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PROJECTO DE DISSERTAÇÃO:

Mestrado em “Planeamento e Gestão de Assentamentos Informais”

MESTRANDO:
Arq. Ivan Andrade

SUPERVISOR:
Arq. Júlio Carrilho, PhD

TEMA:
Reflexões sobre Morfologia Urbana
“A EMERGENCIA DA CIDADE FRACTAL”
Mudanças de Paradigma, consequências para o Planeamento Físico e para a Ideia do “Informal”

Outubro | 2018

INDICE:

• Resumo1
• Resumo2
• Introdução
• Problemática
• Problema
• Objecto
• Objectivos
• Hipóteses
• Perguntas de investigação
• Importância do estudo
• Estrutura geral do trabalho
• Capitulos desenvolvidos/em desenvolvimento

RESUMO1:

A morfologia urbana é uma área de estudo da cidade numa óptica de formas e


padrões geométricos.
A presente tese de dissertação, apoiando-se em conceitos de morfologia urbana,
procede à discussão da evolução da nossa ideia de cidade, à emergência duma nova
concepção: a cidade fractal. Argumenta-se que os métodos e realizações que se manifestam
na realidade física e social derivam de ideias mais abstractas e prévias que temos sobre o que
são cidades e como funcionam (paradigmas).
O trabalho apresenta as ideias que fundamentam a emergência dum novo paradigma
de cidade, e as relações próximas que têm com os desenvolvimentos mais relevantes da
ciência contemporânea (a relatividade, a mecânica quântica e a teoria do caos).
Finalmente, baixando do plano teórico procura-se estabelecer as implicâncias práticas
que possam estas ter com a prática do planeamento e gestão urbana e para a ideia vigente da
cidade “informal”. No trabalho de campo, confronta-se estas implicâncias com os
profissionais da área do planeamento, os gestores públicos e o cidadão comum.
O trabalho conclui com um conjunto de sugestões para os profissionais da área e os
gestores públicos.

RESUMO2:
Ao longo da história, a nossa visão da realidade tem evoluído e se tem transformado,
catalisado pela luminária intelectual de grandes almas da ciência e da filosofia, e pelo
amadurecimento geral da cultura tecnológica e social. Duma visão Mítica e dogmática da
Criação, evoluímos para uma visão científica e racional de Evolução; duma visão geocêntrica
do mundo evoluímos para o heliocentrismo de Copérnico; duma visão absoluta e mecanicista
da física clássica de Newton-Maxwell, evoluímos para uma visão mais elástica do cosmos,
com a Relatividade e a Mecânica Quântica da escola de Copenhague. Mais recentemente,
com o desenvolvimento da tecnologia e das ciências informáticas, a imagem que temos da
realidade continua a evoluir, ainda que indefinida ou incompleta.
Esta evolução é paralela em todos os campos do conhecimento, algumas vezes
concomitantes, outras vezes desfasadas. Tal acontece com a nossa visão sobre as cidades.
Tem evoluído e se tem transformado, lentamente. O que são cidades, como funcionam e
como nelas intervimos ou deveríamos intervir –deriva antes da visão prévia que temos delas.
Diferente é a cidade Antiga -produto das grandes civilizações da antiguidade, impregnadas
por uma visão Mítica do Cosmos-, da cidade Moderna, inspirada nas realizações do Homem,
na era industrial. Diferente é a cidade contemporânea. Mudaram os contextos espaciais e
temporais, mudou a escala, mudou o conhecimento e talvez tenha mudado o próprio Homem.
Se a cidade Moderna era vista como um grande mecanismo perfeitamente
sincronizado (“Máquina de Habitar”), perfeitamente replicável (como na indústria) e
controlável (com os planos hierárquicos em cascata), a mega-cidade contemporânea escapa
não só à nossa gestão, como também à nossa compreensão tradicional. Ela assemelha-se mais
a um organismo vivo, voraz, e extremamente complexo. Um organismo que se não for
adequadamente gerido, como já apontam vários indicadores, será um tecido cancerígeno que
consome a vida do planeta e se destrói a si próprio.
Mas a cidade contemporânea não é apenas um organismo. Ela tem uma dimensão que
transcende o organismo, é a dimensão do acaso ou caos. O caos tem leis que diferem do
mecanismo e do organismo. E, se, de facto, as cidades contemporâneas estão a evoluir da
“Maquina de Habitar” para organismos complexos e caóticos, como deveriam evoluir a ideia
que temos delas, como deveria evoluir a nossa metodologia de gerir e planificar a cidade?

