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ESTRATÉGIAS LÚDICAS NO ENSINO DE LIBRAS PARA ALUNOS SURDOS DO

ENSINO FUNDAMENTAL EM UMA PERSPECTIVA BILÍNGUE

Raquel Pereira de Lima 1


Alana Monteiro Ferreira Maia 2
José Affonso Tavares Silva3

GT6 − Educação, Inclusão, Gênero e Diversidade.

RESUMO

Este estudo mostra uma breve discussão sobre estratégias lúdicas no ensino de Libras para alunos surdos
do ensino fundamental em uma perspectiva bilíngue. O seu objetivo principal é criar e executar
metodologias de ensino de LIBRAS para surdos da educação fundamental visando a melhor forma de
aprendizado para a criança surda. O termo bilinguismo ainda causa confusão ao ser conceituado ou posto
em prática, pois alguns professores de alunos surdos usam metodologias próprias da comunicação total
ou bimodalismo, acreditando que estão utilizando métodos adequados da corrente atual. Para a
realização de tal estudo utilizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. Para
tanto, foram aplicadas atividades baseadas em uma sequência didática com estratégias lúdicas. Com
isso, foi possível perceber como o uso de estratégias lúdicas no ensino de Libras pode contribuir para
uma aprendizagem com resultados mais satisfatórios para o aluno surdo.
Palavras-chave: Estratégias lúdicas. Educação de surdos. Práticas educativas.

ABSTRACT
This study shows a brief discussion on ludic strategies for BSL teaching to deaf primary school children
in a bilingual approach. Its main purpose is to create and apply BSL teaching methodologies for deaf
elementary school children aiming for the best learning methodology for the deaf child. The word
"bilingualism" is often misunderstood when it needs to be conceptualized or put into practice, as several
deaf students' teachers use total communication methodologies (TC) or bimodal bilingualism believing
they are using appropriate methods for the current view. For the accomplishment of such study, a
qualitative approach research of case study type was used. For that, activities were applied based on a
didactic sequence with ludic strategies, therefore it was possible to realize how the use of ludic strategies
in BSL teaching can contribute to more satisfactory learning results to deaf students.
Keywords: ludic strategies. Deaf education. Educational practices.

1
Mestra em Letras pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Graduada em Letras Português pela Universidade
Federal de do Rio Grande do Norte (UFRN). Atualmente, pós-graduanda latu sensu em Libras: Tradução,
interpretação e ensino pela Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe (FANESE), graduanda em Letras
Libras pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) e professora assistente do Departamento de Libras. E-mail:
<raquellima10@yahoo.com.br>.
2
Especialista em Educação Inclusiva e Libras pela Faculdade Amadeus (FAMA). Graduada em Pedagogia pela
Faculdade Pio Décimo (FPD). Atualmente, graduanda em Letras LIBRAS pela Universidade Federal de Sergipe
(UFS) e professora de Educação Básica da rede pública estadual de ensino na cidade de Aracaju-SE. E-mail:
<alanamfmaia@gmail.com>.
3
Mestrando em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Especialista em
Libras para Professores e Intérpretes pelo Instituto Pró Saber (IPS). Graduado em Pedagogia pela Faculdade São
Vicente de Pão de Açúcar (FASVIPA). Graduando em Letras Libras pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).
E-mail: <affonso_tavares92@hotmail.com>.
1
INTRODUÇÃO

Apenas o ser humano possui capacidade para desenvolver uma língua. Capacidade
essa de significação onde apresenta competência para a operação, produção e decodificação dos
signos partindo para a produção dos significados. Qualquer língua natural é produtiva, pois
apresenta criatividade linguística onde há possibilidade de se fazer combinações infinitas entre
os fonemas e consequentemente a formulação de frases. A língua é adquirida, obedecendo à
regência de regras, de forma natural, pois o homem já possui propriedade estrutural para
formular e interpretar frases que nunca tenham ouvido ou visto antes.
Assim como as línguas orais, a LIBRAS também obedece a funcionamentos
internos a sua gramática. Ela possui as mesmas características das demais línguas como, por
exemplo, a iconicidade e arbitrariedade. Ela é língua materna dos surdos e deve ser internalizada
desde os seus primeiros meses de vida. Também deve ser o seu meio principal de comunicação
e de acesso à informação. Porém é sabido que grande parte dos surdos, 95% deles, são filhos
de pais ouvintes e por isso não tem convivência com sua língua L1 ou língua materna,
conhecendo a língua tardiamente na escola.
Além do acesso tardio na escola, o aluno surdo não tem um referencial para auxiliar
na construção de sua identidade, tão pouco um professor que saiba ou esteja disposto a passar
a língua de forma aprofundada e eficaz. Ocorre para esse tipo de criança um deslocamento de
sua pessoa, pois para ele não há pares semelhantes a ele que possam ajudar na sua socialização.
Resultando em referências errôneas em um país que o faz sentir-se um estrangeiro com muita
frequência.
Observando a educação de surdos em escolas regulares e ditas inclusivas que
sentimos a necessidade de criar estratégias de ensino que melhorem o rendimento escolar desses
indivíduos. É comum ouvir dos professores de salas inclusivas um descontentamento com as
práticas de ensino, principalmente as com alunos surdos. Esse problema se dá por motivos
diversos, principalmente a falta de conhecimento das práticas pedagógicas para surdos faz com
que a educação desses indivíduos seja negligenciada. Há também a falta de interesse em
aprender a língua de sinais causando uma lacuna na convivência com esses alunos. Muitos
professores que tem alunos surdos em suas salas de aula não sabem como agir. Criar
metodologias e estratégias parece uma tarefa difícil.

