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O conceito esfera pública em Habermas

Danilo Persch∗

RESUMO
Com seu estudo Mudança estrutural da esfera pública, que em 2012 completou 50
anos, Habermas procurou retratar o surgimento, a consolidação e a decadência de
uma sucessão de acontecimentos históricos que na filosofia, e sob a denominação do
próprio autor desta obra, é compreendida como esfera pública burguesa (bürgerliche
Öffentlichkeit). Desde sua publicação, esse livro já foi traduzido para vários idiomas e
até hoje está influenciando discussões críticas sobre temáticas relacionadas à “esfera
pública”, particularmente o que tange os meios de comunicação de massa, as
estruturas sociais, a política, a burocracia, o espaço público como também a opinião
pública. Na primeira parte do nosso texto procuraremos descrever de forma bem
sintetizada como se deu, conforme Habermas, o processo de desenvolvimento da
publicidade moderna, isto é da esfera pública burguesa – sua origem através de
pessoas privadas formando um público pensante no século XVII, sua consolidação por
meio da autoconsciência desse mesmo público durante a época do esclarecimento e
do liberalismo clássico e, por fim, sua decadência já no final do século XIX. A segunda
parte do texto trata de uma entrevista de Michael Haller, que por muito tempo atuou
como colunista do antigo correspondente suíço “Spiegel”, e que muito bem conhece
essa obra de Habermas. Haller também foi professor/pesquisador de jornalismo na
Universidade de Leipzig (Alemanha) até setembro de 2010 (quando se aposentou). A
entrevista em questão foi realizada por Hans Ulrich Probst, repórter da Rádio “DRS”
(Suíça), publicada em 13 de abril de 2012 por eDysfunktion (Licença padrão do
YouTube). Nessa entrevista Haller fala sobre questões tais como: o que é esfera
pública (Öffentlichkeit) para Habermas? O modelo de organização social que Habermas
tem em vista ao tratar da esfera pública, que tem relação com a sua grande Teoria do
agir comunicativo, desenvolvida posteriormente, é um projeto essencialmente
utópico? O que desse livro clássico permanece válido na era da internet e do mundo
digital? Por que ainda hoje vale a pena ler esse texto de Habermas, que na ocasião da
publicação tinha apenas 32 anos? A tradução das perguntas e respostas do alemão
para o português é de nossa autoria.
PALAVRAS-CHAVE: Esfera pública. Habermas. Comunicação. Política. Mundo digital.


Professor na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Ex-aluno da Pós-Graduação em
Filosofia da UFSCar. E-mail: dan.persch@bol.com.br.

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Vamos partir da relação público/privado que caracteriza elemento chave na
teoria de Habermas assim como a relação estado/sociedade e monarquia/democracia.
Por público o autor compreende aqueles eventos que dizem respeito a todos e que,
por isso, tais eventos são passíveis de serem discutidos e normatizados socialmente,
em contraposição ao âmbito individual privado. “Privat significa estar excluído, privado
do aparelho do Estado (...)”. (HABERMAS, 2003, p. 24). Conforme Habermas, não há
um sentido único para os conceitos público/privado. Em sua análise esses conceitos
são originários da Grécia, onde o âmbito privado das coisas caseiras (oikos) era
diferenciado do âmbito público da política estatal (polis). “Só à luz da esfera pública é
que aquilo que é consegue aparecer, tudo se torna visível a todos”. (HABERMAS, 2003,
p. 16). E esse modelo grego da esfera pública, segundo nosso autor, teria perpassado a
Idade Média, onde as categorias público/privado estavam presentes no Direito
Romano e chegado até nós via institucionalização do Estado moderno, onde então
passa a ter um sentido específico de “esfera pública burguesa”. (HABERMAS, 2003, p.
17).

Mas, como se originou a esfera pública burguesa? Se na Grécia antiga, Estado e


Sociedade constituíam instâncias semelhantes, e se na Idade Média praticamente não
havia contraposição entre coisas públicas e coisas privadas, esse cenário muda com o
advento da Modernidade, mais especificamente a partir do século XIII, quando o
capitalismo primitivo se expande por toda a Europa, originando um “(...) novo sistema
de trocas: a troca de mercadorias e de informações”. (HABERMAS, 2003, p. 28). No
tocante a troca de informações, Habermas comenta sobre duas formas de
comunicação social: o correio e a imprensa. Para ele, essas formas de comunicação
apenas têm sentido se forem acessíveis ao público em geral. Particularmente sobre a
imprensa ele afirma: “(...) só existe uma imprensa em sentido estrito a partir do
momento em que a transmissão de informações regularmente torna-se pública, ou
seja, torna-se por sua vez acessível ao público em geral”. (HABERMAS, 2003, p. 30).
Portanto, tanto a troca de mercadorias como a troca de informações foi fundamental
para a constituição da esfera pública burguesa, em contraposição ao antigo sistema
feudal. Enquanto no antigo sistema o legislador exercia um grande poder frente ao

