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net/publication/265000149
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Marcelo Nicolai
Agrocon Assessoria Agronómica LTDA
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All content following this page was uploaded by Saul Jorge Pinto de Carvalho on 12 September 2014.
1. INTRODUÇÃO
até a véspera da semeadura, no entanto a aplicação dos produtos deve ser feita logo em
seguida a última gradagem, para evitar que as plantas daninhas iniciem o processo de
germinação o que pode reduzir a eficácia no controle. Ambos os herbicidas são graminicidas,
atuam nas zonas de crescimento das plantas e precisam estar próximos às sementes no início
da germinação. Têm ação mais efetiva sobre poáceas, porém também têm ação sobre
algumas dicotiledôneas importantes.
Uma exigência fundamental para se ter bom resultado em aplicações realizadas na pré-
emergência da cultura é a necessidade de umidade no solo, favorecendo a solubilização do
composto, o que permite sua distribuição numa fina camada superficial protegida contra
fatores adversos do ambiente (Beltrão & Azevêdo, 1994). Caso essa exigência de umidade
não seja atendida, podem ocorrem perdas significativas por fotodegradação, volatilização e ou
arrastamento pelo vento (erosão eólica).
Deve-se ressaltar que a seletividade de herbicidas aplicados em pré-emergência é devida,
dentre outros, a três fatores: metabolismo da molécula pela cultivar, dose e posicionamento no
solo. Sabe-se que o metabolismo é uma característica do material genético utilizado e o
produtor após a escolha da semente a ser utilizada pouco pode fazer. O posicionamento do
herbicida no solo, quando não incorporado, é conseqüência dos teores de água disponíveis no
instante da aplicação e, no caso de áreas irrigadas, da lâmina de irrigação utilizada. Assim
sendo, o fator de mais fácil manipulação, sem dúvida, é a dose. A escolha da dose deve ser
feita de forma criteriosa, considerando-se a granulometria do solo e, principalmente, o teor de
matéria orgânica, pois são estas particularidades de cada solo que determinarão a facilidade de
posicionamento do herbicida no perfil. Em geral, solos mais argilosos permitem a adoção de
maiores doses enquanto nos solos arenosos as doses são reduzidas.
Os herbicidas pré-emergentes utilizados na cultura do algodão, isolados ou em mistura, são:
alachlor, clomazone, cyanazine, diuron, linuron, oxadiazon, oxyfluorfen, pendimethalin e s-
metolachlor. Alguns desses herbicidas controlam gramíneas, outros folhas-largas e, ainda, há
os que controlam ambas. Para a adoção do clomazone, nesta forma de aplicação, as sementes
do algodão devem ser previamente tratadas com o inseticida fosforado disulfoton ou este
precisa ser aplicado ao solo no sulco de semeadura. O inseticida age como “safener”,
conferindo seletividade do clomazone à cultura.
Outra característica de importância relacionada com o clomazone diz respeito à manutenção
de, pelo menos, 800m entre a área aplicada e culturas sensíveis ao produto como a cultura do
milho, girassol, ornamentais e algumas frutíferas. Isso se deve à elevada pressão de vapor da
molécula, da ordem de 1,4x10-4 mmHg, que condiciona a volatilização do herbicida à forma
gasosa e permite que o mesmo seja transportado pelo vento, de forma a causar danos às
culturas adjacentes. Este fenômeno é particularmente importante em dias com baixa umidade
atmosférica e elevada temperatura do ar, ocasiões em que as aplicações não devem ser
realizadas.
Assim como a aplicação de trifluralina em condição de pré-plantio incorporado, a adoção de
herbicidas do grupo químico das cloroacetanilidas, em condição de pré-emergência da cultura,
também prevê a aplicação logo após a última atividade de preparo do solo. Os herbicidas
alachlor e s-metolachlor devem ser aplicados em até, no máximo, cinco e um dias,
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com prejuízo no transporte de fotoassimilados da parte aérea para as raízes, podendo, ou não,
afetar o crescimento/desenvolvimento e posterior produtividade.
