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ANDERSON SANTOS DE JESUS

KATY LILIANE MOREIRA

OFICINA DE PAIS E FILHOS E MEDIAÇÃO FAMILIAR

Relatório Final de Estágio


Profissionalizante III Clínico e
Institucional turma 9º C do curso de
Psicologia, sob a supervisão daProfª. Ms.
Elvira Maria Leme

Uninove
São Paulo
2018
RESUMO

Esta pesquisa mostra de que forma o acolhimento das famílias em processo de divórcio
auxilia durante a transição desse processo, através da conscientização quanto aos papeis e
forma de conduzir de cada sujeito envolvido. O programa educacional Oficina de Pais e
Filhos busca desenvolver a resiliência familiar através da comunicação não violenta, onde
cada um aprende a se colocar no lugar do outro e assumir a sua responsabilidade e
autonomia frente aos desafios. Este estudo visa abordar a identificação da dimensão
psicológica no processo de divórcio e as formas saudáveis de enfrentamento, sendo este
estágio conduzido visando auxiliar pais e filhos em relação aos comportamentos cultuados
no núcleo familiar durante esse evento e suas possíveis repercussões. Foram realizadas
quatro Oficinas de Pais e Filhos na UNINOVE unidade Vergueiro, visando auxiliar os
envolvidos nesse processo de separação.

Palavras Chave: Mediação de Conflitos, CEJUSC, Divórcio, Família e Oficina de


Parentalidade.
Sumário

Introdução................................................................................................03

Objetivo Geral...........................................................................................

Objetivos Específicos.................................................................................06

Justificativa...............................................................................................07

Método.....................................................................................................08

Discussão..................................................................................................09

Considerações Finais...................................................................................14

Referências................................................................................................

Anexos......................................................................................................
Introdução

Este relatório tem por objetivo apresentar o estudo sobre “Oficina de Pais e Filhos”,
conduzido ao longo do 9º Semestre de 2018 no Curso de Psicologia na disciplina de
estágio profissionalizante nas organizações III, a partir de discussões realizadas na
Universidade Nove de Julho, com o objetivo de planejar, organizar e acompanhar no
contexto da Universidade UNINOVE, a implementação da Educação Parental, como
nova Política Pública do Poder Judiciário, de prevenção e resolução de conflitos
familiares e observar e acolher as famílias participantes da Oficina de Pais e filhos.
Foram realizados encontros semanais como parte integrante do estágio para o
planejamento e execução das Oficinas mensalmente, observação de audiências de
Mediação Familiar (ou cível) no Centro Judiciário de Solução de Conflitos
(CEJUSC) e a supervisão de estágio que é realizada semanalmente na universidade
UNINOVE. Com uma base humanista e psicodinâmica o estágio na Oficina busca a
integração dos saberes da psicologia jurídica, psicologia social, psicologia clinica,
psicologia conjugal e familiar

Os temas abordados no referido Estágio Profissionalizante em Organizações e


Clinico III foram: a observação do comportamento e as práticas educativas entre Pais
e filhos que se encontram envolvidas em processos de divórcio foram realizadas
quatro oficinas nas seguintes datas 28/03/2018, 25/04/2018, 23/05/2018 e
27/06/2018.

O estudo da observação do comportamento humano tem sua importância,


pois segundo Danna & Matos (2006) a observação tem sido um instrumento
importante e satisfatório, pois toda informação que é coletada através dela, coloca o
cientista sobre as influências da realidade em que vivemos do que sobre influência de
suposições, preconceito entre outros, possibilitando assim uma maior e melhor
compreensão das nossas ações.

Considera-se a observação como sendo uma técnica que consiste em registrar


e anotar tudo aquilo que for observado, e sua visão é a facilidade e praticidade
proporcionada ao psicólogo em revisar suas anotações. “A observação é um
instrumento de coleta de dados que permite o presente relatório refere-se às

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atividades realizadas no Estágio Profissionalizante a socialização e
consequentemente a avaliação do trabalho do cientista” (DANNA; MATOS1999,
p.17)

Nosso estudo também realizou uma breve analise das práticas educativas por
parte dos Pais e filhos envolvidos em situações de separação e examinou a relação
entre os fatores no que diz respeito a condução jurídica dos processos , e o
desenvolvimento do comportamento que pudesse ser instalado através da
conscientização durante as Oficinas , auxiliando dessa forma na resolução pacifica
desse momento na maioria das vezes conflituoso.