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povo (oriundo da Igreja e da nobreza) aos poucos o legislador passa a ser apenas um
representante do povo. Tanto a legitimidade governamental como também o poder do
Estado, agora dependem cada vez mais da opinião pública. E uma vez que a classe
burguesa não se encontra mais sob o dominium do poder soberano, essa classe se
torna cada vez mais consciente. Habermas destaca também que o poder da imprensa
foi decisivo para o desenvolvimento de uma nova forma de publicidade. A técnica
datilográfica e de impressão possibilitou crescimento e regularidade da imprensa, que
começa a propagar notícias sobre política, economia, conquistas atuais da ciência etc.

É em meio a esse contexto que surge a esfera pública burguesa que “(...) pode
ser entendida inicialmente como a esfera das pessoas privadas reunidas em um
público”. (HABERMAS, 2003, p. 42). Um momento central do desenvolvimento da
esfera pública burguesa descrita por Habermas se dá com o surgimento, por volta do
século XVIII, da esfera pública literária, institucionalizada primeiramente na Inglaterra
por meio das casas de café (coffee-houses), posteriormente nos salões (salons) na
França e finalmente também na Alemanha por meio das comunidades de comensais.
São, conforme Habermas, locais de encontro, ou seja: “(...) centros de uma crítica
inicialmente literária e, depois, também política, na qual começa a se efetivar uma
espécie de paridade entre os homens da sociedade aristocrática e da intelectualidade
burguesa”. (HABERMAS, 2003, p. 48). Nestes círculos de leitura, em lugar de
hierarquias presava-se pela igualdade entre todos, ou seja, todos tinham acesso a
obras filosóficas, literárias, artísticas etc. A produção cultural, antes restrita a classe de
maior poder aquisitivo, agora passa a ser destinada para o grande público. As pessoas
ali reunidas discutiam sobre tudo o que era lido: cartas, romances, enciclopédias,
dicionários, jornais etc. Todos também tinham liberdade para emitir opiniões.

Nessa descrição habermaseana do desenvolvimento da esfera pública


burguesa, o momento político específico se dá quando a população (Publikum), por
meio do uso público da razão, passa a desenvolver uma autoconsciência crítica que vai
além da simples opinião emitida sobre livros, textos, obras de arte etc., ou seja, a
crítica passa a atingir também as estruturas das organizações sociais vigentes. E essa
crítica, por ser expressão de uma opinião pública, obtém reconhecimento do Estado,

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passando dessa forma a influenciar o poder decisório sobre questões estatais e de
interesse comum, ou como diz Habermas: “A tarefa política da esfera pública burguesa
é a regulamentação da sociedade civil”. (HABERMAS, 2003, p. 69). Uma vez que o povo
(Publikum) vai se tornando mais politizado, essas pessoas começam a questionar os
princípios que legitimam o poder monárquico. A partir deste cenário, aos poucos, os
governantes são obrigados a governar conforme a vontade da opinião pública. E as leis
que legitimam esse Estado originam-se cada vez mais das discussões populares, em
que a força (poder) que se sobrepõe as demais é aquela oriunda do melhor
argumento. Para Habermas: “Com isso, está preparada a inversão do princípio da
soberania absoluta, inversão definitivamente formulada na teoria hobbesiana do
Estado: veritas non auctoritas facit legem” (A verdade, não a autoridade, é que faz a
lei). (HABERMAS, 2003, p. 71). A esfera pública que se forma nesse contexto atinge
uma dimensão normativa e descritiva em que três elementos estão sempre
entrelaçados. O princípio da publicidade, que evita qualquer acobertamento de ações
por parte do Estado; o povo (Publikum), que antes era objeto nas mãos dos
governantes agora passa a ser sujeito político com força para tomar decisões; e o
espaço no qual os cidadãos debatem e fazem tomadas de decisões coletivas e, junto
com isso, se formam a si mesmos.

