Korach, ele mesmo, recebeu castigo em dobro. Primeiro, sua alma foi
consumida por um fogo do Céu, então seu corpo rolou em direção ao desfiladeiro na
terra sob sua tenda.
Quando a terra se abriu, os israelitas foram tomados de pânico, com medo de que
também fossem engolidos. Mesmo depois que a rachadura foi selada, as pessoas
continuaram apavoradas, fugindo em todas as direções, pois ouviram os pecadores
gritarem das profundezas da terra: "Socorro! Moshê nosso mestre, salve-nos!"
• Os filhos de Korach
Quando Korach foi tragado pelo abismo, seus três filhos, Assir, Elcana e Aviassaf
também rolaram para baixo. Contudo, não foram arrastados às profundezas do
Inferno, mas milagrosamente foram descansar sobre elevadas plataformas que o
Todo Poderoso ergueu para eles, desta forma, permaneceram vivos. Os filhos de
Korach estavam entre os leviyim que, mais tarde, cantaram no Mishkan/Templo.
Moshê foi visitar Korach em sua tenda, enquanto a família estava sentada à mesa,
pensaram: "Se nos levantarmos para Moshê, ofenderemos nosso pai. Por outro
lado, se ficarmos sentados, transgrediremos a mitsvá de levantar-se perante um
Sábio. Não devemos violar o mandamento da Torá, mesmo se nosso pai ficar
enraivecido." Por isso, levantaram-se em honra a Moshê.
Pessoas que os viram costumavam dizer: "São 'espinhos', exatamente como seu
pai."
Na hora da destruição, todavia, Elohim protegeu as rosas de serem queimadas
junto com os espinhos.
No capítulo 49, eles apelam a toda a humanidade que aprenda a lição moral do
destino de seu pai:
"Os que se fiam em suas forças e de suas riquezas imensas se vangloriam, nem
mesmo a seus irmãos podem eles redimir, nem a Elohim oferecer resgate por sua
morte. Não inveje nem tema ao homem que enriquece e alcança linda presenças
pois, ao morrer, nem sua linda presença nem nada mais levará consigo. O homem
que se engrandece e não tem entendimento para seguir as sendas traçadas por
Elohim, parecem-se com os animais que perecem e não deixam sequer lembrança."
• On
Outro seguidor de Korach, On, também escapou da morte. Era membro da tribo de
Reuven, vizinho da família de Korach, e, como tal, participou da rebelião. Ao voltar
para casa da primeira reunião, contou à esposa que estava tomando parte numa
rebelião. Ela argumentou: "O que você ganha com isso? Sua posição será a mesma,
quer Aharon quer Korach seja o Sumo-sacerdote." Reconheceu a lógica de suas
palavras, mas explicou que já não podia mais desligar-se do partido de Korach, uma
vez que jurara oferecer incenso na manhã seguinte.
Pelo resto de sua vida, On não parou de lamentar-se e fazer teshuvá por uma vez
ter ficado ao lado de Korach. Seu nome indica isso:
"Mas a mulher perversa o demole com suas próprias mãos." Refere-se à esposa de
Korach, que arruinou seu marido e todo o seu lar.
Os recipientes nos quais Korach e seus 250 seguidores ofereceram incenso não
podiam mais ser utilizados para propósitos profanos, pois foram consagrados ao
serviço Elohimico.
Moshê e Aharon prostraram-se para implorar a Elohim para que não punisse o povo.
Contudo, palavras de oração não emanavam de seus lábios. O Todo Poderoso, Que
concede ao homem o poder da fala, impediu-os de interceder em favor dos
pecadores.
Aharon obedeceu, pensando: "Estou pronto a sacrificar minha vida pelo povo."
Moshê, o profeta fiel de Elohim, estava imbuído de poderes para tomar medidas
excepcionais de emergência. Ordenou que o incenso fosse oferecido em local e
momentos não usuais.
Como Moshê sabia que o incenso deteria a praga? Aprendeu este segredo quando
ascendeu ao Céu para receber as Tábuas da Lei. Àquela época, os anjos
protestaram para Elohim contra o fato de confiar Sua sagrada Torá às mãos de
seres humanos. Moshê argumentou com eles que Elohim formulara as mitsvot da
Torá precisamente para as pessoas com yêtser hará (má inclinação). Os anjos,
apesar de capazes de estudar segredos da Torá muito além da compreensão
humana, não necessitam das mitsvot para aperfeiçoarem-se.
O incenso também fora escolhido como meio apropriado de deter a praga porque o
povo israelita o detratava. Clamavam: "O incenso age como veneno. Matou Nadav e
Avihu, e agora destruiu duzentos e cinqüenta homens."
