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7198 Diário da República, 1.ª série — N.

º 175 — 8 de setembro de 2015

SECÇÃO VI SECÇÃO VIII


Averiguação oficiosa da maternidade ou da paternidade Apadrinhamento civil

Artigo 60.º Artigo 66.º


Instrução Tramitação
1 — A instrução dos processos de averiguação oficiosa À constituição e revogação da relação de apadrinhamento
para investigação de maternidade ou paternidade ou para civil aplicam-se as normas processuais constantes do Re-
sua impugnação incumbe ao Ministério Público, que pode gime Jurídico do Apadrinhamento Civil, aprovado pela Lei
usar de qualquer meio de prova legalmente admitido. n.º 103/2009, de 11 de setembro, e o disposto no RGPTC,
2 — São obrigatoriamente reduzidos a escrito os de- em tudo quanto não contrarie aquele regime especial.
poimentos dos pais ou dos presumidos progenitores e as
provas que concorram para o esclarecimento do tribunal.
SECÇÃO IX
Artigo 61.º Ação tutelar comum
Carácter secreto do processo
Artigo 67.º
1 — A instrução do processo é secreta e é conduzida por
Tramitação
forma a evitar ofensa à reserva e à dignidade das pessoas.
2 — No processo não há lugar a intervenção de man- Sempre que a qualquer providência cível não corres-
datários judiciais, salvo na fase de recurso. ponda nenhuma das formas de processo previstas nas
3 — As pessoas podem ser assistidas por advogado nas secções anteriores, o tribunal pode ordenar livremente
diligências para que forem convocadas. as diligências que repute necessárias antes de proferir a
decisão final.
Artigo 62.º
Decisão final do Ministério Público Lei n.º 142/2015
1 — Finda a instrução, o Ministério Público emite decisão de 8 de setembro
sobre a inviabilidade da ação de investigação de maternidade
ou paternidade ou de impugnação desta, ou, concluindo pela Segunda alteração à Lei de Proteção de Crianças e Jovens
viabilidade, propõe a ação de investigação ou de impugnação. em Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro
2 — Nas situações em que não haja lugar à propositura
da ação a que se refere o artigo anterior pelo decurso do A Assembleia da República decreta, nos termos da
prazo a que alude a alínea b) do artigo 1809.º do Código alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
Civil, o Ministério Público inicia de imediato todas as
diligências tidas por necessárias à instauração de ação Artigo 1.º
de investigação, usando de todos os meios de prova já Objeto
recolhidos no âmbito da instrução da averiguação oficiosa. A presente lei procede à segunda alteração à Lei de Pro-
3 — A decisão de inviabilidade proferida pelo Minis- teção de Crianças e Jovens em Perigo, aprovada pela Lei
tério Público é notificada aos interessados. n.º 147/99, de 1 de setembro, alterada pela Lei n.º 31/2003,
de 22 de agosto.
Artigo 63.º
Artigo 2.º
Reapreciação hierárquica
Alteração à Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo
Da decisão de inviabilidade é admissível reapreciação
hierárquica, a qual deve ser requerida no prazo de 10 dias Os artigos 3.º, 4.º, 5.º, 7.º, 9.º, 11.º a 15.º, 17.º a 26.º,
junto do imediato superior hierárquico. 29.º a 33.º, 35.º, 37.º, 38.º-A, 43.º, 46.º, 49.º a 51.º, 53.º,
54.º, 57.º a 63.º, 68.º a 70.º, 73.º, 75.º, 79.º, 81.º, 82.º, 84.º,
Artigo 64.º 85.º, 87.º, 88.º, 91.º, 92.º, 94.º a 99.º, 101.º, 103.º, 105.º,
Termo de perfilhação 106.º, 108.º, 110.º, 111.º, 114.º, 118.º, 123.º, 124.º e 126.º
da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, apro-
Quando o presumido progenitor confirme a materni- vada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro, alterada pela
dade ou a paternidade, é imediatamente lavrado termo da Lei n.º 31/2003, de 22 de agosto, passam a ter a seguinte
perfilhação, na presença do Ministério Público. redação:

SECÇÃO VII «Artigo 3.º


Processos regulados no Código de Processo Civil [...]
1— .....................................
Artigo 65.º 2— .....................................
Tramitação
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
As providências que tenham correspondência nos pro- b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
cessos e incidentes regulados no Código de Processo Civil c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
seguem os termos aí prescritos, com as adaptações resul- d) Está aos cuidados de terceiros, durante período de
tantes do disposto no RGPTC. tempo em que se observou o estabelecimento com estes
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de forte relação de vinculação e em simultâneo com o atribuições, promover ações de prevenção primária e
não exercício pelos pais das suas funções parentais; secundária, nomeadamente, mediante a definição de
e) [Anterior alínea d).] planos de ação local para a infância e juventude, vi-
f) [Anterior alínea e).] sando a promoção, defesa e concretização dos direitos
g) [Anterior alínea f).] da criança e do jovem.
2 — As entidades com competência em matéria de
Artigo 4.º infância e juventude devem promover e integrar parce-
rias e a elas recorrer, sempre que, pelas circunstâncias do
[...]
caso, a sua intervenção isolada não se mostre adequada
......................................... à efetiva promoção dos direitos e proteção da criança
ou do jovem.
a) Interesse superior da criança e do jovem — a in- 3 — A intervenção das entidades com competência
tervenção deve atender prioritariamente aos interesses em matéria de infância e juventude é efetuada de modo
e direitos da criança e do jovem, nomeadamente à con- consensual com as pessoas de cujo consentimento de-
tinuidade de relações de afeto de qualidade e signifi- penderia a intervenção da comissão de proteção nos
cativas, sem prejuízo da consideração que for devida termos do artigo 9.º
a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade 4 — Com vista à concretização das suas atribuições,
dos interesses presentes no caso concreto; cabe às entidades com competência em matéria de in-
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . fância e juventude:
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a) Avaliar, diagnosticar e intervir em situações de
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . risco e perigo;
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) Implementar estratégias de intervenção necessárias
g) Primado da continuidade das relações psicológicas e adequadas à diminuição ou erradicação dos fatores
profundas — a intervenção deve respeitar o direito da de risco;
criança à preservação das relações afetivas estruturantes c) Acompanhar a criança, jovem e respetiva família
de grande significado e de referência para o seu saudável e em execução de plano de intervenção definido pela
harmónico desenvolvimento, devendo prevalecer as medidas própria entidade, ou em colaboração com outras enti-
que garantam a continuidade de uma vinculação securizante; dades congéneres;
h) Prevalência da família — na promoção dos direitos d) Executar os atos materiais inerentes às medidas
e na proteção da criança e do jovem deve ser dada pre- de promoção e proteção aplicadas pela comissão de
valência às medidas que os integrem em família, quer proteção ou pelo tribunal, de que sejam incumbidas,
na sua família biológica, quer promovendo a sua adoção nos termos do acordo de promoção e proteção ou da
ou outra forma de integração familiar estável; decisão judicial.
i) [Anterior alínea h).]
j) [Anterior alínea i).] 5 — No exercício das competências conferidas no
k) [Anterior alínea j).] número anterior cabe às entidades com competência em
matéria de infância e juventude elaborar e manter um
Artigo 5.º registo atualizado, do qual conste a descrição sumária
das diligências efetuadas e respetivos resultados.
[...]
......................................... Artigo 9.º
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . [...]
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 — A intervenção das comissões de proteção das
c) Situação de emergência — a situação de perigo crianças e jovens depende, nos termos da presente lei,
atual ou iminente para a vida ou a situação de perigo do consentimento expresso e prestado por escrito dos
atual ou iminente de grave comprometimento da in- pais, do representante legal ou da pessoa que tenha a
tegridade física ou psíquica da criança ou jovem, que guarda de facto, consoante o caso.
exija proteção imediata nos termos do artigo 91.º, ou 2 — A intervenção das comissões de proteção das
que determine a necessidade imediata de aplicação de crianças e jovens depende do consentimento de ambos
medidas de promoção e proteção cautelares; os progenitores, ainda que o exercício das responsabi-
d) Entidades com competência em matéria de infância lidades parentais tenha sido confiado exclusivamente
e juventude — as pessoas singulares ou coletivas, pú- a um deles, desde que estes não estejam inibidos do
blicas, cooperativas, sociais ou privadas que, por desen- exercício das responsabilidades parentais.
volverem atividades nas áreas da infância e juventude, 3 — Quando o progenitor que deva prestar consenti-
têm legitimidade para intervir na promoção dos direitos mento, nos termos do número anterior, estiver ausente
e na proteção da criança e do jovem em perigo; ou, de qualquer modo, incontactável, é suficiente o
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . consentimento do progenitor presente ou contactável,
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . sem prejuízo do dever de a comissão de proteção dili-
genciar, comprovadamente e por todos os meios ao seu
Artigo 7.º alcance, pelo conhecimento do paradeiro daquele, com
[...]
vista à prestação do respetivo consentimento.
4 — Quando tenha sido instituída a tutela, o con-
1 — As entidades com competência em matéria sentimento é prestado pelo tutor ou, na sua falta, pelo
de infância e juventude devem, no âmbito das suas protutor.
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5 — Se a criança ou o jovem estiver confiado à 3 — Para efeitos do disposto nos números anteriores,
guarda de terceira pessoa, nos termos dos artigos 1907.º a comissão remete o processo ao Ministério Público.
e 1918.º do Código Civil, ou se encontrar a viver com
uma pessoa que tenha apenas a sua guarda de facto, o Artigo 12.º
consentimento é prestado por quem tem a sua guarda, [...]
ainda que de facto, e pelos pais, sendo suficiente o con-
sentimento daquela para o início da intervenção. 1— .....................................
6 — Se, no caso do número anterior, não for possível 2— .....................................
contactar os pais apesar da realização das diligências 3 — As comissões de proteção são declaradas instala-
adequadas para os encontrar, aplica-se, com as neces- das por portaria dos membros do Governo responsáveis
sárias adaptações, o disposto no n.º 3. pelas áreas da justiça, da solidariedade e da segurança
7 — A intervenção das comissões de proteção das social.
crianças e jovens depende ainda do consentimento
expresso e prestado por escrito daqueles que hajam Artigo 13.º
apadrinhado civilmente a criança ou jovem, enquanto [...]
subsistir tal vínculo.
8 — Nos casos previstos nos n.os 3 e 5, cessa a legi- 1 — Os serviços públicos, as autoridades administra-
timidade da comissão de proteção para a intervenção tivas e as entidades policiais têm o dever de colaborar
a todo o momento, caso o progenitor não inibido do com as comissões de proteção no exercício das suas
exercício das responsabilidades parentais se oponha à atribuições.
intervenção. 2— .....................................
3 — O dever de colaboração abrange o de informação
Artigo 11.º e o de emissão, sem quaisquer encargos, de certidões,
relatórios e quaisquer outros documentos considerados
[...] necessários pelas comissões de proteção, no exercício
1 — (Anterior proémio do corpo do artigo): das suas competências de promoção e proteção.

a) [Anterior alínea a) do corpo do artigo]; Artigo 14.º


b) A pessoa que deva prestar consentimento, nos
Apoio ao funcionamento
termos do artigo 9.º, haja sido indiciada pela prática de
crime contra a liberdade ou a autodeterminação sexual 1 — O apoio ao funcionamento das comissões de
que vitime a criança ou jovem carecidos de proteção, ou proteção, designadamente, nas vertentes logística, fi-
quando, contra aquela tenha sido deduzida queixa pela nanceira e administrativa, é assegurado pelo município,
prática de qualquer dos referidos tipos de crime; podendo, para o efeito, ser celebrados protocolos de
c) Não seja prestado ou seja retirado o consenti- cooperação com os serviços e organismos do Estado
mento necessário à intervenção da comissão de prote- representados na Comissão Nacional.
ção, quando o acordo de promoção e de proteção seja 2 — O apoio logístico abrange os meios, equipamen-
reiteradamente não cumprido ou quando ocorra incum- tos e recursos necessários ao bom funcionamento das
primento do referido acordo de que resulte situação de comissões de proteção, designadamente, instalações,
grave perigo para a criança; informática, comunicação e transportes, de acordo com
d) Não seja obtido acordo de promoção e proteção, os termos de referência a definir pela Comissão Na-
mantendo-se a situação que justifique a aplicação de cional.
medida; 3 — O apoio financeiro consiste na disponibilização:
e) [Anterior alínea c) do corpo do artigo]; a) De um fundo de maneio, destinado a suportar
f) [Anterior alínea d) do corpo do artigo]; despesas ocasionais e de pequeno montante resultantes
g) Decorridos seis meses após o conhecimento da da ação das comissões de proteção junto das crianças e
situação pela comissão de proteção não tenha sido pro- jovens, suas famílias ou pessoas que têm a sua guarda
ferida qualquer decisão e os pais, representante legal ou de facto, de acordo com os termos de referência a definir
as pessoas que tenham a guarda de facto da criança ou pela Comissão Nacional;
jovem requeiram a intervenção judicial; b) De verba para contratação de seguro que cubra os
h) [Anterior alínea f) do corpo do artigo]; riscos que possam ocorrer no âmbito do exercício das
i) O processo da comissão de proteção seja apensado funções dos comissários previstos nas alíneas h), i), j),
a processo judicial, nos termos da lei; l) e m) do n.º 1 do artigo 17.º
j) Na sequência da aplicação de procedimento urgente
previsto no artigo 91.º 4 — O apoio administrativo consiste na cedência de
funcionário administrativo, de acordo com os termos de
2 — A intervenção judicial tem ainda lugar quando, referência a definir pela Comissão Nacional.
atendendo à gravidade da situação de perigo, à especial 5 — Excecionalmente, precedendo parecer favorável
relação da criança ou do jovem com quem a provocou ou da Comissão Nacional, os municípios podem protocolar
ao conhecimento de anterior incumprimento reiterado de com outros serviços representados nas comissões de
medida de promoção e proteção por quem deva prestar proteção que lhes proporcionem melhores condições
consentimento, o Ministério Público, oficiosamente ou de apoio logístico.
sob proposta da comissão, entenda, de forma justificada, 6 — Os critérios de atribuição do apoio ao funcio-
que, no caso concreto, não se mostra adequada a inter- namento das comissões de proteção devem ser fixados
venção da comissão de proteção. tendo em consideração a população residente com idade
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inferior a 18 anos, o volume processual da comissão e 2 — Nos casos da alínea b) do n.º 2 do artigo 15.º
a adequada estabilidade da intervenção protetiva, nos a designação dos cidadãos eleitores a que se reporta a
termos a definir pela Comissão Nacional. alínea l) do número anterior deve ser feita por acordo
entre os municípios envolvidos, privilegiando-se, sem-
Artigo 15.º pre que possível, a representatividade das diversas po-
pulações locais.
[...]
3 — Nos casos previstos no n.º 2 do artigo 15.º a
1— ..................................... composição da comissão observa a representatividade
2 — Tendo em vista a qualificação da resposta pro- interinstitucional e pluridisciplinar prevista no n.º 1 do
tetiva, mediante proposta dos municípios envolvidos e presente artigo.
precedendo parecer favorável da Comissão Nacional, Artigo 18.º
podem ser criadas:
[...]
a) Nos municípios com maior número de habitantes e
quando se justifique, mais de uma comissão de proteção, 1— .....................................
com competências numa ou mais freguesias, nos termos 2— .....................................
a definir pela portaria de instalação; a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) Em municípios adjacentes com menor número b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de habitantes e quando se justifique, comissões inter- c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
municipais, nos termos a definir pela portaria de ins- d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
talação. e) Colaborar com as entidades competentes na cons-
tituição, funcionamento e formulação de projetos e ini-
Artigo 17.º ciativas de desenvolvimento social local na área da
infância e da juventude;
[...]
f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1 — (Anterior proémio do corpo do artigo): g) Analisar a informação semestral relativa aos pro-
cessos iniciados e ao andamento dos pendentes na co-
a) Um representante do município, a indicar pela missão restrita, sem prejuízo do disposto no artigo 88.º;
câmara municipal, dos municípios, a indicar pelas câ- h) Prestar o apoio e a colaboração que a comissão
maras municipais, no caso previsto na alínea b) do n.º 2 restrita solicitar, nomeadamente no âmbito da dispo-
do artigo 15.º, ou das freguesias, a indicar por estas, no nibilização dos recursos necessários ao exercício das
caso previsto na alínea a) do n.º 2 do artigo 15.º, de entre suas funções;
pessoas com especial interesse ou aptidão na área das i) Elaborar e aprovar o plano anual de atividades;
crianças e jovens em perigo; j) Aprovar o relatório anual de atividades e avaliação
b) [Anterior alínea b) do corpo do artigo]; e enviá-lo à Comissão Nacional, à assembleia municipal
c) [Anterior alínea c) do corpo do artigo]; e ao Ministério Público;
d) Um representante do Ministério da Saúde, pre- k) Colaborar com a Rede Social na elaboração do
ferencialmente médico ou enfermeiro, e que integre, plano de desenvolvimento social local, na área da in-
sempre que possível, o Núcleo de Apoio às Crianças e fância e juventude.
Jovens em Risco;
e) Um representante das instituições particulares de 3 — No exercício das competências previstas nas
solidariedade social ou de outras organizações não gover- alíneas b), c), d) e e) do número anterior, a comissão
namentais que desenvolvam, na área de competência terri- deve articular com a Rede Social local.
torial da comissão de proteção, respostas sociais de caráter
não residencial, dirigidas a crianças, jovens e famílias; Artigo 19.º
f) Um representante do organismo público compe-
tente em matéria de emprego e formação profissional; [...]
g) Um representante das instituições particulares de 1— .....................................
solidariedade social ou de outras organizações não go- 2 — O plenário da comissão reúne com a periodici-
vernamentais que desenvolvam, na área de competência dade exigida pelo cumprimento das suas funções, no
territorial da comissão de proteção, respostas sociais de mínimo mensalmente.
caráter residencial dirigidas a crianças e jovens; 3 — O exercício de funções na comissão alargada
h) [Anterior alínea g) do corpo do artigo]; pressupõe a afetação dos comissários ao trabalho efe-
i) [Anterior alínea h) do corpo do artigo]; tivo na comissão, por tempo não inferior a oito horas
j) [Anterior alínea i) do corpo do artigo]; mensais, a integrar o período normal de trabalho.
k) Um representante de cada força de segurança,
dependente do Ministério da Administração Interna, Artigo 20.º
presente na área de competência territorial da comissão
[...]
de proteção;
l) Quatro cidadãos eleitores, preferencialmente com 1— .....................................
especiais conhecimentos ou capacidades para intervir na 2 — São, por inerência, membros da comissão restrita
área das crianças e jovens em perigo, designados pela o presidente da comissão de proteção e os representantes
assembleia municipal, ou pelas assembleias municipais do município, ou dos municípios ou das freguesias nos
ou assembleia de freguesia, nos casos previstos, respe- casos previstos, respetivamente, nas alíneas b) e a) do no
tivamente, nas alíneas b) e a) do no n.º 2 do artigo 15.º; n.º 2 do artigo 15.º, e da segurança social, da educação
m) [Anterior alínea m) do corpo do artigo]. e da saúde quando não exerçam a presidência.
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3— ..................................... 4 — O exercício efetivo da presidência é obrigatório


