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Não é raro presenciar, em um campeonato de debates, debatedores frustrados – ou até mesmo enfurecidos

– devido a discordâncias com o feedback e a avaliação a cada rodada. Certamente, erros de avaliação sempre
ocorrerão. Reclamações sem fundamentação também serão uma constante. No entanto, nada disso é desculpa
para não nos empenharmos em tentar minimizar esses erros e contestações inválidas. E, nesse sentido, uma
das medidas mais fundamentais é melhorar a qualidade do material técnico que disponibilizamos aos
debatedores e juízes.

De fato, poucos avaliadores e oradores do torneio se preocupam em ler os manuais e refletir detalhadamente
sobre as regras. Uma análise apressada pode reivindicar que esses manuais não são lidos porque não são
necessários no entendimento da persuasão, que deveria ser passada apenas por meio de feedbacks práticos,
no seio do torneio. Não está claro, contudo, se a alegada inutilidade dos manuais seria algo intrínseco a eles
ou se na verdade é fruto da forma como eles são escritos. Pulverizar normas vagas e sucintas podem realmente
não contribuir na formação de um juiz ou de um debatedor melhor. Mas por que não seria útil ler um manual
com análises detalhadas da deliberação, exemplos práticos, recomendações elaboradas e conceitualização
aplicável?

É nesse contexto, somado ao crescente desafio de formar novos juízes vindos de novas SDs, que organizamos
este Manual. Entendemos que considerável parte das discordâncias ou dúvidas na deliberação se devem ao
fato de que os critérios usados para ranquear duplas ainda são uma caixa preta no movimento de debates
brasileiro e que a avaliação varia significativamente entre as Sociedades de Debates e entre os juízes. Manter
uma tradição de boa avaliação pautada principalmente na transmissão oral, sem nenhuma concretização
detalhada em um documento, é fomentar diversas distorções advindas de ruídos de comunicação entre Chefes
de Avaliação, Presidentes de Mesa, Wings e debatedores.

O ensino da análise da persuasão nunca será algo tão objetivo de modo a poder ser explicado em poucas
páginas ou apenas via conversas rápidas durante a deliberação ou feedback. É preciso destrinchar bem cada
tópico, de modo a trazer mais transparência, justiça, uniformidade e bem-estar aos debatedores e juízes. Se
queremos torneios com menos estresse, precisamos nos engajar no trabalho de melhorar o nível de análise
dos nossos manuais, da mesma forma como fazemos em nossas argumentações nos debates, que não podem
ser superficiais.

É, portanto, com a pretensão de reduzir ruídos e minimizar tais problemas – tanto no GV Debate, quanto no
movimento de debates de forma geral –, que traduzimos, organizamos e adaptamos o manual do World
Universities Debating Championship de 2017, resultando neste guia. Para além de facilitar a internacionalização
dos debatedores brasileiros, a escolha por tomar este manual como base tem o intuito de solucionar
problemas endêmicos da avaliação de vários campeonatos de debates; como, por exemplo, juízes que
valorizam demasiadamente argumentos de autoridade, referências sem conexão lógica bem relacionada com
a argumentação, apelos exagerados à emoção, entre outras falhas.

Acreditamos que o movimento de debates no Brasil será melhor à medida que valorizarmos cada vez mais o
raciocínio lógico e a criatividade argumentativa dos nossos debatedores.

Mesmo em torneios com temas divulgados previamente, a leitura deste manual pode ajudar na construção de
deliberações e argumentações mais bem fundamentadas, com bem menos saltos lógicos. Obviamente, a leitura
deste guia não exaure o estudo analítico da construção de casos, mas pode ser uma ferramenta extremamente
útil para viabilizar a maior qualidade na formação de debatedores e juízes do país. A democratização das
virtudes do movimento de debates depende da produção e do consumo de bons materiais e, assim,
gostaríamos de deixar nossa contribuição.

Daniel N. Rocha
O modelo do Parlamento Britânico (BP) é um formato de debate no qual quatro duplas de debatedores se
confrontam para decidir se uma determinada moção é válida ou desejável de ser aplicada. As duplas são:
Primeiro Governo, Primeira Oposição, Segundo Governo e Segunda Oposição. Os dois lados do debate
frequentemente são chamados de bancada, formando a bancada do Governo e a bancada da Oposição.
Ademais, as primeiras duplas do debate também são chamadas de primeira metade, bem como as segundas
são chamadas de segunda metade.

Os debatedores são chamados de deputados e cada orador mimetiza um papel (ou função) dentro do
Parlamento. A ordem dos debatedores é a seguinte:

• Primeiro Ministro;
• Líder da Oposição;
• Vice Primeiro Ministro;
• Vice-Líder da Oposição;
• Membro (Extensão) do Governo;
• Membro (Extensão) da Oposição;
• Whip do Governo;
• Whip da Oposição.

O debate é presidido por um Presidente de Mesa, ou “Chair”, que deve fiscalizar as condições gerais do
debate, além de orientar os demais juízes, chamados de Laterais, ou “Wings”.

Cada debatedor terá o tempo de 7 minutos para discursar. Sinais sonoros (como palmas ou som de uma
sineta) tocarão ao terem passado 1 min, 6 min, 7 min e 7min15seg. Nos dois primeiros, será feito apenas uma
sinalização, demonstrando que POI’s poderão ser aceitos dentro daqueles minutos; no segundo, duas
sinalizações consecutivas demarcarão o tempo de finalização do discurso e; no terceiro, sinalizações contínuas
soarão até que o debatedor encerre seu discurso – ou três sinalizações consecutivas a cada 10 segundos. Nada
dito após 7min15seg poderá ser levado em conta na hora de avaliar a persuasão do orador. Caso o debatedor
continue falando após 8 minutos (o que idealmente nunca deve ocorrer), o Chair deve pedir ordem e instruir
o debatedor a se sentar.

É importante ressaltar que a única penalização da violação do tempo de discurso é a desconsideração do que
o debatedor falou após o término de seus 7min15seg. Nenhum debatedor terá pontos descontados por passar
do tempo, da mesma forma que nenhum debate pode ser decidido ou desempatado usando o critério de
respeito ao tempo de discurso.
Cada rodada tem um tópico específico, conhecido como "moção", que também poderá conter um infoslide,
para definir ou contextualizar alguns termos da moção. Junto com a moção será feito um "sorteio", que
mostrará a sala daquela rodada, bem como as posições que cada dupla debaterá. Toda moção é pensada de
modo a instigar o contraditório. Além disso, o espírito das moções geralmente busca resolver um problema
do status quo, seja por meio de uma proposição ou de uma valoração (ver seção 3.4.2).

Todos os debatedores terão o tempo de 15 minutos, antes do início dos debates, para preparar seus discursos
juntamente com a sua dupla. Durante o tempo de preparação, é expressamente proibida a conversa com
outras duplas. Além disso, nesse hiato, também é terminantemente proibido o uso de aparelhos eletrônicos
de qualquer tipo. No GV Debate, visando facilitar a logística, os debatedores farão a preparação dos seus
discursos dentro das suas respectivas salas de debate.

Visando manter o cronograma do evento, caso alguma dupla se atrase consideravelmente para o início do
debate, iremos substituí-la por um swing team, que é uma dupla criada provisoriamente para preencher aquela
vaga de dupla. Após o debate ser iniciado com o swing team, a dupla não pontual terá sua pontuação zerada e
não poderá mais participar daquela rodada.

Caso apenas um debatedor da dupla passe mal ou fique impossibilitado de falar, a sua dupla ainda poderá
participar do debate, fazendo os dois discursos designado à dupla. Nesse caso, o debatedor recebe duas notas
normalmente; mas, no Powermatch, ele terá sua nota de dupla zerada para aquela rodada. Assim, o debatedor
ausente terá nota individual zerada para aquela rodada, e o iron-man/girl, terá sua maior nota individual
computada.

Quaisquer das seguintes atividades são consideradas empecilhos ao debate e devem ser impedidas pelo Chair,
por meio de um brado pedindo “ordem”:

• Falar mais de 8 minutos;


• Conversar em volume alto ou gerar barulho distrativo;
• Realizar comportamento altamente distrativo;
• Não cessar o POI mesmo após ser cortado pelo debatedor que está discursando.

Em casos extremos, o Chair pode requisitar que o cronômetro seja pausado, como caso alguém esteja
precisando de auxílio médico, um equipamento técnico não esteja funcionando ou alguma interferência externa
esteja prejudicando gravemente o andamento do debate.

Cada dupla tem um papel a ser cumprido no debate:

Definir a moção e especificar um mecanismo (caso necessário); apresentar


argumentos a favor da moção; refutar argumentos da Oposição.
Refutar os argumentos e o modelo do Governo; apresentar argumentos
construtivos contra a moção.
Promover novas análises a favor da moção sem contradizer o Primeiro Governo;
refutar argumentos da bancada da Oposição.
Promover novas análises contra a moção sem contradizer a Primeira Oposição;
refutar argumentos da bancada do Governo.

Analogamente, cada debatedor tem funções específicas a cumprir:

Deve definir alguns termos da moção de modo a esclarecer dúvidas interpretativas


e delimitar o debate de modo justo; e também deve criar um mecanismo (caso preciso).
Devem estender o debate, apresentando uma nova
perspectiva analítica a favor da sua bancada.
Devem sumarizar o debate, mostrando – sem apresentar novos
argumentos –, porque sua bancada ganhou o debate.
Devem assegurar que seus argumentos não são contraditórios entre si,
entre os da sua dupla nem entre os dos debatedores de sua bancada. A violação dessa regra é conhecida
como “esfaqueamento”.
Devem aceitar ao menos dois pontos de informação (POIs) durante seus
discursos, além de ter que oferecê-los ao longo do debate.
Devem falar dentro da restrição de tempo de 7min15seg.

Contudo, juízes devem evitar penalizar debatedores além do necessário. O descumprimento das regras deve
ser penalizado à medida que ele contribuiu para a redução da persuasão da dupla em questão. O
descumprimento de regras, por si só, não é critério de desempate. Sempre que possível, violações de regra
devem ser julgadas desconsiderando o argumento afetado pela infração. Por exemplo:

• Caso o Membro do Governo não estenda o debate, os argumentos que não apresentarem análises
diferentes das da Primeira Governo serão desconsiderados.
• Caso o Whip apresente argumentos novos (excetuando-se os casos descritos na seção 2.3.6), esses devem
ser desconsiderados.
• Caso os debatedores sejam contraditórios, os seus argumentos que entraram em contradição serão
desconsiderados.
• Caso um debatedor passe dos 7min15seg, tudo além desse tempo será desconsiderado.

Uma exceção é a definição mal elaborada:

• Caso o Primeiro Ministro não defina bem os termos da moção (ou o seu mecanismo), ele será penalizado
à medida que essa falha comprometa a persuasão dele, visto que o entendimento de suas propostas ficará
prejudicado.

Outra exceção são os POIs:

• Caso uma dupla não aceite POIs, ela será penalizada à medida que isso evidencie falta de engajamento
daquela dupla (ver seção 2.3.7). Caso o debatedor não tenha engajado suficientemente via refutação, a
recusa em aceitar POIs deve ser vista como um indicativo de engajamento pobre com o melhor material
da bancada oposta.

A definição deverá, a partir da moção, estabelecer o problema (análise ou proposta, por exemplo) a ser
debatido. Uma boa definição não é aquela que explica cada termo da moção, mas aquela que elucida o
significado – semântico ou prático – dos termos que podem gerar confusão ao longo do debate e que são
centrais na discussão. Todos os debatedores, caso não desafiem a definição, devem seguir a definição
apresentada pelo Primeiro Ministro. A definição deve respeitar o nível de generalidade implícita na moção,
sem restringi-la demais. Contudo, é aceitável que a definição exclua casos extremos ou anômalos, de modo a
tornar o debate mais razoável. Caso haja um infoslide, ele servirá como modificador do ônus da moção, ou
seja, os debatedores devem seguir a restrição contida no infoslide.

