Professional Documents
Culture Documents
Objetivos:
• Apresentar o projeto de documentação
Grammar and multilingual practices through
the lens of everyday interaction in two
endangered languages in the East Tukano
family (Nick Williams, Barbara Fox)
EX 1: "visitante frequente"
Contexto: na refeição matinal, Dudu relata uma história que a sogra contou
para ele, sobre um homem a quem ela deu comida e que se tornou visitor
frequente depois disso.
02 (0.4)
04 VAL: [ m::M ]
05 DUD: =mMm
06 MAR/V?: ↑mm
07 DUD: mba.
08 VAL: >hm<.
1
EX 2: "tracinhos"
Contexto: Dudu e Marcelino estão olhando para a lista de entradas do banco de
dados lexicais de Wa’ikhana, logo antes do primeiro dia de uma oficina
linguística que reiniciaria o trabalho no dicionário. As falas antes indicam
que Dudu sente que tem problemas com a representação de algumas propriedades
fonológicas como qualidade vocálica, alongamento, glotalização e aspiração
traçop-~ga ~be'da
traço-DIM COM/INST
Ele (professor do Dudu em SG) mostrava alongamento com um traço.
02 (0.5)
04 (.)
05 MAR: M:m
07 MAR: M:[m
09 MAR: [ʉ̃ʉ
10 (0.2)
11 DUD: ʉ̃
ʉ yoado traçoɡã yeri sayeedo to:: naha .hh
ʉ̃
ʉ yoa-do traçop-~ga yee-di saa-yee-do to ~daha
longo-SG traço-DIM fazer-VIS.PFV.2/3 assim-fazer-SG DEF EMPH
Sim, colocando o traço, assim
12 (0.3)
14 MAR: [ Mm ]
15 DUD: “gʉʉ:”
“gʉ'ʉ”
16 (0.2)
17 MAR: Mm=
2
18 DUD: =Mm
20 DUD: [ñʉo]gʉ̃naha=
~yʉ-o-~gʉ-naha
ver-CAUS-SWRF-EMPH
quando ver
21 MAR: =Mm
22 DUD: m:ba
03 MAR: ʉʉ̃[ʉ ]
05 (0.5)
06 DUD: malĩ yee me'na ya'uduhkuere topʉ saã i'ñamʉhʉali ihimi to,
~badĩ yee ~be'da ya'u-duhkue-de to-pʉ saã
1PL.INC POSS.PL COM/INST contar-em.pé-OBJ REF-LOC estar.dentro
07 MAR: mMm
08 (0.4)
3
09 DUD: “yʉ'ʉ do'se ni: ohoaliba: ni mano, do'se ihiali mano",
yʉ'ʉ do'se ~di ohoa-di-boa ~di manop do'se
1SG INT:como dizer escrever-PL-SPEC dizer irmão INT:como
ihi-ali manop
COP-INT irmão
“Escrevi (traduzi para Wa'ikhana) certo, mano, como deveria ser,
mano?”
10 (.)
12 MAR: [ʉʉ̃ʉ
~di-~bii (yʉ'ʉ)
PROG-FRUS-VIS.PFV.1 1SG
Naqueles tempos eu curtia fazer isso (escrever entradas)
14 (.)
