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todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
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A grande crise brasileira de 2015 e 2016 trouxe de volta ao debate público e à própria política
econômica a visão que predominou de meados da década de 90 até 2005, baseada em alicerces como
responsabilidade fiscal, controle da inflação, racionalidade regulatória e microeconômica e ênfase no
setor privado. Um elemento que compõe o conjunto acima e ao qual ainda não se deu a devida prioridade,
entretanto, é a integração econômica do País ao resto do mundo, relacionada às políticas comercial e
industrial. 1
Tanto num caso como no outro, o Brasil sofre de forte inércia institucional, pela qual o esforço de
abertura comercial do início dos anos 90 foi abandonado, quando não revertido. Em período mais recente,
empreendeu-se uma tentativa de reviver diversos aspectos do nacional-desenvolvimentismo da década
de 70, com resultados muito negativos.
Na conjuntura atual, a retração da demanda interna e a desvalorização cambial reforçaram a
percepção de que as exportações são um importante canal para superar a crise. Falta, entretanto,
reconhecer que não haverá crescimento sustentado das exportações sem um novo movimento de
abertura comercial. Da mesma forma, a crucial retomada da elevação da produtividade não acontecerá
sem que a pressão competitiva do comércio exterior exerça sua saudável pressão sobre o setor produtivo
brasileiro, e em especial sobre a indústria.
A agenda de política comercial e industrial no Brasil é tradicionalmente emperrada por supostos
dilemas sobre “o que fazer primeiro”, em debates como “abrir ou reduzir o custo Brasil” e “cortar tarifas
unilateralmente ou fazer acordos comerciais”.
Uma nova estratégia de reinserção produtiva internacional é tão decisiva para os desafios econômicos
do presente que todas essas frentes de políticas públicas devem ser atacadas simultaneamente.
Nos últimos 50 ou 60 anos, o Brasil passou por profundas mudanças econômicas, sociais e políticas.
Nas políticas comerciais e industriais, entretanto, registra-se uma continuidade que resistiu à abertura
comercial do início dos anos 90 e que tem origem no modelo de substituição de importações e no nacional
desenvolvimentismo. O país tem um pendor histórico para o protecionismo comercial e a busca não
confessada da autarquia produtiva.
A baixa inserção atual do Brasil na economia internacional deve ser entendida como combinação
dessa tradição histórica com as políticas de intensificação protecionista seguidas nos últimos anos.
A mais substancial mudança nas políticas comerciais e industriais brasileiras, desde a adoção do
modelo de substituição de importações, foi a liberalização unilateral iniciada no final dos anos 80 e
aprofundada no início da década de 90.
Com uma série de medidas, e em etapas, a tarifa média nominal caiu de 57,5% em 1987 para 13% no
final de 1993, com eliminação também de extenso conjunto de barreiras não tarifárias. Nos últimos dez
anos, contudo, as tarifas média, modal e mediana têm se mantido praticamente inalteradas e muito
próximas àquelas resultantes da reforma tarifária do início dos anos 90.
A liberalização dos anos 90 atenuou, mas não eliminou, a escalada tarifária na estrutura de proteção,
beneficiando setores tradicionalmente protegidos, como automotivo, eletroeletrônicos, têxtil, vestuário e
bens de capital. Em termos de “proteção efetiva”, que mede o efeito da estrutura tarifária sobre o valor
Assim, ainda que a intensidade e a composição da proteção tenham variado nos 20 anos desde a
abertura da década de 90, pode-se dizer que a substituição de importações continuou a dar a tônica dos
objetivos e dos instrumentos das políticas comerciais e industriais neste período. Como já observado,
outros importantes países emergentes, egressos de períodos de substituição de importação, abriram suas
economias nos últimos anos.
Quase todas essas nações – e o Brasil novamente era uma exceção – também negociaram nos últimos
anos acordos preferenciais com parceiros que fazem parte de cadeias de valor nas quais suas indústrias
estão inseridas. Na verdade, o Brasil vem adotando sistematicamente, há décadas, posições defensivas
em negociações internacionais, com o paradigma protecionista apoiado por uma ampla coalizão de
burocratas e associações do setor industrial.