Em algumas moções propositivas, também é preciso montar um mecanismo, ou seja, um detalhamento de


como determinada ação será implementada. O conjunto definição e mecanismo é usualmente chamado de
modelo. Um mecanismo vago não indica o grupo de pessoas a que uma política pública incidirá, a forma como
a ação será posta em prática, as circunstâncias nas quais ela será implementada, o agente que irá implementar
tal medida, as consequências àqueles que violarem tais normas ou a velocidade temporal na qual a medida se
inserirá. Assim, é recomendável que a definição, ao montar o mecanismo, responda às seguintes perguntas:

• Qual política pública está sendo proposta?


• Onde ela incidirá?
• Quem irá implementá-la?
• Durante quanto tempo ela será implementada?
• Durante quanto tempo ela ficará vigente?
• Como ela será posta em prática?
• Quem sofrerá as consequências dela?
• Quais serão as sanções de descumprimento?

É recomendável que demais duplas busquem elucidar mecanismos vagos por meio de POIs feitos ao longo do
discurso do Primeiro Ministro.

Aos demais debatedores do Governo, especialmente o Vice Primeiro Ministro, é recomendável complementar,
em seus discursos, mecanismos que ficaram vagos; ainda que seja preferível ter tudo já elucidado pelo Primeiro
Ministro.

Em caso de modelos vagos, a oposição não pode ignorar o modelo feito, nem o substituir por outro, muito
menos advogar que o Governo está defendendo casos extremos absurdos (apenas porque eles não foram
excluídos da definição). O que a oposição pode fazer é argumentar que, dado que a moção foi vagamente
especificada, uma dada consequência ou interpretação razoável pode ser inferida a partir disso. A diferença
pode ser vista nos exemplos de modelos abaixo, feitos para a moção “Esta Casa permitiria que os presos
votassem”:

“Nós definimos esta moção como permitindo que os prisioneiros tenham o direito de
participar de eleições”.

“O Primeiro Ministro não conseguiu limitar esta moção aos adultos na prisão. Assim,
devemos assumir que as crianças que estão presas serão autorizadas a votar, o que é errado, pois as crianças
são incapazes de votar.”

“Isso é claramente tolo. Obviamente, crianças presas não poderão votar.”

O Vice Primeiro Ministro está correto. A suposição feita pelo líder da oposição
não é razoável e deve ser rejeitada. A Primeira Oposição pode ser penalizada por fazer uma contestação
inconsistente (visto que sua argumentação não foi persuasiva). Eles certamente não recebem nenhum crédito
por sua contestação.
“Nós definimos esta moção como permitindo que os prisioneiros tenham o direito de
participar de eleições”.

“O Primeiro Ministro não nos disse quais tipos de prisioneiros podem votar. Logo,
isso torna a definição ilegítima – já que ela pode incluir assassinos.”

“Isso é bobagem! Claro que o nosso modelo não se estende a assassinos e afins,
isso seria completamente irracional!

Nem o Vice Primeiro Ministro nem o Líder da Oposição estão corretos. Não
houve nada de errado com a definição do Primeiro Ministro, ele simplesmente deixou a oportunidade para as
duplas de Oposição fazerem argumentos sobre por que permitir que os assassinos votem seria uma má ideia.
Não é óbvio que os assassinos foram excluídos da definição do Primeiro Ministro, da mesma forma que não é
claro que deveriam ser.

Uma definição é passível de desafio quando ela for inválida, e não apenas vaga. Isso ocorre quando a definição:

Entra em contradição lógica com as palavras da moção. Para essa análise, deve-se considerar o
que o eleitor hipotético bem informado e inteligente julgaria razoável. Se, por exemplo, a moção é “Esta
Casa colocaria pedágio em todas as estradas” e o Primeiro Ministro sugere que colocaria pedágio apenas
nas principais estradas, isso é claramente inválido, uma vez que a moção diz especificamente "todas as
estradas".
Restringe o debate de modo desleal e não-razoável. Isso ocorre quando se exclui um grande
número de casos para os quais a leitura literal da moção pareceria aplicar-se. Tais definições podem
desequilibrar seriamente o debate, dando absurda vantagem ao Governo. Por exemplo, se a moção for
“Esta Casa usaria o serviço comunitário como uma punição no lugar das prisões”, e a bancada do Governo
afirma que só fará isso com jovens infratores não-violentos, esta é uma restrição severa da moção,
excluindo a considerável maioria dos casos para os quais uma leitura da moção (que não menciona limites
para categorias específicas de prisioneiros) parece se aplicar.

Dentro da categoria 2, existem dois tipos mais frequentes de restrição desafiável:

• Casos nos quais a moção é restrita a um determinado local. Em um campeonato


de debates brasileiros, por exemplo, as moções devem ser assumidas como aplicáveis a pelo menos a
maioria dos estados do Brasil, a menos que a moção especifique o contrário. A razoabilidade por trás
desta regra é não privilegiar exageradamente debatedores residentes de uma determinada localidade. No
entanto, muitas moções podem ser consideravelmente mais relevantes em alguns estados do que outros:
por exemplo, se a moção é “Esta Casa se orgulha do Cangaço”, é razoável delimitar o debate aos estados
do Nordeste, que são os mais influenciados pela memória coletiva deste fenômeno histórico. Assim, o
Primeiro Ministro pode especificar isso sem ser acusado de ser desleal.
• Casos nos quais uma moção é restrita a algum momento particular. Por
exemplo, se a moção for “Esta Casa aprovaria a PEC 181”, o Primeiro Ministro não pode definir o debate
como sendo a PEC 181 que existia antes dos parlamentares a terem modificado (o que fez com que a
proposta de extensão da licença-maternidade se tornasse uma brecha legal para condenar mulheres por
fazerem aborto). A menos que requisitado diretamente pela moção, a restrição temporal também é uma
definição inválida de uma moção, pois as moções devem ser definidas nos dias atuais. No entanto, a
proposta de uma escala de tempo específica para uma moção não constitui deslealdade caso mantenha a
implementação razoavelmente próxima do dia atual. Assim, dizer “antes de prosseguirmos para a
implementação total, vamos permitir um período de transição de dois anos para as empresas se adaptarem
às mudanças propostas pela nossa política” é legítimo, enquanto que dizer “acreditamos que essa política
deve ser implementada talvez em uma ou duas décadas, uma vez que todos os países terão totalmente
harmonizado com os seus requisitos” não é legítimo.

Não aparentar estar dentro do “espírito da moção”, ou ter sido inesperada pelas outras duplas, não torna,
por si só, uma definição desafiável.

Nenhum debatedor ou dupla é obrigado a desafiar uma definição desafiável. Em muitos casos, inclusive, é
estrategicamente preferível aceitar uma definição desonesta, especialmente quando ela não impossibilita
totalmente o debate originalmente esperado. Além disso, o desafio só poderá ser aceito caso seja usada a
justificativa correta. E caso o primeiro membro de uma dupla abdique de desafiar uma definição não razoável,
o segundo membro dessa mesma dupla não poderá fazê-lo.

O participante que desejar desafiar a definição deve indicar claramente, durante o início do seu discurso, que
ele ou ela irá desafiar a definição, indicando as razões pela qual a mesma não é razoável. Após ser feito o
pedido de desafio, o tempo é pausado e todos os debatedores se retiram da sala, para que os juízes
determinem se a definição não é razoável.

• Caso os juízes avaliem, com base na justificativa apresentada, que o desafiante não conseguiu mostrar a
não razoabilidade da definição, o cronômetro do debatedor não é alterado, e a definição continua em
vigor até alguma outra dupla apresentar um novo desafio que seja avaliado como procedente, ou até o fim
do debate.
• Caso os juízes avaliem, com base na justificativa apresentada, que o desafiante conseguiu mostrar a não
razoabilidade da definição, o desafiante deverá substituir a definição anterior por uma alternativa, e disporá
de mais 30 segundos para proferir seu discurso, podendo ir até 7min45seg, portanto.
• Caso a nova definição apresentada, após o desafio ser aceito pelos juízes, também for desafiável, ela
também se torna passível de desafio.

Se a definição for desafiada, os juízes devem pesar as contribuições das duplas para o debate tal como elas o
encontraram no momento em que deram seus discursos. Isto é, se a Primeira Oposição ganhou muito
fortemente o embate contra o Primeiro Governo, tendo feito uma contribuição extremamente significativa
para o debate; mas o Segundo Governo desafiou com sucesso a definição, e deu uma significativa contribuição
para este "novo" debate, os juízes devem comparar a contribuição da Primeira Oposição para o debate em
que ela esteve envolvida com a contribuição da Segunda Oposição para o “novo” debate. Os juízes não devem
desconsiderar a Primeira Oposição apenas porque “o debate se tornou sobre outra coisa”, pois isso não é
culpa dela. Claro, os momentos em que a Primeira Oposição e o Segundo Governo se envolvem diretamente
(digamos, via POIs) podem ser particularmente importantes para essa comparação.

“Permitiremos que todos os prisioneiros que tenham menos de uma semana restante
para cumprir sua sentença de prisão votem em eleições."

“Isto é claramente injusto como definição da moção, pois restringe indevidamente o


debate, mas vamos nos opor a isso de qualquer maneira.”

O Líder da Oposição fez um desafio correto à definição e o Primeiro Ministro


deve ser penalizado (na medida em que isso tenha diminuído sua persuasão).

Uma extensão deve lançar uma nova perspectiva sobre o debate, podendo trazer:
Novos argumentos que ainda não foram feitos no debate, sejam eles aditivos para o seu próprio caso
(extensão horizontal) ou responsivos ao material levantado pelo outro lado;
Nova análise ou explicação de argumentos existentes (extensão vertical);
Novas aplicações da argumentação existente (por exemplo, se o Membro do Governo assinalar que um
argumento da primeira metade é capaz de derrotar um novo argumento do outro lado);
Novos exemplos.

Em suma, quase tudo que não seja uma repetição palavra por palavra do material da primeira metade será, em
algum sentido, uma extensão. Nesse sentido, o cumprimento de função aqui é bastante fácil e a maioria dos
debatedores de extensão terá sucesso no cumprimento dos requisitos mínimos do seu papel.

No entanto, uma dupla da segunda metade só pode obter crédito por suas contribuições para o debate que
vão além do que já foi contribuído pelas duplas da primeira metade. Uma dupla de segunda metade que apenas
cumpre sua função é improvável que tenha contribuído com material mais persuasivo do que a dupla da
primeira metade. Como resultado, as duplas da segunda metade não derrotam as duplas da sua mesma bancada
apenas por "terem uma extensão" (da mesma forma que o Primeiro Governo não ganha o debate apenas por
"ter um modelo"). Uma extensão vencedora trará um material inovador que seja mais persuasivo para o eleitor
hipotético bem informado e inteligente do que os demais argumentos já apresentados.

Se determinadas linhas argumentativas já foram convincentemente ganhas pela análise de uma dupla da primeira
metade, uma dupla dessa mesma bancada que apenas acrescenta uma nova análise a esses argumentos pode
ser capaz de, com base nessa análise adicional, derrotar de vez as duplas no lado oposto, mas é improvável
que ela tenha fornecido boas bases para vencer a dupla à frente dela.

Debatedores devem ser consistentes com o material da sua própria argumentação, da sua dupla e da sua
bancada. Todos os argumentos de um debatedor que entrarem em contradição com as ideias proferidas pela
mesma bancada, dupla ou demais ideias dele próprio devem ser desconsiderados.

