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A Indústria 4.

0 e sua relação com os


Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável.

Haroldo Mattos de Lemos

Presidente, Conselho Técnico da ABNT


Presidente, Comitê Brasileiro de Normalização
Presidente, Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro - SEAERJ
Professor, Fundação Getúlio Vargas

Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado


do Rio de Janeiro
‘Lixo Zero dentro e fora de casa” CEFET 2018
1776: aperfeiçoamento da máquina a vapor (James
Watt), início da Revolução Industrial e da utilização
dos combustíveis fósseis em larga escala.

Máquinas e transportes movidos pelos combustíveis*


fósseis, substituindo a força humana** e animal,
possibilitaram um enorme crescimento econômico e a
explosão populacional.

*3 colheres de petróleo: energia equivalente a oito horas de trabalho humano.

**No final do Século XVIII, operários chegaram a destruir máquinas na Inglaterra,


com medo de perder seus empregos.
Antropoceno: a Era dos Humanos.
(substitui o Holoceno que começou há 10 mil anos).

Seres humanos se transformaram em força


geológica com poder de modificar o ritmo do ciclo de vida da
Terra e alterar a química dos solos, das águas e do ar.
Entre 1950 e 2016: população de 2,5 para 7,5 bilhões. PIB
cresceu 12,2 vezes. Esperança de vida: de 47 para 72 anos.
Embora desigual, progresso humano incontestável.
Degradação dos ecossistemas, perda de biodiversidade,
grande emissão de GEEs.
Nunca uma espécie destruiu tantas outras espécies e
consumiu tantos recursos naturais em tão pouco tempo.
W
1ª Revolução Industrial e Energética: 1776-1889.

1776: máquina a vapor aperfeiçoada por James


Watt que deu início à utilização dos combustíveis
fósseis (carvão mineral) em larga escala.

- Energia a vapor, navegação e ferrovia a vapor;


- Indústria do ferro;
- Indústria têxtil;
- Telégrafo com fio;
- Início do saneamento básico.
2ª Revolução Industrial, 1ª fase: 1889-1945.
1889: desenvolvimento motor a combustão e automóvel.

- Energia elétrica;

- Petróleo, motor a combustão interna; automóveis, linha de


montagem, tratores, avião;

- Aço;

- Telefone, telégrafo sem fio, rádio;

- Geladeira, máquina de escrever;

- Fotografia, cinema;

- Ampliação do saneamento básico.


2ª Revolução Industrial, 2ª fase: 1945-1989.

- Avanço da energia nuclear;


- Avião à jato, helicóptero;
- Antibióticos;
- Microeletrônica, satélites, telecomunicações,
televisão, computadores;
- Agrotóxicos e fertilizantes, “Revolução Verde”;
- Conquista espacial.
3ª Revolução Industrial: 1989-2009.
1989: queda do Muro de Berlim. 1991: fim da URSS.
1989 a 2009: crescimento econômico maior que na década
de 1980, redução da pobreza, e emergência dos países
mais populosos do mundo: China e Índia.
- Telemática, computador pessoal, internet, telefone
celular, fibra ótica, leitura ótica;
- Novos materiais; automação;
- Engenharia genética, genoma, clonagem;
- Química fina;
- Avanço espacial;
- Trabalho intelectual coletivo (sociedade do
conhecimento);
- Agravamento da crise ambiental.
4ª Revolução Industrial: 2009 – ....
Economia internacional: baixo crescimento, alto endividamento
e baixa produtividade (sem aumento produtividade como nas anteriores.
Baixo crescimento atual só não está pior porque governos assumiram dívidas
depois da crise de 2008).

2014: pobreza voltou a crescer na América Latina. Aumento da


desigualdade: 1% da população global detém metade da
riqueza.
Da Internet para a Internet das Coisas (IoT – integração de sistemas:
empresas monitoram produtos desde fabricação até uso pelos
consumidores), do banco de dados para o Big Data, dos
combustíveis fósseis para energias renováveis, carros
elétricos.
Crise ambiental é a maior da história e tende a se agravar.
Ninguém pode prever com certeza o futuro.
Janeiro 2016: dois livros, um otimista e outro pessimista sobre
possibilidades e limitações da tecnologia no futuro.
Klaus Schwab, “The fourth industrial revolution”:

 “As mudanças serão


tão profundas que, na
perspectiva histórica da
humanidade, nunca
houve momento tão
potencialmente
promissor ou perigoso”
Klaus Schwab, “The fourth industrial revolution”:
irá alterar a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos.
Se distingue das anteriores pela velocidade, amplitude e profundidade.
Fusão das tecnologias e interação entre os domínios físicos, digitais e
biológicos.
1) Fatores físicos (grafeno, 200 vezes mais resistente que
aço e milhares de vezes mais fino que fio de cabelo);
2) Digitais (reorganização de diversos aspectos da vida);

3) Biológicos (biotecnologia, poderá erradicar doenças e


retardar envelhecimento das pessoas).
Avanços tecnológicos: inteligência artificial, robótica,
internet das coisas, veículos autônomos, impressão 3-D,
nanotecnologia, biotecnologia, armazenamento de energia.
Potencial de elevar níveis de renda global e qualidade de
vida das populações em todo o mundo.
Robert J. Gordon, “The Rise and Fall of American Growth:
The U.S. Standard of Living since the Civil War”.
Avanços atuais: menos importantes que as invenções
entre 1870-1970, como eletricidade, saneamento urbano,
motor de combustão interna e comunicação moderna.
2ª. RI: garantiu 100 anos de avanço na produtividade.
Agora, aumento do custo da extração dos combustíveis
fósseis e perda dos ganhos de produtividade: freio ao
crescimento econômico dos países avançados.
“Ventos contrários”: 1) aumento desigualdades sociais; 2)
educação deteriorada; 3) degradação ambiental; 4) maior
competição (globalização); 5)envelhecimento populacional;
6) peso dos déficits e endividamento privado e público.
Pode ocorrer estagnação secular nas próximas décadas.
The Economist (2013), tecnologia
recente: foi incapaz de inventar uma
coisa mais útil e de maior impacto
na saúde dos povos do que o vaso
sanitário.

