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A CONSTITUIÇÃO DE UM LEGADO:
O CONTINENTE DAS LAGENS, DE LICURGO COSTA
Florianópolis
2017
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3
4
5
Dedico:
GRATIDÃO
bastidores desta tese. Corro o risco de alguns não nomear, não por
descaso, mas pelo acaso das fugas que a memória comete.
Para as linhas humanas que constituem a minha colcha de
vivências, reservo um espaço ímpar aos que adentraram nessa trajetória
via UDESC, espaço marcado por profundas amizades e transformação,
aprendizados que protagonizam a minha vida. As memórias são as mais
felizes. Foi lá na antiga Faed, no prédio que hoje é o Museu da Escola,
que entendi que pesquisar sobre Lages seria o meu caminho. Registro
minha gratidão a todos os professores, cada um com suas subjetividades
compartilhadas na ação da docência. Agradeço os apontamentos da
professora Janice Gonçalves no exame de qualificação desta tese,
sempre dedicada e atenta. Na construção de minhas escolhas, há aqueles
que ocupam uma posição irreversível e de inestimável valor: o professor
Norberto Dallabrida, a personificação do comprometimento,
generosidade e profundidade acadêmica, a minha referência. Não
poderia deixar de registrar toda a minha gratidão à professora Maria
Teresa Santos Cunha, cuja participação nesta banca de tese é resultado
da forma exemplar como organizava suas aulas e a sensibilidade
dedicada a mim. Foi sua forma de atuar que despertou em mim “um
gosto” pela escrita da história.
Agradeço imensamente à UFSC, instituição pública onde realizei
meu curso de mestrado e doutorado. Nesse espaço, fiz também amizades
de grande valor. Agradeço à minha orientadora, a professora Letícia
Nedel, pela orientação criteriosa e pela generosidade em me acolher em
um momento de transição da minha trajetória na UFSC. Suas
contribuições firmes, lúcidas e consistentes se configuram em uma
grande força que deu a esta tese um caminho. À professora Maria de
Fátima Fontes Piazza, pela generosidade e carinho na leitura realizada e
pelas contribuições sempre pertinentes. Ao professor Paulo Pinheiro
Machado, pelo exemplo sólido de seriedade, conhecimento e ação. À
professora Aline da Silveira e a todo o seu clã, viva a amizade, o vinho e
as lembranças do ano de 2010. Agradeço também ao amigo Felipe
Matos, sempre generoso.
Aos amigos de Lages, Carla Souza, Eveline Andrade, meninas
fortes do Museu Thiago de Castro, companheiras de todas as jornadas.
À Janaina Maciel, pela amizade, confiança e inestimável ajuda com as
fontes. Ao Fabiano Garcia, amigo da UFSC e de Lages, uma das mentes
mais lúcidas, um apaixonado por “desconfortar” a história de Lages e
que o faz com competência singular.
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tão maravilhosos para serem vividos. Por todas as coisas tão simples,
fortes e cotidianas compartilhadas com tanto amor. Nesse caminho,
fizemos a sua tese, agora, a minha, ou como você um dia disse: as
nossas. Muito mais que tudo isso, o nosso João, uma escolha e um
presente para além de todas as palavras aqui escritas neste exercício de
gratidão.
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RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .....................................................................................21
Apresentação do Problema de pesquisa ...........................................21
Metodologia ....................................................................................34
As fontes ..........................................................................................37
Estrutura da tese ...............................................................................40
REFERÊNCIAS ..................................................................................237
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21
INTRODUÇÃO
1
Jornalista e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.
22
2
Em seus estudos, a pesquisadora Luciana Quilet Heymann refere-se a “legado”
como um investimento social por meio do qual uma determinada memória
individual é tomada exemplar ou fundadora de um projeto político, social,
ideológico, etc. Cabe assinalar que a produção de um legado e a fundação de um
lugar de memória dedicado a recuperá-lo estão submetidas a condições diversas,
tal como ocorre no processo de produção de arquivos pessoais. Em primeiro
lugar, dependerão da ação de sujeitos que expressem essa “necessidade” de
recuperar esses legados, que sejam porta-vozes do risco do esquecimento, da
“dívida” com a memória desses personagens, da importância dessa recuperação
para a “memória nacional”, categoria na qual se incluem os legados e os objetos
que os simbolizam. In: HEYMANN, Luciana. De “arquivo pessoal” a
“patrimônio nacional”: reflexões acerca da produção de “legados”. Rio de
Janeiro: CPDOC, 2005, p. 1. A produção de um “legado” depende e muito dos
lugares ocupados por esses sujeitos responsáveis por esse processo de produção,
os quais mobilizam recursos sociais e políticos em prol de um projeto de
produção de “legado”. Licurgo Costa, ao retornar para Santa Catarina, foi um
“agente” da produção do legado de seus familiares.
3
Solicitaram-se ao Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina as atas da
instituição referentes à década de 1970. A intenção era identificar as condições
mencionadas pelos então sócios para realizar o convite a Licurgo Ramos da
Costa, a fim de que ele se tornasse sócio. Esses documentos são
disponibilizados somente para os sócios, de modo que não foi possível acessá-
los. No entanto, outros documentos estão disponíveis, como textos, recortes de
jornais, entre outros, citados no arrolamento das fontes pesquisadas para a
realização desta tese.
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4
Bandeirante paulista representante da Coroa portuguesa, responsável por
fundar a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens, em 1766.
24
5
Para compreender essa noção de “monumento”, cabe apropriar-se das
contribuições de Jacques Le Goff, quando afirma que “a memória coletiva e sua
forma científica, a história, aplicam-se a dois tipos de materiais: os documentos
e os monumentos. De fato, o que sobrevive não é o conjunto daquilo que existiu
no passado, mas uma escolha efetuada quer pelas forças que operam no
desenvolvimento temporal do mundo e da humanidade, quer pelos que se
dedicam à ciência do passado e do tempo que passa, os historiadores” (LE
GOFF, 2003, p. 525). Neste sentido, compreende-se O continente das Lagens
como um monumento que resulta de uma operação de forças sociais e históricas
para celebrar memórias.
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6
COSTA, Licurgo Ramos. Cidadão do Mundo. Rio de Janeiro: Livraria José
Olympio, 1942.
7
COSTA, Licurgo Ramos; VIDAL, Carlos. História e Evolução da Imprensa
Brasileira. Rio de Janeiro: Comissão dos Centenários de Portugal, 1940.
8
COSTA, Licurgo Ramos. Uma nova política para as Américas. São Paulo:
Livraria Martins, 1960.
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9
Idem. Conferência Interamericana de municípios. Rio de Janeiro: Observador
Econômico, 1942.
10
Idem. Panorama del Brasile. Roma: Nardine, 1950.
11
COSTA, Licurgo Ramos. O Brasil e o mercado italiano. Rio de Janeiro:
Livraria São José, 1951.
12
Idem. O café brasileiro no mercado espanhol. Madrid: States Editorial, 1957.
13
BRISTOW, Gwen. A Rua das Vaidades. Trad. de Licurgo Ramos Costa. Rio
de Janeiro: Livraria José Olympio, 1943.
14
Escritora norte americana nascida em Carolina do Sul, Estados Unidos.
15
COSTA, Licurgo Ramos. Otacílio Costa, uma vida a serviço da comunidade.
Lages: Edição do autor, 1983.
16
Idem. Lages comércio e desenvolvimento de uma cidade. Lages: Senac, 1985.
17
Idem. Um Cambalacho Político. Florianópolis: Lunardelli, 1987.
18
Idem. Ensaio sobre a vida de Lindolfo Collor. Florianópolis: Lunardelli,
1990.
19
Idem. O Embaixador de Ariel. Florianópolis: Insular, 1999.
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20
De certa forma o ambiente familiar, o processo de escolarização, a vida como
jornalista no Rio de Janeiro e a carreira no Itamaraty foram permeados por esse
“Ethos cosmopolita”. Algumas referências de leitura colaboram para refletir
sobre esse “ethos” na formação dos jovens oriundos das elites.
Exemplos:ALMEIDA, Ana Maria F. & NOGUEIRA, Maria Alice (orgs). A
escolarização das elites:um panorama internacional da pesquisa. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2002; GARCIA Jr. Afrânio. “Les Intellectuels et la Conscience
Nationale au Brésil.” Actes de La Recherche en Sciences Sociales, nº 98, juin
1993, p. 20-33
28
21
Livro sobre as disputas territoriais entre os estados do Paraná e Santa
Catarina, um dos motivos relacionados à Guerra do Contestado (1912-1916).
22
A análise dos dados acerca dessa produção se encontra no 4º capítulo desta
tese.
29
23
Mário Antônio da Silva Pereira, nascido em Porto Alegre, embora formado
em direito, atuou mais como jornalista e escritor. Mudou-se para Santa Catarina
em meados da década de 1980. Foi um dos pioneiros na implantação do jornal
Diário Catarinense, e era colaborador fixo da coluna de cultura do mesmo
jornal. Tornou-se sócio da Academia Catarinense de Letras em 2009, vindo a
falecer em julho de 2014.
30
24
Trata-se especialmente dos políticos que eram também jornalistas em Lages,
que escreveram artigos publicados nos jornais da cidade em diferentes épocas.
A circulação dessa produção ficou restrita à região de Lages, com exceção de
Otacílio Costa, que participou do I Congresso Catarinense de História em 1948,
assunto abordado no 1º capítulo desta tese. Licurgo Costa utilizou essas
publicações como fonte de pesquisa.