Fazer um argumento do tipo "mesmo se" (ao longo das linhas de "mesmo se a Primeira Oposição estiver
errada sobre isso, vamos mostrar que a moção ainda deveria ser rejeitada”) não constitui esfaqueamento. No
entanto, é improvável que tais argumentos do tipo "mesmo se" forneçam bons motivos para uma dupla da
segunda metade vencer a dupla da sua bancada, a menos que esses argumentos realmente melhorem a
capacidade persuasiva da bancada. Uma dupla da segunda metade que substitui uma argumentação forte da
primeira metade por uma razão inferior para acreditar em seu lado do debate – ou que afirma um argumento
do tipo “mesmo se” quando a probabilidade do "se" é muito baixa –, é improvável de ser vitoriosa, com base
nesse material, em cima da dupla de sua bancada.

Caso as afirmativas e/ou os argumentos da dupla anterior comprometam muito severamente a capacidade de
uma dupla posterior contribuir com o debate, os juízes não devem desconsiderar os argumentos apresentados
pela dupla posterior. Contudo, sempre que possível, uma dupla da segunda metade do debate deve utilizar a
estrutura do tipo “mesmo se” para evitar contradições.

Caso a primeira dupla de uma bancada apresente afirmativas ou argumentos contraditórios entre si, a segunda
dupla dessa bancada poderá optar entre eles; defendendo, assim, a afirmativa ou o argumento que considerar
mais adequado. Nessa hipótese, a segunda dupla não incorrerá em esfaqueamento.

Um bom discurso de Whip notará os principais confrontos no debate (pontos de clash) entre os dois lados e
fará uso dos melhores argumentos de cada dupla do seu lado para construir o seu caso de que a moção deve
ser aprovada ou rejeitada. Um Whip que contribui para o debate usando argumentos que foram introduzidos
na primeira metade deve receber crédito por fazê-lo, se esses argumentos forem empregados com sucesso.
Um Whip pode – devido à necessidade, da sua dupla, de contribuir com material mais persuasivo para o debate
do que a dupla da sua bancada – explicar porque as contribuições da sua dupla são as mais persuasivas ou
importantes do seu lado, embora deva fazê-lo sem rejeitar os argumentos da sua bancada.

É altamente proibido que os Whips adicionem novos argumentos aos casos de sua dupla. O que conta como
um "novo argumento"? Razões inteiramente novas a favor de determinada medida, afirmações de que novas
consequências acontecerão ou reivindicações de novas verdades morais constituem novos argumentos. As
seguintes coisas não contam como novos argumentos neste sentido, e são permissíveis para os Whips
abordarem:

• Novas defesas e perspectivas de argumentos já feitos;


• Novas explicações de argumentos previamente feitos;
• Refutações;
• Novos exemplos e evidências empíricas para defender argumentos já ditos;
• Qualquer aprofundamento de ideias atreladas à argumentação da Extensão daquele Whip.

Contudo, é excepcionalmente aceitável que o Whip traga argumentos novos para responder POIs. Ainda
assim, o Whip não é autorizado a aprofundar esse argumento.

Existem 3 tipos mais comuns de Whip:

Cronológico ou Relatório: seguindo a ordem na qual os debatedores falaram;


Temático: agrupando os argumentos apresentados em eixos comuns ou perguntas-chave;
Via clashes: analisando os confrontos argumentativos diretos entre as duplas;
Via Ônus: observando o que as duplas deveriam ter provado.

O juiz não deve privilegiar um tipo específico de Whip em detrimento dos demais. Desde que o discurso tenha
clareza, a estratégia de organização do Whip não deve ter relevância para a avaliação. De forma análoga, o
Whip não é obrigado a fazer um resumo de tudo que foi abordado ao longo do debate. Ele pode até se focar
apenas em fazer refutações, por exemplo.

Às vezes, é difícil avaliar a diferença entre nova refutação e análise (o que é permitido) e novos argumentos
(que não são permitidos). Os juízes devem considerar se a realização de uma alegação levanta ou não uma
nova questão ou abordagem para ganhar o debate sobre uma questão existente, para a qual o outro lado tem
pouca ou nenhuma capacidade de responder. Se uma dupla faz um novo argumento no Whip, os juízes devem
simplesmente ignorá-lo, e não permitir que esta ideia específica receba crédito. Adicionar novos argumentos
no Whip nunca deve receber uma penalização que vá além disso.

POIs são intervenções formais no discurso de quaisquer debatedores da bancada oposta. O POI pode ser um
comentário, afirmação, esclarecimento ou pergunta. São considerados componentes tão persuasivos e
relevantes quanto o discurso em si. Os POIs podem retomar ideias já analisados pela dupla que os oferece,
trazer ideias ainda não apresentadas no debate, tentar refutar o orador, ou tentar mostrar uma contradição
argumentativa do orador. Não devem ser feitas várias perguntas em um mesmo POI. O orador é quem decide
qual e quantos POIs acatar. Um POI deve durar no máximo 15 segundos. Cada orador deve aceitar pelo
menos 2 POIs enquanto estiver discursando. O debatedor não deve interromper um POI antes de 15
segundos; e, caso o faça, o juiz deve determinar o impacto que isso teve na capacidade de resposta à dupla
que solicitou o POI. Se o oferente tiver sido incapaz de fazer uma pergunta de uma maneira significativa, pode
ser apropriado tratar o falante como se ele não tivesse acatado um POI.

Caso os debatedores não aceitem POIs, os juízes não devem forçá-los, por meio de intervenções no debate,
a os aceitarem. Mas caso o debatedor falhe em acatá-los (desde que um número razoável deles tenha sido
oferecido durante a sua fala), isso transparecerá para os juízes como uma falha grave em engajar com as demais
duplas, e deve ser julgado como um sinal de que os argumentos do debatedor não conseguiriam sobreviver
com sucesso aos ataques do outro lado.

Ao avaliar a falha em não aceitar POIs, um juiz deve também considerar se outro tipo de engajamento feito
pela dupla – por meio de refutações, por exemplo – foi suficiente para restaurar a confiança de que os
argumentos daquela dupla conseguiriam sobreviver a ataques. Um orador que não tenha acatado POIs e não
tenha engajado de forma satisfatória – ou tenha evitado alguns argumentos específicos do outro lado –
provavelmente será visto muito negativamente pelo juiz.

A escolha de qual dupla o debatedor escolhe para proferir um POI deve ser integrada na avaliação do juiz
sobre se o orador engajou bem ou não com as demais duplas. Este julgamento também será afetado pelo
modo como as duplas estavam oferecendo POIs. Se, por exemplo, o Primeiro Governo oferecer, a um
debatedor da Segunda Oposição, muitos POIs, sendo estes continuamente recusados; e, em seguida, o
Segundo Governo, que não ofereceu nenhum POI até então, requisita um POI à Segunda Oposição e este é
imediatamente aceito, isso pode ser um sintoma de que a Segunda Oposição está tentando ignorar ou
"bloquear" o Primeiro Governo. O que não sugere uma confiante disposição de engajar com os argumentos
do Primeiro Governo.

O objetivo da Diretoria de Equidade é garantir que não haja qualquer manifestação preconceituosa que possa
deixar um debatedor, juiz ou ouvinte desconfortável. Essa Diretoria receberá denúncias sobre quaisquer
práticas de motivação preconceituosa e/ou discriminatória ao longo do torneio. As denúncias poderão ser
feitas por meio de um formulário online (podendo ser anônimas ou não) ou pessoalmente, recorrendo aos
Diretores de Equidade. É importante ressaltar que, sendo a denúncia anônima ou não, o denunciado não saberá
da identidade daquele que o denunciou, pois este é um meio de garantir um maior conforto e segurança para
que as denúncias sejam feitas. Embora haja a possibilidade de a denúncia ser anônima, é recomendável que ela
seja identificada, pois facilita o retorno das providências tomadas após a denúncia.

A equidade também lidará com excepcionais pedidos de impedimento (quando um debatedor ou juiz não se
sentir pessoalmente confortável para ser avaliado por determinada pessoa ou para avaliar determinada pessoa).
Quem fizer esse pedido precisará justificá-lo pessoalmente à Diretoria de Equidade, que garantirá absoluta
privacidade e discrição. Ressalta-se que contestar a mera qualidade técnica de um juiz não é justificativa para
pedir impedimento.

Juízes só devem intervir em violações de equidade que de fato atingirem níveis extremamente perigosos; caso
contrário, o debate não deve ser parado. Violações de equidade, cortesia e respeito mútuo não são, em si
próprias, critérios para desqualificar a argumentação. Toda deliberação deve analisar o impacto dessas
agressividades na persuasão. Demais problemas de equidade devem ser resolvidos fora do debate e não devem,
isoladamente, impactar a deliberação em si. No entanto, ser um orador preconceituoso geralmente não é
persuasivo para o eleitor hipotético bem informado e inteligente. Um debatedor que, por exemplo, afirme
ideias racistas provavelmente será, em geral, muito menos convincente.
Duplas estão sempre almejando ganhar o debate. Para debatedores e juízes, a assertiva central de como duplas
ganham é a seguinte:

Duplas ganham debate sendo persuasivas e respeitando os ônus que o seu lado do debate está tentando
provar, observadas as restrições impostas pelas regras do modelo BP.

Existem dois comentários importantes sobre essa assertiva central:

Alguém no debate poderia se levantar e ser persuasivo sobre qualquer coisa, mas isso não o ajudará a
vencer o debate, a não ser que seja o exposto seja relevante para os ônus que as duplas devem provar;
As regras do debate regulam as formas legítimas de ser persuasivo. Por exemplo, na ausência de regras, o
Whip da Oposição poderia ser persuasivo introduzindo novos argumentos, mas as regras proíbem isso.
Sendo assim, elementos de um discurso só ajudam uma dupla a ganhar a rodada se eles forem tanto
persuasivos, quanto dentro das regras.

Na maioria das camadas sociais, persuasão é algo altamente subjetivo – o grau pelo o qual somos persuadidos
por algo reflete nas nossas crenças, na pessoa estética pessoal ou nossas preferências de estilo, nossos
interesses particulares, etc. Seria problemático se os debates fossem avaliados tão subjetivamente – os
resultados dependeriam tanto de quem eram os juízes, quanto da performance dos debatedores, com um lado
do debate sendo muito mais difícil de ganhar, pois os juízes estariam predispostos a discordar.

Consequentemente, enquanto for humanamente possível, juízes devem, conjuntamente, avaliar a persuasão
dos discursos de acordo com um conjunto de critérios de avaliação, ao invés de julgar de acordo com suas
próprias visões sobre o assunto. Em particular, juízes são pedidos para imaginar a si mesmos como se fossem
um “eleitor hipotético bem informado e inteligente” (algumas vezes também chamado de “pessoa média
razoável” ou “cidadão global informado”). Esse eleitor hipotético bem informado e inteligente não tem
opiniões pré-formadas no tópico do debate e não é convencido por sofismas, mentiras ou falácias lógicas. Ele
tem uma mente aberta e está interessado em decidir como votar – dessa forma, ele quer ser convencido pelos
debatedores que mostrarem o caso mais convincente a favor ou contra uma certa política.

Ele é bem informado sobre problemas políticos ou sociais, mas ignorante sobre conhecimentos especializados.
Ele é inteligente a ponto de serem capazes de entender e avaliar argumentos conflitantes (incluindo argumentos
sofisticados) apresentados a ele; mas ele se limita ao material apresentado, a não ser que isso claramente
contradiga o conhecimento comum ou se apresente como algo extremamente inacreditável.