16 MAR: [ʉʉ̃ʉ
18 (0.5)
20 (0.5)
21 MAR: ʉʉ̃ʉ
22 DUD: "sayei yʉ'ʉ mano" nie[tidi
sa-yee-i yʉ'ʉ mano ~di-e[ti-di
assim-fazer-VIS.PFV.1 1SG irmão dizer-IPFV-VIS.PFV.2/3
“Eu fiz esse (trabalho), mano” ele falava
4
24 DUD: =mM [bahsioedali to mali ye me'ne
mM bahsio-eda-di to ~badi yee ~be'de
RP facil-NEG-VIS.PFV.2/3 REF 1PL.INC POSS.PL COM/INST
Não era facil (traduzir/escrever) nossa (língua)
25 MAR: [ʉʉ̃ʉ
26 MAR: ( )
EX 4: "representação"
Contexto: mais cedo na discussão sobre propriedades fonológicas no
dicionário, Dudu dá sua opinião sobre o estado atual do trabalho
03 MAR: mMm
04 DUD: mMm
05 (1.5)
bahuli ~o'o
aparecer-VIS.PFV.2/3 DEIC.PROX
No meu entender, isso- isso ainda não foi feito (no dicionário)
09 MAR: mMm
10 DUD: ʉʉ nino
ʉʉ ~di-do
ʉʉ dizer-SG
Dizendo "ʉʉ"
11 MAR: mMm
12 DUD: mM
13 MAR: mMm
14 (1.0)
5
EX 5: “aranhas”
Contexto: Um grupo assiste o filme mudo “No Rio Içana”, de 1928, que mostra
cenas da vida cotidiana na região. Neste momento, eles estão vendo um homem
trabalhando no preparo e corte das fibras de piaçava. Alguem perguntou por que
ele está batendo nas fibras com o terçado e o Hilário (de branco mais à
esquerda sugere) que pode ser porque têm aranhas e formigas que picam.
02 (0.2)
wa'a-di ~di
ir-VIS.PFV.2/3 dizer
"depois de muito tempo, essa palha fica assim," disse
04 MAR: mMm
05 DUD: ʉʉ̃ʉ
06 (0.3)
08 DUD: [mba
6
KOTIRIA – Jogo de Imagens, Domingos e Emilia (irmãos)
Ex 6: “soldado ou doador?”
Contexto: Dora apresenta um desenho do jogo de imagens a Domingos e Emilia para
eles descreverem as cenas e o que estão vendo.
05 EM: ʉ̃hʉ
khʉa-ra ~ha
ter-VIS.IPFV.2/3 P.INT
aqui tem emblema, aqui ele tem bonezinho, né
11 DOM: [ʉ̃ʉ
13 (1.1)
7
14 EM: a'rirose
a'ri-ro-se
DEM.PROX-SG-CONTR
e esse (outro)
15 (2.0)
17 (0.6)
~di-ra-ta ~basi-hari
PROG-VIS.IPFV.2/3-EMPH saber-INT.IPFV
é tipo ele está fazendo ajuda pra este aqui, entendeu?
19 (0.5)
22 EM: [bota sãriro choro hira niha, a'ri bota hierahari niha?
botaP ~saa-ri-ro cho-ro hi-ra
estar/ir-dentro-NMLZ-SG real-SG COP-VIS.IPFV.2/3
23 DOM: °hierara°
hi-era-ra
COP-NEG-VIS.IPFV.1
não são
8
25 DOM: [ãyoa a'rirore] doaro ninata a'riro to khʉare
~a-yoa a'ri-ro-re doaP-ro ~di-ra-ta
assim-fazer DEM.PROX-SG-OBJ doar-SG PROG-VIS.IPFV.2/3-EMPH
a'ri-ro to=khʉa-re
DEM.PROX-SG 3SG.POSS=ter-NMLZ
Por isso este (o policial) está doando pra este o que ele
tem (suas coisas)
26 (0.5)
sandáliaP-~ka ~o-se
sandália-DIM DEIC.PROX-CONTR
ʉʉ, isso (o que ele está doando) isso eu digo né, é como sandália
02 (1.8)
9
06 EM: õpʉre hi'na tiro sʉri hire, a'rinase
Inferência
~o-pʉ ~hi'da ti-ro sʉ-ri hi-re
DEIC.PROX-LOC EMPH ANPH-SG chegar-NMLZ COP-VIS.PFV.2/3
a'ri-~da-se
DEM.PROX-PL-CONTR
pra cá então ele cheɡou, e esses
10 DOM: [Mm
11 (0.6)
13 (0.4)
15 (0.2)
10
17 EM: ãyoa [surara tirore ña'a wa'kawari hire
~a-yoa suraraP ti-ro-re ~ya’a
assim-fazer soldado ANPH-SG-OBJ pegar
18 DOM: [mM
20 (0.3)
ti-ro ~o-se
ANPH-SG DEIC.PROX-CONTR
quando estava sentado lá, ele pensou assim
Inferência
22 DOM: õse hi'na
~o-se ~hi'da
DEIC.PROX-CONTR EMPH
assim mesmo
26 DOM: [mm
27 DOM: mm
29 (0.9)
