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Teoria do domínio do fato, já ouviu falar? Nos tempos atuais, é muito difícil deixar
de escutar alguma coisa sobre o tema. E pese a isso o fato de estarmos vivendo
uma nova era do direito penal – o que não significa que o mesmo esteja melhor ou
que tenha melhorado, longe disso –, uma era em que discutir direito penal
ultrapassou a barreira dos programas policialescos dos canais regionais para
passar aos programas policialescos do horário nobre – que alguns,
insistentemente, insistem em chamar de noticiário, telejornal e afins.
Fato é que o direito penal deixou de ser um “produto” exclusivamente dos pobres
(ainda que o tema não tenha deixado, em sua maioria, de abarcá-los), passando
também a dominar as conversas dos ditos “poderosos”, local de fala no qual se
insere a dita teoria do domínio do fato.
Ao contrário do que se pensa, a teoria do domínio do fato não é algo novo, não é
uma nova “onda” do direito penal. Ela existe há muitos anos e, no âmbito do direito
penal alemão, tem sido amplamente debatida e aperfeiçoada, sobretudo após
meados dos anos 60 e 70 do século passado. Porém, no seio do direito brasileiro, a
discussão acerca da teoria do domínio do fato somente emergiu após os debates
travados durante os julgamentos da Ação Penal nº 470 (popularmente chamada de
“mensalão”).
A fórmula, segundo a Suprema Corte, era até bastante simplória: “não obstante as
condutas criminosas tenham sido executadas por ‘laranjas’ ou pessoas alheias à
estrutura política do país, os detentores dos cargos públicos ligados à Presidência
da República seriam também responsáveis, logo autores dos delitos, vez que
detinham o domínio do fato e, portanto, controlavam a prática delitiva, ainda que
não praticassem os atos de mão própria, podendo, inclusive, determinar a
cessação dos atos a qualquer momento”.