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ESTUDO DO ATAQUE QUÍMICO POR SULFATOS EM ESTRUTURAS CIMENTÍCIAS

STUDY OF CHEMICAL ATTACK BY SULPHATES IN CEMENT STRUCTURES

Amanda Gabriela Dias MARANHÃO1, Luiz Antonio Araujo Coelho de ALENCAR2, Fuad Carlos ZARZAR
JÚNIOR3, Angelo Just da COSTA E SILVA⁴
1
Universidade Católica de Pernambuco, Recife, Brasil, amandamaranhao8@gmail.com 1
2
Universidade Católica de Pernambuco, Recife, Brasil, luizantonioaraujodealencar@hotmail.com 2
3
Universidade Católica de Pernambuco, Recife, Brasil, fczj@yahoo.com 3
4
Universidade Católica de Pernambuco, Recife, Brasil, angelo@tecomant.com.br 4

Resumo: As estruturas cimentícias normalmente estão inseridas em ambientes suscetíveis à agressividades


que podem, por meio de agentes agressivos, reduzirem drasticamente a sua vida útil. Os sulfatos, também
conhecidos como óxidos sulfúricos, encontrados facilmente no ambiente, são grandes responsáveis por
desencadear patologias em materiais cimentícios devido a sua elevada agressividade quando em contato
com a água. De acordo com Mehta e Monteiro (2008), a água ao transportar os íons: sulfato de magnésio,
sódio ou potássio, torna-se um dos principais agentes de processos químicos de degradação do concreto.
Podendo formar a gipsita, taumasita e o tri-sulfo-aluminato tricálcico hidratado, mais conhecido como
etringita. Sendo reações nocivas, pois ocasionam efeitos expansivos, fissurando e fragilizando a estrutura.
Este estudo tem como objetivo, por meio de revisão bibliográfica e execução de ensaio acelerado, analisar o
ataque por sulfato através de corpos-de-prova prismáticos submersos em soluções ricas em sulfatos de sódio
e magnésio, comparando os tipos de ataques, auxiliando na rápida identificação. As amostras se
comportaram de formas distintas quando expostas às soluções. Apesar da degradação superficial ter sido
precoce em amostras que continham sulfato de sódio, o cimento estudado (CPII-Z-32) pode ser considerado
vulnerável apenas ao ataque por sulfato de magnésio por ultrapassar o limite de 0,03%, o qual teve uma
maior expansão linear. Vale lembrar que deve-se realizar estudos do solo anteriormente a construção e
utilizar cimentos resistentes a sulfatos ou com adições pozolanicas e baixo teor de C₃A (Aluminato tricálcico)
em locais agressivos, como forma de medidas preventivas para o combate dessa problemática. Os trabalhos
de pesquisas passados e atuais servem para indicar que mesmo sendo um fenômeno estudado há muito
tempo, as teorias são conflitantes e os avanços ocorridos ainda são complexos, salientando a necessidade de
um constante aperfeiçoamento cuja solução é de interesse global.
Palavras-chave: Concreto, ensaio acelerado com sulfato, deterioração química por sulfatos.

Abstract: The cementitious structures are usually inserted in environments susceptible to aggressions that
can, through aggressive agents, drastically reduce their useful life. Sulfates, also known as sulfuric oxides,
found easily in the environment, are responsible for triggering pathologies in cementitious materials due to
their high aggressiveness when in contact with water. According to Mehta and Monteiro (2008), water when
transporting the ions: magnesium, sodium or potassium sulfate, becomes one of the main agents of chemical
degradation processes of the concrete. It can form gypsum, taumasite and hydrated tricalcium tri-sulfo-
aluminate, better known as ettringite. Being harmful reactions, because they cause expansive effects,
fissuring and weakening the structure. The objective of this study was to analyze the attack by sulfate through
prismatic specimens submerged in solutions rich in sodium and magnesium sulfates, by comparing the types
of attacks, identifying them. The samples behaved differently when exposed to solutions. Although surface
degradation was early in samples containing sodium sulphate, the studied cement (CPII-Z-32) could be
considered vulnerable only to the attack by magnesium sulphate for exceeding the limit of 0.03%, which had
a greater linear expansion. It is important to remember that soil studies must be carried out prior to

1
construction and use cements resistant to sulphates or with pozzolanic additions and low C₃A(Tricalcium
aluminate) content in aggressive sites, as a form of preventive measures to combat this problem. Past and
current research works serve to indicate that even though it has been a long studied phenomenon, the
theories are conflicting and the advances that have been made are still complex, emphasizing the need for
constant improvement whose solution is of global interest.
Key words: Concrete, sulfate accelerated test, sulfate chemical deterioration.