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Após um estudo sobre educação de surdos e experienciando as salas de aulas,
observamos que a educação de hoje não tem trazido resultados satisfatórios nas salas de aula.
Por esse motivo, resolvemos buscar novos métodos que possibilitem a aquisição da LIBRAS
por crianças surdas na educação básica.
Os discursos dos professores de escolas mistas (ouvintes e surdos) confessam que
não sabem como proceder para planejar suas aulas e optam por uma educação homogênia sem
levar em conta as peculiaridades de cada ser. Sendo a classe de surdos uma minoria na sala de
aula, muitas vezes o professor ignora a presença deles deixando a cabo do intérprete, quando
há esse profissional em sala, o papel de ensinar e ser responsável pelo aprendizado escolar.
A função do professor é ensinar e para isso necessita criar estratégias e acompanhar
todos os alunos, independente da dificuldade que apresente. Por questões externas a sala de
aula, muitos professores estão desestimulados a praticar a sua função, criando e fazendo do
ambiente escolar apenas uma obrigação que todos (discentes e docentes) devem cumprir sem
uma significação apropriada.
Por esses motivos, este trabalho, busca criar e executar metodologias de ensino de
LIBRAS para surdos da educação fundamental visando a melhor forma de aprendizado para a
criança surda. Para isso, criamos e executamos nosso próprio material para os alunos,
responsáveis pelo despertar de nossas funções enquanto educadores.

O ENSINO DE LIBRAS NUMA PERSPECTIVA BILÍNGUE

Não é muito vasto o campo de pesquisa sobre estratégias de ensino de LIBRAS


como língua materna. Muito se tem falado sobre educação bilíngue, mas não se tem opções
para desenvolver técnicas de aprendizado dessa língua para surdos. Resta-nos buscar
mecanismos que nos auxiliem nessa tarefa que se mostra cheia de obstáculos. Praticamente
todos os professores se utilizam de sua criatividade e imaginação. São trocadas informações
virtuais entre docentes muitas vezes desconhecidos visando as melhores formas de aprendizado
para o surdo. Fórmulas não existem, mas trocas de experiências que nos orientam como
proceder diante das dificuldades. Referências de livros e artigos que aprofundam e discute o
bilinguismo é incontável, mas precisamos criar materiais que orientem os outros professores a
montar estratégias suficientemente adequadas.
A educação bilíngue segundo a UNESCO (1954, apud Skliar, 1998) é o direito que
as crianças têm de utilizar um idioma diferente do oficial do seu país, além de serem educadas