Esse viés acentuou-se nos governos do PT, com a ênfase no fortalecimento das relações “Sul-Sul” e
o questionamento dos regimes e das instituições internacionais identificadas com os interesses do
“Norte”. Como resultado, o Brasil teve poucos acordos, e de baixa relevância econômica: além do
Mercosul e dos países andinos, três parceiros pouco relevantes – Egito, Israel e Palestina – e dois com
parceiros importantes (Índia e África do Sul), mas que são irrelevantes pelo seu alcance parcial.
Acordos comerciais
Em princípio, os riscos de desvio de comércio e os maiores ganhos de escala da liberalização
multilateral indicariam que os acordos preferenciais eram um second best, quando se pensava nos
impactos sobre a produtividade.
Na verdade, porém, os impactos da liberalização preferencial dependem de vários fatores, como a sua
abrangência, o grau de abertura anterior, o diferencial de produtividade e tamanho entre os parceiros, etc.
É até possível que haja condições tais que o efeito sobre a produtividade de um acordo preferencial,
isoladamente ou em conjunto com outros, se aproxime daqueles da abertura multilateral.
Impactos positivos de acordos comerciais sobre a produtividade de empresas foram encontrados na
Coreia do Sul por Jang e Kim (2013); na Argentina, no contexto do Mercosul, por Bustos (2011) e no
Canadá por Lileeva e Trefler (2010). O fator chave por trás destes resultados é a complementaridade
entre exportação e adoção de novas tecnologias. Muitas vezes, só vale a pena incorrer nos custos de
exportar se a firma tem acesso a tecnologias modernas, e vice-versa.
Também foram avaliadas empiricamente medidas que reduzem a incerteza sobre a política comercial
futura. Mesmo com pequeno impacto sobre o nível das restrições, a redução de incertezas incentivou
firmas a se engajarem em negócios internacionais, a inovar e a adotar novas tecnologias, efeitos que se
acentuaram com as CGVs. Efeitos desta natureza foram apontados no caso da redução das “tarifas-teto”
da Austrália na OMC nos anos 90 (Handley, 2014) e de compromissos de liberalização no âmbito da OMC
(Tang e Wei, 2009).
No caso de acordos comerciais, ocorreu fenômeno semelhante em termos de redução de incertezas,
especialmente com os acordos com economias grandes e desenvolvidas, o que levou a um custo de
reversão mais alto, como no caso de Portugal e a então Comunidade Europeia (Handley e Limao, 2015).
No caso do Brasil, estes resultados sugeriram que a redução das tarifas-teto na OMC e a entrada em
acordos de comércio poderiam ter efeitos semelhantes de reduzir a incerteza, viabilizando a integração
com as CGVs – Johnson e Noguera (2014) demonstram empiricamente a relação entre acordos
comerciais e inserção em CGVs.
Freund e Ornelas (2010), finalmente, indicam que, nos acordos comerciais, a criação de comércio
tende a ser a regra, e o desvio de comércio a exceção.
Assim como os investimentos externos recebidos aumentaram a produtividade via novas tecnologias
e inputs importados, também os investimentos diretos de um país no exterior tiveram impacto positivo
sobre a produtividade doméstica (Hufbauer et ali, 2013, sobre multinacionais norte americanas).
Facilitação de comércio
• Portal Único. Iniciativa de reformulação dos processos de importação, exportação e trânsito
aduaneiro, para integrar e tornar mais eficientes os procedimentos de comércio exterior.
• Sistema de pagamento único de todas as taxas governamentais.
• Uso do conceito de análise de risco. O objetivo era generalizar procedimento da Receita Federal
para escolher cargas a serem submetidas à verificação documental ou física;
• Agente único de fronteira. Meta é evitar a descoordenação entre várias inspeções por diferentes
agências.