Como talvez possa ser induzido dos parágrafos anteriores, o eleitor hipotético bem informado e inteligente é
muito diferente da maioria das, ou talvez de quaisquer, pessoas do mundo real. Mas o conceito de “eleitor
hipotético bem informado e inteligente” é uma forma prática de revelar um conjunto de características
importantes que um juiz deve almejar para assegurar que todos as duplas recebam um tratamento justo em
qualquer debate. Dessa forma, o termo eleitor hipotético bem informado e inteligente será utilizado neste
manual como uma expressão para descrever a expectativa na qual juízes devem:

• Evitar utilizar conhecimento pessoal que eles têm do tópico, a menos que seja razoável considerar que
seja um conhecimento detido por alguém de inteligência razoável e de ativo consumo de noticiários (isto
é, “Síria está no Oriente Médio” ou “Rússia é a maior produtora de petróleo” é claramente um
conhecimento aceitável, mas os detalhes das tropas do governo iraquiano é provável que não sejam);
• Dar pouco crédito a apelos meramente emocionais ou argumentos de autoridade, com exceção de quando
eles tiverem influência racional em um argumento;
• Evitar, ao avaliar os argumentos, presumir o contexto geográfico, cultural, nacional, étnico ou qualquer
outro contexto;
• Evitar dar preferência a argumentos ou estilos de oratória com base em preferências pessoais;
• Avaliar os méritos de um problema, solução ou política proposto desassociando quaisquer perspectivas
pessoais que estejam relacionadas a isso.

Pensar como um eleitor hipotético bem informado e inteligente não nos absolve das nossas responsabilidades
de julgar o debate – avaliar a fluência lógica dos argumentos, determinar em que medida as duplas parecem
ter ganho e assegurar que eles fizeram isso dentro das regras. Nós não devemos dizer “enquanto isso foi
claramente uma demagogia irracional, o eleitor hipotético bem informado e inteligente teria acreditado”. Isso
não só conduz a conclusões irracionais, mas também, geralmente, superestima quão mais espertos nós somos
em relação ao eleitor hipotético bem informado e inteligente.

Nós enfatizamos que a principal razão pela qual juízes devem imaginar a si mesmos como um eleitor hipotético
bem informado e inteligente é para evitar que eles se baseiem nos seus gostos ou nas suas crenças subjetivas.
Muitos de nós debatem muito, e nós desenvolvemos preferências estéticas sobre oratória, piadas internas e
referências que achamos terrivelmente engraçadas. Isso é natural, mas nos distrai em alguma medida do debate.
Como eleitor hipotético bem informado e inteligente, nós somos muito menos prováveis a acreditar em
políticas públicas apenas por elas terem sido defendidas de forma “sofisticada” ou “engraçada”. Juízes devem
lembrar que eles não estão almejando avaliar quem foi mais esperto, elegante ou engraçado, mas quem melhor
usou sua esperteza, elegância e humor para nos persuadir de que aquela política era uma boa ou uma má ideia.
A melhor forma de fazer isso é os juízes simplesmente considerarem que o que está em jogo nos debates são
políticas ou controvérsias reais e ver quem melhor os persuadiu de que a moção deveria ou não ser apoiada.

Um bom juiz não é aquele finge que não possui convicções pessoais, mas aquele que conhece bem suas
preferências pessoais argumentativas e estilísticas; e desta forma, se blinda contra elas. Sempre que um juiz
estiver lidando com material que, em termos individuais, aprecia ou desgosta fortemente, ele deve repensar
se o seu julgamento da persuasão não foi contaminado pelos seus gostos. Da mesma forma, caso esteja ouvindo
um argumento que é bem alheio ao eleitor hipotético bem informado e inteligente, mas que seja de amplo
conhecimento individual por parte do juiz (por exemplo, argumentos técnicos típicos do seu curso de
graduação), o juiz também deve analisar com mais cautela qualquer impressão que tiver. Para esses casos,
também é recomendável que o juiz peça a opinião dos outros membros da Mesa acerca dessa linha
argumentativa específica.

Juízes julgam debates ao avaliar, sem preconceitos, qual dupla foi a mais persuasiva. A persuasão de um
argumento, no modelo BP, está enraizada no número de razões plausíveis usadas para mostrar que um dado
posicionamento é verdadeiro e importante (o que nós chamamos de “análise” ou “matéria”), e na clareza e
no poder retórico com que essas razões foram explicadas (o que nós chamamos de “estilo” ou “forma”).

É crucial entender que, no modelo BP, análise e estilo não são critérios separados nos quais um argumento é
avaliado. Particularmente, o modelo BP não considera possível que um argumento seja persuasivo meramente
porque foi estiloso. Não há nada persuasivo em falar de forma clara e poderosa se essa frase não for, de fato,
fundamento de um argumento. Igualmente, fundamentos de argumentos que não podem ser entendidos por
um juiz não podem persuadi-lo. Um bom estilo consiste em transmitir eficientemente, aos juízes, a análise dos
argumentos de um orador. Logo, estilo e análise não geram, independentemente, persuasão, mas descrevem
os elementos coletivos necessários para fazer um argumento persuasivo. O fato de nós os discutimos, abaixo,
em seções separadas, não deve menosprezar o fato de que, na verdade, esses critérios são indissociáveis na
análise prática da persuasão de um argumento.

A análise por trás de um argumento consiste nas razões oferecidas para apoiá-lo. Razões podem apoiar
argumentos de formas diferentes, não sendo nenhuma delas “melhor” ou “mais importante”. Razões podem:
• Explicar logicamente porque um argumento é verdadeiro;
• Apresentar evidência empírica para um argumento (chamamos isso de garantia);
• Descrever a causa do porquê uma certa consequência ser provável de acontecer;
• Identificar intuições morais amplamente compartilhadas em favor de um argumento;
• Expor uma grave implicação lógica de um argumento contrário;
• Identificar uma resposta emotiva que nos encoraja a ter atenção a uma certa consequência;

... ou fazer várias outras coisas que encorajem o eleitor hipotético bem informado e inteligente a acreditar que
um argumento é verdadeiro e importante para o debate. Razões podem ser fortes ou fracas de acordo com
vários critérios importantes, incluindo:

• A precisão do que o orador diz;


• Os detalhes com os quais importantes exigências lógicas, evidências empíricas, processos casuísticos,
intuições morais, implicações morais ou outros elementos são explicados.

Além dessas formas de identificar, dentro de um discurso, razões que embasam os argumentos do orador, os
juízes dispõem de padrões mínimos ao avaliar o grau de embasamento que uma razão dá, analisando se a razão
em si é plausível; e se ela, portanto, torna o argumento do orador persuasivo. Reivindicações extremamente
implausíveis (as que qualquer eleitor hipotético bem informado e inteligente não acreditaria nas suas premissas
ou na sua lógica) provém um baixo – se algum – embasamento ao argumento.

Inconsistência é sempre considerada relevante e problemática: duplas não devem contradizer outros oradores
da sua bancada. Duplas com inconsistência interna não podem ganhar crédito por duas áreas de argumento
mutuamente excludentes. Juízes podem, dependendo das circunstâncias, desconsiderar ambos os argumentos
por não serem persuasivos devido a análises conflitantes, desconsiderar apenas um, ou até mesmo considerar
ambos como fracos/restritos em seu escopo.

Certas coisas não importam (nelas mesmas) para avaliar quão boa foi a análise de um orador:

• O número de argumentos que o orador faz;


• Quão esperto/inovador o argumento foi;
• Quão interessante o argumento foi.

O que importa, uma vez que o argumento foi feito, é o quão importante a sua conclusão parece ter sido para
o debate, em relação aos ônus que cada lado está tentando provar, e até que ponto ela parece ter sido analisada
e respondida (e o quão bem ela resistiu ou foi defendida contra tais respostas). Juízes não consideram o quão
importantes eles acharam que um argumento em particular foi, abstratamente; mas sim o quão central ele foi
para a contribuição geral de qualquer dupla (ou duplas) para um dado debate em particular, e o quão forte
foram as razões dadas pelos oradores para embasar suas reivindicações de que esses argumentos foram
importantes ou não.

Argumentos podem ser esteticamente impressionantes de várias formas – essencialmente, “bom estilo” não
deve ser equiparado ao “tipo de estilo admirado no meu circuito/cultura de debates”. Oradores não tem um
“estilo ruim” porque eles não particularmente falam com determinadas expressões idiomáticas, maneirismos,
referências codificadas ou frases prontas usadas na região da qual o juiz é oriundo.

Além disso tudo, um “sotaque forte” não é estilo ruim. Isso só será um problema da mesma forma que falar
tão rápido, a ponto de não ser entendido, é um problema – juízes têm que compreender as palavras que um
orador diz para avaliá-las. Se juízes não podem, apesar de todos os seus melhores esforços, entender um
argumento, eles não podem achá-lo persuasivo.
Então, como sugerido, um ponto básico apoia o julgamento de estilo: existe uma ampla variação regional no
que faz um estilo ser agradável esteticamente e avaliações subjetivas de um bom estilo não devem pesar ao se
julgar em um modelo BP. Mas isso não significa que estilo é irrelevante. Existem princípios de aplicabilidade
fundamental para tornar um estilo eficaz. Como já observado, um bom estilo é sobre transmitir razões
efetivamente. Logo, razões são mais convincentes à medida que:

• Elas são compreensíveis. Como observado, as alegações de um orador devem ser compreensíveis para os
juízes para que elas possam ser avaliadas. Jargões técnicos, falar muito rápido, falar muito baixo, palavras
mal articuladas ou frases confusas podem fazer um argumento se tornar impossível de ser entendido; e,
logo, não persuasivo;
• Eles clara e precisamente transmitem a intenção do orador. Vagueza, ambiguidade e expressões confusas,
necessariamente, fazem juízes terem incerteza sobre a natureza das razões que o orador está oferecendo,
e como elas embasam o argumento do debatedor. Quão mais claro e preciso os oradores conseguirem
transmitir suas intenções, mais persuasivo eles serão. O uso inteligente da língua poderá tornar um orador
mais apto a comunicar seu ponto precisamente; e, logo, isso poderá ter um efeito persuasivo, apesar de
que isso não deve ser recompensado apenas porque “soou inteligente”;
• Eles transmitem efetivamente os significados emocionais, morais, práticos ou qualquer outro significado
da alegação do orador. Meramente informar a um eleitor hipotético bem informado e inteligente que uma
certa política causará “um aumento substancial no nível de depreciação dos grupos 10% mais pobres” não
é capaz de transmitir um efeito no mundo real. Consequentemente, essa frase não explicita todos os
apelos normativos quanto uma afirmação como “essa política irá realocar alguns dos indivíduos mais
empobrecidos e negligenciados da sociedade para uma zona de pobreza tão severa que ameace suas
próprias vidas”. É cativante, porém errôneo, pensar que argumentos no debate podem ser avaliados
através de lógica pura, fria e sem emoções, sem ser afetada pela linguagem ou pelo tom. Fazer e avaliar
argumentos é impossível a não ser que se conecte certos significados a consequências, princípios ou
alegações, e o uso apropriado da linguagem e do tom de voz podem transmitir eficientemente tais
significados.

