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Aula 03 – Dislexia do

Desenvolvimento

Tema 01 – Definição

Dra. Giseli Donadon Germano


OBJETIVOS DESTA AULA

- Definir Dislexia do Desenvolvimento.

- Descrever a etiologia e caracterizar cada um


desses quadros (manifestações).

- Salientar suas consequências para o processo


de aprendizagem.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

De acordo com o DSM-V (APA, 2014):

- Transtorno Específico da Aprendizagem


- 315.0 (F81.0) Com prejuízo na leitura
(DISLEXIA)
- 315.2 (F81.81) Com prejuízo na expressão
escrita (DISORTOGRAFIA)
- 315.1 (F81.2) Com prejuízo na matemática
(DISCALCULIA)
315.0 (F81.0) Com prejuízo na leitura.

“Nota: Dislexia é um termo alternativo usado em


referência a um padrão de dificuldades de
aprendizagem caracterizado por problemas no
reconhecimento preciso ou fluente de palavras,
problemas de decodificação e dificuldades de
ortografia. Se o termo dislexia for usado para
especificar esse padrão particular de dificuldades,
é importante também especificar quaisquer
dificuldades adicionais que estejam presentes,
tais como dificuldades na compreensão da leitura
ou no raciocínio matemático”.
DSM-V (APA, 2014), p. 67
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

Transtornos de
TDAH
Aprendizagem

Transtornos de Transtornos de
Aprendizagem Aprendizagem
Global Específicos

Dislexia Disgrafia Disortografia Discalculia

DSM-V (APA, 2014)


DEFINIÇÃO

A dislexia do desenvolvimento é um
Transtorno Específico de aprendizagem,
de origem neurológica, caracterizado pela
dificuldade com a fluência correta na leitura e
dificuldade na habilidade de decodificação e
soletração, resultantes de um déficit no
componente fonológico da linguagem.

(LYON; SHAYWITZ; SHAYWITZ, 2003).


DEFINIÇÃO

- Estudos recentes relataram que não há um


padrão único de manifestação que afeta o
indivíduo com dislexia.
- Assim, atribuir às manifestações cognitivo-
linguísticas dos disléxicos a uma única teoria
seria uma visão reducionista, que não favorece
a compreensão da variedade de
manifestações de cada subtipo da
dislexia.
(GERMANO; CAPELLINI, 2013; PEYRIN et al., 2012; GERMANO et al., 2014)
DEFINIÇÃO

- É uma condição persistente!

- Importância de identificação precoce e


intervenção precoce.

(SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)


Evidências biológicas

- Marcadores genéticos foram identificados nos


cromossomos 6, 15 e 18.

- Anormalidades estruturais do planum temporale


(HE).

- Estudos de neuroimagem: hipoativação nas


áreas occiptotemporoparietal.

(GALABURDA et al., 1985; SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)


(GALABURDA et al., 1985; SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)

Imagem fonte: http://neurootic.blogspot.com.br/2010/06/linguagem-e-afasias.html


Tema 02 –
Manifestações de risco

Dra. Giseli Donadon Germano


Fatores de risco para identificação
precoce

DIFICULDADES DA FALA E LINGUAGEM

DISLEXIA

(CHRISTO; DAVIS; BROCK, 2009; SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)


LINGUAGEM

Linguagem Linguagem
Oral Escrita

(BATISTA, CUNHA, GERMANO, 2011)


Fatores de risco para identificação precoce

- Histórico familiar.
- Atraso de linguagem (oralidade – produção/
articulação).
- Déficits de Consciência fonológica.
- Vocabulário reduzido.
- Atraso de processamento fonológico.
- Dificuldades no reconhecimento de alfabeto.

(CHRISTO; DAVIS; BROCK, 2009; SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)


Fatores de risco para identificação precoce

- COMO IDENTIFICAR CRIANÇA COM DIFICULDADE NA


FALA?

- Falha em provas de CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA e


sequencialização de sons.
- Dificuldades em encontrar uma palavra.
- Não apresentam dificuldades de compreensão de
linguagem oral.

(CHRISTO, DAVIS, BROCK, 2009; SNOWLING, STACKHOUSE, 2013)


Fatores de risco para identificação precoce

- Como identificar criança com dificuldade


na fala?