Depois que a terra engoliu Korach, Datan e Aviram, ficou claro, sem qualquer
sombra de dúvida que Moshê era o líder Divinamente escolhido.
Não obstante, algumas pessoas continuaram insistindo que Moshê não deveria ter
desqualificado os primogênitos da realização do serviço Elohimico, designando os
leviyim em seu lugar. Desejavam que todas as tribos participassem do Serviço
através de seus primogênitos. Por isso Elohim realizou um milagre que demonstrou
claramente Sua escolha da tribo de Levi, colocando, desta forma, um fim a essas
reivindicações. O milagre também reafirmou a escolha Divina de Aharon como
Sumo-sacerdote.
Elohim ordenou a Moshê: "Pegue doze varas. Escreva em cada uma o nome do líder
de cada tribo. Na vara de Levi escreva o nome de Aharon.
Este milagre indicava a presença da Shechiná, que imbui vida até mesmo em
objetos inanimados, e faz com que esses brotem.
"É sua tarefa impedir a entrada de qualquer pessoa não autorizada a qualquer área
do Mishkan/Santuario que lhe seja proibida." Advertiu Elohim tanto aos cohanim
quanto aos leviyim. "Se falharem, serão punidos."
Elohim, Que guarda o mundo, não necessita de guardas humanos para proteger Seu
palácio. Ele ordenou que uma guarda de honra fosse colocada à sua volta a fim de
incutir sua grandeza nos israelitas. Visitantes aproximam-se de um edifício
guardado com temor, pois é considerado distinto, como o palácio de um rei.
Vinte e quatro guardas eram postados toda noite em diferentes locais ao redor do
Templo Sagrado. Os cohanim montavam guarda em três locais no Pátio, e os leviyim
em vinte e um locais fora deste. Um inspetor fiscalizava a vigilância de todos os
guardas.
Diz o provérbio: "Se minha vaca quebrar a perna, é para meu benefício."
Todo infortúnio tem seu benefício. Aharon beneficiou-se da disputa de Korach,
pois em seguida o Todo Poderoso selou um pacto com Aharon, confirmando que os
cohanim receberão para sempre os vinte e quatro presentes de kehuná.
Certa vez, o imperador deu um estado a seu amigo como um presente casual. Não
assinou escritura alguma, nem endossou com qualquer outra medida legal que
concedera esse estado ao amigo.
Entretanto, logo após, impostores afirmavam que o estado era deles. O imperador
informou então seu amigo: "Agora editarei uma ordem para inscrever o presente
nos registros oficiais, para que ninguém possa negar que você é o verdadeiro
proprietário."
A Torá chama esse pacto de "o Pacto do Sal". Assim como o sal nunca se estraga,
este pacto durará para sempre.
• Quando um israelita traz um sacrifício, deve dar partes desse para os cohanim.
Também recebem uma parte dos sacrifícios oferecidos em nome da comunidade.
• Um israelita que possua campos, vinhedos, olivais ou pomares deve dar uma parte
da produção ao cohen. Esta parte se chama terumá. Nossos sábios fixaram a
terumá em pelo menos 1/60 da produção, podendo ser também 1/50 ou 1/40.
Muitos dos presentes destinados aos cohanim são sagrados. Eles não podem comê-
los estando impuros. Alguns só podem ser comidos no pátio do Templo Sagrado,
outros só na cidade de Jerusalém.
Por que Elohim ordenou aos israelitas que sustentassem os cohanim e leviyim?
Rabi Yoná costumava dar a décima parte de seus proventos a Rabi Acha bar Ula.
Este não era cohen nem levi, contudo era estudante de Torá.
O que é maasser?
Assim como Elohim selou um pacto com os cohanim, Ele assim o fez com os leviyim,
que também receberam um presente dos israelitas.
Esta parashá menciona que cada israelita deve dar o maasser (dízimo) aos leviyim.
Após dar terumá ao cohen, um israelita tem que separar 1/10 de todos os seus
grãos, frutos e vegetais e dá-los ao levi. Este dízimo chama-se maasser.
O levi tem que separar 1/10 do que recebeu e dar ao cohen. A parte que o levi dá
ao cohen chama-se terumat maasser ou maasser min hamaasser (dízimo do dízimo).
Ao dar maasser ao cohen, o levi reconhece que o cohen é mais eminente que ele, e
é levado a lembrar-se de que há Um Acima, Que está acima de ambos.
Deve-se dar lêket, peá e shichechá (ver Parashat Emor 23:22) aos pobres.
Também se deve levar os primeiros trigo e cevada ao Templo Sagrado, como
bicurim (Parashat Emor 23:10).