• Consolidação e ampliação do Programa Operador Econômico Autorizado (OEA). Tratava-se de
certificação de empresa segura e confiável, conferida pelas aduanas a participantes do comércio exterior.
O OEA é um programa de adesão voluntária que estabelece padrões mínimos de segurança, permitindo
a redução da frequência das fiscalizações.
Reforma tarifária
Envolveu ampla revisão na estrutura tarifária e de diversos dispositivos de administração pontual e
discricionária de tarifas (como ex-tarifários), além de maior parcimônia na aplicação de medidas
antidumping incidentes sobre produtos intermediários com oferta concentrada em uma ou poucas
empresas.
A nova estrutura de proteção deveria ser mais racional, eliminar distorções e dar previsibilidade para
produtores e investidores no Brasil. O cronograma de liberalização comercial deveria ser anunciado com
antecedência e ser implementado de forma gradual ao longo de quatro anos, orientado pelos seguintes
parâmetros:
• Redução fortemente do caráter de escalada tarifária da estrutura de proteção, tornando-a mais
homogênea;
Essa reforma propiciaria significativa redução no grau de proteção do Brasil, e aproximaria a política
tarifária brasileira da praticada pela maioria dos países com grau de desenvolvimento semelhante. Apesar
do receio de que a implementação dessa proposta reduziria o poder de barganha do Brasil em
negociações comerciais, verificou-se que países que empreenderam processos de liberalização
autônoma participavam intensamente de acordos comerciais ambiciosos e abrangentes.
Os tipos de indústria
A indústria moderna caracteriza-se pelo uso intensivo de diversos tipos de máquinas, o que possibilita
a produção de mercadorias em grande escala, e pode ser classificada em:
→ Indústria de extração: refere-se àquelas indústrias que retiram da natureza os bens que usamos
em várias atividades econômicas, sem que haja significativa mudança em suas propriedades. Podem ser
indústrias de extração vegetal, pesca e mineração.
Até o século XIX não houve um desenvolvimento autônomo do Brasil, pois o país estava atrelado aos
interesses de Portugal. Dessa forma, a industrialização brasileira, assim como a urbanização, chegou
tardiamente por aqui em comparação à Europa.
Embora no começo do século (mais precisamente em 1808, quando a família real portuguesa instalou-
se no Rio de Janeiro – fugindo das Guerras Napoleônicas e tornando o Brasil a sede do Império), D. João
tenha começado a incentivar a incipiente indústria brasileira, a concorrência com os produtos ingleses e
as barreiras impostas pelos proprietários de terras imobilizaram esse setor por mais um tempo.
Por isso, até o começo do século XX, o país caracterizou-se como um exportador de produtos
primários. O café, além de criar as condições econômicas necessárias para a indústria, também forneceu
A crise mundial de abastecimento na primeira metade do século XX, causada pelas Guerras Mundiais
(a primeira entre 1914 e 1918, e a segunda entre 1939 e 1945), também para que finalmente entrássemos
na era industrial. Como os países industriais estavam envolvidos no conflito, coube ao Brasil começar a
produzir produtos próprios. Foi dessa forma, para substituir as importações, que o Brasil diminuiu
paulatinamente a vinda de produtos de fora para começar a produção industrial em nosso território.
O primeiro setor que se desenvolveu foi o de bens de consumo não duráveis, produzidos em um tipo
de indústria que não necessita de uma tecnologia muito complexa, tampouco de grandes investimentos.
Mas sua produção era muito dependente de tecnologia e maquinaria produzidas externamente.
O presidente Getúlio Vargas, que adotou uma política nacionalista em seus governos (1930-1945 e
1951-1954), criou as primeiras leis trabalhistas e buscou incentivar a indústria brasileira, desistindo da
busca de mão de obra imigrante a fim de incentivar a contratação de brasileiros para trabalhar nas
indústrias do Brasil. Vargas criou indústrias de base, como a Companhia Siderúrgica Nacional (1941),
responsável pela produção de aço, a então chamada Companhia Vale do Rio Doce (1942), de exploração
de minérios, e a Petrobras (1953), que extrai petróleo e seus derivados.