- Repertório fonético/fonológico adquirido


por volta dos cinco anos de idade.
- Aquisição da leitura e escrita –
monitorado!
(CHRISTO; DAVIS; BROCK; 2009; SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)
MODELO DE LEITURA (PLAUT et al., 1996)

Semântica

Ortografia Fonologia
(SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)
ACHADOS DE AVALIAÇÃO DE
PROCESSAMENTO FONOLÓGICO

- Limitação da memória de trabalho – déficits de CF


e Desempenho de leitura abaixo em relação ao
grupo classe (persistente).
- Dificuldade na formação da Memória de Longa
Duração.
- Dificuldade em estabelecer domínio em:
multiplicação, aprendizagem de língua
estrangeira.
(CHRISTO; DAVIS; BROCK, 2009; SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)
ACHADOS DE AVALIAÇÃO DE
PROCESSAMENTO FONOLÓGICO

- Dificuldades com a MT verbal: lembrar números,


sequências de palavras; sentenças longas.
- Dificuldade em encontrar a palavra e
vocabulário escasso.
- Dificuldades em repetição de pseudopalavras.
- Lentidão em provas de nomeação rápida.

(CHRISTO; DAVIS; BROCK, 2009; SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)


GERMANO; CAPELLINI, 2011
Provas Grupo (N=134) Média Valor (p)

Dislexia (n=20) 12,15


TA (n=20) 10,60
CgS 0,001*
DA (n=20) 12,80

Bom leitor (n=74) 13,70

Dislexia (n=20) 9,70


TA (n=20) 9,85
SAS 0,152
DA (n=20) 9,55

Bom leitor (n=74) 9,84

Dislexia (n=20) 11,85


TA (n=20) 10,20
IS < 0,001*
DA (n=20) 12,25

Bom leitor (n=74) 14,14


GERMANO; CAPELLINI, 2011

Provas Grupo (N = 134) Média Valor (p)


Dislexia (n = 20) 4,50
TA (n = 20) 2,65
R < 0,001*
DA (n = 20) 4,55
Bom leitor (n = 74) 6,23
Dislexia (n = 20) 4,70
TA (n = 20) 2,65
A < 0,001*
DA (n = 20) 6,35
Bom leitor (n = 74) 8,43
GERMANO; CAPELLINI, 2011

Provas Grupo (N = 134) Média Valor (p)


Dislexia (n = 20) 8,35
TA (n = 20) 5,35
DS < 0,001*
DA (n = 20) 11,00
Bom leitor (n = 74) 13,68
Dislexia (n = 20) 5,35
TA (n = 20) 3,15
CbS < 0,001*
DA (n = 20) 8,50
Bom leitor (n = 74) 13,50
GERMANO; CAPELLINI, 2011

Provas Grupo Média Valor (p)

Dislexia (n = 20) 12,15

TA (n = 20) 10,60
CgF < 0,001*
DA (n = 20) 12,80

Bom leitor (n = 74) 13,70

Dislexia (n = 20) 7,95

TA (n = 20) 6,10
SAF < 0,001*
DA (n = 20) 8,65

Bom leitor (n = 74) 9,68

Dislexia (n = 20) 6,70

TA (n = 20) 3,95
< 0,001*
IF DA (n = 20) 7,50

Bom leitor (n = 74) 11,65


GERMANO; CAPELLINI, 2011

Provas Grupo Média Valor (p)


Dislexia (n = 20) 7,15
TA (n = 20) 4,70
DF < 0,001*
DA (n = 20) 11,00
Bom leitor (n = 74) 13,24
Dislexia (n = 20) 2,10
TA (n = 20) 1,75
CbF < 0,001*
DA (n = 20) 5,85
Bom leitor (n = 74) 12,18
Tema 03
Manifestações em
leitura e escrita

Dra. Giseli Donadon Germano


ACHADOS DE AVALIAÇÃO DE LEITURA
- Desempenho abaixo do esperado para idade e ano
escolar (testes padronizados).
- Leitura lenta e silabada (dificuldade em decodificação) e
sem acurácia.
- Substituições surdo-sonoras.
- Falha em palavras de baixa frequência e
pseudopalavras.
- Dificuldade para compreender o texto lido.
- Beneficiam-se pelo contexto!

(DEUSCHLE; CECHELLA, 2009; SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)


OLIVEIRA; CARDOSO; CAPELLINI, 2012

Provas média valor de p Provas média valor de p


DISLEXIA 16,95 7,45
LP TA 12,7 CO 3,95
Bom desempenho 29,25 < 0,001* 11,85 < 0,001*
DISL 14,2 5,65
LPP TA 11,7 CT 2,15
Bom desempenho 27,2 < 0,001* 13,55 < 0,001*
ACHADOS DE AVALIAÇÃO DE ESCRITA

- Escrita de palavras com substituição e omissão de grafemas.


- Alteração na segmentação.
- Persistência do apoio da oralidade na escrita.
- Erros de reversão, inversão e transposição, gerando confusão
na ordem de sílabas.
- Adição de grafemas e ausência ou presença inadequada de
acentuação.
- Dificuldade na produção textual nos níveis ortográficos e
estruturais.

(ZORZI, 2003; BATISTA; CAPELLINI, 2011).


Tema 04 – Subtipos

Dra. Giseli Donadon Germano


SUBTIPOS DE DISLEXIA

 Dislexia auditiva ou fonológica: déficit na


consciência fonológica e processamento auditivo.