1. Introdução

Projetos estruturais são elaborados para conter condições mínimas de segurança, estabilidade e
funcionalidade por longos anos. Quando bem executados e com suas devidas manutenções empregadas, o
concreto e argamassa garantem estas condições, protegendo as armaduras metálicas da corrosão, e
garantindo a vida útil da estrutura.
As patologias nas edificações sempre ocorreram ao longo da história da construção civil. Os diversos agentes
agressivos presentes na natureza interagem com componentes construtivos há milhares de anos. No
entanto, segundo Helene (2001), nos últimos anos tem crescido o número de estruturas cimentícias com
manifestações, como resultado do envelhecimento precoce das construções existentes.
Sabe-se que a deterioração do concreto se dá basicamente por processos físico-químicos, sendo que na
prática, a deterioração raramente é devida a uma causa única (MEHTA e MONTEIRO; 1994). Um sistema está
em equilíbrio químico quando não houver tendência para que os seus componentes mudem de fase ou
reajam quimicamente. No tocante aos sistemas em desequilíbrio, estes podem produzir novas estruturas
espontaneamente por meio de um processo de auto-organização, (PRIGOGINE et al, 1984).
Ambientes úmidos como, marinhos, industriais, subterrâneos, possuem uma elevada probabilidade de
conter sulfatos de magnésio, sódio ou potássio em concentrações elevadas. Na presença de água, esses
sulfatos podem reagir com a pasta de cimento endurecida, produzindo compostos expansivos que geram
tensões capazes de fragilizar e fissurar a matriz cimentícia, permitindo a entrada de mais agentes agressivos.
(SKALNY, MARCHAND E ODLER, 2002)
Naturalmente esse fenômeno é lento, sendo necessário ser reproduzido em laboratório através de métodos
acelerados. A NBR 13583 (ABNT, 2014) foi o método escolhido para analisar o ataque de sulfato de sódio,
como indicado pela própria norma, e simultaneamente, foi analisado o ataque de sulfato de magnésio para
as mesmas condições e comparados os resultados.

2. Revisão bibliográfica

O ataque por sulfato é o termo usado para descrever reações químicas entre os íons sulfato e componentes
do concreto endurecido, especialmente, a pasta de cimento, (NEVILLE, 2004). Existem dois mecanismos que
são considerados ataque por sulfato: formação de gesso e formação de etringita, (ACI, 1992).
De acordo com Metha e Monteiro (1994), a água é o principal agente de degradação, agindo como veículo
de transporte de íons agressivos para o interior das estruturas e fonte de processos químicos. Brandão e
Pinheiro (1999) complementam explicando que o transporte simultâneo de calor, umidade e substâncias
químicas, tanto na troca com o meio ambiente como dentro da própria massa de concreto, são os principais
fatores relacionados com a durabilidade. Ressaltam que a durabilidade depende muito mais da
permeabilidade, uma propriedade que depende do tamanho e interconexão dos poros no concreto, e
capacidade de absorção, do que das propriedades universalmente aceitas, tais como: resistência, módulo de
elasticidade, abatimento, massa específica, etc.