31
25
NORA, Pierre. Entre Mémoire e Histoire. La problemátique dês Lieux. In:
Les lieux de mémoire. Vol I. Paris: Gallimard, 1984,p.xvii.
26
Licurgo menciona outros grupos sociais no Continente, sem deter-se a uma
investigação mais detalhada.
27
Neste estudo, a autora propõe nomear, como mediadores culturais, sujeitos
que realizam determinadas operações culturais, sendo seus diversos tipos de
32
ação designados como práticas de mediação cultural. Observa que essas práticas
podem ser exercidas por um conjunto diversificado de atores. In: GOMES,
Angela de Castro; HANSEN, Patrícia Santos (Orgs). Intelectuais Mediadores:
práticas culturais e ação política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016, p.
9.
28
Mencionados no 1º capítulo desta tese.
33
29
“Sistema de disposições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a
funcionar como estruturas estruturantes, isto é, como princípio gerador
estruturador das práticas e representações que por ser objetivamente regulado e
reguladores sem ser produto da obediência e regras, objetivamente adaptadas a
seu fim sem supor a intenção consciente dos fins e o domínio expresso das
34
Metodologia
As fontes
31
Advogado e escritor e membro da Academia Catarinense de Letras.
32
“A escrita auto-referencial ou escrita de si integra um conjunto de
modalidades do que se convencionou chamar de produção de si no mundo
moderno ocidental. Essa denominação pode ser mais bem entendida a partir da
idéia de uma relação que se estabeleceu entre o indivíduo moderno e seus
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Estrutura de tese
CAPÍTULO 1
O LUGAR DE NASCIMENTO: FAMÍLIA E ESCOLARIZAÇÃO
36
A utilização da palavra “esboço” remete diretamente às contribuições da obra
Esboço de auto-análise, de Bourdieu (2005). Nesse estudo, o sociólogo toma
sua trajetória como objeto de reflexão a partir de seus próprios conceitos,
procurando objetivar a si mesmo. É possível observar o quanto as contradições
e tensões na formação do Habitus de Bourdieu são fomentadoras do seu modo
de fazer pesquisa e também da escolha de seus objetos. Desta forma, entende-se
46
1.1 O AGRESTE
43
Vale registrar que ainda durante o período imperial, em 1883, a família
Ramos decidiu lançar dois de seus filhos na política. Primeiro, Belizário, que foi
candidato a deputado provincial, mas fez apenas dois votos entre os 245
eleitores votantes. Nas eleições de 1885 para a Assembleia Provincial de Santa
Catarina, foi lançada a candidatura de Vidal Ramos Júnior, eleito
51
irregularmente, pois ele tinha 19 anos, sendo que a idade mínima exigida era de
21 anos. Chegou a ser o 2º secretário da Casa em 1887. Após a derrota nas
eleições de 1883, Belizário Ramos foi nomeado Delegado de Polícia de Lages e
em 1886 concorreu à Câmara Municipal de Lages, ganhando para o quadriênio
1887-1890. Já nas eleições para a Assembleia Provincial de Santa Catarina em
1888, os dois irmãos concorreram por Lages. Com 115 votos, Vidal Ramos foi
o mais votado, enquanto Belizário teve apenas um voto. Nas eleições para a
Assembleia Legislativa Provincial, desde 1881 venciam os conservadores. No
pleito para o biênio 1888-1889, venceram os liberais, e por causa disso, houve
retaliações que atingiram os dois filhos do Velho Vidal Ramos. O deputado
Vidal Ramos foi afastado da Assembleia, enquanto que o Delegado Belizário
foi exonerado da Polícia de Lages. Em 1890, para tentar conciliar a situação
entre os liberais e os conservadores, Lauro Müller nomeou para a delegacia de
Lages e a intendência dois republicanos do Partido Federalista. Nas eleições de
1892, Belizário foi eleito vereador de Lages, assumindo a presidência da
Câmara e a administração municipal. Vidal Ramos Júnior foi eleito deputado
constituinte no Estado em 1894 e representante de Lages no Congresso Estadual
para as legislaturas 1894-1895 e 1896-1897. Cf. VANALI, Ana Christina.
Apontamentos iniciais para estudos genealógicos das famílias históricas e
políticas da Região do Contestado (1880-1970). Revista Nep (Núcleo de
Estudos Paranaenses), Curitiba, v. 2, n. 2, p. 170-203, maio de 2016.
44
Formou-se em direito pela tradicional faculdade de São Paulo em 1909. Em
Santa Catarina, foi deputado estadual, governador nos anos 1930 e interventor
no Estado Novo. Foi Presidente da República entre o final de 1955 e o começo
de 1956, momento em que a UDN, derrotada nas eleições de 1955, não aceitava
a vitória de Juscelino Kubitschek. Para evitar um golpe, a Assembleia
Constituinte e mais alguns militares designaram o presidente do Senado, Nereu
Ramos, para assumir o posto de Presidente e assim garantir a posse de
Juscelino.
45
Para analisar como se deu a Proclamação da República em terras catarinenses,
são pertinentes as contribuições do estudo realizado pelo historiador Felipe
Carlos Oliveira em sua Dissertação de Mestrado intitulada Aclamação da
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46
MATOS, Felipe. Armazém da Província: Vida literária e Sociabilidades
Intelectuais em Florianópolis na Primeira República. Tese apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa
Catarina, 2014.
47
O historiador Carlos Humberto Corrêa cita essa carta em seu livro: Lições de
Política e Cultura: a Academia Catarinense de Letras, sua criação e relações
55
48
Lages foi fundada em meados do século XVIII pelo bandeirante paulista
Antônio Correia Pinto de Macedo. O motivo da fundação esteve profundamente
relacionado com a necessidade de proteger as terras da colônia portuguesa,
especialmente as do Sul, constantemente ameaçadas pelos domínios espanhóis.
A configuração da região possibilitou o desenvolvimento de atividades
econômicas voltadas à criação de gado e muares. A maior parte dos primeiros
moradores desenvolveu seu trabalho nesse setor econômico (BOGACIOVAS,
1989).
49
O historiador Élio Serpa, ao analisar a reformulação das condutas e das
práticas sociais em Lages durante a Primeira República, aponta que a elite local
adotou práticas em sintonia com os desejos de uma educação que
proporcionasse códigos de civilidade apropriados também às condutas do
espaço público e político. “De forma que os filhos e filhas das elites lageanas
ligadas à pecuária, ao comércio e até de profissionais liberais investiram na
formação educacional destes e, então escolhiam o colégio Nossa Senhora da
Conceição para os rapazes e o colégio São José para as meninas (SERPA, 1996,
p. 18-19).
57
50
O viajante alemão Robert Ave-Lallemant passou por Lages em meados do
século XIX e denominou a cidade como um “ninho”.
51
“Podemos observar em Lages, desde o início do século XX, a presença do
discurso da modernidade e da mudança. Reformas e novas normas irão
imprimir-lhe novo delineamento. A partir daí, esses espaços são não apenas
delimitados, mas também configurados e delineados conforme a existência dos
diversos grupos, mormente criando espaços privilegiados para a elite. Vive-se,
pois, com o advento da República, o período de redefinição do papel da cidade e
de sua proeminência na região, de constituição da cidade como lócus do poder
político (embora não desvinculado da terra). Assim, as ações da cidade
perpassam a criação de novos espaços de sociabilidade para a elite, ações no
espaço intermediário, de controle dos grupos populares, de modificação dos
padrões de comportamento, de criação de signos e símbolos que representem
este novo tempo” (PEIXER, 2002, p. 42-55).
58
52
Para constar alguns que, ao retornarem para Lages, ocuparam funções
públicas em Santa Catarina: Vidal José de Oliveira Ramos, João de Castro
Nunes, Caetano Costa, Sebastião da Silva Furtado, Joaquim de Oliveira Costa,
Manoel Thiago de Castro, Caetano Vieira da Costa, Adalberto Belizário Ramos,
João Batista Rosa, Otacílio Vieira da Costa, Herculano Edmundo Furtado,
Indalécio Domingos de Arruda, Walmor Argemiro Ribeiro, Joaquim de Oliveira
Waltrick, Paulino de Athaíde, Bebiano Rodrigues Lima, José Ribeiro Castelo
Branco, Cândido de Oliveira Ramos, Mario Vieira da Costa, Nereu Fiuza de
Oliveira Ramos, Aristiliano Laureano Ramos (SERPA, 1996). Vale ressaltar
que o historiador Élio Serpa utiliza, como fonte de pesquisa, O continente das
Lagens para identificar esses nomes que estudaram no Ginásio Nossa Senhora
da Conceição, em São Leopoldo no Rio Grande do Sul.
59
53
“De 1870 a 1910, em quatro decênios de vida lageana, o pai de Otacílio Costa
teve uma atuação intensa e ininterrupta, nas suas atividades culturais, políticas e
sociais. Incentivador do amadorismo teatral, construiu o teatro São João, depois
60
adquirido pelo município e foi fundador, com uns poucos amigos, das
sociedades teatrais ‘Perseverança’ e ‘Phoenix Lageana’. Colaborou, como
redator e financiador no primeiro jornal da cidade, ‘O Lageano’ fundado em 14
de abril de 1883. Deixou um livro manuscrito - Reminiscências - em que relata
a vida política do município desde 1880 a 1900” (COSTA, 1983, p. 12).