Precisamos separar:
3. Maasser Sheni: outro dízimo, a ser comido em Jerusalém pelo proprietário das
terras.
Em determinados anos, ao invés de maasser sheni, dá-se o dízimo aos pobres, que
passa a se chamar maasser ani, dízimo dos pobres.
Calculando terumá e maasser
Suponhamos que alguém colheu 100 quilos de uvas. Quanto ele deve separar?
Primeiramente, separa-se a terumá para o cohen. A terumá pode ser 1/40, 1/50 ou
1/60. Supondo que o proprietário queira doar 1/50, que equivalem a 2 quilos.
100kg
- 2 (terumá)
= 98
Restam 98kg. Ele ainda tem que dar 1/10 de maasser ao levi. Um décimo de 98 =
9,8kg.
98kg
- 9,8 (maasser)
= 88,2
Disto, ainda tem que se dar 1/10 como maasser sheni (ou maasser ani).
88,2kg
= 79,38
Após separar a terumá e os maasrot, restam 79,38kg dos 100 kg originais. Será
que ficamos incomodados por havermos dado tantos presentes? Não deveríamos,
pois nossos sábios ensinam que ao dar maasser um israelita enriquece.
Elohim prometeu ao povo israelita: "Se vocês derem maasser como mandei, Eu
enviarei chuvas abundantes e abençoarei os frutos. Colherão tanto grão que
ficarão ricos."
Um israelita não pode comer os frutos que nascem em Israel, a não ser que saiba
que alguém confiável tenha separado terumá e maasser. Mesmo que um israelita
viva fora de Israel, antes de comer produtos frescos ou enlatados, importados de
Israel, deve certificar-se de que terumá e maasrot foram corretamente
separados.
A mitsvá aplica-se assim que o bebê, nascido de parto normal, tiver atingido a
idade de trinta dias. Se essa data coincidir com Shabat ou Yom Tov (que proíbe
transações comerciais) deve ser adiada para o dia seguinte. É costume cumprir
esta mitsvá à luz do dia; entretanto a festa que se segue pode se estender até a
noite. Se, por alguma razão, o primogênito não foi resgatado no tempo prescrito,
isto deve ser feito na primeira oportunidade, mesmo sendo o menino já adulto.
(Neste caso, ele próprio deve resgatar-se perante um cohen.)
O pai deve escolher um cohen observante e bem versado na Lei judaica para
redimir seu primogênito. Uma cerimônia festiva é preparada, e após recitar a
bênção sobre o pão, o pai apresenta o filho ao cohen com esta declaração: "Minha
esposa deu à luz ao meu primogênito". O cohen perguntará: "O que tu preferes -
teu primogênito ou cinco moedas de prata?" Após confirmar sua intenção de ficar
com o filho e transferir cinco moedas de prata ou seu valor equivalente para o
cohen, o pai recita a bênção de "Al Pidyon Haben" e "Shehecheyánu". A seguir o
cohen recita a bênção sobre uma taça de vinho.
Esta é uma das mitsvot através das quais reconhecemos que o que quer que
possuímos, na realidade pertence a Elohim. A primeira aquisição da pessoa
geralmente é a mais preciosa a seus olhos; por isso, damos o "Primeiro" a Elohim, a
fim de demonstrar que Ele é o verdadeiro Proprietário de tudo o que temos. Um
homem pode facilmente ser levado a pensar que tem direitos acima de qualquer
disputa sobre todas suas posses. A Torá declara que o início de qualquer
realização, da qual nos orgulhamos em especial, seja para Elohim e o seu serviço, e
só depois poderemos participar e aproveitar do restante. Isso era mais
perceptível na época do Templo, quando as primícias - os primeiros frutos - tinham
de ser trazidas ao Mishkan/Santuario e os primogênitos do gado eram ofertados
ao cohen, o servo de Elohim. Entretanto, Elohim nos permitiu reivindicar nosso
filho primogênito desde que o criemos de acordo.
Isto fica enfatizado pela pergunte retórica que o cohen apresenta: "O que
preferes - teu filho ou as cinco moedas de prata?" - já que o pai é obrigado a
resgatar o filho de qualquer forma. A pergunta implícita é: "Estás consciente da
tua obrigação de criar teu filho para ser dedicado a Elohim, estudar a Torá e
cumprir as mitsvot? Compreendes que para educar uma criança apropriadamente
deves estar preparado a fazer sacrifícios materiais se necessário?"
A resposta do pai - "Eu quero meu filho e aqui estão as cinco moedas de prata" - é
o testemunho que ele entendeu plenamente a responsabilidade e o privilégio de
criar seu filho corretamente.