Estudo do ataque químico por sulfatos em estruturas cimentícias 2


Há também uma nítida relação entre os seguintes aspectos: agressividade ambiental, durabilidade e
qualidade das estruturas. Onde a garantia da durabilidade contribui de forma considerável para garantir a
qualidade das estruturas, visto que ambos os parâmetros estão intimamente relacionados.
A exposição contínua a ambientes agressivos, e principalmente, submetida a ciclos de molhagem e secagem
acelera significativamente à desintegração do concreto. O sulfato de cálcio é o mais predominante, mas o
menos solúvel e, por esta razão, é o menos prejudicial (COMMUNITIES AND LOCAL GOVERNMENT, 2008).
Segundo Souza (2006), existem quatro formas de ataque por sulfatos: O ingresso do íon de fontes externas
para o interior do concreto resultando na formação de etringita ou gipsita (os sulfatos migram para o interior
do concreto por mecanismos como permeabilidade, difusividade e capilaridade); Cristalização dos sais de
sulfato devido à evaporação da água; Formação de etringita tardia, que ocorre quando o íon sulfato é
proveniente do interior do próprio material (a ação acontece devido a um alto teor de SO₃ na pasta ou, menos
frequentemente, no agregado utilizado); Formação de taumasita, que é produto de reações entre
carbonatos, sulfatos de cálcio, água e silicatos de cálcio hidratados.
Estudos realizador por Divet e Randriambololona (1998) provaram que o aumento da temperatura colabora
com um maior consumo do íon sulfato, consequentemente tornando as reações mais rápidas. Dessa forma,
aumentar a temperatura pode ser uma alternativa para acelerar os métodos de verificação do ataque,
porém, de acordo com Brown e Bothe (1993) deve-se respeitar o limite de 60°C pois acima desta a etringita
não é estável. A respeito desse assunto Glasser (1992) descreve que o aumento de temperatura do concreto
também pode ser devido tanto a uma fonte externa ou quanto a uma fonte interna, com o calor liberado
pela hidratação do cimento.

2.1 Etringita
A formação da etringita se resume basicamente em três etapas:
Portlandita + sulfato + água → gipsita
C₃A + gipsita + água → monossulfato
Monosulfato + gipsita + água → trisulfoaluminato de cálcio hidratado (Etringita)
De acordo com Metha e Monteiro (2008) dependendo do cátion presente na solução de sulfato - sódio,
potássio ou magnésio - tanto o Ca(OH)₂ como o C-S-H podem ser convertidos em gipsita. Essse processo é
natural e faz parte da hidratação do cimento.
Na fabricação do cimento Portland, adiciona-se 5% de sulfato na forma de gipsita para inibir a pega
instantânea do clínquer. Porém quando a estrutura é exposta novamente a sulfatos e água, a reação volta a
ocorrer gerando a etringita secundária, danosa ao concreto.
Como o concreto é atacado já endurecido, a etringita formada ocupa um volume cerca de três vezes maior
que o C₃A, podendo causar deformações após a expansão, fissurando a peça. Tal efeito ocorre devido à
expansão ser desregular e localizada isoladamente na região da estrutura de concreto onde a etringita se
forma. Moukwa (1990) explica que a quantidade de etringita formada não representa diretamente a
expansão observada, pois inicialmente ela ocupa os espaços na rede de poros capilares e só então, quando
nao existir mais espaços, inicia-se a expansão.
O PH da solução de ataque também influencia a formação dos compostos deletérios à estrutura cimentícia,
uma vez que a etringita é estável em pH entre 10,5 e 13,0 (SOUZA, 2006).

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Figura 1– Imagem obtido por MEV, mostrando planos de portlandita e agulhas de etringita.
Fonte: http://www.fhwa.dot.gov/pavement/pccp/pubs/04150/chapt14.cfm

