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Rio de Janeiro
Abril de 2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO
DEM/POLI/UFRJ
Aprovado por:
Abril de 2016
Ribeiro, Raslan Oliveira
Acústica previsional aplicada à salas de espetáculo/Raslan
Oliveira Ribeiro. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola
Politécnica, 2016.
X, 48 p.: il.; 29, 7cm.
Orientador: Jules Ghislain Slama
Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/Curso de
Engenharia Mecânica, 2016.
Referências Bibliográficas: p. 55-57
1.Tempo de reverberação 2. Nível de pressão sonora 3.
Raynoise 4. Ruído 5. Acústica
I. Slama, Jules Ghislain. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Mecânica. III. Título.
iii
Agradecimentos
À minha querida namorada Alecy por todo amor, carinho e companheirismo durante
todos os momentos, tenham sido eles de dificuldades ou felicidades.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
Março/2016
Esse projeto tem como finalidade avaliar e melhorar a acústica de ambientes internos a
partir de três dos principais fatores que proporcionam o conforto acústico à plateia: o
tempo de reverberação (TR), a distribuição do nível de pressão sonora (NPS) na plateia
e o nível de ruído interno.
Através do uso dos softwares Autocad para desenhar a sala de espetáculo, do Raynoise
para avaliar o NPS, do software TR60 para calcular o TR e da aplicação do método das
placas acústicas, será possível avaliar e determinar quais os materiais acústicos mais
adequados àquele ambiente de acordo com a sua finalidade. Isso será feito baseando se
nas normas NBR 12179 e NBR 10152 da ABNT.
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Mechanic Engineer.
March/2016
This project has the purpose of evaluate and improve the acoustic of indoors from three
main factors that provide the acoustic comfort to the audience: the reverberation time
(TR), the distribution of the sound pressure level (SPL) in the audience and the indoor
noise level.
Through the use of the software Autocad to design the concert hall, the Raynoise to
evaluate the sound pressure level, the software TR60 to calculate the TR and the
application of the method of acoustic boards, it will be possible to evaluate and
determine which acoustics materials are more adequate to the environment according to
its finality. This will be done based on the standards NBR 12179 and NBR 10152 from
ABNT.
Key words: reverberation time, sound pressure level, Raynoise, noise, acoustic.
vi
Sumário
Sumário .............................................................................................................................. vii
Lista de Figuras............................................................................................................ ix
Lista de Tabelas ............................................................................................................ x
1. Introdução.............................................................................................................. 1
2. Características do som ........................................................................................... 2
2.1. Natureza do som ....................................................................................................... 2
2.2. Propagação do som ................................................................................................... 2
2.3. Direcionalidade ......................................................................................................... 3
2.4. Coeficientes de absorção, reflexão e transmissão sonoros ......................................... 3
2.5. Distância crítica ......................................................................................................... 5
2.6. Altura, intensidade e timbre ...................................................................................... 6
2.7. Propagação do som em ambientes fechados ............................................................. 6
3. Conforto Acústico .................................................................................................. 9
3.1. Ruído ......................................................................................................................... 9
3.2. Coeficiente de redução de ruído ................................................................................ 9
3.3. Percepção e efeito do ruído ..................................................................................... 10
3.4. Análise espectral do som ......................................................................................... 15
3.4.1. Espectro de frequências ................................................................................... 15
3.4.2. Densidade espectral de potência...................................................................... 15
3.5. Ruído rosa e ruído branco ........................................................................................ 15
3.6. Controle do ruído por aplicação de materiais absorventes ....................................... 17
3.7. Isolamento contra o ruído ....................................................................................... 18
4. Métodos e conceitos............................................................................................. 19
4.1. Tempo de Reverberação .......................................................................................... 19
4.2. Determinação do coeficiente de absorção sonora .................................................... 22
4.3. Fatores influenciantes na propagação do som dentro de um ambiente.................... 24
4.4. Método das imagens ............................................................................................... 24
4.5. Método dos Raio Acústicos ...................................................................................... 25
5. Tipos de ponderações em frequência .................................................................... 25
6. Análise de um ambiente fechado .......................................................................... 27
6.1. Nível de pressão sonora ........................................................................................... 27
6.2. Campo sonoro difuso ............................................................................................... 28
vii
6.3. Utilização de placas acústicas para mudar o campo sonoro...................................... 31
7.Softwares utilizados ................................................................................................. 33
7.1. Raynoise....................................................................................................................... 33
7.2. Autocad........................................................................................................................ 34
8.Estudo do nível de pressão sonora: homogeneidade nas salas ................................... 34