A mediação de conflitos consiste em uma ferramenta de alta eficácia para resolução


de conflitos familiares. É bom lembrar que a mediação, entretanto, não visa pura e
simplesmente ao acordo, mas atingir a satisfação dos interesses e das necessidades
dos envolvidos no conflito. Em outras palavras, a mediação é um método de
resolução de conflitos em que um terceiro independente e imparcial coordena
reuniões conjuntas e separadas com as partes envolvidas em conflito. E um dos seus
objetivos é estimular o diálogo cooperativo entre elas para que alcancem a solução
das controvérsias em que estão envolvidas (Braga e Sampaio, 2014).

A educação parental é uma importante ferramenta para elaboração do divórcio e suas


conseqüências, pois promove a conscientização dos pais sobre a importância de
manter vínculos afetivos e de uma relação cooperativa, responsável e saudável. Pois,
em processo de divórcio os pais precisam conscientizar-se que o filho não passa a ser
uma moeda de troca e que o amor e a participação nas fases da vida do mesmo
devem ser de ambas as partes, onde passam a sentir minimamente os impacto desse
rompimento e conseguem se desenvolver de forma saudável.(Rocha, 2016)

A oficina de Pais e filhos é destinada as famílias em processo de divórcio, em meio a


conflitos jurídicos relacionado aos filhos. São realizadas palestras focadas na
relação parental e como lidar com os conflitos familiares de forma não violenta, na
oficina os pais e filhos são separados um cada sala , onde o conteúdo da palestra é
especifica para fortalecera relação parental. Trata-se de um programa educacional,
interdisciplinar e preventivo com a proposta de mostrar maneiras saudáveis de lidar

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com o termino do casamento, trazendo uma reflexão para o momento vivenciado
pelo casal, o foco é o bem estar dos filhos gerados dessa relação, e deixar claro para
esses filhos que o divorcio é um problema dos pais, que eles não devem se sentir
culpados ou serem envolvidos nos conflitos dos adultos, que independente do que
acontecer vão continuar com o seus vínculos, que eles tem direito de conviver
harmoniosamente com os dois. O objetivo da Oficina é desenvolver a autonomia e
resiliência das pessoas pela sua própria vida, resgatando a harmonia familiar,
transmitindo aos pais os efeitos negativos dos conflitos na vida de seus filhos, e o
que podem fazer para manter uma boa relação parental, afinal eles deixaram de ser
um casal de marido e mulher e não pais.

As famílias são encaminhadas à Oficina pelo magistrado, em qualquer fase do


processo, inclusive na fase pré-processual, através do Centro Judiciário de Solução
de Conflitos e Cidadania, mas de preferência logo no início, evitando-se a escalada
do conflito, que costuma ocorrer durante o processo judicial, podendo ocorrer de
forma complexo e demorada, e sobretudo polarizada. (ROCHA, 2015). O
encaminhamento é realizado pelo UAAJ (Unidade Avançada de atendimento
judiciário) e Guarda Civil metropolitana, os dois pólos do CEJUSC.

OBJETIVO GERAL:

 Planejar, organizar e acompanhar no contexto da Universidade UNINOVE, a


implementação da Educação Parental, nova Política Pública do Poder Judiciário, de
prevenção e resolução de conflitos familiares e observar e acolher as famílias
participantes.

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OBJETIVOS ESPECIFICOS:

 Realizar o acolhimento das famílias durante as Oficinas.


 Observar e analisar os conflitos característicos de dinâmicas familiares de famílias
que buscam a mediação de conflitos e a Oficina de Pais e Filhos.
 Discutir e aprofundar os temas abordados nas Oficinas: parentalidade, alienação
parental, divórcio, comunicação não-violenta.
 Identificar a dimensão psicológica do processo de divórcio e as formas saudáveis de
enfrentamento.
 Compreender os fundamentos da mediação de conflitos judicial pré-processual e
processual.
 Avaliar as atividades realizadas na Oficina.
 Reconhecer situações que demandam encaminhamento para atendimento
especializado.

