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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO - TCE

RELATÓRIO TÉCNICO DO TRATAMENTO ACÚSTICO -


PLENÁRIO E AUDITÓRIO

ACÚSTICA DE SALAS

Goiânia, Junho de 2008.


ACÚSTICA ARQUITETÔNICA:

O estudo da acústica para plenários e auditórios tem como objetivo oferecer uma
resposta correta para palavra falada, assim como distribuir o som uniformemente para todas
as pessoas presentes. No entanto, o ambiente deve assegurar que não ocorram
interrupções ou interferências de fontes sonoras externos. Cabe ressaltar que estes os
critérios técnicos viabilizam a boa transmissão das informações, garantindo inclusive a
qualidade sonora para gravações e filmagens para o rádio e a televisão.

Um bom tratamento acústico possui 3 etapas. Estas são:

1. O Isolamento acústico, ou seja, garantia que não se escuta ruídos externos


ao ambiente tratado;
2. A Análise geométrica que evita defeitos como o eco e distribui a energia
sonora uniformemente dentro do recinto;
3. O ajuste do Tempo de reverberação ao programa de uso.

Este último consiste no tempo necessário para não se ouvir mais o som de uma fonte
que parou de tocar. Muitas pessoas confundem este princípio com o eco que consiste na
percepção de dois ou mais sons independentes. O som reverberante na verdade é somente
um som prolongado devido às múltiplas reflexões nas superfícies internas do recinto.
Exemplos de salas reverberantes são as igrejas góticas onde o som e a música perdura por
vários segundos assim como o banheiro entre outros.

PROJETO ACÚSTICO:

O projeto acústico para o TCE inclui os seguintes itens:


1 Plenário no pavimento Térreo e
2 Auditório no pavimento do 1º Subsolo

O estudo de cada sala será dividido em três partes: isolamento dos ruídos externos,
distribuição da energia sonora e tempo de reverberação.

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1. PLENÁRIO

1.1 Isolamento dos ruídos externos.

A passagem de ruídos externos deverá ser evitada em todos os fechamentos:

- Teto: O Plenário, por estar entre o subsolo e o 2º pavimento, fica parcialmente


protegido. No entanto, a presença de ambientes molhados (hidrosanitários), a
necessidade de passar dutos de ar condicionado pelo forro e o tráfego de pessoas
no piso superior podem vir a prejudicar uma possível gravação no recinto. Sugere-se
que os tubos hidrosanitário, os dutos de ar condicionado e o forro sejam isolados
com materiais acústicos como o ISOTUBO e a BASE SIFÃO (ROCKFIBRAS), a
CLIMAVER (ISOVER) e o GESSO ACARTONADO DUPLO com LÃ DE VIDRO de 50
mm com densidade de 40 Kg/m³, respectivamente.

- Fechamentos verticais: Devido ao baixo isolamento acústico dos vidros,


sugerem-se VIDROS DE ESPESSURAS DE 10 A 12 MM DEVIDAMENTE SELADOS
COM MATERIAIS DE ESPUMA DE POLIETILENNO EXPANDIDO (VEJA DETALHE
2) para os painéis de vidro posicionados no fundo do palco e da platéia. Estes devem
obter um isolamento mínimo de 30 dB. As paredes laterais do Plenário são duplas
devido à presença da junta de dilatação. Isto vem a beneficiar o isolamento acústico
nas laterais. Assim não será necessário isolar mais. Cabe ressaltar que o isolamento
acústico depende de muitas propriedades dos materiais construtivos podendo ocorrer
freqüências de ressonâncias que prejudiquem o desempenho do sistema.

- Aberturas/Portas: Cuidado especial deve ser dado às aberturas. Sabe-se que


o isolamento acústico pode sofrer um decréscimo de até 30% caso não ocorra uma
boa vedação. Por isto, as portas foram especificadas com BORDAS COM CARPETE
FELPUDO OU EMBORRACHADO NO BATENTE para evitar qualquer vazamento de
som, isolando no mínimo 30 dB (VEJA DETALHES 3.1 a 3.3). As portas principais
devem possuir barras antipânico e abrirem para fora. Vale lembrar que o bom
desempenho da porta depende de cuidados na INSTALAÇÃO dando pressão no
fechamento e para a boa vedação.

