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Relatório Analítico
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MICS
Inquérito de Indicadores Múltiplos
Relatório Analítico
unicef
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Reprodução autorizada, excepto para fins comerciais, com indicação de fonte bibliográfica
INE/UNICEF. Luanda, Angola, 2003
Os pontos de vista expressos nesta publicação são da responsabilidade dos autores e não reflectem
necessariamente a opinião do Instituto Nacional de Estatística.
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„ •
••, •
Agradecimentos
APOIO TÉCNICO
APOIO FINANCEIRO
EDITORES
Giacomo Pirozzi
• -•
Índice
i Prefácio 13
1 Âmbito do Inquérito 21
2 Medindo as Vulnerabilidades 23
5 Malnutrição 40
6 Amamentação 49
7 lodização do Sal 54
8 Vitamina A 58
9 Malária 63
10 Doenças Diarreicas 67
13 Cuidados Maternos 80
14 Vacinação 87
15 Poliomielite 93
16 Sarampo 96
20 Contracepção 117
22 Alfabetização 127
Bibliografia 148
Lista de Tabelas, Gráficos, Caixas e Mapas
1. Âmbito do Inquérito
Tabela 1.1 Amostra do inquérito e taxa de resposta
Mapa 1.1 As Seis Regiões do MICS
2. Medindo as Vulnerabilidades
Tabela 4.1 Mortalidade infantil e mortalidade nas crianças menores de cinco anos,
Angola, 2001
Gráfico 4.1 Diferenciais de mortalidade de acordo com o nível de educação das mães
Gráfico 4.2 Mortalidade por quintil sócio-económico
Gráfico 4.3 Mortalidade por sexo
Gráfico 4.4 Mortalidade por área de residência
Mapa 4.1 Taxa de mortalidade de menores de cinco anos no mundo em 2001
Mapa 4.2 Taxa de mortalidade de menores de cinco anos em África em 2001
5. Malnutrição
Tabela 5.1 Prevalência de malnutrição do tipo nanismo, marasmo e insuficiência de peso
em crianças com menos de cinco anos, Angola, 2001
Gráfico 5.1 Prevalência de malnutrição crónica por grupo de idade
Gráfico 5.2 Prevalência de marasmo por grupo de idade
Gráfico 5.3 Prevalência de marasmo por Região
Gráfico 5.4 Prevalência da insufiência de peso por grupo de idade
Gráfico 5.5 Insuficiência de peso de acordo com o nível de educação das mães
Mapa 5.1 Prevalência do nanismo nas crianças com menos de cinco anos de idade
6. Amamentação
Tabela 6.1 Resumo dos indicadores de amamentação, Angola, 2001
Gráfico 6.1 Percentagem de crianças exclusivamente amamentadas por grupo etário
Gráfico 6.2 Indicadores de amamentação exclusiva por Região
7. lodização do Sal
8. Vitamina A
Tabela 11.1 Principais fontes de água para consumo doméstico (%), Angola, 2001
Gráfico 11.1 Fontes de água utilizadas pelos agregados familiares urbanos
Gráfico 11.2 Distância a que se situa a fonte de água dos domicílios nas zonas rurais
Gráfico 11.3 Distância a que se situa a fonte de água dos domicílios nas zonas urbanas
Gráfico 11.4 Tratamento dado às fezes pelos agregados familiares
Gráfico 12.1 Proporção de crianças dos O aos 59 meses de idade com IRA observadas em
postos ou centros de saúde, por quintil sócio-económico
Tabela 13.1 Percentagem de mulheres dos 15 aos 49 anos cujos partos no último ano
foram assistidos por tipo de pessoal que prestou os cuidados pré-natais,
Angola, 2001
Tabela 13.2 Tipo de pessoal que assiste o parto: comparação entre 1996 e 2001 em áreas
urbanas
Tabela 13.3 Percentagem de mulheres de 15 a 49 anos que deram à luz no último ano por
tipo de pessoal que assistiu ao parto, Angola, 2001
Gráfico 13.1 Tipo de pessoal de saúde que presta cuidados pré-natais por quintil sócio-
económico
Gráfico 13.2 Proporção das mulheres que recebem cuidados pré-natais por parte de
parteiras tradicionais segundo o quintil sócio-económico
Gráfico 13.3 Tipo de pessoal que assiste as mulheres durante o parto segundo o nível de
instrução das mulheres
14. Vacinação
Tabela 14.1 Cobertura vacinai em crianças dos 12 aos 23 meses, Angola, 2001
Gráfico 14.1 Cobertura vacinai entre as crianças com 1 ano por quintil sócio-económico
Gráfico 14.2 Cobertura vacinai em crianças com 1 ano por nível de educação da mãe
Mapa 14.1 Cobertura vacinai total nas crianças de um ano de idade
15. Poliomielite
Tabela 15.1 Evolução do número de casos confirmados de poliovírus entre países que
registaram maior número de casos em 1999
16. Sarampo
Mapa 16.1 Cobertura vacinai contra o sarampo entre as crianças de um ano de idade
20. Contracepção
Tabela 21.1 Proporção das crianças que ingressam na i a classe e atingem a 5a classe,
Angola, 2001
Tabela 21.2 Taxa líquida de escolarização, Angola 2001
Gráfico 21.1 Proporção de crianças frequentando os seis primeiros anos de escolaridade
por idades
Gráfico 21.2 Percentagem das crianças que frequentam os primeiros seis anos da
educação básica na idade recomendada
Gráfico 21.3 Classe Frequentada pelas crianças de 11 anos de idade
Gráfico 21.4 Frequência do ensino básico por quintil sócio-económico
Caixa 2: Despesas Públicas com o sector da Educação
22. Alfabetização
Tabela 22.1 Proporção da população com uma idade igual ou superior a 15 anos que sabe
ler e escrever, Angola, 2001
Gráfico 22.1 Taxa de alfabetização masculina de acordo com nível sócio-económico dos
agregados familiares
Gráfico 22.2 Taxa de alfabetização feminina de acordo com o nível sócio-económico dos
agregados familiares
Mapa 22.1 Taxa de alfabetização feminina
Anexo - Metodologia
O MIOS foi levado a cabo em 2001, pelo INE como parte integrante do compromisso
do Governo Angolano em alcançar os objectivos de desenvolvimento, estabelecidos
para as mulheres e crianças pela comunidade internacional durante a Cimeira de
Desenvolvimento do Milénio e a Sessão Especial das Nações Unidas (UNGASS) para
a Infância de 2002.
Por último, queremos agradecer o generoso apoio financeiro da Agência dos Estados
Unidos da América para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do Office for
Foreign Disaster Assistance (OFDA), sem o qual a realização deste precioso inquérito
não teria vindo à luz do dia.
Probabilidade de morrer antes de atingir os cinco anos de idade 250 por 1000
Mortalidade das crianças menores de cinco anos
Prevalência de marasmo Proporção dos menores de cinco anos com um peso inferior ao recomendado
para a sua idade 31 por cento
Prevalência de nanismo Proporção dos menores de cinco anos com uma altura inferior à
recomendada para a sua idade 45 por cento
Prevalência para a insuficiência de peso Proporção dos menores de cinco anos com um peso inferior ao
recomendado para a sua altura 6 por cento
Proporção da população que usa água extraída de uma fonte segura 62 por cento
Uso de água segura para beber
Proporção da população que usa meios sanitários de tratamento das fezes 59 por cento
Uso de meios sanitários para o tratamento
das fezes
Crianças que atingem a 5a classe Proporção das crianças que iniciam a primeira classe e atingem a
quinta classe 76 por cento
Taxa líquida de escolarização Proporção das crianças em idade de frequentar o ensino primário e que
frequentam o ensino primário 56 por cento
(1° nível do ensino básico)
Taxa de alfabetização (total) Proporção da população com uma idade igual ou superior a 15 anos de
idade que sabem ler uma carta ou jornal 67 por cento
Taxa de alfabetização (masculina) Proporção de homens com uma idade igual ou superior a 15 anos de
idade que sabem ler uma carta ou jornal 82 por cento
Taxa de alfabetização (feminina) Proporção de mulheres com uma idade igual ou superior a 15 anos de
idade que sabem ler uma carta ou jornal 54 por cento
Prevalência de contracepção Proporção de mulheres casadas com uma idade compreendida entre os
15 e os 49 anos que utilizam um método contraceptivo 6 por cento
Cuidados durante o parto Proporção de nascimentos (crianças nascidas vivas) assistidos por
profissionais de saúde qualificados 45 por cento
Proporção de mães que deram à luz nos últimos doze meses e que receberam
Mães que receberam um suplemento
um suplemento de vitamina A antes da criança atingir a 8a semana 26 por cento
de vitamina A
Taxa de alimentação complementar atempada Proporção de crianças com uma idade compreendida entre os 6 e os 9
meses que recebem leite materno e alimentação complementar 77 por cento
Tabela Resumo dos Indicadores MICS
, ,Indicackm Definição dos indicadores Valor
- kw ,
Taxa de amamentação continuada Proporção de crianças com uma idade compreendida entre os 12 a 15 89 por cento
meses e 20 a 23 meses que continuam a ser amamentadas (12-15)
37 por cento
(20-23)
Cobertura da vacinação contra o sarampo Proporção de crianças de um ano vacinadas contra o sarampo 53 por cento
Cobertura da vacinação contra a pólio Proporção de crianças de um ano vacinadas contra a poliomielite (três doses) 63 por cento
Cobertura da vacinação contra a tuberculose Proporção de crianças de um ano vacinadas contra a tuberculose 69 por cento
Crianças protegidas contra o tétano neo-natal Proporção de crianças com um ano de idade protegidas contra o tétano
neo-natal através da vacinação da mãe 62 por cento
Gestão doméstica da diarreia Proporção de crianças com menos de cinco anos de idade que tiveram
diarreia nas últimas duas semanas, que receberam fluídos adicionais e que
continuaram a receber alimentos durante o episódio 7 por cento
Procura de cuidados apropriados para as Proporção de crianças com menos de cinco de idade que sofreram de IRAs
infecções respiratórias agudas (IRA) nas duas semanas prévias e que foram assistidas por pessoal
de saúde qualificado 58 por cento
Uso de mosquiteiros Proporção de crianças com menos de cinco anos que dormem sob uma
rede mosquiteira tratada com insecticida 2 por cento
Tratamento da malária Proporção de crianças com menos de cinco anos de idade que estiveram
doentes com febre nas duas semanas prévias e que receberam
medicamentos anti-paludicos 61 por cento
Conhecimentos sobre a prevenção do HIV/SIDA Proporção de mulheres que identificam correctamente os três
principais métodos de prevenção do HIV 17 por cento
Conhecimentos sobre transmissão de HIV Proporção de mulheres que identificam correctamente os meios de
mãe para filho transmissão do HIV de mãe para filho 29 por cento
Atitude para com pessoas com HIV/SIDA Proporção de mulheres que expressam uma atitude discriminatória para
com pessoas com HIV/SIDA 44 por cento
Mulheres que sabem onde obter um teste de HIV Proporção de mulheres que sabem onde obter um teste de HIV 23 por cento
Mulheres que efectuaram um teste de HIV Proporção de mulheres que efectuaram um teste de HIV 2 por cento
Registo de nascimento Proporção de crianças menores de cinco anos cujos nascimentos foram
comunicados e registados 29 por cento
Padrões de residência das crianças Proporção de crianças, em agregados familiares, com uma idade
compreendida entre os O e os 14 anos de idade que não vivem com um
dos seus progenitores 10 por cento
Órfãos em agregados familiares Proporção de crianças com uma idade compreendida entre os O e os 14 1.3 por cento
anos de idade, que são órfãs vivendo em agregados familiares (ambos os pais)
11 por cento
(um ou ambos
os pais)
Meta 1: Reduzir para metade a proporção de pessoas que vivem com menos
de 1 US$ por dia.
Meta 2: Reduzir para metade a proporção de pessoas que sofrem de fome
Meta 9: Integrar os princípios de desenvolvimento sustentável nas políticas e
programas nacionais, reverter a tendência de perda de recursos
naturais
Meta 10: Reduzir para metade a proporção de pessoas sem acesso sustentável
a água segura para beber
Meta 11: Garantir melhorias significativas na vida de pelo menos 100 milhões de
pessoas vivendo em zonas habitacionais degradadas até 2020
Meta 12: Continuar a desenvolver um sistema financeiro e comercial previsível,
baseado em regras e não discriminatório. Inclui um compromisso em
termos de boa administração, desenvolvimento e redução da pobreza
- tanto a nível nacional como internacional
Meta 13: Responder às necessidades especiais dos países em vias de
desenvolvimento. Isto inclui acesso livre de tarifas e quotas às
exportações provenientes destes países, alívio da dívida para os países
cuja dívida externa é muito elevada, cancelamento da dívida bilateral
oficial, assistência ao desenvolvimento mais generosa para os países
empenhados em assegurar a redução da pobreza
Meta 15: Lidar de forma exaustiva com os problemas de dívida dos países em
vias de desenvolvimento tomando medidas nacionais e internacionais
para tornar a sua dívida sustentável a longo prazo
Meta 18: Em cooperação com o sector privado, tornar acessíveis os benefícios
das novas tecnologias, especialmente na área da informação e
comunicações
Meta: Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, Prevalência da insuficiência de peso 31 por cento
a proporção de pessoas que sofrem de fome Prevalência de nanismo 45 por cento
Prevalência de marasmo 6 por cento
Meta: Assegurar que, até 2015, crianças em toda Taxa líquida de escolarização (educação primária) 56 por cento
a parte, tanto rapazes como raparigas, serão Crianças que atingem a 5a classe 76 por cento
capazes de completar a educação primária na Taxa de alfabetização (idades compreendidas entre os 71 por cento
sua totalidade 15 e os 24 anos)
Meta: Eliminar as disparidades de género na Taxa de alfabetização masculina/feminina (idades 83 por cento/63 por cento
educação primária e secundária de preferência até compreendidas entre os 15 e os 24 anos)
2005 e em todos os níveis de educação até 2015 Taxa líquida escolarização referente ao ensino primário - 1° 55 por cento/56 por cento
nível do ensino básico (masculina/feminina)
Meta: Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a Mortalidade das crianças menores de cinco anos 250 por cada 1,000
mortalidade das crianças menores de cinco anos crianças nascidas vivas
Mortalidade Infantil 150 por cada 1,000
crianças nascidas vivas
Cobertura vacinai DPT 34 por cento
Cobertura vacinai contra o sarampo 53 por cento
Cobertura vacinai contra a poliomielite 63 por cento
Cobertura vacinai contra a tuberculose 69 por cento
Crianças protegidas contra o tétano neo-natal 62 por cento
Gestão doméstica dos episódios de diarreia 7 por cento
Meta: Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, Cuidados pré-natais 66 por cento
a taxa de mortalidade materna Cuidados durante o parto 45 por cento
Mães que recebem um suplemento de vitamina A 29 por cento
Meta: Ter reduzido para metade até 2015, a taxa de Conhecimentos sobre a prevenção do HIV/SIDA (população total) 20 por cento
propagação do HIV/SIDA e ter começado a inverter Conhecimentos sobre as concepções erradas acerca do 18 por cento
a tendência de propagação HIV/SIDA (população total)
Conhecimentos sobre a transmissão de mãe para filho 29 por cento
(população total)
Atitude para com pessoas com HIV/SIDA (população total) 45 por cento
Proporção da população com uma idade compreendida entre 2 por cento
os 15 e os 49 anos que efectuaram um teste de HIV
Proporção da população com uma idade compreendida entre 26 por cento
os 15 e os 49 anos que sabem onde obter um teste de HIV 6 por cento
Prevalência total de contracepção (população total)
Meta: Ter reduzido para metade, até 2015, a Uso de mosquiteiros 2 por cento
incidência da malária, e ter começado a inverter Tratamento da malária 61 por cento
a tendência de propagação da malária e
outras doenças
Meta: Reduzir para metade, até 2015, a proporção Uso de água segura para beber 62 por cento
de pessoas sem acesso a uma fonte sustentável
de água para beber
Meta: Até 2020, ter assegurado melhorias Uso de meios sanitários de tratamento das fezes 59 por cento
significativas nas vidas de, pelo menos, 100 milhões
de habitantes de zonas habitacionais degradadas
Âmbito do Inqué
Levado a cabo nas 18 Províncias do país, o WS abarcou 6,252 agregados familiares ou seja um
total de 29,811 pessoas. Cerca de dois terços da população foi inquirida nas áreas urbanas (66%) e
um terço nas áreas rurais (34%). Um total de 5,663 crianças com menos de cinco anos de idade e
7,089 mulheres com uma idade compreendida entre os 15 e os 49 anos responderam ao inquérito.
A taxa de resposta global foi boa, cerca de 94%. A recolha de dados no terreno teve lugar durante
um período de seis meses de Abril a Outubro 2001'.