4— ..................................... para o membro eleito e vincula, nos casos aplicáveis, a
5— ..................................... entidade representada.
6 — Nos casos em que o exercício de funções a 5 — O presidente da comissão exerce as suas funções
tempo inteiro pelos comissários não garanta a obser- a tempo inteiro, sempre que a população residente na
vância dos critérios previstos no n.º 3 do artigo 22.º, as área de competência territorial da respetiva comissão
entidades mencionadas nas alíneas a), b), c) e k) do n.º 1 for, pelo menos, igual a 5000 habitantes com idade igual
do artigo 17.º disponibilizam ainda técnicos para apoio ou inferior a 18 anos.
à comissão, aplicando-se com as devidas adaptações o 6 — O exercício das funções do presidente da comissão
disposto no n.º 2 do artigo seguinte. de proteção é obrigatoriamente considerado e valorizado,
quer para efeitos da avaliação de desempenho pela sua
Artigo 21.º entidade de origem, quer para progressão na carreira, quer
ainda em procedimentos concursais a que se candidate.
[...]
7 — Para efeitos da vinculação a que se refere o n.º 4,
1— ..................................... a comissão emite e disponibiliza à entidade de origem
2— ..................................... certidão da ata da reunião que elegeu o presidente.
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Artigo 24.º
b) Decidir da abertura e da instrução do processo de
promoção e proteção; [...]
c) Apreciar liminarmente as situações de que a co-
.........................................
missão de proteção tenha conhecimento, decidindo o
arquivamento imediato do processo quando se verifique a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
manifesta desnecessidade de intervenção; b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
d) [Anterior alínea c).] c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e) [Anterior alínea d).] d) Coordenar os trabalhos de elaboração do plano
f) [Anterior alínea e).] anual de atividades, elaborar o relatório anual de ativida-
g) Decidir a aplicação e acompanhar e rever as medi- des e avaliação e submetê-los à aprovação da comissão
das de promoção e proteção, com exceção da medida de alargada;
confiança a pessoa selecionada para a adoção, a família e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de acolhimento ou a instituição com vista a adoção; f) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
h) Praticar os atos de instrução e acompanhamento
de medidas de promoção e proteção que lhe sejam so- Artigo 25.º
licitados no contexto de processos de colaboração com
[...]
outras comissões de proteção;
i) [Anterior alínea g)]. 1 — Os membros da comissão de proteção repre-
sentam e obrigam os serviços e as entidades que os
Artigo 22.º designam, sendo responsáveis pelo cumprimento dos
objetivos contidos no plano anual de ação do serviço
[...]
respetivo para a proteção da criança, designadamente
1— ..................................... no que respeita às responsabilidades destes serviços no
2— ..................................... âmbito das comissões de proteção de crianças e jovens.
3 — Os membros da comissão restrita exercem fun- 2 — O exercício das funções dos membros da comis-
ções em regime de tempo completo ou de tempo parcial, são de proteção, no âmbito da competência desta, têm
em conformidade com os critérios de referência estabe- caráter prioritário relativamente às que exercem nos res-
lecidos pela Comissão Nacional. petivos serviços e constituem serviço público obrigatório
4— ..................................... sendo consideradas, para todos os efeitos, como presta-
5 — Quando a entidade representada ou responsável das na profissão, atividade ou cargo do respetivo titular.
por disponibilizar técnicos para apoio nos termos do 3 — A formação inicial e contínua dos membros das
n.º 6 do artigo 20.º, não cumprir os tempos de afetação comissões constitui um dever e um direito, cabendo à
definidos nos termos do n.º 3, deve o presidente da entidade representada ou à Comissão Nacional, no caso
comissão de proteção comunicar a referida irregulari- dos comissários previstos nas alíneas h), i), j), l) e m)
dade ao Ministério Público e à Comissão Nacional, nos do n.º 1 do artigo 17.º, proporcionar os meios indispen-
30 dias que se seguem à sua verificação, cabendo a esta sáveis à frequência dessas ações.
última providenciar junto das entidades competentes 4 — Quando demandados por atos praticados no
pela sanação daquela irregularidade. exercício das suas funções, os membros da comissão
de proteção gozam de isenção de custas, cabendo à
Artigo 23.º entidade representada ou à Comissão Nacional, no caso
dos comissários previstos nas alíneas h), i), j), l) e m)
[...]
do n.º 1 do artigo 17.º, assegurar os custos inerentes ao
1 — O presidente da comissão de proteção é eleito respetivo patrocínio judiciário.
pelo plenário da comissão alargada de entre todos os 5 — Os membros da comissão de proteção têm di-
seus membros. reito à atribuição e ao uso de cartão de identificação, de
2— ..................................... modelo aprovado por portaria dos membros do Governo
3 — O secretário substitui o presidente nas suas faltas responsáveis pelas áreas da justiça, da solidariedade e
e impedimentos. da segurança social.
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Artigo 26.º venção territorial em matéria de promoção dos direitos


[...]
e proteção das crianças e jovens em perigo, incluindo
dados estatísticos e informações que permitam conhecer
1 — Os membros da comissão de proteção são de- a natureza dos casos apreciados e as medidas aplicadas
signados por um período de três anos, renovável por e avaliar as dificuldades e a eficácia da intervenção.
duas vezes. 2— .....................................
2 — Excecionalmente, o exercício de funções na 3— .....................................
comissão de proteção pode prolongar-se para além do 4— .....................................
prazo máximo estabelecido no número anterior, desig- 5 — A Comissão Nacional promove a realização
nadamente nos casos de impossibilidade de substituição anual de um encontro de avaliação das comissões de
do membro, desde que haja acordo entre o comissário e proteção, com base na divulgação e análise do relatório
a entidade representada, nos casos aplicáveis, e parecer de atividades nacional.
favorável da comissão nacional. 6 — A Comissão Nacional envia à Assembleia da
3 — O presidente da comissão é eleito pelo período República, até 30 de junho, o Relatório Anual de ava-
de três anos, renovável por uma única vez. liação das CPCJ.
4 — Os comissários mantêm-se em funções até ao
final do seu mandato. Artigo 33.º
5 — Decorrido o período de nove anos consecutivos
de exercício de funções na comissão de proteção, só [...]
pode ocorrer designação do mesmo comissário para o 1 — As comissões de proteção são objeto de audito-
referido exercício, decorrido que seja o período com- rias e de inspeção nos termos da lei.
pleto de duração de um mandato, com exceção das 2 — As auditorias às comissões de proteção são da
situações previstas no n.º 2. competência da Comissão Nacional e são efetuadas nos
termos previstos no diploma que aprova a sua orgânica,
Artigo 29.º visando exclusivamente:
[...]
a) Aferir o regular funcionamento e composição das
1— ..................................... comissões de proteção, tendo por referência o quadro
2 — A ata contém a identificação dos membros pre- legal constante dos artigos 15.º a 29.º;
sentes e indica se as deliberações foram tomadas por b) Aferir os níveis de observância das orientações
maioria ou por unanimidade, fazendo ainda menção aos e diretivas genéricas que versem o exercício das com-
pareceres emitidos nos termos do n.º 2 do artigo 20.º-A. petências das comissões de proteção e que lhes sejam
dirigidas pela Comissão Nacional.
Artigo 30.º
[...]
3 — As auditorias realizam-se por iniciativa da
As comissões de proteção são acompanhadas, apoia- Comissão Nacional ou a requerimento do Ministério
das e avaliadas pela Comissão Nacional. Público.
4 — As inspeções às comissões de proteção são da
Artigo 31.º competência e iniciativa do Ministério Público, podendo
ter lugar por solicitação da Comissão Nacional.
[...] 5 — As inspeções têm por objeto a atividade glo-
......................................... balmente desenvolvida pelas comissões de proteção,
excluindo-se do respetivo âmbito as matérias a que se
a) Proporcionar formação especializada e informação reporta o n.º 2.
adequadas no domínio da promoção dos direitos e da
proteção das crianças e jovens em perigo; Artigo 35.º
b) Formular orientações e emitir diretivas genéricas
relativamente ao exercício das competências das comis- [...]
sões de proteção, bem como formular recomendações 1— .....................................
quanto ao seu regular funcionamento e composição;
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
f) Promover mecanismos de supervisão e auditar as d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
comissões de proteção; e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
g) Participar na execução de inspeções à atividade f) Acolhimento residencial;
das comissões de proteção promovidas pelo Ministério g) Confiança a pessoa selecionada para a adoção,
Público e a seu requerimento. a família de acolhimento ou a instituição com vista à
adoção.
Artigo 32.º
2 — As medidas de promoção e de proteção são
[...]
executadas no meio natural de vida ou em regime de
1 — As comissões de proteção elaboram anualmente colocação, consoante a sua natureza, e podem ser deci-
um relatório de atividades, com identificação da situação didas a título cautelar, com exceção da medida prevista
e dos problemas existentes na respetiva área de inter- na alínea g) do número anterior.
7204 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

3 — Consideram-se medidas a executar no meio na- especial relativamente a crianças até aos seis anos de
tural de vida as previstas nas alíneas a), b), c) e d) do idade, salvo:
n.º 1 e medidas de colocação as previstas nas alíneas e)
e f); a medida prevista na alínea g) é considerada a a) Quando a consideração da excecional e específica
executar no meio natural de vida no primeiro caso e de situação da criança ou jovem carecidos de proteção
colocação, no segundo e terceiro casos. imponha a aplicação da medida de acolhimento resi-
4— ..................................... dencial;
b) Quando se constate impossibilidade de facto.
Artigo 37.º
5 — A aplicação da medida de acolhimento residen-
Medidas cautelares cial nos casos previstos nas alíneas a) e b) do número
1 — A título cautelar, o tribunal pode aplicar as me- anterior é devidamente fundamentada.
didas previstas nas alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 35.º,
nos termos previstos no n.º 1 do artigo 92.º, ou enquanto Artigo 49.º
se procede ao diagnóstico da situação da criança e à
definição do seu encaminhamento subsequente. Definição e finalidade
2 — As comissões podem aplicar as medidas previs- 1 — A medida de acolhimento residencial consiste
tas no número anterior enquanto procedem ao diagnós- na colocação da criança ou jovem aos cuidados de uma
tico da situação da criança e à definição do seu enca- entidade que disponha de instalações, equipamento de
minhamento subsequente, sem prejuízo da necessidade acolhimento e recursos humanos permanentes, devida-
da celebração de um acordo de promoção e proteção mente dimensionados e habilitados, que lhes garantam
segundo as regras gerais. os cuidados adequados.
3 — As medidas aplicadas nos termos dos números 2 — O acolhimento residencial tem como finali-
anteriores têm a duração máxima de seis meses e devem dade contribuir para a criação de condições que ga-
ser revistas no prazo máximo de três meses. rantam a adequada satisfação de necessidades físicas,
psíquicas, emocionais e sociais das crianças e jovens
Artigo 38.º-A e o efetivo exercício dos seus direitos, favorecendo
Confiança a pessoa selecionada para a adoção, a família a sua integração em contexto sociofamiliar seguro e
de acolhimento ou a instituição com vista a futura adoção promovendo a sua educação, bem-estar e desenvol-
A medida de confiança a pessoa selecionada para a vimento integral.
adoção, a família de acolhimento ou a instituição com
vista a futura adoção, aplicável quando se verifique Artigo 50.º
alguma das situações previstas no artigo 1978.º do Có-
Acolhimento residencial
digo Civil, consiste:
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 — O acolhimento residencial tem lugar em casa
b) Ou na colocação da criança ou do jovem sob a de acolhimento e obedece a modelos de intervenção
guarda de família de acolhimento ou de instituição com socioeducativos adequados às crianças e jovens nela
vista a futura adoção. acolhidos.
2 — As casas de acolhimento podem organizar-se
Artigo 43.º por unidades especializadas, designadamente:
[...] a) Casas de acolhimento para resposta em situações
de emergência;
1 — (Anterior corpo do artigo.) b) Casas de acolhimento para resposta a problemáti-
2 — A medida pode ser acompanhada de apoio de cas específicas e necessidades de intervenção educativa
natureza psicopedagógica e social e, quando necessário, e terapêutica evidenciadas pelas crianças e jovens a
de ajuda económica. acolher;
c) Apartamentos de autonomização para o apoio e
Artigo 46.º
promoção de autonomia dos jovens.
Definição e pressupostos
1 — O acolhimento familiar consiste na atribuição 3 — Para além das casas de acolhimento, as insti-
da confiança da criança ou do jovem a uma pessoa tuições que desenvolvem respostas residenciais, no-
singular ou a uma família, habilitadas para o efeito, meadamente nas áreas da educação especial e da saúde
proporcionando a sua integração em meio familiar e a podem, em situações devidamente fundamentadas e
prestação de cuidados adequados às suas necessidades pelo tempo estritamente necessário, executar medidas
e bem-estar e a educação necessária ao seu desenvol- de acolhimento residencial relativamente a crianças ou
vimento integral. jovens com deficiência permanente, doenças crónicas
2— ..................................... de caráter grave, perturbação psiquiátrica ou compor-
3 — O acolhimento familiar tem lugar quando seja tamentos aditivos, garantindo os cuidados socioeduca-
previsível a posterior integração da criança ou jovem tivos e terapêuticos a prestar no âmbito da execução
numa família ou, não sendo possível, para a preparação da medida.
da criança ou jovem para a autonomia de vida. 4 — A regulamentação do regime de organização e
4 — Privilegia-se a aplicação da medida de acolhi- funcionamento das casas de acolhimento de crianças e
mento familiar sobre a de acolhimento residencial, em jovens consta de legislação própria.
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7205

Artigo 51.º formação mínima correspondente a licenciatura nas


Modalidades da integração
áreas da psicologia e do trabalho social, sendo designado
o diretor técnico de entre estes;
1 — No que respeita à integração no acolhimento, a b) A equipa educativa integra preferencialmente co-
medida de acolhimento residencial é planeada ou, nas laboradores com formação profissional específica para
situações de emergência, urgente. as funções de acompanhamento socioeducativo das
2 — A integração planeada pressupõe a preparação da crianças e jovens acolhidos e inerentes à profissão de
integração na casa de acolhimento, mediante troca de in- auxiliar de ação educativa e de cuidados de crianças.
formação relevante entre a entidade que aplica a medida, a c) A equipa de apoio integra obrigatoriamente cola-
entidade responsável pela gestão das vagas em acolhimento boradores de serviços gerais.
e a instituição responsável pelo acolhimento, tendo em
vista a melhor proteção e promoção dos direitos da criança 2 — Sempre que se justifique, a casa de acolhimento
ou jovem a acolher e incide, designadamente, sobre: pode recorrer às respostas e serviços existentes na co-
a) A avaliação do plano de intervenção executado em munidade, designadamente nas áreas da saúde e do
meio natural de vida, nos casos aplicáveis; direito.
b) A situação de perigo que determina a aplicação 3 — À equipa técnica cabe o diagnóstico da situação
da medida; da criança ou do jovem acolhidos e a definição e execu-
c) As necessidades específicas da criança ou jovem ção do seu projeto de promoção e proteção, de acordo
a acolher; e com a decisão do tribunal ou da comissão.
d) Os recursos e características da intervenção que 4 — Para efeitos do disposto no número anterior, a
se revelem necessários, a disponibilizar pela instituição equipa técnica da casa de acolhimento é obrigatoria-
de acolhimento. mente ouvida pela entidade decisora, designadamente
aquando da revisão da medida de acolhimento apli-
3 — A intervenção planeada pressupõe ainda a pre- cada.
paração informada da criança ou jovem e, sempre que
possível, da respetiva família. Artigo 57.º
4 — A integração urgente em casa de acolhimento [...]
é determinada pela necessidade de proteção da criança
quando ocorra situação de emergência nos termos pre- 1— .....................................
vistos na alínea c) do artigo 5.º e prescinde da planifi- a) A modalidade de integração no acolhimento e a
cação a que se reporta o número anterior, regendo-se eventual especialização da resposta;
por modelo procedimental especificamente direcionado b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
para a proteção na crise. c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5 — Nos casos referidos no número anterior, a inte-
gração tem lugar preferencialmente em unidade espe- 2 — A informação a que se refere a alínea c) do nú-
cializada de acolhimento de emergência, integrada em mero anterior deve conter os elementos necessários para
casa de acolhimento de crianças e jovens, a indicar pela avaliar o desenvolvimento da personalidade, o aprovei-
entidade gestora das vagas em acolhimento. tamento escolar, a progressão em outras aprendizagens,
Artigo 53.º a adequação da medida aplicada e a possibilidade de
regresso da criança ou do jovem à sua família, bem como
Funcionamento das casas de acolhimento de outra solução de tipo familiar adequada à promoção
1 — As casas de acolhimento são organizadas em dos seus direitos e proteção, ou de autonomia de vida.
unidades que favoreçam uma relação afetiva do tipo
familiar, uma vida diária personalizada e a integração Artigo 58.º
na comunidade. [...]
2 — O regime de funcionamento das casas de aco-
lhimento é definido em diploma próprio. 1 — A criança e o jovem acolhidos em instituição,
3 — Os pais, o representante legal ou quem tenha a ou que beneficiem da medida de promoção de proteção
guarda de facto da criança podem visitar a criança ou o de acolhimento familiar, têm, em especial, os seguintes
jovem, de acordo com os horários e as regras de funcio- direitos:
namento da casa, salvo decisão judicial em contrário. a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4 — Na falta ou ausência de idoneidade das pessoas
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a que se reporta o número anterior e nas condições ali
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
referidas, o tribunal ou a comissão de proteção podem
d) Ser ouvido e participar ativamente, em função do
autorizar outros adultos idóneos, de referência afetiva
para a criança, a visitarem-na. seu grau de discernimento, em todos os assuntos do
seu interesse, que incluem os respeitantes à definição
Artigo 54.º e execução do seu projeto de promoção e proteção e
ao funcionamento da instituição e da família de aco-
Recursos humanos
lhimento;
1 — As casas de acolhimento dispõem necessaria- e) [Anterior alínea d).]
mente de recursos humanos organizados em equipas f) [Anterior alínea e).]
articuladas entre si, designadamente: g) Não ser transferido da casa de acolhimento ou
a) A equipa técnica, constituída de modo pluridis- da família de acolhimento, salvo quando essa decisão
ciplinar, integra obrigatoriamente colaboradores com corresponda ao seu superior interesse;
7206 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

h) [Anterior alínea g).] c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .


i) Ser acolhido, sempre que possível, em casa de d) (Revogada.)
acolhimento ou família de acolhimento próxima do seu e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
contexto familiar e social de origem, exceto se o seu
superior interesse o desaconselhar; 4 — Nos casos previstos no número anterior, a de-
j) Não ser separado de outros irmãos acolhidos, ex- cisão de revisão deve ser fundamentada de facto e de
ceto se o seu superior interesse o desaconselhar. direito, em coerência com o projeto de vida da criança
ou jovem.
2 — Os direitos referidos no número anterior cons- 5 — (Anterior n.º 4.)
tam necessariamente do regulamento interno das casas 6 — (Anterior n.º 5.)
de acolhimento.
Artigo 62.º-A
Artigo 59.º
Medida de confiança a pessoa selecionada
[...] para a adoção, a família
de acolhimento ou a instituição com vista a adoção
1— .....................................
2— ..................................... 1 — Salvo o disposto no número seguinte, a me-
3 — Para efeitos do disposto no número anterior, o dida de confiança a pessoa selecionada para a adoção,
tribunal designa equipas específicas, com a composição a família de acolhimento ou a instituição com vista
e competências previstas na lei, ou entidade que consi- a adoção, dura até ser decretada a adoção e não está
dere mais adequada, não podendo, em qualquer caso, sujeita a revisão.
ser designada a comissão de proteção para executar 2 — A título excecional a medida é revista, nos casos
medidas aplicadas pelo tribunal. em que a sua execução se revele manifestamente inviá-
4 — (Revogado.) vel, designadamente quando a criança atinja a idade
limite para a adoção sem que o projeto adotivo tenha
Artigo 60.º sido concretizado.
3 — Na sentença que aplique a medida prevista no
[...] n.º 1, o tribunal designa curador provisório à criança,
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, o qual exerce funções até ser decretada a adoção ou
as medidas previstas nas alíneas a), b), c) e d) do n.º 1 instituída outra medida tutelar cível.
do artigo 35.º têm a duração estabelecida no acordo ou 4 — O curador provisório é a pessoa a quem o menor
na decisão judicial. tiver sido confiado.
2 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, 5 — Em caso de confiança a instituição ou família
cada uma das medidas referidas no número anterior não de acolhimento, o curador provisório é, de preferência,
pode ter duração superior a um ano, podendo, todavia, quem tenha um contacto mais direto com a criança, de-
ser prorrogadas até 18 meses se o interesse da criança vendo, a requerimento do organismo de segurança social
ou do jovem o aconselhar e desde que se mantenham os ou da instituição particular autorizada a intervir em
consentimentos e os acordos legalmente exigidos. matéria de adoção, a curadoria provisória ser transferida
3 — Excecionalmente, quando a defesa do superior para o candidato a adotante, logo que selecionado.
interesse da criança ou do jovem o imponha, a medida 6 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte,
prevista na alínea d) do n.º 1 do artigo 35.º pode ser aplicada a medida prevista no n.º 1, não há lugar a visitas
prorrogada até que aqueles perfaçam os 21 anos de por parte da família biológica ou adotante.
idade. 7 — Em casos devidamente fundamentados e em
função da defesa do superior interesse do adotando,
Artigo 61.º podem ser autorizados contactos entre irmãos.
[...]
As medidas previstas nas alíneas e) e f) do n.º 1 do Artigo 63.º
artigo 35.º têm a duração estabelecida no acordo ou na [...]
decisão judicial.
1— .....................................
Artigo 62.º 2 — Aquando da cessação da medida aplicada, a
comissão de proteção ou o tribunal efetuam as comu-
[...]
nicações eventualmente necessárias junto das entidades
1 — Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 37.º, referidas no artigo 7.º, tendo em vista o acompanha-
as medidas aplicadas são obrigatoriamente revistas findo mento da criança, jovem e sua família, pelo período
o prazo fixado no acordo ou na decisão judicial, e, em que se julgue adequado.
qualquer caso, decorridos períodos nunca superiores a
seis meses, inclusive as medidas de acolhimento resi- Artigo 68.º
dencial e enquanto a criança aí permaneça. [...]
2— .....................................
3 — A decisão de revisão determina a verificação das .........................................
condições de execução da medida e pode determinar,
a) As situações em que não obtenham a disponibili-
ainda:
dade dos meios necessários para proceder à avaliação
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . diagnóstica dos casos, nomeadamente por oposição de
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . um serviço ou instituição e, em particular, as situações
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7207