- Aberturas/Visor: Os visores que dividem as salas de controle, de TV e do


estúdio devem ser de VIDRO DUPLO de 8 e 6 mm devidamente lacrados com

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ESPUMA DE POLIETILENO EXPANDIDO, direcionando o vidro mais grosso para o
ambiente mais ruidoso (VEJA DETALHE 2).

1.2 Distribuição da energia sonora na sala.

Os revestimentos do forro e de dois dos fechamentos laterais serão modulados de


forma a quebrar o paralelismo com os fechamentos frente a eles (VEJA CORTE FF e
PLANTA DO TÉRREO). O painel de vidro direcionado para a área externa do edifício possui
inclinação de 5º, considerada suficiente para a quebra do paralelismo neste eixo. O forro foi
estudado para viabilizar o reforço do som direto nas últimas fileiras da platéia e está
representado no detalhe de ESTUDOS DE REFLEXÃO SONORA.

1.3 Tempo de reverberação.

O tempo de reverberação é a variável que propicia a qualidade sonora da sala. Ele é


calculado e definido em função da atividade a ser realizada no local e seu volume. No caso
do Plenário, o Tempo de Reverberação de ideal é de 0,91 segundos na faixa de freqüência
de 500 Hz.

O modelo digital usado para prever o resultado do tempo de reverberação, indicou os


seguintes materiais de revestimento para o Plenário:

- Forro sobre a platéia. GESSO ACARTONADO com SONIQUE CLASSIC 50C


(VIBRASOM) ou similar (VEJA PLANT DE FORRO);
- Forro sobre o foyer. FORRO DE FIBRA MINERAL com espessura de 20 mm,
FORROVID (ISOVER), SONEX ULTRA C (ILLBRÜCK) ou similar (VEJA
PLANTA DE FORRO);
- Piso da circulação. CARPETE de 12 mm para adquirir boa aderência no
trafego das pessoas (VEJA PLANTA DE PISO);
- Piso do palco e da platéia. PISO DE MADEIRA – CEDRO (VEJA PLANTA DE
PISO);
- Paredes laterais. LAMBRI DE MADEIRA revestido de laminado de madeira
criando uma câmara de 50 mm onde será instalado PAINEL DE LÃ DE
VIDRO de densidade 40 Kg/m2 revestido com véu, ISO SOUND (ISOVER) ou
similar. O Lambri deve ter FENDAS DE 20 % DE ABERTURA para o som
chegar ao painel de lã de vidro. Para garantir a sustentação do lambri e a
quebra do paralelismo nas baixas freqüências sugere-se uma estrutura de

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GESSO ACARTONADO atrás da lã de vidro com inclinação de ≥ 5° (VEJA
DETALHES 1 a 1.3 e PLANTA DO TÉRREO);
- Poltronas. Poltronas de couro sintético, SHOW, GRAN RAPIDS (GIROFLEX)
ou similar.

A seguir se encontra a Tabela 1 que sintetiza os materiais a serem usados, assim


como as respectivas áreas e os coeficientes de absorção utilizados nos cálculos. Em caso
da necessidade da troca do material deve-se buscar um com coeficiente de absorção
sonora o mais próximo possível ao especificado.

Tabela 1 – Materiais, áreas e coeficientes de absorção sonora para o Plenário.


COEFICIENTES DE ABSORÇÃO SONORA
ÁREA
LOCAL MATERIAL 125H 250H 500H 1000H 2000H 4000H
(m²)
Z Z Z Z Z Z

1 Forro Gesso acartonado 400,14 0,3 0,1 0,05 0,04 0,07 0,09
2 Sonique 50c classic 85,00 0,2 0,42 1,07 1,09 1,08 1,08
3 Forrovid 20 mm 48,60 0,1 0,57 0,56 0,82 0,59 0,34

4 Parede Lambri de madeira 247,43 0,08 0,07 0,06 0,06 0,06 0,05
5 Iso Sound véu de vidro preto 82,48 0,2 0,72 0,95 1,1 0,95 0,99

6 Janela Vidro em grande área 162,53 0,18 0,06 0,04 0,03 0,02 0,02
7 Portas Madeira envernizada 8,35 0,10 0,06 0,05 0,05 0,04 0,04