JUSTIFICATIVA:

O divorcio, embora comum, é o segundo maior evento que causa impacto emocional
na vida das pessoas, perdendo apenas para a morte. Sobretudo os filhos do divórcio
sofrem com os conflitos intensos, prolongados e administrados, inadequadamente, ou
seja, de forma destrutiva pelos seus pais.

A Oficina de Pais e Filhos, nova Política Pública do Poder Judiciário, surge pois,
como uma metodologia inovadora para a prevenção e resolução de conflitos
familiares contribuindo para a humanização da Justiça da Família e a estabilização e
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pacificação das relações familiares. A Oficina de Parentalidade está alinhada à
Resolução 125/2010 que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento
adequado dos conflitos de interesses atribuindo ao Poder Judiciário o papel de
pacificador social. São desenvolvidos e incentivados métodos de solução de conflitos
promotores de nova forma de comunicação pautada na cooperatividade, os chamados
Métodos adequados de solução de conflitos (MASCs), com destaque para a
conciliação e mediação.

O Poder Judiciário como um efetivo protagonista da Cultura de Paz, passa a exercer


também função pedagógica e educativa na gestão adequada dos conflitos familiares,
através da Educação Parental, promovendo a conscientização dos pais para o
exercício de uma parentalidade responsável e colaborativa para o saudável
desenvolvimento emocional dos filhos.

Este estágio se propõe a contribuir com a formação do psicólogo, trazendo


conhecimentos de outras disciplinas e apresentando novos métodos e possibilidades
de intervenção no campo da Psicologia Social Clínica e Psicologia Jurídica,
permitindo que compreenda a dimensão multidisciplinar de sua atuação
principalmente no diálogo com o campo do Direito

Pretende proporcionar ao aluno estagiário a experiência na implementação deste


programa educacional inovador no atendimento à famílias, para casais em fase de
ruptura de relacionamento e os respectivos filhos menores, no contexto da
Universidade UNINOVE, em parceria com o Poder Judiciário, colaborando com a
efetivação da Política Pública e com a construção de um diálogo frutífero entre a
Psicologia e o Direito.

MÉTODO

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Os Estágios Profissionalizantes Clínicos e Organizacional, ocorreram de forma
integrada. O Estágio Clínico, contemplou o acolhimento e a observação das famílias
durante as Oficinas, análise e observação dos conflitos característicos de dinâmicas
familiares. Enquanto que o Estágio Organizacional englobou o planejamento,
organização e execução e avaliação da Oficina de Pais e Filhos

Para a realização deste estágio no campo houve uma atividade de sensibilização


pelos instrutores das Oficinas na Universidade UNINOVE, campus Vergueiro da
Universidade Nove de Julho no dia XX/YY das 19:30 h às 22:00 h, com intuito de
aproximar os estagiários aos objetivos da Oficina

A Execução das Oficinas foi na Universidade UNINOVE, campus Vergueiro e teve


periodicidade mensal. O horário foi das 14h00 às 18h00 nos dias 28/03/2018 (4ª
feira); 25/04/2018 (4ª feira); 23/05/2018 (4ª feira) e 27/06/2018 (4ª feira).

Foram realizadas as seguintes atividades específicas:

 Planejamento das Oficinas.


 Monitoria e suporte às Oficinas: Preparação do ambiente de trabalho; organização do
lanche a ser oferecido para os pais filhos e expositores; organização das salas;
organização do material administrativo e didático; controle de frequência de todos os
envolvidos; distribuição de material de identificação (crachás) e material didático;
suporte tecnológico para os expositores; controle de material didático e fichas;
controle logístico dos materiais e alimentos utilizados nas Oficinas; e organização
das salas ao término das Oficinas.
 Acolhimento das famílias: acolhimento na chegada das famílias; acolhimento durante
a Oficina: intervalo do lanche, acompanhamento ao banheiro; e acolhimento na
finalização da Oficina: distribuição das fichas de avaliação, informação sobre o
atendimento na Clínica da UNINOVE, sobre o atendimento familiar e na saída.
 Observação das Oficinas em salas separadas em sistema de rodízio: observação dos
Pais durante as Oficinas e seus comportamentos; observação das Crianças durante as
Oficinas e seus comportamentos e Intervenções lúdicas; observação dos
Adolescentes e seus comportamentos.