PALAVRAS CHAVE:
Morfologia urbana. Planeamento físico. Cidade Fractal. Cidade informal. Padrões espaciais. Cidade de
Maputo.
INTRODUÇÃO:
África está a vivenciar um boom demográfico imparável e sem precedentes.
Nos próximos anos a maior parte da população será urbana. Isto anuncia uma pressão
inédita sobre os centros urbanos e a qualidade de vida dos seus habitantes.
Como responder a esta premente demanda pela urbanização? Quaisquer que
sejam as soluções e respostas organizadas pelo poder público e pelos profissionais do
planeamento sempre serão função da ideia prévia que se tenha de cidade. As
realizações humanas formalizam-se no concreto, mas têm sempre a sua origem no
plano abstracto das ideias. Qualquer alteração no plano das ideias terá um impacto
significativo no plano das realizações.
É neste contexto que é importante a nossa revisão sobre as ideias que temos
da cidade, para que, por consequência, ampliem-se as perspectivas que temos sobre os
problemas e suas soluções.
Uma parte importante da discussão sobre a urbanização no nosso continente
se tem debruçado na dualidade formal-informal, em grande medida louvando o formal
e rejeitando o informal. Em consequência, o foco tem sido nas metodologias e
processos de intervenção nos assentamentos informais, com a finalidade de os
formalizar, agindo sobre a dimensão física destes assentamentos, sua infraestruturação,
edificação e regularização. De algum modo, tratando sempre de reproduzir os padrões
espaciais da cidade formal.
Sem descurar a importância de parte deste processo, em particular no que se
refere à melhoria da qualidade de vida dos habitantes das zonas informais, a presente
monografia pretende mudar o foco da discussão, passando da realidade física para a
ideia que temos dessa realidade. Mudando as ideias, mudamos a compreensão e
percepção que temos da realidade e, por consequência, mudamos também a forma de
agir sobre a realidade.

PROBLEMÁTICA:
Uma grande parte das metodologias e processos que usamos hoje na prática
do planeamento em Moçambique (e em muitos outros países), são herança daquilo que
é conhecido como planeamento racional moderno. Fora as virtudes que possa ter esta
metodologia, existem algumas limitações inerentes sobre as quais é preciso refletir e
provavelmente modificar.

1) A maior dificuldade reside talvez na desfasagem entre o contexto de


surgimento do planeamento moderno -início do século 20, europa-, e
o nosso contexto urbano, tanto na sua dimensão temporal como
geográfica. Ou seja, métodos e soluções para resolver os problemas
da reconstrução do pós-guerra europeu (2a. Guerra Mundial),
dificilmente podem ser aplicados na áfrica do século 21 sem
produzirem distorções significativas.

2) O segundo grande problema resulta na visão que tinha o Planeamento


Moderno da cidade, ie, o seu paradigma de cidade. Ora, este
paradigma, que poderíamos chamar o da Cidade Máquina –fazendo
eco da “Máquina do Habitar” de Le Corbusier à escala urbana-,
assume certos pressupostos que são insuficientes para dar conta do
processo de planeamento e gestão das cidades contemporâneas. A
Cidade Máquina surge inspirada na lógica da produção industrial, no
culto ao automóvel e ao betão armado. Mas já vai ficando distante o
século 20, e a ideia que temos de cidade, e da realidade, está a mudar
radicalmente. Como trataremos de demonstrar, estamos na
emergência dum novo paradigma de cidade. Isto, por certo, tem
consequências de grande dimensão na forma de pensar e atuar sobre
a cidade.

3) Finalmente devemos apontar que a herança da “Cidade Máquina”,


tanto do planeamento colonial, como do planeamento racional,
respondem a interesses que criam condições para a alienação da
pessoa humana. Esta alienação, seja pela dualidade centro-periferia,
formal-informal, seja pela opressão do cidadão humano “às mãos da
máquina”, é uma condição do passado que deve ser superado. Não é
aceitável que o planeamento contemporâneo reproduza os mesmos
padrões espaciais discriminatórios que o planeamento colonial, num
Moçambique que já goza mais de 40 anos de independência política.

PROBLEMA:
Que ideia temos de cidade? O que é? Como funciona? Como esta ideia prévia
influencia a nossa prática e as nossas políticas urbanas; e como estas influenciam a qualidade
de vida dos seus habitantes.

OBJECTO:
O Paradigma de Cidade.

OBJECTIVO:
. Consciencializar o público no geral, e os agentes das politicas urbanas, sobre a
natureza e o impacto das formas urbanas herdadas do passado.
. Discutir os grandes paradigmas urbanos, ou modelos de cidade, e associar os
diferentes padrões urbanos aos respectivos paradigmas.
. Descrever a evolução das ideias de cidade, e introduzir um novo paradigma
emergente.
. Sugerir alterações às práticas e políticas urbanas procurando ser coerentes com o
novo paradigma emergente.
HIPÓTESE/PROPOSIÇÕES:

(1) Da ideia à realidade

Os grandes paradigmas de Cidade, ou a ideia do que uma cidade é, têm uma


correspondência direta no tipo de padrões urbanos que se manifestam na realidade, passando
pela influência de escolas ou correntes ideológicas e/ou distintos protagonistas que as
promovem em ocasiões com visões paradigmáticas que representam esses modelos.

ABSTRACTO (ideia) - PARADIGMA – CORRENTE – PROTAGONISTA(S) – VISÃO – PADRÕES -


CONCRETO

Exemplo 1:
Cidade máquina – Modernismo – Le Corbusier – Cidade Radiosa – Arranha-céus, auto-
estradas, auto-móvel, jardins, etc. – Brasília
Exemplo 2:
Cidade orgânica –Ambientalismo – Jacques Fresco – Venus Project – Simbiose humano-
natureza, high-tech, energias renováveis, etc.