Esse momento da esfera pública burguesa que acabamos de descrever “(...)


funcionando politicamente aparece primeiro na Inglaterra na virada para o século
XVIII”. (HABERMAS, 2003, p. 75). Posteriormente essa forma de fazer política se
expande por toda Europa, sobretudo também na França e na Alemanha. Mas a partir
de meados do século XIX, conforme Habermas, o povo (Publikum) que raciocina, ou
seja, que discute questões coletivas nos círculos de leitura perde vitalidade, e aliado a
isso está o gradativo declínio do potencial crítico dessa esfera pública. Conforme o
citado autor, a causa principal dessa mudança consiste no gradual aniquilamento da
separação entre Estado e Sociedade, o que por sua vez permite cada vez mais a
interferência do Estado na esfera privada. Diz ele que: “(...) essa dialética de uma
socialização do Estado que se impõe, simultaneamente, com a estatização progressiva
da sociedade, é que pouco a pouco destrói a base da esfera pública burguesa”.

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(HABERMAS, 2003, p. 170). Por outro lado, houve também um gradativo crescimento
do capital, do qual se originaram grandes monopólios industriais. Estes começam a
influenciar nas decisões políticas, acabando com a simetria existente até então entre
pequenos comerciantes. A esfera pública deixa de exercer o papel de representar os
interesses e as necessidades da sociedade em geral, passando a ser simplesmente uma
arena de disputa por interesses particulares. Ou seja, por detrás dos fóruns racionais
de diálogos coletivos em que predominava sempre a força do melhor argumento,
agora se instaura uma ideologia que usa desse método, mas apenas para legitimar o
poder político, que por sua vez tem apenas em vista a satisfação de interesses
particulares. Está caracterizada assim a decadência da esfera pública literária. O povo
(Publikum) que até então estava na condição de pensador de cultura passa, aos
poucos se tornando apenas consumidor de cultura. Também a imprensa, inicialmente
caracterizada como pequena empresa destinada a formação da opinião pública, vai,
aos poucos, assumindo postura de empresa de economia privada, destinada a gerar
lucro. Habermas ressalta ainda que o editor, antes com autonomia, passa agora a ter
seu espaço cada vez mais limitado. A imprensa geral vê seu espaço cada vez mais
sendo ocupado por novos formatos de mídia, ou seja, a indústria e o comércio da
publicidade toma conta da imprensa, antes autônoma. É mais ou menos dessa forma
que Habermas contextualiza o declínio da esfera pública burguesa.

Referências Bibliográficas

HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma


categoria da sociedade burguesa. Tradução: Flávio R. Kothe. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 2003. 398p. (conferir)

HABERMAS, Jürgen. Strukturwandel der Öffentlichkeit. Untersuchungen zu einer


Kategorie der bürgerlichen Gesellschaft. Darmstadt/Neuwied, 1962.

Entrevista

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DRS – 50 anos é um longo período quando se tem em mente o
desenvolvimento, não apenas da imprensa, mas também dos meios de comunicação
eletrônicos e de todo mundo digital. Por que Michael Haller (seja bem vindo em
Basel), por que se deve ainda hoje ler esse clássico, do então com 32 anos Jürgen
Habermas, um título que bem ressoa e do qual praticamente todo político de
província hoje poderia fazer uso? Haller – Porque naquele tempo Jürgen Habermas
escreveu algo que desde então permanece atual, poderíamos até dizer
“independente” (Zeitlos). E isso é o pensamento de que “o público/povo” (das
Publikum), ou seja, ele inclusive pensa com isso o cidadão estatal, mas também o
assim denominado cidadão privado, portanto o cidadão da sociedade civil, de que “o
povo/cidadãos” (das Publikum) pode entender-se sobre como querem viver em
conjunto e sobre como pretendem continuar desenvolvendo sua sociedade
organizada. Portanto, essa ideia do “entendimento social próprio”
(Gesellschaftselbsvertändlichung) foi naquela ocasião o chocante, o preocupante,
também para nós daquela época muito fascinante, e isso hoje é exatamente tão atual
como em seu tempo.