54
De acordo com a apresentação elaborada pelo então presidente do IHGSC,
Carlos Humberto Côrrea, sobre a referida coleção: “O objetivo da Coleção
Catariniana editada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina é
divulgar originais guardados por instituições e famílias - e por elas mesmas,
muitas vezes esquecidos e, portanto desconhecidos do grande público, mas que
pelo caráter memorialista de cada um mostra as ciências histórica e geográfica
como reflexo característico de uma época e da personalidade que a escreveu”
(CORRÊA apud COSTA, 2003, p. 1).
61
55
Os irmãos José Arthur Boiteux (1865-1934) e Lucas Alexandre Boiteux
(1880-1966) foram intelectuais de projeção em Santa Catarina na virada dos
séculos XIX e XX. José foi fundador de instituições como a Faculdade de
Direito, do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e da Academia
Catarinense de Letras. Lucas foi Almirante da Marinha e escreveu muitas obras
sobre a história de Santa Catarina. Os acervos pessoais dos irmãos encontram-se
sob a guarda do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (CUNHA,
2008, p. 112).
63
56
Letícia Bicalho Canêdo, doutora em Ciência Política e professora da
Unicamp, publicou um artigo intitulado “Caminhos da Memória Parentesco e
Poder”, no qual analisa os mecanismos de transmissão de um patrimônio
político familiar e as relações entre família, sociedade e poder local.
57
De modo geral, a singularidade dos homens públicos da Primeira República
estava ligada à sua condição letrada, pois eram homens de letras, condição que
representava um importante bem simbólico, cujo capital social muitas vezes
ultrapassava o financeiro.
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58
Foi após a Revolução de 30, que ele mais se dedicou às pesquisas históricas e
criou, na imprensa local, começando pelo “O Planalto”, de Anibal Ataide, uma
coluna sob o título de “Lages de Outrora”. Ali, semanalmente, divulgava os
resultados de suas garimpagens pelos arquivos lageanos e pela memória dos
mais velhos. Não teve, porém a preocupação de dar sequência cronológica as
suas crônicas, escrevendo-as segundo o material ia colhendo ou em atenção a
pedidos que recebia dos seus leitores. Entretanto, pelo número elevado de
crônicas escritas, cerca de quatrocentas, é possível quase completar-se uma
biografia de Lages, a partir da chegada de Correia Pinto, até mais ou menos
1930. Com o desaparecimento de “O Planalto”, “Lages de Outrora” passou a ser
publicada no “Guia Serrano”, até pouco antes do falecimento de Otacílio Costa
(COSTA, 1983, p. 32).
72
59
Na mesma pasta consta o convite que Otacílio Costa recebeu de Henrique
Fontes para participar do evento. Não se sabe a data em que Licurgo arquivou
esses recortes.
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60
GUIMARÃES, Manoel Luís Salgado. Nação e civilização nos trópicos: o
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional.
Estudos Históricos, Rio de Janeiro, n.1, 1998.
61
No mesmo espaço há uma estátua do primo Nereu Ramos e uma escola com o
nome de outro primo, desafeto político de Nereu, Aristiliano Ramos, tio de
Licurgo.
75
Lages, 10/12/1978
Meu caro Nereu Corrêia,
Muitíssimo obrigado pelo seu “Paulo Setúbal”.
Gostei horrores como diz a moçada de hoje. Santa
Catarina estava a dever uma grande homenagem a
ele. E, com o seu magnífico livro você resgatou a
nossa dívida, com juros altos e correção
62
Entrevista realizada em maio de 2002 pelos assessores de imprensa da
Prefeitura Municipal de Lages.
76
Esses versos fazem parte da obra Alma Cabocla, escrita por Paulo
Setúbal65 em 1920. O poeta circulou intensamente da vida social da
cidade, participando dos clubes, escrevendo nos jornais, atuando como
advogado em causas locais. Conviveu com a gente dessa terra,
compartilhando costumes e hábitos. Nessa “terreola fúnebre e burguesa”
experimentou a companhia de seus seletos varões, senhores, em sua
maioria escolarizados, divulgadores de certas ideias de modernidade e
civilidade, ocupantes de cargos públicos, mentores de projetos políticos.
De sua vivência na cidade, Setúbal registrou muitas impressões, como a
63
Carta do acervo de Licurgo Costa na Academia Catarinense de Letras.
64
SETÚBAL, Paulo. A Vila. In: Alma cabocla. São Paulo: Cia. Editora
Nacional, 1983.
65
Advogado, jornalista e escritor, Paulo Setúbal foi eleito membro da Academia
Brasileira de Letras em 1935. Os motivos que o levaram até Lages não foram
literários, bem diferente disso, foram os vestígios da gripe espanhola.
77
66
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.
78
67
Trata-se de uma obra de aproximadamente trinta páginas, escrito a mão, na
qual Manoel Thiago de Castro narra a vida e as escolhas de três irmãos na
virada do Império para a República. O cenário de urbanização da cidade, a
abolição da escravatura, a vida e o cotidiano de ex- escravos, os romances, o
papel da mulher de elite. Todos esses temas são abordados no livro inédito e
não finalizado.
68
Danilo Thiago de Castro, neto de Manoel Thiago de Castro, colecionou
durante praticamente toda a sua existência ‘coisas antigas’, desde objetos até
jornais, cartas, documentos públicos, fotos. O resultado dessa atividade pessoal
como colecionador é o Museu e arquivo Manuel Thiago de Castro, hoje é um
espaço público, o qual foi adquirido pela prefeitura de Lages em 2012. Antes de
ser público era considerado o maior acervo privado de Santa Catarina.
79
CAPÍTULO 2
A TRAJETÓRIA ALÉM DE SANTA CATARINA
69
“Do ponto de vista analítico, a cidade, enquanto ‘arena cultural’, é
compreendida como um espaço dotado de variados e até, contraditórios sentidos
sociais, que convivem lado a lado, tendo sido construídos e consolidados ao
longo do tempo. Esse espaço é, portanto, produto e produtor das ações dos
atores individuais e coletivos que nela vivem. Dito de outra forma, investigar
quaisquer manifestações culturais sob a ótica do urbano é trabalhar com a
cidade enquanto um campo de possibilidades que delimita as escolhas
realizadas por seus atores, dando a elas significados apreensíveis pelas próprias
experiências por eles compartilhadas” (GOMES, 1999, p. 23).
70
Bacharel em direito e diplomata, tornou-se sócio da Academia Catarinense de
Letras em 1963, alguns meses antes de falecer. Apesar de ter nascido no Rio de
Janeiro em 1898, a família era de Santa Catarina. Era primo-segundo de
Hercílio Luz, um dos grandes expoentes do cenário político catarinense durante
a Primeira República. Edmundo da Luz Pinto foi deputado estadual em Santa
Catarina por 3 vezes (1919-1921, 1922-1924 e 1925-1927), e por duas vezes
deputado federal pelo Partido Republicano Catarinense (1927-1929 e 1930-
1932). Sobre ele, Licurgo publicou um livro intitulado O Embaixador de Ariel,
breve notícia sobre a vida de Edmundo da Luz Pinto, o mais fascinante
93
intérprete oral do Brasil no século XX, em 1999, pela Editora Insular, como
uma forma de homenagear o centenário de Edmundo e, de certa forma, projetar-
se ao escrever sobre o referido personagem. Quanto à relação de Edmundo da
Luz Pinto com o deputado mineiro Francisco Valladares, não foi possível
localizar vestígios investigativos, ou seja, fontes que definam com maior
exatidão os contornos objetivos desse contato.
94
71
Licurgo escreveu uma biografia intitulada: Ensaio sobre a vida de Lindolfo
Collor. Florianópolis: Editora Lunardelli, 1990.
72
Ruy Barbosa, Lauro Müller, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, Afrânio de
Mello, João Luís Alves, Afonso Pena Junior, Getúlio Vargas, Gilberto Amado,
Costa Rego, João Neves da Fontoura, Júlio Prestes, Flores da Cunha, Carlos de
Campos, Cincinato Braga, Maurício de Lacerda, Augusto de Lima, Ildefonso
Simões Lopes, Pandiá Calogerás, Francisco Valladares, Otávio Mangabeira,
entre outros (COSTA, 2002, p. 46).
95
73
GOMES, Angela de Castro. Essa gente do Rio... Modernismo e
Nacionalismo. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1999.
74
Pasta Licurgo Costa, acervo da Academia Catarinense de Letras.
96
75
Angela de Castro Gomes, ao investigar a intelectualidade carioca nas
primeiras décadas republicanas, pontua o seguinte: “Portanto, conhecer um
certo meio intelectual em determinado momento e espaço implica,
obrigatoriamente, conhecer essa dimensão organizacional, que não é aleatória
aos significados contidos em um dado projeto cultural. No caso da cidade do
Rio de Janeiro, este texto propõe que algumas variáveis precisam ser
consideradas fundamentais para a análise da dinâmica do campo intelectual,
especialmente sob o enfoque das relações entre tradições e projetos estético –
políticos desenvolvidos ao longo dos anos 20, 30 e 40. A primeira é de a cidade
abrigar, por sua situação de capital da Corte e da República e, como
decorrência, por seu estimulado e crescente aprimoramento urbano, um ethos
sociocultural materializado tanto no esplendor dos ‘salões’ das residências de
políticos e intelectuais, como na luminosidade das ‘ruas’, plenas de vida
boêmia. A ‘casa’, no espaço específico de transição entre o público e o privado
que é o salão, e a ‘rua’, espraiada em lugares como bares, confeitarias, editoras
e jornais, conformavam dinâmicas distintas mas complementares e necessárias à
comunicação intelectual” (GOMES, 1999, p. 27).
97
76
Pasta Licurgo Costa, acervo da Academia Catarinense de Letras.