Posteriormente, no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), foi criado o Plano de
Metas, que priorizou a indústria e o transporte em nível nacional, criando uma malha rodoviária no país.
Foi durante esse período que São Paulo se confirmou como a região industrial por excelência do país.
Kubitschek orientou a maior parte dos projetos de desenvolvimento industrial em São Paulo e também no
Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Naquele momento, estes eram os estados com as melhores condições
nos setores elétrico e de transportes e também que possuíam um mercado consumidor promissor.
Por causa da própria experiência na economia cafeeira, que criou condições materiais para o processo
de industrialização, a Região Sudeste, sobretudo o estado de São Paulo, concentrou desde o começo as
atividades industriais e acabou polarizando economicamente o setor industrial e o de serviços. Além
disso, o Brasil não possuía até então uma unidade territorial tão marcada, parecia mais uma espécie de
arquipélago, pois as regiões pouco se relacionavam economicamente entre si.
Ao longo do século XX, a indústria tornou-se o carro-chefe de nossa economia em nível nacional, tendo
a cidade como seu par espacial. A partir dos anos 1950, por causa da emergente indústria automobilística,
a rodovia substituiu a ferrovia como meio preponderante de circulação de mercadorias e pessoas. Devido
ao interesse das grandes empresas, e com o auxílio do Estado, expandiu-se a lógica do automóvel.
As rodovias foram direcionadas sobretudo para o interior, mesma concepção de construção de Brasília,
que era a de acabar com o cenário de “Brasil arquipélago”. As rodovias tiveram um papel importante
nesse movimento junto à indústria, a qual, embora concentrada no Sudeste, possuía o mercado
consumidor em todo território.
Na metrópole de São Paulo, principalmente na região do “ABCD paulista” (Santo André, São Bernardo,
São Caetano e Diadema), encontramos o paradigma dessa concentração industrial naquele estado do
Sudeste. Ali estavam as maiores indústrias automobilísticas de todo o país. Ao redor dessas indústrias,
gravitam outras que se concentraram também ali para abastecê-las: borracha, plásticos, vidros, peças,
etc.
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo/distribuicao-industria-brasil.jpg.
Esses elementos determinaram, durante muito tempo, a localização espacial das indústrias. Desse
modo, a presença desses elementos na região Sudeste, especialmente em São Paulo, favoreceu um
processo de concentração espacial das atividades industriais no Brasil, no entanto, deve-se considerar
que existem diversas regiões industriais no Brasil.
Áreas industriais tradicionais são aquelas caracterizadas por um processo mais antigo de
industrialização, assentando no padrão fordista-taylorista de produção.
Esse modelo de produção na indústria pode ser caracterizado, de modo geral, por:
* economia de escala;
* produção estandardizada (padronizados);
* competição via preços;
* existência de um mercado de consumo de massas;
* combinação entre a utilização de equipamentos automatizados e trabalhadores não qualificados;
* divisão e especialização do trabalho;
* separação entre a concepção e a execução das tarefas.
Região Sudeste
A região Sudeste representa uma das regiões do Brasil de mais antiga e intensa industrialização.
Suas principais regiões industriais são centros polindustriais, na medida em que nessas cidades
encontramos praticamente todos os ramos da indústria.
A partir das décadas de 1980-90, as indústrias localizadas na região metropolitana de São Paulo
assistiram a um crescente deslocamento rumo ao interior do Estado, utilizando os principais eixos viários
como os sistemas Anchieta-Imigrantes, Anhanguera-Bandeirantes e a Rodovia Dutra.
Historicamente, o estado de São Paulo também concentrou a indústria automobilística instalada no
Brasil até a década de 1970. A partir de então, essa indústria passou a se deslocar para outros estados.