de recusa de prestação de informação relativa a dados previstos no artigo 38.º, e concorde com o entendimento
pessoais sensíveis, designadamente informação clínica, da comissão de proteção;
solicitada nos termos do n.º 1 do artigo 13.º-A; b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) (Revogada.)
c) (Revogada.) Artigo 79.º
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . [...]
f) Os casos em que, por força da aplicação sucessiva 1— .....................................
ou isolada das medidas de promoção e proteção pre- 2— .....................................
vistas nas alíneas a) a c), e) e f) do n.º 1 do artigo 35.º, 3— .....................................
o somatório de duração das referidas medidas perfaça 4 — Se, após a aplicação de medida não cautelar,
18 meses. a criança ou o jovem mudar de residência por período
superior a três meses, o processo é remetido à comissão
Artigo 69.º de proteção ou ao tribunal da área da nova residência.
[...] 5 — Para efeitos do disposto no número anterior, a
execução de medida de promoção e proteção de aco-
As comissões de proteção comunicam ainda ao Mi-
lhimento não determina a alteração de residência da
nistério Público as situações de facto que justifiquem
a regulação ou a alteração do regime de exercício das criança ou jovem acolhido.
responsabilidades parentais, a inibição do exercício das 6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior,
responsabilidades parentais, a instauração da tutela ou a a comissão de proteção com competência territorial
adoção de qualquer outra providência cível, nomeada- na área do município ou freguesia de acolhimento da
mente nos casos em que se mostre necessária a fixação criança ou jovem, presta à comissão que aplicou a me-
ou a alteração ou se verifique o incumprimento das dida de promoção e proteção toda a colaboração neces-
prestações de alimentos. sária ao efetivo acompanhamento da medida aplicada,
que para o efeito lhe seja solicitada.
Artigo 70.º 7 — Salvo o disposto no n.º 4, são irrelevantes as
modificações de facto que ocorrerem posteriormente
[...]
ao momento da instauração do processo.
1 — Quando os factos que tenham determinado a
situação de perigo constituam crime, as entidades e ins- Artigo 81.º
tituições referidas nos artigos 7.º e 8.º devem comunicá- [...]
-los imediatamente ao Ministério Público ou às entida-
des policiais, sem prejuízo das comunicações previstas 1 — Quando, relativamente à mesma criança ou jo-
nos artigos anteriores. vem, forem instaurados, sucessivamente ou em sepa-
2 — As situações previstas no número anterior de- rado, processos de promoção e proteção, inclusive na
vem, em simultâneo, ser comunicadas pela comissão de comissão de proteção, tutelar educativo ou relativos a
proteção ao magistrado do Ministério Público que, nos providências tutelares cíveis, devem os mesmos correr
termos do n.º 2 do artigo 72.º, acompanha a respetiva por apenso, independentemente do respetivo estado,
atividade. sendo competente para deles conhecer o juiz do processo
instaurado em primeiro lugar.
Artigo 73.º 2 — (Revogado.)
[...] 3 — Para efeitos do disposto no n.º 1, o juiz solicita
à comissão de proteção que o informe sobre qualquer
1— ..................................... processo de promoção e proteção pendente ou que venha
a) Tenha conhecimento das situações de crianças a ser instaurado posteriormente relativamente à mesma
e jovens em perigo residentes em áreas em que não criança ou jovem.
esteja instalada comissão de proteção, sem prejuízo do 4 — A apensação a que se reporta o n.º 1 tem lugar
disposto no artigo seguinte; independentemente do estado dos processos.
b) Recebidas as comunicações a que se refere o ar-
tigo 68.º, considere haver indícios de situação de perigo Artigo 82.º
para a criança ou jovem, suscetíveis de reclamar a apli-
[...]
cação de medida judicial de promoção e proteção;
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 — Quando relativamente a um mesmo jovem corre-
rem simultaneamente processo de promoção e proteção
2— ..................................... e processo penal, a comissão de proteção ou a secção
de família e menores remete à autoridade judiciária
Artigo 75.º competente para o processo penal cópia da respetiva
[...] decisão, podendo acrescentar as informações sobre a
inserção familiar e socioprofissional do jovem que con-
......................................... sidere adequadas.
a) Quando a comissão de proteção lhe haja remetido 2— .....................................
o processo de promoção e proteção por falta de compe- 3— .....................................
tência para aplicação da medida adequada, nos termos 4— .....................................
7208 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

Artigo 84.º 9 — Quando o processo tenha sido arquivado nos


termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 21.º, é destruído
[...]
passados dois anos após o arquivamento.
As crianças e os jovens são ouvidos pela comissão
de proteção ou pelo juiz sobre as situações que deram Artigo 91.º
origem à intervenção e relativamente à aplicação, re- [...]
visão ou cessação de medidas de promoção e proteção,
nos termos previstos nos artigos 4.º e 5.º do Regime 1 — Quando exista perigo atual ou iminente para a vida
Geral do Processo Tutelar Cível, aprovado pela Lei ou de grave comprometimento da integridade física ou
n.º 141/2015, de 8 de setembro. psíquica da criança ou jovem, e na ausência de consenti-
mento dos detentores das responsabilidades parentais ou
Artigo 85.º de quem tenha a guarda de facto, qualquer das entidades
referidas no artigo 7.º ou as comissões de proteção tomam
Audição dos titulares das responsabilidades parentais as medidas adequadas para a sua proteção imediata e soli-
1 — (Anterior corpo do artigo.) citam a intervenção do tribunal ou das entidades policiais.
2 — Ressalvam-se do disposto no número anterior 2 — A entidade que intervém nos termos do número
as situações de ausência, mesmo que de facto, por im- anterior dá conhecimento imediato das situações a que
aí se alude ao Ministério Público ou, quando tal não seja
possibilidade de contacto devida a desconhecimento do
possível, logo que cesse a causa da impossibilidade.
paradeiro, ou a outra causa de impossibilidade, e os de
3 — Enquanto não for possível a intervenção do tri-
inibição do exercício das responsabilidades parentais. bunal, as autoridades policiais retiram a criança ou o
jovem do perigo em que se encontra e asseguram a sua
Artigo 87.º proteção de emergência em casa de acolhimento, nas
[...] instalações das entidades referidas no artigo 7.º ou em
outro local adequado.
1— ..................................... 4— .....................................
2— .....................................
3 — Aos exames médicos é correspondentemente Artigo 92.º
aplicável o disposto nos artigos 9.º e 10.º, salvo nas
situações de emergência previstas no artigo 91.º [...]
4— ..................................... 1— .....................................
5— ..................................... 2 — Para efeitos do disposto no número anterior, o
tribunal procede às averiguações sumárias e indispensá-
Artigo 88.º veis e ordena as diligências necessárias para assegurar
[...]
a execução das suas decisões, podendo recorrer às en-
tidades policiais e permitir às pessoas a quem incumba
1— ..................................... do cumprimento das suas decisões a entrada, durante o
2— ..................................... dia, em qualquer casa.
3— ..................................... 3— .....................................
4 — A criança ou jovem podem consultar o processo
através do seu advogado ou pessoalmente se o juiz ou Artigo 94.º
o presidente da comissão o autorizar, atendendo à sua [...]
maturidade, capacidade de compreensão e natureza dos
factos. 1 — A comissão de proteção, recebida a comunicação
5— ..................................... da situação ou depois de proceder a diligências sumárias
6 — Os processos das comissões de proteção são que a confirmem, deve contactar a criança ou o jovem,
destruídos quando a criança ou jovem atinjam a maio- os titulares das responsabilidades parentais ou a pessoa
ridade ou, no caso da alínea d) do n.º 1 do artigo 63.º, com quem a criança ou o jovem residam, informando-os
aos 21 anos. da situação e ouvindo-os sobre ela.
7 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, 2— .....................................
3 — As diligências sumárias referidas no n.º 1 des-
a informação a que alude o disposto no n.º 1 do ar-
tinam-se apenas à obtenção, junto da entidade que co-
tigo 13.º-A é destruída assim que o processo ao abrigo municou a situação de perigo, de elementos que possam
do qual foi recolhida seja arquivado, pelo facto de a si- confirmá-la ou esclarecê-la.
tuação de perigo não se comprovar ou já não subsistir.
8 — Em caso de aplicação da medida de promoção Artigo 95.º
e proteção prevista na alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º,
deve ser respeitado o segredo de identidade relativo aos Falta de consentimento
adotantes e aos pais biológicos do adotado, nos termos 1 — As Comissões de Proteção diligenciam junto
previstos no artigo 1985.º do Código Civil e nos arti- dos pais, representante legal ou da pessoa que tenha a
gos 4.º e 5.º do Regime Jurídico do Processo de Adoção, guarda de facto da criança ou do jovem, pela obtenção
aprovado pela Lei n.º 143/2015, de 8 de setembro, e, do consentimento a que se refere o artigo 9.º
salvo disposição especial, os pais biológicos não são 2 — Faltando ou tendo sido retirados os consenti-
notificados para os termos do processo posteriores ao mentos previstos no artigo 9.º, ou havendo oposição
trânsito em julgado da decisão que a aplicou. da criança ou do jovem, nos termos do artigo 10.º, a
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7209

comissão abstém-se de intervir e remete o processo ao de competência genérica da instância local conhecer das
Ministério Público competente. causas ali referidas, conforme o disposto na alínea a)
do n.º 1 do artigo 130.º da Lei n.º 62/2013, de 26 de
Artigo 96.º agosto.
[...]
4 — Nos casos previstos nos números anteriores, o
tribunal constitui-se em secção de família e menores.
1 — Quando a criança se encontre a viver com uma
pessoa que não detenha as responsabilidades parentais, Artigo 103.º
nem a sua guarda de facto, a comissão de proteção
[...]
deve diligenciar de imediato, por todos os meios ao
seu alcance, no sentido de entrar em contacto com as 1— .....................................
pessoas que devem prestar o consentimento, para que 2— .....................................
estes ponham cobro à situação de perigo ou prestem o 3— .....................................
consentimento para a intervenção. 4 — No debate judicial é obrigatória a constitui-
2— ..................................... ção de advogado ou a nomeação de patrono aos pais
3— ..................................... quando esteja em causa a aplicação da medida prevista
na alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º e, em qualquer caso,
Artigo 97.º à criança ou jovem.
[...]
Artigo 105.º
1— .....................................
[...]
2— .....................................
3 — O processo é organizado de modo simplificado, 1— .....................................
nele se registando por ordem cronológica os atos e di- 2 — Os pais, o representante legal, as pessoas que
ligências praticados ou solicitados pela comissão de tenham a guarda de facto e a criança ou jovem com
proteção que fundamentem a prática dos atos previstos idade superior a 12 anos podem também requerer a
no número anterior. intervenção do tribunal no caso previsto na alínea g)
4— ..................................... do artigo 11.º
5 — Os atos praticados por comissão de proteção a
rogo de outra, designadamente ao nível da instrução de Artigo 106.º
processos ou de acompanhamento de medidas de pro- [...]
moção e proteção, integram a atividade processual da
comissão, sendo registados como atos de colaboração. 1 — O processo de promoção e proteção é constituído
pelas fases de instrução, decisão negociada, debate judicial,
Artigo 98.º decisão e execução da medida.
2 — Recebido o requerimento inicial, o juiz profere
[...] despacho de abertura de instrução ou, se considerar que
1— ..................................... dispõe de todos os elementos necessários:
2— ..................................... a) Designa dia para conferência com vista à obten-
3— ..................................... ção de acordo de promoção e proteção ou tutelar cível
4 — Não havendo acordo, e mantendo-se a situação adequado;
que justifique a aplicação de medida, aplica-se o dis- b) Decide o arquivamento do processo, nos termos
posto na alínea d) do n.º 1 do artigo 11.º do artigo 111.º; ou
c) Ordena as notificações a que se refere o n.º 1 do
Artigo 99.º artigo 114.º, seguindo-se os demais termos aí previstos.
[...]
Artigo 108.º
Cessando a medida, o processo é arquivado, só po-
dendo ser reaberto se ocorrerem factos que justifiquem [...]
a aplicação de medida de promoção e proteção. 1— .....................................
2 — A informação e o relatório social são solicitados
Artigo 101.º pelo juiz às equipas ou entidades a que alude o n.º 3
[...] do artigo 59.º, nos prazos de oito e 30 dias, respetiva-
mente.
1 — Compete às secções de família e menores da 3 — (Revogado.)
instância central do tribunal de comarca a instrução e
o julgamento do processo. Artigo 110.º
2 — Fora das áreas abrangidas pela jurisdição das
secções de família e menores cabe às secções cíveis da [...]
instância local conhecer das causas que àquelas estão 1 — (Anterior proémio do artigo):
atribuídas, por aplicação, com as devidas adaptações, do
disposto no n.º 5 do artigo 124.º da Lei da Organização a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
do Sistema Judiciário, aprovada pela Lei n.º 62/2013, b) Designa dia para conferência com vista à obten-
de 26 de agosto. ção de acordo de promoção e proteção ou tutelar cível
3 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, adequado; ou
em caso de não ocorrer desdobramento, cabe às secções c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7210 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

2 — Quando a impossibilidade de obtenção de acordo Artigo 124.º


quanto à medida de promoção e proteção resultar de [...]
comprovada ausência em parte incerta de ambos os
progenitores, ou de um deles, quando o outro manifeste 1 — Os recursos são processados e julgados como
a sua adesão à medida de promoção e proteção, o juiz em matéria cível, sendo o prazo de alegações e de res-
pode dispensar a realização do debate judicial. posta de 10 dias.
3 — O disposto no número anterior é aplicável, com 2 — Com exceção do recurso da decisão que aplique
as devidas adaptações, ao representante legal e ao de- a medida prevista na alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º e do
tentor da guarda de facto da criança ou jovem. recurso da decisão que haja autorizado contactos entre
irmãos, nos casos previstos no n.º 7 do artigo 62.º-A, os
Artigo 111.º quais têm efeito suspensivo, cabe ao tribunal recorrido fixar
o efeito do recurso.
[...] Artigo 126.º
O juiz decide o arquivamento do processo quando [...]
concluir que, em virtude de a situação de perigo não se
comprovar ou já não subsistir, se tornou desnecessária a Ao processo de promoção e proteção são aplicáveis
aplicação de medida de promoção e proteção, podendo subsidiariamente, com as devidas adaptações, na fase
o mesmo processo ser reaberto se ocorrerem factos que de debate judicial e de recurso, as normas relativas ao
justifiquem a referida aplicação. processo civil declarativo comum.»

Artigo 3.º
Artigo 114.º
Aditamento à Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo
[...]
São aditados à Lei de Proteção de Crianças e Jovens
1 — Se não tiver sido possível obter o acordo de pro- em Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setem-
moção e proteção, ou tutelar cível adequado, ou quando bro, alterada pela Lei n.º 31/2003, de 22 de agosto, os
estes se mostrem manifestamente improváveis, o juiz artigos 13.º-A, 13.º-B, 20.º-A, 82.º-A, 112.º-A e 122.º-A,
notifica o Ministério Público, os pais, o representante com a seguinte redação:
legal, quem detiver a guarda de facto e a criança ou «Artigo 13.º-A
jovem com mais de 12 anos para alegarem, por escrito,
querendo, e apresentarem prova no prazo de 10 dias. Acesso a dados pessoais sensíveis
2— ..................................... 1 — A comissão de proteção pode, quando necessá-
3— ..................................... rio para assegurar a proteção da criança ou do jovem,
4— ..................................... proceder ao tratamento de dados pessoais sensíveis, de-
5 — Para efeitos do disposto no artigo 62.º não há signadamente informação clínica, desde que consentida
debate judicial, exceto se estiver em causa: pelo titular dos dados ou, sendo este menor ou interdito
a) A substituição da medida de promoção e proteção por anomalia psíquica, pelo seu representante legal, nos
aplicada; ou termos da alínea h) do artigo 3.º e do n.º 2 do artigo 7.º
b) A prorrogação da execução de medida de colo- da Lei da Proteção de Dados Pessoais, aprovada pela
Lei n.º 67/98, de 26 de outubro.
cação.
2 — Para efeitos de legitimação da comissão de pro-
teção, nos termos do previsto no número anterior, o
Artigo 118.º titular dos dados pessoais sensíveis deve prestar, por
[...] escrito, consentimento específico e informado.
3 — O pedido de acesso ao tratamento de dados pes-
1 — A audiência é sempre gravada, devendo ape- soais sensíveis por parte da comissão de proteção deve
nas ser assinalados na ata o início e o termo de cada ser sempre acompanhado da declaração de consenti-
depoimento, declaração, informação, esclarecimento, mento a que alude o número anterior.
requerimento e respetiva resposta, despacho, decisão 4 — Sempre que a entidade detentora da informação a
e alegações orais. que se refere o n.º 1 for uma unidade de saúde, o pedido
2 — (Revogado.) da comissão de proteção deve ser dirigido ao responsável
pela sua direção clínica, a quem cabe a coordenação
Artigo 123.º da recolha de informação e sua remessa à comissão
[...] requerente.
Artigo 13.º-B
1 — Cabe recurso das decisões que, definitiva ou pro-
visoriamente, se pronunciem sobre a aplicação, alteração Reclamações
ou cessação de medidas de promoção e proteção e sobre 1 — As comissões de proteção dispõem de registo
a decisão que haja autorizado contactos entre irmãos, de reclamações, nos termos previstos nos artigos 35.º-A
nos casos previstos no n.º 7 do artigo 62.º-A. e 38.º do Decreto-Lei n.º 135/99, de 22 de abril, alte-
2— ..................................... rado pelos Decretos-Leis n.os 29/2000, de 13 de março,
3 — O recurso de decisão que tenha aplicado a me- 72-A/2010, de 18 de junho, e 73/2014, de 13 de maio.
dida prevista na alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º é deci- 2 — As reclamações são remetidas à Comissão Na-
dido no prazo máximo de 30 dias, a contar da data da cional de Promoção dos Direitos e Proteção de Crianças
receção dos autos no tribunal superior. e Jovens, adiante designada Comissão Nacional, para
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7211

apreciação da sua motivação, realização de diligências tivamente o n.º 2 do artigo 53.º e o n.º 4 do artigo 50.º da
ou emissão de recomendações, no âmbito das respetivas Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, aprovada
atribuições de acompanhamento, apoio e avaliação. pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro, alterada pela Lei
3 — Quando, nos termos do artigo 72.º, a reclamação n.º 31/2003, de 22 de agosto, na redação conferida pela
envolva matéria da competência do Ministério Público, presente lei, têm lugar no prazo de 120 dias, a contar da
a comissão de proteção deve, em simultâneo com a data de entrada em vigor desta.
comunicação referida no número anterior, remeter có- 2 — O regime de execução das medidas ainda não regu-
pia da mesma ao magistrado do Ministério Público a lamentadas a que se reporta o n.º 4 do artigo 35.º da Lei de
quem compete o acompanhamento referido no n.º 2 do Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, aprovada pela Lei
mesmo artigo. n.º 147/99, de 1 de setembro, alterada pela Lei n.º 31/2003, de
Artigo 20.º-A 22 de agosto, na redação conferida pela presente lei, é objeto
Apoio técnico de regulamentação no prazo de 120 dias, a contar da data de
entrada em vigor desta.
1 — Excecionalmente, por manifesta falta de meios
humanos e em função da qualificação da resposta pro- Artigo 6.º
tetiva, a Comissão Nacional pode protocolar com as Norma transitória
entidades representadas na comissão alargada a afetação
de técnicos para apoio à atividade da comissão restrita. Até à entrada em vigor do diploma a que se refere o n.º 2
2 — O apoio técnico pode assumir a coordenação de do artigo 53.º da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em
casos e emite parecer no âmbito dos processos em que Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro, alte-
intervenha, o qual é tido em consideração nas deliberações rada pela Lei n.º 31/2003, de 22 de agosto, na redação con-
da Comissão. ferida pela presente lei, as casas de acolhimento funcionam
Artigo 82.º-A em regime aberto, tal implicando a livre entrada e saída da
criança e do jovem da casa, de acordo com as normas gerais
Gestor de processo
de funcionamento, tendo apenas como limites os resultantes
Para cada processo de promoção e proteção a comis- das suas necessidades educativas e da proteção dos seus
são de proteção de crianças e jovens ou o tribunal com- direitos e interesses.
petentes designam um técnico gestor de processo, ao
qual compete mobilizar os intervenientes e os recursos Artigo 7.º
disponíveis para assegurar de forma global, coordenada Norma revogatória
e sistémica, todos os apoios, serviços e acompanhamento
de que a criança ou jovem e a sua família necessitam, São revogados os artigos 47.º, 48.º, o n.º 4 do artigo 59.º,
prestando informação sobre o conjunto da intervenção a alínea d) do n.º 3 do artigo 62.º, o artigo 67.º, as alíneas b)
desenvolvida. e c) do artigo 68.º, o n.º 2 do artigo 81.º, o n.º 3 do ar-
Artigo 112.º-A tigo 108.º e o n.º 2 do artigo 118.º da Lei de Proteção de
Acordo tutelar cível
Crianças e Jovens em Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99,
de 1 de setembro, alterada pela Lei n.º 31/2003, de 22 de
1 — Na conferência, e verificados os pressupostos agosto.
legais, o juiz homologa o acordo alcançado em matéria Artigo 8.º
tutelar cível, ficando este a constar por apenso. Republicação
2 — Não havendo acordo seguem-se os trâmites
dos artigos 38.º a 40.º do Regime Geral do Processo 1 — É republicada, em anexo à presente lei e da qual
Tutelar Cível, aprovado pela Lei n.º 141/2015, de 8 de faz parte integrante, a Lei de Proteção de Crianças e Jovens
setembro. em Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro,
Artigo 122.º-A com a redação atual.
2 — Para efeitos de republicação é adotado o presente
Notificação da decisão
do indicativo na redação de todas as normas.
A decisão é notificada às pessoas referidas no n.º 2
do artigo seguinte, contendo informação sobre a possi- Artigo 9.º
bilidade, a forma e o prazo de interposição do recurso.»
Entrada em vigor
Artigo 4.º A presente lei entra em vigor no primeiro dia útil do
Alteração sistemática
mês seguinte ao da sua publicação.