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 Avaliação da execução das Oficinas de Pais, Adolescentes e Crianças.
 Encaminhamento das famílias para atendimento especializados nas clinicas de saúde
da UNINOVE.

Foram também realizadas atividades de estágio com Observação de Sessões de


Conciliação Familiar e/ou Cível no Centro Judiciário de Solução de Conflitos-
CEJUSC Barra Funda e na Unidade Avançada de Atendimento Judiciário –
UNINOVE das 14h00 às 18h00.

As supervisões de estágio foram realizadas em campo durante a Oficina e na


Universidade semanalmente com entrega de relatórios, discussões de conceitos e
sobre as dinâmicas familiares observadas nas Oficinas e Mediações e planejamento
e avaliação das Oficinas.

DISCUSSÃO:

O Poder Judiciário do século XXI ocupa uma posição significativa no que diz
respeito a cultura da paz, tem como dever quebrar paradigmas e velhos padrões
visando dessa forma desenvolver ações criativas para resolução de conflitos inerentes
a sociedade, buscando dessa forma a promoção da pacificação no seio social. Entre
todos os ferramentais disponíveis podemos destacar aqui a relevância do papel
pedagógico enquanto aporte utilizado para transformar os conceitos sociais e
viabilizar que através do dialogo e boa convivência possa existir uma possível
harmonia entre os integrantes do grupo social em questão. A função do Judiciário é
garantir e defender os direitos individuais, promovendo a justiça, resolvendo todos os
conflitos que possam surgir na vida em sociedade. As responsabilidades e a estrutura
desse poder são determinadas pela Constituição Federal. Foi criada uma resolução no
Conselho Nacional de Justiça que solicita que os processos judiciais passem por uma
sessão de conciliação e mediação. (Rocha , 2015)

PRECISA VER O QUE É CITAÇÃO DIRETA DAQUI EM DIANTE

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Partindo da premissa que “já que as guerras nascem na mente dos homens, é na
mente dos homens que devem ser erguidas as bases da paz “conforme a constituição
da UNESCO agencia da ONU,é preciso trabalhar para a promoção educacional e
suas praticas visando criar como conseqüência um ambiente de paz, já que a
educação tem atributos transformadores, nada mais inteligente do que utilizá-la para
combater quaisquer raiz que possa incitar o confronto social entre os indivíduos e
seus núcleos.

Dado o poder transformador da educação o Poder Judiciário viu que de nada adianta
se pautar apenas nas normas técnicas jurídicas e deixar de lado fatores que tem um
papel significativo na vida do sujeito, e a educação assume um importante papel já
que como dizia Paulo Freire, “ a educação não transforma o mundo mas sim as
pessoas”, e estas conseqüentemente mudam o mundo, aqui reside uma das bases para
seu estudo e uso como forte aliado evitando através da conscientização o conflito
entre partes buscando assim alocar cada individuo a assumir seu papel antes o
desenlace familiar ou seja ele qual for.(Rocha , 2015)

Destaca-se a importância de inserir a educação parental como instrumento no meio


jurídico auxiliando nos processos conflitais, sugerindo a pratica de uma educação
que torne os sujeitos sensíveis em relação a ter empatia para com o outro,
trabalhando valores como senso de responsabilidade ,respeito as diferenças e
liberdade ,resgatando dessa forma a humanidade das pessoas que é o elemento
decisivo para implantação de uma cultura pacifica. (Rocha, 2015)

CITAÇÃO DIRETA??