2.2 Taumasita
Descoberta inicialmente no Reino Unido na década de 1990 (COMMUNITIES AND LOCAL GOVERNMENT,
2008) a formação da taumasita se dá devido ao ataque simultâneo de sulfatos (SO₄2-) e carbonatos (CO₃2-),
em ambientes úmidos e sob temperaturas baixas, onde a água subterrânea, que contém íons sulfato, entra
em contato com a pasta de cimento e agregado (HARTSHORN, SHARP e SWAMT, 1999). Esse fenômeno
ocorre frequentemente em fundações de edificações, por se tratar de locais que apresentam essas
características. Crammond (2002) complementa afirmando que quanto maior for o pH, maior será a
formação da taumasita .
Percebeu-se que por muito tempo existiu um consenso entre os pesquisadores ao associar os ataques de
sulfatos em estruturas de concreto à formação de gesso ou da etringita. Segundo Taylor (1997) a taumasita
é um cristal com estrutura e morfologia similares às da etringita, podendo, por isso, haver confusão na sua
identificação. Assim, para sua distinção é necessário o auxílio dos difratogramas de raios X (técnica usada
para determinar a estrutura molecular e atômica de um cristal).
Há duas hipóteses para o surgimento da taumasita, a primeira justifica que a mesma é uma evolução da
etringita, não sendo considerada muito nociva
Ca₆[Al(OH)₆]₂.24H₂O.[(SO₄)3.2H₂0] Ca₆[Sl(OH)₆]₂.24H₂O.[(SO₄)3.(CO₃)₂]
Etringita Taumasita
Já a segunda hipótese é preocupante, pois nesse caso, segundo alguns autores como Leifeld, Munchberg e
Stegmaier (1970) os cimentos resistentes a sulfatos, ou com adições que diminuem os teores de C₃A, não
impossibilitam a formação de taumasita, visto que nesse estágio o que é consumido é o C-S-H (silicatos
cálcicos hidratados) e não o C₃A. Para Czerewko et al. (2003) a formação da taumasita reduz a coesão do
concreto em função do ataque ao C-S-H, que libera dióxido de silício necessário à formação do cristal,
transformando-o em um material semelhante a uma massa branca e pastosa, muito frágil.

2.3 Expansão por sulfato de sódio


Na presença da água, a solução agressiva de Na(SO)₄ em contato com a peça cimentícia, reage com a pasta
desintegrando-a, formando a etringita e gipsita, que pode migrar para o interior da estrutura. De acordo com
Santhanan, Cohen e Olek (2003), pode-se dividir esse ataque em dois estágios. O primeiro é conhecido como
período de indução onde a taxa de expansão é lenta e linear devido a etringita e gipsita formadas na reação

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preencherem incialmente os vazios da pasta de cimento hidratada. O segundo ocorre com um aumento
brusco na taxa de expansão, devido os poros estarem completamente preenchidos e o volume dos produtos
expansivos ser maior do que o espaço disponível, causando tensões internas que com o tempo inicia a
fissuração da peça. Um modelo desse ataque pode ser visto na Figura 2.
A solução agressiva difunde com mais facilidade através das fissuras retornando ao mesmo ciclo de expansão
e fissuração, que caso não haja intervenção, desinstegrará cada vez mais a estrutura.

Figura 2– Modelo do ataque por sulfato de sódio (SOUZA, R.B.de 2006)

2.4 Expansão por sulfato de magnésio


O magnésio é largamente utilizado como fertilizante, sendo um elemento importante na clorofila, pois é
necessário para a fotossíntese (processo biológico que usa a luz solar para produzir carboidratos) porém,
quando em contato com água e estruturas cimentícias, é considerado, por especialistas como Neville (2004),
como sendo o ataque mais nocivo, visto que, os cátions de magnésio podem, por conta própria, contribuir
para a destruição do concreto.
Quando em contato com a água tanto o ânion SO₄ˉ² quanto o cátion Mg²+ combinam com o hidróxido de
cálcio Ca(OH)₂ (também conhecido por CH ou Portlandita) da pasta de cimento hidratada, formando
externamente uma camada protetora denominada brucita ou hidróxido de magnésio Mg(OH)₂, que é
insolúvel e reduz a alcalinidade dos sistema, trazendo graves consequências à estabilidade do C-S-H (METHA;
MONTEIRO, 2008).
Com isso, para retormar o equilbrio do pH, o C-S-H, que é a fase mais importante pois determina as
propriedades da pasta de cimento, libera mais CH. O grande problema é que em ataques muito agressivos
essa liberação se torna constante, descalcificando assim o C-S-H, comprometendo a estrutura, levando à
substituição total do cálcio. O último produto desta reação de substituição é um silicato de magnésio
hidratado (Mg₃H₂Si₄O₁₂). A formação deste sal é associada com perda das características cimentícias (perda
de resistência e desintegração do concreto) (NEVILLE, 2004). Um modelo para esse ataque pode ser visto na
Figura 3.