98
77
Período da história política caracterizado, especialmente, pelas articulações
eleitorais em torno dos poderes oligárquicos dos Estados de Minas Gerais e São
Paulo.
78
Informações pesquisadas no seguinte endereço: http://cpdoc.fgv.br/sites/de
fault/files/verbetes/primeirarepublica/DI%C3%81RIO%20DA%20NOITE.pf
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Nascido no Rio Grande do Sul em 1889, foi advogado, diplomata, jornalista e
político. Foi uma das lideranças da chamada Revolução de 30. Foi ministro das
relações exteriores durante os governos de Getúlio Vargas e Eurico Gaspar
Dutra. Foi também membro da Academia Brasileira de Letras. Seus estudos
iniciais se deram no Ginásio Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo,
no Rio Grande do Sul, a mesma instituição que muitos lageanos frequentaram,
inclusive Otacílio Costa, pai de Licurgo.
101
80
Assis Chateaubriand também era proprietário do Diário da noite de São
Paulo.
102
81
É difícil precisar o montante de verbas destinadas ao DIP. Contudo, há
indicações de que manejava outras receitas. Assim, a partir de 1940, o
Departamento centralizou verbas de publicidade do Banco do Brasil e de outras
instituições, com liberdade para distribuí-las à imprensa simpática ao regime.
Tampouco se pode esquecer que o órgão subordinava-se diretamente à
Presidência da República, e que a Constituição de 1937 anulava, na prática, o
poder fiscalizador do Tribunal de Contas da União. In: DE LUCA, Tania
Regina. A produção do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) em
acervos norte- americanos: um estudo de caso. Revista Brasileira de História,
São Paulo, v. 31, número 61, p. 271-296, 2011.
106
82
Os mencionados recibos ainda não foram localizados na organização que está
sendo realizada no acervo pessoal de Licurgo Costa.
83
Atuante jornalista brasileiro, publicou cerca de 40 livros. Em 1998, ganhou o
prêmio Machado de Assis, o mais importante da Academia Brasileira de Letras,
pelo conjunto da obra.
84
“Os intelectuais e o Estado Novo”. Entrevista de Joel Silveira à Gazeta
Mercantil, 1 a 4 de abril de 1999.
107
85
Poeta e crítico literário nascido no Rio de Janeiro em 1888 e falecido em
1973. Foi colaborador em alguns jornais, entre os quais O Jornal, na década de
1930. Dono de uma biblioteca de mais de 50 mil livros.
86
Nascido em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1898, e falecido em 1979. Foi
jornalista e dramaturgo.
87
Maria Helena Capelato, livre docente do Departamento de História da
Universidade do Estado de São Paulo, realizou um estudo comparativo das
imagens produzidas pela propaganda política varguista e peronista, apontando o
seguinte: “Considerando as especificidades históricas da Argentina e Brasil, não
se pode definir o varguismo e o peronismo como regimes fascistas ou
totalitários, mas é inegável a inspiração do nazismo na propaganda política
varguista e peronista”. CAPELATO, Maria Helena. Propaganda Política e
Construção da Identidade Nacional Coletiva. Revista Brasileira de História,
São Paulo, v. 16, n. 31 e 32, p. 328-352, 1996.
108
88
A informação sobre a publicação dessas referidas obras consta no currículo
anexado à pasta Licurgo Ramos da Costa, do Instituto Histórico e Geográfico de
Santa Catarina. Foram edições organizadas pelo “Anuário Brasileiro de
Literatura”, financiadas com recursos públicos.
89
Edição organizada pela comissão dos Centenários de Portugal.
110
90
SORÁ, Gustavo. Brasilianas: a casa de José Olympio e a instituição do livro
nacional. Tese de Doutorado em Antropologia Social, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.
111
91
Pasta Licurgo Costa, acervo da Academia Catarinense de Letras.
112
Figura 12: Getúlio Vargas e a equipe do DIP, entre os quais, Licurgo Costa
e Lourival Fontes
Fonte: Acervo pessoal de Licurgo Costa
92
Pasta Licurgo Costa, acervo da Academia Catarinense de Letras.
113
93
Acervo da Academia Catarinense de Letras.
94
Acervo da Academia Catarinense de Letras.
95
No acervo pessoal de Licurgo existem algumas cartas trocadas entre ele e
Felinto Müller na época em que já servia ao Itamaraty no exterior. Em umas das
cartas, inclusive, ele organizou um roteiro para Müller desfrutar de um passeio
pelo continente europeu.
96
Acervo da Academia Catarinense de Letras.
115
2.3 O ITAMARATY
Alzira:
Se eu compusesse um manual dos atributos do
homem perfeito, eu incluiria Licurgo Costa. Nele
117
97
Apenas ao final de 1953 ocorre a mudança de cargo, quando foi nomeado
ministro de assuntos econômicos junto à Embaixada de Madri.
118
98
Obteve-se acesso às agendas dos seguintes anos: 1946, 1947, 1948, 1949,
1951, 1952, 1953, 1956, 1962, 1964, 1966, 1967, 1968, 1969, 1982 e 1987.
119
99
Disponível em: http://brasileiros.com.br/2009/01/a-alema-dos-vargas/
120
Prezado Licurgo
Acabo de ler, no Diário Carioca de Hoje, em
grande título e subtítulo, o seguinte: “Licurgo
Costa defende o Brasil - a Grande Resposta”. A
notícia é relativa à sua carta dirigida a John Lewis
e vem perfeitamente explicada, no que se refere a
compras e vendas recíprocas entre Brasil e
Estados Unidos. Enviar-lhe-ei amanhã o recorte.
Não o faço com esta carta porque vou precisar
dele para a sessão da Câmara, onde pretendo
pronunciar um discurso sobre a sua patriótica
atitude, lendo “A Grande Resposta” e mostrando
como Licurgo Costa está vigilante e sabe defender
a sua Pátria.
100
Amigo pessoal de Licurgo, com quem trocou e arquivou muitas e
significativas cartas, como também figura emblemática na história política do
Brasil, pois, quando ocorreu o golpe militar de 1964, Moura Andrade era o
presidente do senado e fazia oposição ao então presidente João Goulart, sendo
que, na ocasião do golpe, declarou vaga a presidência da República.
123
Para Auro:
Prezado Licurgo
Recebi seu telegrama de congratulações pela
minha investidura na liderança, onde poderei
servi-lo melhor mas ainda assim, não tanto quanto
desejo e você merece.
De qualquer maneira conte sempre com a boa
vontade, o trabalho e a imensa sinceridade deste
seu amigo que lhe envia um abraço (Acervo
pessoal de Licurgo Costa).
102
As cartas programando viagens e as compras de presunto espanhol.
132
103
MOURÃO, Laurita de Irazabal. À mesa do jantar. Rio de Janeiro: Editorial
Nórdica, 1979.
104
Militar, foi um dos principais líderes da ação integralista brasileira, redator
do plano Cohen, documento falsamente atribuído ao intento comunista,
135
Querido Licurgo
O motivo desta carta é para comunicar-lhe que
escrevi um livro e que ele sai à luz na primeira
semana de setembro. O nome é “A MESA DO
JANTAR” - onde eu creio que cada família tem
seu próprio altar e onde se educam os filhos e se
passam a eles os ensinamentos que vêm dos
nossos antepassados (...). Você aparece no livro e
muitas são as páginas que lhe dedico, com muito
amor e muito agradecimento. Falo rapidamente na
137
CAPÍTULO 3
DO RESTO DO MUNDO PARA OS CAMPOS DAS LAGENS
106
Giorgio de Chirico (1888-1978) foi um pintor grego, representante da pintura
metafísica. Nasceu em Vólos, na região grega da Tessália. Estudou artes em
Munique e Paris, onde estabeleceu amizade com importantes artistas como
Apollinaire e Picasso. Na Itália, criou o grupo Pittura Metafísica. Em 1919,
liderou outro grupo de artistas, o Valori Plastici. Sua pintura apresenta
características diversas, do surrealismo (identificado em sua obra durante bom
tempo) ao dadaísmo. Nela, são constantes os elementos que usavam grandes
espaços, como praças e ambientes oníricos e características misteriosas. De
Chirico era considerado um pintor metafísico, influência que obteve através do
pintor italiano Carlo Carrà, que fazia parte dessa corrente. Sua obra foi bastante
inspirada pelas leituras dos filósofos Nietzsche e Schopenhauer, o que deu certo
teor pessimista e melancólico às suas pinturas. No Brasil, vários pintores
levaram a sua influência: Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Ismael Nery. Suas
obras proeminentes são “O Enigma da Hora” (1912), “Melancolia de uma Bela
Tarde” (1913), O Sonho Transformado (1913), “Heitor e Andrómaca” (1917) e
as “Musas Inquietantes” (1916). Faleceu em Roma.
141
argumentou que “se trata de um ilustre pouco lembrado por seu povo”.
O jornalista compreende também que Licurgo foi pouco reconhecido em
seu Estado. Publicações acerca do falecimento em 2002 prestaram
homenagens, enalteceram a trajetória e O Continente das Lagens, em
especial, os depoimentos prestados por sócios ou pessoas próximas ao
IHGSC e à ACL. No jornal estadual Diário Catarinense, publicado um
dia após o falecimento de Licurgo, constam depoimentos e homenagens,
sobretudo na matéria intitulada “Um Catarinense de todo mundo”:
107
Trata-se de uma citação extraída do Diário de uma noite iluminada, livro de
memórias em cinco volumes de Josué Montello.