Os casais que conseguem lidar de forma positiva com a separação garantem aos
filhos um ambiente acolhedor e favorecem que eles não apenas sobrevivam, mas
amadureçam positivamente após o divórcio, trazendo reflexões para o momento
vivenciado pela família. A educação parental pode contribuir com a harmonização
das relações e a prevenção da alienação parental. (Rocha, 2015)

Citação direta

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A cultura da paz está intimamente ligada à educação, inclui a promoção da
compreensão, da tolerância, da solidariedade e do respeito, pautada nos
valores humanos que precisam ser colocados em prática, a fim de passarem
do estado de intenção para o exercício da ação, transformando-se
corretamente em atos, valores éticos, morais e estéticos.(Rocha, 2015
página????)

As Oficinas têm como objetivo apoiar as famílias a entenderem o que ocorrem com
as crianças e adolescentes buscando o menor dano emocional a todos os envolvidos.
Ela surge como um instrumento de pacificação das relações, auxiliando os pais a
protegerem os seus filhos dos efeitos danosos dos seus conflitos, reduzindo os
traumas decorrentes das mudanças causadas nas relações familiares.

Nas Oficinas os participantes encontram um lugar para falar sobre os seus


sentimentos e expectativa sem relação ao momento novo em suas vidas e os pais
podem refletir sobre os seus comportamentos e atitude em relação aos filhos e buscar
uma maneira positiva e saudável para lidar com o término do casamento, com a
finalidade de que amadureçam positivamente e consigam reorganizar as suas
famílias; resgatando a autonomia das pessoas por suas próprias vidas, para solução
de conflitos para que se tornem pessoas emocionalmente saudáveis e consigam
estabelecer uma boa relação parental ( NETO Giglio Salvador, Slides, 2018).

Na primeira Oficina assistida, observamos a Oficina de Criança e a de pais notamos


que no inicio havia um pouco de tensão por parte de nós estagiários frente ao desafio
e apreensão dos participantes em relação ao que ia acontecer. No decorrer do evento
podemos perceber menos tensão no ar, as crianças sorriam para nós com mais
frequência e agiam de forma mais espontânea.

No fim do evento podemos perceber que todos participantes estavam mais leves e
alegres, os pais das crianças já conseguiam se dirigir uns aos outros com um olhar
mais acolhedor e menos armados, como no início, também notei que no final do
evento, alguns pais saíram juntos e conversando e as crianças e adolescentes estavam
sorridentes.

Na segunda Oficina observamos a Oficina dos Adolescentes, notamos que no início


da Oficina, os adolescentes estavam bem apreensivos em relação ao que ia acontecer,

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alguns tinham insegurança para responder as perguntas e falavam bem baixinho e
com muita timidez.No decorrer da Oficina podemos perceber menos tensão no ar, os
adolescentes já conseguiam falar com menos vergonha e mais segurança, alguns até
conseguiram falar de situações pessoais e expor seus sentimentos.

No fim do evento podemos perceber que os adolescentes estavam mais leves, já


conseguiam conversar entre si, trocar experiências uns com os outros, também notei
que no final do evento alguns pais estavam sentados juntos e conversando, e as
crianças e adolescentes estavam mais descontraídos.

Em ambas as oficinas os participantes demonstraram gratidão, alguns agradeceram e


relataram o quanto esse evento havia agregado em suas vidas, pois passaram a olhar
os problemas através de outra perspectiva, com um olhar positivo e que a partir
daquele momento iam ser mais flexíveis e empáticos em relação ao outro, se
comunicar de forma não violenta, tornando as suas relações mais leves.

Na terceira oficina assistida observamos a Oficina de Pais, onde os conflitos ficaram


mais evidentes, alguns pais levaram os seus atuais companheiros, o que deixou uma
clima de muita tensão no ar. Houve um caso em especial que nos chamou muita
atenção, pois uma das participantes havia levado o atual companheiro, que numa
relação simbiótica ficou agarrado à mulher e aos filhos dela, não deixando o pai se
aproximar dos filhos, gerando muito receio em todos nós, ficamos em alerta para um
possível conflito, as meninas responsáveis pela recepção souberam conduzir a
situação da melhor maneira possível, fizeram o Rapport com o rapaz que estava
totalmente alterado e pronto para a briga, ele foi relatando a sua situação, e em meio
ao seu relato, contou que também estava passando por processo de divórcio, o que
deixou evidente a projeção de sua frustração como pai e marido no relacionamento
da atual companheira, e aos poucos foi se recompondo.