• Região Capital:
Províncias de Luanda, Bengo, Kwanza Norte
e Cabinda
• Região Norte:
• Região Oeste:
• Região Sul:
Províncias de Namibe, Cunene e Huíla
1. Quintil Sócio-Económico
arte-se do princípio que bens comuns
60
50
40
30
20
10
exemplo, as crianças pertencentes ao primeiro reduzido que não chegam a ser relevantes do
quintil têm uma probabilidade 60% maior de ponto de vista estatístico. Por exemplo,
O índice de bem-estar foi criado com base nos seguintes critérios sócio-económicos: se algum membro do agregado
familiar possui radio, televisão, frigorífico, bicicleta, motorizada ou carro; se o domicílio tem electricidade; qual a fonte da
água consumida, qual o tipo de saneamento, quantos quartos e qual o tipo de material utilizado na construção do
domicílio. Para mais detalhes sobre a metodologia utilizada, cf. Filmar, D. e Prichett, L., 1998, Estimating wealth effects
without expenditure data -- or tears: An application to educatíonal enrolments in States of índia, Wodd Bank Policy Research
'
Gráfico 2.2: Mortalidade nas crianças com menos de cinco anos de acordo
com o nível de educação das mães
300
250
200
150
100
50
18
16
14
12
10
8
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6
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Demografia: características principais
E
m Angola, a falta de dados cerca de 60% da população com menos de
demográficos fiáveis coloca sérias 18 anos de idade e uma elevada taxa de
dificuldades ao planeamento, gestão, fecundidade (7 crianças em média nascidas
acompanhamento e avaliação das políticas por mulher), o inquérito indica que Angola é
sócio-económicas. Uma vez que o último um país com uma população em
censo populacional foi levado a cabo em crescimento e que ainda não efectuou a
Angola em 1970, as estimativas populacionais transição demográfica. Os níveis de
deverão ser consideradas com cautela. A nível contracepção extremamente baixos (6%) e
nacional, estas são projectadas a partir do
aracte rísticas Demo • rádicas e dos Ag reg a. os anil ' are
Urbana 66 92
Rural 34 90
Total 100 91
A pirâmide etária revela um perfil típico de ou superior a 40 anos. De facto, 85% da
uma população jovem com uma base larga população tem menos de 40 anos de
indicando uma taxa elevada de idade. A estrutura da pirâmide também
fecundidade, bem como um número indica um acentuado déficit de homens na
reduzido de pessoas com uma idade igual faixa etária dos 20 aos 29 anos.
Gráfico 3.1: População total, por sexo e grupo etário, Angola 2001
Masculino Feminino
Idade
aracterísticas Demog rádicas e dos A • re •ados Fam il iare
E 70+
65-69
60-64
II 55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
o Lr) o o Lr)
Percentagem Percentagem
índice de masculinidade, que mais pronunciado de homens nos grupos
80
70
60
50
padrão segundo o qual existe um intensa para as áreas urbanas por razões
excesso de homens nas faixas económicas e um maior impacto da guerra
() etárias mais velhas, também nas áreas rurais.
registado pelo MIOS 1996, poderá ser
devido a informações incorrectas prestadas
pelas mulheres e homens mais velhos sobre
a idade, de forma a que os homens tendem
a sobrestimar a idade e as mulheres a a mi ¡a re
subestimá-la.
• emo • ra • loas e . os , • reg a • os
100
95
•
92%
aracte rísticas Demo! rádicas e •os
90 90%
85 _z-
80
75
Capital Norte Este Su l Centro Sul Oeste
30
Agregados Familiares: Principais Características
• Mais de metade das mulheres chefes de agregados familiares não sabem ler
nem escrever
• 71% dos domicílios têm um pavimento de terra batida.
( % )
1 Indivíduo 7 10 8
2 - 3 Individuos 23 31 26
4 - 5 Individuos 31 31 31
6 - 7 Individuos 22 19 21
8 e mais individuos 17 8 14
com ligação à electricidade varia entre 33%
O MIOS indica que apenas 20% dos
nas Regiões Capital e Sul e 6% na Região
agregados familiares angolanos têm
electricidade. A percentagem das habitações Norte.
35•
30
25
4
20
15
10
85%
1 00
80
60
40
21%
7%
20 0% 0%
/,''/ AMEI
O
4° quintil 5° quintil
2° quintil 3° quintil
1° quintil
Região
Capital 16 45 15 37 O O 3
Norte 13 66 19 12 1 O 2
Este 17 72 15 12 1 O O
Oeste 15 20 22 15 5 O 39
Sul 21 29 10 10 16 6 29
Centra Sul 30 70 17 7 3 1 3
Área de residência
Urbana 18 50 23 23 2 O 2
Rural 17 51 7 3 13 4 22
Total 18 50 17 16 6 2 9
possuem um rádio e 14% uma televisão. que possuem um rádio varia entre 25% para
Existem variações importantes por Região e a Região Este e 52% para a Região Capital.
quintil sócio-económico. A maior proporção Observam-se os mesmos padrões no que
de agregados familiares que possuem um diz respeito aos televisores, sendo que a
rádio ou uma televisão encontram-se nas maior proporção dos agregados que possuí
zonas urbanas das Regiões Capital, Oeste e um televisor se encontra na Região Capital
Sul. A proporção dos agregados familiares (28%) e a mais baixa na Região Norte (3%).
Região Norte
36% • os • • re • a • os ami 'a re
Região Este
25%
ara cterísticas Demo • ra dicas e
Região
Região Sul Centro Sul
36% 38%
TEMA4
Mortalidade Infantil: Probabilidade de morrer entre o nascimento e exactamente um ano de
idade, por cada 1000 crianças nascidas vivas - 150
Mortalidade de
Menores de Cinco Anos: Probabilidade de morrer entre o nascimento e exactamente cinco anos de
idade, por cada 1000 crianças nascidas vivas - 250
de cinco anos em 250 óbitos por 1,000 da população angolana, a falta de impacto
crianças nascidas vivas. Isto significa que em das intervenções na área da saúde e
Angola, actualmente, uma em cada quatro o investimento público insuficiente nos
crianças não atingirá o seu quinto sectores sociais'.
' Apesar de não existirem dados fiáveis sobre as principais causas da mortalidade das crianças em Angola, os dados do
Ministério da Saúde mostram que de entre as causas de mortalidade registadas a nível dos serviços nacionais de saúde
em 2000, a malária era sem dúvida a mais importante (76%) seguindo-se as infecções respiratórias agudas (7%) e as
doenças diarreicas (7%).
De acordo com o estudo de 2002 sobre o Financiamento Público dos Sectores Sociais em Angola, realizado
conjuntamente pelo Ministério das Finanças e pelas Nações Unidas, Angola é, de todos os países da Comunidade para
o Desenvolvimento da África Austral (SADO), o que despende o mais baixo montante em educação e saúde. A parcela
de recursos gastos em cuidados primários de saúde, educação primária e água e saneamento básico foi, em média, 3.2%
da despesa total do Estado entre 1997 e 2001, tendo atingido o máximo de 6% em 2001. Em média, 4.7% da despesa
nacional entre 1997 e 2001 foi gasta em educação, comparativamente a 16.7% nos 14 países da SADC. No mesmo
período, gastou-se em saúde 3.3%, em comparação com 7.2% nos membros da SADC.
Nota metodológica
tfr
inco An.
orta li.a •e n anta e .e enores de
Legenda
(por 1,000 crianças nascidas vivas)
Menos de 50
Entre 50 e 149
Entre 150 e 249
250 e acima
Sem dados
Westem
Sahara
Xtt.
pe Verde
GA>
Guinea Bissau
Bera
Leone
Equatorial
Sao Tome & Princip
Legenda
O Seychelles
(5)
nível de educação alcançado pela têm uma probabilidade 62% menor de morrer
300
•
275
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250
200
• L-
150 162
•-
100
-
orta idade Int - ntil
50
MI MM5
350
288
300
250
200 9n5
150
• 167
155 155
141
6129
100
50
MI -- MM5
Os rapazes têm uma probabilidade de morrer observada nos outros países. No entanto, entre
no seu primeiro ano de vida 8% superior à das as crianças de 1 a 4 anos de idade, os rapazes
raparigas, situação que é semelhante à estão ainda em maior risco o que não é usual.
300
250
200
150
100
50
inco Ano
MI MM5
■ Masculino Feminino
.Iida de In fantil e de Menores de
VIAI31
300
250
200
150
100
50
MI MM5
■ Urbana Rural
mortalidade de menores de cinco anos o menor risco de mortalidade na Região Este.
ocorre na Região Oeste, onde é 64% mais As Regiões da Capital e do Norte têm cifras
elevado que o da Região Sul e 26% mais intermédias quando comparadas com a
elevado que a média nacional. É de assinalar média nacional e com outras Regiões.
Quintil Sócio-Económico
Primeiro 167 288
Segundo 155 261
Terceiro 155 260
Quarto 141 230
Quinto 129 205
Sexo
Masculino 157 265
Feminino 143 234
Região
Capital 150 250
Norte 156 262
Este 135 217
Oeste 181 315
Sul 123 192
Centro Sul 162 277
Área de residência
Urbana 148 245
Rural 155 260
p
ara determinar a gravidade da crianças angolanas no período entre 1996 e
malnutrição numa determinada 2001. A prevalência de malnutrição do tipo
população, a OMS estabeleceu níveis- nanismo e a insuficiência de peso situam-se
limite internacionais, expressos em ainda num nível muito elevado, embora a
percentagem da prevalência de malnutrição. A malnutrição do tipo marasmo se mantenha
gravidade da malnutrição foi classificada em 4 num nível médio. Este elevado nível de
níveis, do baixo ao muito alto. Quando se usa malnutrição tem enormes consequências do
esta classificação como referência, nota-se ponto de vista social e económico e constitui
que não houve nenhuma melhoria substancial um dos principais desafios em termos de
na prevalência de malnutrição entre as intervenções de saúde pública em Angola.
Baixo Médio Elevado Muito Alto
D
efinida com base no rácio altura por uma vez que só pode ocorrer em
idade, o nanismo, ou malnutrição consequência de uma melhoria substancial
crónica, refere-se à malnutrição das condições e qualidade de vida da
resultante de distorções acumuladas no criança. Para mais, o nanismo encontra-se
estatuto nutricional da criança. O processo estreitamente relacionado com um
de nanismo tem início no útero e continua desenvolvimento mental deficiente.
depois do nascimento durante os três
primeiros anos de vida. Considera-se que Indicando 45% de prevalência de nanismo,
as crianças padecem de malnutrição o MIOS revelou que quase uma em cada
crónica por razões ambientais. No entanto, duas crianças angolanas sofre de
em muitas crianças, o nanismo deve-se a malnutrição crónica. A prevalência de
inadequadas práticas de desmame, nanismo em Angola é maior que a média
infecções repetidas e dieta deficiente. O registada em crianças de países da África
nanismo é um bom indicador do bem-estar sub-sariana, estimada em 40%, em 2001.
geral de uma população, uma vez que Usando a classificação da OMS como
reflecte o contexto estrutural que envolve a referência, Angola estava, em 2001, entre
malnutrição. Apesar de ser possível haver os 11 países africanos com uma muito
algum crescimento de compensação, a elevada prevalência de nanismo (acima de
,
mr=rwr
60
50 -
40 -
30 -
20 _
10-
0
Menos de 6-11 12-23 24-35 36-47 48-59
6 meses meses meses meses meses meses
Região Norte
45%
Região
Capital
35%
Menos de 36%
Região
Centro Sul
55%
3
efinida com base no rácio peso por
com a morbilidade e mortalidade. Por
altura, o marasmo ou malnutrição
exemplo, crianças com malnutrição aguda
aguda refere-se à malnutrição
têm uma probabilidade 20 a 40 vezes maior
resultante da perda excessiva de peso
de morrerem durante um episódio de diarreia
verificada num período recente devido a
persistente, e 4 a 10 vezes maior de
doença grave ou falta de comida. Este
morrerem com diarreia aguda.
indicador é extremamente dinâmico uma vez
que é muito sensível a variações sazonais e A prevalência da malnutrição aguda aumenta de
a transformações que possam ocorrer no forma progressiva durante os dois primeiros
ambiente da criança. Com 6% de anos de vida e decresce somente depois dos
prevalência, a gravidade de marasmo entre 35 meses de idade, o que se explica devido às
crianças angolanas pode ser considerada práticas inadequadas de amamentação e
média de acordo com os níveis-limite da alimentação das crianças em Angola. O leite
OMS. Não ocorreu nenhuma melhoria desde materno é complementado, ou mesmo
1996, altura em que o MIOS também substituído, por alimentos de teor nutricional
registou uma prevalência de marasmo de 6% inadequado, geralmente a uma idade
a nível nacional. demasiadamente jovem. Com o abandono
precoce do leite materno, as defesas
A prevalência de marasmo, embora não
imunológicas adquiridas passivamente declinam
atinja as proporções do nanismo e da
progressivamente e numa idade em que as
insuficiência de peso, é suficientemente
crianças entram cada vez mais em contacto
elevada para constituir uma preocupação de
umas com as outras começam a consumir
saúde pública, dada a sua estreita relação
alimentos preparados em más condições de
adultos, sendo que requerem uma alimentação
higiene. Ao mesmo tempo, as necessidades
regular com alimentos preparados em boas
alimentares das crianças (proporcionalmente à
sua altura e peso) são mais elevadas do que nos condições de higiene.
14
12-
1 0-
Arn
Não há diferenças significativas entre a
o ler as taxas de prevalência da
prevalência de marasmo em rapazes e
malnutrição aguda, em particular de
raparigas por área de residência. A prevalência
alnutrição aguda grave, referidas pelo
diminui proporcionalmente ao aumento do bem
MIOS devem ter-se em atenção os seguintes
estar sócio-económico e nível de instrução.
factores. Em primeiro lugar, o inquérito não
Contudo, mesmo entre as pessoas com um
permitiu atingir crianças localizadas em zonas
índice mais elevado de bem-estar ou maior
de difícil acesso, não reflectindo por isso as
nível de instrução, as taxas de malnutrição
emergências nutricionais que ocorreram ao
aguda mantêm-se relativamente elevadas (5%),
longo de 2001 nas zonas mais afectadas pela
o que reflecte hábitos alimentares inadequados.
guerra, onde as taxas de prevalência de
marasmo, de mais de 20%, eram registadas de
Em termos de distribuição geográfica, a Região
forma comum entre crianças que frequentavam
Oeste apresenta as taxas mais elevadas de
os Centros de Alimentação Terapêutica. Em
marasmo. Infelizmente, não é possível fazer-se
segundo lugar, os dados antropométricos do
uma análise por Região de acordo com o
MIOS foram recolhidos num período que
calendário agrícola, uma vez que o
coincidiu com a época de colheita e pós-
levantamento nas diferentes províncias que
colheita (Abril-Setembro de 2001), altura em
constituem uma Região se realizou em
que havia uma maior disponibilidade de
alimentos na maior parte das províncias. diferentes períodos.
10
6
/-7
50
42%
40
34%
30%
30
29%
29%
20 -
10 -
9%
Menos de 6 6 11 12 23
- - 24 35- 36-47 48-59
meses meses meses meses meses meses
Gráfico 5.5: Insuficiência de peso de acordo com o nível de educação das mães
40
30
20
10
Prevalência de Insuficiência de
Prevalência de Nanismo (%) Prevalência de Marasmo (%) Peso (%)
(Altura por Idade) (Peso por Altura) (Peso por Idade)
Quintil Sócio-Económico
Primeiro 52 28 8 2 35 10
Segundo 51 27 7 2 34 11
Terceiro 48 24 7 1 34 10
Quarto 45 21 6 1 30 8
Quinto 33 13 5 1 22 4
Sexo
Masculino 48 23 7 1 32 9
Feminino 43 21 6 1 29 8
Região
Capital 35 18 7 2 23 6
Norte 45 22 5 1 31 7
Este 39 17 6 1 27 7
Oeste 41 21 10 2 32 10
Sul 53 26 6 1 40 12
Centro Sul 55 29 5 1 31 8
Área de Residência
Urbana 43 21 7 1 30 8
Rural 50 26 6 1 32 9
Grupos Etários
< 6 meses 18 7 6 2 9 2
6 - 11 meses 30 12 9 2 29 8
12 - 23 meses 52 24 12 3 42 13
24 - 35 meses 49 24 6 1 34 11
36 - 47 meses 51 27 3 O 29 6
48 - 59 meses 52 28 3 O 30 7
Nível de Instrução da Mãe
Nenhuma 50 25 7 1 34 11
Primário 45 22 6 1 30 8
Secundário e superior 33 15 5 1 20 5
6 1 31 8
Total 2001 45 22
Comparação
África sub-sariana 2001 40 10 29
17 ;.-
.1104~air
sâti:
• Alr 421r
siar
• V. •
. • •'• • •• • • • •
Amamentação
introduzidos cedo demais o que poderá
Indicadores trazer graves consequências tendo em conta
os maus hábitos alimentares, muitas vezes a
Proporção de amamentação exclusiva: pouca disponibilidade de alimentos e a
Proporção das crianças com menos de 4 meses que preparação pouco higiénica dos mesmos.
são exclusivamente amamentadas - 14% Com um mês de idade 42% das crianças
angolanas recebem água. O inquérito indica
Proporção de amamentação complementar: ainda que cerca de um quarto de todas as
Proporção de crianças com uma idade compreendida crianças com menos de um ano de idade
entre os 6 e os 9 meses que recebem leite materno e são alimentadas a biberão. Todos estes
factores aumentam a vulnerabilidade das
alimentação complementar - 77%
crianças a infecções colocando-as também
Proporção de amamentação continuada: em risco de entrar no ciclo vicioso da
malnutrição/infecção.