8 Piso Piso de madeira 225,17 0 0,07 0,08 0,09 0,1 0,1


9 Carpete 12 mm 198,47 0,12 0,10 0,28 0,42 0,21 0,33

1 Pessoas Poltrona de couro sintético


0 0,3 0,29 0,33 0,4 0,43 0,42
ou similar ocupada 115
1
0,19 0,23 0,28 0,28 0,28 0,23
1 Poltrona vazia 49

1622,1
TOTAL DA ÁREA APARENTE 6

A Figura 1 apresenta o tempo de reverberação do Plenário com e sem tratamento


acústico assim como o tempo ideal estabelecido pela NBR 12.179.

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Figura 1 – Gráfico dos tempos de reverberação do Plenário.

Observa-se que a proposta de tratamento acústico está dentro da faixa de tolerância


de 10 % determinados pela NBR 12.179. O som do Plenário está equilibrado, ou seja, nem
muito seco nem muito reverberante. Só a faixa de freqüência de 250 Hz está acima do ideal.

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2 AUDITÓRIO

2.1 Isolamento dos ruídos externos.

A passagem de ruídos externos deverá ser evitada em todos os fechamentos:

- Teto: O Auditório, por estar no subsolo, fica parcialmente protegido. No


entanto, o tráfego no piso superior pode vir a prejudicar uma possível gravação no
recinto. Sugere-se que o forro seja isolado com o GESSO ACARTONADO DUPLO
com LÃ DE VIDRO de 50 mm com densidade de 40 Kg/m³.

- Fechamentos verticais: A parede lateral esquerda e no fundo do palco estão


uma enterrada. Já a parede lateral direita tem um corredor de baixo fluxo de
pessoas. Isto vem a beneficiar o isolamento acústico nas laterais e no fundo do
palco, sendo desnecessário isolar nestes locais. Por outro lado, a parede de acesso
da platéia possui uma parede hidráulica que pode interferir nas atividades do
Auditório. Assim criou-se uma parede dupla para isolar o ruído do banheiro.

- Aberturas/Portas e Janelas: Idem ao Item 1.1, alínea - Aberturas/Portas e


Janelas. O acesso principal possui um sistema duplo de portas para garantir uma
atenuação sonora das atividades realizadas no foyer.

2.2 Distribuição da energia sonora na sala.

O formato de leque do Auditório é conveniente para uma sala de conferência, não


apresentando nenhum defeito como o eco, a focalização de sons ou a concentração dos
mesmos em pontos específicos. Os revestimentos do forro e do fechamento do fundo do
palco serão modulados de forma a quebrar o paralelismo com os fechamentos frente a eles
(VER CORTE HH e PLANTA DO SUBSOLO 1). O forro foi estudado para viabilizar o reforço
do som direto nas últimas fileiras da platéia e está representado no detalhe de ESTUDOS
DE REFLEXÃO SONORA.

2.3 Tempo de reverberação.

O modelo digital usado para prever o resultado do tempo de reverberação, indicou os


seguintes materiais de revestimento para o Auditório:

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- Forro sobre a platéia. Idem ao Item 1.3, alínea – Forro sobre a platéia;
- Forro sobre o acesso da platéia, o acesso do palco e da antecâmara . FORRO
DE FIBRA MINERAL com espessura de 20 mm, FORROVID (ISOVER),
SONEX ULTRA C (ILLBRÜCK) ou similar (VEJA PLANTA DE FORRO);
- Piso da circulação. Idem ao Item 1.3, alínea – Piso da circulação, incluindo
antecâmara;
- Piso do palco e da platéia. Idem ao Item 1.3, alínea – Piso do palco e da
platéia;
- Paredes laterais e do fundo da platéia. Idem ao Item 1.3, alínea – Paredes
laterais;
- Paredes laterais do palco. Alvenaria lisa pintada;
- Parede no fundo do palco. Para garantir a quebra do paralelismo entre o
fundo do palco e da platéia utilizou-se GESSO ACARTONADO com inclinação
de ≥ 5° (VEJA PLANTA DO SUBSOLO 1) e o restante em alvenaria lisa
pintada;
- Poltronas. Idem ao Item 1.3, alínea - Poltronas.