O eleitor hipotético bem informado e inteligente tem um tipo de conhecimento que você esperaria de
alguém que lê jornais com frequência e profundidade, mas não alguém que lê periódicos técnicos, literatura
especializada ou coisas do tipo. Ele é, em síntese, uma pessoa com inteligência e que tem um bom
conhecimento, mas que é mais vasto do que profundo. Imagine um brilhante e razoavelmente versado
estudante universitário que está estudando uma matéria completamente estranha a qualquer tópico que o
ajudaria a entender o debate em questão. Debatedores podem certamente fazer referência a exemplos, fatos
e detalhes que o eleitor hipotético bem informado e inteligente não está familiarizado; mas eles devem
explicar, ao invés de apenas citar esses exemplos, fatos e detalhes. Enquanto ele pode não saber muito sobre
um tópico específico de acordo com os níveis de alguns debatedores, o eleitor hipotético bem informado e
inteligente é genuinamente inteligente e entende conceitos, fatos ou argumentos complexos uma vez que
eles são explicados. Quando tais exemplos têm uma explicação que não vai além de apenas citar, juízes
devem desconsiderar a parte que eles entendem que o eleitor hipotético bem informado e inteligente não
entenderia. Juízes devem aplicar essa regra à risca: é injusto com as demais duplas da sala não o fazer.

Fundamentalmente, o eleitor hipotético bem informado e inteligente não vem de nenhum lugar.
Especificamente, ele não vem de onde um juiz em particular vem. Logo, não há “exemplos locais” que requerem
menos explicação para o eleitor hipotético bem informado e inteligente, mesmo quando todo mundo na sala
vem daquele local. De onde quer que você seja, assuma que os juízes são de outro lugar.

Seguindo o exposto acima, o eleitor hipotético bem informado e inteligente não sabe termos técnicos que
requerem um curso universitário em particular para entender. Pode-se assumir que ele possui alguma forma
de vocabulário genérico que vem de uma educação universitária de alguma forma, mas provavelmente não do
seu curso em específico. Eles não entendem um jargão do meio jurídico ou econômico que nós, debatedores,
estamos familiarizados. Falar sobre “Curva de Laffer” para a maioria das pessoas é equivalente a fazer alguns
barulhos estranhos. Similarmente, usar termos como “eficiência econômica” terá como entendimento apenas
o que um leigo entenderia, perdendo qualquer especificidade técnica. Juízes devem julgar de acordo, e oradores
que desejarem fazer uso de uma maior especificidade que termos técnicos possuem devem gastar seu tempo
explicando as conotações do termo que desejam utilizar.

Se os debatedores fazem argumentos embasados em razões que não são extremamente inverossímeis ou
contraditórias; eles são, no mínimo, de alguma maneira persuasivos e devem receber créditos pelos juízes a
menos que sejam refutados com sucesso por outras duplas no debate. Se os argumentos são seriamente
inverossímeis e bastante tangentes ao discurso do debatedor que os afirma, então é razoável para uma dupla
decidir focar o seu tempo em outra coisa, particularmente quando tem algum assunto mais forte na rodada.

Refutação consiste em qualquer material, oferecido por um orador, que demonstra porque os argumentos
oferecidos pelas duplas na outra bancada do debate são errados, irrelevantes, comparativamente sem
importância, insuficientes, inadequados ou, de outra maneira, inferior às contribuições da bancada do
debatedor. A refutação não precisa ser rotulada especificamente como “refutação” (por mais que possa ser
sensato para debatedores o fazerem), e pode ocorrer no início, meio, fim, ou ao longo de todo o discurso.
Assuntos rotulados como refutação podem ser construtivos além de refutativos, e assuntos rotulados como
construtivos também podem funcionar como refutações. A refutação, portanto, não denota algum tipo especial
de argumento ou análise – ela simplesmente se refere a qualquer material que engaja diretamente com
argumentos levantados pela outra bancada.

Ser persuasivo não é, portanto, apenas fazer argumentos que são – analisados somente em si mesmos –
persuasivos. Persuasão em um debate também consiste em engajamento detalhado com outras duplas,
demonstrando comparativamente porque o argumento de um debatedor é melhor, destrói, e deveria ser
priorizado sobre outros argumentos.

Dentro do contexto de um debate, existem basicamente dois tipos de refutação:

• Expõe uma situação alternativa àquilo que um debatedor


disse que iria acontecer. Nesse tipo de refutação a oposição não se dá por ataque direto ao argumento
da outra bancada. Ela agrega ao caso de quem a realizou, mas não destrói o caso rebatido, apenas o
enfraquece em termos comparativos. Esse tipo de refutação pode ser preferível quando é preciso, além
de refutar, construir argumentação positiva. Contudo, quando o outro lado realiza uma argumentação
muito sofisticada, essa estratégia refutativa pode ser insuficiente para dar vitória a esse clash.
• Aponta falhas na argumentação da oposição. Nesse tipo de
refutação, a oposição se dá por confronto direto ao argumento da outra bancada. Ela não agrega tanto ao
caso de quem a realizou, mas destrói, à medida em que a análise for boa, o caso rebatido. Esse tipo de
refutação é preferível quando é necessário abalar mais intensamente uma determinada linha argumentativa,
visto que essa estratégia refutativa tem como finalidade mostrar porque a argumentação do outro lado é
errada e com defeitos internos.

Refutações podem ter abrangências diversas, e devem ser mensuradas segundo essa análise. Uma refutação
que, por exemplo, ataque apenas um exemplo não é tão significativa em determinar a vitória de um clash
argumentativo a uma dupla – a menos que todo o cerne argumentativo seja construído total e unicamente em
torno desse exemplo –, pois o exemplo, se usado como ilustração, não é uma premissa fundamental do
argumento. Por outro lado, uma dupla pode refutar uma premissa central que condiciona todos os demais
argumentos, quebrando com a validade de várias ideias de uma vez só (o que, inclusive, é uma boa estratégia
para ser feita no Whip). Portanto, refutações devem ser sempre avaliadas na medida em que elas abalam a
solidez argumentativa do caso atacado. Diferentes refutações terão diferentes pesos, e o juiz precisa levar isso
em consideração na hora em que for comparar o desempenho persuasivo das duplas.
Juízes têm que avaliar, comparativamente, quais duplas fizeram isso melhor, e fazer isso, em parte, pegando
argumentos importantes no debate para ver se eles foram respondidos adequadamente pelas duplas na outra
bancada. Caso não sejam, esses argumentos dão razões consideráveis para serem persuadidos pela dupla que
o fizeram – mas é claro, eles precisam ser avaliados comparativamente com argumentos feitos por outras
duplas, que também podem não ter recebido respostas adequadas. Então se, por exemplo, a Primeira Dupla
de Governo faz argumentos cuja conclusão é “deveríamos fazer essa política” que todos ignoram, eles não
perdem porque “o debate desviou daquele ponto”. Em vez disso, seus argumentos não-refutados ainda são
tão verdadeiros, no contexto do debate; quanto eles eram quando inicialmente apresentados, e deveriam ser
avaliados como tal. Na verdade, duplas assim, muito frequentemente, ficam em posição melhor que as das
duplas da bancada oposta. Ignorar ou falhar em ouvir argumentos-chave feitos por outras duplas é, muitas
vezes, a explicação do porquê duplas que pensam que foram bem em um debate recebem, na verdade, uma
nota muito menor do que elas esperavam.

Quando duplas tem uma chance de refutar uma a outra, avaliar contribuições relativas dessa forma é fácil.
Juízes devem olhar uma linha argumentativa e avaliar, dadas as inserções construtivas e refutativas (clashes),
qual contribuição da dupla foi mais significativa em promover suas razões para, acerca daquele ponto disputado,
nos persuadir logicamente que deveríamos implementar a política, ou que não deveríamos implementá-la. A
análise de um determinado clash argumentativo deve ser sempre feito de modo comparativo.

Mas, quando duplas não têm a chance de refutar umas às outras, determinar quem foi mais persuasivo é mais
complicado. Isso acontece com relativa frequência, por exemplo:

• Entre duplas em diagonais (Primeiro Governo e Segunda Oposição, por exemplo);


• Quando o Whip da Oposição explica algo de uma nova maneira;
• Quando as duplas que abrem o debate são impedidas de fazer pontos de informação.

Nessas circunstâncias, os juízes são forçados a fazerem uma avaliação mais independente acerca da “robustez”
dos argumentos que as duplas fizeram. Em outras palavras, os juízes são forçados a avaliarem o quão bem os
argumentos teriam se saído no engajamento, se esse engajamento tivesse sido possível. Um material mais
robusto é, com todos os outros pontos sendo iguais, uma melhor contribuição que um material menos
robusto. Idealmente, avaliar a robustez envolverá uma comparação com o material na mesa (isto é, olhando
para as análises apresentadas) ou pequenas extensões do mesmo. Por exemplo, quando juízes comparam duas
duplas em uma diagonal (por exemplo, Primeiro Governo e Segunda Oposição), eles devem primeiro se
perguntar se alguma coisa no discurso dos primeiros é inerentemente suscetível a resposta. A última dupla
sendo avaliada lidou com esse material? Veja se eles permitiram que a dupla da diagonal tivesse pontos de
informação, para dar a eles uma oportunidade de engajar. Impedir o engajamento de uma dupla com material
relevante é frequentemente óbvio e nada persuasivo.

Deve ser enfatizado que tal consideração acerca da robustez é um último recurso. Juízes são, em teoria,
instruídos a avaliar apenas as razões comparativas postas pelas duplas no debate; e, se as duplas tiverem
provido essa análise, é problemático os juízes a substituírem pela sua. Portanto, em resumo, a análise
comparativa entre duplas deve se dar da seguinte forma:

Comparação direta: uma dupla engaja diretamente com os argumentos de outra, mostrando porque os
dela, em detrimentos dos da outra, são mais importantes;
Análise do impacto da argumentação: o juiz deve ponderar sobre o impacto da análise desenvolvida por
cada dupla, ainda que elas o tenham feito individualmente sobre o argumento delas, sem refutar ou
comparar com os argumentos das demais duplas;
Duplas não engajaram, ou o impacto foi igual: caso parecido com quando não se sabe o quão plausível um
argumento é. O juiz tem que decidir o que é mais provável de persuadir o eleitor hipotético bem
informado e inteligente. Mas deve apenas fazer isso em casos extremos, nos quais as duas análises acima
não sejam possibilitadas.
Como dito antes, não há valor em ser persuasivo com um argumento que é irrelevante para o debate. Ao
avaliar quais contribuições são relevantes, é de grande ajuda considerar os “ônus” que uma dupla tem que ter
no debate. Ônus são frequentemente mal interpretados e mal atribuídos por parte das duplas em um debate;
que tentam empurrar, aos seus oponentes, ônus que não são necessários – juízes devem ser cautelosos para
não cair na mesma armadilha. Ônus não podem ser criados por uma dupla simplesmente afirmando que eles
existem. Porém, há duas formas cruciais que um ônus pode legitimamente ser atribuído a uma dupla (e
debatedores podem legitimamente apontá-las, e explicar porque eles ou outras duplas precisam atendê-los).

Primeiramente, um ônus pode estar implícito na moção em si. Se, por exemplo, a moção é “Esta Casa
priorizaria a vacinação de cidadãos cumpridores da lei em casos de grandes epidemias”, as duplas do Governo
precisam demonstrar que em grandes epidemias a vacinação de cidadãos cumpridores da lei deveria ser
priorizada. Duplas do Governo não precisam demonstrar que a vacinação de cidadãos cumpridores da lei
deveria ser priorizada no geral (fora das grandes epidemias) ou que apenas cidadãos cumpridores da lei
deveriam ser vacinados (eles devem simplesmente ser priorizados). A maneira com a qual o Primeiro Governo
define a moção (ver seção 2.3.1) também pode interferir nesse ônus. Duplas da Oposição precisam demonstrar
que o Governo está errado: que a política de priorizar cidadãos cumpridores da lei para vacinação durante
grandes epidemias deveria ser oposta. Eles não precisam necessariamente mostrar que cidadãos cumpridores
da lei não deveriam ser priorizados em nenhuma maneira sob nenhuma condição (apesar que, o fato de nós
priorizamos cidadãos cumpridores da lei em outros casos pode ser usado como evidência de um princípio que
apoia priorizar cidadãos cumpridores da lei nesse caso).