DRS – Se o Senhor tentar explicar agora, o que é verdadeiramente esfera


pública, no sentido que Habermas se referiu a esse conceito e o que há de novo nessa
discussão? Haller – O que ele tentou naquela época foi derivar o conceito esfera
pública (Öffentlichkeit) da história, da história dos modernos, da história que
naturalmente iniciou na Inglaterra no final do século XVII (glorious revolution),
fundamental para a democratização da sociedade, e da formação em uma publicidade
que naquele tempo ainda era descrita de forma diferente, com outros conceitos para
tal, talvez como: (public spirit). Mas com isso já estava ficando claro que, mesmo
aquele que se sente menor (inferior), talvez também efetivamente o cidadão menor,
tem igualmente um direito garantido de opinar, de dialogar junto em todas as
questões políticas (estatais) relevantes. Disso ele (Habermas) derivou um conceito
discursivo de esfera pública. E isso era o novo. Não uma esfera pública apenas como
uma instituição na qual por assim dizer o acesso à liberdade (quando se pensa na
Suíça), acesso, portanto, a uma esfera pública presencial, que parte da vivência

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pessoal, passa pelas reuniões políticas e chega até às sentenças judiciais, que na
história também foi fortemente questionada. Mas o pensamento de Habermas
naquele momento, e isso é o interessante, vai além. Para ele o que está em jogo não é
apenas uma esfera pública (publicidade) institucional, mas que a esfera pública
também é algo como um “espaço de mediação” (mediale Raum) o qual possibilita essa
forma do entendimento próprio. Ele se debruça muito intensivamente, nem sempre de
forma conclusiva, com a pergunta sobre o que em sua época na Grã-Bretanha
significava o (public spirit) e no nosso contexto o (public opinion), portanto, o que
denomina de opinião pública. Sim, quando se coloca esses conceitos debaixo de uma
lupa, uma opinião pública no singular, isso é uma coisa hermética, talvez nem exista
efetivamente. Em seu livro ele se debruçou longamente sobre isso, porque mesmo
percebe que essa esfera pública (publicidade) discursiva não é algo simples.

DRS – Mas isso inicia com o desenvolvimento de uma cidadania, em


comparação com a não publicidade nos âmbitos superiores, isso inicia nas casas de
cafés, nos salões, na Inglaterra nos clubes etc., espaços onde os cidadãos começam a
se emancipar. Então em determinado momento o tema é levado mais em
consideração, prospectiva que continua até hoje, pois em pleno século XXI realizam-
se eleições nas mais diversas instâncias, apesar da ciência de manipulações.
Portanto, essa arte da concordância pública torna-se algo como um momento social
elementar. Essa me parece ser uma ideia central. Haller – Esse é um ponto muito
certo ao qual talvez ainda tenha que se acrescentar essa virada, de que não se trata
apenas da garantia de legitimação mediante a realização de eleições como tais, mas
que esfera pública (publicidade/Öffentlichkeit) é mais que isso: de que os negócios das
eleições, a preparação das eleições, ou seja, a disputa eleitoral, então a realização
efetiva, a contagem dos votos, os comentários dos resultados das eleições, que tudo
isso aconteça em espaço público. Podem-se realizar eleições naturalmente. Nós
conhecemos isso por meio de diferentes nações: eleições (mesmo que raras)
acontecem em regiões africanas e asiáticas, em que pessoas vão votar. Mas se os
resultados que são generalizados e publicados após as eleições realmente estão de
acordo com o comportamento dos votantes, isso não se sabe. A legitimação só é

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manifesta quando o procedimento é público e quando pode ser demonstrada em toda
esfera pública que os cidadãos são efetivamente participantes. Portanto, a ideia da
participação é o que respectivamente vai além das eleições, às quais também devem
puxar junto a si a formação de opinião dos cidadãos.

DRS – Sobre se essa ideia já fazia parte das discussões sociais no início dos
anos 60. O Senhor se lembra das suas primeiras leituras? O Senhor também fez suas
primeiras publicações no “Jornal Nacional de Basel”. O que essa publicação informou
na época? Haller – Já muita coisa. Mas isso não dependeu apenas desse livro
enquanto livro, mas dependeu também do “espírito de época” (Zeitgeist). Sim, esse
livro também não foi trabalhado a revelia por Habermas no final dos anos 50, porque
ali estava em andamento um “espírito de época” consciente, que nesse livro (por
assim dizer) foi posto sob um conceito. Esse “espírito de época” significa que (e
naquele tempo nós estávamos tão fascinados por esse livro) pode-se verdadeiramente
estudar, que o pensamento de uma sociedade que se forma a si mesma não é uma
utopia apenas tratada simploriamente nas casas de café, mas que o pensamento de
uma sociedade que se forma a si mesma já está, por assim dizer, validado
historicamente. Sim, isso quer dizer que no final do século XVIII até meados do século
XIX já havia algo como uma cultura política discursiva, na qual os cidadãos se
esforçavam em prol da sua esfera pública e no aperfeiçoamento daquilo que hoje
talvez pudéssemos denominar de bem comum. Isso nos tem fascinado. Se agora
traduzirmos isso para a Suíça, na época eu concebia a Suíça como muito progressiva
porque tinha a ver com muitos pontos da sua própria história, tinha a ver com muitas
perguntas do seu desenvolvimento e do seu próprio entendimento dentro da Europa.
Isso nos anos 60 era por assim dizer (faflissig). O Senhor talvez esteja lembrado que
era também a época de personalidades tais como Max Frisch, que interrogavam sobre
as exportações suíças etc. Um tempo em que se observava que a clareza das estruturas
eleitorais dos pequenos lugares poderia ter uma qualidade positiva. Portanto, assim
nós tínhamos na época com o Jornal Nacional, por exemplo, a impressão de que
poderíamos, e isso também é uma ideia trabalhada nesse livro, de que poderíamos
estabelecer, publicisticamente, algo como um discurso, de que poderíamos dialogar