145
108
Fabiano Garcia, na monografia intitulada Rupturas, permanências e
transição: a força do povo em Lages-SC (1977-1982), analisa a gestão
municipal na cidade de Lages, formada por uma equipe de jovens, os quais,
através do partido de oposição da época, o MDB - Movimento Democrático
Brasileiro, tentaram implementar uma gestão de democracia participativa. Essa
ruptura com a política local já começou em 1973, quando foi eleito Juarez da
Silva Furtado, candidato do MDB.
147
mais amplas que um museu bovino109, foi realizada em 1997, sendo que
o parque foi batizado com o nome do avô de Licurgo, João José
Theodoro da Costa. É notável, no retorno de Licurgo, a série de ações
voltadas a intervir no cenário cultural de Lages para imprimir nela a
marca civilizadora de suas iniciativas. Em carta enviada para Madri,
direcionada ao Ministro Manuel Fraga Iribarne, do ministério de
turismo, datada de 1968, quando Licurgo ainda residia em Montevidéu,
consta uma solicitação relacionada ao projeto do referido de museu de
arte, localizado em Lages:
109
De acordo com a proposta apresentada por Licurgo, seria um parque
ecológico voltado à exposição de diferentes raças bovinas.
148
Lageano na academia
Quando se sabe que um lageano está ocupando
uma cadeira na Academia Catarinense de Letras, a
nossa satisfação é muito grande. Mas, quando esse
110
Carta localizada no acervo da Academia Catarinense de Letras.
150
111
Livro oriundo de sua dissertação de mestrado, defendida no Programa de
Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, que se situa na fronteira entre a
antropologia e a história, orientada por Lilia Moritz Schwarcz.
152
112
Foi ministro da educação entre 1986-1987.
155
113
Foi governador de Santa Catarina entre 1979 e 1982. Foi um governador
biônico, indicado pelo então Presidente da República, Ernesto Geisel.
156
Licurgo, o jovem
Fez frio neste fim de semana em Lages – menos
nas ondulações que cercam a campa de Licurgo
Costa, no Cruz das Almas, em cujo chão já brota a
calorosa araucária de seu espírito gentil e
universal. Homme à lettres, sem jamais haver
perdido o bom humor e as maneiras de
gentil`homme, Licurgo era a antítese da sisudez
sugerida por esse nome de patriarca maragato –
embora não destoasse da figura telúrica do
lageano da Fazenda São Roque, de chimarrão e
bombacha, cultivando a “convivência filial com
os nobres pinheiros que nos rodeiam”. Não era
homem de um lugar só o primo Licurgo, que foi
ser embaixador no mundo. Levava na carcaça
altiva e esguia de D. Quixote “a sina invencível do
ciganear”, depois de haver lavrado em denso
cimento cultural os quatro volumes de seu O
Continente das Lagens, saga do planalto, em que
juntou o continente ao conteúdo. Hasteando o
memorial da serra, compunha agora as lembranças
da vida fértil – que a lúcida longevidade
transformava num arquivo humano e semovente
(Diário Catarinense, 15 de julho de 2002).
114
Nasceu em Florianópolis em 1947, filho de Rubens de Arruda Ramos, do clã
da oligarquia lageana. Sérgio é advogado, crítico literário e escritor. Membro da
cadeira 19 da Academia Catarinense de Letras.
158
115
No prefácio, Licurgo registrou o lugar e a data quando havia iniciado a
escrever o livro: “fazenda São Roque, 26 de maio de 1975”.
164
116 Ressalta-se que entre as fontes utilizadas por Licurgo, destacam-se os jornais
da imprensa de Lages a partir de 1883, os livros ata da Câmara Municipal de
Lages (nos quais há registros de muitos de seus familiares quando ocuparam
cargos públicos) e os livros ata dos Grupos de Teatro (muitas dessas atas foram
elaboradas pelo avô paterno, um dos principais mediadores culturais
responsáveis pela organização do movimento teatral em Lages). Entre as fontes
constam também os livros dos Registros Eclesiásticos da Paróquia de Lages
(batismo, casamento e óbito). Observa-se que Licurgo também, não raras vezes,
fez citações e apontamentos a partir da memória da “conversa que teve com
alguém”, ou mesmo da memória daquilo que presenciou e vivenciou. De modo
geral, a maioria das fontes utilizadas e citadas se encontra disponível em
acervos de Lages, embora a maior concentração desses documentos esteja no
Arquivo do Museu Histórico Thiago de Castro. No entanto, alguns específicos,
como os livros de registros eclesiásticos, estão sob a guarda da Igreja Católica e
arquivados na Casa Paroquial da Diocese de Lages e na Cúria Diocesana.
117
São eles, em ordem cronológica: João José Theodoro da Costa, Fernando
Affonso de Athayde, Caetano Vieira da Costa, Vidal José de Oliveira Ramos
Junior, Manoel Thiago de Castro, Otacílio Vieira da Costa, Indalécio Arruda,
Padre José da Silva Neiva, Walter Dachs, Thiago Vieira de Castro, Almiro
Lustosa Teixeira de Freitas, Danilo T. de Castro, Wilson Vidal Antunes Senior,
Edézio Nery Caon, Saulo Carvalho Ramos e Asdrubal Guedes (COSTA, 1982,
p. X).
166
118
Apesar desse registro sobre a fundação o Instituto Histórico e Geográfico de
Lages em 1977, é importante ressaltar que o mesmo não vingou. A ação de
constituição desse espaço foi retomada em 2006, pelo escritor e historiador
Cláudio Rodrigues da Silveira, criador, proprietário e editor da Revista História
Catarina, em circulação desde 2006. Apesar de ter sido fundado novamente em
2006, somente em 2013 o Instituto viabilizou uma diretoria. O presidente é o
próprio Cláudio Rodrigues da Silveira. Em 2014 foram empossados novos
sócios, entre os quais, o professor Paulo Pinheiro Machado. Dados disponíveis
em: www.historiacatarina.com.br
169
CAPÍTULO 4
A EMERGÊNCIA DO CONTINENTE EM CENÁRIOS DA
HISTÓRIA
119
“O campo, no seu conjunto, define-se como um sistema de desvio de níveis
diferentes e nada, nem nas instituições ou nos agentes, nem nos actos ou nos
discursos que eles produzem, têm sentido senão relacionalmente, por meio do
jogo das oposições e das distinções” (BOURDIEU, 2003, p. 179).
120
Uma oportuna contribuição para refletir sobre as imbricações entre as esferas
políticas e culturais é fornecida pela socióloga argentina Silvia Sigal. Ao estudar
o meio intelectual argentino, a autora destaca: “Em havendo escolhido como via
de entrada o exame dos debates empreendidos por grupos de intelectuais em
torno de seu papel na sociedade e na política, pareceu-nos, se não sempre mais
confortável, certamente mais frutífero, partir de uma dupla mirada. Atenta, por
um lado, à relação entre campo político e cultural e, por outro lado, à figura
específica dos intelectuais como atores. Um olhar supõe a diferenciação entre
política e cultura, o outro a existência de uma combinação entre ambas”. In:
SIGAL, Silvia. Intelectuais, Cultura e Política na Argentina. Revista Pós
Ciências Sociais, v. 9, n. 17, p. 58-59, 2012.
121
A escolha desses espaços se deve ao fato de serem as instituições que se
dedicam há mais tempo a produzir conhecimento sobre a história de Santa
Catarina: o IHGSC desde 1896, e o Programa de Pós-Graduação de História da
UFSC, desde 1975.
172
122
Vale mencionar que a UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina -
criou o Programa de Pós-Graduação em História em 2007, ofertando o curso de
mestrado. Até o momento foram defendidas 104 dissertações, das quais se
destacam duas: a dissertação defendida por Vanessa Aparecida Muniz, em
2012, Sociabilidades e namoros na década de 1970 (Lages, Santa Catarina), e
também a dissertação defendida em 2013, de Sheyla Tizatto dos Santos, Nas
manhãs do sul do mundo: música e cidade na produção do grupo Expresso
Rural em Santa Catarina (1980-2012). A banda expressa rural surgiu em Lages,
fez grande sucesso estadual nos anos 1980-90. Em 2013, foi criado o curso de
doutorado, sendo que até o momento nenhuma tese foi defendida.
123
Egresso do curso de história da faculdade catarinense de filosofia,
incorporada à UFSC. Na década de 1970, tornou-se professor da mesma
universidade. Era membro do IHGSC.
124
PIAZZA, Walter Fernando. Elementos básicos da história catarinense. In:
Fundamentos da Cultura Catarinense. Rio de Janeiro: Laudes, 1970.
125
Orientando do professor Walter Piazza no curso de mestrado da UFSC, que
também se tornou membro do IHGSC.
126
GOMES, Valter Manoel. Formas do pensamento histórico catarinense.
Dissertação de Mestrado em História, UFSC, Florianópolis, 1985.
173
127
WOLFF, Cristina Scheibe. Historiografia Catarinense: uma introdução ao
debate. Revista Catarinense de História, Florianópolis, n. 2, p. 5-15, 1994.
128
DALLABRIDA, Norberto. A historiografia catarinense e a obra de Américo
da Costa Souto. Revista Catarinense de História, Florianópolis, n. 4, p. 9-19,
1996.
129
Cristina Wolff utilizou como referência para este artigo as contribuições de
Peter Burke. Ver: BURKE, Peter. A escrita da história. Trad. de Magda Lopes.
São Paulo: UNESP, 1992, p. 7-37.
174
130
Entre os quais Lucas Alexandre Boiteux, Oswaldo Rodrigues Cabral e
Walter Fernando Piazza.