Em segundo lugar, os ônus podem também ser colocados pelos argumentos específicos que as duplas fizerem.
Por exemplo, se a moção é “Esta Casa acredita que o assassinato é uma ferramenta legítima de política
externa”, o Líder da Oposição pode inicialmente alegar que o assassinato é uma quebra severa do direito
internacional. Para isso ser relevante ao debate, ele precisa mostrar que ilegalidade está atrelada diretamente
a ilegitimidade. Esse ônus é especialmente forte se o Vice Primeiro Ministro alega, então, que eles aceitam que
o assassinato é ilegal, mas argumenta que a ilegalidade é uma base fraca para dizer que um ato é ilegítimo. A
menos que as Duplas da Oposição dêem razões superiores para pensar que a ilegalidade de um ato sob o
direito internacional é uma razão para sua ilegitimidade, não é relevante para os ônus que eles precisam provar
que haja um mero apontamento de que assassinato é ilegal, ou dar mais detalhes em como isso é ilegal. Ambas
as bancadas agora concordam que o assassinato é ilegal, e continuar concordando com isso não leva a nada.
O que as bancadas agora discordam é nas implicações que isso tem para a legitimidade do assassinato, e é isso
que elas têm o ônus de provar.

Portanto, as concessões feitas remodelam totalmente os ônus das bancadas, tendo em vista que os pontos
concedidos não devem mais ser passíveis de clashes, já que ambas as bancadas estão concordando acerca
daquela reivindicação específica. Debatedores que insistirem em argumentar a favor de pontos que já foram
concedidos pela bancada oposta devem ter sua argumentação acerca desse tópico específico desconsiderada.

Uma argumentação tem maior ônus à medida em que ela se distancia do senso comum do eleitor hipotético
bem informado e inteligente. Assim, reivindicar que ações preconceituosas são ruins tem um ônus bem menor
do que argumentar que a hegemonia chinesa no Mar da China Meridional é um perigo para a ordem global
vigente. Isso não significa, contudo, que os argumentos mais próximos do senso comum do eleitor hipotético
bem informado e inteligente não necessitem de análise detalhada. A implicação verdadeira disso é que,
comparativamente, argumentos menos habituais ao eleitor hipotético bem informado e inteligente precisam
de maior desenvolvimento analítico para atingir um mesmo nível de persuasão (se não considerarmos
previamente as refutações que podem ser levantadas).

Da mesma forma, alguns argumentos, naturalmente precisam de análise detalhada em vários passos para serem
efetivamente convincentes. Logicamente, é possível fracionar um raciocínio em diversas premissas no qual ele
é fundamentado. Em alguns casos, algumas premissas são intuitivas; tendo, portanto, menor ônus de prova.
Contudo, alguns raciocínios possuem diversas premissas que, se não analisadas detalhadamente, tornam o
argumento pouco plausível; logo, essas ideias têm maior ônus de prova, visto que o não detalhamento pode
gerar uma argumentação com muitos saltos lógicos.

Ao que tudo indica, o que constitui um bom ou um mau framework é, em si, passível de discussão, e as
alegações que as duplas fazem nessa questão podem também formar seus ônus. Duplas são permitidas a
debaterem quais critérios devem ser utilizados para avaliar se uma medida é boa, como parte de argumentar
que ela é, de fato, boa. Juízes devem avaliar esse debate sobre critérios – eles não devem apenas aplicar seu
próprio critério preferido. Uma forma comum desse erro é assumir um enquadramento utilitarista (“o que
leva às melhores consequências”) como análise preferível. Isso não deve ser assumido sem uma dupla ter
apresentado argumentos de suporte para fazê-lo. É também errado desprezar argumentos principiológicos
que expliquem que certos efeitos são mais importantes que outros por razões não conectadas com a
“maximização da utilidade”. Algumas vezes, claro, todos as duplas de um debate concordam na estrutura a ser
usada, talvez até implicitamente. Nesses casos, o juiz deve aceitar essas suposições consensuais.

Então, juízes devem ouvir os argumentos das duplas sobre quais metas e princípios devem ser utilizadas naquele
debate, e avaliar as alegações de prejuízos ou benefícios nesse contexto. Isso pode tornar particularmente
vitais as alegações sobre como devemos determinar a medida certa, e elas podem fundamentalmente
remodelar os ônus de uma dupla no debate. Por exemplo, se em um debate “Esta Casa invadiria a Coreia do
Norte” a Oposição conseguir provar com sucesso que “a guerra é sempre errada, não importando os
benefícios práticos” (eles devem fazer mais do que afirmar isso); o Governo, se quiser afirmar razões
puramente práticas em favor da invasão, vai provavelmente precisar oferecer razões para se acreditar que um
cálculo prático é relevante.

Juízes geralmente devem ter cautela ao considerarem um argumento completamente irrelevante por causa de um
framework principiológico defendido por seus oponentes. É muito improvável que alguma dupla consiga provar seu
ponto sobre o critério apropriado como sendo completamente e inegavelmente verdadeiro e que,
consequentemente, argumentos que não entram nesse critério devem ser derrubados de antemão. É, então,
muito mais apropriado tratar argumentos como menos persuasivos quando eles se baseiam em critérios que
outras duplas sugeriram não ser relevantes, ao invés de descartá-los completamente.

Moções podem vir em diferentes formas, frequentemente insinuadas pelas palavras usadas para introduzi-las
(“Esta Casa...”, “Esta Casa acredita que...”, “Esta Casa apoia...”) e, de novo, isso pode afetar os ônus que as
duplas enfrentam. Comissões de Avaliação não usam essas aberturas tão consistentemente a ponto de nós
podermos determinar clara e rapidamente regras no que elas dizem sobre a moção, mas aqui estão algumas
diretrizes gerais:

Moções na forma “Esta Casa faria [X]” quase sempre envolve o Governo propondo algum tipo de política, X
– uma concreta maneira de agir a qual eles desejam convencer os juízes de que deveria ser implementada.
Essas moções são sobre se a Casa deveria fazer X – com duplas do Governo argumentando que eles deveriam
e duplas da Oposição argumentando que eles não deveriam. Esses debates não são sobre se a entidade que a
Casa representa (normalmente, mas nem sempre, governos de Estados) vai fazer a medida em questão no
mundo real, ou se eles estão fazendo a medida no presente. Assim, nunca é um caminho válido para a Oposição
a essas moções dizer que “mas o governo nunca faria isso” ou, de maneira mais sutil, “mas os políticos nunca
aprovariam essa lei”. Para o propósito do debate, as duplas do Governo são aquele governo e os políticos que
fazem isso, e o debate é sobre se eles devem ou não adotar a medida, não se suas partes no mundo real fariam
ou não.

Moções que dizem “Esta Casa, no lugar de [A], faria [X]” são de alguma forma especiais. Essas moções são
sobre a entidade (A) fazendo (X) e, então, convidam a um exame mais detalhado da perspectiva da entidade
sobre o que ela deve fazer, com todas as duplas argumentando do ponto de vista do ator A. Então se, por
exemplo, a moção é “Esta Casa, no lugar da Turquia, interviria na Guerra Civil Síria”, esse debate deve tomar
lugar na perspectiva da Turquia. Tanto como o agente proposto a intervir na Guerra Civil Síria, quanto como
o alvo dos recursos argumentativos. Em contraste, se a moção é “Essa Casa acredita que a Turquia deve
intervir na Guerra Civil Síria”, a moção não aborda somente a perspectiva da Turquia – em vez disso, os
debatedores estão simplesmente tentando convencer os juízes da verdade da afirmação. O último debate é
situado na perspectiva do espectador, e não na do ator. Nesse último debate, os argumentos que seguem a
ideia de priorizar os interesses turcos em detrimento dos outros precisam justificar essa priorização. Para
botar isso na linguagem do eleitor hipotético bem informado e inteligente, no primeiro tipo de moções, ele
assume a posição da Turquia ao decidir o que fazer. Isso não inclui ou exclui certos argumentos ou recursos
do debate – o eleitor hipotético bem informado e inteligente que imagina a si mesmo como a Turquia é ainda
um eleitor hipotético bem informado e inteligente; e pode, como Turquia, ser persuadido por razões morais
variadas, consequências previstas, alegações sobre os principais interesses da Turquia, e por aí vai. Mas os
argumentos dos lados do debate, e os ônus que eles precisam provar, são orientadas ao redor do ator A – e
uma dupla não pode plausivelmente levantar e dizer que “a Turquia deve intervir na Guerra Civil Síria, porque
isso vai ser muito bom para os negócios americanos”, sem explicar porque ser bom para os negócios
americanos deve ser uma razão plausível para que a Turquia faça alguma coisa.

Moções que dizem “Esta Casa acredita que [X]” geralmente não envolvem o Governo propondo uma medida;
mas, em vez disso, requerem que as duplas do Governo argumentem pela verdade da declaração apresentada
em X, enquanto as duplas da Oposição argumentam que X é falso. Duplas do Governo ainda podem propor
uma política pública como uma manifestação de sua crença em X – por exemplo, se a moção é “Esta Casa
acredita que todos os indivíduos possuem direito a um padrão mínimo de vida”, o Governo pode
produtivamente especificar uma medida que eles fariam para prover esse direito. Algumas moções do tipo
“acredita que” são mais explícitas sobre medidas, incluindo moções com a formulação “Esta Casa acredita que
[Ator A] deveria [fazer ação X].

Moções que dizem “Esta Casa apoia/lamenta [Z]” também normalmente não envolvem o Governo propondo
uma medida (porém, de novo, ele pode escolher fazê-la). Em vez disso, as duplas do Governo precisam
argumentar que eles iriam – seja simbolicamente, politicamente, materialmente ou em alguma outra maneira
– apoiar a pessoa, grupo, instituição, causa, ideia, valor ou declaração expressa por Z. A Oposição precisa
argumentar que Z não deveria ser apoiada dessa maneira.

O Governo argumenta em favor do que a moção o requer que seja feito ou que seja dito que é verdadeiro. E
a Oposição? Em um debate sobre uma medida, a Oposição tem que dizer que não se deve fazê-la: isto é, que
algo é melhor do que fazer essa medida. Então, assim como com as definições do debate pelo Primeiro
Governo, a posição que a Oposição escolhe defender pode ser o status quo em algum lugar, pode ser algo
que não é atualmente feito em nenhum lugar, ou pode ser descrito como “fazer nada” ao invés de “fazer a
medida” (mas, naturalmente, duplas que fazem isso não necessariamente recomendam total inação do governo,
mas estão executando a linha comparativa de que “independente das medidas amplamente sensatas e
relevantes que já estão sendo executadas, a adição desta nova medida deixa as coisas piores” ou que “o status
quo atual naturalmente resolverá o problema”).

Desde que a Oposição dê razões para não fazer a medida, ela cumprirá seu papel. Não é ônus da Oposição
se comprometer a um curso de ações específicas e alternativas às medidas do Governo. Porém, eles podem
se comprometer a defender uma medida alternativa ou um curso de ações se eles quiserem – isso é
frequentemente referido como uma “Contraproposta”. Assim como apenas o Primeiro Governo tem o direito
de deixar um modelo para o Governo e tem que fazer isso no discurso do Primeiro Ministro, apenas o Líder
da Oposição pode deixar um modelo alternativo para a Oposição. Uma contraproposta que não é mutuamente
excludente com o caso ou modelo do Governo não é em si inválida, mas é provável que ela não ajude a
explicar porque a medida do Governo não deve ser adotada – pois, intuitivamente, ambas poderiam ser feitas
lado-a-lado. Uma Primeira Oposição que escolha apresentar um modelo alternativo deve explicar não apenas
porque o seu modelo é melhor que o do Primeiro Governo, mas também porque isso seria preferível em
detrimento do mecanismo feito pelo Primeiro Ministro.