11
30 EM: õse yoa tiro, (.)
~o-se yoa ti-ro
DEIC.PROX-CONTR fazer ANPH-SG
assim ele fez
32 (3.3)
~be'de sʉ
COM/INST chegar
mas aqui então, ela (0.1) cheɡou com advoɡados
37 (0.5)
39 DOM: mMm
40 (0.6)
44 EM: [mM
12
45 DOM: mM ñʉa yo'o Epistêmico
~ʉhʉ ~yʉ-a yo'o
RP ver-PL CONTR
sim, vendo assim
46 (0.7)
=ba! – abrindo
47 DOM: ma↓
para outras
48 (0.5) interpretações
13
↓
Convenções de transcrição
M/A (maiúsculo) indica intensidade; sublinar indica volume mais alto; : indica alongamento;
[ ] indica pontos início/final de falas sobrepostas; = indica fala conectada; p indica empréstimo de
Português; (duração do silêncio); °fala sussurada°; (.) micro pausa; ↑ tom mais alto
Abreviações (não-convencionais)
ASSERT=assertion (categoria evidencial); CONTR=contrastivo; EP=epistêmico; FRUS=frustrativo; OBJ=caso
objetivo; MED=medial (distância) P=partícula discursiva; REP=repetitivo; RP=partícula de resposta;
SPEC=speculativo; SWRF=switch reference (câmbio de sujeito); VIS=visual (categoria evidencial)
Referências
Clift, Rebecca. 2016. Conversation analysis. Cambridge: Cambridge University Press
Couper-Kuhlen, Elizabeth and Margret Selting. 2018. Interactional Linguistics. Studying language in
social interaction. Cambridge: Cambridge University Press.
Dingemanse, Mark and Simeon Floyd. 2014. Conversation across cultures. In The Cambridge handbook
of linguistic anthropology (pp. 447-480). Cambridge University Press.
Enfield, Nick. J. 2017. How we talk. The inner workings of conversation. New York: Basic Books.
Gardner, Rod. 2001. When listeners talk: Response tokens and listener stance (Vol. 92). John Benjamins
Publishing.
Sacks, Harvey. 1984. Notes on methodology. In J. Maxwell Atkinson & J. Heritage (Eds.), Structure of
social action: Studies in conversation analysis (pp. 21-27). Cambridge, England: Cambridge
University Press.
Sacks, Harvey, Emanuel A. Schegloff, and Gail Jefferson. 1974. "A Simplest Systematics for the
Organization of Turn-Taking for Conversation." Language 50:696-735.
San Roque, Lila, et al. 2012. Getting the Story Straight: Language Fieldwork Using a Narrative Problem-
Solving Task. Language Documentation & Conservation 6. 135-174.
Sidnell, Jack. 2012. Who knows best? Evidentiality and epistemic asymmetry inconversation. Pragmatics
and Society 3(2): 294-320.
Sorjonen, Marja-Leena 2001. Responding in conversation: A study of response particles in Finnish (Vol.
70). John Benjamins Publishing.
Thompson, Sandra. A., Barbara A. Fox, and Elizabeth Couper-Kuhlen. 2015. Grammar in everyday talk:
Building responsive actions (Vol. 31). Cambridge University Press.
** This material is based upon work supported by the National Science Foundation under Grant No.
BCS-1664348.
14