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A TEOLOGIA

O TERMO TEOLOGIA

Não somente os homens e o mundo têm história, mas


também as palavras. Filologicamente “Teologia” significa
discurso sobre Deus; o termo refere-se a uma exposição,
não tanto a uma pesquisa ou estudo; não indica um tratar
com Deus, mas um tratar de Deus, um discorrer sobre
Deus. Na sua composição etimológica o termo é vago e
impreciso, admitindo muitos tipos de discurso. Hoje em dia
entendemos por Teologia o estudo e o discurso científico
sobre o Deus revelado. Há, pois, duas determinações que
foram acrescentadas ao sentido etimológico: — o estudo
científico e o ocupar-se do Deus revelado. Historicamente o
termo nasce no mundo pagão e foi entendido de maneiras
muito variadas, como segue no esquema:

1 – Entre os gregos:

 Exposição, narração poética, mitológica sobre os


Deuses.

 Exposição mitológica, mas como mero revestimento


para um núcleo filosófico: — é a Teologia filosófica ou
metafísica.

 Canto de louvor em honra da uma divindade.

 Astrologia ou meteorologia, para os que divinizavam


os astros.

 Culto do imperador divinizado (entre os romanos).

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Os Padres da Igreja resistem à idéia de empregar o termo
para o Deus cristão revelado. O termo “Teologia” tinha forte
carga pagã. A reflexão sobre a fé é denominada “Sophia –
Sabedoria” ou “Gnósis – Conhecimento”.

2 – Entre os padres gregos:

 O termo começa a ser usado por Orígenes (século III):


— a Teologia é o falar do Deus verdadeiro, de Cristo.
Com o Pseudo-Dionísio, o Areopagita (século IV)
“Teologia” passa a indicar o estudo da natureza divina
e da Trindade, distinta da “economia” que era o
estudo das obras de Deus.

 Com Evágrio Pôntico (século IV) e mais tarde Máximo


o Confessor, também conhecido como Máximo, o
Teólogo e Máximo de Constantinopla (século VIII),
“Teologia” não indica um discurso ou exposição
racional objetiva, mas o conhecimento místico
supremo do verdadeiro Deus.

3 – Entre os Padres latinos o termo “Teologia” não foi


usado.

Somente na Idade Média entra no vocabulário cristão,


tornando-se habitual após Santo Tomás de Aquino (século
XIII). Até então se falava de “Sermo Dei – Palavra de
Deus”, “Sacra Doctrina – Doutrina Sagrada”, “Doctrina
Christiana – Doutrina Cristã”, “Sacra Pagina – Sagrada
Escritura”. Na verdade, “Teologia” não substitui nunca
esses outros, pois indica (até o século XIX) o que hoje
entendemos por Teologia especulativa ou dogmática, isto
é, só uma parte do todo do conhecimento da fé.
Praticamente, quando hoje se fala de Teologia, pensa-se
em tudo o que faz parte do currículo da formação
seminarística para o sacerdócio. Mas a Teologia é

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realmente um discurso sobre Deus, feito pelo homem? Ou
é o discurso que Deus faz sobre si mesmo e suas
intenções? Na verdade, a Teologia é as duas coisas. O
discurso, desejado e iniciado pelo homem, recebe uma
intervenção divina, que se desenvolve conforme a
capacidade humana, mas um discurso que traz grandes
revelações, que abrem novas perspectivas para
descobertas inéditas. Aquelas e estas, por sua vez,
provocam uma ininterrupta reflexão, assim como a
necessidade de uma resposta e de um louvor, de um
anúncio envolvente para todos, como momentos distintos
de um amplo diálogo. Esse conjunto está sob a ação do
Espírito, que comunica o “Sensus Fidei – Sentido da Fé”,
a faculdade de perceber e desenvolver as virtualidades
incluídas na revelação. Tal instinto sobrenatural não tem
analogia com as ciências profanas.

Paz e graça.
Pr. Me. Plínio Sousa.

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