Proporção das crianças com uma idade com-
preendida entre os 12 - 25 meses e os 20 - 23 meses Os dois indicadores mais importantes em
que recebem leite materno para além de outros termos de amamentação (ou seja,
alimentos - 89% e 37% respectivamente amamentação exclusiva e amamentação
complementar entre os 20 e os 23 meses)
encontram-se, em Angola, muito abaixo da
média dos países da África sub-sariana,
MICS revela práticas pobres de
O
estimada em 2001 em 35% e 51%
amamentação por parte das respectivamente?. É somente no que respeita
mulheres angolanas. Com um ano à amamentação complementar, entre os 12
de idade, a grande maioria das crianças já e 15 meses de idade, que os níveis de
não são exclusivamente alimentadas com amamentação são adequados. Não se
leite materno. Para mais, cerca de dois registaram mudanças significativas nos
terços das crianças com uma idade padrões de amamentação desde o último
compreendida entre os 20 e os 23 meses de inquérito MICS levado a cabo em 1996. No
idade já não recebem qualquer leite materno. entanto, registam-se algumas pequenas
É recomendável, no entanto, que as crianças melhorias nas áreas da amamentação
sejam exclusivamente amamentadas até exclusiva e complementar, enquanto a
aos seis meses de idade'. A idade prática de amamentação continuada até aos
recomendada para a introdução de alimentos 20 — 23 meses se deteriorou.
complementares como um suplemento do
leite materno é os 6 meses de idade, se bem Apesar do risco de transmissão do HIV de
que, de uma maneira ideal, as crianças mãe para filho nas mulheres sero-positivas,
devem ainda continuar a ser amamentadas globalmente, os benefícios da amamentação
até aos dois anos de idade. para as crianças e as mães são conhecidos
e encontram-se bem documentados. Entre
Apesar de a maioria das mães angolanas dar os benefícios mais importantes 'para as
início à amamentação, a taxa de abandono é crianças nos países em vias de
muito elevada. Aos três meses de idade desenvolvimento contam-se a redução da
apenas 14% das crianças são incidência e severidade de episódios de
exclusivamente amamentadas com leite diarreia no primeiro ano de vida, um menor
materno. Alimentos sólidos e papas são risco de infecções respiratórias, melhorias
em termos do desenvolvimento neurológico,
O leite materno constitui uma fonte completa de nutrientes bem como uma melhor protecção contra um
número significativo de doenças crónicas
durante os primeiros seis meses de vida, satisfaz metade
durante a vida. As crianças que nunca foram
dos requisitos nutricionais durante os segundos seis meses amamentadas correm um maior risco de
de vida, bem como um terço destes requisitos no segundo morrerem devido a diarreia do que as
ano de vida. crianças que o foram'.
Apesar de sc.. ■ -. ,, i...:cioialmente recomendável a amamentação exclusiva até aos seis meses de idade, o MICS
analisa as práticas de amamentação até aos quatro meses de idade.
cf. State of the World's Children 2003. UNICEF.
Feachem, R. G. and Jamison, D. T., 1991.
No segundo ano de vida, o leite materno parto, em caso de amamentação exclusiva,
permanece uma fonte importante de cálcio, (Amenorreia Lactante). Um maior intervalo
gorduras, proteínas e vitamina A. A ausência entre os nascimentos traz, desta forma,
de amamentação sustentada e frequente benefícios tanto para a saúde da mãe como
constitui um factor de risco em termos de para a da criança. Este método contraceptivo
deficiência de vitamina A. As crianças é, no entanto, usado somente por 0.2% das
que continuam a ser amamentadas no mulheres angolanas com uma idade
seu segundo ano de vida têm uma compreendida entre os 15 e os 49 anos.
probabilidade 65% a 95% menor de
desenvolverem sintomas desta deficiência Quando se analisa a curva que caracteriza a
quando o leite materno tem um nível frequência da amamentação exclusiva por
suficiente de vitamina A° O MIOS revelou idade, nota-se que apesar da maioria das
ainda que a amamentação é interrompida de crianças começarem por ser amamentadas
forma precoce entre os 16 e os 19 meses de (96%) à nascença, a taxa de abandono da
idade. Com 20 — 23 meses apenas 37% das amamentação exclusiva é extremamente
crianças continuam a ser amamentadas o elevada no primeiro mês de vida, com
que poderá resultar na diminuição das apenas 17% das crianças dos O — 1 mês
reservas de vitamina A, o que é preocupante, exclusivamente alimentadas com leite
tendo em vista a baixa cobertura da materno. A amamentação exclusiva diminui
suplementação com vitamina A em Angola. drasticamente com a idade, com apenas 6%
das crianças com uma idade compreendida
A amamentação também traz uma série de entre os 4 e os 5 meses de idade
benefícios para as mães. Amamentar uma dependendo exclusivamente do leite
hora imediatamente após o parto previne as materno. É de notar ainda, que cerca de
hemorragias pós parto e promove a metade das crianças inquiridas com menos
involução uterina. As mães que amamentam de 4 meses de idade recebem fluídos
têm um menor risco de vir a ter diabetes, adicionais tais como água e outros líquidos e
osteoporose bem como cancros que 34% recebem também alimentos
reprodutivos. Para mais, a amamentação sólidos ou papas para além do leite materno
funciona como um método contraceptivo o que aumenta a sua susceptibilidade a
altamente eficaz até seis meses após o infecções.
18
16 -
14 -
E 12 -
a)
C»
10
a)
8-
a)
o_ 6
4-
2-
O
Oa1 2a3 4 a 5 6 a 7 8a9
área de residência das mães, rural ou amamentar por conveniência. Um outro factor
urbana, não tem uma influência que pode explicar estes resultados poderá ser
ignificativa nos padrões de ama- a maior disponibilidade de leite de substituição
mentação em Angola. Somente a alimentação nas áreas urbanas5 .
complementar e amamentação continuada nas
crianças dos 20 aos 23 meses registam uma A maior proporção de amamentação
taxa ligeiramente mais elevada nas crianças das exclusiva é praticada na Região Sul (32%) e
áreas rurais. Isto pode explicar-se parcialmente a mais baixa na Região Este (2%),
pelo facto das mulheres nas áreas urbanas Amamentação continuada (20 —23 meses) é
terem um melhor acesso ao mercado de mais praticada na Região Centro Sul (54%) e
trabalho, o que as pode levar a parar de menos praticada na Região Capital (18%).
o -Z
Capital North East West South Centre South
A implementação do Código Internacional de Marketing para os substitutos do leite materno está a ser estudada em
Angola.
com um baixo nível de instrução são as que forma a fazerem durar mais tempo uma
têm uma menor probabilidade de amamentar mesma quantidade de leite.
exclusivamente mas também as que
amamentam durante mais tempo. Este O uso de biberão é frequente em Angola mas
resultado reflecte provavelmente o facto de sobretudo na Região Sul onde cerca de
as mulheres com um nível de instrução mais metade das crianças com menos de um ano
baixo serem também socio-economicamente de idade foram alimentadas a biberão. É
mais vulneráveis e terem portanto um menor possível que nas províncias com fronteira com
acesso a leite de substituição. a Namíbia exista um melhor acesso tanto a
biberões como a substitutos do leite materno.
Mais crianças nas zonas urbanas do que nas
zonas rurais (29% contra 18%) são
Uso de Biberão alimentadas a biberão o que se pode explicar
devido a uma maior oferta de substitutos do
O uso de biberão é uma prática perigosa leite materno nas áreas urbanas, Por outro
tendo em conta que os requisitos em termos lado, as mulheres com níveis mais elevados
de higiene necessários para a sua de educação têm uma probabilidade mais
preparação segura se encontram muitas elevada de alimentar os seus filhos a biberão.
vezes ausentes em Angola. Para mais, uma Este padrão pode explicar-se pelo seu mais
criança alimentada a biberão poderá não elevado poder de compra bem como
receber todos os nutrientes normalmente possivelmente devido a melhores oportunidades
fornecidos pelo leite de substituição uma vez de emprego que as poderão levar a adoptar o
que as mães tendem a diluir o leite em pó de biberão por conveniência.
Sexo
Masculino 12 79 89 37
Feminino 15 76 90 37
Região
Capital 21 63 86 18
Norte 3 76 90 40
Este 2 78 89 33
Oeste 18 83 94 41
Sul 32 82 85 37
Centro Sul 18 79 91 54
Área de Residência
Urbana 14 75 89 35
Rural 13 83 89 43
Nível de Educação das Mães
Nenhum 11 78 88 43
Primário 15 78 91 37
Secundário e superior 19 70 86 21
Total 14 77 89 37
Comparação com a
África sub-sariana 2001 51
=
33 63
.
n.a.
Comparação
Total Angola 1996 12 70 90 48
•
deficiência de iodo continua a ser a
maior causa de danos cerebrais Indicador
Ap reveníveis e de atraso mental em
todo o mundo. Os Distúrbios de Deficiência
Consumo de sal iodado':
de lodo (DDIs) podem levar a uma maior taxa Proporção de agregados que consomem
de nados-mortos, anomalias congénitas, adequadamente sal iodado - 35%
cretinismo, defeitos psicomotores e
mortalidade néo-natal. Nas crianças e
adolescentes os efeitos manifestam-se
em Angola e 86% da produção de sal
através de bócio, hipotiroidismo, funções
iodizado. Em 2001, registaram-se tendências
mentais debilitadas, e desenvolvimento
similares a nível da produção de sal.
mental e físico retardado. Além disso, a
deficiência de iodo pode levar a uma
O critério usado para medir até que ponto a
reduzida capacidade de desempenho
prevenção de DDI é adequada é a proporção
escolar. A existência de DDIs mais ligeiros
de agregados familiares (> 90%) que
numa comunidade significa que muitas
consomem sal adequadamente iodado. O
crianças sem incapacidades visíveis podem
MIOS revela que 87% dos agregados
ser condenadas a sofrer de problemas de
familiares angolanos usam sal. De entre os
aprendizagem e a ter um fraco desempenho
agregados familiares que usam sal apenas
escolar.
35% consome sal adequadamente iodado,
havendo grandes disparidades regionais, de
A forma mais eficaz e mais eficiente em
11% na Região Oeste a 62% na Região Este.
termos de custo para prevenir os DDIs entre
Por outras palavras, a nível nacional, 65%
a população é garantir que o sal consumido
dos agregados familiares inquiridos consome
contenha iodo suficiente. Esta estratégia
sal que se iodado de forma adequada, poderia
possibilita atingir uma vasta maioria da
prevenir a ocorrência de deficiências de iodo.
população, uma vez que o sal é utilizado pela
O nível de consumo de sal iodado em Angola
maior parte dos agregados familiares.
situa-se portanto muito abaixo do consumo
Globalmente, o progresso com vista à
médio nos países da África sub-sariana,
eliminação de DDI através da iodização
estimado em 67% para o mesmo período'.
universal de sal parece ser um dos sucessos
mais significativos no campo das doenças
não transmissíveis. Angola adoptou, em
Agosto de 1996, a política de lodização
Universal de Sal como uma forma de
controlar os DDIs. O decreto do governo
sobre Distribuição Exclusiva de Sal Iodado,
aprovado no mesmo ano, recomenda que
todo o sal para consumo humano e animal
seja iodado.
O sal é considerado como adequadamente iodado quando contém pelo menos 15 partes de iodo por milhão.
cf. State of the Worlds Children 2003, UNICEF.
Registam-se algumas variações por área de encontrar sal adequadamente iodado é
residência. Os agregados familiares rurais ligeiramente superior entre as famílias mais
têm relativamente menos sal disponível. Para vulneráveis (34%) do que nas mais
os que o têm, a proporção de sal favorecidas (33%). Estas conclusões devem
adequadamente iodado é menor do que nas ser realçadas no sentido em que os preços
áreas urbanas. A disponibilidade de sal pode de mercado de sal iodado e não iodado
estar relacionada com uma reduzida variam, sendo o último menos caro. Esta
diversidade e distribuição de produtos e com situação reflecte provavelmente o facto de
uma fraca acessibilidade do mercado nas que uma proporção significativa dos
áreas rurais. indivíduos mais vulneráveis ter recebido um
pacote alimentar básico providenciado pelo
As conclusões do MICS realçam que os Programa Alimentar Mundial (PAM) que
grupos mais pobres são os que menos têm geralmente inclui sal iodado. Por outro lado,
probabilidade de conseguir obter sal, e assim estes resultados reflectem ainda a fraca
consumi-lo de forma regular. Isto constitui um disponibilidade do sal iodado em Angola e a
importante factor quando se visam falta de conhecimentos sobre os seus
programas de iodização de sal. Podem ser benefícios. Se existisse um mais elevado nível
necessárias estratégias alternativas e de informação sobre a importância do iodo no
adicionais em situações em que grupos em sal não seria de surpreender ver os membros
risco de DDI não compram sal iodado através dos agregados familiares mais abastados a
dos canais normais de comercialização. procurarem sal iodado mais caro.
Região Norte
46%
Acima de 50%
Região
Região Sul Centro Sul
33% 30%
Resultados de Teste
Percentagem Percentagem de Sal iodado de Sal
de agregados agregados em que forma não • adequadamente
sem sal o sal foi testado adequada iodado
Quintil Sócio-Económico
Primeiro 20 78 66 34
Segundo 16 82 66 35
Terceiro 14 84 60 40
Quarto 9 89 67 33
Quinto 5 93 68 33
Região
Capital 8 90 72 28
Norte 12 86 54 46
Este 20 78 38 62
Oeste 7 92 89 11
Sul 9 91 67 33
Centro Sul 19 74 70 30
Área de Residência
Urbana 11 86 64 36
Rural 15 83 67 33
Total 13 85 65 35
vitamina A é um micronutriente
essencial para o funcionamento Indicadores
An ormal do sistema visual, para o
desenvolvimento e manutenção da Crianças que recebem suplementos de vitamina A:
integridade celular epitelial, bem como para a percentagem de crianças dos 6-59 meses que
função de imunização e reprodução. A
receberam suplemento de vitamina A de dose elevada
Deficiência em Vitamina A (DVA) compromete
inicialmente a integridade das barreiras nos últimos 6 meses - 31%
epiteliais e do sistema imunológico,
Mães que recebem suplementos de vitamina A:
seguindo-se o enfraquecimento do sistema
visual e maior índice de infecção. percentagem de mães que receberam suplemento de
Consequentemente, existe um risco vitamina A de dose elevada antes de o bebé ter 8
acrescido de morte, especialmente nas semanas - 26%
crianças.
Gráfico 8.1: Percentagem das mães que receberam vitamina A de acordo com o
quintil sócio-económico dos agregados familiares
35
30
25
20
15
10
1° quintil 2° quintil 3' quintil 4° quintil 5" quintil
s resultados por Região sobre crianças A em doses elevadas, foi realizada em Agosto
ACC/SCN. 2000.
1
efectuou em Agosto, Setembro e Outubro de que recebem vitamina A através de JNV, cujo
2001. Esta situação aplica-se particularmente ao número aumenta com a idade. Esta situação
caso da Região Sul, que apresenta a cobertura pode estar relacionada com a distribuição de
más baixa e onde os agregados familiares foram vitamina A em serviços de vacinação de
inquiridos antes das JNV. rotina, que visam principalmente crianças
com menos de um ano de idade.
Uma tendência interessante é a redução do Consequentemente, à medida que a idade
número de crianças que recebem vitamina A da criança aumenta, o fornecimento do
em serviços clínicos de rotina à medida que suplemento é progressivamente mais
a sua idade aumenta, em comparação com as dependente das JNV.
6 —11 41 21 4 75
12- 23 50 12 7 80
24 — 35 54 11 5 84
36 — 47 54 10 3 86
48 — 59 52 9 4 87
Total 51 12 5 83
Quanto à administração de suplementos de a maior parte dos partos ocorre fora dos
vitamina A às mulheres, apenas 26% estabelecimentos de saúde ou sem
receberam vitamina A antes de o seu bebé ter assistência de pessoal qualificado.
oito semanas, não tendo havido nenhuma
variação significativa entre áreas de residência Integrar o suplemento de vitamina A em
rural e urbana. A amamentação é importante simultâneo com os serviços de vacinação de
para a situação de reserva de vitamina A das rotina e as JNV continua a funcionar como
crianças, razão pela qual fornecer vitamina A a um importante meio de distribuição.
novas mães que estejam a amamentar ajuda Contudo, uma vez que as causas da
a proteger o bebé durante os primeiros Deficiência de vitamina A são diversas (por
meses de vida. O MIOS revela que as mães exemplo factores causais imediatos podem
do quintil sócio-económico mais baixo são ser o baixo peso à nascença, a amamentação
aquelas que têm uma maior probabilidade de de curta duração e a amamentação não
apresentarem baixas reservas de vitamina A. É exclusiva nos primeiros seis meses) as
também entre estas mulheres que existe uma intervenções devem ser também direccionadas
menor cobertura de vitamina A. A assistência por outros canais. Por exemplo, as
durante o parto seguida de 'acompanhamento abordagens baseadas no fornecimento de
pós-parto, e/ou o lugar de realização do parto alimentação são as estratégias a longo prazo
são certamente factores que podem estar logicamente preferidas para melhorar a
relacionados com a baixa cobertura de situação das crianças e das mulheres em
vitamina A nas mulheres. De facto, em Angola, termos de vitamina A.