9. Estudo de caso ........................................................... Erro! Indicador não definido.
9.1. Local ............................................................................................................................. 37
9.2. Características e dimensões.......................................................................................... 39
9.3. Tempo de Reverberação do Auditório .......................................................................... 41
9.4. Nível de Pressão Sonora na Sala ................................................................................... 41
10. Conclusões ............................................................................................................ 44
11. Bibliografia ........................................................................................................... 46
12. Sites pesquisados................................................................................................... 48
viii
Lista de Figuras
Figura 2.1 - Formas de propagação do som: esférica, semiesférica e ¼ de esfera,
respectivamente ............................................................................................................ 3
Figura 3.1 - Curvas de avaliação de ruído de acordo com o nível de pressão sonora .... 13
Figura 3.2 - Exemplo de gráfico das faixas de frequência X amplitude ........................ 15
Figura 3.3 - Ruído branco ........................................................................................... 16
Figura 3.4 - Ruído rosa................................................................................................ 17
Figura 4.1 - Decaída do nível sonoro após o desligamento da fonte ............................. 20
Figura 4.2 - Tempo de Reverberação X Volume em metros cúbicos ............................ 22
Figura 4.3 - Trajeto das imagens especulares ............................................................... 25
Figura 5.1 - Tipos de filtros ......................................................................................... 26
Figura 6.1 - Geometria envolvida ................................................................................ 29
Figura 6.2 - Desenho da primeira placa refletora (em vermelho) ................................. 32
Figura 6.3 - Placas refletoras seguintes (em vermelho) ................................................ 33
Figura 8.1 -Simulação da distribuição do sonora no (a) Teatro Municipal de Ouro Preto;
(b) Teatro Sabará; (c) Mosteiro de São Bento; (d) Fundição Progresso ........................ 36
Figura 9.1 - Foto frontal do auditório do MEC ............................................................ 38
Figura 9.2 - Foto lateral do auditório do MEC ............................................................. 39
Figura 9.3 - Vista superior do auditório em CAD ........................................................ 40
Figura 9.4 - Vista isométrica da sala em CAD ............................................................. 41
Figura 9.5 - Simulação sem placas refletoras ............................................................... 42
ix
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Variação da velocidade do som de acordo com a variação da temperatura . 2
Tabela 2.2 - Velocidade de propagação do som de acordo com o meio .......................... 2
Tabela 2.3 - Classificação da absorção sonora – ISO 11654 .......................................... 4
Tabela 3.1 - Tipos de áreas e seus respectivos 𝐿𝐴𝑒𝑞.................................................... 11
Tabela 3.2 - Valores aceitáveis à audibilidade de acordo com o recinto ....................... 14
Tabela 3.4 - Atenuação sonora de diferentes tipos de materiais ................................... 18
Tabela 4.2 - Alguns materiais e seus respectivos coeficientes de absorção sonora ....... 23
Tabela 6.1 - Principais níveis de grandeza acústica...................................................... 27
Tabela 8.1 - Planos do auditório e suas características ................................................. 40
x
1.Introdução
Boas qualidades acústicas de uma sala são reconhecidas por, entre outras coisas, boa
inteligibilidade da fala, homogeneidade da pressão sonora no ambiente e proteção
suficiente de sons intrusos e não desejados do ambiente. Um profundo conhecimento da
qualidade acústica dos materiais e construção é essencial para o design de uma boa
acústica circundante.
1
2.Características do som
2.1. Natureza do som
O som é uma perturbação produzida pelas vibrações de um corpo, ou o escoamento de
um fluido, que se propaga num meio elástico (sólido, gasoso ou líquido) através de
pequenas flutuações de pressão, densidade e temperatura. Quando uma onda sonora
atravessa esse meio, suas partículas provocam uma variação de pressão. Esta variação
de pressão será um som, se for capaz de criar uma sensação auditiva.
1,4. 𝑃
𝑣= √
𝐷
Também se utiliza uma equação aproximada para a velocidade do som, a qual leva em
consideração a temperatura (T em ºC):
𝑣 = 331,4 + 0,607. 𝑇
-20 319
-10 326
0 332
10 338
20 344
2
Meio Velocidade do som (m/s)
Vidro 5370
2.3. Direcionalidade
A propagação do som no ar se dá a partir da fonte geradora, com a formação de ondas
em todas as direções. Dependendo da fonte sonora, pode haver uma maior concentração
da energia sonora numa determinada direção (direcionalidade).