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Figura 3– Modelo do ataque por sulfato de magnésio (SOUZA, R.B.de 2006)

2.5 Identificação
Em lajes de concreto armado o primeiro sinal visível do ataque por sulfatos é, normalmente, algum desnível
que provalvemente deve estar acompanhado com o surgimento de fissuras na argamassa de regularização
do piso. São inicialmente estreitas mas se ampliam ao longo do tempo.
Em blocos e fundações de concreto, a reação de sulfatos provoca fissuras em forma de mapa (o quadro
fissuratório é semelhante ao produzido pela reação álcali-agregado) o que permite o ingresso de mais água
contaminada, agravando assim, a degradação da peça e consequente despassivação das armaduras.

2.6 Ensaio acelerado – NBR 13583/14


A norma é baseada no trabalho de Marciano (1993) e refere-se à um modelo de ensaio com 42 dias de
duração, onde simula o ataque por sulfatos presentes na natureza ao longo dos anos, porém de modo
acelerado, podendo ser observado através de variação dimensional e método analítico. A autora conclui que
o melhor meio de indicar a degradação é através dessa variação dimensional e que para serem resistentes
aos sulfatos os cimentos devem apresentar expansão máxima ao término do ensaio de 0,030%.

2.6.1 Descrição do ensaio


O ensaio foi realizado contendo três grupos, o primeiro para referência, o segundo atacado por sulfato de
sódio e o terceiro atacado por sulfato de magnésio (soluções com concentrações de 100g/litro cada),
possuindo cada, três corpos de prova prismáticos de dimensões 25x25x285mm. Preparados com uma
proporção de cimento CPII-Z-32 e areia normatizada, NBR 7214 (ABNT, 2015), igual a 1:3,2 (em massa) e
relação água/cimento 0,6, moldados em misturador mecânico, levados a forma específica, introduzidos pinos
metálicos para medição futura e aferida a temperatura da água de cada amostra. Na Figura 4 podem ser
vistos alguns dos materiais usados.

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Figura 4a, 4b, 4c, 4d, 4e– Etapas e materiais utilizados no ensaio acelerado

A cura inicial se deu em câmara úmida, ainda em seus moldes, por 48h. Após esse tempo, foi feita a
desmoldagem e todas as amostras passaram 12 dias em água saturada por cal, e ao final desse tempo foi
realizada a primeira medição (Li) no extensômetro. A etapa final que exige medição de 14, 28, 42 dias é
composta por cada amostra submersa em suas respectivas soluções e mantidas em estufa com temperatura
constante de 40° podendo ter uma variação de até 2 graus.

3. Resultados
Os resultados do ensaio de determinação da reatividade ao ataque por sulfatos das três amostras segundo o
procedimento descritos na NBR 13583/2014 deve ser em milimetros.
Para determinação da porcentagem de variação dimensional, é calculada a diferença entre o valor medido
(em milímetros) na idade correspondente a cada ciclo, e a leitura relativa à medida inicial (em milímetro)
ocorrida antes da barra entrar em contato com a solução de sulfato, o resultado é dividido pelo comprimento
efetivo (em milímetros) e multiplicado por 100. Vale ressaltar também que o resultado é obtido a partir da
média aritmética das expansões individuais, em porcentagem, dos quatro corpos-de- prova ensaiados.
Quadro 1 – Expansão individual
Nº das Comprimento Idades
barras efetivo (mm) Li (%) 14 (%) 28 (%) 42 (%) Média aritmética (%)
8 252,10 1,705 0,034 1,034 1,048
SULFATO DE
9 251,80 1,541 0,015 1,021 1,085 1,057
MAGNÉSIO
10 252,50 1,872 0,019 1,023 1,038
16 252,00 1,448 0,008 1,002 1,008
BARRAS DE 17 251,40 1,586 0,106 1,048 1,032 1,013
REFERÊNCIA
18 252,00 1,740 -0,005 0,991 0,998
13 251,50 1,087 0,018 1,021 1,047
SULFATO DE
14 251,70 1,301 0,014 1,013 1,011 1,037
SÓDIO
15 251,90 1,399 0,025 1,032 1,052

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O resultado é expresso pelo aumento ou diminuição da expansão da argamassa, calculada pela diferença
entre a expansão média das barras em soluções agressivas e a expansão média das barras saturadas com cal.
Os resultados estão apresentados no Figura 5.