Tabela 8.2: Suplemento de vitamina A de dose elevada em crianças dos 6 aos 59
meses e mulheres dos 15 aos 49 anos
Quintil Sócio-Económico
Primeiro 26 19
Segundo 29 23
Terceiro 33 31
Quarto 29 28
Quinto 36 26
Sexo
Masculino 31 n.a. **
Feminino 31 n.a.
Região
Capital 51 34
Norte 37 30
Este 33 22
Oeste 24 24
Sul 9 31
Centro Sul 35 16
Área de Residência
31 26
Hu':1 30 25
Total 31 26
E
m Angola, a malária é de longe a áreas de residência e sexo, indicando que a
principal causa de mortalidade e malária afecta de forma quase idêntica as
morbidez nas crianças. Em 2000, o crianças de todos os segmentos da
Ministério da Saúde reportou que cerca de população angolana. A prevalência da febre
75% de todas as doenças e mortes associada à malária nas crianças permanece
registadas nos serviços nacionais de saúde também consideravelmente estável entre as
estavam associadas à malária'. A malária tem várias regiões (entre 21% e 27%) à excepção
também um efeito significativo em termos da da Região Oeste onde a prevalência se situa
produtividade económica e do rendimento nos 35%, ou seja, 40% acima da média
dos agregados familiares. De facto, a doença nacional. Considerando que o inquérito foi
é a principal causa de ausências na escola e implementado durante um período de seis
no trabalho. De acordo com o Programa meses, este resultado indica provavelmente
Nacional da Malária cada Angolano tem em uma distorção sazonal.
cf. Sistema das Nações Unidas em Angola, 2002, "Angola: os Desafios do Pós-Guerra" . Tendo em conta o estado
precário do sistema de informação sobre a saúde em Angola, estes dados só deverão ser considerados como indicativos
do peso determinante da malária em termos da mortalidade e da morbidez nas crianças.
2No quadro da estratégia da redução da incidência da malária, o Programa Nacional de Controle da Malária lançou com
o apoio do UNICEF em 1998 um projecto para promover o uso de redes mosquiteiras tratadas. No princípio de 2003 o
projecto operava em 14 capitais provinciais e tinha sido distribuído um total de meio milhão de redes a preços subsidiados
e criadas 47 unidades de tratamento de redes mosquiteiras com insecticida.
A prevalência da febre por grupo etário indica valor mais baixo na faixa etária dos 48 aos 59
o mesmo padrão observado para a meses. O acréscimo de vulnerabilidade nas
prevalência da diarreia. Sendo assim, a crianças com uma idade compreendida entre
prevalência da malária atinge um valor mais os seis e os onze meses reflecte o seu estado
elevado entre as crianças com uma idade imunológico, uma vez que os anticorpos
compreendida entre os seis e os onze meses fornecidos pela mãe deixam de ser suficientes
e declina depois gradualmente até atingir o para proteger a criança a partir desta idade.
40
30
20
10
Menos de 6 6-11 meses 12-23 meses 34-35 meses 36-37 meses 48-59 meses
meses
Este resultado merece ser salientado pois apesar de serem distribuídas a um preço subsidiado muito baixo as redes
mosquiteiras fornecidas no quadro da iniciativa "Fazer Recuar o Paludismo" não deixam no entanto, de serem vendidas.
A maior percentagem da população que utiliza crianças dormem sob uma rede tratada. O
redes (tratadas ou não com insecticida) maior uso de redes tratadas no Norte poderá
encontra-se na Região Capital (23%), um estar relacionado com o facto da iniciativa para
resultado que reflecte a maior disponibilidade a redução da incidência da malária ter sido
de redes mosquiteiras na capital do país, lançada em 2000 nas Províncias do Norte do
Luanda. Em todas as outras regiões o uso de país e em Luanda e só em 2002 se ter
redes mosquiteiras não tratadas varia entre 4% expandido para Sul. Se não existem variações
no Centro Sul e 14% na Região Oeste. Não é significativas no uso de redes mosquiteiras
no entanto na Região Capital que se regista não tratadas entre zonas urbanas e rurais (11%
um maior uso de redes mosquiteiras tratadas, contra 9%) o uso de redes tratadas é muito
mas sim na Região Norte onde 51% das mais pronunciado nas áreas urbanas.
Gráfico 9.2: Percentagem das crianças com menos de cinco anos de idade e que
usam redes mosquiteiras (tratadas ou não) por quintil sócio-económico
20
15-"/
10
1° quintil 2° quintil 3° quintil 4° quintil 5° quintil
;:~~ <~;
Como no que diz respeito à prevalência da
Indicadores febre associada à malária, o MICS avalia a
prevalência da diarreia nas crianças nas duas
Prevalência da Diarreia: Proporção das crianças semanas prévias ao inquérito. Estima-se que
com uma idade compreendida entre os O e os 59 as crianças tiveram diarreia se nas duas
meses que tiveram diarreia nas últimas duas semanas precedentes, tiverem tido três ou
semanas - 23% mais evacuações líquidas por dia. O inquérito
revela uma prevalência elevada de diarreia,
Tratamento das diarreias em casa: Proporção das com 23% das crianças com menos de cinco
crianças com uma idade compreendida entre os O e anos tendo sofrido de diarreia nas duas
os 59 meses que tiveram diarreia nas duas últimas semanas anteriores ao inquérito.
E
m Angola, as doenças diarreicas residência), o que revela que a diarreia afecta
constituem uma das causas mais de forma semelhante todas as crianças
importantes de mortalidade nas angolanas. Da mesma forma que a febre tida
crianças'. A diarreia causada por germes, como um sinal de malária, a prevalência de
especialmente germes provenientes das diarreia aumenta com a idade da criança,
fezes, podem causar a morte das crianças atingindo os valores mais elevados para as
devido à malnutrição e desidratação: as crianças com idades compreendidas entre
crianças têm uma maior probabilidade de os 6 e os 11 meses (44%), idade a partir
morrerem de doenças diarreicas do que os da qual a prevalência da diarreia começa a
adultos uma vez que se tornam desidratadas diminuir. Isto reflecte o facto das crianças
mais depressa. A elevada taxa de doenças angolanas deixarem de ser exclusivamente
diarreicas verificada em Angola reflecte más amamentadas aos seis meses de
práticas de higiene, tais como o tratamento idade e começarem a receber alimentos
inadequado dado às fezes, a ausência de suplementares. É também a partir desta idade
água segura para beber, bem como práticas que as crianças começam, por razões que se
inadequadas de amamentação das prendem com o seu desenvolvimento, a estar
crianças. mais em contacto com patogenes.
50
44%
45
40
35 34%
30
25 24%
19%
20
15
10
14%
• 12%
Menos de 6-11 meses 12-23 meses 24-35 meses 36-47 meses 48-59 meses
meses
'a rrama
0
oen as
Apesar de não existirem dados fiáveis sobre as principais causas da mortalidade das crianças em Angola, os dados do
Ministério da Saúde mostram que das causas da mortalidade registadas nos serviços nacionais de saúde em 2000, a
malária era de longe a maior causa de mortalidade entre as crianças (76%) seguindo-se as infecções respiratórias agudas
(7%) e as doenças diarreicas (7%).
s
Uma vez que uma das principais causas de suplementares dados às crianças com
morte das crianças que contraem diarreia é diarreia, o mais frequentemente utilizado é
a desidratação, assim que esta começa, é água. Num contexto em que a água utilizada
essencial que a criança receba fluídos é raramente adequada para beber, é também
extras para além dos alimentos e fluídos que necessário cons. iderar a proporção muito
recebe regularmente. Apesar da maioria das baixa da população que trata a água para
crianças (98%) terem recebido fluídos, beber (19%) como um factor com uma
definidos como aceitáveis durante a importante influência nos elevados níveis de
diarreia', o MIOS indica que as práticas mais diarreia registados. O uso de Sais de
comuns de cuidar das crianças com diarreia Rehidratação Oral (SRO) é limitado, tendo
são de uma forma geral deficientes, sendo estes sido administrados a apenas 40% das
que a apenas 14% tinham sido dados crianças. As crianças dos agregados
fluídos adicionais. Para mais, somente 7% familiares menos vulneráveis têm uma
das crianças angolanas com diarreia probabilidade duas vezes maior de terem
continuaram a ser alimentadas normalmente recebido SRO (50%) do que as crianças dos
e receberam líquidos adicionais. Existe uma agregados familiares mais vulneráveis (24%).
tendência para uma melhor gestão da Observa-se o mesmo padrão em relação ao
doença nas populações menos vulneráveis, nível de educação das mães. O leite
urbanas e educadas. O inquérito revela ainda materno, conhecido por reduzir a severidade
que as crianças mais velhas tendem a e frequência da diarreia, é dado apenas a
receber cuidados mais adequados do que metade das crianças com diarreia (51%).
as crianças mais novas. Enquanto apenas Uma vez que o inquérito não mede a
4% das crianças com menos de 6 meses severidade dos episódios de diarreia nas
receberam cuidados adequados em casa, crianças, estes resultados deverão ser
esta percentagem aumenta para 11% nas considerados indicativos do estado geral de
crianças com 3 anos. saúde das crianças bem como das medidas
tomadas pelos seus encarregados durante
No que diz respeito aos líquidos os episódios de diarreia.
2 São definidos como fluídos aceitáveis; Sais de Rehidratação Oral, leite materno, leite de substituição ou papas para
chança, água e outros fluídos aceitáveis administrados em casa.
ais de metade das doenças e
Aprovada pelo parlamento a 21 de Junho de 2002, a nova lei da água veio estabelecer os princípios orientadores que
guiam a administração e o uso dos recursos hidráulicos em Angola. De entre alguns dos elementos específicos da lei
destacam-se a promoção activa da oarticipação do sector privaoo na gestão do abastecimento da água. A Lei da Água
também define que o quadro geral do desenvolvimento e utilização dos recursos hidráulicos sejam desenvolvidos com a
participação das comunidades e prevê a criação de associações voluntárias de consumidores que estipulam que é da
responsabilidade do estado promover a participação destas associações em assuntos relaeonados com a utilização
racional dos recursos hidráulicos.
Nota
Durante a guerra, os movimentos de A destruição desproporcional da infra-
população massivos em direcção às estrutura da água e saneamento nas áreas
áreas urbanas e peri-urbanas foram fora do controle governamental bem como a
acompanhados por esforços significativos concentração dos esforços de reabilitação
por parte da comunidade humanitária pela comunidade humanitária nas áreas
para dotar a população deslocada, bem urbanas e peri-urbanas contribuiu para criar
como a população residente concentrada discrepâncias significativas entre as taxas de
nestas áreas, com um acesso à água e cobertura nas áreas rurais e urbanas. Os
saneamento adequados. O resultado resultados do MIOS ilustram estas
destes esforços encontra-se reflectido discrepâncias e mostram que nas áreas
nos resultados de cobertura de água e rurais apenas 40% da população tem
saneamento do MIOS. A população acesso a fontes de água protegidas e que
inacessível na altura do inquérito não 25% utilizam meios sanitários para
beneficiou de qualquer intervenção na tratamento das fezes (comparado com 71%
área da água e do saneamento. As e 74% respectivamente nas áreas urbanas).
avaliações rápidas das necessidades A situação nas áreas rurais é, no entanto,
críticas levadas a cabo pelo governo em considerada muito pior pelo Ministério da
2002, nas áreas anteriormente Energia e Água, que no seu relatório de
inacessíveis revelaram que a vasta maioria 2002, sobre a situação nacional da
da população nestas áreas não teve cobertura da água e saneamento, indicou
acesso a água segura para beber nem a que o abastecimento de água e
meios sanitários adequados para saneamento adequado era apenas de 15%
tratamento das fezes. e 20% respectivamente.
A
pesar do MIOS indicar se a maioria da protegidos, nascentes protegidas ou água
água consumida pelos agregados da chuva.
familiares é ou não extraída de uma
fonte segura, não revela, em última análise se A origem da água consumida é muito variável
esta água pode ser consumida em de acordo com a área de residência dos
segurança. É particularmente importante ter agregados familiares. Enquanto nas áreas
este facto em atenção quando se analisam urbanas a fonte mais importante de água
os resultados do MICS2 . Cerca de 40% dos para beber é a água canalizada (42%) , nas
Angolanos bebem água extraída de uma áreas rurais a fonte mais importante são os
fonte não segura (21% consumem água lagos, rios e ribeiros (42%). A proporção
extraída de lagos, rios ou ribeiros e 17% água significativa de agregados familiares que
extraída de outras fontes não protegidas). No usam água extraída de uma fonte segura a
que diz respeito ao uso de água extraída de nível nacional (62%) reflecte, sem dúvida, o
fontes seguras, 33% dos Angolanos usam rápido processo de urbanização, com um
água canalizada (directamente nas número crescente de Angolanos residentes
habitações, torneira de vizinho, chafariz) em áreas urbanas com um melhor acesso as
• ua, Sa nea m ento e Hig ien -
enquanto 29% usam água extraída de outras fontes de água seguras. O inquérito não
fontes seguras tais como furos, poços analisa no entanto a qualidade desta água.
O indicador
indicador recomendado internacionalmente para acompanhar os progressos feitos para alcançar o acesso universal a
água segura é "uso de água segura para beber". Este indicador constata apenas se a fonte de água utilizada pelos
agregados familiares é protegida, e não se debruça sobre a pureza da água. O MICS não pode portanto indicar, se a água
utilizada pelos agregados familiares angolanos é em última análise, segura para beber.
Tabela 11.1: Principais fontes de água para consumo doméstico (%), Angola, 2001
Regiões
Capital 57 6 16 21 63
Norte 13 56 17 14 69
Este 21 19 43 17 40
Oeste 57 9 18 15 67
Sul 35 25 19 21 60
Centro Sul 19 54 12 14 74
Áreas de
residência
Urbana 42 29 12 17 71
Rural 13 27 42 18 40
Total 33 29 21 17 62
outro água
fonte ou poço não 5%
protegidos canalizada
7% 11%
torneira pública
ou de um vizinho
31%
furo, poço ou
fonte protegida
29% camião cisterna
5%
•
Os agregados rurais inquiridos têm uma
probabilidade três vezes maior de se
abastecerem de água em lagos, rios ou
ribeiros do que os agregados urbanos. Estes
agregados têm ainda uma probabilidade duas
vezes maior de obter água de um poço não
protegido. O acesso à água canalizada é
limitado sendo que os agregados rurais
inquiridos têm uma probabilidade trinta vezes
menor de ter acesso directo a água canalizada
na habitação, uma probabilidade oito vezes e
meia menor de ter acesso a água canalizada
em quintal próprio e trinta e cinco vezes menos
probabilidade de ter acesso a uma torneira de
uma habitação vizinha. A única fonte
significativa de água canalizada nas zonas
rurais são os chafarizes públicos, dando
acesso a água a apenas 12% dos agregados.
levada a cabo por mulheres e raparigas. Em
79% dos casos são as mulheres e raparigas
Tratamento dado à água entre os 12 e os 17 anos que se encarregam
atar a água antes de a beber é um de obter a água para consumo do agregado
passo fundamental para prevenir familiar. A falta de acesso a fontes
doenças transmissíveis através da apropriadas tem portanto um muito maior
água. Os resultados do MIOS indicam que impacto em termos da carga de trabalho das
somente 19% da população trata a água antes mulheres e raparigas. Este padrão observa-
de a consumir, com importantes variações por se tanto nas áreas rurais como nas áreas
área de residência e Região. A Região onde o urbanas e em todas as Regiões. A proporção
tratamento da água é o menos praticado é a de mulheres e raparigas que se encarregam
Região Este (9%), sendo que é na Região do abastecimento da água varia a nível
Capital onde o tratamento da água para beber regional entre 73% na Região Capital e 85%
é mais praticado (29%). É preocupante na Região Oeste. As mulheres fazem este
constatar que a Região Este é também aquela trabalho 13 vezes mais do que os homens,
com o prior acesso à água extraída de fontes sendo que as raparigas têm ainda 3 vezes
adequadas. Por outro lado, a proporção de mais probabilidade de se encarregarem
agregados familiares inquiridos que tratam desta tarefa do que os homens ou rapazes
água encontra-se acima da média na Região da mesma idade.