3
O coeficiente de absorção sonora (𝛼) é uma característica da superfície sobre a qual
ocorre a incidência da onda e considera-se tanto a dissipação térmica pelos materiais
compondo essa superfície como também a propagação que está atrás da superfície. É o
resultado da divisão entre a soma da energia sonora absorvida pelo material ou sistema e
a energia sonora transmitida através do mesmo pela energia sonora incidente em sua
face exposta (por exemplo: uma janela aberta possui 𝛼 igual a 1). Este número varia
entre 0 e 1 expressando a fração de energia sonora absorvida/transmitida pelo material,
e representa a média aritmética dos valores obtidos nas frequências de 250, 500, 1000 e
2000 Hz.
𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑎𝑏𝑠𝑜𝑟𝑣𝑖𝑑𝑎
𝛼=
𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒
∑𝑖 𝛼𝑖 . 𝑠𝑖
𝛼̅ =
∑𝑖 𝑠𝑖
No qual
Abaixo segue a tabela de classificação da absorção sonora de acordo com a norma ISO
11654:
4
D 0,30; 0,35; 0,40; Absorvente 0,5 ≤ 𝑁𝑅𝐶
0,45; 0,50; < 0,75
𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎
𝛾=
𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑅. 𝑄
𝑑. 𝑐 = √
16. 𝜋
No qual
5
Na fórmula anterior, a absorção pelo ar na propagação da onda não foi considerada.
𝑚.𝑣
Para que esse elemento seja levado em consideração, deve se substituir 𝛼̅ por 𝛼̅ + 4. .
𝑠
A intensidade sonora corresponde à energia da onda, ou seja, à sua potência por unidade
de superfície. Associa-se a intensidade sonora à amplitude da onda: quanto maior a
amplitude da onda, maior a intensidade.
Em uma sala as ondas sonoras são refletidas várias vezes pelas paredes, ocasionando na
redução de sua intensidade de acordo com a característica absorvente de cada obstáculo.
6
1) Campo direto: alcança o ouvinte diretamente a partir da fonte da mesma forma
que num campo livre. Esse campo obedece à lei de propagação em campo livre e decai
6 decibéis cada vez que a distância da fonte sonora ao ouvinte for duplicada.
𝑄(𝑓)
𝐿𝑃𝐷 (𝑓) = 𝐿𝑊 (𝑓) + 10 log ( )
4𝜋𝑟 2
𝐿𝑃𝐷 (𝑓): é o nível de pressão sonora direta para uma frequência determinada
𝐿𝑊 (𝑓): é o nível de potência sonora da fonte
𝑟: é a distância da fonte até um ponto genérico
Longe das paredes a intensidade sonora é nula. Neste campo as relações entre
intensidade sonora e pressão sonora não são as mesmas que para uma onda plana. Para
7
uma onda plana, o nível de intensidade iguala o nível de pressão sonora: NIS = NPS. Já
para um campo reverberante perto de uma parede, NIS = NPS - 6db
4
𝐿𝑃𝑅 (𝑓) = 𝐿𝑊 (𝑓) + 10. log ( )
𝑅
𝐿𝑃𝑅 (𝑓): é o nível de pressão sonora reverberante para uma frequência determinada;
resultante das múltiplas reflexões do som nas paredes da sala.
Esta curva, válida numa região próxima da fonte e longe das paredes, poderá ser
determinada por fórmulas empíricas simplificadas propostas por diversos autores, ou
através de simulações numéricas, ou experimentalmente utilizando uma fonte de
referência. Tem-se por preferência definir o decaimento médio em dB(A) por
duplicação da distância.
8
Foi proposto por Thompson uma outra fórmula do decaimento do som em função da
distância para ambientes industriais. Esta fórmula tem validade para locais de absorção
média:
𝑄(𝑓) 4. 𝑀𝐹𝑃
𝐿𝑃 (𝑓) = 𝐿𝑊 (𝑓) + 10 × log ( + )
4. 𝜋. 𝑟 2 𝑟. 𝑅
MFP é o livre percurso médio: 𝑀𝐹𝑃 = (4𝑉)/𝑆
3.Conforto Acústico
3.1. Ruído
O ruído é considerado como sendo qualquer tipo de som ou qualquer interferência que
venha a prejudicar a transmissão e a recuperação de uma mensagem (SCHAFER, 1991).