Robert Gordon: argumento sobre os


limites da tecnologia.

Mundo: encruzilhada entre futuro brilhante com a 4ª


Revolução Industrial, ou problemático, com o aumento
das desigualdades sociais, perda de produtividade, a
estagnação secular da economia e uma grande crise
ambiental e climática.
O futuro pode não ser nada brilhante.
Previsão: 70 a 80% dos empregos desaparecerão
nos próximos 20 anos.
Novos empregos disponíveis, mas serão
suficientes para cobrir os perdidos?

Esperança de que a quarta revolução industrial e


tecnológica vai elevar a produtividade da
economia, robôs vão dispensar o emprego
produtivo humano, ou reduzir a jornada de
trabalho, e a população mundial vai viver da
Renda Básica de Cidadania.
Renda Básica de Cidadania: robôs trabalhariam e
pagariam os impostos e cidadãos receberiam
benefícios de uma renda eterna.

Um projeto rejeitado na Suíça. Na Finlândia,


programa-piloto de 2 anos: 2.000 finlandeses
recebem a partir de janeiro 2018, 560 euros (1.920
reais) por mês. Argumento “desemprego tecnológico”.

Philippe Van Parijs, economista político belga (2000):


“Renda básica é paga por uma comunidade política a
todos os seus membros, independentemente de sua
situação financeira ou exigência de trabalho”.
(Universal Basic Income – Free Money for Everybody https://youtu.be/kl39KHS07Xc)
Klaus Schwab:

“A questão para todas as indústrias e


empresas, sem exceção, não é mais
‘haverá ruptura em minha empresa?’, mas
‘quando ocorrerá a ruptura, quanto irá
demorar e como ela afetará a mim e a
minha organização?’”
Klaus Schwab:

•“Nós ainda podemos moldar o nosso futuro de uma forma que


beneficie a todos. A janela de oportunidade para fazer isso é
agora”;
•“Assumamos, portanto, uma responsabilidade coletiva por um
futuro em que a inovação e a tecnologia estejam focadas na
humanidade e na necessidade de servir ao interesse público,
e estejamos certos de empregá-las para conduzir-nos para um
desenvolvimento mais sustentável”;
•“Acredito firmemente que a nova era tecnológica, caso seja
criada de forma ágil e responsável, poderá dar início a um
novo renascimento cultural que irá permitir que nos sintamos
parte de algo muito maior que nós mesmos –uma verdadeira
civilização global”.
REINVENTIG PROSPERITY - 2016 - Graeme Maxton &
Jorgen Randers
Greystone Books - ISBN 9781771642514

Maiores desafios que mundo enfrenta hoje são desemprego


persistente, aumento da desigualdade, e aceleração das
mudanças climáticas.
Maioria das soluções a estes problemas têm sido
politicamente inaceitáveis: mundo marcado pelo pensamento
de curto prazo e desejo por crescimento econômico contínuo.

Autores oferecem treze propostas politicamente possíveis


para melhorar nosso mundo. De encurtar o ano de trabalho e
aumentar a idade de aposentadoria, a aumentar o bem-estar
e redefinir o que o trabalho significa.
 Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, Nova York de 25 a 27/09/2015: 193 países
aprovaram os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, para serem alcançados entre 2016 e 2030.

 17 objetivos e 169 metas, que substituiram


os ODMs.
Baseados nos 5 P’s:
 Pessoas (people);
 Planeta (planet);
 Prosperidade (prosperity);
 Paz (peace);
 Parceria (Partnership).
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
1) Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em
todos os lugares;
2) Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e
melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável;
3) Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para
todos, em todas as idades;
4) Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de
qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao
longo da vida para todos;
5) Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as
mulheres e meninas;
sustentável;
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
6) Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e
saneamento para todos;
7) Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a
preço acessível à energia para todos;
8) Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e
sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente
para todos;
9) Construir infraestruturas resilientes, promover a
industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a
inovação;
10) Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre
eles;
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
11) Tornar as cidades e os assentamentos humanos
inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;
12) Assegurar padrões de produção e de consumo
sustentáveis;
13) Tomar medidas urgentes para combater a mudança
climática e seus impactos;
14) Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e
dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;
15) Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as
florestas, combater a desertificação, deter e reverter a
degradação da terra e deter a perda de biodiversidade;
sustentável;
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

16) Promover sociedades pacíficas e inclusivas para


o desenvolvimento sustentável, proporcionar o
acesso à justiça para todos e construir instituições
eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os
níveis;
17) Fortalecer os meios de implementação e
revitalizar a parceria global para o
desenvolvimento. sustentável;
ODSs
Prioridades identificadas:
 Erradicar a pobreza;
 Combater as desigualdades;
 Preservar o planeta;
 Crescimento econômico
inclusivo e sustentável;
 Fomentar a inclusão social.
Acabou a Era da Abundância, e
estamos entrando na Era da Escassez.

- Michael and Joyce Huesemann, livro “Techno-Fix: Why


Technology Won’t Save Us or the Environment”, alertam
para ilusão suicida na confiança exagerada nos poderes da
tecnologia e na crença de que o progresso científico vai nos
salvar dos males sociais e ambientais do modelo “Extrai-
Produz-Descarta”.

- Economia Circular: extrai, produz, usa e recicla.

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