A seguir se encontra a Tabela 2 que sintetiza os materiais a serem usados, assim


como as respectivas áreas e os coeficientes de absorção utilizados nos cálculos.

Tabela 2 – Materiais, áreas e coeficientes de absorção sonora - Auditório


COEFICIENTES DE ABSORÇÃO SONORA
LOCAL MATERIAL ÁREA 125H 250H 500H 1000H 2000H 4000H
Z Z Z Z Z Z
1 Forro Gesso acartonado 539,09 0,29 0,1 0,05 0,04 0,07 0,09
2 Sonique 50c classic 69,12 0,19 0,42 1,07 1,09 1,08 1,08
3 Forrovid 20 mm 31,32 0,07 0,57 0,56 0,82 0,59 0,34

4 Parede Lambri de madeira 255,37 0,08 0,07 0,06 0,06 0,06 0,05
5 Iso Sound véu de vidro
0,2 0,72 0,95 1,1 0,95 0,99
preto 99,31
6 Gesso acartonado 36,28 0,29 0,1 0,05 0,04 0,07 0,09
7 Alvenaria lisa 17,20 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,06

8 Visor Vidro duplo 1,99 0,28 0,15 0,01 0,02 0,02 0,02
9 Portas Madeira envernizada 19,52 0,10 0,06 0,05 0,05 0,04 0,04

1 0,04 0,065 0,08 0,09 0,1 0,1


0 Piso Piso de madeira 394,57
1
0,12 0,10 0,28 0,42 0,21 0,33
1 Carpete 12 mm 169,83

1 Pessoas Poltrona de couro sintético


2 335 0,25 0,29 0,33 0,4 0,43 0,42
ou similar ocupada
1
0,19 0,23 0,28 0,28 0,28 0,23
3 Poltrona vazia 143

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O Tempo de Reverberação de ideal para o Auditório é de 0,95 segundos na faixa de
freqüência de 500 Hz. A Figura 2 apresenta o tempo de reverberação do Auditório com e
sem tratamento acústico assim como o tempo ideal estabelecido pela NBR 12.179.

Figura 2 – Gráfico dos tempos de reverberação do Auditório.

Observa-se que a proposta de tratamento acústico está dentro da faixa de tolerância


de 10 % determinados pela NBR 12.179. No entanto o som do Auditório está mais seco do
que o do Plenário, ou seja, o som está mais abafado. Só a faixa de freqüência de 4.000 Hz
ficou abaixo do ideal.

Cabe ressaltar que a conversa das pessoas no Foyer pode prejudicar as atividades
do Auditório. Assim indica-se o uso de materiais de absorção nas paredes como o sistema
de LAMBRI COM LÃ DE VIDRO (VEJA DETALHES 1 a 1.3) e no forro com o FIBRA
MINERAL (FORROVID, SONEX ULTRA C ou similar) conforme previamente citados.

Importante reforçar que as simulações propostas estão intimamente ligados aos


materiais e as proporções geradas nos cálculos. Se houver mudança na tipologia dos
materiais de revestimento será necessário mudar os cálculos.

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3 REVISÃO ACÚSTICA DO AR CONDICIONADO.

Como o som se propaga facilmente no ar. Os sistemas de ar condicionado devem


sempre ser analisados para não interferir nas atividades dos recintos fechados. Assim
algumas considerações serão colocadas a seguir:

- As entradas do ar condicionado no Auditório e no Plenário não poderá


produzir ruído superior aos 25 dB(A) no interior destes. Sugere-se então o uso do
revestimento de CHAPAS DE LÃ DE VIDRO (CLIMAVER – ISOVER ou similar) nos dutos
de ventilação para abafar o som;

- Para impedir o assobio do ar nas grelhas de insuflamento a velocidade do ar


nesses locais não poderá ultrapassar dos 3 m/s;

- Os plenos de retorno deverão receber um revestimento absorvente de FIBRA


MINERAL JATEADA (PISTOFIBRA ou similar);

- O forro da sala de máquinas de ar condicionado deve ser revestido com


material absorvente similar ao indicado para o pleno de retorno;

- A porta de acesso será convenientemente instalada para não permitir nenhum


tipo de fenda, assim como as demais especificadas (VEJA DETALHES 3 a 3.3).

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