Se a Primeira Oposição não contrapropor, não é legítimo para as duplas do Governo demandarem que eles
se comprometam a uma alternativa específica – o papel da Oposição é simplesmente derrotar a medida
proposta pelo Governo, não há exigência de resolver o problema que o Governo identificou (a Oposição
pode até argumentar que não tem um problema real que precise de uma solução, ou que o problema que a
moção tenta resolver é diferente do que foi apresentado pelo Primeiro Governo). Porém, se a Oposição aceita
que um problema existe, será difícil para eles irem bem no debate sem demonstrar que a ação do Primeiro
Governo, por tornar o problema muito pior, faz com que a inatividade seja preferível; ou demonstrar que
alguma alternativa e melhor solução existe. A Oposição tem o direito de apontar uma variedade de possíveis
alternativas superiores sem se comprometer a apenas uma, mas pode, na prática, ser difícil provar que a
medida do Primeiro Governo é inferior sem diretamente compará-la ao menos a uma dessas alternativas.

Moção Hipotética: “Esta Casa invadiria a Síria”

“Nós acreditamos que os EUA devem invadir a Síria de uma vez e instalar um novo
governo”

“Nós acreditamos que os EUA devem invadir a Síria de uma vez, mas eles devem
também dar assistência econômica a um novo regime sírio

A contraproposta da Primeira Oposição não é mutuamente excludente com a


proposta do Primeiro Ministro, e aceita a premissa do caso do Primeiro Governo. A Primeira Oposição não
está, de verdade, se opondo à moção.

“Nós acreditamos que os EUA devem invadir a Síria de uma vez e instalar um novo
governo”

“Em vez de invadir, os EUA deveriam dar ajuda militar aos grupos rebeldes dentro da
Síria”

A contraproposta da Primeira Oposição não é estritamente mutuamente


excludente com o caso do Primeiro Governo, mas eles deixaram uma alternativa (dizendo que “nós sugerimos
uma política de (a) não invadir e (b) dar ajuda militar”). Dependendo dos argumentos a seguir, eles podem
estar aptos a, com sucesso, mostrar que sua medida é melhor que a do Governo.
Uma vez terminado o debate, os debatedores devem deixar a sala de debate, e os juízes devem classificar
coletivamente as quatro duplas em ordem: primeiro, segundo, terceiro e quarto. Os juízes fazem isso através
de uma discussão (ou "deliberação") visando o consenso – eles não simplesmente se decidem e votam, nem
se envolvem em uma batalha um contra o outro para "ganhar" a discussão. Mesas de Avaliação são uma equipe,
e todos os membros da mesa devem se ver como tal – seu trabalho é decidir cooperativamente sobre a
melhor maneira de classificar as quatro duplas no debate. Debates não podem resultar em um empate: uma
dupla deve levar a “primeira” colocação, uma dupla a “segunda”, uma dupla a “terceira” e uma dupla a “quarta”.

Para repetir o critério central do BP sobre os vencedores: os juízes avaliam quais duplas foram mais persuasivas
com relação aos ônus que o seu lado do debate está tentando provar, dentro dos limites impostos pelas regras
do BP. Os juízes devem determinar qual dupla fez o melhor para persuadi-los, por argumentação lógica, de
que a moção deve ser adotada ou rejeitada. Os juízes fazem isso como um eleitor hipotético bem informado
e inteligente, e suas avaliações são sempre holísticas e comparativas: considerando todas as contribuições que
cada dupla fez para o debate em geral, e comparando-as com as das outras duplas. As duplas não podem ganhar
ou perder debates devido a detalhes isolados que elas fizeram, como definir bem o debate ou contradizer a
outra dupla da mesma bancada. Crucialmente, não existe algo como “quarto lugar automático” ou “primeiro
lugar automático”. E isso se deve a uma questão de necessidade lógica: por mais boa ou ruim que uma dupla
seja, outra dupla sempre pode fazer exatamente a mesma ação boa ou ruim e fazer outra ação que as torne
ainda melhor ou pior.

Os juízes podem e devem avaliar o quão bem-fundamentados os argumentos são. Isso inevitavelmente
envolverá alguma avaliação da qualidade das razões oferecidas para apoiar os argumentos; e reivindicações
seriamente implausíveis constituem, aos olhos dos juízes, um suporte fraco para um argumento. Mas os juízes
devem exercer o mínimo de avaliação pessoal ao fazer tais alegações, e mesmo argumentos seriamente
implausíveis não podem ser totalmente desconsiderados pelo juiz, se eles não forem refutados – embora
possam ter pouco valor persuasivo. Em um mundo ideal, as duplas irão engajar em respostas extensivas aos
pontos bem detalhados de cada uma. Na maioria dos debates que ocorrem no mundo real, contudo, as duplas
frequentemente dialogam umas com as outras e deixam alguns pontos, um do outro, sem serem desafiados.
Nessas circunstâncias, o juiz terá que avaliar não apenas quais argumentos são mais importantes, mas também
quais foram mais claramente comprovados. Pontos não refutados que exigem que o juiz faça alguns saltos
lógicos são muitas vezes mais persuasivos do que pontos completamente refutados, e são sempre mais
persuasivos do que nenhum ponto, mas não são preferíveis a um argumento bem fundamentado, que possui
apenas algumas poucas suposições não muito substanciais. Analisar o que é e o que não é refutado é, portanto,
de vital importância para julgar debates. Note que os debatedores não precisam usar a palavra “refutação”
para responder a um argumento. Pode ser mais correto se o fizerem, mas os juízes não devem ignorar material
que engaja adequadamente com um argumento apenas porque o orador não apontou que isso acontece.

Igualmente, isso não significa que os oradores devam ser "punidos" por não refutarem tudo: algumas afirmações
não destroem de fato a argumentação do lado oposto. Por exemplo, em um debate sobre a legalização das
drogas, se o governo disser que “Os elefantes cor-de-rosa são fofos porque têm aquelas orelhas bonitas e são
de uma cor agradável”, este argumento falho pode ser seguramente deixado de lado e não ser refutado, pois
não é uma razão para legalizar as drogas. Não há, portanto, necessidade de ressaltar que os elefantes azuis são
obviamente mais saborosos, por exemplo. Da mesma forma, se eles disserem "algumas drogas são menos
prejudiciais do que outras", isso poderia também ser ignorado. Embora esteja claramente mais relacionado ao
debate do que o argumento dos elefantes cor-de-rosa fofos, ainda é pré-argumentativo – isto é, não foi dado
embasamento suficiente para que realmente forneça uma razão para fazer, ou não, aquela política pública. O
outro lado pode muito bem dizer "sim, algumas drogas são mais prejudiciais do que outras" e seguir em frente,
ou simplesmente ignorar esse non sequitur argumentativo. Muitas vezes, como juiz, pode ser tentador
completar, por meio de saltos lógicos, ideias que são interessantes, mas pré-argumentativas. Não façam isso.

É da responsabilidade do Presidente administrar a deliberação entre os juízes de uma maneira que permita
que todos os juízes participem plenamente da discussão, produzam uma decisão consensual e completem uma
folha com os resultados dentro do limite de tempo de deliberação: 15 minutos. Os Presidentes de Mesa devem
administrar o tempo, e reconhecer que as regras exigem votação se não houver consenso, cedo o suficiente,
para que a avaliação termine em 15 minutos. Levando em consideração o tempo gasto para decidir sobre
pontuações individuais, isso significa que o Presidente deve considerar uma votação quando, passados 12
minutos de discussão, ainda não houver um consenso estabelecido.

As opiniões dos Wings contam tanto quanto a opinião do Presidente: a principal diferença é simplesmente que
Wings não possuem a tarefa de presidir (ou seja, gerenciar) a discussão. Os Wings devem tratar o Presidente
com respeito, e não o interromper/falar por cima dele, a menos que eles sintam que não estão sendo
autorizados a participar de forma significativa na discussão. Em troca, os Presidentes devem respeitar as
opiniões dos Wings e dar-lhes oportunidade suficiente para contribuir com a discussão. É expressamente
desaconselhável que os Wings tentem fazer 2 a 1 no Presidente, eles devem sempre buscar o consenso. Se a
Mesa não chegar a um consenso após 15 minutos, a eles pode (a depender do cronograma do torneio) ser
concedidos mais 5-10 minutos para discutir. Depois que qualquer tempo adicional se esgotar, os juízes devem
votar nos rankings que discordam, com a maioria, em cada desacordo, determinando o resultado. Se uma
Mesa tiver um número par de juízes e o resultado de uma votação estiver empatado, o Presidente tem o voto
de minerva.

• Leitura de anotações na ordem cronológica do debate, comparando clashes, analisando cumprimento de


ônus e relembrando persuasão via análise - 3 min
• Presidente de mesa diz suas impressões do debate, comparando as duplas - 2 min
• Wings dizem suas impressões do debate, comparando as duplas - 2 min
• Análise de todos os clashes, focando nos mais difíceis, e dar o ranking de duplas - 5 min
• Dar notas para cada debatedor (primeiro o melhor debatedor, depois o pior e em seguida as demais), de
acordo com a tabela de pontuação individual - 3 min
• Presidente entrega as pontuações finais à tabulação, enquanto um Wing chama os debatedores para o
feedback
• A deliberação final é soberana e irrevogável
• Reclamações devem ser feitas diretamente ao Chefe de Avaliação

Em rodadas muito competitivas, é de se esperar que os juízes possam ter opiniões diferentes sobre o debate.
Portanto, alcançar um consenso e preencher os resultados em 15 minutos é uma tarefa difícil, exigindo gestão
pelo Presidente. Aqui nós esboçamos algumas sugestões de como isso pode ser feito. Estes não são requisitos
obrigatórios – cabe ao Presidente gerenciar a discussão da maneira que julgar ser mais eficaz.