São exemplos dessas transferências da indústria automobilística:
* a implantação da fábrica da Fiat, em Minas Gerais, na década de 1970;
* a implantação dos parques industriais da Renault e da Audi/VW, na década de 1990, no Paraná;
* a implantação da Ford em Camaçari, na Bahia, em 2001.
Região Sul
Região Nordeste
Região Norte
Região Centro-Oeste
Desconcentração industrial
A partir do final da década de 1980, com progressiva abertura da economia brasileira e profundas
transformações nos processos produtivos nas empresas, genericamente denominados “toyotismo”, as
indústrias procuraram reordenar os padrões de localização espacial, tendo por pressupostos:
* a proximidade ou facilidade do escoamento da produção, em detrimento da localização dos recursos;
* a crescente utilização de tecnologia, exigindo mão de obra cada vez mais qualificada, o que levou as
empresas a buscarem proximidades com centros produtores de ciência em detrimento do excedente de
mão de obra pouco qualificada;
* o deslocamento de empresas intensivas em mão de obra para áreas cada vez mais periféricas e com
legislações trabalhista e ambiental cada vez mais flexíveis.
Reconcentração espacial
Desse modo, configura-se uma nova espacialização da indústria brasileira dentro de um polígono que
envolve as cidades de Belo Horizonte (MG), Uberlândia (MG), Maringá (PR), Porto Alegre (RS),
Florianópolis (SC) e Curitiba (PR), fechando-se novamente em Belo Horizonte (MG). Os processos de
concentração e desconcentração espacial (e industrial) demonstram o caráter seletivo dos investimentos
industriais, que privilegiam alguns espaços específicos nas regiões brasileiras.
Atualmente, a tendência é de que os investimentos mais dinâmicos se concentrem nas regiões onde
se iniciou e se consolidou a atividade industrial brasileira (Sudeste e Sul).
As metrópoles globais (São Paulo e Rio de Janeiro) também têm suas principais funções modificadas:
de centros industriais, especializam-se cada vez mais em atividades do setor terciário (serviços), na área
financeira e no desenvolvimento de novas tecnologias. Desse modo, as indústrias estratégicas atuais
continuam a concentrar-se nessas metrópoles, assim como a sede das empresas, o mercado financeiro
e o setor de serviços.
Aquelas indústrias mais leves, que exigem menores investimentos e utilizam muita mão de obra (em
vez de muita tecnologia), e que, portanto, apresentam um custo menor, tendem, por sua vez, a se
concentrar em regiões de menor nível de desenvolvimento e custo de mão de obra (como o Nordeste, o
Norte e o Centro-Oeste).
Outra diferença desse processo em relação à concentração anterior (das décadas de 1950 a 70)
refere-se à atração locacional exercida por cidades de porte médio (em torno de 100 mil habitantes),
As cidades estão cada vez mais cheias de pessoas, e o fenômeno urbano expande-se em direção ao
mundo rural de maneira massiva. Todos nós estamos cercados desses produtos criados por indústrias,
e muitas vezes não temos dimensão de todo o processo que ocorreu até eles chegarem em nossas mãos.
A seguir veremos alguns desses impactos ambientais em decorrência do modelo urbano-industrial
brasileiro.
Poluição atmosférica
As fumaças liberadas pelos carros e pelas indústrias afetam em nível local a saúde das pessoas,
dificultando a respiração e causando doenças respiratórias. Além disso, há indícios de que esse tipo de
poluição afeta o efeito estufa. Nas cidades, também há formação de ilhas de calor. A retirada de
vegetação, somada à concentração de concreto, asfalto, vidros, metais e poluentes, faz que a
temperatura média das cidades seja maior em comparação ao meio rural, porque os componentes dos
poluentes atmosféricos possuem a capacidade de reter o calor.
As chuvas em geral são ácidas, mas a concentração de poluentes na atmosfera das cidades, quando
combinada com o oxigênio, produz uma chuva capaz de danificar construções pela corrosão, além de
oferecer perigo à saúde e contaminar rios e lagos.