131
SANTOS, Sílvio Coelho dos. Nova História de Santa Catarina.
Florianópolis: edição do autor, 1974.
132
SOUTO, Américo Augusto da Costa. Evolução histórico-econômica de
Santa Catarina: estudo das alterações estruturais (século XVII-1960).
Publicado em 1980 pelo Centro de Assistência Gerencial de Santa Catarina-
CEAG.
133
SERPA, Élio Cantalício. A identidade catarinense nos discursos do Instituto
Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Revista de Ciências Humanas,
Florianópolis, v. 14, n. 20, p. 63-79, 1996.
175
134
Professora do Departamento de História da Universidade do Estado de Santa
Catarina – UDESC.
135
“Desde meados dos anos 1990, é possível detectar o esforço em caracterizar
um determinado modelo de produção historiográfica, genericamente entendida
como tradicional, que teria prevalecido até recentemente em Santa Catarina. A
nova geração realizaria quase uma inversão - não linear, crítica, não factual,
problematizadora, valor aos grupos e sujeitos geralmente excluídos”
(GONÇALVES, 2006, p. 24).
136
Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da
UDESC, defendeu a dissertação Horizontes da escrita: historiografia, uma
176
história local”. No entanto, sua tese apresenta uma fortuna crítica que
contribui sobremaneira para pensar a escrita da história em Santa
Catarina. Conduz a uma percepção além das classificações: geração do
IHGSC, ou os “Velhos”, em geral, diletantes, jornalistas, políticos e
advogados, sem formação profissional em história; geração acadêmica,
professores universitários da UFSC e UDESC, os “Novos”. A autora
possibilita a observação das conexões138 entre os lugares ao historicizar
os mesmos, colocando em cena seus interlocutores e a produção. E é
notável a mudança de forças nesse cenário: a ascensão de uma produção
de história escrita por historiadores profissionais, vinculados,
geralmente, às universidades, e o declínio de uma história escrita dentro
de uma instituição centenária como o IHGSC, embora esse espaço
também tivesse em seu quadro historiadores com formação acadêmica.
Fato é: Licurgo adentrou o cenário catarinense nessa época, tornou-se
sócio do IHGSC em um momento da decadência de forças dessa
instituição. Quando se trata da inserção de Licurgo em uma instituição
como o IHGSC, é sempre importante pontuar seu sobrenome e sua
trajetória como jornalista e funcionário do Itamaraty, além do currículo
de publicações, realizadas muito antes de voltar para o estado natal,
fatores que correspondem aos valores da citada instituição.
138
“Contudo, convém chamar a atenção dos limites entre esses distintos fazeres
historiográficos, os quais não foram tão fixos quanto um sistema binário de
classificação entre ‘tradicionais e novos’ pode supor. Os historiadores
tradicionais diferenciaram-se entre si, muitos deles diferenciando sua produção
e sendo sensíveis a novas correntes teóricas e metodológicas, em seus
respectivos momentos de atuação” (GONÇALVES, MATOS, 2011, p.24)
139
“Desde a Fundação da Capitania de Santa Catarina, em meados do século
XVIII, até a virada do século XX, a história foi escrita pela elite administrativa,
militar e eclesiástica e pelos viajantes estrangeiros que aportaram no litoral
catarinense, particularmente em Desterro” (DALLABRIDA, 1996, p. 10).
178
140
A criação do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina deu-se nos
últimos anos do século XIX, num contexto marcado pela permanência de
resquícios da Revolução Federalista de 1893 e pelo discurso da organização
administrativa e modernização da capital do Estado, empreendida pelo governo
de Hercílio Pedro da Luz. In: SERPA, Élio Cantalício. A identidade
Catarinense nos discursos do Instituto Histórico e Geográfico de Santa
Catarina. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, v. 14, n. 20, 1996, p.
63-79.
179
141
Embora seja preciso reconhecer, na atualidade, o declínio das forças políticas
dentro do IHGSC.
142
Assunto explorado no 1º capítulo desta tese.
143
“Nos últimos meses de 1929, durante a administração estadual de Adolpho
Konder, este cedeu aos apelos liderados por José Boiteux no que dizia respeito à
sede definitiva das instituições culturais, principalmente a Academia
Catarinense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. O
governo autorizou a entrega de um terreno situado no centro de Florianópolis, à
avenida Hercílio Luz esquina com General Bittencourt, para ali se construir a
Casa de Santa Catarina, destinada a abrigar as instituições. Boiteux, através da
coleta de contribuições, conseguiu a planta do edifício, uma quantia suficiente
em dinheiro e material para erguer as paredes, tendo inclusive, colocado a pedra
fundamental no local. Deflagrada a Revolução de 30, o governo militar dos
interventores retomou o terreno, não devolveu a quantia levantada” (CORRÊIA,
1996, p. 61). No mesmo lugar foi construído o Instituto Polytechnico.
Restaurado em 2010, nele funciona atualmente a Casa José Boiteux, cujo
espaço, depois de muitas delongas, tornou-se sede da Academia Catarinense de
Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.
180
144
In: Anais do Simpósio comemorativo ao cinqüentenário do 1º Congresso de
História Catarinense e os 250 anos da presença açoriana, 1998, p. 217-230.
145
Ibidem, p. 237-250.
183
146
COSTA, Licurgo Ramos. Há 102 anos a Assembléia provincial aprovou a
mudança da capital para Lages. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de
Santa Catarina. Florianópolis: IHGSC, 3º fase, n. 6, p. 105-126, 1985;
Identificando a autoria da história de Lages pelo método confuso. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Florianópolis: IHGSC, 3º
fase, n. 7, p. 167-173, 1986/1987; Centenário de Lindolfo Collor. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Florianópolis: IHGSC, 3º
fase, n. 9, p. 9-26, 1990; Sessão comemorativa dos 101 anos do IHGSC e posse
dos novos sócios eméritos. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Santa
Catarina, Florianópolis: IHGSC, 3º fase, n. 16, p. 125-134, 1997. Centenário do
nascimento de Edmundo da Luz Pinto. Revista do Instituto Histórico e
Geográfico de Santa Catarina, Florianópolis: IHGSC, 3º fase, n.17, p. 241-262,
1998; Gilberto de Mello Freyre no centenário de seu nascimento. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Florianópolis: IHGSC, 3º
fase, n.19, p. 225-236, 2000; Homenagem a Otacílio Costa. Revista do Instituto
Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Florianópolis: IHGSC, 3º fase, n.19,
p. 291-294, 2000.
184
147
Autor de Partidos e políticos de Santa Catarina, publicado em Florianópolis
pelas editoras da UFSC e Lunardelli.
148
As memórias de Enedino foram publicadas pelo IHGSC em 1999. In:
RIBEIRO, Enedino Batista. Gavião de Penacho. Memórias de um serrano.
Florianópolis, 1999. Licurgo Costa prefaciou esta publicação.
149
PELUSO JUNIOR, Victor Antonio. A Identidade Catarinense. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Florianópolis, 3º fase, n. 5,
1984.
185
150
Cf. Aspectos do Contestado. Cadernos de Cultura Catarinense,
Florianópolis, ano I, jul/set, 1984.
151
Essa informação está registrada em uma carta que Licurgo enviou à amiga
Laurita Mourão, em agosto de 1979, explicando-lhe que a demora em enviar
uma carta se dava em decorrência dos compromissos com o conselho
deliberativo da Fundação Catarinense de Cultura (Acervo pessoal de Licurgo
Costa).
186
152
O único vestígio encontrado foi a carta enviada a Laurita Mourão.
153
Contatou-se a Fundação Catarinense de Cultura para pesquisar dados sobre a
participação de Licurgo Costa na referida instituição, como também
informações sobre os demais conselheiros, atas de reuniões e demais
documentos deliberativos. No então, a atual equipe não soube localizar a
documentação necessária.
154
A comenda foi criada em 1984 e leva o nome daquele que é considerado o
primeiro historiador de Santa Catarina, sobretudo pelo mérito de organizar
vários registros documentais sobre o estado.
188
155
No documento consta que: “os abaixo-assinados, Sócios Eméritos deste
Instituto, de acordo com o Art 3º, do regulamento que instituiu a comenda
“Manoel Joaquim de Almeida Coelho”, vem propor a essa diretoria, a
concessão deste laurel, no ano de 1998, ao Sócio Emérito Licurgo Ramos da
Costa. O currículo vitae do proposto, em anexo, justifica com fundamentos
expressivos os seus méritos. Acrescente-se, que no ano de 1996, o embaixador
Licurgo Ramos da Costa, fez doação ao Instituto Histórico e Geográfico de
Santa Catarina, de uma linha telefônica, o que permitiu que a instituição tivesse
acesso à internet, facilitando a comunicação e o intercâmbio com outras
entidades culturais, associados e prestadores de serviços (Acervo do Instituto
Histórico e Geográfico de Santa Catarina).
156
Pontuo como uma das referências para elaborar uma reflexão sobre a escrita
do “Continente das Lagens” e o lugar social de seu autor, os estudos realizados
por Eliana Tavares dos Reis e Igor Gastall Grill, desenvolvidos no Laboratório
de Estudos sobre Elites Políticas e Culturais (LEEPOC), apoiado pelo Programa
de pós- graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão.
