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Literatura Brasileira e Portuguesa II

Aula 1
Modernismo em Portugal
Objetivo:

Pretende-se que, ao final da aula, o aluno reconheça


as características do movimento literário Modernismo,
bem como o contexto no qual ele surgiu e seus
principais representantes em Portugal.
Palavras-Chave: Portugal; Modernismo; Vanguardas;
Revista Orfeu; Revista Presença.
Livros da disciplina
http://unopar.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788581439662
Vídeo

Trecho do filme “Tempos Modernos”

https://www.youtube.com/watch?v=4PaGw4ZRmWY –
acesso em 17 de ago. 2018
Europa no início do século XX

Com o advento da tecnologia, as consequências da


Revolução Industrial, a Primeira Guerra Mundial e a
atmosfera política que resultou desses grandes
acontecimentos, surgiu um sentimento nacionalista, um
progresso espantoso das grandes potências mundiais e
uma evidente disputa pelo poder econômico e político.

Disponível em: https://bit.ly/2BcQCFl Acesso em: 11 ago. 2018


Modernismo
Movimento artístico e literário que se desenvolveu
na primeira década do Século XX. Surgiu por oposição
ao tradicional ou clássico.
Caracterizou-se fundamentalmente pelo progresso,
pelas inovações e pelas experiências no campo das
Artes, da Ciência, da Economia, da Filosofia.
Gerações

Modernismo português

Revista Orpheu
(1915)

Revista Presença
(1927)
Primeira geração – "Orfismo"
O termo “Orfismo”, deriva de “Orpheu”, uma revista
organizada por Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa e
Almada Negreiros, entre outros artistas, que publicaram os
seus primeiros poemas, a fim de contestar a velha ordem
literária, defendendo a liberdade de criação. Teve apenas
dois números.
Primeira geração – "Orfismo“

O 1º número, em março de 1915, foi um projeto do


português Luís de Montalvor e do brasileiro Ronald de
Carvalho.

Disponível em: https://bit.ly/2Mczapa Acesso em: 11 ago. 2018


Primeira geração – "Orfismo“

O 2º número, em junho de 1915, surge sob a direção


de Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro.

Disponível em: https://bit.ly/2nAA6Fv Acesso em: 11 ago. 2018


Características

Atitude irreverente diante dos padrões


estabelecidos;
Reação contra o passado e contra a literatura
acadêmica;
Valorização do prosaico e do bom humor;
Liberdade formal: verso livre, ritmo livre, sem rima,
sem estrofação preestabelecida;
Originalidade e autenticidade;
Hermetismo: dificuldade de
compreensão do significado do texto.
Vídeo

Instalação Orpheu 2.1 (3’24”)

https://vimeo.com/129846129 - acesso em 17 de ag. 2018


Atividade 1
Identificar as características do Modernismo
no fragmento do poema ″Passagem das horas″, de
Álvaro de Campos.
Atividade
[...] Hela-hoho comboio, automóvel, aeroplano minhas ânsias,
Velocidade entra por todas as ideias dentro,
Choca de encontro a todos os sonhos e parte-os,
Chamusca todos os ideais humanitários e úteis,
Atropela todos os sentimentos normais, decentes,
concordantes,
Colhe no giro do teu volante vertiginoso e pesado
Os corpos de todas as filosofias, os tropos de todos os poemas,
Esfrangalha-os e fica só tu, volante
abstrato nos ares,
Senhor supremo da hora europeia,
metálico cio.
Vamos, que a cavalgada não tenha fim nem
em Deus!.[...]
Fernando Pessoa (1888-1935)

Considerado o maior poeta português ao lado de Luís de


Camões;
Recebeu educação britânica, em Durban (África do Sul);
Fez uma breve passagem pelo curso superior de Letras,
na Universidade do Cabo, ao regressar a Portugal, em 1905.
Trabalhou boa parte da vida como tradutor de cartas
comerciais para empresas estrangeiras.

Fonte imagem: https://bit.ly/2KK7Ed2 Acesso em: 11 ago. 2018


Fernando Pessoa (1888-1935)
Aproxima-se do movimento místico da "Renascença
portuguesa", publicando uma série de artigos sobre a nova
poesia portuguesa na revista Águia.
Empreendeu vários projetos literários com o amigo
Mário de Sá-Carneiro.
Publicou apenas dois livros em vida: 35 sonnets (1918)
e Mensagem (1934).
Ao frequentar os cafés literários da época, conhece o
artista plástico e poeta Almada Negreiros
e o literato Luís de Montalvor.
Heteronímia

Fernando Pessoa

Ortônimo
Disponível em:
https://bit.ly/2OuY9kC
Heterônimos Acesso em: 11 ago. 2018.

(72 nomes)

Três principais: Alberto


Caeiro, Álvaro de
Campos e Ricardo Reis
Heterônimos pessoanos
Alberto Caeiro • Panteísmo: busca pela natureza;
(1889 - 1915) • É o simples “Guardador de rebanhos”;
• Sensacionismo: Valorização sensações.

• Poeta clássico, bucólico;


Ricardo Reis
• Epicurismo: Carpe Diem;
(1887) • Ataraxia: busca da felicidade.
Heterônimos pessoanos

Álvaro de • Decadentismo: tédio, cansaço, e a necessidade


de novas sensações;
Campos • Futurismo: celebração da máquina e da vida
moderna;
(1890) • Intimismo: melancolia, vazio, angústia.