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publicamente com os leitores em torno dos negócios políticos mais importantes, e não
apenas ser o que os jornais, em suas vias de mão única, até então foram. Sim, o jornal
diário suíço se originou da imprensa partidária, portanto o que transmitia sempre
esteve atado a partidos, e nesse sentido deveria então também ser informado e
comentado. E com essa ideia habermasiana de esfera pública como discurso, com essa
ideia nós também tentamos desenvolver outro jornalismo.

DRS – Portanto, poderíamos dizer que esse livro necessariamente influenciou


a práxis dos meios de comunicação daquela época? Haller – Sim, na minha área em
todo caso.

DRS – Isso foi naturalmente então em última instância um ideal utópico? É


também a antecipação da grande Teoria do Agir Comunicativo que Habermas
desenvolve mais tarde, pois se trata de pretensões que possivelmente abrangeriam
toda a organização nacional (a sociedade toda), que seriam desenvolvidas no
diálogo? O que disso permaneceu vivo? Haller – Sim, vamos dizer da seguinte forma:
o empurrão desse livro também consiste em que Habermas nos fez crer, e naquela
época nós realmente acreditávamos que isso historicamente já existiu. Que não é uma
utopia. E isso eu considerava, como redator novo em Basel, que seria efetivamente um
modelo próprio para a Suíça. No que tange as grandes sociedades industriais, Grã-
Bretanha agora no século XXI, França ou a República Alemã naquela época, esse
modelo não serve. Porque efetivamente, e isso já está bem claramente descrito na
parte final do livro, a aniquilação da publicidade pelas grandes empresas
(multinacionais), mediante a comercialização da comunicação de massa através dos
grandes meios de comunicação de massa, nos quais o discurso público não mais aflora,
em todo caso, por assim dizer, aflora apenas esporadicamente, mas não mais de forma
sistemática. E assim eu sinceramente acho que isso que ele ali escreveu no sentido de
uma democracia vivida isso serve diretamente para a Suíça. Portanto, também os
temas e discussões políticas relativas aos pequenos espaços Inter cantonais.

DRS – Portanto, um forte impulso para a democratização de qualquer âmbito


vivencial, dentro do princípio da publicidade, isso antes de tudo estava então descrito
na época? Haller – Sim, e nesta perspectiva havia muito a ser feito. Porque

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efetivamente tinha limites (Grenzen), também hoje, e na Suíça nem existia o princípio
publicidade. Pois o chefe de redação dos anúncios diários de Zurique foi condenado à
prisão porque citou documentos estatais. São situações que até mesmo no século XIX
já eram impensáveis na Grã-Bretanha. Portanto, ali ainda tinha muito a ser feito na
Suíça, no que tange o princípio publicidade. E por meio das discussões precisas e
importantes desse livro, também eu me tornei um homem convencido e armado.