Em acordo com as análises do grupo: Tendo em vista os dois projetos em
189
157
Ao menos até a década de 1960, os historiadores do IHGSC dedicavam-se à
História depois de terem optado por determinadas carreiras ou ocupações, sendo
que alguns buscavam em outros Estados a formação de nível superior que não
conseguiram em Santa Catarina, a exemplo de José Boiteux, Henrique Fontes,
Oswaldo Cabral. Sensíveis à necessidade de instituições de ensino superior em
território catarinense, membros do IHGSC tiveram participação decisivas na
criação do Instituto Politécnico nos anos de 1910, da Faculdade de Direito na
década de 1930, da Faculdade de Filosofia da década de 1950, além da primeira
universidade do Estado instalada na década de 1960. Alguns historiadores,
como o médico, Oswaldo Rodrigues Cabral, tornou-se professor da faculdade
de direito e também da faculdade de filosofia. Walter Piazza, por exemplo,
egresso da faculdade de filosofia, tornou-se professor do curso de história da
UFSC e foi o primeiro coordenador do programa de pós-graduação iniciado em
1975. In: (GONÇALVES & MATOS, 2011, p.17)
158
Os recortes temáticos analisados são: história política, escravidão, história
indígena, imigração e cultura étnica, história ambiental, gênero, religião e
religiosidade, história das imagens.
191
159
Elaborou-se um levantamento das pesquisas realizadas dentro do Programa
de Pós-Graduação em História da UFSC sobre Lages, cujos dados constam
neste capítulo, a partir da página 140.
192
160
Termo utilizado por Janice Gonçalves e Felipe Matos como referência à
participação de Licurgo Ramos da Costa no I Encontro Estadual de História
(GONÇALVES; MATOS, 2011, p. 22).
161
COSTA, Licurgo. O Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. In:
Anais do I Encontro Estadual de História. Florianópolis: Imprensa Universitária,
1987, p. 56-61.
193
162
ARAÚJO, Hermetes Reis. A invenção do litoral: reformas urbanas e
reajustamento social em Florianópolis na Primeira República. Dissertação de
Mestrado, PUC-SP, São Paulo, 1989.
163
OLIVEIRA, Henrique Luiz Pereira. Os filhos da falha: assistência aos
expostos e remodelações das condutas em Desterro (1828-1887). Dissertação de
Mestrado, PUC-SP, São Paulo, 1990.
164
FLORES, Maria Bernadete Ramos. Teatros da vida, cenários da história: a
Farra do Boi e outras festas na ilha de Santa Catarina- leitura e interpretação.
Tese de Doutoramento, PUC-SP, São Paulo, 1991.
165
WOLFF, Cristina Scheibe. As mulheres da colônia Blumenau: cotidiano e
trabalho, 1850-1900. Dissertação de Mestrado, PUC-SP, São Paulo, 1991.
166
CAMPOS, Cynthia Machado. Controle e normatização das condutas em
Santa Catarina (1930-1945). Dissertação de Mestrado, PUC-SP, São Paulo,
1992.
167
PEDRO, Joana Maria. Mulheres honestas, mulheres faladas: uma questão de
classe – papéis sociais femininos na sociedade de Desterro/Florianópolis (1880-
1920). Tese de Doutoramento, USP, São Paulo, 1992.
194
168
“A proposta de classificação de Cristina Scheibe Wolff, vista até mesmo pela
autora como provisória, sem pretensões de ser absoluta, experimental, é cabível
e mesmo assim com restrições, para variados trabalhos de caráter histórico. Mas
certamente não pode ser estendida in totum aos seus autores. Se historiadores
como Cabral e Piazza dedicaram-se a escrever histórias gerais de Santa
Catarina, não o fizeram de forma exclusiva, produzindo também histórias de
dimensão local, ou temas específicos. Além disso, a autora, ao remeter-se ao
debate sobre a chamada Nova História (a partir do texto de Burke) articulou-se
195
169
SAMUEL, Rhafael. História oral e história local. Revista Brasileira de
História, São Paulo, v. 9, n.19, p. 219-243, 1990.
197
170
O programa ampliou para o curso de doutorado em 1998. Logo, as primeiras
teses foram defendidas a partir de 2002. Dados observados em outubro de 2016.
171
COELHO, Pedro Paulo Waltrick. O desenvolvimento da pecuária bovina em
Lages. Dissertação (Mestrado em História). Programa de Pós-Graduação em
História, UFSC, Florianópolis, 1982. Mediante uma perspectiva histórico-
quantitativa, nesta dissertação aborda-se o processo de modernização da
pecuária no município de Lages. O autor identifica na pecuária o principal fator
que determinou a fundação da vila de “Nossa Senhora dos Prazeres das
Lagens”, em 1771, como também averigua a condição jurídica das propriedades
e dos trabalhadores nas fazendas e analisa os rebanhos bovinos e as técnicas de
modernização nesse setor. As fontes utilizadas foram os censos econômicos,
informações estatísticas fornecidas pelos órgãos oficiais, dados do sindicato
rural de Lages, depoimentos de fazendeiros, entre outros documentos. Como o
Continente foi publicado ao final de 1982, não representa uma referência a esse
estudo. SERPA, Élio Cantalício. Igreja e Catolicismo Popular no Planalto
Serrano Catarinense (1891-1930). Dissertação (Mestrado em História).
Programa de Pós-Graduação em História, UFSC, Florianópolis, 1989;
MIRANDA, Silmara Luciana. Lages, 1940: discursos e reformulações urbanas.
Dissertação (Mestrado em História). Programa de Pós-Graduação em História,
UFSC, Florianópolis, 2001; JESUS, Samir Ribeiro de. Formação do
trabalhador catarinense: o caso do caboclo do Planalto Serrano. Dissertação
(Mestrado em História). Programa de Pós-Graduação em História, UFSC,
Florianópolis, 1991. Esse estudo se propôs a investigar a história e a formação
do caboclo do planalto serrano. O recorte temporal compreende o século XVIII
até a segunda metade do século XX. O objetivo central era analisar o processo
histórico da transformação do caboclo serrano do mundo rural em trabalhador
assalariado, uma escolha temática que se distancia da investigação de Licurgo,
na medida em que apresenta os outros personagens do latifúndio serrano, ou
seja, os trabalhadores desprovidos. BRANCO, Juçara Castello Branco. Alemães
198
176
BRANCO, Juçara de Souza Castello. Memórias: espaço político de conflitos
sociais. Esboços, Florianópolis, v. 8, n. 8, 2000, p. 100-112.
201
177
Orientada pelo professor Rogério Luís de Souza, a pesquisa abordou um
crime que aconteceu em Lages, no ano de 1902. Trata-se do assassinato do
caixeiro viajante Ernesto Canozzi e seu empregado Olintho Pinto Centeno.
Como culpados pelo crime, foram apontados os irmãos Thomaz e Domingos
Brocato, dois jovens italianos que fugiram da Sicília, e que haviam morado em
Buenos Aires e no Rio Grande do Sul, antes de se estabelecerem em Lages. O
crime aconteceu em um cenário marcado pelos desejos de modernização e
civilidade. Ao escolher, como objeto de pesquisa, um acontecimento criminoso,
a autora buscou identificar as relações sociais em meio às quais o crime
aconteceu. Em 2011, a dissertação foi publicada em primeira edição, com
financiamento próprio. Em 2012, a segunda edição foi publicada, dessa vez,
financiada pela Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte de Santa Catarina e
pelo programa FUNCULTURAL (NUNES, 2012).
202
178
As fontes de pesquisa sobre esse grupo de jovens escolarizados da serra
catarinense constituem-se nos jornais por eles fundados e nos quais publicavam
seus textos. A maior parte desses jornais está disponível no arquivo do Museu
Manoel Thiago de Castro.
179
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Trad. Beatriz Sidou. São
Paulo: Centauro, 2003.
203
180
“As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem à
universalidade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas
pelos interesses dos grupos que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário
relacionamento dos discursos proferidos com a posição de quem os utiliza (...).
As percepções do social não são de forma alguma discursos neutros: produzem
estratégias e práticas (sociais, escolares, políticas) que tendem a impor uma
autoridade à custa dos outros, por elas menosprezados, a legitimar um projeto
reformador ou a justificar para os próprios indivíduos, as suas escolhas e
condutas. Por isso essa investigação sobre as representações supõe-nas como
estando sempre colocadas num campo de concorrências e de competições cujos
desafios se enunciam em termos de poder e dominação. As lutas de
representação têm tanta importância como as lutas econômicas para
compreender os mecanismos pelos quais um grupo impõe, ou tenta impor, a sua
concepção do mundo social, os valores que são seus e o seu domínio”
(CHARTIER, 1988, p. 17).
205
181
Fui convidada pela Fundação Cultural de Lages para coordenar esse projeto
da 2ª edição em conjunto com a historiadora Elisiana Trilha Castro, doutora em
História pela UFSC. O livro está em processo de diagramação, previsto para ser
lançado em 2017.
182
O atual governador de Santa Catarina, reeleito em 2014, João Raimundo
Colombo, é nascido em Lages. Embora não pertença às oligarquias
latifundiárias, é um admirador da trajetória dos Ramos e dos Costa. Tanto que,
em sua gestão como prefeito em meados dos anos 1990, construiu um memorial
para Nereu Ramos, o filho da terra que chegou à Presidência da República. Na
condição de governador do Estado de Santa Catarina, apoiou a restauração do
Grupo Escolar Vidal Ramos, inaugurado em Lages no ano de 1912, quando
Vidal Ramos foi governador do Estado e promoveu a grande reforma
educacional em Santa Catarina durante a Primeira República. A restauração da
escola foi celebrada em agosto de 2016, sendo que hoje comporta um centro
cultural administrado pelo Sesc. O apoio financeiro do governo do Estado de
Santa Catarina, na elaboração da 2ª edição do Continente das Lagens, foi uma
ação direta do próprio governador. De certa forma, é possível identificar em
suas ações um exercício de conversão do capital político em bens que
representam um poder simbólico.