A subsecção II da secção III do capítulo III da Lei Aprovada em 22 de julho de 2015.


de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, aprovada A Presidente da Assembleia da República, Maria da
pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro, alterada pela Lei Assunção A. Esteves.
n.º 31/2003, de 22 de agosto, passa a designar-se «Aco-
lhimento residencial». Promulgada em 25 de agosto de 2015.
Publique-se.
Artigo 5.º
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
Definição do regime de funcionamento das casas
de acolhimento e regulamentação Referendada em 27 de agosto de 2015.
1 — A definição do regime, organização e funciona- Pelo Primeiro-Ministro, Paulo Sacadura Cabral Portas,
mento das casas de acolhimento, a que se reportam respe- Vice-Primeiro-Ministro.
7212 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

ANEXO Artigo 4.º


Princípios orientadores da intervenção
(a que se refere o artigo 8.º)
A intervenção para a promoção dos direitos e proteção
Republicação da Lei n.º 147/99, de 1 de setembro da criança e do jovem em perigo obedece aos seguintes
princípios:
(Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo)
a) Interesse superior da criança e do jovem — a interven-
ção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da
criança e do jovem, nomeadamente à continuidade de relações
CAPÍTULO I
de afeto de qualidade e significativas, sem prejuízo da consi-
Disposições gerais deração que for devida a outros interesses legítimos no âm-
bito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto;
Artigo 1.º b) Privacidade — a promoção dos direitos e proteção
da criança e do jovem deve ser efetuada no respeito pela
Objeto intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
A presente lei tem por objeto a promoção dos direitos c) Intervenção precoce — a intervenção deve ser
e a proteção das crianças e dos jovens em perigo, por efetuada logo que a situação de perigo seja conhecida;
forma a garantir o seu bem-estar e desenvolvimento d) Intervenção mínima — a intervenção deve ser exer-
integral. cida exclusivamente pelas entidades e instituições cuja
ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e
à proteção da criança e do jovem em perigo;
Artigo 2.º e) Proporcionalidade e atualidade — a intervenção deve
Âmbito
ser a necessária e a adequada à situação de perigo em que
a criança ou o jovem se encontram no momento em que a
A presente lei aplica-se às crianças e jovens em perigo decisão é tomada e só pode interferir na sua vida e na da
que residam ou se encontrem em território nacional. sua família na medida do que for estritamente necessário
a essa finalidade;
Artigo 3.º f) Responsabilidade parental — a intervenção deve ser
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres
Legitimidade da intervenção para com a criança e o jovem;
g) Primado da continuidade das relações psicológicas pro-
1 — A intervenção para promoção dos direitos e prote-
fundas — a intervenção deve respeitar o direito da criança
ção da criança e do jovem em perigo tem lugar quando os à preservação das relações afetivas estruturantes de grande
pais, o representante legal ou quem tenha a guarda de facto significado e de referência para o seu saudável e harmó-
ponham em perigo a sua segurança, saúde, formação, edu- nico desenvolvimento, devendo prevalecer as medidas que
cação ou desenvolvimento, ou quando esse perigo resulte garantam a continuidade de uma vinculação securizante;
de ação ou omissão de terceiros ou da própria criança ou h) Prevalência da família — na promoção dos direitos
do jovem a que aqueles não se oponham de modo adequado e na proteção da criança e do jovem deve ser dada pre-
a removê-lo. valência às medidas que os integrem em família, quer na
2 — Considera-se que a criança ou o jovem está em sua família biológica, quer promovendo a sua adoção ou
perigo quando, designadamente, se encontra numa das outra forma de integração familiar estável;
seguintes situações: i) Obrigatoriedade da informação — a criança e o jo-
vem, os pais, o representante legal ou a pessoa que tenha a
a) Está abandonada ou vive entregue a si própria; sua guarda de facto têm direito a ser informados dos seus
b) Sofre maus tratos físicos ou psíquicos ou é vítima direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e
de abusos sexuais; da forma como esta se processa;
c) Não recebe os cuidados ou a afeição adequados à sua j) Audição obrigatória e participação — a criança e o
idade e situação pessoal; jovem, em separado ou na companhia dos pais ou de pessoa
d) Está aos cuidados de terceiros, durante período de por si escolhida, bem como os pais, representante legal ou
tempo em que se observou o estabelecimento com estes pessoa que tenha a sua guarda de facto, têm direito a ser
de forte relação de vinculação e em simultâneo com o não ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida
exercício pelos pais das suas funções parentais; de promoção dos direitos e de proteção;
e) É obrigada a atividades ou trabalhos excessivos ou k) Subsidiariedade — a intervenção deve ser efetuada
inadequados à sua idade, dignidade e situação pessoal ou sucessivamente pelas entidades com competência em maté-
prejudiciais à sua formação ou desenvolvimento; ria da infância e juventude, pelas comissões de proteção de
f) Está sujeita, de forma direta ou indireta, a comporta- crianças e jovens e, em última instância, pelos tribunais.
mentos que afetem gravemente a sua segurança ou o seu
equilíbrio emocional; Artigo 5.º
g) Assume comportamentos ou se entrega a atividades Definições
ou consumos que afetem gravemente a sua saúde, segu-
rança, formação, educação ou desenvolvimento sem que Para efeitos da presente lei, considera-se:
os pais, o representante legal ou quem tenha a guarda de a) Criança ou jovem — a pessoa com menos de 18 anos
facto se lhes oponham de modo adequado a remover essa ou a pessoa com menos de 21 anos que solicite a continua-
situação. ção da intervenção iniciada antes de atingir os 18 anos;
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7213

b) Guarda de facto — a relação que se estabelece entre a deria a intervenção da comissão de proteção nos termos
criança ou o jovem e a pessoa que com ela vem assumindo, do artigo 9.º
continuadamente, as funções essenciais próprias de quem 4 — Com vista à concretização das suas atribuições,
tem responsabilidades parentais; cabe às entidades com competência em matéria de infância
c) Situação de emergência — a situação de perigo atual e juventude:
ou iminente para a vida ou a situação de perigo atual ou a) Avaliar, diagnosticar e intervir em situações de risco
iminente de grave comprometimento da integridade fí- e perigo;
sica ou psíquica da criança ou jovem, que exija proteção b) Implementar estratégias de intervenção necessárias
imediata nos termos do artigo 91.º, ou que determine a e adequadas à diminuição ou erradicação dos fatores de
necessidade imediata de aplicação de medidas de promoção risco;
e proteção cautelares; c) Acompanhar a criança, jovem e respetiva família
d) Entidades com competência em matéria de infância e em execução de plano de intervenção definido pela pró-
juventude — as pessoas singulares ou coletivas, públicas, pria entidade, ou em colaboração com outras entidades
cooperativas, sociais ou privadas que, por desenvolverem congéneres;
atividades nas áreas da infância e juventude, têm legitimi- d) Executar os atos materiais inerentes às medidas de
dade para intervir na promoção dos direitos e na proteção promoção e proteção aplicadas pela comissão de proteção
da criança e do jovem em perigo; ou pelo tribunal, de que sejam incumbidas, nos termos do
e) Medida de promoção dos direitos e de proteção — a acordo de promoção e proteção ou da decisão judicial.
providência adotada pelas comissões de proteção de crian-
ças e jovens ou pelos tribunais, nos termos do presente 5 — No exercício das competências conferidas no
diploma, para proteger a criança e o jovem em perigo; número anterior cabe às entidades com competência em
f) Acordo de promoção e proteção — compromisso re- matéria de infância e juventude elaborar e manter um re-
duzido a escrito entre as comissões de proteção de crianças gisto atualizado, do qual conste a descrição sumária das
e jovens ou o tribunal e os pais, representante legal ou quem diligências efetuadas e respetivos resultados.
tenha a guarda de facto e, ainda, a criança e o jovem com
mais de 12 anos, pelo qual se estabelece um plano contendo Artigo 8.º
medidas de promoção de direitos e de proteção. Intervenção das comissões de proteção de crianças e jovens
A intervenção das comissões de proteção de crianças
CAPÍTULO II e jovens tem lugar quando não seja possível às entidades
referidas no artigo anterior atuar de forma adequada e
Intervenção para promoção dos direitos
suficiente a remover o perigo em que se encontram.
e de proteção da criança e do jovem em perigo
Artigo 9.º
SECÇÃO I
Consentimento
Modalidades de intervenção
1 — A intervenção das comissões de proteção das
crianças e jovens depende, nos termos da presente lei, do
Artigo 6.º consentimento expresso e prestado por escrito dos pais,
Disposição geral do representante legal ou da pessoa que tenha a guarda de
facto, consoante o caso.
A promoção dos direitos e a proteção da criança e do 2 — A intervenção das comissões de proteção das
jovem em perigo incumbe às entidades com competência crianças e jovens depende do consentimento de ambos os
em matéria de infância e juventude, às comissões de pro- progenitores, ainda que o exercício das responsabilidades
teção de crianças e jovens e aos tribunais. parentais tenha sido confiado exclusivamente a um deles,
desde que estes não estejam inibidos do exercício das
Artigo 7.º responsabilidades parentais.
Intervenção de entidades com competência 3 — Quando o progenitor que deva prestar consenti-
em matéria de infância e juventude mento, nos termos do número anterior, estiver ausente
ou, de qualquer modo, incontactável, é suficiente o con-
1 — As entidades com competência em matéria de in- sentimento do progenitor presente ou contactável, sem
fância e juventude devem, no âmbito das suas atribuições, prejuízo do dever de a comissão de proteção diligenciar,
promover ações de prevenção primária e secundária, no- comprovadamente e por todos os meios ao seu alcance,
meadamente, mediante a definição de planos de ação local pelo conhecimento do paradeiro daquele, com vista à pres-
para a infância e juventude, visando a promoção, defesa e tação do respetivo consentimento.
concretização dos direitos da criança e do jovem. 4 — Quando tenha sido instituída a tutela, o consen-
2 — As entidades com competência em matéria de in- timento é prestado pelo tutor ou, na sua falta, pelo pro-
fância e juventude devem promover e integrar parcerias e tutor.
a elas recorrer, sempre que, pelas circunstâncias do caso, 5 — Se a criança ou o jovem estiver confiado à guarda
a sua intervenção isolada não se mostre adequada à efe- de terceira pessoa, nos termos dos artigos 1907.º e 1918.º
tiva promoção dos direitos e proteção da criança ou do do Código Civil, ou se encontrar a viver com uma pessoa
jovem. que tenha apenas a sua guarda de facto, o consentimento é
3 — A intervenção das entidades com competência prestado por quem tem a sua guarda, ainda que de facto, e
em matéria de infância e juventude é efetuada de modo pelos pais, sendo suficiente o consentimento daquela para
consensual com as pessoas de cujo consentimento depen- o início da intervenção.
7214 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

6 — Se, no caso do número anterior, não for possível 2 — A intervenção judicial tem ainda lugar quando,
contactar os pais apesar da realização das diligências ade- atendendo à gravidade da situação de perigo, à especial
quadas para os encontrar, aplica-se, com as necessárias relação da criança ou do jovem com quem a provocou ou
adaptações, o disposto no n.º 3. ao conhecimento de anterior incumprimento reiterado de
7 — A intervenção das comissões de proteção das crian- medida de promoção e proteção por quem deva prestar
ças e jovens depende ainda do consentimento expresso consentimento, o Ministério Público, oficiosamente ou sob
e prestado por escrito daqueles que hajam apadrinhado proposta da comissão, entenda, de forma justificada, que,
civilmente a criança ou jovem, enquanto subsistir tal vín- no caso concreto, não se mostra adequada a intervenção
culo. da comissão de proteção.
8 — Nos casos previstos nos n.os 3 e 5, cessa a legitimi- 3 — Para efeitos do disposto nos números anteriores, a
dade da comissão de proteção para a intervenção a todo o comissão remete o processo ao Ministério Público.
momento, caso o progenitor não inibido do exercício das
responsabilidades parentais se oponha à intervenção.
SECÇÃO II
Artigo 10.º Comissões de proteção de crianças e jovens
Não oposição da criança e do jovem
SUBSECÇÃO I
1 — A intervenção das entidades referidas nos arti-
gos 7.º e 8.º depende da não oposição da criança ou do Disposições gerais
jovem com idade igual ou superior a 12 anos.
2 — A oposição da criança com idade inferior a 12 anos Artigo 12.º
é considerada relevante de acordo com a sua capacidade Natureza
para compreender o sentido da intervenção.
1 — As comissões de proteção de crianças e jovens,
Artigo 11.º adiante designadas comissões de proteção, são instituições
oficiais não judiciárias com autonomia funcional que visam
Intervenção judicial
promover os direitos da criança e do jovem e prevenir ou
1 — A intervenção judicial tem lugar quando: pôr termo a situações suscetíveis de afetar a sua segurança,
saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral.
a) Não esteja instalada comissão de proteção de crianças 2 — As comissões de proteção exercem as suas atribui-
e jovens com competência no município ou na freguesia ções em conformidade com a lei e deliberam com impar-
da respetiva área da residência ou a comissão não tenha cialidade e independência.
competência, nos termos da lei, para aplicar a medida de 3 — As comissões de proteção são declaradas instaladas
promoção e proteção adequada;
por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas
b) A pessoa que deva prestar consentimento, nos termos
áreas da justiça, da solidariedade e da segurança social.
do artigo 9.º, haja sido indiciada pela prática de crime con-
tra a liberdade ou a autodeterminação sexual que vitime a
criança ou jovem carecidos de proteção, ou quando, contra Artigo 13.º
aquela tenha sido deduzida queixa pela prática de qualquer Colaboração
dos referidos tipos de crime;
c) Não seja prestado ou seja retirado o consentimento 1 — Os serviços públicos, as autoridades administrati-
necessário à intervenção da comissão de proteção, quando vas e as entidades policiais têm o dever de colaborar com
o acordo de promoção e de proteção seja reiteradamente as comissões de proteção no exercício das suas atribuições.
não cumprido ou quando ocorra incumprimento do refe- 2 — O dever de colaboração incumbe igualmente às
rido acordo de que resulte situação de grave perigo para pessoas singulares e coletivas que para tal sejam solici-
a criança; tadas.
d) Não seja obtido acordo de promoção e proteção, man- 3 — O dever de colaboração abrange o de informação
tendo-se a situação que justifique a aplicação de medida; e o de emissão, sem quaisquer encargos, de certidões,
e) A criança ou o jovem se oponham à intervenção da relatórios e quaisquer outros documentos considerados
comissão de proteção, nos termos do artigo 10.º; necessários pelas comissões de proteção, no exercício das
f) A comissão de proteção não obtenha a disponibilidade suas competências de promoção e proteção.
dos meios necessários para aplicar ou executar a medida
que considere adequada, nomeadamente por oposição de Artigo 13.º-A
um serviço ou entidade; Acesso a dados pessoais sensíveis
g) Decorridos seis meses após o conhecimento da situa-
ção pela comissão de proteção não tenha sido proferida 1 — A comissão de proteção pode, quando necessário
qualquer decisão e os pais, representante legal ou as pes- para assegurar a proteção da criança ou do jovem, proce-
soas que tenham a guarda de facto da criança ou jovem der ao tratamento de dados pessoais sensíveis, designa-
requeiram a intervenção judicial; damente, informação clínica, desde que consentida pelo
h) O Ministério Público considere que a decisão da titular dos dados ou, sendo este menor ou interdito por
comissão de proteção é ilegal ou inadequada à promoção anomalia psíquica, pelo seu representante legal, nos termos
dos direitos ou à proteção da criança ou do jovem; da alínea h) do artigo 3.º e do n.º 2 do artigo 7.º da Lei da
i) O processo da comissão de proteção seja apensado a Proteção de Dados Pessoais, aprovada pela Lei n.º 67/98,
processo judicial, nos termos da lei; de 26 de outubro.
j) Na sequência da aplicação de procedimento urgente 2 — Para efeitos de legitimação da comissão de prote-
previsto no artigo 91.º ção, nos termos do previsto no número anterior, o titular
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7215

dos dados pessoais sensíveis deve prestar, por escrito, proteção que lhes proporcionem melhores condições de
consentimento específico e informado. apoio logístico.
3 — O pedido de acesso ao tratamento de dados pessoais 6 — Os critérios de atribuição do apoio ao funciona-
sensíveis por parte da comissão de proteção deve ser sem- mento das comissões de proteção devem ser fixados tendo
pre acompanhado da declaração de consentimento a que em consideração a população residente com idade inferior
alude o número anterior. a 18 anos, o volume processual da comissão e a adequada
4 — Sempre que a entidade detentora da informação a estabilidade da intervenção protetiva, nos termos a definir
que se refere o n.º 1 for uma unidade de saúde, o pedido da pela Comissão Nacional.
comissão de proteção deve ser dirigido ao responsável pela
sua direção clínica, a quem cabe a coordenação da recolha SUBSECÇÃO II
de informação e sua remessa à comissão requerente.
Competências, composição e funcionamento
Artigo 13.º-B
Artigo 15.º
Reclamações
Competência territorial
1 — As comissões de proteção dispõem de registo de
reclamações, nos termos previstos nos artigos 35.º-A e 38.º 1 — As comissões de proteção exercem a sua compe-
do Decreto-Lei n.º 135/99, de 22 de abril, alterado pelos tência na área do município onde têm sede.
Decretos-Leis n.os 29/2000, de 13 de março, 72-A/2010, 2 — Tendo em vista a qualificação da resposta protetiva,
de 18 de junho, e 73/2014, de 13 de maio. mediante proposta dos municípios envolvidos e prece-
2 — As reclamações são remetidas à Comissão Nacional dendo parecer favorável da Comissão Nacional, podem
de Promoção dos Direitos e Proteção de Crianças e Jovens, ser criadas:
adiante designada Comissão Nacional, para apreciação da a) Nos municípios com maior número de habitantes e
sua motivação, realização de diligências ou emissão de quando se justifique, mais de uma comissão de proteção,
recomendações, no âmbito das respetivas atribuições de com competências numa ou mais freguesias, nos termos
acompanhamento, apoio e avaliação. a definir pela portaria de instalação;
3 — Quando, nos termos do artigo 72.º, a reclamação b) Em municípios adjacentes com menor número de ha-
envolva matéria da competência do Ministério Público, a bitantes e quando se justifique, comissões intermunicipais,
comissão de proteção deve, em simultâneo com a comuni- nos termos a definir pela portaria de instalação.
cação referida no número anterior, remeter cópia da mesma
ao magistrado do Ministério Público a quem compete o
acompanhamento referido no n.º 2 do mesmo artigo. Artigo 16.º
Modalidades de funcionamento da comissão de proteção
Artigo 14.º
A comissão de proteção funciona em modalidade alar-
Apoio ao funcionamento gada ou restrita, doravante designadas, respetivamente, de
1 — O apoio ao funcionamento das comissões de pro- comissão alargada e de comissão restrita.
teção, designadamente, nas vertentes logística, financeira
e administrativa, é assegurado pelo município, podendo, Artigo 17.º
para o efeito, ser celebrados protocolos de cooperação Composição da comissão alargada
com os serviços e organismos do Estado representados
na Comissão Nacional. 1 — A comissão alargada é composta por:
2 — O apoio logístico abrange os meios, equipamentos a) Um representante do município, a indicar pela câmara
e recursos necessários ao bom funcionamento das comis- municipal, dos municípios, a indicar pelas câmaras muni-
sões de proteção, designadamente, instalações, informática, cipais, no caso previsto na alínea b) do n.º 2 do artigo 15.º,
comunicação e transportes, de acordo com os termos de ou das freguesias, a indicar por estas, no caso previsto
referência a definir pela Comissão Nacional. na alínea a) do n.º 2 do artigo 15.º, de entre pessoas com
3 — O apoio financeiro consiste na disponibilização: especial interesse ou aptidão na área das crianças e jovens
a) De um fundo de maneio, destinado a suportar despe- em perigo;
sas ocasionais e de pequeno montante resultantes da ação b) Um representante da segurança social, de preferência
das comissões de proteção junto das crianças e jovens, designado de entre técnicos com formação em serviço
suas famílias ou pessoas que têm a sua guarda de facto, social, psicologia ou direito;
de acordo com os termos de referência a definir pela Co- c) Um representante dos serviços do Ministério da Edu-
missão Nacional; cação, de preferência professor com especial interesse
b) De verba para contratação de seguro que cubra os e conhecimentos na área das crianças e dos jovens em
riscos que possam ocorrer no âmbito do exercício das perigo;
funções dos comissários previstos nas alíneas h), i), j), l) d) Um representante do Ministério da Saúde, preferen-
e m) do n.º 1 do artigo 17.º cialmente médico ou enfermeiro, e que integre, sempre
que possível, o Núcleo de Apoio às Crianças e Jovens
4 — O apoio administrativo consiste na cedência de em Risco;
funcionário administrativo, de acordo com os termos de e) Um representante das instituições particulares de
referência a definir pela Comissão Nacional. solidariedade social ou de outras organizações não gover-
5 — Excecionalmente, precedendo parecer favorável namentais que desenvolvam, na área de competência terri-
da Comissão Nacional, os municípios podem protoco- torial da comissão de proteção, respostas sociais de caráter
lar com outros serviços representados nas comissões de não residencial, dirigidas a crianças, jovens e famílias;
7216 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