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na sua língua materna. Dessa forma, parece que há um equívoco nas salas de aula inclusiva. É
sabido que o papel do professor é ensinar o aluno criando estratégias que auxiliem no seu
aprendizado. Contudo, a falta de domínio da língua do seu aluno causa um distanciamento entre
eles.
Apropria-se de sua língua é essencial para um indivíduo. Para Vygotsky apud
Fernandes (2012, p. 16) o uso e operação com signos se dá como processo de desenvolvimento
de acordo com a maturação cognitiva e linguística do homem. Assim sendo, “os signos evoluem
de forma paralela à maturação cognitiva dos indivíduos, sendo que esses signos são fruto dessa
capacidade cognitiva do homem de ‘internalizar’ e ‘mediar’ a experiência que o cerca e, através
deste processo evolutivo, gerar o conhecimento”. É através do sistema linguístico que acontece
a comunicação humana feita por meio de símbolos. Assim, o indivíduo adapta-se ao meio e as
novas formas de pensamento formulando sua concepção de mundo. É através dos signos
linguísticos que se processa o pensamento humano. Se a criança não tem condições de nomear
o mundo, ela não conseguirá de maneira adequada interagir com ele.
A criança surda necessita ser exposta a linguagem o mais cedo possível, seguindo
às fases naturais de aquisição da mesma. Para que a criança surda se desenvolva de forma plena,
é preciso que ela tenha o contato com a língua em diferentes contextos e não apenas quando os
colegas ou professores se dirigem a ela, dando as mesmas oportunidades que são dadas a uma
criança ouvinte.
É através da linguagem que o ser humano constrói sua própria identidade, por isso
torna-se viável propiciar a criança surda conhecer a Libras prematuramente, como também ter
contato com vários falantes nativos e não nativos da língua de sinais assim que a surdez seja
diagnosticada. É aí que entra o papel da escola, pois é dentro do espaço escolar que a criança
surda poderá adquirir a língua, assim como desenvolver sua relação com a sociedade.
Ademais, diante da teoria de Vygotsky que aponta para o conceito de signo mutável
através de um processo de maturação cognitiva do indivíduo na aquisição de linguagem desde
os primeiros anos de vida, a língua de sinais deve aparecer como a primeira língua da criança
surda.
Muitas propostas que se dizem bilíngue na verdade estão associadas a técnicas
bimodais. Tais propostas procuram inserir na escola regular o aluno surdo. Nesses
estabelecimentos de ensino não há a possibilidade de ele receber o conteúdo escolar na sua
língua dada pelo professor, apenas com a intermediação de um intérprete. Isso não favorece o
surdo em nenhuma perspectiva. Ele não tem um modelo de professor surdo que possa auxiliar

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na sua construção de identidade, assim como melhor assimilar os conteúdos escolares visto que
a informação será passada por um terceiro.
Tornar-se letrado na educação bilíngue é receber, mas ainda é interagir com as
disciplinas escolares na sua língua e seu aprendizado deve ser significativo “como jogos,
brincadeiras e narrativas de estórias, mediante a interação com outros surdos adultos
competentes em língua de sinais” (BOTELHO, p.112). O projeto bilíngue requer que todos
usem a língua materna do surdo, inclusive todos do quadro de funcionários. A aceitação da
escola bilíngue não é total. Fazer funcionar depende de atitudes positivas daqueles estão
envolvidos nesse processo.
A operação com signos é descrita por Vygotsky (1989 a, p 51-52), como resultado
do desenvolvimento humano, para ele:

Observamos que as operações com signos aparecem como o resultado de um


processo prolongado e complexo, sujeito a todas as leis básicas da evolução
psicológicas. Isso significa que a atividade de utilização de signos nas crianças
não é inventada e tampouco ensinada pelos adultos; ao invés disso, ela surge
de algo que originalmente não é uma operação com signos, tornando-se uma
operação desse tipo somente após uma série de transformações qualitativas.
Cada uma dessas transformações cria condições para o próximo estágio e é,
em si mesma, condicionada pelo estágio precedente; dessa forma, as
transformações estão ligadas como estágios de um mesmo processo e são,
quanto à sua natureza, históricas.

Desta forma, observa-se que o significado (sentido) de um significante (imagem


acústica) muda na medida em que o indivíduo desenvolve seus processos cognitivos. Os signos
possuem um caráter evolutivo e apresentam variações por serem resultados da maturação
gradativa da cognição e da linguagem.
Nesse contexto, o significado do signo depende da maturação cognitiva do ser
humano para evoluir dentro de uma perspectiva psicológica. Peirce (1980, p. 69) também
observa o desenvolvimento das cognições, porém, dentro de uma perspectiva baseada na lógica.
Assim, esse estudioso apresenta o desenvolvimento das cognições como um processo
relacional, segundo ele:

a cognição que mal começa já está mudando; só no primeiro instante se pode


dizer que seja intuição. E, portanto, apreendê-la seria um evento que não
aconteceria no tempo. Além disso, todas as faculdades cognitivas que
conhecemos são relativas, e seus produtos são relações. Mas a cognição de
uma relação é determinada por cognições anteriores. Nenhuma cognição não
determinada por outra anterior pode ser conhecida.
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Contudo, apresentamos, de forma evolutiva, as teorias de dois autores no que
consiste o desenvolvimento cognitivo humano para avançarmos às questões que envolvem o
desenvolvimento linguístico da criança surda. Diante do que se foi dito, vimos que através de
um sistema simbólico, o ser humano constrói novas formas de pensamento formulando sua
própria concepção de mundo. A aquisição de uma língua se refere ao processo de comunicação,
como também ao desenvolvimento cognitivo.