Disponível em: https://bit.ly/2vDYiLg Acesso em : 11 ago. 2018


Ode triunfal (Álvaro de Campos)

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica


Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria![...]

Disponível em: https://bit.ly/2nuO37R Acesso em: 11 ago. 2018.


Bernardo Soares

Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu próprio


Livro do Desassossego, um simples ajudante de
guarda-livros na cidade de Lisboa. Conheceu Fernando
Pessoa numa pequena casa de pasto frequentada por
ambos. Foi aí que Bernardo deu a ler a Fernando seu
livro, que, mesmo escrito em forma de fragmentos, é
considerado uma das obras fundadoras da ficção
portuguesa no século XX.

É o único semi-heterônimo.
Poesia Ortônima

Fingimento Saudosismo
(Dissimulação/ máscaras) (Nostalgia e frustação)

Temas

Ocultismo
Nacionalismo
Angústia existencial
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem, o que escreve,


Na dor lida sentem bem,
Disponível em:
Não as duas que ele teve, https://bit.ly/2OwLkpZ
Mas só a que eles não têm. Acesso em: 11 ago. 2018.

E assim nas calhas de roda


Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Atividade 2

Com base no que foi apontado até o momento sobre


o Modernismo e sobre Fernando Pessoa, leia o poema
“Mar português” e analise-o.
Atividade 2
Mar português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena


Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Disponível em: https://bit.ly/1ysX2Gf Acesso em: 11 ago. 2018
Mário de Sá-carneiro (1890-1916)

Poeta e prosador que encarna as


frustrações e os pesadelos de seu país,
dividido entre a glória do passado e a
atração pela modernidade.
Inicia o curso de Direito em Portugal, mas segue para
Paris para estudar na Sorbonne.
Personalidade perturbada desde a infância.
A sua obra é considerada o reflexo
desse "espírito em crise ".

Fonte da imagem:
Disponível em: https://bit.ly/2vEX1DY Acesso em: 11 ago. 2018
Mário de Sá-carneiro (1890-1916)

Nas várias correspondências que trocou com Pessoa,


revelou seu pessimismo e desespero diante da vida.
Em 1914, publica as obras Dispersão (poemas) e A
confissão de Lúcio (romance).
Em 1916, em uma carta ao amigo Fernando Pessoa,
anuncia seu suicídio, que ocorre de fato em um hotel em
Paris.
Dispersão
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida


Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,


Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
Dispersão

Não perdi a minha alma, Perdi a morte e a vida,


Fiquei com ela, perdida. E, louco, não enlouqueço...
Assim eu choro, da vida, A hora foge vivida,
A morte da minha alma. Eu sigo-a, mas permaneço...
[...]
E sinto que a minha morte... Disponível em: https://bit.ly/2B3XUpx Acesso em:
11 ago. 2018
Minha dispersão total...
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.
[...]
Segunda geração: “Presencismo”
Revista Presença
Fundada por José Régio;
Colaboradores: Miguel Torga, Branquinho da Fonseca e
Gaspar Simões;
Insistiam por uma "literatura mais viva” ;
Predomínio do psicologismo;
Abandono definitivo do passado e desejo de construir
um futuro;
Defendiam a autonomia da arte.
Segunda geração: “Presencismo”
Após algumas experiências de curta duração, como a
Tríptico, que foi um importante momento da história, João
Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca fundaram, em
1927, aquela que seria a mais famosa das folhas coimbrãs,
dirigida pelos dois e por José Régio.

Disponível em:
https://bit.ly/2B0HGmd
Acesso em: 11 ago. 2018
Segunda geração: " Presencismo“
Branquinho da Fonseca abandonou a direção da revista
na edição nº 27, em 1930, por considerar haver imposição
de limites à liberdade criativa, um gesto geralmente
entendido como uma reação à valorização de Régio.
A partir do n.º 33 e até novembro de 1938, a revista
passou a contar com a presença na direção tripartida de
Adolfo Casais Monteiro. No ano seguinte, a revista foi
reformulada, iniciando-se uma nova série com um formato
maior e com mais páginas. O secretário
da revista é Alberto de Serpa, mas
publicam-se apenas dois números,
novembro de 1939 e fevereiro de 1940.
Segunda geração: " Presencismo“
A Presença acabaria por extinguir-se por desavenças
ideológicas entre Gaspar Simões e Casais Monteiro.
A revista Presença defendeu a criação de uma literatura
mais viva, livre, oposta ao academismo e jornalismo
rotineiro, primando pela crítica, pela predominância do
individual sobre o coletivo, do psicológico sobre o social, da
intuição sobre a razão.
Elegendo como mestres os artistas da revista Orpheu,
muitos dos quais ainda colaboraram na
Presença, a revista foi importante na
difusão de uma segunda fase do
Modernismo.
José Régio (1901-1969)
Pseudônimo de José Maria dos Reis Pereira;
Cursou Letras na Faculdade de
Letras de Coimbra;
Inicia sua carreira literária com
Poemas de Deus e do Diabo (1925);
Além de vários livros de poesia,
José Régio escreveu o romance Jogo da cabra cega (1934),
entre outros;
Temáticas: religiosidade e
psicologismo.

Fonte da imagem:
Disponível em: https://bit.ly/2OtpL9K Acesso em: 11 ago. 2018.
Vídeo

"Cântico Negro“, de José Régio,


na voz de Paulo Gracindo

https://www.youtube.com/watch?v=LkYkp3ZsmJQ –
acesso em 17 de ago. 2018

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