f) Um representante do organismo público competente e) Colaborar com as entidades competentes na constitui-


em matéria de emprego e formação profissional; ção, funcionamento e formulação de projetos e iniciativas
g) Um representante das instituições particulares de de desenvolvimento social local na área da infância e da
solidariedade social ou de outras organizações não go- juventude;
vernamentais que desenvolvam, na área de competência f) Dinamizar e dar parecer sobre programas destinados
territorial da comissão de proteção, respostas sociais de às crianças e aos jovens em perigo;
caráter residencial dirigidas a crianças e jovens; g) Analisar a informação semestral relativa aos proces-
h) Um representante das associações de pais existentes sos iniciados e ao andamento dos pendentes na comissão
na área de competência da comissão de proteção; restrita, sem prejuízo do disposto no artigo 88.º;
i) Um representante das associações ou outras organi- h) Prestar o apoio e a colaboração que a comissão restrita
zações privadas que desenvolvam, na área de competência solicitar, nomeadamente no âmbito da disponibilização dos
da comissão de proteção, atividades desportivas, culturais recursos necessários ao exercício das suas funções;
ou recreativas destinadas a crianças e jovens; i) Elaborar e aprovar o plano anual de atividades;
j) Um representante das associações de jovens existentes j) Aprovar o relatório anual de atividades e avaliação e
na área de competência da comissão de proteção ou um enviá-lo à Comissão Nacional, à assembleia municipal e
representante dos serviços de juventude; ao Ministério Público;
k) Um representante de cada força de segurança, depen- k) Colaborar com a Rede Social na elaboração do plano
dente do Ministério da Administração Interna, presente na de desenvolvimento social local, na área da infância e
área de competência territorial da comissão de proteção; juventude.
l) Quatro cidadãos eleitores, preferencialmente com
especiais conhecimentos ou capacidades para intervir na 3 — No exercício das competências previstas nas alí-
área das crianças e jovens em perigo, designados pela neas b), c), d) e e) do número anterior, a comissão deve
assembleia municipal, ou pelas assembleias municipais articular com a Rede Social local.
ou assembleia de freguesia, nos casos previstos, respetiva-
mente, nas alíneas b) e a) do no n.º 2 do artigo 15.º; Artigo 19.º
m) Os técnicos que venham a ser cooptados pela comis-
são, com formação, designadamente, em serviço social, Funcionamento da comissão alargada
psicologia, saúde ou direito, ou cidadãos com especial 1 — A comissão alargada funciona em plenário ou por
interesse pelos problemas da infância e juventude. grupos de trabalho para assuntos específicos.
2 — O plenário da comissão reúne com a periodicidade
2 — Nos casos da alínea b) do n.º 2 do artigo 15.º a de- exigida pelo cumprimento das suas funções, no mínimo
signação dos cidadãos eleitores a que se reporta a alínea l) mensalmente.
do número anterior deve ser feita por acordo entre os mu- 3 — O exercício de funções na comissão alargada pres-
nicípios envolvidos, privilegiando-se, sempre que possível, supõe a afetação dos comissários ao trabalho efetivo na
a representatividade das diversas populações locais. comissão, por tempo não inferior a oito horas mensais, a
3 — Nos casos previstos no n.º 2 do artigo 15.º a com- integrar o período normal de trabalho.
posição da comissão observa a representatividade interins-
titucional e pluridisciplinar prevista no n.º 1 do presente Artigo 20.º
artigo.
Composição da comissão restrita
Artigo 18.º 1 — A comissão restrita é composta sempre por um
Competência da comissão alargada número ímpar, nunca inferior a cinco dos membros que
integram a comissão alargada.
1 — À comissão alargada compete desenvolver ações 2 — São, por inerência, membros da comissão restrita
de promoção dos direitos e de prevenção das situações de o presidente da comissão de proteção e os representantes
perigo para a criança e jovem. do município, ou dos municípios ou das freguesias nos
2 — São competências da comissão alargada: casos previstos, respetivamente, nas alíneas b) e a) do no
a) Informar a comunidade sobre os direitos da criança e n.º 2 do artigo 15.º, e da segurança social, da educação e
do jovem e sensibilizá-la para os apoiar sempre que estes da saúde quando não exerçam a presidência.
conheçam especiais dificuldades; 3 — Os restantes membros são designados pela comis-
b) Promover ações e colaborar com as entidades compe- são alargada, devendo a designação de, pelo menos, um
tentes tendo em vista a deteção dos factos e situações que, deles ser feita de entre os representantes de instituições
na área da sua competência territorial, afetem os direitos e particulares de solidariedade social ou de organizações
interesses da criança e do jovem, ponham em perigo a sua não governamentais.
segurança, saúde, formação ou educação ou se mostrem 4 — Os membros da comissão restrita devem ser es-
desfavoráveis ao seu desenvolvimento e inserção social; colhidos de forma que esta tenha uma composição in-
c) Informar e colaborar com as entidades competentes terdisciplinar e interinstitucional, incluindo, sempre que
no levantamento das carências e na identificação e mobi- possível, pessoas com formação nas áreas de serviço social,
lização dos recursos necessários à promoção dos direitos, psicologia e direito, educação e saúde.
do bem-estar e do desenvolvimento integral da criança e 5 — Não sendo possível obter a composição nos termos
do jovem; do número anterior, a designação dos membros aí referidos
d) Colaborar com as entidades competentes no estudo e é feita por cooptação, nomeadamente de entre os técnicos
elaboração de projetos inovadores no domínio da preven- a que se refere a alínea m) do artigo 17.º
ção primária dos fatores de risco e no apoio às crianças e 6 — Nos casos em que o exercício de funções a tempo
jovens em perigo; inteiro pelos comissários não garanta a observância dos
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7217

critérios previstos no n.º 3 do artigo 22.º, as entidades 4 — A comissão restrita funcionará sempre que se veri-
mencionadas nas alíneas a), b), c) e k) do n.º 1 do ar- fique situação qualificada de emergência que o justifique.
tigo 17.º disponibilizam ainda técnicos para apoio à co- 5 — Quando a entidade representada ou responsável por
missão, aplicando-se com as devidas adaptações o disposto disponibilizar técnicos para apoio nos termos do n.º 6 do
no n.º 2 do artigo seguinte. artigo 20.º, não cumprir os tempos de afetação definidos
nos termos do n.º 3, deve o presidente da comissão de
Artigo 20.º-A proteção comunicar a referida irregularidade ao Ministério
Público e à Comissão Nacional, nos 30 dias que se seguem
Apoio técnico
à sua verificação, cabendo a esta última providenciar junto
1 — Excecionalmente, por manifesta falta de meios das entidades competentes pela sanação daquela irregu-
humanos e em função da qualificação da resposta protetiva, laridade.
a Comissão Nacional pode protocolar com as entidades
representadas na comissão alargada a afetação de técnicos Artigo 23.º
para apoio à atividade da comissão restrita. Presidência da comissão de proteção
2 — O apoio técnico pode assumir a coordenação de
casos e emite parecer no âmbito dos processos em que 1 — O presidente da comissão de proteção é eleito
intervenha, o qual é tido em consideração nas deliberações pelo plenário da comissão alargada de entre todos os seus
da Comissão. membros.
2 — O presidente designa um membro da comissão para
Artigo 21.º desempenhar as funções de secretário.
3 — O secretário substitui o presidente nas suas faltas
Competência da comissão restrita e impedimentos.
1 — À comissão restrita compete intervir nas situações 4 — O exercício efetivo da presidência é obrigatório
em que uma criança ou jovem está em perigo. para o membro eleito e vincula, nos casos aplicáveis, a
2 — Compete designadamente à comissão restrita: entidade representada.
5 — O presidente da comissão exerce as suas funções
a) Atender e informar as pessoas que se dirigem à co- a tempo inteiro, sempre que a população residente na área
missão de proteção; de competência territorial da respetiva comissão for, pelo
b) Decidir da abertura e da instrução do processo de menos, igual a 5000 habitantes com idade igual ou inferior
promoção e proteção; a 18 anos.
c) Apreciar liminarmente as situações de que a comissão 6 — O exercício das funções do presidente da comissão
de proteção tenha conhecimento, decidindo o arquivamento de proteção é obrigatoriamente considerado e valorizado,
imediato do processo quando se verifique manifesta des- quer para efeitos da avaliação de desempenho pela sua
necessidade de intervenção; entidade de origem, quer para progressão na carreira, quer
d) Proceder à instrução dos processos; ainda em procedimentos concursais a que se candidate.
e) Solicitar a participação dos membros da comissão 7 — Para efeitos da vinculação a que se refere o n.º 4,
alargada nos processos referidos na alínea anterior, sempre a comissão emite e disponibiliza à entidade de origem
que se mostre necessário; certidão da ata da reunião que elegeu o presidente.
f) Solicitar parecer e colaboração de técnicos ou de
outras pessoas e entidades públicas ou privadas; Artigo 24.º
g) Decidir a aplicação e acompanhar e rever as medi- Competências do presidente
das de promoção e proteção, com exceção da medida de
confiança a pessoa selecionada para a adoção, a família de Compete ao presidente:
acolhimento ou a instituição com vista a adoção; a) Representar a comissão de proteção;
h) Praticar os atos de instrução e acompanhamento de b) Presidir às reuniões da comissão alargada e da comis-
medidas de promoção e proteção que lhe sejam solicita- são restrita e orientar e coordenar as suas atividades;
dos no contexto de processos de colaboração com outras c) Promover a execução das deliberações da comissão
comissões de proteção; de proteção;
i) Informar semestralmente a comissão alargada, sem d) Coordenar os trabalhos de elaboração do plano anual
identificação das pessoas envolvidas, sobre os processos de atividades, elaborar o relatório anual de atividades e
iniciados e o andamento dos processos pendentes. avaliação e submetê-los à aprovação da comissão alargada;
e) Autorizar a consulta dos processos de promoção dos
Artigo 22.º direitos e de proteção;
Funcionamento da comissão restrita f) Proceder às comunicações previstas na lei.
1 — A comissão restrita funciona em permanência. Artigo 25.º
2 — O plenário da comissão restrita reúne sempre que
Estatuto dos membros da comissão de proteção
convocado pelo presidente, no mínimo com periodicidade
quinzenal, e distribui entre os seus membros as diligências 1 — Os membros da comissão de proteção representam
a efetuar nos processos de promoção dos direitos e proteção e obrigam os serviços e as entidades que os designam,
das crianças e jovens em perigo. sendo responsáveis pelo cumprimento dos objetivos con-
3 — Os membros da comissão restrita exercem funções tidos no plano anual de ação do serviço respetivo para a
em regime de tempo completo ou de tempo parcial, em proteção da criança, designadamente no que respeita às
conformidade com os critérios de referência estabelecidos responsabilidades destes serviços no âmbito das comissões
pela Comissão Nacional. de proteção de crianças e jovens.
7218 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

2 — O exercício das funções dos membros da comissão entidades nela representados, salvo oposição devidamente
de proteção, no âmbito da competência desta, têm caráter fundamentada.
prioritário relativamente às que exercem nos respetivos 2 — A comissão de proteção comunica ao Ministério
serviços e constituem serviço público obrigatório sendo Público as situações em que um serviço ou entidade se
consideradas, para todos os efeitos, como prestadas na oponha à execução das suas deliberações.
profissão, atividade ou cargo do respetivo titular.
3 — A formação inicial e contínua dos membros das Artigo 29.º
comissões constitui um dever e um direito, cabendo à Atas
entidade representada ou à Comissão Nacional, no caso
dos comissários previstos nas alíneas h), i), j), l) e m) do 1 — As reuniões da comissão de proteção são registadas
n.º 1 do artigo 17.º, proporcionar os meios indispensáveis em ata.
à frequência dessas ações. 2 — A ata contém a identificação dos membros presen-
4 — Quando demandados por atos praticados no exer- tes e indica se as deliberações foram tomadas por maioria
cício das suas funções, os membros da comissão de pro- ou por unanimidade, fazendo ainda menção aos pareceres
teção gozam de isenção de custas, cabendo à entidade emitidos nos termos do n.º 2 do artigo 20.º-A.
representada ou à Comissão Nacional, no caso dos co-
missários previstos nas alíneas h), i), j), l) e m) do n.º 1 SUBSECÇÃO III
do artigo 17.º, assegurar os custos inerentes ao respetivo Acompanhamento, apoio e avaliação
patrocínio judiciário.
5 — Os membros da comissão de proteção têm direito Artigo 30.º
à atribuição e ao uso de cartão de identificação, de modelo
Acompanhamento, apoio e avaliação
aprovado por portaria dos membros do Governo responsá-
veis pelas áreas da justiça, da solidariedade e da segurança As comissões de proteção são acompanhadas, apoiadas
social. e avaliadas pela Comissão Nacional.

Artigo 26.º Artigo 31.º


Duração do mandato Acompanhamento e apoio
1 — Os membros da comissão de proteção são desig- O acompanhamento e apoio da Comissão Nacional
nados por um período de três anos, renovável por duas consiste, nomeadamente, em:
vezes.
a) Proporcionar formação especializada e informação
2 — Excecionalmente, o exercício de funções na co-
adequadas no domínio da promoção dos direitos e da pro-
missão de proteção pode prolongar-se para além do prazo teção das crianças e jovens em perigo;
máximo estabelecido no número anterior, designadamente b) Formular orientações e emitir diretivas genéricas
nos casos de impossibilidade de substituição do membro, relativamente ao exercício das competências das comissões
desde que haja acordo entre o comissário e a entidade de proteção, bem como formular recomendações quanto
representada, nos casos aplicáveis, e parecer favorável da ao seu regular funcionamento e composição;
comissão nacional. c) Apreciar e promover as respostas às solicitações que
3 — O presidente da comissão é eleito pelo período de lhe sejam apresentadas pelas comissões de proteção sobre
três anos, renovável por uma única vez. questões surgidas no exercício das suas competências;
4 — Os comissários mantêm-se em funções até ao final d) Promover e dinamizar as respostas e os programas
do seu mandato. adequados ao desempenho das competências das comissões
5 — Decorrido o período de nove anos consecutivos de proteção;
de exercício de funções na comissão de proteção, só pode e) Promover e dinamizar a celebração dos protocolos
ocorrer designação do mesmo comissário para o referido de cooperação entre as entidades referidas na alínea d)
exercício, decorrido que seja o período completo de dura- do artigo 5.º e as comissões de proteção necessários ao
ção de um mandato, com exceção das situações previstas exercício das suas competências;
no n.º 2. f) Promover mecanismos de supervisão e auditar as
comissões de proteção;
Artigo 27.º g) Participar na execução de inspeções à atividade das
Deliberações comissões de proteção promovidas pelo Ministério Público
e a seu requerimento.
1 — As comissões de proteção, alargada e restrita, de-
liberam por maioria de votos, tendo o presidente voto de Artigo 32.º
qualidade.
Avaliação
2 — Para deliberar validamente é necessária a presença
do presidente ou do seu substituto e da maioria dos mem- 1 — As comissões de proteção elaboram anualmente
bros da comissão de proteção. um relatório de atividades, com identificação da situação e
dos problemas existentes na respetiva área de intervenção
Artigo 28.º territorial em matéria de promoção dos direitos e proteção
Vinculação das deliberações
das crianças e jovens em perigo, incluindo dados estatís-
ticos e informações que permitam conhecer a natureza
1 — As deliberações da comissão de proteção são vin- dos casos apreciados e as medidas aplicadas e avaliar as
culativas e de execução obrigatória para os serviços e dificuldades e a eficácia da intervenção.
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7219

2 — O relatório é remetido à Comissão Nacional, à Artigo 35.º


assembleia municipal e ao Ministério Público, até 31 de
janeiro do ano seguinte àquele a que respeita. Medidas
3 — O relatório relativo ao ano em que se inicia a ati- 1 — As medidas de promoção e proteção são as se-
vidade da comissão de proteção é apresentado no prazo guintes:
previsto no número anterior.
4 — As comissões de proteção fornecem à Comissão a) Apoio junto dos pais;
Nacional os dados estatísticos e as informações que lhe b) Apoio junto de outro familiar;
sejam solicitados. c) Confiança a pessoa idónea;
5 — A Comissão Nacional promove a realização anual d) Apoio para a autonomia de vida;
de um encontro de avaliação das comissões de proteção, e) Acolhimento familiar;
com base na divulgação e análise do relatório de atividades f) Acolhimento residencial;
nacional. g) Confiança a pessoa selecionada para a adoção, a
6 — A Comissão Nacional envia à Assembleia da Re- família de acolhimento ou a instituição com vista à adoção.
pública, até 30 de junho, o Relatório Anual de avaliação
das CPCJ. 2 — As medidas de promoção e de proteção são execu-
tadas no meio natural de vida ou em regime de colocação,
Artigo 33.º consoante a sua natureza, e podem ser decididas a título
Auditoria e inspeção cautelar, com exceção da medida prevista na alínea g) do
número anterior.
1 — As comissões de proteção são objeto de auditorias 3 — Consideram-se medidas a executar no meio natural
e de inspeção nos termos da lei.
de vida as previstas nas alíneas a), b), c) e d) do n.º 1 e
2 — As auditorias às comissões de proteção são da
competência da Comissão Nacional e são efetuadas nos medidas de colocação as previstas nas alíneas e) e f); a
termos previstos no diploma que aprova a sua orgânica, medida prevista na alínea g) é considerada a executar no
visando exclusivamente: meio natural de vida no primeiro caso e de colocação, no
segundo e terceiro casos.
a) Aferir o regular funcionamento e composição das 4 — O regime de execução das medidas consta de le-
comissões de proteção, tendo por referência o quadro legal gislação própria.
constante dos artigos 15.º a 29.º;
b) Aferir os níveis de observância das orientações e di-
retivas genéricas que versem o exercício das competências Artigo 36.º
das comissões de proteção e que lhes sejam dirigidas pela Acordo
Comissão Nacional.
As medidas aplicadas pelas comissões de proteção ou
3 — As auditorias realizam-se por iniciativa da Comis- em processo judicial, por decisão negociada, integram um
são Nacional ou a requerimento do Ministério Público. acordo de promoção e proteção.
4 — As inspeções às comissões de proteção são da com-
petência e iniciativa do Ministério Público, podendo ter Artigo 37.º
lugar por solicitação da Comissão Nacional.
5 — As inspeções têm por objeto a atividade globalmente Medidas cautelares
desenvolvida pelas comissões de proteção, excluindo-se do 1 — A título cautelar, o tribunal pode aplicar as medidas
respetivo âmbito as matérias a que se reporta o n.º 2. previstas nas alíneas a) a f) do n.º 1 do artigo 35.º, nos
termos previstos no n.º 1 do artigo 92.º, ou enquanto se
CAPÍTULO III procede ao diagnóstico da situação da criança e à definição
do seu encaminhamento subsequente.
Medidas de promoção dos direitos e de proteção 2 — As comissões podem aplicar as medidas previstas
no número anterior enquanto procedem ao diagnóstico da
SECÇÃO I situação da criança e à definição do seu encaminhamento
Das medidas
subsequente, sem prejuízo da necessidade da celebração
de um acordo de promoção e proteção segundo as regras
Artigo 34.º gerais.
3 — As medidas aplicadas nos termos dos números
Finalidade anteriores têm a duração máxima de seis meses e devem
As medidas de promoção dos direitos e de proteção das ser revistas no prazo máximo de três meses.
crianças e dos jovens em perigo, adiante designadas por
medidas de promoção e proteção, visam: Artigo 38.º
a) Afastar o perigo em que estes se encontram; Competência para aplicação das medidas
b) Proporcionar-lhes as condições que permitam pro-
teger e promover a sua segurança, saúde, formação, edu- A aplicação das medidas de promoção dos direitos e
cação, bem-estar e desenvolvimento integral; de proteção é da competência exclusiva das comissões de
c) Garantir a recuperação física e psicológica das crian- proteção e dos tribunais; a aplicação da medida prevista na
ças e jovens vítimas de qualquer forma de exploração ou alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º é da competência exclusiva
abuso. dos tribunais.
7220 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