Com isso, a criança surda necessita ser exposta a linguagem o mais cedo possível,
seguindo às fases naturais de aquisição da mesma. Para que a se desenvolva de forma plena, é
preciso que ela tenha o contato com a língua em diferentes contextos e não apenas quando os
colegas ou professores se dirigem a ela, dando as mesmas oportunidades que são dadas a uma
criança ouvinte.
Dizeu e Caporali (2005, p. 588) falam que essa “língua como qualquer outra, deve
ser inserida na vida da criança nos três primeiros anos de idade, para que a criança a adquira
naturalmente”. Porém, é sabido que surdos filhos de pais ouvintes não tem contato natural com
tal língua por seus pais fazerem uso de uma língua diferente da sua, no caso a Língua
Portuguesa. Assim, o seu desenvolvimento será considerado tardio, podendo acarretar lacunas
em seu processo.

METODOLOGIA

Tipo de Pesquisa

A pesquisa de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso foi o tipo de pesquisa


escolhida de acordo com o seu objetivo principal. Para Godoy (1995, p. 63): “os pesquisadores
qualitativos estão preocupados com o processo e não simplesmente com os resultados ou
produto”. Assim, procurou-se obter respostas que não podem ser facilmente encontradas por
meio de dados numéricos.
Partindo do pressuposto de que estudando um caso particular é possível obter
resultados mais detalhados foi utilizado o estudo de caso como tipo de pesquisa. Para Gil (2011,
p. 58) este é caracterizado pelo [...] “estudo profundo e detalhado de um ou poucos objetos, de
maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível
mediante os outros tipos de delineamento considerados”.

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Campo de Atuação

O campo de atuação foi uma sala de aula do terceiro ano do Ensino Fundamental
de uma Escola Estadual de Aracaju onde têm alunos surdos incluídos. Eles estão inseridos numa
escola inclusiva convivendo com alunos e professores ouvintes. As idades são variadas, pois
muito dos surdos estão fora da faixa etária escolar para a suas séries. Anos lecionando nessa
mesma série, percebemos que eles são inseridos nessa etapa da educação básica com uma
sequência de perdas das séries anteriores.
Cansados de ver essa realidade, resolvemos mudar o quadro. Já temos o campo de
atuação e podemos acompanhar de perto o desenvolvimento do alunado. Dessa forma,
pesquisando sobre formas de aprendizado de LIBRAS para surdos resolvemos criar materiais
concretos que auxiliassem no processo aquisitivo de língua pelos nossos alunos.
Geralmente nos planejamos para ensinar a série escolhida, não levando em conta a
base deficitária que o aluno apresenta. Jogando para as séries seguintes a responsabilidade de
suprir a carência do corpo discente. Dessa vez resolvemos não continuar desse jeito.
“Retroceder para avançar” foi o lema que escolhemos. Concomitantemente com os conteúdos
oficiais da série, os alunos passaram a receber toda a base que lhes faltavam. Não de qualquer
jeito, mas com estratégias que julgamos mais adequadas e eficazes para a formação do surdo,
envolvendo em especial, o lúdico.

Descrição de Estratégias para o Ensino de Libras

Estávamos cientes de que haveria muitos desafios. A começar pela nossa formação
universitária, que não nos prepara para a realidade escolar. Para suprir essa necessidade tivemos
que ser autodidatas, buscando aprender e se aperfeiçoar em práticas que não faziam parte de
nossa rotina. A carência de material se tornou um desafio para nós que estamos sedentos de
meios que fomentem a sapiência de nossos alunos.
Procuramos ideias de criação de material didático em livros de estratégias de ensino
e de comunidades virtuais que compartilham experiências de sala de aula e criação de atividades
para ensino de surdos. Procurando a melhor atividade que se adeque a nossa realidade,
separamos logo de início tarefas que estimulassem a aquisição do alfabeto, números e cores.
Essas aulas seriam o primeiro grupo temático de ensino.

