Professional Documents
Culture Documents
Pobreza: (...) "A jovem orfã era esperta e recatada, de olhos vivos, cabelos
pretos, pele alva, que gostava de se enfeitar com os poucos recursos
disponíveis". (...)
(...) "O rombo financeiro não era pequeno e o caso foi rumoroso:
imediatamente os convivas desapareceram, foram suspensas as idas ao
Municipal, as refeições perderam o brilho, as meninas deixaram o Mackenzie e
a criadagem teve de ir embora."(...)
Trabalho Doméstico: (...) ”Durante doze anos, ou seja, de 1892 a 1904, foi
menos filha de criação como se dizia do que criada de Ernestina Pacheco. Aos
seis anos de idade já cuidava dos trabalhos domésticos significativos:
levantava-se de madrugada, acendia o fogão a lenha, preparava a mesa do
café, varria o quintal, enxugava a roupa numa tina dágua, passava e engomava
com ferro a carvão; para lavar a louça punha-se em pé sobre um caixote de
madeira porque não tinha ainda altura suficiente para alcançar a pia.” (...)
Violência doméstica: (...) “João Franco disse a Baldochi que Ana o assediava
por toda parte. Quando Ana voltou para a casa, o marido estava no armazém,
onde ficou até muito tarde, as portas travadas com tranca; assim que ele surgiu
na sala ela quis dizer alguma coisa e foi esbofeteada. Com o nariz sangrando
Ana se refugiou no quarto do casal cuja porta Balila não teve dificuldade de
arrombar com o peso do corpo. Vendo- a recolhida a um canto ele se despiu
como num ritual e completamente nu surrou-a com um cinto de couro até
perder o fôlego” (...)
(...) ”Seja como for, a aversão de Ana por Balila só se consumou quando
a violência física destruiu o que ainda restava de solidariedade no casal.” (...)
6
(...) ”Era magro e lívido e Ana desconfiou logo que ele estava doente.
Quando soube pela maledicência dos irmãos que o moço era tuberculoso, Ana
se assustou tanto que pensou em mudar de emprego.” (...)
Morte: (...) ”Quando no mês de maio de 1933 ela leu na máscara de cera do
rosto da mãe que Ana estava morrendo, o pai estava na iminência de partir
para uma nova viagem ao sertão de Iguape; Lazinha conseguiu detê-lo na
porta de casa e só por essa circunstância ele assistiu ao falecimento da
esposa: Ana havia completado em maio quarenta e cinco anos e cinco meses
de idade.” (...)
(...) ”Consta que o rapaz não viveu muito tempo e que acabou morrendo
naquela mesma casa sem assistência adequada, mas nessa ocasião Ana já
estava trabalhando para a família mister Ellis.” (...)
7
Morte dos pais e adoção de Ana: (...) ”Ana nasceu em no sítio da família em
dezembro de 1887 e ficou órfã de pai e mãe aos cinco anos.” (...)
(...) ”Ana foi recolhida do sítio em Itavuvu por uma senhora protestante
de Sorocaba e a partir dessa data passou a morar na casa dela, localizada na
estreita rua Treze de Maio, hoje área central da cidade. Durante doze anos, ou
seja, de 1892 a 1904, foi menos filha de criação, como se dizia, do que criada
de Ernestina Pacheco. Aos seis anos já cuidava de trabalhos domésticos
significativos.” (...)
Mudança de Ana para trabalhar como doméstica com famílias em São Paulo:
(...) ”à sua presença e proibida terminantemente de preparar especiais para ele
exceto nos fins de semana, quando todos estavam à mesa. Ana logo
compreendeu que o senso de justiça da patroa não coincidia com o seu, do
mesmo modo que as duas tinham atitudes diferentes diante da doença, por
isso assentiu com um gesto de quem não vai discutir.” (...)
(...) ” Foi durante esses anos que o cultivo da etiqueta e das formas de
amabilidade encontrou nela a ressonância esperada, pois agora sua atividade
não se pautava apenas pelo trabalho doméstico, repartido com os demais
membros da criadagem.” (...)
Casamento de Ana: (...) “Balila ficou sentado diante de Ana na ante-sala dos
Ellis. Vinha engravatado e rubro enquanto amassava as abas do chapéu
lembrou as ofertas de casamento feitas na rua Treze de Maio na época em que
era entregador de pão do pai. Ana não respondeu nem que sim nem que não,
pois não sabia se gostava daquele homem intimidado pelo ambiente e seguro
de que queria.” (...)
Filhos que Ana teve com Balila: (...) ”Aguardava com ansiedade o primeiro filho.
Quando a criança nasceu morta, enforcada no cordão umbilical depois de um
8
parto doloroso realizado no quarto do casal, Ana caiu numa depressão grave
que o marido suspeitou se tratar de uma doença incurável. Os três seguintes
também não vingaram.” (...)
(...) ” Em 1926 Ana deu à luz Zilda, a última filha do casal.” (...)
Violência doméstica: (...) ”Seja como for, a aversão de Ana por Balila só se
consumou quando a violência física destruiu o que ainda restava de
solidariedade no casal.” (...)
Outro grupo social muito importante para Ana foi o teatro, o qual ela foi
inserida quando adolescente e que permaneceu presente em sua vida adulta
também. Ana valorizava o espetáculo e a literatura, mesmo não sabendo ler e
escrever muito bem, se tornou uma verdadeira apreciadora de ópera.
O bar foi outro grupo social muito influente na vida adulta de Ana,
quando passou a desenvolver o vício pelo álcool. Este se tornou um lugar que
ela frequentava todos os dias por muitas horas até ficar muito bêbada e ter que
ser levada de volta para casa por Lazinha. Quando não o frequentava, pedia a
seus filhos Lazinha e Ciro que buscassem a bebida no bar na garrafa que
deveria ser escondida de Balila.
I. Ana orfã
II. Ana empregada
III. Ana escrava
IV. Ana moça-pobre
V. Ana culta
VI. Ana mãe
VII. Ana dona-de-casa
VIII. Ana melancólica
IX. Ana violentada
X. Ana alcoolatra
XI. Ana submissa
12
XII.