Artigo 38.º-A Artigo 44.º


Confiança a pessoa selecionada para a adoção, a família Colocação sob a guarda de pessoa idónea
de acolhimento ou a instituição com vista a futura adoção selecionada para adoção
A medida de confiança a pessoa selecionada para a (Revogado.)
adoção, a família de acolhimento ou a instituição com
vista a futura adoção, aplicável quando se verifique al- Artigo 45.º
guma das situações previstas no artigo 1978.º do Código
Apoio para a autonomia de vida
Civil, consiste:
1 — A medida de apoio para a autonomia de vida con-
a) Na colocação da criança ou do jovem sob a guarda
siste em proporcionar diretamente ao jovem com idade
de candidato selecionado para a adoção pelo competente
superior a 15 anos apoio económico e acompanhamento
organismo de segurança social;
psicopedagógico e social, nomeadamente através do acesso
b) Ou na colocação da criança ou do jovem sob a guarda
de família de acolhimento ou de instituição com vista a a programas de formação, visando proporcionar-lhe con-
futura adoção. dições que o habilitem e lhe permitam viver por si só e
adquirir progressivamente autonomia de vida.
2 — A medida referida no número anterior pode ser
SECÇÃO II aplicada a mães com idade inferior a 15 anos, quando
se verifique que a situação aconselha a aplicação desta
Medidas no meio natural de vida medida.
Artigo 39.º
SECÇÃO III
Apoio junto dos pais
Medidas de colocação
A medida de apoio junto dos pais consiste em proporcio-
nar à criança ou jovem apoio de natureza psicopedagógica
SUBSECÇÃO I
e social e, quando necessário, ajuda económica.
Acolhimento familiar
Artigo 40.º
Artigo 46.º
Apoio junto de outro familiar
Definição e pressupostos
A medida de apoio junto de outro familiar consiste na
colocação da criança ou do jovem sob a guarda de um 1 — O acolhimento familiar consiste na atribuição da
familiar com quem resida ou a quem seja entregue, acom- confiança da criança ou do jovem a uma pessoa singular ou
panhada de apoio de natureza psicopedagógica e social e, a uma família, habilitadas para o efeito, proporcionando a
quando necessário, ajuda económica. sua integração em meio familiar e a prestação de cuidados
adequados às suas necessidades e bem-estar e a educação
Artigo 41.º necessária ao seu desenvolvimento integral.
2 — Para efeitos do disposto no número anterior,
Educação parental considera-se que constituem uma família duas pessoas
1 — Quando sejam aplicadas as medidas previstas casadas entre si ou que vivam uma com a outra há mais
nos artigos 39.º e 40.º, os pais ou os familiares a quem a de dois anos em união de facto ou parentes que vivam em
criança ou o jovem sejam entregues podem beneficiar de comunhão de mesa e habitação.
um programa de formação visando o melhor exercício das 3 — O acolhimento familiar tem lugar quando seja pre-
funções parentais. visível a posterior integração da criança ou jovem numa
2 — O conteúdo e a duração dos programas de educação família ou, não sendo possível, para a preparação da criança
parental são objeto de regulamento. ou jovem para a autonomia de vida.
4 — Privilegia-se a aplicação da medida de acolhi-
Artigo 42.º mento familiar sobre a de acolhimento residencial, em
especial relativamente a crianças até aos seis anos de
Apoio à família idade, salvo:
As medidas de apoio previstas nos artigos 39.º e 40.º a) Quando a consideração da excecional e específica si-
podem abranger o agregado familiar da criança e do jovem. tuação da criança ou jovem carecidos de proteção imponha
a aplicação da medida de acolhimento residencial;
Artigo 43.º b) Quando se constate impossibilidade de facto.
Confiança a pessoa idónea
5 — A aplicação da medida de acolhimento residencial
1 — A medida de confiança a pessoa idónea consiste nos casos previstos nas alíneas a) e b) do número anterior
na colocação da criança ou do jovem sob a guarda de uma é devidamente fundamentada.
pessoa que, não pertencendo à sua família, com eles tenha
estabelecido relação de afetividade recíproca. Artigo 47.º
2 — A medida pode ser acompanhada de apoio de na-
Tipos de famílias de acolhimento
tureza psicopedagógica e social e, quando necessário, de
ajuda económica. (Revogado.)
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7221

Artigo 48.º entidade responsável pela gestão das vagas em acolhimento


Modalidades de acolhimento familiar
e a instituição responsável pelo acolhimento, tendo em
vista a melhor proteção e promoção dos direitos da criança
(Revogado.) ou jovem a acolher e incide, designadamente, sobre:
a) A avaliação do plano de intervenção executado em
SUBSECÇÃO II
meio natural de vida, nos casos aplicáveis;
Acolhimento residencial b) A situação de perigo que determina a aplicação da
medida;
Artigo 49.º c) As necessidades específicas da criança ou jovem a
acolher; e
Definição e finalidade
d) Os recursos e características da intervenção que se
1 — A medida de acolhimento residencial consiste revelem necessários, a disponibilizar pela instituição de
na colocação da criança ou jovem aos cuidados de uma acolhimento.
entidade que disponha de instalações, equipamento de
acolhimento e recursos humanos permanentes, devida- 3 — A intervenção planeada pressupõe ainda a prepara-
mente dimensionados e habilitados, que lhes garantam os ção informada da criança ou jovem e, sempre que possível,
cuidados adequados. da respetiva família.
2 — O acolhimento residencial tem como finalidade 4 — A integração urgente em casa de acolhimento é de-
contribuir para a criação de condições que garantam a terminada pela necessidade de proteção da criança quando
adequada satisfação de necessidades físicas, psíquicas, ocorra situação de emergência nos termos previstos na
emocionais e sociais das crianças e jovens e o efetivo alínea c) do artigo 5.º e prescinde da planificação a que se
exercício dos seus direitos, favorecendo a sua integração reporta o número anterior, regendo-se por modelo procedi-
em contexto sociofamiliar seguro e promovendo a sua mental especificamente direcionado para a proteção na crise.
educação, bem-estar e desenvolvimento integral. 5 — Nos casos referidos no número anterior, a inte-
gração tem lugar preferencialmente em unidade especia-
Artigo 50.º lizada de acolhimento de emergência, integrada em casa de
acolhimento de crianças e jovens, a indicar pela entidade
Acolhimento residencial gestora das vagas em acolhimento.
1 — O acolhimento residencial tem lugar em casa de
acolhimento e obedece a modelos de intervenção socioedu- SECÇÃO IV
cativos adequados às crianças e jovens nela acolhidos.
2 — As casas de acolhimento podem organizar-se por Das instituições de acolhimento
unidades especializadas, designadamente:
Artigo 52.º
a) Casas de acolhimento para resposta em situações de
emergência; Natureza das instituições de acolhimento
b) Casas de acolhimento para resposta a problemáticas As instituições de acolhimento podem ser públicas ou
específicas e necessidades de intervenção educativa e tera- cooperativas, sociais ou privadas com acordo de coope-
pêutica evidenciadas pelas crianças e jovens a acolher; ração com o Estado.
c) Apartamentos de autonomização para o apoio e pro-
moção de autonomia dos jovens. Artigo 53.º
Funcionamento das casas de acolhimento
3 — Para além das casas de acolhimento, as instituições
que desenvolvem respostas residenciais, nomeadamente 1 — As casas de acolhimento são organizadas em unida-
nas áreas da educação especial e da saúde podem, em des que favoreçam uma relação afetiva do tipo familiar, uma
situações devidamente fundamentadas e pelo tempo es- vida diária personalizada e a integração na comunidade.
tritamente necessário, executar medidas de acolhimento 2 — O regime de funcionamento das casas de acolhi-
residencial relativamente a crianças ou jovens com defi- mento é definido em diploma próprio.
ciência permanente, doenças crónicas de caráter grave, 3 — Os pais, o representante legal ou quem tenha a
perturbação psiquiátrica ou comportamentos aditivos, guarda de facto da criança podem visitar a criança ou o
garantindo os cuidados socioeducativos e terapêuticos a jovem, de acordo com os horários e as regras de funciona-
prestar no âmbito da execução da medida. mento da casa, salvo decisão judicial em contrário.
4 — A regulamentação do regime de organização e fun- 4 — Na falta ou ausência de idoneidade das pessoas a
cionamento das casas de acolhimento de crianças e jovens que se reporta o número anterior e nas condições ali referi-
consta de legislação própria. das, o tribunal ou a comissão de proteção podem autorizar
outros adultos idóneos, de referência afetiva para a criança,
Artigo 51.º a visitarem-na.
Artigo 54.º
Modalidades da integração
Recursos humanos
1 — No que respeita à integração no acolhimento, a
medida de acolhimento residencial é planeada ou, nas 1 — As casas de acolhimento dispõem necessariamente
situações de emergência, urgente. de recursos humanos organizados em equipas articuladas
entre si, designadamente:
2 — A integração planeada pressupõe a preparação da
integração na casa de acolhimento, mediante troca de in- a) A equipa técnica, constituída de modo pluridiscipli-
formação relevante entre a entidade que aplica a medida, a nar, integra obrigatoriamente colaboradores com forma-
7222 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

ção mínima correspondente a licenciatura nas áreas da e) O apoio económico a prestar, sua modalidade, dura-
psicologia e do trabalho social, sendo designado o diretor ção e entidade responsável pela atribuição, bem como os
técnico de entre estes; pressupostos da concessão.
b) A equipa educativa integra preferencialmente cola-
boradores com formação profissional específica para as 2 — Nos casos previstos na alínea e) do n.º 2 do ar-
funções de acompanhamento socioeducativo das crianças tigo 3.º, se o perigo resultar de comportamentos adotados
e jovens acolhidos e inerentes à profissão de auxiliar de em razão de alcoolismo, toxicodependência ou doença
ação educativa e de cuidados de crianças. psiquiátrica dos pais ou das pessoas a quem a criança ou
c) A equipa de apoio integra obrigatoriamente colabo- o jovem esteja confiado, o acordo inclui ainda a menção
radores de serviços gerais. de que a permanência da criança na companhia destas
pessoas é condicionada à sua submissão a tratamento e ao
2 — Sempre que se justifique, a casa de acolhimento estabelecimento de compromisso nesse sentido.
pode recorrer às respostas e serviços existentes na comu- 3 — Quando a intervenção seja determinada pela situa-
nidade, designadamente nas áreas da saúde e do direito. ção prevista na alínea f) do n.º 2 do artigo 3.º, podem ainda
3 — À equipa técnica cabe o diagnóstico da situação da constar do acordo diretivas e obrigações fixadas à criança
criança ou do jovem acolhidos e a definição e execução ou ao jovem relativamente a meios ou locais que não deva
do seu projeto de promoção e proteção, de acordo com a frequentar, pessoas que não deva acompanhar, substâncias
decisão do tribunal ou da comissão. ou produtos que não deva consumir e condições e horários
4 — Para efeitos do disposto no número anterior, a dos tempos de lazer.
equipa técnica da casa de acolhimento é obrigatoriamente
ouvida pela entidade decisora, designadamente aquando Artigo 57.º
da revisão da medida de acolhimento aplicada.
Acordo de promoção e proteção relativo a medidas de colocação

SECÇÃO V 1 — No acordo de promoção e proteção em que se esta-


beleçam medidas de colocação devem ainda constar, com
Acordo de promoção e proteção e execução das medidas as devidas adaptações, para além das cláusulas enumeradas
nos artigos anteriores:
Artigo 55.º
a) A modalidade de integração no acolhimento e a even-
Acordo de promoção e proteção
tual especialização da resposta;
1 — O acordo de promoção e proteção inclui obriga- b) Os direitos e os deveres dos intervenientes, nomea-
toriamente: damente a periodicidade das visitas por parte da família ou
das pessoas com quem a criança ou o jovem tenha especial
a) A identificação do membro da comissão de proteção ligação afetiva, os períodos de visita à família, quando
ou do técnico a quem cabe o acompanhamento do caso; isso seja do seu interesse, e o montante da prestação cor-
b) O prazo por que é estabelecido e em que deve ser respondente aos gastos com o sustento, educação e saúde
revisto;
da criança ou do jovem e a identificação dos responsáveis
c) As declarações de consentimento ou de não oposição
pelo pagamento;
necessárias.
c) A periodicidade e o conteúdo da informação a prestar
às entidades administrativas e às autoridades judiciárias,
2 — Não podem ser estabelecidas cláusulas que impo-
bem como a identificação da pessoa ou da entidade que
nham obrigações abusivas ou que introduzam limitações ao
funcionamento da vida familiar para além das necessárias a deve prestar.
a afastar a situação concreta de perigo.
2 — A informação a que se refere a alínea c) do número
Artigo 56.º anterior deve conter os elementos necessários para avaliar
o desenvolvimento da personalidade, o aproveitamento
Acordo de promoção e proteção relativo a medidas escolar, a progressão em outras aprendizagens, a adequação
em meio natural de vida da medida aplicada e a possibilidade de regresso da criança
1 — No acordo de promoção e de proteção em que se ou do jovem à sua família, bem como de outra solução
estabeleçam medidas a executar no meio natural de vida de tipo familiar adequada à promoção dos seus direitos e
devem constar nomeadamente as cláusulas seguintes: proteção, ou de autonomia de vida.
a) Os cuidados de alimentação, higiene, saúde e conforto Artigo 58.º
a prestar à criança ou ao jovem pelos pais ou pelas pessoas
a quem sejam confiados; Direitos da criança e do jovem em acolhimento
b) A identificação do responsável pela criança ou pelo 1 — A criança e o jovem acolhidos em instituição, ou
jovem durante o tempo em que não possa ou não deva estar que beneficiem da medida de promoção de proteção de
na companhia ou sob a vigilância dos pais ou das pessoas acolhimento familiar, têm, em especial, os seguintes di-
a quem estejam confiados, por razões laborais ou outras reitos:
consideradas relevantes;
c) O plano de escolaridade, formação profissional, tra- a) Manter regularmente, e em condições de privaci-
balho e ocupação dos tempos livres; dade, contactos pessoais com a família e com pessoas com
d) O plano de cuidados de saúde, incluindo consultas quem tenham especial relação afetiva, sem prejuízo das
médicas e de orientação psicopedagógica, bem como o limitações impostas por decisão judicial ou pela comissão
dever de cumprimento das diretivas e orientações fixadas; de proteção;
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7223

b) Receber uma educação que garanta o desenvolvi- 3 — Excecionalmente, quando a defesa do superior inte-
mento integral da sua personalidade e potencialidades, resse da criança ou do jovem o imponha, a medida prevista
sendo-lhes asseguradas a prestação dos cuidados de saúde, na alínea d) do n.º 1 do artigo 35.º pode ser prorrogada até
formação escolar e profissional e a participação em ativi- que aqueles perfaçam os 21 anos de idade.
dades culturais, desportivas e recreativas;
c) Usufruir de um espaço de privacidade e de um grau Artigo 61.º
de autonomia na condução da sua vida pessoal adequados Duração das medidas de colocação
à sua idade e situação;
d) Ser ouvido e participar ativamente, em função do seu As medidas previstas nas alíneas e) e f) do n.º 1 do
grau de discernimento, em todos os assuntos do seu inte- artigo 35.º têm a duração estabelecida no acordo ou na
resse, que incluem os respeitantes à definição e execução decisão judicial.
do seu projeto de promoção e proteção e ao funcionamento
da instituição e da família de acolhimento; Artigo 62.º
e) Receber dinheiro de bolso; Revisão das medidas
f) A inviolabilidade da correspondência;
g) Não ser transferido da casa de acolhimento ou da 1 — Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 37.º,
família de acolhimento, salvo quando essa decisão cor- as medidas aplicadas são obrigatoriamente revistas findo
responda ao seu superior interesse; o prazo fixado no acordo ou na decisão judicial, e, em
h) Contactar, com garantia de confidencialidade, a co- qualquer caso, decorridos períodos nunca superiores a seis
missão de proteção, o Ministério Público, o juiz e o seu meses, inclusive as medidas de acolhimento residencial e
enquanto a criança aí permaneça.
advogado;
2 — A revisão da medida pode ter lugar antes de de-
i) Ser acolhido, sempre que possível, em casa de aco-
corrido o prazo fixado no acordo ou na decisão judicial,
lhimento ou família de acolhimento próxima do seu con- oficiosamente ou a pedido das pessoas referidas nos arti-
texto familiar e social de origem, exceto se o seu superior gos 9.º e 10.º, desde que ocorram factos que a justifiquem.
interesse o desaconselhar; 3 — A decisão de revisão determina a verificação das
j) Não ser separado de outros irmãos acolhidos, exceto condições de execução da medida e pode determinar,
se o seu superior interesse o desaconselhar. ainda:
2 — Os direitos referidos no número anterior cons- a) A cessação da medida;
tam necessariamente do regulamento interno das casas b) A substituição da medida por outra mais adequada;
de acolhimento. c) A continuação ou a prorrogação da execução da me-
dida;
Artigo 59.º d) (Revogada.)
e) (Revogada).
Acompanhamento da execução das medidas
1 — As comissões de proteção executam as medidas 4 — Nos casos previstos no número anterior, a decisão
nos termos do acordo de promoção e proteção. de revisão deve ser fundamentada de facto e de direito, em
2 — A execução da medida aplicada em processo judi- coerência com o projeto de vida da criança ou jovem.
cial é dirigida e controlada pelo tribunal que a aplicou. 5 — É decidida a cessação da medida sempre que a sua
3 — Para efeitos do disposto no número anterior, o continuação se mostre desnecessária.
tribunal designa equipas específicas, com a composição 6 — As decisões tomadas na revisão constituem parte
e competências previstas na lei, ou entidade que consi- integrante dos acordos de promoção e proteção ou da de-
dere mais adequada, não podendo, em qualquer caso, ser cisão judicial.
designada a comissão de proteção para executar medidas
aplicadas pelo tribunal. Artigo 62.º-A
4 — (Revogado.) Medida de confiança a pessoa selecionada para a adoção,
a família de acolhimento ou a instituição com vista a adoção

SECÇÃO VI 1 — Salvo o disposto no número seguinte, a medida de


confiança a pessoa selecionada para a adoção, a família de
Duração, revisão e cessação das medidas acolhimento ou a instituição com vista a adoção, dura até
ser decretada a adoção e não está sujeita a revisão.
Artigo 60.º 2 — A título excecional a medida é revista, nos casos
Duração das medidas no meio natural de vida em que a sua execução se revele manifestamente inviável,
designadamente quando a criança atinja a idade limite
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as para a adoção sem que o projeto adotivo tenha sido con-
medidas previstas nas alíneas a), b), c) e d) do n.º 1 do cretizado.
artigo 35.º têm a duração estabelecida no acordo ou na 3 — Na sentença que aplique a medida prevista no n.º 1,
decisão judicial. o tribunal designa curador provisório à criança, o qual
2 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, exerce funções até ser decretada a adoção ou instituída
cada uma das medidas referidas no número anterior não outra medida tutelar cível.
pode ter duração superior a um ano, podendo, todavia, ser 4 — O curador provisório é a pessoa a quem o menor
prorrogadas até 18 meses se o interesse da criança ou do tiver sido confiado.
jovem o aconselhar e desde que se mantenham os consen- 5 — Em caso de confiança a instituição ou família de
timentos e os acordos legalmente exigidos. acolhimento, o curador provisório é, de preferência, quem
7224 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