 Dislexia superficial ou Diseidética: déficit no


processamento visual da informação

 Dislexia mista.

(GALABURDA; CESTNICK, 2003; SNOWLING; STACKHOUSE, 2013)


SUBTIPOS DE DISLEXIA
Avaliações de processamento fonológico e visual:

• PROHFON (GERMANO, 2011): 12 provas (5 provas


fonêmicas e 5 provas silábicas – Contagem, Síntese e Análise,
Identificação, Deleção, Combinação – além das provas de Rima e
Aliteração.

• Teste de Habilidades Percepto-Visuais – TVPS-3


(MARTIN, 2006): composto pelo seguinte conjunto de provas:
discriminação visual, memória visual, relação viso-espacial,
constância de forma, memória sequencial visual, figura e fundo
visual e closura visual.

(GERMANO; CAPELLINI, 2013)


SUBTIPOS DE DISLEXIA

PROHFON

(GERMANO; CAPELLINI, 2013)


SUBTIPOS DE DISLEXIA

TVPS-3

(GERMANO; CAPELLINI, 2013)


SUBTIPOS DE DISLEXIA

Classificação

(GERMANO; CAPELLINI, 2013)


SUBTIPOS DE DISLEXIA

Conclusão:

- Heterogeneidade da dislexia de desenvolvimento.

- Resultados deste estudo indicam a necessidade de uma


melhor investigação dos escolares com dislexia do
desenvolvimento a fim do estabelecimento de um
diagnóstico preciso e diferencial, o que favorecerá o
planejamento de estratégias interventivas clínicas e
educacionais.
(GERMANO; CAPELLINI, 2013)
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION [APA]. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V (5ª
ed). Editora: Artmed. 2014

BATISTA, A. O; CUNHA, V. L. O.; GERMANO, G. D. Relação linguagem escrita, fonologia e problemas de aprendizagem.
In: Tópicos em Transtornos de Aprendizagem. 1 ed., v.1. São José dos Campos-SP: Pulso Editorial, 2011, p. 40-52.

BATISTA A. O.; CAPELLINI SA. Desempenho ortográfico de escolares de 2º ao 5º ano do ensino privado do município
de Londrina. Psicologia e Argumento, v. 29, n. 67, out./dez., 2011

CHRISTO, C.; DAVIS, J.; BROCK, S.E. Identifying, Assessing, and Treating Dyslexia at School. Springer, 2009.

DEUSCHLE, V.P.; CECHELLA, C.. O déficit em consciência fonológica e sua relação com a dislexia: diagnóstico e
intervenção. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 11, supl. 2, 2009 .

GALABURDA, A.M. et al. Developmental dyslexia: four consectuvie patients with cortical abnormalities. Annals of
neurology, n. 18, p.222-233, 1985.

GALABURDA, A. M.; CESTNICK, L. Dislexia del desarrollo. Revista de Neurologia, v. 36, supl. 1, p. s3-s9, 2003.

GERMANO, G. D.; CAPELLINI, S. A. Desempenho de escolares com dislexia, transtornos e dificuldades de


aprendizagem em provas de habilidades metafonológicas. J Soc Bras Fonoaudiologia, v. 23, n. 2, p. 135-41, 2011.
Referências
GERMANO, G. D.; CAPELLINI, S. A. Subtipos de dislexia do desenvolvimento: caracterização e classificação a
partir de provas metafonológicas e de percepção visual In: Dislexia: novos temas, novas perspectivas. 1. ed., v. 2.
Rio de Janeiro: WAK Editora, 2013, p. 243-256.
LYON, R.; SHAYWITZ, S.; SHAYWITZ, B. Defining dyslexia, comorbidity, teachers’ knowledge of language and
reading. Annals of dyslexia, v. 53, 2003.
OLIVEIRA, A. M.; CARDOSO, M. H.; CAPELLINI, S. A. Caracterização dos processos de leitura em escolares com
dislexia e distúrbio de aprendizagem. Rev. soc. bras. fonoaudiol., v. 17, n. 2, 2012.
PEYRIN, C.; et al. Neural dissociation of phonological and visual attention span disorders in developmental
dyslexia: FMRI evidence from two case reports. Brain and Language, v. 120, n. 3, p. 381–394, 2012.
SHAYWITZ, S. Overcoming Dyslexia: A New and Complete Science-Based Program for Reading problems at any
level. Knopf Doubleday Publishing Group, 2005.
SNOWLING,M. J.; STACKHOUSE, J. Dyslexia, Speech and Language: A Practitioner's Handbook. John Wiley &
Sons, 2013.
ZORZI, J. L. Aprendizagem e distúrbio da linguagem escrita: questões clínicas e educacionais. Porto Alegre:
Artmed, 2003.

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