DRS – Além dessa parte histórica, como seria possível descrever a estrutura da
esfera pública? Muito disso já está iniciado em Habermas, o Senhor acabou de falar
sobre isso, como a aniquilação que a política faz nos meios de comunicação, mas
também a crítica diante da cultura de massa em jornais etc., que ofusca a visão do
cultural. Ali Habermas ainda é uma criança, ainda muito pessimista e crítico da
Escola de Frankfurt (Adorno, Horkheimer). Sim, mas essa ampla publicidade civil
também se desenvolveu enormemente. Como o Senhor puxaria a linha principal de
uma nova mudança estrutural, agora nas últimas décadas? Haller – Porém a esses,
dever-se-ia talvez acrescentar mais um ponto, que Habermas próprio reconheceu no
início dos anos 90 por ocasião da revisão a esse livro, (as recensões, sim, ele levou as
críticas a sério). Ali ele bem reconheceu que pelo menos num ponto esse livro, por
assim dizer, está aquém da realidade. E esse um ponto, mas muito importante, é que
ele acreditava, assim era sua crença esperançosa, que é possível a realização de uma
esfera pública discursiva, que estado e sociedade se fundariam, por assim dizer, numa
totalidade. Sim, algo que numa visão do passado particularmente entenderíamos hoje
como pensamento socialista, que com o pensamento liberal, sempre mantem um
profundo ceticismo para com as forças opositoras.

DRS – Ele tinha a esperança numa reconciliação? Haller – Sim. Esse era o
pensamento dito por ele, de que em determinado momento, em meados do século
XIX, nós já estávamos bem longe de termos um entendimento integrativo orientado do
que é razão estatal no sentido de democratização e o que os cidadãos privados
querem como cidadãos estatais. E hoje, portanto aquilo que ele escreveu no início dos
anos 90 como sendo por assim dizer a missão da sua posição, ele reconheceu, e aí eu
volto para sua pergunta, de que as sociedades pós-modernas (ou modernidade tardia)

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se tornaram muito complexas, muito estratificadas, a ponto de, em comparação com
um modelo integrativo simples, não mais conseguirmos dar conta da real
complexidade. Então ele desenvolveu o pensamento, que teve também um significado
central para sua Teoria do Agir Comunicativo, de que a esfera pública necessita ser
assegurada como um espaço no qual um discurso sempre tem que ser possível. Por
discurso ele compreende: que os argumentos bem fundamentados se imponham
contra argumentos mal fundamentados, no discurso público. Poderíamos dizer que
isso é algo como uma razão prática vivida, caso queiramos ver isso a partir da filosofia
prática. E para que isso realmente seja o suficiente, portanto para que não se tenha
que considerar mais objetivos utópicos que vão além, é suficiente dizer que, se
pudermos proteger esse espaço, protegê-lo, por exemplo, por meio do direito estatal,
de tal forma que na sociedade seja possível um diálogo aberto no sentido de um
discurso. Então já alcançamos muito. Já conseguimos, por exemplo, que totalitarismos
não tenham chance, sim, que fundamentalismos não tenham chance. Que o
pensamento fundamentalista, ou nesse sentido o pensamento ideológico seja, por
assim dizer, despedaçado no discurso público, para não se impor, por sorte, e de forma
propagandística virar as pessoas. E agora, se trouxermos isso para a atualidade então
há certa ambivalência (isso é uma expressão habermasiana). Por um lado vemos que a
comunicação de massa está ainda mais poderosa. Mas também percebemos por outro
lado que, ao observar a publicidade na internet (a expansão dos blogs e assim por
diante), percebemos que se desenvolvem sub publicidades, que estão em conexão
com outras e diversas sub publicidades, fusão da qual surge algo que talvez
pudéssemos denominar um discurso. Ali não se pode ser em todo caso tão idealista.
Porque até agora, se o observarmos melhor, se colocarmos sobre uma lupa o que
realmente aparece na internet, então se percebe que ali há naturalmente muita
bobagem, pequenas coisas, redundâncias, desnecessidades e coisas parecidas, o que
talvez também tenha a ver, que as pessoas têm que primeiro aprender com essa forma
de publicamente argumentar entre si. De onde elas então deveriam saber isso? Nos
últimos 50 anos não se aprendeu isso. Sim, como a gente se articula

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argumentativamente em um grupo, ou em uma sub publicidade, de tal forma que o
argumento que se traz também seja fundamentado.