Durante a Oficina tivemos a oportunidade de observar o ex-companheiro dessa


participante em especial, ele estava bem angustiado, interrompeu a Oficina diversas
vezes, queria muito ser ouvido. Segundo o seu relato, a esposa não o deixava ter
nenhum contato com as filhas, o que o deixava muito triste. Segundo o relato das
colegas que participaram da Oficina na sala das crianças, observaram que a filha
maior contou ter presenciado diversas brigas entre os pais, inclusive que o pai

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agredia sua mãe fisicamente e ela havia perdido um bebê devido as agressões. Elas
presenciaram uma situação que chamou a atenção, onde o pai ao cruzar com a filha
menor no corredor foi abraçá-la, porém ela se esquivou o que deixou evidente uma
possível situação de Alienação Parental.

Segundo relato da nossa supervisora, no decorrer da Oficina o casal foi separado, a


mulher se comportou de forma insegura, como se tivesse se sentindo desamparada e
começou a chorar, rapidamente foi amparada por uma das alunas que segurou a sua
mão até se acalmar e no final da Oficina estava tranqüila e até conversou de forma
amigável com o seu ex-companheiro, deixando evidente os frutos positivos que a
Oficina causa nas famílias.

Os efeitos causados pelo divórcio podem ser devastadores nas famílias e passar por
esse processo de forma saudável e amigável é sempre um desafio. A conciliação é
um processo de diálogo entre as partes, é preciso participar de reuniões com
mediadores com o intuito de reajustar cada indivíduo nesse processo da forma mais
amigável possível, consiste em uma ferramenta de alta eficácia para resolução de
determinados conflitos que possa existir entre casais e choque de posições
antagônicas em um momento de divergências entre pessoas sejam físicas, sejam
jurídicas. O choque de posição citado é fruto da conscientização de que a situação
vivenciada pela pessoa deixa desconfortável e a faz solicitar a outra possibilidade de
mudança (Braga e Sampaio, 2014).

Foram também realizadas atividades de estágio com Observação de Sessões de


Conciliação Familiar e/ou Cível no Centro Judiciário de Solução de Conflitos-
CEJUSC Barra Funda e na Unidade Avançada de Atendimento Judiciário –
UNINOVE das 14h00 às 18h00.

1º Observação

Caso Convênio Amil

O cliente ( paciente) solicita o reembolso + danos morais devido a uma cirurgia não
realizada. A proposta foi de reembolso do valor total mais danos morais, porém o

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advogado representando fez uma contraproposta de realizar a devolução de 80% do
valor + as despesas.

O cliente não estava presente na negociação, porém pude perceber que apesar da
tensão entre as partes, por um momento houve empatia por parte do advogado
representante da convênio, pois ele mesmo relatou que a situação vivenciada pelo
cliente (paciente) não deve ter sido fácil, que gerou muitos transtornos, que
compreendia o valor requerido, porém a melhor proposta que poderia apresentar era
aquela, que se ação fosse revogada poderia gerar ainda mais transtornos pelo fato que
processo poderia demorar ainda mais, levando em consideração o tempo que já havia
corrido. O acordo ficou em 20 mil reais+ mil dos honorários até 25/06/2018 ( Ação
Frutífera).

2º Observação

O cliente realizou uma compra de um imóvel que estava na Planta, deu entrada no
valor de 25 mil, porém o Banco não aprovou o financiamento e o dinheiro ficou
retido. Ele relata que havia conversado com o Corretor que garantiu que tudo estava
certo, que não precisaria se preocupar, porém mais para frente, além de descobrir que
o financiamento não havia sido aprovado, descobriu que o imóvel já estava pronto e
ele havia pago inclusive evolução da obra, ele alega que o Corretor usou de má fé,
que tinha confiado na palavra dele. Foi aberto a audiência de Tentativa de
Conciliação, nos autos da ação e entre as parte supra referidas.