O diuron é um dos herbicidas de maior utilização no controle de plantas daninhas na cultura
de algodão, tanto sozinho ou em mistura com outros herbicidas. O algodoeiro, quando
comparado a outras espécies, é considerado resistente ao diuron (Beltrão et al., 1983). Smith
& Sheets (1967) mostraram que existe metabolismo diferencial do monuron e diuron entre as
várias espécies e isso reflete nas diferenças na suscetibilidade entre elas. Contudo, a tolerância
do algodoeiro para os autores parece estar relacionada com a absorção diferencial, já que uma
vez absorvido os herbicidas são rapidamente translocados as folhas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que a principal forma de controle das plantas daninhas nas áreas agrícolas é a
própria cultura. Uma cultura bem conduzida, corretamente adubada, plantada no período
certo, proveniente de boa semente, enfim, conduzida de forma competente será uma cultura
vigorosa, que se desenvolverá bem e rapidamente e o principal: apresentará uma maior
competitividade às plantas daninhas, haja visto que já está ocupando o ambiente; a isto se dá o
nome de dianteira competitiva.
Sendo assim, os métodos de manejo químico apresentados devem visar apenas o auxílio no
controle das plantas daninhas até o final do período crítico de competição, pois após essa fase
a cultura deve ser capaz de dominar o ambiente, principalmente pela ação do sombreamento,
ganhando o processo competitivo e reduzindo o potencial reprodutivo das plantas daninhas.
Observa-se que apenas o uso de herbicidas não é a solução para o problema. Existem outras
alternativas e métodos de controle que possuem reconhecida eficiência e que deveriam ser
resgatados para auxiliar a prática química, pois considera-se que o emprego de diferentes
estratégias de controle no manejo da comunidade infestante implica em mais eficiência e
economia para o sistema como um todo.
Cada prática cultural está relacionada com as demais e nada deve ser feito
isoladamente, sem pensar num conjunto de ações que possibilitem um melhor controle das
plantas daninhas. Para cada sistema de cultivo há diversas possibilidades de combinar
métodos diferentes, no entanto, o objetivo almejado é o de alcançar a máxima eficiência com
o menor custo possível. Por exemplo, estudar a exeqüibilidade de um sistema de manejo
integrado de plantas daninhas, nos mesmos moldes do MIP (manejo integrado de pragas) que
é comumente utilizado na cultura do algodão.
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6. LITERATURA CITADA
BELTRÃO, N.E.M. Manejo e controle de plantas daninhas em algodão. In.: VARGAS, L.;
ROMAN, E.S. (Eds.). Manual de manejo e controle de plantas daninhas. Bento
Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2004. p.215-250.
BELTRÃO, N.E.M; AZEVÊDO, D.M.P. Controle de plantas daninhas na cultura do
algodoeiro. Campina Grande: Embrapa Algodão, 1994. 154p.
BELTRÃO, N.E. de M.; DA SILVA, J.F.; DA SILVEIRA, A.J.; SEDIYAMA, C.S; DA
COSTA, L.M.; OLIVA, M.A. Resistência de espécies e cultivares de algodão (Gossypium
spp.) ao herbicida diuron. Planta daninha, v.1, p.72-78, 1983.
CARVALHO, J.C. Mecanismo de ação dos herbicidas e sua relação com a resistência a
herbicidas. In.: CHRISTOFFOLETI, P.J. (Coord.). Aspectos de resistência de plantas
daninhas a herbicidas. 2ª Ed. Campinas: Associação Brasileira de Ação a Resistência de
Plantas aos Herbicidas (HRAC-BR), 2004. p.23-48.
CONSTANTIN, J. Métodos de Manejo. In.: OLIVEIRA Jr., R.S.; CONSTANTIN, J.
Plantas daninhas e seu manejo. Guaíba: Agropecuária, 2001. p.103-122.
DEUBER, R. Ciência das plantas infestantes. Campinas, 1997. 285p.
PROCÓPIO, S.O.; SANTOS, J.B.; SILVA, A.A.; PIRES, F.R.; RIBEIRO JÚNIOR, J.I.;
SANTOS, E.A.; FERREIRA, L.R. Seleção de plantas com potencial para fitorremediação de
solos contaminados com o herbicida trifloxysulfuron sodium. Planta Daninha, v.22, n.2,
p.315-322, 2004.
SMITH, J.W.; SHEETS, T.J. Uptake, distribution and metabolism of monuron and diuron by
several plants. J. Agr. Food Chem., v.15, p.577-581, 1967.
WAX, L.M. Weed Control. In: Caldwell, B.E. (ed.) Soybean improvement production and
uses. Madison, Amer.Soc.of Agron. p.417 - 457, 1973.