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Medeiros (2013, p. 128-129) destaca como uma das razões que levou
Freire a escrever esta obra foi o problema da humanização/desumanização:
Em
seu primeiro capítulo que tem como título “Justificativa da Pedagogia do
Oprimido”, Paulo Freire (1987, p. 16) discute o processo de desumanização
causada pelo opressor a seus oprimidos “[...] desumanização, que não se
verifica apenas nos que têm sua humanidade roubada, mas também, ainda que
de forma diferente, nos que a roubam, é distorção da vocação do ser mais”.
Freire relata que a forma de imposição que o opressor envolve o oprimido faz
com estes “sejam menos”, ou seja, vejam-se em condições onde ele precise do
seu usurpador. Neste capítulo Paulo Freire desenvolve tal discussão em torno
da oposição entre humanização e desumanização e de luta para recuperar a
humanidade dos oprimidos.
A ação política junto aos oprimidos tem de ser uma “ação cultural” para
a liberdade. É como homens que os oprimidos têm de lutar e não como
“coisas”. O processo de desumanização coisifica os homens e, portanto, lutar
pela sua humanização é fazer com que estes deixem de ser “coisas”. É
precisamente porque reduzidos a quase “coisas”, na relação de opressão em
que estão, que se encontram destruídos. Para reconstruir-se é importante que
ultrapassem esse estado de quase “coisa”.
Essa liberdade que tanto o oprimido almeja, tem que ser conquistada
por seu próprio esforço e em comunhão com os outros, pois como afirma
Freire (1987, p. 29), “ninguém liberta ninguém e ninguém se liberta sozinho: os
homens se libertam em comunhão”, e quando o mesmo não consegue ver que
é um alienado, não é uma doação que alguém faça, e sim uma busca dolorosa
para encontrar essa liberdade, mergulhados nesse mundo que o opressor o
expõe, os oprimidos têm medo dessa liberdade, ficam divididos em sair desse
mundo o qual está preso ou livrar-se, deixa-os confusos, e continuam sofrendo
interiormente. “A libertação, por isto, é um parto. E um parto doloroso. O
homem que nasce deste parto é um homem novo” (FREIRE, 1987, p. 19). É
difícil, exaustivo encontrá-la, mas quando chegar a ser na vida dos oprimidos,
tornam-se seres diferentes do que se podia ver antes.
“Para os opressores, o que vale é ter mais e cada vez mais, à custa,
inclusive, do ter menos, ou nada ter dos oprimidos” (FREIRE, 1987, p.25). Os
opressores não medem as consequências, para continuar no seu papel de
opressor, quanto mais tem, mais querem ter, torna-se uma busca sem fim, não
ligam se os oprimidos nada tem, o que querem é alcançar seus objetivos, sem
com nada se importar.
Acessado em 08/06/2015
Quando tentamos um adentramento no diálogo como fenômeno
humano, se nos revela algo que já poderemos dizer ser ele
mesmo: a palavra. Mas, ao encontrarmos a palavra, na análise do
diálogo, como algo mais que um meio para que ele se faça, se nos
impõe buscar, também, seus elementos constitutivos (FREIRE,
1987, p. 44).
Somente posso ouvir a voz de quem está ao meu redor se eu tiver amor
ao mundo e aos homens, porque é praticando uma relação harmoniosa que
saberei as suas necessidades. O diálogo é o encontro dos homens
mediatizados pelo mundo. O mundo será o que me ligará aos outro homens e
mulheres, nossas leituras de mundo nos farão reconhecer a importância da
comunicação entre o eu e o tu.
Em sua
descrição sobre o sistema de opressão antidialógico, Paulo Freire descreve
que são quatro os elementos utilizados para a realização da dominação (como
visto no quadro acima): conquistar, dividir, manipular e invasão cultural. A
primeira delas é a conquista, que segundo Freire (1987, p. 78) “o antidialógico,
dominador, nas suas relações com o seu contrário, o que pretende é conquistá-
lo, cada vez mais, através de mil formas”.
Referências Bibliográficas
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1987
GADOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. 2. ed. São Paulo:
Scipione, 2004.