Contudo, essa definição apresenta uma conotação subjetiva, já que um ruído pode ser
agradável para uma pessoa e extremamente desagradável para outra.
As fontes de ruídos podem ser fixas ou móveis. A primeira provém de lugares, como
um bar ou um sino de igreja. E as outras são geradas principalmente pelas vias ou uma
pessoa, que quando se move, também movimenta os sons que faz. As fontes também
podem ser pontuais, lineares ou superficiais; dependendo da relação entre a fonte e o
receptor.
9
aproximação de 0,05 (ASTM C 423-90 A). O NRC é muito utilizado pelos fornecedores
de materiais acústicos e está relacionado com a redução do campo sonoro reverberante
proveniente da aplicação de materiais absorventes nas superfícies dos locais.
Nas últimas décadas, os ruídos se transformaram em uma das formas de poluição que
afeta a maior quantidade de pessoas. A partir de 1989, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) passou a tratar o ruído como problema de saúde pública.
10
envolve as medições do nível de pressão sonora equivalente (𝐿𝐴𝑒𝑞 ), em decibéis
ponderados em “A”, comumente chamado dB(A).
Nesta norma da ABNT citada acima, é estabelecido, conforme as zonas, níveis de 𝐿𝐴𝑒𝑞 ,
nos períodos diurnos e noturnos (das 22h às 7h), conforme a tabela abaixo. O 𝐿𝐴𝑒𝑞 é o
nível obtido a partir do valor médio quadrático da pressão sonora, com a ponderação
“A”, referente a todo intervalo de medição (ABNT, 2000).
𝑳𝑨𝒆𝒒
Já a norma NBR10152 sobre níveis de ruído para conforto acústico, fixa os níveis de
ruído internos compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos. Para os
efeitos desta norma são adotadas as definições de pressão sonora ponderada A, nível de
pressão sonora, nível de pressão sonora ponderada 𝐿𝑃𝐴 e curva de avaliação de ruído
(NC).
A pressão sonora ponderada A, dada em Pascal (Pa) tem valor eficaz (RMS) da pressão
sonora determinada pelo uso do circuito ponderado A, conforme a IEC651.
𝑃 2
𝐿𝑝 = 10. log10 ( )
𝑃𝑜
11
𝑃𝑜 = Pressão sonora de referência (20 µPa)
O nível de pressão sonora ponderada 𝐿𝑃𝐴 é dado em dB(A). E é dado pela expressão:
𝑃𝐴 2
𝐿𝑃𝐴 = 10. log10 ( )
𝑃𝑜
12
Figura 3.1 - Curvas de avaliação de ruído de acordo com o nível de pressão sonora
Como esse trabalho tem o intuito de avaliar ambientes internos, torna-se de grande
importância a consulta à tabela, específica para esses fins, de medição de ruídos com
valores em dB(A) e NC. Abaixo, segue a tabela:
13
Tabela 3.2 - Valores aceitáveis à audibilidade de acordo com o recinto
Locais dB(A) NC
14
A tabela acima visa estipular valores aceitáveis à audibilidade de acordo com o uso do
local. Os valores inferiores das faixas representam o nível sonoro de conforto para o
ouvinte. Já o superior significa o nível aceitável para a finalidade proposta. Valores
superiores aos estabelecidos na tabela acima são considerados desconfortáveis, porém
não necessariamente sendo prejudiciais à saúde.
O ruído branco tem igual potência por hertz constante em todas as frequências,
enquanto o poder por hertz no ruído rosa diminui à medida que a frequência aumenta.
15
Como resultado, as potências nas frequências mais baixas no ruído rosa são mais altas e
têm mais poder do que as frequências mais altas. No entanto, a maioria das pessoas
percebe o som do ruído rosa como sendo sempre o mesmo, inalterável, porque ele tem
potência igual por oitava.
Em acústica, uma oitava é uma banda de frequência mais alta, cuja frequência é de duas
vezes a sua menor frequência. Por exemplo, a banda de 20 hertz e 40 Hertz é uma
oitava, como a banda de 40 a 80 hertz.