DRS – Do mesmo modo, mais tarde, Jürgen Habermas permanece com


esperança em relação à competência comunicativa. Algo bem utópico porque os
momentos (já ressaltados por ele na época) da economia, da cultura como verdade,
também são diferentes. Se refletirmos sobre os trabalhadores públicos em todos os
âmbitos políticos e institucionais, isso antigamente não era assim, portanto, a
desinformação com a informação cresceu permanentemente. E com isso agora ainda
acreditar no discurso racional também necessita de uma boa parcela (risada) de
ânimo, não? Haller – Talvez se possa conceber isso dessa forma, e em relação ao dito
ele (Habermas) diz alguma coisa sobre ambivalência. Sim, de um lado percebe-se de
fato como ainda hoje publicidades são tomadas pelo comércio e como, por isso, se
conduzem discussões sombrias porque interesses particulares querem se impor. Isso
significa impor algo de forma estratégica, significa que o comércio quer se impor, que
quer vender alguma coisa. Mas por outro lado também existe algo, sim a gente deve
ver isso de forma um pouco mais eficaz. Primeiramente é possível afirmar que as
gerações mais novas estão sucessivamente se despedindo dessa espécie de
comunicação de massa. Percebemos isso de forma mais trágica no profundo
retrocesso dos clássicos meios de comunicação, em parte também eles mesmos tendo
culpa. O fato da mídia clássica, também jornais diários e outros, não mais conseguir
abranger jovens, tem também a ver (entre outras tantas causas) com a questão de, por
tentarem instaurar um discurso terem colocado em cheque a autenticidade
(confiança). E ao invés disso se desenvolvem diferentes publicidades grupais, por assim
dizer, publicidades privadas ou meio privadas, nas quais é comunicado de forma
circular (Disk). Como já achei anteriormente, em primeiro plano, nem de forma
discursiva, mas de forma bárbara, bárbara, bárbara. Mas isso também não precisa
permanecer assim. Talvez isso seja um processo de aprendizagem. Por isso se agora
pensarmos, não utopicamente, mas de forma idealista, e continuarmos tendo crença
no desenvolvimento da sociedade, então é possível pensar que também reformaremos
o sistema escolar de tal forma que as gerações vindouras aprenderão na escola

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exatamente o que é um discurso público, que aprenderão a participar em um diálogo
público.

DRS – Na releitura que se faz das teorias de Habermas é importante sempre já


pensar junto os contra argumentos, pois ele mesmo já disse em determinado
momento que a opinião pública é uma ficção. Portanto, o que eu espero desse
resumido público também tem a ver com a dilaceração (ele mesmo antecipadamente
já vê a fragmentação). Ele também percebe de antemão que a comunicação nas
rádios e televisões funciona bem mais potencializada que a comunicação
digitalizada. Ele vê também que em discursos muitas vezes não há um clima, ou seja,
não raramente, ao invés de se promover a opinião pública, se instaura, na esfera
pública manipulada, uma aclamação por interesses. E isso descreve muitos processos
políticos de hoje, não é? Haller – Sim, absolutamente. Eu acho que sua crítica em
torno da mídia real existente tem uma perspectiva muito acertada. Se perguntarmos
sobre esse passado, percebe-se que já nos anos 60 ele antecipou muita coisa de forma
bem acertada. Ele também reconheceu as tendências. Há um ponto no qual ele nunca
se interessou, e por isso tem um papel muito simplório em sua obra em geral e onde
se trata da mídia (Medien) e da publicidade: é o problema da informação. Ele sempre
se interessou, com argumentos não muito consistentes, sobre como o cidadão chega a
ter sua opinião. Isso significa, portanto, como ele (cidadão), de forma argumentativa,
chega a ter sua concepção sobre como algo pode ser considerado bom ou ruim, para
dever agir conforme isso (esse bom ou ruim), como ele (cidadão) forma essa sua
concepção. Isso é o que lhe interessa. Mas ele não percebe, e isso é bem notório e
aparece como ponto fraco (uma falha) em seu livro Mudança estrutural da esfera
pública, que necessariamente o cidadão discursivo/argumentativo consciente tem que
primeiro ser um cidadão informado.

DRS – Que ele (cidadão) também necessita ter conhecimento? Haller – Exato.
Portanto, ele (cidadão) tem que estar ciente do que está acontecendo. Mas num
Estado em que as relações se dão apenas de forma pseudodemocrática, no qual as
informações mais importantes e necessárias para a formação de uma opinião
permanecem sobre controle ou sobre censura, ali o discurso mais belo e livre de

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coações de nada adianta porque nem sequer pode funcionar, já que os pressupostos
não estão preenchidos (não combinam). E assim já falta uma discussão crítica em seu
livro para com os processos que direcionaram o continente para a dominação da
censura, por um lado, mas também da grande tradição anglo-saxônica da separação
entre informação e opinião. E também a luta dos jornalistas no século XVIII foi,
primeiramente, uma luta pela liberdade de informação. Portanto, a grande discussão
na Inglaterra mostra isso bem claramente: posso eu escrever no jornal o que
realmente é importante? E então vem um segundo ponto que está relacionado com a
questão de eu também ter uma determinada opinião. E isso é algo que ele (Habermas)
notadamente não leva em consideração.