O direito à cidade
Assim como gera impactos ambientais, o modelo discutido acima também possui uma dimensão social,
baseada na economia. A forma como são estruturadas as cidades tem como objetivo tornar o modelo
produtivo economicamente vantajoso, capaz de gerar cada vez mais lucros, a fim de que as pessoas
continuem consumindo cada vez mais.
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.
MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini, Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.
Questões
01. (TJ/SC – Analista Jurídico – TJ/SC) Sobre o espaço econômico brasileiro, suas características e
o processo industrial do Brasil, todas as alternativas abaixo estão corretas, EXCETO:
(A) Dentre os fatores responsáveis pela concentração industrial na região Sudeste, podemos afirmar
que a região foi se organizando como área de atração da população e de capital, tornando-se região
concentradora de riquezas. O mercado consumidor que aí se formou, o desenvolvimento do sistema
rodoviário, os recursos naturais favoráveis e a imigração contribuíram para a concentração industrial
nesta região.
(B) São Paulo concentra a maior parte da produção industrial do país, cujas raízes encontram-se nas
etapas iniciais do processo da industrialização do Brasil. Mas, nos últimos anos, a participação relativa
do Estado começa a diminuir, o que reflete o início do processo de dispersão industrial espacial, no país.
(C) O processo industrial brasileiro se firmou nos anos 70, os anos do “milagre brasileiro”, baseado em
um tripé, representado pela forte participação do capital estatal, pelos grandes conglomerados
transnacionais e um mercado consumidor em ascensão.
(D) Uma das características do processo industrial atual do Brasil, corresponde à forte dispersão
financeira das empresas e à grande concentração espacial.
(E) Uma das influências diretas da inserção do Brasil nos mercados globais é a disseminação no
território brasileiro dos polos tecnológicos próximos de centros universitários e de pesquisas.
03. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) A partir de meados da década de 90 do século
passado, a denominada guerra fiscal entre os estados brasileiros intensificou-se. A abertura econômica
atraía, então, novos fluxos externos de investimentos industriais para o país e estimulava a guerra dos
lugares.
A respeito desse assunto, julgue (C ou E) o item que se segue.
O processo de desconcentração regional da indústria brasileira favorece o prolongamento da disputa
entre as unidades federativas com base na renúncia fiscal.
(....) Certo (....) Errado
04. (Petrobras – Profissional Júnior – CESGRANRIO/2015) Como tantos outros países periféricos,
o Brasil era exportador de matérias-primas e importador de produtos manufaturados. Há um momento
em que o minério de ferro do Brasil impressiona os técnicos das indústrias siderúrgicas da Europa e dos
Estados Unidos, mas o Brasil importa até as grades de ferro que cercarão as árvores da recém-aberta
Avenida Central, no Rio.
Nessas poucas palavras, sobre a coação da história a estrangular o futuro dos países como o Brasil,
encerra-se toda a política econômica da Revolução de 30, do presidente que a levou ao poder e de toda
a Era Vargas: fazer do Brasil um país que transforme em aço o ferro de seu subsolo, que explore seu
petróleo e suas fontes de energia elétrica, que produza tratores, caminhões, automóveis e até aviões, um
Gabarito
Comentários
01. Resposta: D.
Com a evolução das tecnologias e infraestruturas de transportes e comunicações houve a redução nos
custos de transferência de bens, de modo que o espaço se tornou mais fluido, abrindo novas localizações
adequadas para a indústria.
O que ocorre é um processo de desconcentração espacial das indústrias. Tal fato deve-se a maior
abertura econômica e pelo desenvolvimento técnico-científico, associado a informática e comunicação.
02. Resposta: A.
Com os avanços tecnológicos nos meios de transporte e comunicações, não eram mais necessárias
uma aglomeração industrial e, tampouco, a proximidade entre indústria e mercado consumidor. Por isso,
muitas empresas resolveram migrar para regiões interioranas e cidades médias, longe dos problemas
relacionados às grandes cidades.