Após apresentar suas opiniões, o presidente deve pedir que cada Wing dê uma classificação completa das
quatro duplas ou, pelo menos, algumas indicações de quais duplas eles consideram melhores ou piores do que
as demais. Isso não é obrigatório, é uma hipótese de trabalho que irá evoluir à medida que a discussão progride.
Wings não devem sentir nenhuma pressão para concordar um com o outro ou com o presidente em sua
deliberação inicial, visto que não há nenhuma sanção negativa àqueles que alterarem sua deliberação inicial. Os
juízes devem ter alguma opinião sobre o debate assim que ele acabar, e devem compartilhar suas opiniões
juntamente com suas incertezas. Passados três minutos de leitura de notas, não ter nenhuma ideia acerca do
debate indica que o juíz não teve um seguimento ativo do debate, embora possa ser razoável dedicar alguns
minutos à organização das notas e a confirmar, antes do início da discussão, algumas opiniões individuais. A
presidência deve, então, avaliar o nível de consenso que existe. Existem milhares de combinações possíveis,
mas felizmente alguns cenários surgem com bastante frequência:
Todo mundo tem exatamente o mesmo ranking – comemorar (mas brevemente). Embora haja
concordância, a Mesa ainda deve ter uma breve discussão para garantir que os rankings são os mesmos
por razões semelhantes, e considerar com precisão todas as contribuições de todas as quatro duplas. Eles
devem então passar para o preenchimento da cédula.
Todo mundo tem o mesmo ranking, exceto uma pessoa. O Presidente deve pedir-lhe que defenda a sua
posição. A discussão deve ser específica, adaptada à diferença entre a opinião minoritária e majoritária. Se
a diferença for acerca do desempenho de uma dupla, a discussão deve se concentrar nessa dupla, etc. Os
juízes não devem presumir que alguém está errado porque ele está em minoria.
Há semelhança nos rankings (os juízes concordam sobre como uma dupla está classificada ou em algumas
classificações relativas – por exemplo, todos concordam que o Primeiro Governo é melhor que o Segundo
Governo), mas há também algumas diferenças cruciais. Os juízes devem começar por estabelecer quais
discussões precisam ser dadas mais tempo (ou seja, “há discordância sobre se a Primeira Oposição venceu
o Primeiro Governo”, por exemplo). Consolide o consenso existente e use-o como uma alavanca para
quebrar os impasses.
Caos. Não há semelhança entre os rankings. O Presidente deve orientar uma discussão sobre os
argumentos de cada dupla; ou, dependendo do que fizer mais sentido para a Mesa em questão, gerir uma
discussão sobre os confrontos entre pares de duplas.
Esses debates muitas vezes demonstram divergências na forma como um argumento foi avaliado,
então seu objetivo é detectar tais diferenças de interpretação. A discussão inicial é destinada aos
juízes da Mesa informarem um ao outro sobre suas perspectivas e encontrar algum nível de
entendimento comum.
Se dois juízes acreditam que argumentos diferentes são centrais, o Presidente deve formular uma
discussão sobre sua prioridade relativa. O Presidente deve fazer com que cada juiz explique sua
posição e tente estabelecer uma métrica para a importância dos argumentos no debate.
Após essa breve discussão, os membros da Mesa devem classificar as duplas e comparar os
resultados novamente. Se a Mesa alcançou alguma sobreposição, eles devem passar para as
sugestões acima expostas em (3). Pode eventualmente ser necessário votar.

Em todas as deliberações, os juízes não devem sentir-se obrigados a cumprir a sua deliberação original apenas
porque essa foi sua visão inicial – é crucial haver flexibilidade e mente aberta na discussão, e as deliberações
devem sempre visar o consenso. Tal consenso não é, no entanto, um ideal que deve ser colocado acima do
resultado correto. Como tal, juízes não deve "negociar" os resultados para que cada um tenha suas próprias
opiniões de certa forma representadas na classificação final. Isso provavelmente produziria um resultado que
é impossível de se justificar coerentemente. Se um juiz acredita que uma dupla foi colocada em primeiro os
outros juízes discordam, o discordante deve tentar convencer os demais das suas razões. Todos os juízes
devem ser flexíveis e dispostos a serem persuadidos; mas, se não forem persuadidos, devem ficar atados ao
que eles acreditam ser certo.

O feedback deve distinguir as razões que determinaram o resultado dos conselhos para as duplas: os juízes
podem dar ambos. As razões devem ser sobre o que aconteceu; enquanto o conselho é sobre o que não
aconteceu, mas talvez devesse ter ocorrido. Este último não pode ser uma base para justificar o primeiro. O
principal objetivo de um feedback é transmitir às duplas o raciocínio da Mesa ao fazer o ranking das duplas da
forma como eles fizeram.

O feedback deve, portanto, apresentar um argumento fundamentado para explicar a classificação, usando
como evidência os argumentos feitos no debate e como eles influenciaram os juízes. Embora existam muitas
teorias sobre como abordar debates – de discussões sobre solução de problemas a desconstruções da
persuasão em subconceitos –, elas não podem determinar ou explicar um resultado, embora os juízes possam
usar tais conceitos ao oferecer conselhos. O fato de uma dupla estar de acordo com a forma com a qual um
determinado juiz iria treiná-los para debater não tem relevância alguma nas decisões dos juízes; embora algo
que uma dupla tenha feito ou deixado de fazer; pode, por si só, ter tido um impacto sobre a persuasão de
seus argumentos.
A avaliação deve, em geral, ser estruturada da seguinte forma:

Anunciar o ranking das duplas;


Percorrer as duplas em uma ordem que faça sentido, comparando pares de duplas e explicando por
que uma venceu a outra;
Resumir e convidar as duplas para um feedback mais detalhado posteriormente.

Comparar duplas envolve mais do que fazer afirmações isoladas sobre a Dupla X e a Dupla Y, e dizer “então
X claramente venceu Y”. A comparação na verdade exige que o juiz explique a interação entre as duplas para
estabelecer quem teve os melhores argumentos. O juiz deve ser específico e detalhado – a aplicação vaga de
adjetivos não é uma avaliação suficiente. Identificar argumentos, se e como eles foram respondidos, e qual foi
o impacto do restante. Identifique quais duplas receberam crédito pelo quê, e como isso influenciou a decisão
sobre se devemos ou não fazer determinada política pública.

Uma maneira de dar feedback é discutir as duplas e suas contribuições em ordem cronológica – discutindo
inicialmente o Primeiro Governo, depois a Primeira Oposição, e assim por diante. Outra abordagem é começar
pela dupla que ficou em primeiro lugar, e depois ir decrescendo; ou pela dupla que ficou em quarto, e ir
crescendo. Em alguns debates, pode ser apropriado discutir as bancadas ou as metades.

Qualquer que seja a abordagem adotada pelo juiz que dá a avaliação, ela deve ser comparativa e específica.
Conselhos devem ser separados das razões que justificam a deliberação, para não confundir as duplas sobre
qual é qual.

Existem vários tipos de aconselhamento que você pode dar como juiz, incluindo:

• Conselhos gerais sobre como melhorar;


• Sugestões de razões pelas quais as coisas identificadas na avaliação aconteceram;
• O que poderia ter sido executado (embora geralmente seja aconselhável minimizar isso, a menos que
solicitado, para evitar confundir duplas sobre por que elas perderam o debate).

É importante que o cerne do feedback foque na lógica argumentativa da dupla, e não em elementos periféricos
ao raciocínio, oratória, estrutura do discurso e demais pontos que não são tão cruciais na construção
persuasiva.

Além disso, enquanto estiver justificando as posições, é importante que o juiz se mantenha na posição do
eleitor hipotético bem informado e inteligente, de modo a não imprimir suas impressões pessoais sobre a
argumentação que foi feita.

A seguir, temos um conjunto comum de erros que avaliadores podem cometer na determinação do resultado
e na passagem de feedback. Nós enfatizamos que muitos dos exemplos que nós damos sobre essas armadilhas
não são propriamente “maus feedbacks” – eles apenas precisam ser acompanhados de explicação mais
aprofundada para que então sejam um comentário introdutório apropriado. Mas, avaliadores não devem se
sentir satisfeitos com tais comentários sem uma explicação e clarificação mais aprofundada para os
debatedores, que tornam claras as razões específicas e comparativas de porque uma dupla derrotou a outra.

“Nós achamos que a Segunda Dupla de Oposição realmente trouxe o caso a seu favor, então eles ganharam
o debate.”

“A Primeira Dupla de Oposição teve alguns pontos importantes a dizer, mas a análise não melhorou até a
Segunda Dupla de Oposição.”
É perfeitamente razoável que avaliadores usem uma linguagem geral para introduzir suas razões, desde que
cada comentário geral seja acompanhado de exemplos do que realmente aconteceu. Nenhum comentário dos
exemplos que listamos acima deve ser dito sem o suporte de exemplos específicos sobre o que se está sendo
avaliado, seja durante a divulgação do resultado ou durante o feedback.

“Apenas a Primeira Dupla de Governo sabia os nomes das principais cidades brasileiras.”

“A Segunda Dupla de Governo ganhou porque seus argumentos eram mais morais do que práticos.”

Essa armadilha de avaliação toma um número de formas, um dos quais é a fantasia do uso de conhecimento
específico na elaboração de argumentos. Duplas que fazem argumentos fortes reforçados por bom
conhecimento devem ser recompensados, mas não devido à quantidade total de argumentos citados, e sim
por causa da força dos argumentos nos quais esses fatos foram organizados. Um uso inteligente de fatos torna
o argumento mais forte e melhor, mas eles não compõem por si próprios um argumento.

Uma segunda forma dessa armadilha é dar prioridade indevida a argumentos que são de vários tipos
(moral/filosófico/econômico/prático). Um argumento “principiológico”, por exemplo, não é necessariamente
pior ou melhor do que um “prático” – isso depende do que cada argumento procura provar e de quão bem
ele o faz.

“Você não aceitou nenhum Ponto de Informação, então não havia jeito de você ficar em primeiro.”

“Nós tivemos dúvida sobre o seu mecanismo, então o colocamos em último.”

Um bom árbitro não é aquele que incessantemente apita e para o jogo. Similarmente, um bom avaliador não
é aquele que tenta achar tantas razões quanto for possível para desconsiderar os argumentos de uma dupla e
falar da forma em detrimento do conteúdo de suas contribuições. Se uma dupla viola os requerimentos
intrínsecos ao seu papel, eles devem ser penalizados apenas até o ponto de remover qualquer dano que eles
causaram ao debate por meio de fracasso em cumprir seu papel.

Alguns exemplos:

• Não aceitar qualquer Ponto de Informação significa que o debatedor não engajou plenamente com a outra
bancada – seu discurso pode ser interpretado como menos persuasivo, mas não deve ser excluído de
consideração.
• A falta de clareza de um mecanismo deve ser resolvida permitindo que as duplas de Oposição façam
quaisquer interpretações razoáveis por conta própria e deixando o debate seguir a partir disso, e não
desconsiderando outras contribuições da dupla de Governo por causa do mecanismo em si.
• Se um debatedor introduz novos argumentos em um discurso de Whip da Oposição, estes devem ser
desconsiderados, como se o debatedor não tivesse dito nada acerca dessas novas linhas argumentativas –
mas outros pontos que ele tenha trazido devem ser considerados.

“Você deveria ter colocado seu argumento sobre direitos em primeiro lugar.”

“Sua dupla esteve desbalanceada – todos os bons pontos vieram do primeiro debatedor.”

“Você só falou por cinco minutos.”


Falar por certo período de tempo ou colocar argumentos em certa ordem é irrelevante (por si só) para
determinar qual dupla ganhou o debate. Naturalmente, debatedores e duplas que gastam todo seu tempo em
bons argumentos e gastam mais tempo explicando argumentos mais importantes e mais complexos serão mais
persuasivos, mas eles têm sucesso porque eles fizeram bons argumentos e explicaram bem seus argumentos,
não porque “gastaram tempo neles”. Um debatedor pode ganhar um debate com um discurso de um minuto
(embora seja muito, muito difícil fazê-lo). Muitos dos exemplos listados aqui podem muito bem serem
feedbacks úteis, mas eles não expressam, por si próprios, o quão persuasiva uma dupla foi.

“Nós todos vimos o debate da mesma maneira, então apenas venham a nós individualmente para o feedback.”

“As duplas da segunda metade foram muito mais persuasivas, e seus argumentos realmente permaneceram em
nossas cabeças ao final do debate, então o Primeiro Governo ficou com o terceiro lugar e a Primeira Oposição
com o quarto lugar.”

Tanto no individual, quanto no coletivo, pode ser tentador sentir ao final do debate que o resultado está muito
claro, e não analisar cuidadosamente as contribuições das quatro duplas de modo a garantir uma justificativa
clara para aquele ranking – ao invés de artificialmente construir uma justificativa “que se adeque” às aparências
iniciais. Isso é especialmente verdade quantos todos os avaliadores terminam o debate com o mesmo ranking;
e, consequentemente, concluem que devem estar corretos já que todos concordaram. Avaliadores devem
sempre, ao final do debate, revisar cuidadosamente o conteúdo trazido por todas as quatro duplas e garantir
que o resultado saia de uma justificativa lógica e razoável, ao invés do contrário.

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