(2) Morfogénese da cidade de maputo: Cidade Máquina


Os padrões de centro-periferia e o da grelha ortogonal, que caracterizam a
organização espacial da cidade de Maputo, foram uma herança colonial, originada no modelo
da Cidade Máquina, e reforçada posteriormente pelo planeamento racional moderno. Tais
padrões respondem a interesses que terminam por relegar o cidadão humano a um plano
secundário.

(3) Da cidade máquina a cidade orgânica: um passo evolutivo


Existem outros padrões que permitem uma maior humanização da cidade. O
paradigma da cidade orgânica, centrada no ser humano e na sua relação harmoniosa com a
natureza é uma alternativa pouco explorada ao longo da história, e que tem o potencial para
uma visão da cidade do futuro mais equilibrada do que a actual. Gerir e produzir máquinas é
diferente do que gerar e fazer desenvolver um organismo.

(4) Há um novo paradigma emergente: a cidade fractal


Com o surgimento das ciências de complexidade (teorias de complexidade, emergência
e morfogénese) vai emergindo uma nova ideia de cidade: a cidade fractal. Será possível a
gestão do caos?

(5) Superação da ideia de “cidade informal”

(- por desenvolver -)
PERGUNTAS DA INVESTIGAÇÃO:

. Que padrões espaciais caracterizam a cidade de Maputo?


. Qual a génese, e a que intenções e interesses respondem estes padrões?
. Como estes padrões afectam a qualidade da cidade e a vida dos seus habitantes?
. Qual é a experiência dos últimos 40 anos na prática do planeamento em
Moçambique? (logros positivos, limitações)
. Como surge, como se desenvolve e como se poderá transformar a ideia de “cidade
informal”?
. O que é a cidade (no século 21)?
. Que diferenças marcam a gestão/planificação duma “cidade máquina” com uma
“cidade orgânica”?
. Que podemos aprender dos sistemas vivos para incorporar na nossa prática de
gestão/planificação da cidade?
. Como se gere o caos?

A IMPORTÂNCIA OU RAZÕES QUE MOTIVAM O ESTUDO:

• Para que serve? Apoiar a evolução das práticas de planeamento e gestão urbana
• Relevância social: Impacto determinante na direção do processo de urbanização do
país.
• Que problema resolve? Uma compreensão mais apropriada do problema em causa, o
que leva a uma maior eficácia e probabilidade de enfrentar/resolver o problema.
• Valor teórico: introdução de novas ideias no âmbito profissional/académico.
• Valor metodológico: reflexões/sugestões sobre a prática do planeamento e gestão das
cidades contemporâneas.

ESTRUTURA DO TRABALHO:

O estudo começa com uma explicação sobre o enfoque (morfológico) escolhido para o
tema (cidade), e pela exposição do método que serviu de base para a ideia essencial do
trabalho, o método estrutural dinâmico (MED).
Em seguida, com apoio de pesquisa bibliográfica procede-se ao apuramento do estado
da arte, fazendo uma revisão sobre a evolução da ideia de cidade, desde as primeiras
abordagens históricas, culminando na discussão sobre o planeamento moderno e seu legado,
pelo peso que o mesmo teve, e ainda tem, nos modelos actuais de planeamento urbano.
Passando em seguida pela “cidade orgânica”, chega-se finalmente a delinear a emergência
dum novo paradigma: “a cidade fractal”.
O estudo prossegue definindo a Cidade de Maputo como objecto de estudo contextual,
com uma caracterização urbanística da mesma, passando também pelos diferentes momentos
históricos da cidade, do seu estado actual e possíveis cenários futuros. Logo faz-se uma
análise deste material utilizando a óptica morfológica procurando responder as perguntas de
investigação levantadas anteriormente e ilustrando algumas relações em 3 escalas distintas: da
ciade-região, do bairro e da rua-observador.
O trabalho de campo prossegue por entrevistar a profissionais e figuras com
experiencia na área do planeamento e gestão, confrontando as ideias e conclusões levantadas
nas primeiras duas partes do trabalho, e tratando de chegar em conjunto com os entrevistados
a delinear linhas de possível evolução das práticas de planeamento e gestão das cidades
contemporâneas. Termina-se o trabalho de campo entrevistando o cidadão comum,
procurando resgatar a ideia do urbano e do futuro que se espera da cidade.

CAPITULOS DESENVOLVIDOS/EM DESENVOLVIMENTO

Conceitos
4 Princípios Causais segundo Aristóteles: material, final, eficiente, formal
Morfologia Urbana
Método Estructural dinâmico
3 sistemas: mecanismos, organismos, caos
Paradigmas
Evolução da ideia de cidade
Antiguidade: Cidade Cósmica
Geometria Euclidiana e Renascimento
Revolução industrial: emergência do mecanismo
Movimento Moderno: A Máquina do Habitar (tese)
Antítese: cidade como Organismo
Revolução científica no séc. 20: Einstein, transístor e fractais
Novos conceitos: emergência, complexidade, morfogénese
Cidade fractal
Conclusões

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