tenha um contacto mais direto com a criança, devendo, sentimento ou à não oposição para a futura adoção, as en-
a requerimento do organismo de segurança social ou da tidades devem comunicar a situação de perigo diretamente
instituição particular autorizada a intervir em matéria de ao Ministério Público.
adoção, a curadoria provisória ser transferida para o can- 3 — As instituições de acolhimento devem comunicar
didato a adotante, logo que selecionado. ao Ministério Público todas as situações de crianças e
6 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, jovens que acolham sem prévia decisão da comissão de
aplicada a medida prevista no n.º 1, não há lugar a visitas proteção ou judicial.
por parte da família biológica ou adotante.
Artigo 66.º
7 — Em casos devidamente fundamentados e em função
da defesa do superior interesse do adotando, podem ser Comunicação das situações de perigo por qualquer pessoa
autorizados contactos entre irmãos. 1 — Qualquer pessoa que tenha conhecimento das situa-
ções previstas no artigo 3.º pode comunicá-las às entidades
Artigo 63.º com competência em matéria de infância ou juventude,
Cessação das medidas às entidades policiais, às comissões de proteção ou às
autoridades judiciárias.
1 — As medidas cessam quando: 2 — A comunicação é obrigatória para qualquer pessoa
a) Decorra o respetivo prazo de duração ou eventual que tenha conhecimento de situações que ponham em risco
prorrogação; a vida, a integridade física ou psíquica ou a liberdade da
b) A decisão de revisão lhes ponha termo; criança ou do jovem.
c) Seja decretada a adoção, nos casos previstos no ar- 3 — Quando as comunicações sejam dirigidas às entida-
tigo 62.º-A; des referidas no n.º 1, estas procedem ao estudo sumário da
d) O jovem atinja a maioridade ou, nos casos em que situação e proporcionam a proteção compatível com as suas
tenha solicitado a continuação da medida para além da atribuições, dando conhecimento da situação à comissão
maioridade, complete 21 anos; de proteção sempre que entendam que a sua intervenção
e) Seja proferida decisão em procedimento cível que não é adequada ou suficiente.
assegure o afastamento da criança ou do jovem da situação
de perigo. Artigo 67.º
Comunicações das comissões de proteção aos organismos
2 — Aquando da cessação da medida aplicada, a co- de segurança social
missão de proteção ou o tribunal efetuam as comunicações
eventualmente necessárias junto das entidades referidas no (Revogado.)
artigo 7.º, tendo em vista o acompanhamento da criança, Artigo 68.º
jovem e sua família, pelo período que se julgue adequado. Comunicações das comissões de proteção ao Ministério Público
As comissões de proteção comunicam ao Ministério
CAPÍTULO IV Público:
Comunicações a) As situações em que não obtenham a disponibilidade
dos meios necessários para proceder à avaliação diagnós-
Artigo 64.º tica dos casos, nomeadamente por oposição de um serviço
ou instituição e, em particular, as situações de recusa de
Comunicação das situações de perigo pelas autoridades prestação de informação relativa a dados pessoais sensí-
policiais e judiciárias
veis, designadamente informação clínica, solicitada nos
1 — As entidades policiais e as autoridades judiciá- termos do n.º 1 do artigo 13.º-A;
rias comunicam às comissões de proteção as situações de b) (Revogada.)
crianças e jovens em perigo de que tenham conhecimento c) (Revogada.)
no exercício das suas funções. d) As situações em que não tenha sido proferida decisão
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, as decorridos seis meses após o conhecimento da situação da
autoridades judiciárias adotam as providências tutelares criança ou do jovem em perigo;
cíveis adequadas. e) A aplicação da medida que determine ou mantenha
a separação da criança ou do jovem dos seus pais, repre-
Artigo 65.º sentante legal ou das pessoas que tenham a sua guarda
Comunicação das situações de perigo conhecidas pelas entidades
de facto;
com competência em matéria de infância e juventude f) Os casos em que, por força da aplicação sucessiva ou
isolada das medidas de promoção e proteção previstas nas
1 — As entidades com competência em matéria de alíneas a) a c), e) e f) do n.º 1 do artigo 35.º, o somatório
infância e juventude comunicam às comissões de prote- de duração das referidas medidas perfaça 18 meses.
ção as situações de perigo de que tenham conhecimento
no exercício das suas funções sempre que não possam, Artigo 69.º
no âmbito exclusivo da sua competência, assegurar em
tempo a proteção suficiente que as circunstâncias do caso Comunicações das comissões de proteção ao Ministério
Público para efeitos de procedimento cível
exigem.
2 — Caso a comissão de proteção não esteja instalada As comissões de proteção comunicam ainda ao Mi-
ou quando não tenha competência para aplicar a medida nistério Público as situações de facto que justifiquem
adequada, designadamente sempre que os pais da criança a regulação ou a alteração do regime de exercício das
ou do jovem expressem a sua vontade quanto ao seu con- responsabilidades parentais, a inibição do exercício das
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7225

responsabilidades parentais, a instauração da tutela ou a b) Recebidas as comunicações a que se refere o ar-


adoção de qualquer outra providência cível, nomeadamente tigo 68.º, considere haver indícios de situação de perigo
nos casos em que se mostre necessária a fixação ou a para a criança ou jovem, suscetíveis de reclamar a aplicação
alteração ou se verifique o incumprimento das prestações de medida judicial de promoção e proteção;
de alimentos. c) Requeira a apreciação judicial da decisão da comissão
Artigo 70.º de proteção nos termos do artigo 76.º
Participação dos crimes cometidos contra crianças e jovens
2 — No caso previsto na alínea b) do número anterior, o
1 — Quando os factos que tenham determinado a situação Ministério Público, antes de requerer a abertura do processo
de perigo constituam crime, as entidades e instituições referi- judicial, pode requisitar à comissão o processo relativo
das nos artigos 7.º e 8.º devem comunicá-los imediatamente ao menor e solicitar-lhe os esclarecimentos que tiver por
ao Ministério Público ou às entidades policiais, sem prejuízo convenientes.
das comunicações previstas nos artigos anteriores.
2 — As situações previstas no número anterior devem, Artigo 74.º
em simultâneo, ser comunicadas pela comissão de proteção Arquivamento liminar
ao magistrado do Ministério Público que, nos termos do O Ministério Público arquiva liminarmente, através
n.º 2 do artigo 72.º, acompanha a respetiva atividade. de despacho fundamentado, as comunicações que receba
quando seja manifesta a sua falta de fundamento ou a
Artigo 71.º desnecessidade da intervenção.
Consequências das comunicações
Artigo 75.º
1 — As comunicações previstas nos artigos anteriores
Requerimento de providências tutelares cíveis
não determinam a cessação da intervenção das entidades
e instituições, salvo quando não tiverem sido prestados O Ministério Público requer ao tribunal as providências
ou tiverem sido retirados os consentimentos legalmente tutelares cíveis adequadas:
exigidos.
2 — As comunicações previstas no presente capítulo a) Quando a comissão de proteção lhe haja remetido o
devem indicar as providências tomadas para proteção processo de promoção e proteção por falta de competência
da criança ou do jovem e ser acompanhadas de todos os para aplicação da medida adequada, nos termos previstos
elementos disponíveis que se mostrem relevantes para no artigo 38.º, e concorde com o entendimento da comissão
apreciação da situação, salvaguardada a intimidade da de proteção;
criança ou do jovem. b) Sempre que considere necessário, nomeadamente
nas situações previstas no artigo 69.º

CAPÍTULO V Artigo 76.º


Requerimento para apreciação judicial
Intervenção do Ministério Público
1 — O Ministério Público requer a apreciação judi-
Artigo 72.º cial da decisão da comissão de proteção quando entenda
que as medidas aplicadas são ilegais ou inadequadas para
Atribuições
promoção dos direitos e proteção da criança ou do jovem
1 — O Ministério Público intervém na promoção e em perigo.
defesa dos direitos das crianças e jovens em perigo, nos 2 — O requerimento para apreciação judicial da de-
termos da presente lei, podendo exigir aos pais, ao repre- cisão da comissão de proteção indica os fundamentos da
sentante legal ou a quem tenha a sua guarda de facto os necessidade de intervenção judicial e é acompanhado do
esclarecimentos necessários. processo da comissão.
2 — O Ministério Público acompanha a atividade das 3 — Para efeitos do número anterior, o Ministério Pú-
comissões de proteção, tendo em vista apreciar a legali- blico requisita previamente à comissão de proteção o res-
dade e a adequação das decisões, a fiscalização da sua petivo processo.
atividade processual e a promoção dos procedimentos 4 — O requerimento para apreciação judicial deve ser
judiciais adequados. apresentado no prazo de 15 dias após o recebimento da co-
3 — Compete, ainda, de modo especial, ao Ministério municação da decisão da comissão pelo Ministério Público
Público representar as crianças e jovens em perigo, pro- e dele é dado conhecimento à comissão de proteção.
pondo ações, requerendo providências tutelares cíveis e 5 — O presidente da comissão de proteção é ouvido
usando de quaisquer meios judiciais necessários à promo- sobre o requerimento do Ministério Público.
ção e defesa dos seus direitos e à sua proteção.
CAPÍTULO VI
Artigo 73.º
Disposições processuais gerais
Iniciativa do processo judicial de promoção e proteção
1 — O Ministério Público requer a abertura do processo Artigo 77.º
judicial de promoção dos direitos e de proteção quando: Disposições comuns
a) Tenha conhecimento das situações de crianças e jo- As disposições do presente capítulo aplicam-se aos
vens em perigo residentes em áreas em que não esteja processos de promoção dos direitos e de proteção, adiante
instalada comissão de proteção, sem prejuízo do disposto designados processos de promoção e proteção, instaurados
no artigo seguinte; nas comissões de proteção ou nos tribunais.
7226 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

Artigo 78.º 3 — Para efeitos do disposto no n.º 1, o juiz solicita


Caráter individual e único do processo
à comissão de proteção que o informe sobre qualquer
processo de promoção e proteção pendente ou que venha
O processo de promoção e proteção é individual, sendo a ser instaurado posteriormente relativamente à mesma
organizado um único processo para cada criança ou jovem. criança ou jovem.
4 — A apensação a que se reporta o n.º 1 tem lugar
Artigo 79.º independentemente do estado dos processos.
Competência territorial
Artigo 82.º
1 — É competente para a aplicação das medidas de
Jovem arguido em processo penal
promoção e proteção a comissão de proteção ou o tribunal
da área da residência da criança ou do jovem no momento 1 — Quando relativamente a um mesmo jovem corre-
em que é recebida a comunicação da situação ou instaurado rem simultaneamente processo de promoção e proteção e
o processo judicial. processo penal, a comissão de proteção ou a secção de fa-
2 — Se a residência da criança ou do jovem não for mília e menores remete à autoridade judiciária competente
conhecida, nem for possível determiná-la, é competente para o processo penal cópia da respetiva decisão, podendo
a comissão de proteção ou o tribunal do lugar onde aquele acrescentar as informações sobre a inserção familiar e
for encontrado. socioprofissional do jovem que considere adequadas.
3 — Sem prejuízo do disposto nos números anterio- 2 — Os elementos referidos no número anterior são
res, a comissão de proteção ou o tribunal do lugar onde a remetidos após a notificação ao jovem do despacho que
criança ou o jovem for encontrado realiza as diligências designa dia para a audiência de julgamento, sendo-lhes cor-
consideradas urgentes e toma as medidas necessárias para respondentemente aplicável o disposto nos artigos 369.º,
a sua proteção imediata. n.º 1, 370.º, n.º 3, e 371.º, n.º 2, do Código de Processo
4 — Se, após a aplicação de medida não cautelar, a Penal.
criança ou o jovem mudar de residência por período su- 3 — Quando o jovem seja preso preventivamente, os
perior a três meses, o processo é remetido à comissão de elementos constantes do n.º 1 podem ser remetidos a todo
proteção ou ao tribunal da área da nova residência. o tempo, a solicitação deste ou do defensor, ou com o seu
5 — Para efeitos do disposto no número anterior, a exe- consentimento.
cução de medida de promoção e proteção de acolhimento 4 — As autoridades judiciárias participam às entidades
não determina a alteração de residência da criança ou competentes em matéria de promoção dos direitos e prote-
jovem acolhido. ção as situações de jovens arguidos em processo penal que
6 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, a se encontrem em perigo, remetendo-lhes os elementos de
comissão de proteção com competência territorial na área que disponham e que se mostrem relevantes para a apre-
do município ou freguesia de acolhimento da criança ou ciação da situação, nos termos do n.º 2 do artigo 71.º
jovem, presta à comissão que aplicou a medida de promo-
ção e proteção toda a colaboração necessária ao efetivo Artigo 82.º-A
acompanhamento da medida aplicada, que para o efeito
Gestor de processo
lhe seja solicitada.
7 — Salvo o disposto no n.º 4, são irrelevantes as mo- Para cada processo de promoção e proteção a comissão
dificações de facto que ocorrerem posteriormente ao mo- de proteção de crianças e jovens ou o tribunal competentes
mento da instauração do processo. designam um técnico gestor de processo, ao qual compete
mobilizar os intervenientes e os recursos disponíveis para
Artigo 80.º assegurar de forma global, coordenada e sistémica, todos
Apensação de processos
os apoios, serviços e acompanhamento de que a criança ou
jovem e a sua família necessitam, prestando informação
Sem prejuízo das regras de competência territorial, sobre o conjunto da intervenção desenvolvida.
quando a situação de perigo abranger simultaneamente
mais de uma criança ou jovem, pode ser instaurado um Artigo 83.º
único processo e, tendo sido instaurado processos distin-
Aproveitamento dos atos anteriores
tos, pode proceder-se à apensação de todos eles ao que foi
instaurado em primeiro lugar, se as relações familiares ou As comissões de proteção e os tribunais devem abster-
as situações de perigo em concreto o justificarem -se de ordenar a repetição de diligências já efetuadas, no-
meadamente relatórios sociais ou exames médicos, salvo
Artigo 81.º quando o interesse superior da criança exija a sua repetição
Apensação de processos de natureza diversa
ou esta se torne necessária para assegurar o princípio do
contraditório.
1 — Quando, relativamente à mesma criança ou jo-
vem, forem instaurados, sucessivamente ou em separado, Artigo 84.º
processos de promoção e proteção, inclusive na comissão
Audição da criança e do jovem
de proteção, tutelar educativo ou relativos a providências
tutelares cíveis, devem os mesmos correr por apenso, in- As crianças e os jovens são ouvidos pela comissão de
dependentemente do respetivo estado, sendo competente proteção ou pelo juiz sobre as situações que deram ori-
para deles conhecer o juiz do processo instaurado em pri- gem à intervenção e relativamente à aplicação, revisão ou
meiro lugar. cessação de medidas de promoção e proteção, nos termos
2 — (Revogado.) previstos nos artigos 4.º e 5.º do Regime Geral do Pro-
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7227

cesso Tutelar Cível, aprovado pela Lei n.º 141/2015, de 3 — Os pais, o representante legal e as pessoas que
8 de setembro. detenham a guarda de facto podem consultar o processo
pessoalmente ou através de advogado.
Artigo 85.º 4 — A criança ou jovem podem consultar o processo
através do seu advogado ou pessoalmente se o juiz ou o
Audição dos titulares das responsabilidades parentais
presidente da comissão o autorizar, atendendo à sua matu-
1 — Os pais, o representante legal e as pessoas que ridade, capacidade de compreensão e natureza dos factos.
tenham a guarda de facto da criança ou do jovem são 5 — Pode ainda consultar o processo, diretamente ou atra-
obrigatoriamente ouvidos sobre a situação que originou a vés de advogado, quem manifeste interesse legítimo, quando
intervenção e relativamente à aplicação, revisão ou ces- autorizado e nas condições estabelecidas em despacho do pre-
sação de medidas de promoção e proteção. sidente da comissão de proteção ou do juiz, conforme o caso.
2 — Ressalvam-se do disposto no número anterior as 6 — Os processos das comissões de proteção são des-
situações de ausência, mesmo que de facto, por impossibi- truídos quando a criança ou jovem atinjam a maioridade
lidade de contacto devida a desconhecimento do paradeiro, ou, no caso da alínea d) do n.º 1 do artigo 63.º, aos 21 anos.
ou a outra causa de impossibilidade, e os de inibição do 7 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, a
exercício das responsabilidades parentais. informação a que alude o disposto no n.º 1 do artigo 13.º-A
é destruída assim que o processo ao abrigo do qual foi re-
Artigo 86.º colhida seja arquivado, pelo facto de a situação de perigo
Informação e assistência
não se comprovar ou já não subsistir.
8 — Em caso de aplicação da medida de promoção e
1 — O processo deve decorrer de forma compreensível proteção prevista na alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º, deve
para a criança ou jovem, considerando a idade e o grau de ser respeitado o segredo de identidade relativo aos adotan-
desenvolvimento intelectual e psicológico. tes e aos pais biológicos do adotado, nos termos previstos
2 — Na audição da criança ou do jovem e no decurso de no artigo 1985.º do Código Civil e nos artigos 4.º e 5.º do
outros atos processuais ou diligências que o justifiquem, a Regime Jurídico do Processo de Adoção, aprovado pela Lei
comissão de proteção ou o juiz podem determinar a inter- n.º 143/2015, de 8 de setembro, e, salvo disposição especial, os
venção ou a assistência de médicos, psicólogos ou outros pais biológicos não são notificados para os termos do processo
especialistas ou de pessoa da confiança da criança ou do posteriores ao trânsito em julgado da decisão que a aplicou.
jovem, ou determinar a utilização dos meios técnicos que 9 — Quando o processo tenha sido arquivado nos ter-
lhes pareçam adequados. mos da alínea c) do n.º 2 do artigo 21.º, é destruído pas-
sados dois anos após o arquivamento.
Artigo 87.º
Exames
Artigo 89.º
Consulta para fins científicos
1 — Os exames médicos que possam ofender o pudor
da criança ou do jovem apenas são ordenados quando for 1 — A comissão de proteção ou o tribunal podem auto-
julgado indispensável e o seu interesse o exigir e devem rizar a consulta dos processos por instituições credencia-
ser efetuados na presença de um dos progenitores ou de das no domínio científico, ficando todos aqueles que lhe
pessoa da confiança da criança ou do jovem, salvo se o tiverem acesso obrigados a dever de segredo relativamente
examinado o não desejar ou o seu interesse o exigir. àquilo de que tomarem conhecimento.
2 — Os exames médicos referidos no número anterior 2 — A divulgação de quaisquer estudos deve ser feita
são realizados por pessoal médico devidamente qualifi- de modo que torne impossível a identificação das pessoas
cado, sendo garantido à criança ou ao jovem o necessário a quem a informação disser respeito.
apoio psicológico. 3 — Para fins científicos podem, com autorização da
3 — Aos exames médicos é correspondentemente apli- comissão restrita de proteção ou do juiz, ser publicadas peças
cável o disposto nos artigos 9.º e 10.º, salvo nas situações de processos, desde que se impossibilite a identificação da
de emergência previstas no artigo 91.º criança ou jovem, seus familiares e restantes pessoas nelas
4 — Os exames têm caráter de urgência e, salvo quando referidas.
outro prazo for exigido pela sua natureza, os respetivos Artigo 90.º
relatórios são apresentados no prazo máximo de 30 dias.
Comunicação social
5 — A comissão de proteção ou o tribunal podem,
quando necessário para assegurar a proteção da criança 1 — Os órgãos de comunicação social, sempre que
ou do jovem, requerer ao tribunal certidão dos relatórios divulguem situações de crianças ou jovens em perigo,
dos exames efetuados em processos relativos a crimes de não podem identificar, nem transmitir elementos, sons
que tenham sido vítimas, que possam ser utilizados como ou imagens que permitam a sua identificação, sob pena
meios de prova. de os seus agentes incorrerem na prática de crime de de-
sobediência.
Artigo 88.º 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, os
órgãos de comunicação social podem relatar o conteúdo dos
Caráter reservado do processo
atos públicos do processo judicial de promoção e proteção.
1 — O processo de promoção e proteção é de caráter 3 — Sempre que tal seja solicitado e sem prejuízo do
reservado. disposto no n.º 1, o presidente da comissão de proteção ou
2 — Os membros da comissão de proteção têm acesso o juiz do processo informam os órgãos de comunicação
aos processos em que intervenham, sendo aplicável, nos social sobre os factos, decisão e circunstâncias necessárias
restantes casos, o disposto nos n.os 1 e 5. para a sua correta compreensão.
7228 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