DRS – Para finalizar: para o Senhor, o que permanece o mais importante, ou o


que deveríamos levar conosco desse livro? Haller – Eu acredito que o mais
interessante nesse livro é que ele levanta tantas perguntas sobre como pode ser que
cidadãos, com formação normal, portanto não apenas intelectuais, mas cidadãos com
formação bem normal conseguem se entender por intermédio da mídia (Medien),
quando se trata de questões políticas enquanto votantes, ou no espaço comunitário
como atores, de tal forma a agirem orientados pelo bem comum e não apenas
quererem ver aprovados seus interesses pessoais. Isso é, penso eu, o pensamento
chave de toda forma de democratização. E o que faz com que esse livro permaneça
vivo, ou seja, o que faz valer a pena uma releitura do mesmo, é observar também hoje,
época que se tornou diferenciada e complicada uma vez que se tem uma publicidade
midiática das grandes multinacionais por um lado, mas também, por outro lado,
movimentos contrários e opostos: o que hoje em dia se pode ter ou fazer com intuito
dos cidadãos ainda alimentarem a sensação de que podem se entender sobre o que é
de interesse comum, não apenas no sentido do bom sobre o qual falamos e amanhã as
atrocidades continuam normalmente, mas que o entendimento também tenha êxito.

DRS – Que tenha desenvolvimento político? Haller – Exato. Que seja


politicamente aprovado e implantado. E na Suíça, desde que esse livro apareceu já se
discutiu muito sobre isso. Se nos lembrarmos daquela vez em que houve uma queda
brusca de participação na votação, beneficiando por assim dizer uma minoria sem

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esclarecer, no entanto, o que atingiu a maioria e assim por diante. Dessa forma já se
tem hoje algo como uma concepção diferenciada e clarificada, como também se nota
atualmente que em muitos cantões suíços o discurso político demonstra qualidade
notável. Que determinados partidos (não quero citar aqui nome algum) têm
respectivamente um efeito, mas quando analisados também se deparam com a
questão da aceitação, ou seja, são criticados (assim como o belo e clássico processo
democrático eleitoral). Mas há soberania e se percebe um notório grau de razão
prática.

DRS – Quais pressupostos são necessários para isso? Como é possível se


chegar a ter coerência, não apenas no que tange a questão de obter votos, mas um
convencimento fundamental? Haller – Para isso é necessário que se tenha
determinadas condições. E, por um lado, essas condições necessitam estar
asseguradas via Constituição ou via Direito Estatal. Essa é a independência dos meios
de comunicação (Medien), não apenas em relação ao Estado, mas em relação à
formação de grandes forças que se tornam agentes via empresas, como se pode
observar na Inglaterra. Isso por sorte não é o caso da Suíça ou Alemanha onde
concentrações de força nessa forma, pelo menos, até agora, não foram possíveis. Esse
é um de muitos dispositivos de segurança. Mas para isso necessitamos também de um
trabalho profissional no jornalismo, que realmente preencha a função que a sociedade
transfere para o jornalismo, qual seja, de que esse negócio informacional que se
esclarece a si mesmo, realmente também esclareça a sociedade em relação às
atualidades circunstanciais. A isso pertence profissionalismo, mas a isso pertence
também o mínimo de equipamentos pessoais para redação. Também pertence a isso
respectivamente a independência da redação, relacionada ao dono do meio de
comunicação, bem como também uma determinada formação das pessoas nas
escolas. Numa sociedade que se torna incompetente em leitura, sim quando a gente
pode ter apenas coisas muito passageiras, que podem ser visualizadas com o discar de
dedo, ou seja, quando se ignora a superestrutura, essa sociedade não necessariamente
está em condições de conduzir um discurso sobre a vontade geral, isto é, sobre aquilo
que vai além dos interesses consumistas particulares. Essas são questões que também

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novamente direcionam para o fracasso da família e é onde o sistema escolar tem que
agir no sentido de propiciar uma educação apropriada. Isso para que tenhamos
pessoas adultas que se orientem pelo viés da leitura, se interessem em participar do
discurso público, mas que também estejam em condições de se impor de forma
argumentativa.

DRS – Michael Haller, muito obrigado por essas informações. Penso que
Jürgen Habermas também teria se alegrado com esses esclarecimentos bem
concretos em relação a suas observações muito teóricas. E como balanço fica a
impressão da ambivalência. Haller – Certamente. Sim, isso está certo.

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