Sul e Capital ligeiramente abaixo da média nas
Regiões Norte, Oeste e Centro Sul. É ainda de O MIOS mediu a distância a que encontra a
notar que os agregados familiares urbanos fonte de água apropriada mais próxima dos
tratam a água mais frequentemente, três vezes agregados familiares inquiridos. Os
mais do que nas áreas rurais. resultados do inquérito indicam que uma
proporção importante das mulheres e
A grande maioria dos agregados familiares
raparigas que se encarregam do
inquiridos que tratam a água antes de a
abastecimento de água devem caminhar
consumir fazem-no fervendo a água (72%).
distâncias consideráveis até à fonte de água
Este método é três vezes mais popular do que
mais próxima. É importante mencionar que
o seguinte (o uso de lixívia utilizada por 22%
quando as mulheres ou raparigas atingem a
dos agregados). O uso de cloro permaneceu
fonte de água deverão ainda fazer o caminho
limitado (6%) a nível nacional.
•ua, Sa nea mento e Hi• ie n -
o
abastecimento de água quilómetro deve entender-se que os
s resultados do MIOS revelam que a membros deste agregado familiar percorrem
tarefa de obter água para cozinhar, uma distância de 1 a 2 quilómetros para se
beber ou limpar é quase sempre abastecerem de água.
Globalmente 16% dos agregados percorrem da população rural deve caminhar mais de
mais de um quilómetro para se abastecerem um quilómetro para obter água.
de água, 31 % percorrerem entre 200 metros Significativamente mais de 1 em cada 10
a 1 quilómetro e 53% menos de 200 metros. agregados urbanos obtêm água de uma
A distância percorrida pelos agregados fonte situada a mais de 2 quilómetros de
familiares confirma a tendência segundo a distância. O acesso a fontes de água
qual as zonas rurais se encontram em piores protegidas é particularmente precário no Este
condições em termos de acesso a fontes onde um terço dos agregados se abastece
adequadas de água. Enquanto a maioria dos em fontes situadas a mais de 1 quilómetro de
pontos apropriados de abastecimento de distância. A Região Capital é a Região em
água se situam a menos de 100 metros das que os agregados familiares inquiridos
habitações nas zonas urbanas (58%) a beneficiam de um melhor acesso (65% dos
maioria das fontes apropriadas de água nas agregados familiares têm acesso a uma fonte
zonas rurais (60%) situam-se a mais de 100 protegida a menos de . 100 metros da
metros das residências. Cerca de um quarto habitação), seguindo-se a "Região Sul.
Gráfico 11.2: Distância a que se situa Gráfico 11.3: Distância a que se situa
a fonte de água dos domicílios nas a fonte de água dos domicílios nas
zonas rurais zonas urbanas
entre 500
metros e 1km mais de 1km
8% 11%
entre 500
metros e
1km menos de
entre 100 13% 100 metros
e 500 41%
metros
29%
menos de
100 metros
58%
entre 100
mais de 1 km e 500
5% metros
35%
Meios sanitários
de tratamento das fezes
outros
1%
sistema de esgoto
14%
fossa séptica
8%
ar livr(
39°
latrina com
• • u a, Sa neamento e Hi• ien -
descarga manual
8%
latrina seca
30%
Infecçc
No total, 58% das crianças com IRA foram
Indicadores tratadas num serviço de saúde apropriado.
Cerca de metade destas crianças (28%)
Prevalência de infecções respiratórias agudas (IRA): receberam tratamento num hospital e a outra
Proporção das crianças com idades compreendidas metade num centro ou posto de saúde
entre os O e os 59 meses que sofreram de infecções (28%). Existem variações importantes por
respiratórias agudas nas últimas duas semanas - 8% quintil sócio-económico sendo que as
crianças mais vulneráveis têm uma
Procura de cuidados de saúde adequados para IRA: probabilidade duas vezes menor de serem
vistas por um profissional de saúde
Proporção das crianças com uma idade compreendida
qualificado do que as menos vulneráveis.
entre os O e os 59 meses que sofreram de IRA e que
Os agregados familiares mais favorecidos
foram levadas a um centro de saúde apropriado - 58% têm uma maior tendência para se dirigirem
aos hospitais (34%) do que os socio-
economicamente mais vulneráveis (18%). É
de notar que é a partir do quinto quintil
al como para as doenças diarreicas, sócio-económico que os centros e postos
as infecções respiratórias agudas (IRA) de saúde são mais frequentados, para
sobressaem como uma das mais os agregados familiares dos restantes
importantes causas de mortalidade das quintis as variações são limitadas. Estes
crianças angolanas'. Uma criança que resultados indicam que as condições sócio-
respira rapidamente ou com dificuldade económicas têm uma influência fundamental
poderá ter pneumonia, uma doença grave e em termos da probabilidade das crianças
que requer tratamento imediato. No inquérito,
foram consideradas IRA todas as situações
em que as crianças sofreram nas duas
semanas anteriores à entrevista de tosse
acompanhada de respiração difícil com ou
sem constipações. O MICS indica que 8%
das crianças com menos de cinco anos de
idade sofreram de tais doenças num período
de duas semanas anterior ao inquérito. Para
mais, uma proporção importante das
crianças (42%) com sinais de IRA não foram
vistas por um técnico ou num serviço de
saúde apropriado3 .
Apesar de não exitirem dados fiáveis sobre as principais causas da mortalidade das crianças em Angola, dados do
MinIstériq da Saúde mostram que as causas da mortalidade registadas nos serviçoS nacionais de saúde em 2000 a
malária era de longe a maior causa de mortalidade entre as crianças (76%) seguindo-se as infecções respiratórias agudas
(7%) e as doenças diarreicas (7%).
2 De uma forma semelhante à febre associada à malária e às doenças diarreicas, os resultados do MIOS sobre IRA deverão
ser analisados com precaução e somente como uma indicação do estado geral de saúde das crianças e das medidas
tomadas pelos agregados familiares para tratar as infecções. Na realidade, o diagnóstico inicial é feito pelos encarregados da
criança e está portanto sujeito às suas interpretações. Por outro lado, o inquérito não mede a severidade das infecções.
Inclui as crianças tratadas por técnicos de saúde qualificados em hospitais, centros de saúde e dispensários.
serem vistas por um técnico de saúde frequentarem os centros de saúde pode
qualificado. Também revelam a dimensão da ainda estar associada a uma concentração
vulnerabilidade da vasta maioria da de agregados mais favorecidos nos centros
população. Esta maior tendência dos urbanos, onde o acesso aos serviços de
agregados familiares menos vulneráveis para saúde é melhor.
Gráfico 12.1: Proporção de crianças dos O aos 59 meses de idade com IRA
observadas em postos ou centros de saúde, por quintil sócio-económico
50
40 -•"/
30
20
10
Cuidados pré-natais
D
e acordo com o MIOS, 66% das
mulheres recebem cuidados pré-
natais prestados por pessoal
capacitado, 16% por Parteiras Tradicionais
(PTs)', sendo que 19% não recebem nenhum
tipo de cuidado. Entre o pessoal capacitado
que presta assistência, a grande maioria é
constituída por enfermeiros e parteiras (74%),
seguindo-se os médicos (18%) e parteiras
auxiliares (8%). Verificam-se grandes variações
na cobertura consoante as áreas de
residência, Regiões, quintil sócio-económico e
nível de instrução. A nível nacional, a situação
é semelhante à verificada em 1996, altura em
1 Facts for Life: O MICS recolheu dados sobre a proporção de mulheres assistidas pelo menos uma vez durante a
gravidez. É no entanto recomendável que as mulheres sejam assistidas, por pessoal médico qualificado, pelo menos
quatro vezes durante cada gravidez.
2 Pessoal de saúde capacitado inclui médicos, enfermeiros e parteiras; não inclui parteiras tradicionais,
independentemente do facto de estas terem ou não recebido formação.
'Apesar de não existirem estimativas fidedignas da mortalidade materna em Angola, em 2001 o Ministério da Saúde
estimou a taxa de mortalidade materna em 1,500 por 100,000.
As PTs são consideradas pessoal não capacitado, uma vez que o MIOS não identifica se as PTs foram ou não
formadas, nem determina a qualidade da formação proporcionada.
que, segundo o MICS, 64% das mulheres cobertura pré-natal (cerca do dobro).
recebia cuidados pré-natais. Contudo, a Independentemente do grau de instrução ou
cobertura diminuiu nas áreas urbanas de 80% de bem estar sócio-económico são os
em 1996 para 71% em 2001, reflectindo enfermeiros ou as parteiras que atendem a
maiores dificuldades para as mulheres no maior parte das mulheres. O que diferencia as
acesso aos serviços de saúde, nas áreas mulheres menos vulneráveis do ponto de vista
urbanas. sócio-económico das restantes mulheres
entrevistadas é que, depois de terem sido
O inquérito revela ainda grandes disparidades atendidas por um enfermeiro ou parteira,
entre as mulheres em termos tanto de acesso muitas delas fazem consultas pré-natais com
como de capacidade para pagar serviços de médicos, enquanto as mulheres sem instrução
saúde. Quanto mais elevado é o nível de e as provenientes dos quatro quintis mais
instrução e de bem-estar, maior é a taxa de baixos são vistas por parteiras tradicionais.
Gráfico 13.1: Tipo de pessoal de saúde que presta cuidados pré-natais por
quintil sócio-econónico
70
60
50
40
30
20
10
Enfermeira/ PTs Médico Auxiliar Sem assitência
parteira
• 1° quintil 5 ° quintil
A proporção de mulheres que é vista por PTs são também muito mais utilizadas nas áreas
reduz-se na proporção inversa do bem-estar rurais (23%) do que nas urbanas (13%). A
sócio-económico e nível de instrução das percentagem de pessoal não qualificado que
mulheres. As mulheres mais vulneráveis assiste mulheres grávidas varia ainda
usam dez vezes mais PTs durante a consulta significativamente por Região, de 29% na
pré-natal do que as mulheres socio- Região Oeste, para 20% no Norte e 7% no
economicamente menos vulneráveis. As PTs Sul.
:€rrr r i
Gráfico 13.2: Proporção das mulheres que recebem cuidados pré-natais por
parte de parteiras tradicionais segundo o quintil sócio-econónico
30
25
20
15
10
1 1
1° quintil 2° quintil 3° quintil 4° quintil 5° quintil
Nas áreas rurais, apenas metade das mulheres Regiões (76%), sendo a mais baixa no
são assistidas pelo menos uma vez durante a Centro Sul (59%). À semelhança do que se
gravidez, em comparação com os mais de dois verifica a nível nacional, as enfermeiras-
terços que recebe assistência nas áreas parteiras são as pessoas que proporcionam
urbanas. De uma maneira geral, as mulheres a maior parte dos cuidados pré-natais em
em áreas rurais ou não recebem cuidados pré- todas as Regiões do país. Contudo, as
natais (24%), ou tais cuidados são Regiões da Capital, Oeste e Sul destacam-
proporcionados por pessoal menos qualificado. se pois, contrariamente às outras Regiões, a
pessoa mais procurada depois da
A cobertura pré-natal também varia de enfermeira-parteira é o médico. Nas
acordo com as Regiões do país. O Sul tem restantes Regiões, a segunda pessoa a
uma maior cobertura do que as outras quem mais se recorre é a PT.
Tabela 13.1: Percentagem de mulheres dos 15 aos 49 anos cujos partos no último ano foram
assistidos por tipo de pessoal que prestou os cuidados pré-natais, Angola, 2001
Quintil Sócio-Económico
Primeiro 10 35 3 29 24 47
Segundo 12 43 6 22 17 61
Terceiro 10 43 6 18 23 59
Quarto 10 55 6 11 18 71
Quinto 18 64 5 3 11 86
Região
Capital 12 51 8 9 20 71
Norte 12 48 9 20 12 69
Este 14 39 2 29 15 56
Oeste 17 50 2 15 17 69
Sul 13 58 4 7 17 76
Centro Sul 3 50 6 10 31 59
Área de Residência
Urbana 14 52 5 13 16 71
Rural 7 41 5 23
u i .a dos Materno
24 53
Nível de instrução
Nenhum 7 36 6 26 24 49
Primário 12 54 5 12 17 72
Secundário e superior 23 63 3 3 9 89
Total 12 49 5 16 19 66
Cuidados durante o parto pais ou amigos (55%), a que se seguiram
enfermeiros/parteiras/auxiliares (21%) e PTs
MIOS revela um quadro completa- (12%), em 2001 a maior parte foi assistida
Tabela 13.2: Tipo de pessoal que assiste o parto: comparação entre 1996 e 2001 em áreas urbanas
Enfermeiro/ Nenhuma
Médico Parteira/Auxiliar PTs Pais/Amigos assistência Outro
1996 3 32 8 49 7 1
2001 7 45 20 23 2 2
Estes resultados apontam para uma maior 2001, enquanto o número de partos
consciência e uma mudança positiva de assistidos por pessoal qualificado aumentou
comportamento entre as mulheres, que apenas em 40% durante o mesmo período.
progressivamente parecem procurar mais Em áreas rurais, apenas 25% das mulheres
assistência para o parto fora do círculo foram assistidas durante o parto. Este valor é
familiar. Os resultados mostram ainda um duas vezes menor ao registado nas áreas
aumento significativo na procura de serviços urbanas, e reflecte uma maior falta de
de saúde, associado a uma rápida conhecimentos bem como de acesso a
urbanização. Finalmente, estas conclusões serviços de saúde. Embora os enfermeiros ou
revelam que o aumento da procura não as parteiras assistam mais frequentemente a
correspondeu a uma oferta de serviços de partos nas áreas urbanas, nas zonas rurais
saúde apropriados. Por exemplo, o número são as PTs que mais frequentemente
de partos assistidos por PTs em zonas prestam assistência às mulheres durante o
urbanas aumentou em 150% entre 1996 e parto. A importância de amigos ou parentes
nos cuidados durante o parto está também
longe de ser insignificante nas áreas rurais,
onde eles assistem um quarto do total dos
partos realizados. Embora a pesquisa não
permita conhecer o local de parto, pode
partir-se do princípio que os partos assistidos
por parentes ou amigos, bem como os que
não receberam nenhuma assistência e os
assistidos por parteiras tradicionais se
realizaram em casa. Isto poderá significar que
a maioria das mulheres em Angola ainda dá
à luz em casa. De facto, o MIOS de 1996
indicou que 83% dos partos ainda ocorriam
em casa.
Gráfico 13.3: Tipo de pessoal que assiste as mulheres durante o parto segundo
o nível de instrução das mulheres
70
60
50
40
30
20
10
A análise da assistência durante o parto por média nacional, Nesta Região, quase uma em
Regiões reflecte a disponibilidade geral de cada dez mulheres nunca recebeu assistência
serviços de saúde em Angola. A cobertura mais durante o parto. Merece destaque a
elevada de cuidados durante o parto encontra- percentagem relativamente elevada de
se nas Regiões Capital e Oeste, registando-se mulheres que não recebe nenhuma assistência
a mais baixa na Região Este. A cobertura é na Região Capital, onde esta é bastante
similar à média nacional nas Regiões Norte, Sul. superior à média nacional. O MIOS indica que
O recurso a médicos na Região Capital é duas uma grande parte de mulheres na Região
vezes superior à média nacional. Nesta zona, • Capital (mais de um terço) tem os seus partos
os cuidados durante o parto são assistidos por parentes/amigos, ou não recebe
essencialmente proporcionados por nenhuma assistência. Apenas na Região Este a
enfermeiros e parteiras, e parentes ou amigos. maior parte dos partos são assistidos por
Nas Regiões Norte, Oeste, Centro Sul e Sul, os parteiras tradicionais. Paradoxalmente, na
enfermeiros ou as parteiras assistem mais Região Este os amigos ou parentes assistem a
frequentemente os partos, embora no Sul a menos partos e é ali também o segundo mais
assistência de parentes ou amigos represente baixo índice de partos não assistidos.
muito mais do que um terço dos partos.
A grande maioria dos cuidados maternos é
A maior percentagem de mulheres que não proporcionada por profissionais de nível
recebem nenhuma assistência verifica-se na médio e básico. Tomando em consideração
Região Centro Sul, onde é três vezes superior à os elevados níveis de mortalidade materna
Este padrão encontra-se relacionado com o facto de no MIOS as mulheres com educação secundária ou superior
pertencerem na sua maioria ao segmento mais favorecido da população (ou seja, ao quinto quintil sócio-económico).
existentes, durante a gravidez, o parto e o de formação para pessoal de nível médio e
período pós-parto, os dados sobre cuidados básico, de forma a manterem-se níveis
maternos sugerem a importância de acções aceitáveis de serviços maternos.
Tabela 13.3: Percentagem de mulheres de 15 a 49 anos que deram à luz no último ano por tipo de
pessoal que assistiu ao parto, Angola, 2001
Quintil
Sócio-Económico
Primeiro 3 16 4 41 29 3 4 23
Segundo 4 25 8 32 27 3 2 36
Terceiro 3 25 9 32 26 3 2 37
Quarto 7 39 8 20 23 2 2 54
Quinto 11 53 6 9 17 2 2 67
Região
Capital 10 32 8 10 30 5 5 50
Norte 3 31 12 28 23 2 2 46
Este 4 29 4 50 11 O 1 37
Oeste 9 35 5 26 24 O 1 49
Sul 7 37 3 12 35 3 4 47
Centro sul 3 32 9 20 26 9 2 43
Área de Residência
Urbana 7 38 7 20 23 2 2 53
Rural 1 19 6 40 26 5 4 25
Nível de instrução
Nenhum 3 19 7 35 30 4 2 29
~os ' aterno
Primário 6 35 7 24 23 2 2 48
Secundário e superior 12 63 6 3 10 4 2 82
Angola 6 32 7 26 24 3 2 45
S
ete das principais doenças infantis poliomielite, uma dose de vacina BCG
podem ser prevenidas através de protege a criança da tuberculose (TB), uma
vacina. Três doses de vacina DPT dose da vacina contra o sarampo protege-a
protegem a criança da difteria, tosse do sarampo e uma dose de vacina da febre
convulsa e tétano; três ou mais doses de amarela protege a criança contra a febre
vacina contra a pólio protegem a criança da amarela.'