Assim, embora o poder por hertz diminua com o aumento da frequência, a largura das
oitavas sucessivos aumentam (que contêm mais frequências), dando ao ruído rosa
potência igual por oitava.
Em termos de aplicações, o ruído rosa é frequentemente usado para testar e igualar alto-
falantes em salas e auditórios. Nos últimos anos, o ruído rosa também se tornou popular
em ambientes de negócios pois o ruído pode mascarar o som de fundo de baixa
frequência, que pode ajudar a aumentar a produtividade e concentração entre os
funcionários.
16
Figura 3.4 - Ruído rosa
17
3.7. Isolamento contra o ruído
O isolamento contra o ruído deve ser aplicado nas situações em que o ambiente interno
deve ser isolado dos ruídos externos e dos ruídos produzidos no próprio interior; e
quando o som interior não deve causar incômodo aos moradores próximos.
Abaixo, segue uma tabela com a atenuação sonora de alguns materiais a fim de
exemplificar quais materiais funcionam melhor como isolantes acústicos.
Concreto 5 31
Concreto 10 44
Gesso 5 42
Gesso 10 45
18
Tijolo 6 45
Tijolo 12 49
Tijolo 25 54
Tijolo 38 57
4.Métodos e conceitos
4.1. Tempo de Reverberação
O tempo de reverberação é o aspecto acústico mais importante a ser avaliado e de maior
utilização para se qualificar a sala em estudo. Seu valor mostra se determinado ambiente
está contribuindo de forma positiva ou negativa para a inteligibilidade da fala ou, no
caso de salas de concerto, se está mantendo a qualidade da música. A inteligibilidade da
fala pode ser medida através de percentuais de palavras, frases ou ideias compreendidas
pelos ouvintes.
A avaliação do ambiente acústico é importante, uma vez que a reflexão do som nas
superfícies de um espaço fechado ou a reverberação pode produzir degradação
mensurável no reconhecimento da fala (Soli e Wong, 2008).
19
Figura 4.1 - Decaída do nível sonoro após o desligamento da fonte
Fórmula de Sabine
𝑎 = 𝑆. ̅̅̅̅̅̅
𝛼(𝑓) : área de absorção da sala
20
Fórmula de Norris Eyring
Fórmula de Millington
É mais adequada para locais onde há grande variação de coeficientes de absorção entre
paredes.
0,161 × 𝑉
𝑇60 =
∑ 𝑆𝑖 × log 𝑒 (1 − 𝛼𝑖 )
21
Figura 4.2 - Tempo de Reverberação X Volume em metros cúbicos
22
difuso), ou seja, a pressão sonora distribui-se uniformemente nesse ambiente onde
realiza-se a medição.
Neste ensaio, o T60 é medido sob duas condições distintas: Na primeira medição,
o T60 é tomado na câmara reverberante sem a presença da amostra a ser classificada.
Na segunda medição, a amostra a ser caracterizada é posicionada e toma-se a segunda
medida de T60. A comparação entre as duas medições permite o cálculo do coeficiente
de absorção por incidência difusa, a partir da teoria da acústica estatística proposta
por Wallace Sabine. Como o som incidente na amostra é considerado difuso, o
coeficiente de absorção medido é considerado como o resultado de uma média ao longo
dos ângulos de incidência. O coeficiente de absorção por incidência difusa é o dado
normalmente utilizado quando se deseja fazer o projeto acústico de um ambiente.
A norma NBR 12179 da ABNT apresenta uma tabela com os coeficientes de absorção
sonora de acordo com as faixas de frequências. Por convenção faz-se a avaliação
acústica utilizando a faixa de frequência de 500 Hz. Para fins de exemplificação, segue
uma pequena parte da tabela mencionada anteriormente:
23
4.3. Fatores influenciantes na propagação do som
dentro de um ambiente
A propagação do som no ar recebe uma atenuação suplementar devido à
absorção molecular. Este efeito deve ser considerado para propagação do som em
grandes espaços. Segundo referências, ele pode ser estimado adicionando-se ao
4×𝑚×𝑉
coeficiente de absorção médio o termo .
𝑆
𝑆. 𝛼̅ + 4. 𝑚. 𝑉
𝑅=
4. 𝑚. 𝑉
1 − 𝛼̅ − 𝑆
24
Figura 4.3 - Trajeto das imagens especulares
A faixa em que o ouvido humano é mais sensível é entre 1kHz e 4kHz. Como alguns
tipos de microfones possuem uma resposta em frequência razoavelmente plana dentro
25
da faixa audível, é necessário usar filtros para compensar a diferença entre a resposta do
microfone e do ouvido humano ao som.