206
com a proposta de ser uma das realizações para comemorar os 250 anos
do empreendimento político-administrativo da Coroa Portuguesa no
século XVIII, a fundação da Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das
Lagens. Um dos motivos apresentados pela Fundação é a constante
procura pela obra, esgotada há muito tempo. Ainda de acordo com o
jornal: “Atualmente os exemplares estão restritos a particulares,
bibliotecas e museus, sendo bastante difícil o acesso ao material que é o
principal registro histórico de Lages anterior à fundação da cidade”
(Correio Lageano, junho de 2016). Organizou-se uma equipe de
historiadores183 que realizou uma análise da obra, apontando
contribuições, além de fronteiras e limites. As coordenadoras do projeto,
em conjunto com a Fundação Cultural de Lages, organizaram, então, um
documento para propor os parâmetros à concepção dessa segunda
edição:
183
Adelson André Bruggüemann, mestre em História Cultural pela UFSC;
Fabiano Garcia, doutorando em História Cultural pela UFSC; Janaína Neves
Maciel, mestre em História Cultural pela UFSC; Eveline Andrade, mestre em
História Cultural pela UFSC; Rafael Araldi Vaz, doutorando em História
Cultural pela UFSC; Lourival Andrade Junior, doutor em História Cultural pela
UFPR e professor da UFRN; Paulo Pinheiro Machado, doutor em História
Social pela Unicamp e professor do departamento de História da UFSC;
Norberto Dallabrida, doutor em História Social pela USP e professor do Centro
de Ciências humanas da UDESC; Susane Faita, graduada em História pela
Uniplac - Universidade do Planalto Serrano.
207
184
“A memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade, tanto
individual como coletiva, na medida em que ela é também um fator
extremamente importante do sentimento de continuidade e coerência de uma
pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si” (POLLAK, 1992, p. 204).
210
185
Discurso proferido por Licurgo Costa em 30 de março de 1992. Acervo da
Academia Catarinense de Letras.
211
Senhores e Senhoras
Procurei, como disse inicialmente, encontrar em
meus ascendentes a razão da outorga da honrosa
distinção recebida. Porém, não tentei inserir-me –
e nunca poderia fazê-lo – na luminosa constelação
dos citados vultos da história lageana, mas apenas
aproximei-me dela para, minúsculo satélite que
não tem luz própria, receber daqueles astros a
claridade que me destacou para alcançar o
julgamento generoso dos vereadores da minha
terra.
Não fiz, portanto um exercício de vaidade, mas,
consciente das minhas limitações, fiquei onde
sempre estive, no lugar marcado pelo meu destino
– a planície – de onde posso, olhando para cima,
ver também estrelas brilhantíssimas de outros
sobrenomes lageanos que merecem, perenemente,
o respeito, a gratidão e a admiração de todos os
seus conterrâneos.
Desejo, ainda acrescentar que foi para mim de
significação inestimável a circunstância de haver a
proposição que me distinguiu, apresentada por
este ilustre e valoroso moço que hoje ocupa o alto
cargo de prefeito municipal, Dr. Paulo césar da
Costa, ser aprovada pela unanimidade dos nobres
vereadores lageanos.
186
Entende-se o conceito de Habitus conforme Bourdieu, isto é, como um
“sistema de disposições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a
funcionar como estruturas estruturantes, isto é, como princípio estruturador e
gerador das práticas e representações que por serem objetivamente reguladas e
regulares sem ser produto da obediência a regras, objetivamente adaptadas a seu
fim sem supor a intenção consciente dos fins e o domínio expresso das
213
188
Filósofa, professora titular da PUC-SP, responsável por pesquisas sobre a
obra de Walter Benjamim.
215
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BREVES NOTAS DE UM FINDAR SEM A FINITUDE
DOCUMENTOS CONSULTADOS
Livros
Entrevistas
Entrevista realizada com Licurgo Costa pelo setor de comunicação da
prefeitura de Lages, em maio de 2002.
Entrevista realizada com Joel Silveira, intitulada “Intelectuais e o Estado
Novo”, em abril de 1999. Realizada pela Gazeta Mercantil de São Paulo.
In:www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/mt200499.htm
Documentos em geral
Discursos
Esboços
Jornais
Documentos em Geral
Discursos
Rascunhos de textos
Jornais
* 1946, 1947, 1948, 1949, 1951, 1952, 1953, 1956, 1962, 1964, 1966,
1967, 1968, 1969, 1982 e 1987.
A Alzira Vargas
* Madri, em 3 de fevereiro de 1954.
* Madri, em 5 de março de 1954.
A Josué de Castro
* Madri, em 15 de fevereiro de 1954.
A Ivete Vargas
* Madri, em 31 de julho de 1958.
228
A John L. Lewis
*Carta a Mr. John L. Lewis, presidente do sindicato dos mineiros dos
EUA. Nova York, em 6 de outubro de 1953. Ao lado dessa carta,
Licurgo guardou uma cópia da carta de suicídio, escrita pela presidente
Getúlio Vargas.
A Janio Quadros
* Madri, em 12 de novembro de 1954.
A Jesus Arena
* Madri, em 20 de dezembro de 1956.
A Hugo Gouhtier
*Carta embaixador do Brasil na Bélgica, Hugo Gouhtier. Madri, em 4
de agosto de 1958.
* Madri, em 4 de setembro de 1958.
A Coelho Lisboa
* Carta ao embaixador Coelho Lisboa. Montevidéu, em 18 de julho de
1960.
A Fernando Calderon
* Montevidéu, em 26 de agosto de 1960.
A Osvaldo Orico
* Montevidéu, em 24 de março de 1963.
229
Ao amigo Theophilo
* Florianópolis, em 10 de setembro de 1983.
Ao jornal O Globo
* Florianópolis, em 28 de agosto de 1995.
A Mendes Cadaxa
* Carta ao embaixador Mendes Cadaxa. Florianópolis, em 6 de janeiro
de 2001.
De Alzira Vargas
* Niterói, em 12 de outubro de 1953.
* Rio de Janeiro, em 18 de janeiro de 1954.
* Washington, em 18 de agosto de 1958.
* Rio de Janeiro, em 2 de janeiro de 1960.
De Lourival Fontes
*Carta de Lourival Fontes à Alzira Vargas, em 2 de janeiro de 1943.
Assunto: Licurgo Costa.
De Josué de Castro
De Belizário Ramos
* Lages, em 22 de julho de 1953.
De Mozart Lago
*Telegrama enviado por Mozart Lago ao então presidente Getúlio
Vargas, parabenizando a nomeação de Licurgo como ministro de
assuntos econômicos. Nova York, em 11 de dezembro de 1953.
De Nelson Carneiro
* Rio de Janeiro, em 18 de dezembro de 1953.
De Aliomar Baleeiro
* Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1953.
* Rio de Janeiro, em 3 de fevereiro de 1958.
De Mario Donato
* São Paulo, em 27 de julho de 1955.
De Jesus de Arena
* Cidade do México, em 30 de maio de 1956.
De Osvaldo Orico
* Paris, 30 de dezembro de 1956.
231
De Horácio Lafer
* São Paulo, em 17 de dezembro de 1957.
De João Goulart
* Porto Alegre, em 29 de março de 1961.
De Al Neto
* Carta do primo Al Neto. Lages, em 13 de setembro de 1963.
De Cesar Avila
* Porto Alegre, em 6 de julho de 1964.
De Vitorino de Teixeira
* Lisboa, em 21 de dezembro de 1964.
Correspondências Enviadas
Correspondências Recebidas
Salva a BR282
Presença de Lages na poesia catarinense
A participação de Lages na Guerra dos Farrapos
Lages e as grandes personalidades
Sobre Gilberto Freyre
Carta para a TELESC − Críticas sobre um catálogo de história
As mordomias da pobreza
Parecer sobre a monografia de Wilson Balardini
Textos do Dr. Rubens Cleary
Visita a Agrippino Grieco
Roteiro do que parece ser o "Continente das Lagens"
Frente: Estatuto no núcleo agrícola de Bocaína do Sul / Verso:
rascunho de um texto
Minuta para memórias
Março de 1982: Impressões de Adolfo Konder
Uma reclamação sobre as críticas que a Folha de São Paulo fazia
sobre o governo Sarney
História da 282
Prefácio do livro de poesias de Silda Thereza
Rascunhos de discursos
Minuta para as minhas memórias: Sobre o nascimento e a 1ª infância
Prefácio do livro sobre Enedino Batista
Texto sobre Assis Chateaubriand
Carta para Apolinário Ternes
Texto sobre política
Lages e sua influência cultural na região serrana, 1991 − para o
IHGSC
Lages viveiro de grandes personalidades
A participação de Lages na Guerra dos Farrapos
Mais um lageano na ACL
Rascunho: André o Imaginoso
Rascunho: Presença de Lages na Poesia Catarinense
Rascunho de um texto apresentado na IHGSC sobre: Formação social
da região serrana − 1991
Textos memória: João José Theodoro da Costa
236
237
REFERÊNCIAS
GRILL, Igor Gastal; REIS, Eliana Tavares dos. O que escrever quer
dizer na política? Carreiras políticas e gêneros de produção escrita.
Revista Pós Ciências Sociais, v. 9, n.17, p.101-121, 2012.
HUNT, Lyn. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992.