0,050
0,045
0,040
0,035
EXPANSÃO EM %

0,030
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
1
Magnésio 0,044
Sódio 0,024

Figura 5 – Resultados da expansão de cada solução


Os dados obtidos demostram que as famílias apresentaram comportamentos distintos quando expostas às
soluções. Com 14 dias as amostras contendo sulfato de sódio já apresentaram degradação das arestas,
enquanto as amostras com sulfato de magnésio apresentaram manchas brancas em sua superfície,e suas
arestas permaneceram intactas por todo o ensaio. No entando quando medidas, as barras expostas à solução
de magnésio apresentaram maior expansão linear. O avanço da degradação dos corpos de prova pode ser
visto nas Figuras 6a a 7c.

Figura 6a, 6b, 6c – Degradação por sulfato de sódio

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Figura 7a, 7b, 7c – Degradação por sulfato de magnésio

4. Conclusões
O ataque ao concreto por íons sulfatos pode provocar o compromentimento da estrutura após o processo
de hidratação do cimento com a formação de etringita ou taumasita. Porém, cabe ressaltar que formação
dessas deve ser considerado um sintoma, e não a causa primária da deterioração, por ataque de sulfatos.
Os resultados obtidos demostram que o cimento estudado (CPII-Z-32) pode ser considerado resistente ao
sulfato de sódio porém, vulnerável ao ataque por sulfato de magnésio por ultrapassar o limite de 0,03%
estabelecido em norma. O que confirma a grande maioria das literaturas onde apontam o sulfato de
magnesio como o ataque mais agressivo. Em contrapartida, aparentemente as amostras submersas em
solução de sulfato de sódio, para as mesmas condições, apresentaram maior degradação da sua superfície,
como mostrado nas Figuras 6a a 7c. Thomaz (2008), ainda indica o cimento tipo CPII-E (com adição de
granulado de alto forno), o CPIII (com escória) e o CP RS (Resistente aos sulfatos), como sendo os mais
apropriados no combate de sulfatos.
Vale ressaltar que a formação de taumasita se diferencia da etringita por estar dependente de um maior
provimento de C-S-H, e não do conteúdo de C₃A, portanto o CP RS, que também é cimento com baixos teores
de C₃A, não inibem a formação de taumasita.
Em fundações de edifícios as variações do nível de água constituem fator de deterioração, da mesma forma
que construções expostas a ciclos de molhagem e secagem, como ambientes salinos, causam a cristalização
de sais nos poros, podendo haver formação da etringita seguida de lixiviação e perda de massa. Desta
maneira o ataque por sulfatos pode também ser evitado ao fazer a execução da drenagem do solo junto às
fundações, pois, o sal seco não ataca a estrutura de concreto, nem fundações de paredes estruturais
constituídas de blocos de concreto. Devem-se realizar ao mesmo tempo, ensaios da água do subsolo e do
próprio solo, anteriormente àconstrução, para se identificar possíveis ações dos sulfatos.
A redução do fator água/cimento é uma maneira eficiente de melhorar o desempenho do concreto frente à
locais agressivos, independentemente do tipo de cimento, visto que resulta numa menor quantidade de
poros, o que dificulta o processo de penetração de agentes.
O ataque por sulfato é um processo complexo que não pode ser facilmente dividido entre físico versus
químico ou ataque por sulfato de sódio versus cálcio, versus magnésio. Mais de um desses fenômenos físicos
e químicos podem ocorrer simultaneamente (SKALNY, 2002). Ainda é fato que, as análises feitas apenas em
laboratório não levam em consideração todas as variáveis envolvidas no processo ocorrido em campo, porém
é um método possível para prever o dano antes dele ocorrer.
Visto que esse ataque, geralmente, é lento, inspeções periódicas podem ser realizadas e o problema pode
ser idenficado precocemente.

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Agradecimentos
A todos os professores e amigos que nos motivam e inspiram, especialmente a TECOMAT por possibilitar a
realização dos ensaios.

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