Abaixo, os filtros dB(A), dB(B) e dB(C) que simulam a resposta do ouvido humano ao
ruído:
Destes, o filtro dB(A) é o mais utilizado para medições gerais, o filtro dB(C) é o mais
utilizado para medições de ruídos de curta duração e alta intensidade, e o filtro dB(B)
tem uma característica intermediária dos filtros dB(A) e dB(C), e é o menos utilizado.
Utilizando esses filtros, o medidor de nível sonoro fica menos sensível a frequências
muito altas ou muito baixas.
26
6.Análise de um ambiente fechado
6.1. Nível de pressão sonora
A determinação do campo de níveis de pressão sonora (NPS) é o objeto principal de
estudo no software de simulação numérica do comportamento acústico de salas
(Raynoise) inicialmente citado.
A medida utilizada é o Nível de Pressão Sonora (NPS) ou SPL (sound pressure level),
expresso em decibel. Esta medida retrata a quantidade de energia existente na onda
sonora. “Decibéis não são unidades que se relacionam linearmente com uma grandeza”
(Seep, 2002). “Decibéis tem a característica de comprimir uma ampla faixa de variação
da escala linear de potências por transformação desta em escala logarítmica. ” (Soares,
2003).
Abaixo segue uma tabela resumida dos principais níveis de grandezas acústicas:
Todas as siglas com índice “0” na tabela acima representam os valores de referência de
intensidade, potência e pressão sonora respectivamente.
Um medidor simples de NPS fornece o valor global em dB, onde estão combinados os
níveis de pressão sonora em todas as frequências. Outros medidores podem ter filtros
que permitem medir o NPS em cada banda de oitava. É possível também ponderar o
NPS ajustando o nível em frequências diferentes antes de combinar os níveis em um
nível global. Um exemplo desta aplicação é a ponderação “A” que reduz a intensidade
27
de som de forma a simular a sensibilidade do ouvido humano. Os valores desta
ponderação são indicados em dB(A).
Calcular o NPS produzido por duas fontes simultaneamente não significa simplesmente
adicionar seus níveis individuais em decibéis. Como exemplo pode-se citar duas
pessoas conversando, cada uma gerando 60 dB(A). Para calcular o NPS resultante
aplica-se a seguinte equação:
𝑥1 𝑥2
𝑁𝑃𝑆𝑅 = 10. log(1010 + 1010 )
Assim:
60 60
𝑁𝑃𝑆𝑅 = 10. log(1010 + 1010 ) = 63 𝑑𝑏(𝐴)
Para esse estudo, as ondas sonoras serão tratadas como ondas planas para os quais a
pressão acústica e a velocidade das partículas estão em fase. A totalidade da densidade
energética depois contribui para as ondas propagantes e a intensidade pode ser
encontrada pela mesma lógica utilizada para ondas planas.
28
Figura 6.1 - Geometria envolvida
29
Tendo como foco dessa dissertação as paredes do recinto e as superfícies dos objetos
sólidos em seu interior, pode-se considerar o som alcançando a superfície apenas de um
lado. O volume total é depois encontrado integrando-se com respeito a 𝜃 de 0 à 𝜋/2.
𝜋 𝜋
2 𝜀. 𝑑𝑆. cos 𝜃 𝜀. 𝑑𝑆. 𝑑𝑟 2 𝜀. 𝑑𝑆. 𝑑𝑟
∆𝐸 = ∫ . 2. 𝜋. 𝑟 2 . sin 𝜃 . 𝑑𝜃. 𝑑𝑟 = . ∫ sin 𝜃 . cos 𝜃 . 𝑑𝜃 =
0 4. 𝜋. 𝑟 2 2 0 4
𝑑𝑟
∆𝑡 =
𝑐
Portanto a a taxa de energia chegando à dS é
∆𝐸 𝜀. 𝑑𝑆. 𝑑𝑟 𝑐 𝜀. 𝑐
= = . 𝑑𝑆
∆𝑡 4 𝑑𝑟 4
A intensidade é a taxa de energia chegando à dS:
𝜀. 𝑐
𝐼=
4
A intensidade de um som perfeitamente difuso em uma superfície é um quarto da
intensidade devido à onda plana que incide normal à superfície, tendo a mesma
densidade energética. Ou seja, para produzir a mesma intensidade, a onda difusa
chegando uniformemente a partir de todas as direções em uma semiesfera em um lado
de uma superfície, deve ter quatro vezes a densidade energética de uma onda plana
chegando normal à superfície.