Indicadores
Cobertura da vacina contra a TB: Proporção de crianças com um ano vacinadas contra a
tuberculose - 69%
Cobertura da vacina contra a pólio: Proporção de crianças com um ano vacinadas contra a
poliomielite (Polio 3) - 63%
Cobertura da vacina contra o sarampo: Proporção de crianças com um ano vacinadas contra
o sarampo - 53%
Cobertura da vacina contra a DPT: Proporção de crianças com um ano vacinadas contra a
difteria, tosse convulsa e tétano (DPT3) - 34%
Crianças totalmente vacinadas: Proporção de crianças com um ano vacinadas contra a DPT,
pólio, sarampo e tuberculose - 27%
De uma maneira geral, o MIOS indica que É apenas em relação à vacinação contra a
apenas 27% das crianças com um ano de pólio que Angola está a ter uma actuação
idade estão totalmente vacinadas contra seis significativamente boa em comparação com
destas sete doenças preveníveis 3 , havendo os restantes países da África sub-sariana.
menos crianças vacinadas contra a DPT Este desempenho positivo deve-se aos
(34%) e mais contra a tuberculose (69%). grandes esforços mobilizados pelo PAV para
Estes valores colocam Angola entre os 10 erradicar a poliomielite em Angola, através
países do mundo com a mais baixa da implementação das Jornadas Nacionais
cobertura vacinai, muito abaixo da média da de Vacinação (JNV). Estas campanhas
África sub-sariana, estimada em 46% em nacionais têm sido realizadas repetidas
2001 3 . vezes em todo o país desde 1996. Como
100Y
/
80 ✓
60
40
20
• 1° quintil 5° quintil
O nível de instrução das mães é o factor que mais privilegiados, a cobertura vacinai contra
mais influência o facto de uma criança ser ou a DPT é a mais baixa de entre todas as
não vacinada. De uma maneira geral, uma vacinas mesmo nas crianças cujas mães são
criança angolana cuja mãe tenha atingido o escolarizadas (61%). No entanto, a cobertura
nível de ensino secundário ou superior tem nestas crianças é ainda significativamente
2.5 vezes mais probabilidades de ser mais elevada do que a cobertura contra a
totalmente vacinada do que uma criança cuja DPT entre crianças cujas mães são
mãe nunca foi à escola. Mais de 75% das analfabetas, que não chega a 25%. A
crianças cujas mães frequentaram o ensino cobertura vacinai contra a pólio demonstra o
secundário estão vacinadas contra a pólio, nível mais baixo de variações de acordo com
sarampo e tuberculose. À semelhança do a educação das mães ,o que provavelmente
que se observa entre os agregados familiares reflecte os efeitos positivos das JNV.
Gráfico 14.2: Cobertura vacinai em crianças com 1 ano por nível de educação da mãe
100 -V
80
60
40
20
Região Norte
54%
egião Capita
28%
Acima de 40%
Região
Região Sul Centro Sul
19% 17%
Quintil Sócio-Económico
Primeiro 54 63 38 23 20
Segundo 57 57 44 23 18
Terceiro 73 62 56 34 28
Quarto 70 68 55 36 28
Sexto 84 65 68 47 35
Sexo
Masculino 68 61 54 34 26
Feminino 69 65 53 34 27
Região
Capital 78 72 65 37 28
Norte 73 69 69 57 54
Este 64 60 44 24 17
Oeste 65 64 53 33 28
Sul 64 53 52 27 19
Centro Sul 69 63 42 27 17
Área de Residência
Urbana 74 64 58 39 31
Rural 57 61 42 22 18
Nível de instrução da mãe
Nenhuma 57 59 41 23 20
Primário 73 63 55 35 26
Secundário e superior 85 78 82 61 49
Total 69 63 53 34 27
Comparação 73 52 58 54 46
Total África Sub-sariana 2001
o
No MIOS pergunta-se às mães se os seus filhos possuem cartão de vacinação e, em caso afirmativo, o entrevistador
o retira do cartão a informação sobre a situação de vacinação da criança. Quando a criança não possui cartão ou este está
incompleto, as mães dão informação sobre o historial de vacinação da criança através de uma conversa com o
entrevistador.
Poliomielite
44011.11*)„.
U
m dos mais notáveis sucessos na
recente história da saúde pública em
Angola foram os progressos feitos
com vista à erradicação da pólio. Como
resultado do investimento rhassivo feito
desde 1996 para erradicar a doença, através
da implementação de repetidas Jornadas
Nacionais de Vacinação (JNV), a cobertura
vacinai da pólio entre as crianças angolanas
com 1 ano de idade aumentou para mais do
dobro entre 1996 e 2001 (de 28% para
63%).
;
O
sarampo é uma infecção virai no entanto, que este número representa
altamente contagiosa que mata mais
menos de 30% do número real de casos.
crianças angolanas do que qualquer
outra doença prevenível por meio de vacina,
O vírus do sarampo é transmitido através de
sendo provavelmente responsável, em
gotículas libertadas no ar quando uma
Angola, por 5% a 10% das mortes entre
pessoa infectada tosse ou espirra. Por ser
crianças com uma idade inferior a 5 anos.
uma doença altamente contagiosa, os níveis
A análise dos dados epidemiológicos
de cobertura vacinai têm de ser mantidos a
disponíveis mostra que 95% dos casos de
pelo menos 90%, O MIOS indica que em
sarampo ocorrem em crianças com uma
média, 53% das crianças com menos de um
idade inferior a 15 anos, a maior parte dos
ano se encontram vacinadas contra a
quais nas crianças com menos de 5 anos. A
doença. A análise do nível de vacinação por
mortalidade associada ao sarampo ocorre
grupos etários revela que apenas 42% das
essencialmente nas crianças muito jovens. O
crianças angolanas são vacinadas na idade
vírus enfraquece o sistema imunológico,
recomendada (ou seja, entre os 9 e os 12
tornando a criança muito susceptível a
meses). Os níveis de vacinação aumentam
complicações fatais causadas por diarreia,
ligeiramente com a idade, atingindo 54% em
pneumonia e encefalite. As crianças que
crianças de 1 ano, 56% entre o grupo etário
sobrevivem ao sarampo podem contrair
de 2 anos, e 60% na faixa dos 3. Contudo,
incapacidades permanentes, incluindo
aos 4 anos de idade o nível de cobertura
danos cerebrais, cegueira e surdez.
vacinai decresce para 56%.
Região Norte
69%
gião Capita
65%
Acima de 60%
Região
Centro-Sul
Região Sul 42%
52%
oo.
E
rn
tétano materno e neonatal é uma toda a vida e cobrir todas as outras gravidezes,
situação prevenível, muitas vezes uma vez que a protecção proporcionada desta
() fatal, resultante de práticas não forma dura apenas três anos.
higiénicas nos partos que expõem o cordão
umbilical às bactérias da doença. Quando as Todas as mulheres com idades
mães dão à luz em condições não higiénicas, compreendidas entre os 15 e os 49 anos
tanto a mãe como a criança correm o risco de que haviam dado à luz nos doze meses
contrair tétano, uma das principais causas de anteriores à pesquisa foram inquiridas sobre
mortalidade neonatal. A vacina contra o a vacina anti-tetânica. Considerou-se
Toxóide Tetânico (II) é administrada a protegida uma mulher que tivesse tomado
mulheres em idade fértil, ou que já estejam pelo menos duas doses nos últimos três
grávidas, a fim de proteger do tétano quer as anos, três doses nos últimos dez anos, e
próprias mulheres quer as crianças recém- pelo menos cinco doses em qualquer altura
nascidas. O Programa Alargado de Vacinação da sua vida.
(PAV) recomenda que as mulheres em idade
fértil tomem 5 doses de vacina TT de acordo De uma forma geral, 62% das mulheres que
com o seguinte calendário: tinham dado à luz nos doze meses anteriores
à pesquisa haviam tomado duas doses de
1 a dose: assim que a mulher descobre que vacina H nos últimos três anos, o que indica
está grávida que um número relativamente adequado de
2a dose: um mês depois da primeira dose mulheres angolanas estavam protegidas
3a dose: seis meses depois da segunda durante a sua última gravidez. O seu nível de
dose protecção não era, contudo, suficiente para
LP dose: um ano depois da terceira dose ou as proteger, a elas bem como aos seus
durante uma gravidez subsequente filhos, durante gravidezes subsequentes. É
5a dose: um ano depois da quarta dose ou importante notar que apenas 0.1% das
durante uma gravidez subsequente. mulheres tomou três doses de vacina H nos
últimos dez anos, e 0% fez cinco doses em
Uma rapariga ou uma mulher que tenha sido toda a sua vida. Estas surpreendentes
vacinada com cinco doses adequadamente conclusões significam que nenhuma mulher
espaçadas de vacina contra o Toxóide Tetânico angolana em idade fértil está protegida para
está protegidas para toda a vida. Os seus filhos toda a vida contra o tétano, não cumprindo o
encontram-se igualmente protegidos durante calendário nacional de vacinação
as primeiras semanas de vida. Durante a recomendado. Estes resultados indicam
gravidez, duas doses de TT proporcionam também que existem possivelmente baixos
protecção adequada à mulher e ao bebé níveis de conhecimento sobre o risco do
recém-nascido, sendo, no entanto, tétano neonatal.
insuficientes para proporcionar protecção por
As mulheres em áreas urbanas estão melhor
protegidas do que as das zonas rurais. À
semelhança do que se observou nos
padrões de vacinação das crianças, é na
Região Norte que as mulheres estão mais
protegidas (71%) e na Região Centro Sul
onde esta protecção é menor (50%). O quintil
sócio-económico a que pertencem os
agregados familiares está directamente
associado à cobertura anti-tetânica,
variando de 47% entre as mulheres mais
:tano Materno e Neonata
•
continuar a propagar-se ao mesmo ritmo, o
o fim de 2001, o HIV/SIDA era
tecido da sociedade Africana poderá
transmitido a cerca de quatro milhões
começar a desintegrar-se sob o seu peso
de pessoas anualmente na África
demográfico, social e económico 3 .
sub-sariana. Com o número de vítimas
duplicando de quatro em quatro anos,
Controlar a propagação do HIV/SIDA é sem
parece ser cada vez mais provável que os
dúvida o maior desafio de saúde pública nos
países menos afectados, tais como Angola,
tempos que correm, tanto a nível global
se encontrem apenas numa fase menos
como a nível regional. O compromisso dos
avançada da epidemia'.
Chefes de Estado Africanos em parar o
avanço da epidemia foi reafirmado em Abril
No final de 2001, a proporção de adultos
2001, durante a conferência de Abuja sobre
com idades compreendidas entre os 15 e os
HIV/SIDA. Para além do seu compromisso
49 que tinham contraído o HIV/SIDA era
pessoal na luta contra o HIV, o líderes
superior a 20% em sete países da África sub-
Africanos comprometeram - se em fixar 15%
sariana, dois dos quais fazem fronteira com
do orçamento governamental para o sector
Angola. Na Namíbia, África do Sul,
da saúde. A Sessão Especial da Assembleia
Swazilândia, Lesotho, Botswana, Zâmbia e
Geral das Nações Unidas (UNGASS) sobre
Zimbabwe 2 , a epidemia promete matar mais
HIV/SIDA levada a cabo em Junho de 2001,
de um em cada cinco adultos. Um terço das
representou também um esforço
crianças perderam já um dos pais e as suas
extraordinário da liderança política global de
chances de perderem o segundo são
agir de forma coordenada e eficaz sobre a
significativas. As consequências demográficas
epidemia do HIV/SIDA. A Declaração de
da epidemia são sem precedentes, com o
Compromisso UNGASS, assinada por
déficit populacional esperado superior ao
Angola, estabelece metas claras para a
provocado por qualquer guerra. Até ao fim do
redução do avanço e impacto do HIV/SIDA.
ano 2001, somente na África sub-sariana,
Em Angola, a questão do HIV está a ser
encontravam-se infectadas 28 milhões de
abordada ao mais alto nível de decisão
pessoas, com 11 milhões de crianças
política através da criação da Comissão
tornadas órfãs de um ou ambos os pais em
Nacional da Luta contra o SIDA, que sendo
consequência do HIV. Se a epidemia
presidida pelo Presidente da República inclui
ainda representantes de todos os
Ministérios.
Avaliação e Acompanhamento, Volume 25, Número 4, Novembro de 2002. Número especial: UNICEF e ONUSIDA,
avaliação dos programas de HIV/SIDA na África sub-sariana. Introdução Mahesh Ratei, Karen B. Allen, Robert Keatley e
Urban Jonsson.
2 0NUSIDA, 2001.
Mapa 18.1: A Epidemia de HIV/SIDA
Velocidade à qual a epidemia se tem desenvolvido e progredido na
África sub-sariana
1984 1989
o o
o o
1994 2001
oitliNoi
o
t
1k o
o
I P■ o
20% e acima
Entre 9% e 19%
Eme 2%a 8%
Abaixo de 2% ou som dadosou
.
ainda roa da Anca sub-sEviana
Fonte: ONUSIDA
Entre 1999 e 2001 foi registado um aumento prevalência registada entre doadores de
de 250% na sero-prevalência registada entre sangue em 2001 foi de 11.7% 6 .
as mulheres que frequentam as clínicas pré-
natais de Luanda (de 3.4% a 8.6%) 4 . A Apesar de um aumento significativo da sero-
elevada taxa de sífilis (19%) que serve por prevalência até ao fim de 2001, a ONUSIDA
vezes como um indicador aproximado da estimou a sero-prevalência entre a população
prevalência de HIV, é particularmente Angolana em 5.5%', uma taxa quatro vezes
preocupante. No mesmo ano foi descoberto mais baixa do que a registada na Zâmbia
que 33% das prostitutas em Luanda eram (21.5%) e Namíbia (22.5%), indicando que
seropositivas e que 34% se encontravam existe ainda uma oportunidade única para
infectadas com sífilis 5 . No Lubango, a sero- evitar o desastre dos países vizinhos.
Instituto Nacional de Saúde Publica (INSP), Programa Nacional da Luta contra a SIDA (PLNS), UNICEF, Cooperação
Italiana, OMS, 2001. O estudo indicou uma taxa de sero-prevalência da ordem dos 2.6% em Benguela e 4.4% em
Hurla, sendo que as taxas de sifilis correspondentes da ordem do 13.9% e 18.5% respectivamente.
Population Action International, 2001.
Delegação Provincial de Saúde de Huna, 2001.
Isto significaria que em 2001, cerca de 330.000 Angolanos com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos se
encontravam infectados. Projecções a partir destes dados indicam ainda que em 2001, aproximadamente 100.000
crianças Angolanas com idades compreendidas entre os O e os 14 anos de idades teriam sido tornadas órfãs devido ao
HIV/SIDA.
O MICS observou em detalhe os conhecimentos da população
Angolana entre os 15 e os 49 anos de idade sobre quatro factos simples
acerca da prevenção do HIV
Indicadores
Q económico e educacional da
população, maior é a tendência para
uma atitude discriminatória para com as
às pessoas infectadas.
Região Norte
28%
egião Capita
I Menos de 20%
10%
Região Sul
27%
S
tiveram acesso a qualquer torma de
omente 14% das mulheres com educação têm uma probabilidade 10 vezes
idades compreendidas entre os 15 e
menor de identificarem correctamente estas
os 49 anos de idade identificaram
concepções erradas sobre o HIV (4% contra
correctamente três concepções erradas 42%). Somente 10% das mulheres na Região
sobre HIV/SIDA. Os mesmos padrões Centro Sul sabem que o HIV não se transmite
podem ser observados em relação aos através das picadas de mosquito, contra
conhecimentos sobre prevenção do HIV. As
44% na Região Capital. É revelador que
mulheres socio-economicamente mais
apesar dos níveis mais elevados de
vulneráveis têm uma probabilidade seis concepções erradas sobre o HIV se
vezes menor de identificarem correctamente observarem entre os grupos etários mais
estas três concepções como sendo erradas velhos, uma proporção elevada das
do que as mulheres menos vulneráveis (6%
mulheres angolanas jovens, com idades
contra 33%). Para mais, as mulheres que não
compreendidas entre os 15 e os 19 anos (84%) jovens acredita que o HIV pode ser transmitido
não conseguem identificar correctamente as através de uma picada de mosquito e 70% crê
concepções acima mencionadas como que o HIV pode também ser transmitido por
estando erradas. Cerca de 80% das mulheres meios sobrenaturais.