CAPÍTULO VII Artigo 94.º


Procedimentos de urgência Informação e audição dos interessados
1 — A comissão de proteção, recebida a comunicação
Artigo 91.º da situação ou depois de proceder a diligências sumárias
Procedimentos urgentes na ausência do consentimento que a confirmem, deve contactar a criança ou o jovem, os
titulares das responsabilidades parentais ou a pessoa com
1 — Quando exista perigo atual ou iminente para a vida quem a criança ou o jovem residam, informando-os da
ou de grave comprometimento da integridade física ou psí-
situação e ouvindo-os sobre ela.
quica da criança ou jovem, e na ausência de consentimento
2 — A comissão de proteção deve informar as pessoas
dos detentores das responsabilidades parentais ou de quem
tenha a guarda de facto, qualquer das entidades referidas referidas no número anterior do modo como se processa
no artigo 7.º ou as comissões de proteção tomam as medi- a sua intervenção, das medidas que pode tomar, do di-
das adequadas para a sua proteção imediata e solicitam a reito de não autorizarem a intervenção e suas possíveis
intervenção do tribunal ou das entidades policiais. consequências e do seu direito a fazerem-se acompanhar
2 — A entidade que intervém nos termos do número de advogado.
anterior dá conhecimento imediato das situações a que 3 — As diligências sumárias referidas no n.º 1 destinam-
aí se alude ao Ministério Público ou, quando tal não seja -se apenas à obtenção, junto da entidade que comunicou a
possível, logo que cesse a causa da impossibilidade. situação de perigo, de elementos que possam confirmá-la
3 — Enquanto não for possível a intervenção do tribunal, ou esclarecê-la.
as autoridades policiais retiram a criança ou o jovem do
perigo em que se encontra e asseguram a sua proteção de Artigo 95.º
emergência em casa de acolhimento, nas instalações das Falta do consentimento
entidades referidas no artigo 7.º ou em outro local adequado.
4 — O Ministério Público, recebida a comunicação 1 — As Comissões de Proteção diligenciam junto dos
efetuada por qualquer das entidades referidas nos números pais, representante legal ou da pessoa que tenha a guarda
anteriores, requer imediatamente ao tribunal competente de facto da criança ou do jovem, pela obtenção do con-
procedimento judicial urgente nos termos do artigo se- sentimento a que se refere o artigo 9.º
guinte. 2 — Faltando ou tendo sido retirados os consentimentos
Artigo 92.º previstos no artigo 9.º, ou havendo oposição da criança ou
do jovem, nos termos do artigo 10.º, a comissão abstém-
Procedimentos judiciais urgentes -se de intervir e remete o processo ao Ministério Público
1 — O tribunal, a requerimento do Ministério Público, competente.
quando lhe sejam comunicadas as situações referidas no
artigo anterior, profere decisão provisória, no prazo de qua- Artigo 96.º
renta e oito horas, confirmando as providências tomadas Diligências nas situações de guarda ocasional
para a imediata proteção da criança ou do jovem, aplicando
qualquer uma das medidas previstas no artigo 35.º ou de- 1 — Quando a criança se encontre a viver com uma
terminando o que tiver por conveniente relativamente ao pessoa que não detenha as responsabilidades parentais,
destino da criança ou do jovem. nem a sua guarda de facto, a comissão de proteção deve
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, o tri- diligenciar de imediato, por todos os meios ao seu alcance,
bunal procede às averiguações sumárias e indispensáveis e no sentido de entrar em contacto com as pessoas que devem
ordena as diligências necessárias para assegurar a execução prestar o consentimento, para que estes ponham cobro à
das suas decisões, podendo recorrer às entidades policiais situação de perigo ou prestem o consentimento para a
e permitir às pessoas a quem incumba do cumprimento das intervenção.
suas decisões a entrada, durante o dia, em qualquer casa. 2 — Até ao momento em que o contacto com os pais
3 — Proferida a decisão provisória referida no n.º 1, o ou representantes legais seja possível e sem prejuízo dos
processo segue os seus termos como processo judicial de procedimentos de urgência, a comissão de proteção pro-
promoção e proteção. porciona à criança ou ao jovem os meios de apoio ade-
quados, salvo se houver oposição da pessoa com quem
CAPÍTULO VIII eles residem.
3 — Quando se verifique a oposição referida no número
Do processo nas comissões de proteção anterior, a comissão de proteção comunica imediatamente
de crianças e jovens a situação ao Ministério Público.
Artigo 93.º Artigo 97.º
Iniciativa da intervenção das comissões de proteção
Processo
Sem prejuízo do disposto nos artigos 64.º a 66.º, as 1 — O processo inicia-se com o recebimento da co-
comissões de proteção intervêm: municação escrita ou com o registo das comunicações
a) A solicitação da criança ou do jovem, dos seus pais, verbais ou dos factos de que a referida comissão tiver
representante legal ou das pessoas que tenham a sua guarda conhecimento.
de facto; 2 — O processo da comissão de proteção inclui a reco-
b) Por sua iniciativa, em situações de que tiverem conhe- lha de informação, as diligências e os exames necessários
cimento no exercício das suas funções. e adequados ao conhecimento da situação, à fundamen-
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7229

tação da decisão, à aplicação da respetiva medida e à sua atribuídas, por aplicação, com as devidas adaptações, do
execução. disposto no n.º 5 do artigo 124.º da Lei da Organização
3 — O processo é organizado de modo simplificado, do Sistema Judiciário, aprovada pela Lei n.º 62/2013,
nele se registando por ordem cronológica os atos e diligên- de 26 de agosto.
cias praticados ou solicitados pela comissão de proteção 3 — Sem prejuízo do disposto no número anterior,
que fundamentem a prática dos atos previstos no número em caso de não ocorrer desdobramento, cabe às secções
anterior. de competência genérica da instância local conhecer das
4 — Relativamente a cada processo é transcrita na ata causas ali referidas, conforme o disposto na alínea a)
da comissão restrita, de forma sumária, a deliberação e a do n.º 1 do artigo 130.º da Lei n.º 62/2013, de 26 de
sua fundamentação. agosto.
5 — Os atos praticados por comissão de proteção a 4 — Nos casos previstos nos números anteriores, o tri-
rogo de outra, designadamente ao nível da instrução de bunal constitui-se em secção de família e menores.
processos ou de acompanhamento de medidas de promoção
e proteção, integram a atividade processual da comissão,
sendo registados como atos de colaboração. Artigo 102.º
Processos urgentes
Artigo 98.º
1 — Os processos judiciais de promoção e proteção são
Decisão relativa à medida de natureza urgente, correndo nas férias judiciais.
1 — Reunidos os elementos sobre a situação da criança 2 — Os processos não estão sujeitos a distribuição,
ou do jovem, a comissão restrita, em reunião, aprecia o sendo imediatamente averbados ao juiz de turno.
caso, arquivando o processo quando a situação de perigo
não se confirme ou já não subsista, ou delibera a aplicação Artigo 103.º
da medida adequada.
Advogado
2 — Perante qualquer proposta de intervenção da comis-
são de proteção, as pessoas a que se referem os artigos 9.º e 1 — Os pais, o representante legal ou quem tiver a
10.º podem solicitar um prazo, não superior a oito dias, para guarda de facto podem, em qualquer fase do processo,
prestar consentimento ou manifestar a não oposição. constituir advogado ou requerer a nomeação de patrono
3 — Havendo acordo entre a comissão de proteção e as que o represente, a si ou à criança ou ao jovem.
pessoas a que se referem os artigos 9.º e 10.º no tocante à 2 — É obrigatória a nomeação de patrono à criança ou
medida a adotar, a decisão é reduzida a escrito, tomando a jovem quando os seus interesses e os dos seus pais, repre-
forma de acordo, nos termos do disposto nos artigos 55.º sentante legal ou de quem tenha a guarda de facto sejam
a 57.º, o qual é assinado pelos intervenientes. conflituantes e ainda quando a criança ou jovem com a
4 — Não havendo acordo, e mantendo-se a situação que maturidade adequada o solicitar ao tribunal.
justifique a aplicação de medida, aplica-se o disposto na 3 — A nomeação do patrono é efetuada nos termos da
alínea d) do n.º 1 do artigo 11.º lei do apoio judiciário.
4 — No debate judicial é obrigatória a constituição de
Artigo 99.º advogado ou a nomeação de patrono aos pais quando es-
Arquivamento do processo teja em causa a aplicação da medida prevista na alínea g)
do n.º 1 do artigo 35.º e, em qualquer caso, à criança ou
Cessando a medida, o processo é arquivado, só podendo
jovem.
ser reaberto se ocorrerem factos que justifiquem a aplicação
de medida de promoção e proteção.
Artigo 104.º
Contraditório
CAPÍTULO IX
1 — A criança ou jovem, os seus pais, representante
Do processo judicial de promoção e proteção legal ou quem tiver a guarda de facto têm direito a requerer
diligências e oferecer meios de prova.
Artigo 100.º 2 — No debate judicial podem ser apresentadas alega-
Processo ções escritas e é assegurado o contraditório.
3 — O contraditório quanto aos factos e à medida apli-
O processo judicial de promoção dos direitos e proteção cável é sempre assegurado em todas as fases do processo,
das crianças e jovens em perigo, doravante designado
designadamente na conferência tendo em vista a obtenção
processo judicial de promoção e proteção, é de jurisdição
de acordo e no debate judicial, quando se aplicar a medida
voluntária.
prevista na alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º
Artigo 101.º
Artigo 105.º
Tribunal competente
Iniciativa processual
1 — Compete às secções de família e menores da ins-
tância central do tribunal de comarca a instrução e o jul- 1 — A iniciativa processual cabe ao Ministério Público.
gamento do processo. 2 — Os pais, o representante legal, as pessoas que te-
2 — Fora das áreas abrangidas pela jurisdição das nham a guarda de facto e a criança ou jovem com idade
secções de família e menores cabe às secções cíveis da superior a 12 anos podem também requerer a intervenção
instância local conhecer das causas que àquelas estão do tribunal no caso previsto na alínea g) do artigo 11.º
7230 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

Artigo 106.º c) Quando se mostre manifestamente improvável uma


Fases do processo
solução negociada, determina o prosseguimento do pro-
cesso para realização de debate judicial e ordena as noti-
1 — O processo de promoção e proteção é constituído ficações a que se refere o n.º 1 do artigo 114.º
pelas fases de instrução, decisão negociada, debate judicial,
decisão e execução da medida. 2 — Quando a impossibilidade de obtenção de acordo
2 — Recebido o requerimento inicial, o juiz profere quanto à medida de promoção e proteção resultar de com-
despacho de abertura de instrução ou, se considerar que provada ausência em parte incerta de ambos os progenito-
dispõe de todos os elementos necessários: res, ou de um deles, quando o outro manifeste a sua adesão
a) Designa dia para conferência com vista à obtenção à medida de promoção e proteção, o juiz pode dispensar a
de acordo de promoção e proteção ou tutelar cível ade- realização do debate judicial.
quado; 3 — O disposto no número anterior é aplicável, com as
b) Decide o arquivamento do processo, nos termos do devidas adaptações, ao representante legal e ao detentor
artigo 111.º; ou da guarda de facto da criança ou jovem.
c) Ordena as notificações a que se refere o n.º 1 do ar-
tigo 114.º, seguindo-se os demais termos aí previstos. Artigo 111.º
Arquivamento
Artigo 107.º
O juiz decide o arquivamento do processo quando
Despacho inicial concluir que, em virtude de a situação de perigo não se
1 — Declarada aberta a instrução, o juiz designa data comprovar ou já não subsistir, se tornou desnecessária a
para a audição obrigatória: aplicação de medida de promoção e proteção, podendo
o mesmo processo ser reaberto se ocorrerem factos que
a) Da criança ou do jovem; justifiquem a referida aplicação.
b) Dos pais, do representante legal da criança ou do
jovem ou da pessoa que tenha a sua guarda de facto. Artigo 112.º
2 — No mesmo despacho, o juiz, sempre que o julgar Decisão negociada
conveniente, pode designar dia para ouvir os técnicos que O juiz convoca para a conferência, com vista à obtenção
conheçam a situação da criança ou do jovem a fim de de acordo de promoção e proteção, o Ministério Público,
prestarem os esclarecimentos necessários. os pais, o representante legal ou quem tenha a guarda de
3 — Com a notificação da designação da data referida facto, a criança ou jovem com mais de 12 anos e as pessoas
no n.º 1 procede-se também à notificação dos pais, repre- e representantes de entidades cuja presença e subscrição
sentantes legais ou de quem tenha a guarda de facto da do acordo seja entendida como relevante.
criança ou do jovem para, querendo, requererem a rea-
lização de diligências instrutórias ou juntarem meios de Artigo 112.º-A
prova.
Acordo tutelar cível
Artigo 108.º 1 — Na conferência e verificados os pressupostos le-
Informação ou relatório social gais, o juiz homologa o acordo alcançado em matéria tu-
telar cível, ficando este a constar por apenso.
1 — O juiz, se o entender necessário, pode utilizar, como 2 — Não havendo acordo seguem-se os trâmites dos
meios de obtenção da prova, a informação ou o relatório artigos 38.º a 40.º do Regime Geral do Processo Tutelar
social sobre a situação da criança e do jovem e do seu Cível, aprovado pela Lei n.º 141/2015, de 8 de setembro.
agregado familiar.
2 — A informação e o relatório social são solicitados Artigo 113.º
pelo juiz às equipas ou entidades a que alude o n.º 3 do
artigo 59.º, nos prazos de oito e 30 dias, respetivamente. Acordo de promoção e proteção
3 — (Revogado.) 1 — Ao acordo de promoção e proteção é aplicável, com
as devidas adaptações, o disposto nos artigos 55.º a 57.º
Artigo 109.º 2 — Não havendo oposição do Ministério Público, o
Duração acordo é homologado por decisão judicial.
3 — O acordo fica a constar da ata e é subscrito por
A instrução do processo de promoção e de proteção não todos os intervenientes.
pode ultrapassar o prazo de quatro meses.
Artigo 114.º
Artigo 110.º
Debate judicial
Encerramento da instrução
1 — Se não tiver sido possível obter o acordo de pro-
1 — O juiz, ouvido o Ministério Público, declara en- moção e proteção, ou tutelar cível adequado, ou quando
cerrada a instrução e: estes se mostrem manifestamente improváveis, o juiz no-
a) Decide o arquivamento do processo; tifica o Ministério Público, os pais, o representante legal,
b) Designa dia para conferência com vista à obtenção quem detiver a guarda de facto e a criança ou jovem com
de acordo de promoção e proteção ou tutelar cível ade- mais de 12 anos para alegarem, por escrito, querendo, e
quado; ou apresentarem prova no prazo de 10 dias.
Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015 7231

2 — O Ministério Público deve alegar por escrito Artigo 120.º


e apresentar provas sempre que considerar que a me- Competência para a decisão
dida a aplicar é a prevista na alínea g) do n.º 1 do
artigo 35.º 1 — Terminado o debate, o tribunal recolhe para decidir.
3 — Recebidas as alegações e apresentada a prova, o 2 — A decisão é tomada por maioria de votos, votando
juiz designa dia para o debate judicial e ordena a notifica- em primeiro lugar os juízes sociais, por ordem crescente
ção das pessoas que devam comparecer. de idade, e, no fim, o juiz presidente.
4 — Com a notificação da data para o debate judicial
é dado conhecimento aos pais, ao representante legal ou Artigo 121.º
a quem tenha a guarda de facto das alegações e prova
Decisão
apresentada pelo Ministério Público e a este das restantes
alegações e prova apresentada. 1 — A decisão inicia-se por um relatório sucinto, em que
5 — Para efeitos do disposto no artigo 62.º não há de- se identifica a criança ou jovem, os seus pais, representante
bate judicial, exceto se estiver em causa: legal, ou a pessoa que tem a guarda de facto e se procede
a) A substituição da medida de promoção e proteção a uma descrição da tramitação do processo.
aplicada; ou 2 — Ao relatório segue-se a fundamentação que con-
b) A prorrogação da execução de medida de colocação. siste na enumeração dos factos provados e não provados,
bem como na sua valoração e exposição das razões que
Artigo 115.º justificam o arquivamento ou a aplicação de uma medida
de promoção e proteção, terminando pelo dispositivo e
Composição do tribunal decisão.
O debate judicial será efetuado perante um tribunal com-
posto pelo juiz, que preside, e por dois juízes sociais. Artigo 122.º
Leitura da decisão
Artigo 116.º
1 — A decisão é lida pelo juiz presidente, podendo ser
Organização do debate judicial ditada para a ata, em ato contínuo à deliberação.
1 — O debate judicial é contínuo, decorrendo sem in- 2 — Nos casos de especial complexidade, o debate ju-
terrupção ou adiamento até ao encerramento, salvo as dicial pode ser suspenso e designado novo dia para leitura
suspensões necessárias para alimentação e repouso dos da decisão.
participantes.
2 — O debate judicial não pode ser adiado e inicia-se Artigo 122.º-A
com a produção da prova e audição das pessoas presen- Notificação da decisão
tes, ordenando o juiz as diligências necessárias para que
compareçam os não presentes na data que designar para A decisão é notificada às pessoas referidas no n.º 2 do
o seu prosseguimento. artigo seguinte, contendo informação sobre a possibilidade,
3 — A leitura da decisão é pública, mas ao debate ju- a forma e o prazo de interposição do recurso.
dicial só podem assistir as pessoas que o tribunal expres-
samente autorizar. Artigo 123.º
Recursos
Artigo 117.º
1 — Cabe recurso das decisões que, definitiva ou pro-
Regime das provas visoriamente, se pronunciem sobre a aplicação, alteração
Para a formação da convicção do tribunal e para a ou cessação de medidas de promoção e proteção e sobre
fundamentação da decisão só podem ser consideradas a decisão que haja autorizado contactos entre irmãos, nos
as provas que puderem ter sido contraditadas durante o casos previstos no n.º 7 do artigo 62.º-A.
debate judicial. 2 — Podem recorrer o Ministério Público, a criança
ou o jovem, os pais, o representante legal e quem tiver a
Artigo 118.º guarda de facto da criança ou do jovem.
3 — O recurso de decisão que tenha aplicado a medida
Documentação
prevista na alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º é decidido no
1 — A audiência é sempre gravada, devendo ape- prazo máximo de 30 dias, a contar da data de receção dos
nas ser assinalados na ata o início e o termo de cada autos no tribunal superior.
depoimento, declaração, informação, esclarecimento,
requerimento e respetiva resposta, despacho, decisão Artigo 124.º
e alegações orais. Processamento e efeito dos recursos
2 — (Revogado.)
1 — Os recursos são processados e julgados como em
Artigo 119.º matéria cível, sendo o prazo de alegações e de resposta
de 10 dias.
Alegações
2 — Com exceção do recurso da decisão que aplique
Produzida a prova, o juiz concede a palavra ao Minis- a medida prevista na alínea g) do n.º 1 do artigo 35.º e do
tério Público e aos advogados para alegações, por trinta recurso da decisão que haja autorizado contactos entre
minutos cada um. irmãos, nos casos previstos no n.º 7 do artigo 62.º-A, os
7232 Diário da República, 1.ª série — N.º 175 — 8 de setembro de 2015

quais têm efeito suspensivo, cabe ao tribunal recorrido Artigo 1976.º


fixar o efeito do recurso. Adoção pelo tutor ou administrador legal de bens

Artigo 125.º O tutor ou administrador legal de bens só pode adotar


A execução da medida
a criança depois de aprovadas as contas da tutela ou
administração de bens e saldada a sua responsabilidade.
No processo judicial de promoção e proteção a execu-
ção da medida será efetuada nos termos dos n.os 2 e 3 do Artigo 1978.º
artigo 59.º
[...]
Artigo 126.º 1 — O tribunal, no âmbito de um processo de pro-
Direito subsidiário moção e proteção, pode confiar a criança com vista a
futura adoção quando não existam ou se encontrem
Ao processo de promoção e proteção são aplicáveis seriamente comprometidos os vínculos afetivos próprios
subsidiariamente, com as devidas adaptações, na fase de da filiação, pela verificação objetiva de qualquer das
debate judicial e de recurso, as normas relativas ao processo seguintes situações:
civil declarativo comum.
a) Se a criança for filha de pais incógnitos ou fale-
cidos;
Lei n.º 143/2015
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
de 8 de setembro c) Se os pais tiverem abandonado a criança;
d) Se os pais, por ação ou omissão, mesmo que por
Altera o Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 47 344, de 25 de manifesta incapacidade devida a razões de doença men-
novembro de 1966, e o Código de Registo Civil, aprovado pelo tal, puserem em perigo grave a segurança, a saúde, a
Decreto-Lei n.º 131/95, de 6 de junho, e aprova o Regime Jurí- formação, a educação ou o desenvolvimento da criança;
dico do Processo de Adoção. e) Se os pais da criança acolhida por um particular,
por uma instituição ou por família de acolhimento ti-
A Assembleia da República decreta, nos termos da verem revelado manifesto desinteresse pelo filho, em
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte: termos de comprometer seriamente a qualidade e a con-
tinuidade daqueles vínculos, durante, pelo menos, os três
Artigo 1.º meses que precederam o pedido de confiança.
Objeto
2 — Na verificação das situações previstas no nú-
A presente lei altera o Código Civil, aprovado pelo mero anterior, o tribunal deve atender prioritariamente
Decreto-Lei n.º 47 344, de 25 de novembro de 1966, em aos direitos e interesses da criança.
matéria de adoção, e o Código de Registo Civil, aprovado 3 — Considera-se que a criança se encontra em pe-
pelo Decreto-Lei n.º 131/95, de 6 de junho, e aprova o rigo quando se verificar alguma das situações assim
Regime Jurídico do Processo de Adoção. qualificadas pela legislação relativa à proteção e à pro-
moção dos direitos das crianças.
Artigo 2.º 4 — A confiança com fundamento nas situações pre-
vistas nas alíneas a), c), d) e e) do n.º 1 não pode ser de-
Alteração ao Código Civil cidida se a criança se encontrar a viver com ascendente,
Os artigos 1973.º, 1975.º, 1976.º, 1978.º a 1983.º, colateral até ao 3.º grau ou tutor e a seu cargo, salvo se
1986.º a 1990.º do Código Civil, aprovado pelo Decreto- aqueles familiares ou o tutor puserem em perigo, de
-Lei n.º 47 344, de 25 de novembro de 1966, passam a ter forma grave, a segurança, a saúde, a formação, a edu-
a seguinte redação: cação ou o desenvolvimento da criança ou se o tribunal
concluir que a situação não é adequada a assegurar
«Artigo 1973.º suficientemente o interesse daquela.
5 — (Revogado.)
[...] 6 — (Revogado.)
1— .....................................
2 — O processo de adoção é regulado em diploma Artigo 1978.º-A
próprio. Efeitos da medida de promoção e proteção
de confiança com vista a futura adoção
Artigo 1975.º Decretada a medida de promoção e proteção de con-
Proibição de adoções simultâneas e sucessivas fiança com vista a futura adoção, ficam os pais inibidos
do exercício das responsabilidades parentais.
1 — Enquanto subsistir uma adoção, não pode
constituir-se outra quanto ao mesmo adotado, exceto Artigo 1979.º
se os adotantes forem casados um com o outro.
Quem pode adotar
2 — O disposto no número anterior não impede a
constituição de novo vínculo adotivo, caso se verifiquem 1 — Podem adotar duas pessoas casadas há mais de
algumas das situações a que se reportam as alíneas a), quatro anos e não separadas judicialmente de pessoas
c), d) e e) do n.º 1 do artigo 1978.º e bens ou de facto, se ambas tiverem mais de 25 anos.

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