𝑝2
𝜀=
𝜌. 𝑐 2
𝜀. 𝑐 𝑝2
𝐼= =
4 4. 𝜌. 𝑐
30
sonora de modo ideal, nas mesmas condições do ar. Quanto mais a impedância de um
objeto se diferenciar desse valor, tanto maior será a fração de energia sonora refletida
por esse mesmo objeto.
O quanto mais longe a fonte estiver, mais placas atuando sobre a plateia devem ser
aplicadas.
Vale ressaltar que, como o local mais afastada da fonte que tende a ser a mais
prejudicada pelo menor nível de pressão sonora, o posicionamento das placas é feito
com o intuito de atingir essa parcela específica da plateia, uma vez que a parcela mais
perto da fonte não é afetada pela redução do NPS.
A imagem abaixo mostra como deve ser feito a instalação e o dimensionamento das
placas refletoras:
2° - Marca-se outro ponto acima da primeira fileira e próximo ao teto (ponto 2: início da
placa refletora. Esse é um ponto subjetivo quanto à sua altura)
31
3° - Traça-se uma circunferência com centro no local do ponto 2;
4° - Traça-se uma linha ligando três pontos: a circunferência (ponto 3), o ponto 2 e a
metade da plateia;
5° - Traça-se a bissetriz do ângulo formado pelas retas 1-2 e 2-3. Essa bissetriz será a
responsável por determinar a inclinação da placa;
6° - Nesse último passo será responsável por determinar o comprimento da placa. Liga-
se o ponto 3 até o final da plateia, assim o ponto 2 que marcava o início da placa
refletora, será ligado até a linha que vai até o final da plateia, de acordo com a
inclinação da bissetriz. As outras placas seguirão os mesmos passos e deverão sempre
ter o seu início junto ao fim da anterior. Esse processo deve cessa assim que a última
placa possuir uma extensão que reflita em pelo menos uma fileira inteira (no caso, a
última fileira).
32
Figura 6.3 - Placas refletoras seguinte (em vermelho)
7.Softwares utilizados
7.1. Raynoise
O Raynoise é um simulador computacional para prever o campo sonoro produzido por
várias fontes em qualquer localização em espaços fechados, abertos ou misturada
(parcialmente aberto). O Raynoise automaticamente lida com interações complexas tais
como vários reflexos de diferentes superfícies e os efeitos de fontes coerentes (radiações
têm o mesmo comprimento de onda, e cujas fases têm uma relação constante no tempo,
isto é, seus picos de amplitude máxima e mínima mantêm em todas espaçamentos
iguais) e incoerentes. Métodos especiais possibilitam difusão, difração e transmissões
através de paredes para serem modeladas. Os resultados podem ser mostrados de
diferentes formas: mapas de contorno coloridos de nível de pressão sonora, medição de
inteligibilidade da fala, 1/1 e 1/3 espectros de bandas de oitava e estreita, ecogramas,
reverberação – tabelas de tempo e outras. Resultados podem ser envolvidos com sinais
sonoros para produzir auralização (técnica que torna um campo sonoro audível por
modelagem física ou matemática da fonte sonora, do ambiente e do ouvinte). A
33
modelagem e resultados de exibição são realizados em um ambiente gráfico interativo.
Interfaces permitem mudanças de geometria e outros dados com outros programas,
assim como os softwares CAD.
7.2. Autocad
O Autocad é um software de desenho computacional 2D e 3D utilizado para a criação
de planta baixa para construções, pontes e chips de computadores. Profissionais que
utilizam o Autocad são geralmente referidos como desenhistas. Enquanto desenhistas
trabalham um número de especialidades, as seis áreas mais comuns de especialização
são desenhos mecânicos, arquitetônicos, civis, elétricos, eletrônicos e aeronáuticos.