50 -7
4 /
40
30
20 -7
14%
10
1
Sem educação Educação primária Educação Secundária
ou superior
Região Norte
45%
Menos de 40%
Região
Região Sul Centro Sul
46% 26%
IV
ais de metade das mulheres transmitido através do leite materno.
Angolanas não sabem que o HIV Observam-se padrões similares aos
pode ser transmitido de mãe para verificados quanto aos conhecimentos sobre
filho. Quando se observam os mecanismos prevenção e prevalência de concepções
específicos através dos quais a transmissão erradas sobre HIV. Uma maior proporção de
de mãe para filho pode ocorrer, 55% das mulheres tem conhecimentos adequados
mulheres não sabem que o HIV pode ser sobre a transmissão do HIV de mãe para filho
transmitido durante a gravidez, 38% não sabe entre as mulheres socio-economicamente
que o HIV pode ser transmitido durante o parto menos vulneráveis, mais jovens, urbanas e
e 34% não sabe que o HIV pode ser entre aquelas que vivem na Região Capital.
A
pesar de somente 14% dos (36%) e a terceira fonte de informação a
agregados familiares angolanos Igreja e encontros dentro das comunidades
possuírem uma televisão, comparado (23%). Existem ainda variações importantes
com 38% que têm um radio, o inquérito entre Regiões quanto à principal fonte de
indica que a nível nacional a maioria das informação. Enquanto a televisão é o canal
mulheres recebem informação sobre o principal através do qual a informação sobre
HIV/SIDA através da televisão (42%) com HIV é disseminada às mulheres na Região
somente 4% recebendo informação através Capital, pais, parentes, amigos, comunidades
da rádio. A segunda fonte mais importante e Igreja são a principal fonte de informação
sobre o HIV são os pais, parentes e amigos em todas as outras Regiões.
Caixa 1: Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGASS) sobre
o HIV/SIDA, levada a cabo em Junho 2001
Metas de Prevenção
Até 2003, estabelecer metas temporais nacionais para atingir o objectivo global de reduzir a prelavência de HIV,
ou seja, reduzir a prevalência nos jovens de ambos os sexos (15 a 24 anos de idade) em 25%, quer nos países
mais afectados, quer a nível global, até 2005.
Até 2005, assegurar que pelo menos 90% e até 2010 pelo menos 95% dos jovens de ambos os sexos (15 a
24 anos de idade) têm acesso a informação, educação (incluindo informação transmitida por um dos seus
pares/amigos e serviços de educação e informação especialmente direccionados aos jovens). Esta informação
é essencial para que os jovens possam desenvolver as habilidades necessárias para reduzir a sua vulnerabilidade
à infecção por HIV. Estes serviços deverão ainda ser desenvolvidos em parceria com os jovens, famílias,
educadores e profissionais de saúde.
Até 2005, reduzir a proporção de crianças infectadas (20% até 2005 e 50% até 2010) da seguinte forma:
assegurar que 80% das mulheres grávidas com acesso a serviços pré-natais têm ao seu dispor informação,
acompanhamento e outros serviços preventivos. Por outro lado quer-se ainda aumentar o acesso das mulheres
infectadas a tratamento adequado para reduzir a probabilidade de transmissão do HIV. A última medida consiste
em realizar intervenções que beneficiem directamente as mulhers infectadas: testes voluntários e
acompanhamento, acesso a tratamento, especialmente drogas retro-virais e, se apropriado, substitutos do leite
materno e tratamento continuado.
Até 2003, assegurar que são desenvolvidas estratégias nacionais de forma a providenciar tratamento psico-social
a indivíduos, famílias e comunidades afectadas pelo HIV/SIDA.
Desenvolver até 2003, e implementar até 2005 politicas e estratégias nacionais para construir e fortalecer as
capacidades governamentais, familiares e comunitárias de forma a criar apoios para rapazes e raparigas órfãos
afectados pelo HIV/SIDA.
Assegurar a não discriminação dos órfãos para que possam exercer plenamente os seus direitos humanos
promovendo uma política activa de não-estigmatização das crianças orfãs ou tornadas vulneráveis pelo HIV/SIDA.
112
Tabela 18.1: Resumo dos indicadores sobre HIV/SIDA
Quintil
Sócio-Económico
Primeiro 49 60 6 11 6 9 3 6
Segundo 57 72 9 20 7 17 4 11
Terceiro 63 76 11 24 8 18 5 10
Quarto 71 81 16 30 11 25 6 15
Quinto 89 92 36 44 33 43 19 26
Região
Capital 90 95 36 44 37 46 21 28
Norte 72 80 9 20 9 23 4 12
Este 60 72 15 26 10 19 6 13
Oeste 65 85 17 35 12 24 7 18
Sul 73 77 18 25 13 24 7 13
Centro Sul 50 62 9 17 5 11 3 6
Área de Residência
Urbana 74 84 21 33 17 29 10 18
Rural 53 66 8 16 7 14 4 8
Grupo Etário
15 - 19 anos 68 71 19 23 16. 19 8 11
20 - 24 anos 72 81 21 30 18 29 11 16
25 - 29 anos 71 81 18 32 14 27 8 17
30 - 34 anos 70 83 16 31 14 28 8 17
35 - 39 anos 67 83 15 31 12 27 7 18
40 - 44 anos 59 81 13 29 10 26 6 16
45 - 49 anos 56 77 8 25 8 22 4 13
Nível de Educação
Nenhum 45 42 5 7 4 5 2 3
Primário 76 78 19 24 14 20 8 12
Secundário e superior 96 94 42 45 42 44 22 27
Total 68 79 17 28 14 25 8 15
a África sub-sariana a maioria das
novas infecções por HIV ocorreram que os Jovens devem saber
entre jovens com idades
compreendidas entre os 15 e os 24. Nas • Sobre sexo e a sobre a sua sexualidade
áreas onde a expansão do HIV/SIDA está a • Conhecer os factos básicos sobre HIV/SIDA bem
abrandar ou mesmo a diminuir, isto acontece
como as habilidades necessárias para se
em primeiro lugar porque os homens e
protegerem do HIV e de outras DST (Doenças
mulheres jovens receberam as ferramentas e
os incentivos necessários para adoptarem Sexualmente Transmissíveis)
comportamentos sexuais seguros. Por • Se contraíram ou não HIV
exemplo em Lusaka, na Zâmbia, a • Como se protegerem se vivem com HIV/SIDA
prevalência do HIV nos adolescentes com
• Onde obter apoio médico, emocional e psicológico
idades compreendidas entre os 15 e os 19
se vivem com HIV/SIDA
anos diminuiu de 28% em 1993 para 15%
em 1998. Esta diminuição foi atribuída a um • Como proteger aqueles que nas suas comunidades
maior uso de preservativos e um menor vivem com HIV/SIDA
número de parceiros sexuais, devido a um • Quais são os programas de educação sobre HIV
vigoroso programa nacional que fornece desenvolvidos para os jovens e como participar
"habilidades para a vida" e serviços de saúde
• Quais são os seus direitos e quais são os
aos jovens'.
compromissos que os governos dos seus países têm
Em Angola, mais de duas décadas depois para com eles
do início da epidemia, a grande maioria dos • Como proteger e fazer valer esses direitos
jovens, homens e mulheres, permanecem
sem informação adequada sobre o HIV e
SIDA. Isto é particularmente preocupante
num contexto em que os jovens são HIV/SIDA é transmitido e de como se
sexualmente activos (aos 20 anos de idade proteger da doença. Mais do que 9 em cada
70% das mulheres angolanas já deu à luz o 10 jovens angolanos (dos 15 aos 19 anos)
seu primeiro filho). A vasta maioria da não têm conhecimentos suficientes sobre o
juventude angolana não faz ideia de como o HIV/SIDA.
■ ovens e o HIV I D •■
'Young people and H1V/AIDS: Opportunity in crisís, ONUSIDA, UNICEF, OMS, 2002.
Apesar da maioria ter ouvido falar do SIDA Os jovens são o grupo mais susceptível de ter
muitos não sabem como se transmite o HIV e conhecimentos insuficientes sobre HIV/SIDA do
não acreditam que estão em risco. Mais de que qualquer outro grupo etário. Por exemplo,
dois terços (68%) não sabem que o uso os homens mais jovens têm o nível mais baixo
consistente de preservativo pode prevenir a de conhecimentos sobre HIWSIDA de qualquer
infecção. Para mais, os jovens que têm grupo de idade da população masculina entre
conhecimento do HIV muitas vezes não são os 15 e os 49 anos. As mulheres angolanas
capazes de se protegerem porque lhes faltam com uma idade compreendida entre os 15 e os
os conhecimentos precisos, o apoio ou os 19 anos também demonstraram um menor
meios para adoptarem comportamentos conhecimento sobre a transmissão de HIV do
seguros. Isto é amplamente demonstrado que as mulheres com uma idade compreendida
pelo facto de apenas 0.6% dos homens e entre os 20 e os 24 anos, apesar dos seus
mulheres jovens utilizarem preservativos conhecimentos serem maiores do que entre as
femininos ou masculinos. mulheres dos 35 aos 49 anos.
20
18 18%
16% ,
o ' 16%
16
14
13%
12
11% 11%
10
8
8"/o 8% 8% 7%
6%
:•=~111VízlfiLl
6
4 4%
15-19 anos 20-24 anos 25-29 anos 30-34 anos 35-39 anos 40-44 anos 45-49 anos
25
20
15
10
Esterilização feminina
Coito interrompido
Preservativo feminino
Outros
Amenorreia lactante
Preservativo masculino
Dl U
Abstinência periódica
I njecção
■«I
Pílula
O 5 10 15 20 25 30 35
gl.
I 4
% itbk
‘.
Ao
té à reforma recente do sistema
educacional Angolano, apenas os Indicadores
rimeiros quatro anos de ensino
básico (1 a 4 classe), designados por Taxa de escolarização líquida - primeiro nível:
educação primária eram obrigatórios para Proporção de crianças dos 6 aos 9 anos que
as crianças angolanas. Com a lei de reforma frequentam no primeiro nível da educação básica
educativa aprovada pelo Parlamento em
(classes 1 a 4) - 56%
2001, o período de ensino obrigatório foi
agora prolongado para 6 anos (ou seja até à Taxa de escolarização líquida - segundo nível:
sexta classe). A reforma do ensino básico
Proporção de crianças de 10 e 11 anos que
entrará em vigor a partir de 2003. A reforma
educacional teve o mérito de simplificar as
frequentam o segundo nível de educação básica
estrutura do sistema educativo: a educação (classes 5 e 6) - 6%
primária consiste agora em seis anos
obrigatórios de escolaridade para as Proporção de crianças que atingem a 5a classe:
crianças com idades - compreendidas entre Proporção de crianças que ingressam no primeiro
os 6 e os 11 anos. A educação secundária
ano da escola primária e eventualmente atingem a 5a
consiste ainda em seis anos divididos em
dois níveis de três anos opcionais cada. Até classe - 76%
2003 a educação básica em Angola incluía
oito anos de escolaridade divididos em três
níveis. 0 primeiro nível consistia em quatro
anos apelidados de educação primária de integrar novos alunos. Os resultados do
enquanto o segundo e terceiro níveis, inquérito indicam que as crianças frequentam
apelidados educação básica intermédia eram o ensino básico numa idade tardia,
compostos de dois anos cada. Quanto à ocupando, portanto, o lugar de alunos mais
educação secundária consistia em quatro novos. Por exemplo, entre os adolescentes
anos. A idade de entrada no primeiro ano de angolanos que frequentam a escola a grande
educação primária permaneceu a mesma do maioria (85%), frequentam os seis primeiros
que anteriormente (seis anos de idade). anos do ensino básico que deveriam ser
completados, sem repetição, até aos 12
anos de idade.
O MIOS trata dos primeiros seis anos de
escolaridade, analisando as taxas de
frequência liquidas tanto para o primeiro nível
obrigatório do ensino básico como para o
segundo nível, facultativo, do ensino básico.
Analisou-se também a eficiência interna do
sistema educativo através de uma análise da
taxa de sucesso e do perfil sócio-económico
e das características demográficas das
crianças que frequentam os seis primeiros
anos do ensino básico.
Sistema de ensino antes de 2003 Sistema de ensino a partir de 2003
Educação Primária
Educação Secundária
Quando se analisa a taxa de frequência do primeira classe chegam eventualmente à
primeiro nível de ensino básico verifica-se quinta classe, enquanto apenas 56% das
que existem variações significativas entre raparigas o fazem, indicando uma taxa mais
áreas de residência, Regiões e quintis sócio- elevada de desistência.
económicos. Um facto positivo é o de não
existirem disparidades entre rapazes e
raparigas que a nível nacional frequentam a
escola em números iguais. Este resultado
positivo vem corroborar os resultados do
MIOS 1996, que registaram diferenças
mínimas nas taxas de escolarização dos
rapazes e raparigas: a diferença registada foi
de 4%. No entanto, este valor médio
esconde importantes disparidades em
termos da taxa de sucesso escolar por
género em que as raparigas se encontram
. uca ão Basic.
LZ VIN31
100
kw*,
80
79%
76%
72% 74% 7 2%
;7%
60 67%
56% 5 9%
40 45%
20
19%
35°/1
7 8 9 10 11 12 13
14 I 15 16 17 18
Gráfico 21.2: Percentagem das crianças que frequentam os primeiros seis anos
da educação básica na idade recomendada
100
80
60 -117h
11
-77-40
30%
20
O
7_, 11%
80 Y1
70 -7
60 —77
50
/
40- 7
30
20
duca ão Bas i c.
10
Tabela 21.1: Proporção das crianças que ingressam na 1a classe e atingem a 5a classe,
Angola, 2001
Centro Sul 65 45
75 78
Área de Residência 87 46
Urbana
77
Educaç ão Básica
82 72
Rural 45
73 71 76 45
Total
76 79 73 46
Quintil Sócio-Económico O 1 O
Primeiro 35 36 34 1 2
1
Secundo 45 45 44 5 1
3
Terceiro 51 52 60 3
62 60 63 4 4
Quarto 16 16 17
Quinto 77 77 77
Região 14 12 17
63 66 60
Capital 2 2 2
Norte 55 52 58 3 O
44 43 45 1
Este 8 9 6
53 54 52
Oeste. 6 8 4
Sul 63 62 64 3
56 55 56 5 6
Centro Sul
Área de Residência 8 9 7
Urbana 61 60 61 1
44 41 44 1 2
Rural
Idade das Crianças -
35 35 35 -
6 anos
7 anos 56 54 57
66 66 67
8 anos
71 72 70
9 anos 5 6 4
10 anos 8 8 7
11 anos
6 7 5
56 55 56
Total
Em 2001 os gastos com o sector da educaçao representam apenas 4.7% das despesas orçamentais totais em
Angola. Este valor foi o mais baixo em todos os países da Southem African Development Community (SADC)
cuja média das despesas no sector da educação se situa a cerca de 16.7% durante o mesmo período.
Juntamente com o baixo nível de despesas no sector educacional a natureza das despesas realizadas apontam
efeito 60% dos gastos no sector destinaram - se ao
ainda para um fraco nível de investimento no sector. Com
duca ão Bas i c-
pagamento de salários sendo que apenas 14% foram gastos em bens e serviços e o investimento total no sector
limitou-se a 6% das despesas totais com a educação. Ainda é importante assinalar que no período 1997-2001
apenas 39% das despesas efectuadas foram realizadas com o ensino básico.
probabilidade 150% maior de saberem ler e
escrever.
Indicador
A concentração dos recursos educacionais
Taxa de alfabetização total:
nas áreas urbanas encontra-se reflectida
Proporção da população com 15 e mais anos de idade
numa taxa de alfabetização mais elevada
que sabe ler e escrever - 67%' nestas zonas, tanto para os homens como
para as mulheres. Somente metade da
Taxa de alfabetização feminina:
população rural inquirida reporta saber ler e
Proporção das mulheres com 15 e mais anos de idade escrever, uma proporção 48% mais baixa do
que sabe ler e escrever - 54% que aquela reportada nas áreas urbanas
onde cerca de 74% da população indica
saber ler e escrever. Significativamente, as
taxa de alfabetização está directamente discrepâncias de género são também 2
relacionada com as fracas condições vezes e meia mais elevadas nas áreas rurais
e vida da população e encontra-se onde somente um terço das mulheres
normalmente associada com uma baixa indicam saber ler e escrever contra 69% dos
esperança de vida, taxas elevadas de homens.
mortalidade infantil, desemprego e sub-
sequentemente um rendimento insuficiente O MIOS revelou ainda variações regionais
para garantir as necessidades fundamentais importantes que confirmam as já verificadas
dos agregados familiares. Os resultados do para os indicadores da educação básica
MIOS indicaram que as crianças cujas mães tais como a taxa de frequência do ensino
são educadas são consistentemente menos primário. Os valores mais elevados registam-
vulneráveis do que as crianças cujas mães se para a Região Capital (79%) e os valores
não sabem nem ler nem escrever. mais baixos para a Região Este (56%).