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Para a atividade de alfabeto confeccionamos um painel em EVA em formato de
minhoca que contém as letras do alfabeto em português e LIBRAS, além das figuras que iniciam
os nomes dos objetos com cada letra do alfabeto. Os alunos ficaram encantados ao ver o painel
do alfabeto de cores variadas. Ao explicar como seria usado aquele recurso didático todos os
alunos, sem exceção, ficaram entusiasmados.
As crianças foram combinando as letras e os objetos. Percebemos que os alunos
surdos se desenvolviam cognitivamente com mais facilidade. O painel ficou exposto durante a
semana e todos podiam “brincar” com ele sempre que desejasse. Aplicamos atividades
relacionadas ao alfabeto durante uma semana.
Para atividade com números, imprimimos cartelas confeccionadas com algoritmos
em LIBRAS. Para esta aula usamos um bingo comprado em loja de brinquedos, mas os números
sorteados eram mostrados em língua de sinais para as crianças. Como modo de estimulá-los
oferecíamos premiações “concretas” no bingo. Outras atividades com números foram feitas em
exercícios em sala de aula e fora dela, como por exemplo, fazer operações básicas com números
em língua de sinais.
Após atividades de números, foi apresentado o conteúdo de cores. Para isso usamos
jogo de dominó, não convencional, mas com a cor de um lado e do outro o desenho de um sinal
de cores diferentes. As crianças jogaram dominó em grupos e aprendiam as cores enquanto se
divertiam. Essas foram algumas das atividades que usamos com os alunos surdos e também
ouvintes que estudam na mesma sala.
Em relação ao conteúdo sobre aos sinais de animais foi elaborado um jogo da
memória que tinha como intuito despertar o aprendizado destes sinais, além de contribuir na
interação entre os colegas e professor. No momento em que o discente pegava uma figura de
animal o professor realizava o sinal referente à imagem apresentada e assim foi observado que
a aprendizagem foi sendo facilitada, até mesmo pela interação entre eles, pois uns ajudavam
aos outros.
Em meio a todo exposto, pode-se afirmar que o docente ao utilizar estratégias
lúdicas no ensino de alunos surdos contribui para uma aprendizagem mais eficaz, no sentido de
ser mais facilmente assimilada em comparação a outros métodos realizados pelo professor desta
instituição de ensino. Todavia, é preciso que o profissional antes mesmo de aplicar certos jogos
ou atividades lúdicas, realize um planejamento adequado as necessidades dos seus alunos para
que torne a aula significativa e ao mesmo tempo cativante.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com satisfação podemos dizer que os resultados que esperávamos foram obtidos.
Ao pensar no processo de educação de surdos, almejávamos que eles internalizassem o que era
passado nas aulas. Também desejávamos que eles se entusiasmassem e participassem com
alegria das atividades. Conseguimos a interação deles e dos alunos ouvintes.
Trabalhar a base educacional de forma lúdica e somente em LIBRAS traz resultados
satisfatórios como estamos experimentando. Concluímos que na educação de surdos, faz-se
necessário usar a língua de sinais como meio de informação. Para as crianças surdas também é
aconselhável usar imagens concretas como suporte educacional, pois assim como a LIBRAS é
uma língua visual, seu método de ensino também deve ser.
É possível salientar ainda que o processo de aquisição da linguagem pela criança
surda necessita de metodologias diferenciadas que estimulem principalmente a sua percepção
visual. Além do mais, o ensino do docente com o uso de estratégias lúdicas promove um ensino
mais dinâmico e convidativo, uma vez que ao utilizar jogos, atividades e materiais lúdicos a
criança sentirá mais interesse pela aula dada, atingindo o objetivo com mais eficácia. Contudo,
é necessário que estes instrumentos sejam significativos no que concerne a necessidade de cada
aluno, ou seja, o seu interesse, sua modalidade de comunicação,

REFERÊNCIAS

BOTELHO, P. Linguagem e letramento na educação dos surdos: ideologias e práticas


pedagógicas. Belo horizonte: Autêntica editora, 2015.

DIZEU, L. C. T de. B.; CAPORALI, S. A. A língua de sinais constituindo o surdo como


sujeito. Educ. Soc. Campinas, v. 26, n. 91, p. 583-597, 2005.

FERNNDES, E. Surdez e bilinguismo. Porto Alegre: Mediação, 2012.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

GODOY, A. S. Uma revisão histórica dos principais autores e obras que refletem esta
metodologia de pesquisa em Ciências Sociais. Introdução à Pesquisa Qualitativa e Suas
Possibilidades, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 57-63, 1995.

LACERDA, C.B.F & SANTOS, L.F. Tenho um aluno surdo, e agora? São Carlos:
EDUFSCAR, 2014.

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LODI, A. C. B & LACERDA, C. B. F. Uma escola, duas línguas: letramento em língua
portuguesa e língua de sinais nas etapas iniciais de escolarização. Porto Alegre: Ed
Mediação, 2014.

PEIRCE, C. S. Escritos coligidos. In: Os pensadores. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos


psicológicos superiores. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989 a.

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