8.Estudos de caso
8.1. Estudo do nível de pressão sonora:
homogeneidade nas salas
A análise determina a atenuação do som com respeito ao distanciamento da plateia à
fonte sonora. Considera-se que se um ambiente possui uma diferença de NPS inferior a
5 dB(A), o campo sonoro pode ser considerado homogêneo e bem distribuído; entre 5 e
10 dB(A), o campo é desigualmente distribuído pois o NPS possui uma diferença que
quase não causa prejuízo à audição; e o campo sonoro com uma discrepância de mais de
10 dB(A), pode ser considerado muito desigual e bastante heterogêneo. Segue abaixo
resultados das simulações realizadas no Raynoise:
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(a)
(b)
35
(c)
(d)
Figura 8.1 -Simulação da distribuição do sonora no (a) Teatro Municipal de Ouro Preto;
(b) Teatro Sabará; (c) Mosteiro de São Bento; (d) Fundição Progresso
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Analisando o Teatro Sabará, começando pela área amarela pelas mesma razão
anteriormente mencionada, tem-se uma diferença de 17.81 dB(A), que também o torna
bastante irregular.
O Mosteiro de São Bento também possui uma má distribuição do campo sonoro, porém
não tanto quanto os teatros já citados acima. Perto da fonte percebe-se um NPS igual a
74.84 dB(A) e mais afastado da fonte tem-se 68.09 dB(A), o que faz essa diferença ser
de 6.75 dB(A).
Com a análise da figura 8.1, item (d), considera-se o campo igualmente distribuído e
regular, uma vez que as maiores áreas da plateia são a amarela e a azul e a diferença de
NPS entre elas é de 3.85 dB(A).
Esse auditório foi escolhido por simbolizar o centro de orientação da educação nacional.
Sendo ele já ocupado por estudantes e professores para defenderem suas reivindicações.
Abaixo, seguem fotos do local:
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Figura 8.2 - Foto frontal do auditório do MEC
38
Figura 8.3 - Foto lateral do auditório do MEC
Abaixo segue dados de todos os planos do local em estudo e seus respectivos materiais:
39
Figura 8.4 - Vista superior do auditório em CAD
40
Pessoas - Pessoas 0.49
Os valores acima foram calculados de acordo com a fórmula de Sabine, uma vez que
essa é utilizada em locais onde o coeficiente de absorção sonora médio menor que 0,3.
De acordo com a figura 7.2 é possível perceber que o TR ideal para esse recinto seria
igual à 0,9 segundos. Logo, pode-se concluir antecipadamente que será necessário a
instalação de materiais com características mais absortivas no ambiente. Vale ressaltar
que busca-se aproximar o TR ideal para uma sala com 50% de sua ocupação total.
41
Para a simulação será utilizado temperatura, umidade relativa e velocidade do ar
padrões do software: 25°C, 50% e 346,24 m/s, respectivamente.
42
Figura 8.7: Simulação com placas refletoras
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9. Conclusões
Como foi realizada uma mudança na sala com a instalação das placas, o tempo de
reverberação precisou ser recalculado a fim de se atualizar o seu valor. Assim foi
encontrado o valor de 2.0889s (sala com 50% de sua ocupação total). Tal valor continua
praticamente invariável e, assim, será necessária a instalação de materiais acústicos no
teto, o qual é composto de material altamente reflexivo, gesso. Pode-se instalar um forro
acústico com coeficiente de absorção igual a 0,8 na frequência de 500HZ, em
aproximadamente 96% do teto. Importante destacar que isso é só uma das
possibilidades e vai variar de acordo com o estilo arquitetônico do local e da preferência
do cliente por instalar o forro também em paredes ou substituir o carpete por um que
absorva mais o som.
A partir dos resultados do Raynoise, é possível observar que somente com a instalação
de placas refletoras no local não foi possível obter uma variação significativa do nível
de pressão sonora, uma vez que essa continua afetada pela falta de homogeneidade
nesse quesito simulado. Isso ocorreu devido ao ponto que, como mencionado
anteriormente, foi marcado subjetivamente. Esse deveria ser colocado mais próximo ao
chão, mais afastado do teto, para que o nível de pressão sonora obtivesse um aumento
mais significativo e relevante.
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10. Trabalhos futuros
Sobre a inteligibilidade da fala, pode-se dizer que cabe à trabalhos futuros analisar
experimentalmente esse quesito. Uma vez que ele é determinado subjetivamente pois
depende da percepção do ouvinte, ou seja, o quanto da fala ele é capaz de compreender.
45
11. Bibliografia
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http://paginas.fe.up.pt/~earpe/conteudos/ARE/Apontamentosdadisciplina.pdf
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