Enquanto uma taxa de alfabetização acima
O inquérito indica que cerca de um terço da
da média foi registada para o Sul (74%) as
população não sabe nem ler nem escrever,
Regiões Oeste, Centro Sul e Norte registam
com disparidades muito elevadas entre
valores próximos da média nacional
homens e mulheres. Apenas 54% das
respectivamente (67%, 65% e 62%). No que
mulheres sabe ler e escrever em contraste
diz respeito à taxa de alfabetização
com 82% dos homens, o que significa que os
feminina, as taxas mais baixas encontram-
homens têm uma probabilidade 50% maior de
se na Região Este e Norte (39% e 47%
serem alfabetizados. As discrepâncias de
respectivamente), enquanto as taxas mais
género são mais acentuadas no grupo etário
elevadas se encontram nas Regiões Capital
mais velho (mais de 65 anos) sendo que
e Sul (69% e 66% respectivamente).
neste grupo os homens têm uma
A populacao alfabetizada inclui os membros dos agregados familiares que sabem ler e escrever com ou sem dificuldade.
Mapa 22.1: Taxa de alfabetização feminina
Região Norte
47%
Acima de 60%
Região Sul
66°/0
1° quintil 2° quintil 3° quintil
4° quintil 5° quintil
Taxa de alfabetização feminina de acordo com o nível sócio-
Gráfico 22.2:
econónico dos agregados familiares
100 -///
80
60
40 -7
20
o 5° quintil
4° quintil
1" quintil 2° quintil 3° quintil
Proporção da população com uma idade igual ou superior a 15 anos que sabe ler e
Tabela 22.1:
escrever, Angola, 2001
Feminino Total
Masculino
Quintil Sócio-Económico 62 27 42
Primeiro 36 53
74
Segundo 50 65
83
Terceiro 59 73
88
Quarto 86 90
95
Quinto
Região 90 69 79
Capital 47 62
81
Norte 39 56
74
Este 53 67
85
Oeste 66 74
82
Sul 51 65
82
Centro Sul
Área de Residência 88 63 74
Urban 34 50
69
Faixa Etária 63 71
83
15-24 anos 62 73
88
25-34 anos 53 71
89
35-44 anos 30 54
78
45-54 anos 20 43
Alfabetização
64
55-64 anos 19 33
47
65 anos e mais
54 67
82
Total
irem
c I ar 1
4 A
\g„..
ças Órfãs e S
* *MO*
•
Iht
%• /
4 m'4 á
4 ; A k
a'
1** *41P.*A W4 • -A „
**
* • 4 A • 4,
.*, •
g, * *
dados acerca das causas da morte dos pais,
estimativas para este período, projectam um
Indicadores impacto crescente do HIWSIDA no número de
órfãos na África sub-sariana 3 .
Padrões de residência das crianças:
0-14 anos de idade que não
Número de crianças dos A proporção mais elevada de crianças que
vivem com nenhum dos pais biológicos — 10% perderam um ou ambos os pais biológicos
regista-se na região Sul (14%) e a mais baixa
Órfãos em agregados familiares/famílias: nas Regiões Capital e Este (9%). Para mais, a
Número de crianças dos 0-14 anos de idade que são proporção de órfãos é ligeiramente mais alta na
11%
órfãs de um ou ambos os pais biológicos —
áreas urbanas (11%) do que nas áreas rurais
(9%). Finalmente, o número de órfãos é
significativamente mais elevado nas crianças
com idades entre os 10 e os 14 anos de idade
m 2001, a África sub-sariana tinha a
(17%), sendo este o grupo que também inclui a
percentagem mais elevada de crianças
maioria das crianças colocadas em famílias
órfãs do que qualquer outra região do
adoptivas. A percentagem de crianças órfãs
mundo, com 12% das crianças tendo perdido
diminui com a idade. Enquanto 12% das
pelo menos um dos seus pais biológicos. Esta
crianças com idades compreendidas entre os
proporção de órfãos é o dobro da registada na 5 e os 9 perderam pelo menos um dos pais
Ásia (7%) e mais do dobro da registada na biológicos, este número encontra-se abaixo da
América Latina'. Em grande parte, os números média nacional para as crianças com idades
mais elevados de órfãos na África sub-sariana
compreendidas entre os O e os 4 anos (5%).
são imputáveis ao HIV/SIDA. O MIOS indica
que a situação angolana se encontra dentro O MIOS indica ainda que não existe qualquer
dos valores médios para a África sub-sariana
relação entre a proporção de órfãos e o
com 11% das crianças órfãs de um ou ambos quintil sócio-económico, sendo que não
os pais biológicos. Destas, 1.3% perderam a existem variações significativas entre a
mãe e o pai. Em termos mais concretos, isto
proporção de órfãos nos agregados
significa que em 2001, 730,000 crianças
familiares mais e menos favorecidos.
angolanas tinham perdido pelo menos um dos
seus pais e que 88,000 eram órfãs de
No que diz respeito às crianças que não
ambos'. vivem com os seus pais biológicos, o
inquérito indica que cerca de um terço (32%)
O inquérito parece assim indicar que a de todas as crianças com uma idade
elevada taxa de órfãos se encontra compreendida entre os O e os 14 anos não
relacionada com o impacto da guerra sendo vivem com ambos os progenitores. As
que as crianças órfãs têm uma probabilidade crianças que não vivem com nenhum dos
três vezes maior de terem perdido o pai do seus pais biológicos têm uma probabilidade
que a mãe. Apesar do MIOS não ter recolhido
program strategies.
Children on the Brink -A joint report on orphan estimates and
ONUSIDA, UNICEF e USAID, 2002,
•
'Estimativas são baseadas numa população de 13.8 milhões em 2001.
6 vezes maior de viverem apenas com a viverem com famílias adoptivas apesar do pai
mãe, o que é compatível com a elevada e a mãe estarem vivos, do que as crianças
percentagem de mulheres angolanas que mais jovens (0 aos 4 anos de idade)
são chefes de agregados familiares (27%). A
percentagem de crianças que não vive com Apesar do MIOS não medir o peso relativo
a família biológica não varia entre zonas rurais dos cuidados em famílias de acolhimento,
e zonas urbanas. Também se registaram em relação aos cuidados prestados em
pequenas variações entre regiões, 8% na instituições, os números totais de crianças
Região Capital e 11% na Região Oeste e acolhidas em orfanatos fornecidos pelo
Centro Sul. Significativamente, as crianças MINARS confirma o peso significativo das
na última faixa etária (10 a 14) têm uma famílias de acolhimento. Com cerca de 10%
probabilidade 27% menor de viverem com das crianças com uma idade compreendida
ambos os pais do que as crianças na entre os O e os 14 anos de idade não
categoria mais jovem (0 a 4). vivendo com os seus pais biológicos,
considera-se que em 2001 à roda de
O inquérito indica que cerca de 10% das 670,000 crianças não viviam com os seus
crianças não vivem nem com o pai, nem com progenitores'. Em contraste, no princípio de
a mãe. Cerca de metade destas crianças 2003, o MINARS considerava que cerca de
(6%) vivem com famílias de acolhimento 2,446 crianças angolanas se encontravam
apesar de tanto o pai como a mãe estarem em instituições. Apesar de ser necessário
vivos. Este resultado pode estar relacionado levar a cabo mais pesquisa para avaliar o
com as dificuldades sócio-económicas dos peso real das instituições tais como os
agregados familiares, que podem não ter orfanatos, a tendência geral é compatível
capacidade de cuidar de todas as crianças a com o padrão revelado pelo MICS em 2001,
seu cargo. Uma outra causa possível poderá segundo o qual, redes de apoio dentro das
também ser o elevado nível de crianças comunidades desempenham um papel
separadas da família devido à guerra. De fundamental nos cuidados prestados às
facto, apenas 14% de todas a crianças crianças órfãs e separadas (ou seja, crianças
residentes com famílias de acolhimento que não vivem nem com o pai, nem com a
perderam ambos os progenitores. mãe apesar de ambos estarem vivos). Neste
sentido, o MICS revela boas práticas
As crianças mais velhas (10 aos 14 anos de tradicionais de protecção das crianças
idade) têm uma probabilidade 58% maior de vulneráveis por parte das famílias angolanas.
Considera-se que as crianças com menos de 15 anos de idade representam 49% da população e que, segundo as
estimativas populacionais do INE, a população total em 2001 era de 13.8 milhões.
Caixa 3: Órfãos e o impacto do HIV/SIDA
Para além de aumentar a proporção de crianças órfãs na próxima década, o HIV terá
ainda um impacto negativo no número de crianças que frequenta a escola e tenderá
a aumentar a proporção de crianças que trabalham. A análise dos efeitos da
orfandade na educação e no trabalho infantil em 20 países Africanos, indicou que
as crianças que perderam um ou ambos os pais têm uma maior tendência para
abandonarem a escola e a entrarem prematuramente no mercado de trabalho.
ONUSIDA, UNICEF e USAID, 2002, Children on the Brink - A joint report on orphan estimates and program strategies.
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Norte. Enquanto a Região Este apresenta um
Indicador valor ligeiramente acima da média, as Regiões
Capital e Centro Sul são respectivamente a
Registo de nascimento: Número de crianças de 0-59 segunda e terceira Regiões onde menos
meses de cujos nascimentos foram registados — 29% crianças foram registadas em 2001. As baixas
taxas de registo obtidas para a Região Capital
contradizem a tendência geral segundo a qual
arantir o direito de todas as crianças existe um número elevado de serviços e
G ao registo de nascimento é o
primeiro passo para se assegurar
também o seu direito à cidadania, bem como
recursos centralizados em Luanda e nas áreas
circundantes.
Para além da tarifa oficial de registo de nascimento os encarregados têm ainda de adicionar o custo do transporte,
potencialmente os custos paralelos do registo. Estes custos associados poderão ainda explicar a percentagem significativa
dos agregados familiares mais ricos (21%) que indicaram o elevado custo como o principal obstáculo enfrentado.
Gráfico 24.1: Percentagem das crianças registadas por idade e de acordo com
o quintil sócio-económico dos agregados familiares
50
40
30
20
10
1° quintil 2° quintil 3° quintil 4° quintil 5° quintil
90
80
70
60
50
40
30
20
10
O
1° quintil 2° quintil 3° quintil 4° quintil 5° quintil
As crianças foram consideradas como estando a trabalhar se, durante a semana anterior ao inquérito,
tivessem levado a cabo trabalho remunerado ou não remunerado para alguém que não fizesse parte do
agregado familiar, tivessem efectuado tarefas domésticas durante mais de 4 horas por dia, ou tivessem
trabalhado para uma machamba ou negócio familiar.
Gráfico 25.2: Percentagem das crianças que trabalham por quintil sócio-
económico
50
40
30
28%
20
10
1° quintil 2° quintil 3° quintil 4° quintil 5° quintil
Tabela 25.1: Percentagem das crianças 5-14 anos presentemente a trabalhar 2, Angola, 2001
Trabalho Doméstico
Trabalho
Trabalho Familiar
Trabalho Não- Menos 4h ou (negócio ou Total a
Remunerado Remunerado de 4h/dia mais/dia lavra) Trabalhar
Quintil Sócio-
Económico
Primeiro 3 5 68 10 32 43
Segundo 4 7 69 7 27 37
Terceiro 4 7 71 5 22 33
Quarto 2 6 72 4 20 28
Quinto 1 5 70 6 8 17
Sexo
Masculino 3 6 68 5 20 29
Feminino 2 7 73 7 20 31
Região
Capital 1 4 66 4 15 21
Norte 2 10 75 5 30 39
Este 1 3 60 9 14 24
Oest 1 6 73 6 23 31
Sul 8 12 73 4 19 35
Centro Sul 2 3 75 7 21 29
Área de Residência
Urbana 3 6 70 6 15 25
Rural 2 7 72 7 34 42
Grupo Etário
9 a9anos 1 5 61 3 13 20
10 a 14 anos 4 8 81 9 28 41
Total 3 6 70 6 20 30
lITIM1751ITTETi171
As crianças que relizaram qualquer tipo de trabalho pago ou não pago para alguém que não seja membro da familia, ou
que prestaram mais de 4 horas de tarefas domésticas em casa ou que tenham realizado outro trabalho familiar são
consideradas como estando actualmente a trabalhar.
Metodologia
.•kAkiO4.
U
ma metodologia detalhada bem como A recolha de dados no terreno, foi levada a
o questionário utilizado durante o cabo durante um período de seis meses de
inquérito foram apresentados pelo Abril a Outubro 2001. Os dados foram
Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua recolhidos em três fases. Uma primeira fase
publicação estatística dos resultados do de Abril a Maio 2001, uma segunda fase de
MICS2i. A nota que se segue resume os Junho a Julho 2001 e finalmente uma
principais aspectos metodológicos do inquérito. terceira fase de Setembro a Outubro 2001.
Número de Número de agregados
conglomerados familiares
seleccionados seleccionados
Fase de Área de residência Área de residência
Região Províncias recolha dos
dados
Centro
Sul Bié III 12 6 18 240 120 360
Huambo II 18 12 30 360 240 600
Kuando III 3 3 6 60 60 120
Kubango
http://www,childinfo.org .
Um total de 333 conglomerados, cada um
constituído por 20 agregados familiares, foram
seleccionados nas 18 Províncias do país, o
que corresponde a nível nacional, a 6,660
agregados familiares. Nas áreas urbanas
foram seleccionados 204 conglomerados (ou
seja 4,080 agregados) enquanto nas áreas
rurais foram seleccionados 129 conglomerados,
o que corresponde a 2,580 agregados
familiares.
gião Capit
44 agregado
,659 pesso
egião Oes
1,019 agre dos Região Este Região Este
as
4,630 ssoas 1,202 agregados 1,308 mulheres
5,507 pessoas 1,166 crianças
Região Região
Centro Sul Centro Sul
Região Sul Região Sul
1,048 agregados 1,124 mulheres
1,023 agregados 1,199 mulheres 992 crianças
5,044 pessoas 1,008 crianças
5,095 pessoas
E Comunas inicialmente seleccionadas e não inquiridas devido a falta de segurança ou problemas logísticos
Comunas substituídas e inquiridas
Localização das Capitais Provinciais
• A expressão utilizada para o cálculo do tamanho da amostra foi a seguinte:
Za Q
n — z x deff
onde: d
n é a dimensão total da amostra, isto é, o número de agregados familiares a inquirir nas 6 regiões
Za é igual a 1.96 valor da estatística z da distribuição normal para um nível de confiança de 95%
d é o erro absoluto admitido para as variáveis a estimar
s2 é a estimativa da variância da população para uma variável específica
deff é o factor de ajuste para o método de amostragem utilizado
Dada a inexistência de uma base operacional e geográfica actualizada em todas as províncias não foi possível a selecção das Unidades Primárias de
Selecção em simultâneo por região, sendo a amostra dos conglomerados repartida proporcionalmente a população de cada província de cada região.
Na repartição da amostra por províncias assegurou-se que em cada província fossem seleccionadas no mínimo duas Unidades Primárias de Selecção.
• A probabilidade de selecção das secções, dos agregados familiares, comunas e aldeias foi calculada da seguinte forma:
Para a área urbana a probabilidade de selecção da secção i foi dada por:
Ni
pi = sx
onde: N
Ni é o número de agregados familiares na secção i;
N é o número de agregados familiares na província e
s é o número de secções censitárias seleccionadas na província;
A probabilidade de selecção do agregado familiar j, da secção i é dada por:
= ni
N'i
onde:
N'i é o número de agregados familiares listados na secção i;
ni é o número de agregados familiares seleccionados na secção i;
• A probabilidade final de selecção de cada agregado familiar é dada pelo produto das probabilidades de selecção das unidades em cada uma das
etapas resultando no seguinte:
,fi=" f=P•• xp•
N N'i
Para a área rural de cada província a probabilidade de selecção da comuna i é dada por:
Ci
=Cx
onde: C
C é a estimativa do total da população na área rural da província;
Ci é a estimativa do total da população na área rural da comuna i;
c é o n.° de comunas seleccionadas em cada província;
A probabilidade de selecção da aldeia j, da comuna i é dada por:
1
pii – a x —
onde: Ai
a é o n° de aldeias seleccionadas em cada comuna seleccionada;
Ai é o n° total de aldeias da comuna i;
A probabilidade de selecção do agregado familiar k da comuna i, da aldeia j é dada por:
nij
Pijk —
onde: Aij
Aij é o n.° de agregados familiares na aldeia j da comuna i;
nij é o n.° de agregados familiares seleccionados na aldeia j da comuna i;
A probabilidade final de selecção de cada agregado familiar é dada da seguinte forma:
Ci a nij
fijk fil = P i x piik = cx—x--x-
C Ai Aii
• Para a área urbana o estimador do total de uma variável Y é dado pela seguinte forma:
2wiYi (1)
onde:
y é o total estimado para a variável Y;
1 ni
, • —x— é o peso de amostragem ajustado da secção i;
14' r
jr n
fi é a probabilidade de selecção dos agregados na secção i;
onde: X
R é o estimador para o ratio de duas variáveis, Y/X;
Y é o estimador do total para a variável Y, dado pela fórmula (1) ou (2);
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