Durante o relato do cliente pude observar muita emoção em suas palavras, quando
ele contou que havia acreditado no corretor de imóveis que fez a venda, seus olhos
ficaram marejados e a voz embargada e a advogada representante da construtora
ficou desconcertada, disse que concordava com o cliente, porém estava ali para fazer
o seu trabalho, independente de concordar ou não, sua obrigação era representar a
empresa e a proposta previamente determinada.

O cliente solicita o reembolso do valor pago, devido ao transtorno e demora na ação,


abre a mão de juros, quer apenas o valor pago e nada mais, porém a Advogada
representante da Construtora propôs a devolução de 90% do valor, pois os outros
10% são cobrados a parte para pagar a corretagem + construtora. O cliente recusou a

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proposta, a Audiência de Conciliação foi Infrutífera, sendo consignado a devolução
dos autos a Vara de Origem.

3º Observação

Um casal de idosos realizou a compra de dois imóveis e quando já haviam pago o


financiamento durante 5 anos o esposo faleceu, não sendo possível manter o
pagamento dos dois imóveis, porém a senhora propôs a construtora manter apenas o
financiamento de um dos imóveis, devido a dificuldade no pagamento, porém a
construtora realizou o cancelamento do financiamento dos dois imóveis. A cliente
solicita a restituição do valor pago durante os cinco anos, devido ao cancelamento,
porém a Advogada representante da Construtora propõe a devolução de 80% do
valor + juros de mora, mas o valor da corretagem, construtora e acessória não podem
ser restituídos por serem cobrados a parte. A cliente não aceitou a proposta devido ao
transtorno, pelo fato dos imóveis não serem financiados juntos, não havia
necessidade de cancelar o financiamento de ambos, a Audiência de Conciliação foi
Infrutífera, sendo consignado a devolução dos autos a Vara de Origem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS ( Katy)

A importância desse trabalho para a prática psicológica é imprescindível, pois


entender a dinâmica familiar faz com que o profissional possa compreender o
individuo na sua totalidade, como fruto de suas relações, contribuindo para a
intervenção no campo da Psicologia Social Clínica e Psicologia Jurídica, permitindo
que o estagiário compreenda a dimensão da atuação multidisciplinar e possa dialogar
com outros saberes. Essa experiência agregou para minha vida pessoal e
profissional, pois ter participado na implementação de um programa educacional e
inovador, colaborando na efetivação da Política Pública foi enriquecedor poder fazer
parte dessa história.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ( Anderson)

Enquanto Psicólogo em Formação com base em tudo que pude observar nas oficinas
realizadas posso dizer que a família tem papel evidente de grande influencia no
desenvolvimento de determinados padrões de comportamentos na criança e no
adolescente durante o processo de divorcio. Há uma variação na forma que cada
família vai reagir durante esse processo. Pais que são mais agressivos, resistentes e
rígidos no que diz respeito a esse evento vão ter mais dificuldade em suportar e
desenvolver capacidade de enfretamento. Há necessidade que os pais desenvolvam
maneiras positivas de lidar com o filhos nesse período delicado em que sentimentos
mal elaborados estão em jogo, e isso não é fácil, a Oficina veio justamente auxiliar
nesse momento de forma que os envolvidos possam desenvolver competências para
lidar melhor e atravessar de forma mais amena essa fase bem como pacificar a
situação de conflito ,a comunicação . As Práticas educativa positivas nesse momento
proporcionam aos filhos a organização de seu repertório comportamental digerindo
melhor as emoções emergentes nessa fase, em contrapartida práticas negativas
geram um repertório pobre em competência social e conseqüentemente a
comportamentos anti-sociais como, por exemplo, o uso de drogas, assim dessa forma
diminui a possibilidade desse adolescente seguir por caminhos indevidos. Para a
Psicologia estudar estes fenômenos é de muita importância já que além de se tratar
do comportamento humano diz respeito a forma de entender e conduzir as relações
conflituosas.

REFERÊNCIAS

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EDICON

16
CEZAR- FERREIRA,Verônica A. da Motta. Cap. I . A família e o evento da
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http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/07/f247f5ce60df2774c59d6e2ddd
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FONKERT, Renata. Mediação familiar: recurso alternativo à terapia familiar na


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