04. Resposta: C.
A política nacionalista dos governos de Getúlio Vargas era caracterizada pela decisiva intervenção do
Estado na economia. Transformado em agente fomentador da industrialização, o Estado brasileiro
realizou pesados investimentos, graças os quais foram implantadas uma moderna infraestrutura e
inúmeras indústrias de base. Foram construídos muitos portos, além de sistemas de transporte terrestre
e de geração de energia. Foram fundadas grandes companhias de capital estatal. A disponibilidade das
matérias-primas produzidas por essas indústria de base estatais estimulou a criação de diversas
indústrias privadas de capital nacional. Equipadas com uma tecnologia menos sofisticada que as
indústrias de bens de consumo duráveis, a instalação de indústrias de bens de consumo não-duráveis
necessita de menos investimentos. Por isso foi registrado um aumento maior do número de indústrias
privadas de bens de consumo não-duráveis, como tecelagens, fábricas de produtos alimentícios e de
bebidas, fábricas de calçados, estabelecimentos de torrefação de café, etc.
Os transportes no Brasil
O desenvolvimento econômico dos países relaciona-se ao seu sistema de transportes. Quanto mais
desenvolvido, diversificado e eficiente o sistema de transportes, maiores são as possibilidades de
circulação rápida de pessoas e mercadorias, o que implica maiores ganhos para produtores e
consumidores. Por outro lado, um sistema de transportes pouco eficiente acaba por dificultar a circulação
de pessoas e mercadorias em países mais pobres, que, por sua vez, incide e aumenta suas dificuldades
econômicas.
Fonte: http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf.
Fonte: http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf.
Transporte Ferroviário
O transporte ferroviário no Brasil começou a se expandir durante o Segundo Império, no final do século
XIX, associado à expansão do café. Esse tipo de transporte é, em geral, 50% mais barato que o transporte
rodoviário.
Uma característica importante da malha ferroviária brasileira é sua pequena conectividade, ou seja,
em geral, as ferrovias brasileiras foram construídas interligando as áreas produtoras aos portos, para
facilitar a exportação das mercadorias.
O maior adensamento dessa rede dessa rede de transporte também coincide com a principal região
brasileira produtora de café no início do século XX: o estado de São Paulo.
Mesmo ferrovias construídas recentemente mantêm essa característica de não se integrarem umas às
outras, lingando apenas as áreas produtoras aos portos.
A partir de 1996, as ferrovias brasileiras, sob o controle da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), foram
privatizadas.
Transporte rodoviário
O transporte hidroviário é o que apresenta menores custos, desde que existam condições favoráveis
à sua implantação, como rios potencialmente navegáveis, relevo mais ou menos plano e condições de
navegabilidade nos rios. Caso essas condições não existam, é possível estabelecer a navegação a partir
da construção de eclusas, como em Jupiá (SP) e Bom Retiro (RS).
O Brasil possui cerca de 42.000 Km de rios navegáveis, localizados, sobretudo, na Região Norte.
São vantagens do transporte hidroviário: transportar grandes volumes a grandes distâncias; preservar
o meio ambiente; implantação e frete mais baratos que os de outros meios de transportes.
Hidrovia do Madeira
Localizada no Corredor Oeste-Norte, é navegável numa extensão de aproximadamente 1.056 Km,
entre Porto Velho e sua foz, no Rio Amazonas, permitindo, mesmo na época de estiagem, a navegação
de grandes comboios, com até 28.000 toneladas. Atualmente transporta cerca de 2 milhões de toneladas
ao ano.
Hidrovia Tietê-Paraná
Localizada nos Corredores Transmetropolitano do Mercosul e do Sudoeste, a hidrovia Tietê-Paraná
permite a navegação numa extensão de1.100 Km entre Conchas, no rio Tietê (SP), e São Simão (GO),
no rio Paranaíba, até Itaipu, atingindo 2.400 Km de via navegável. Ela já movimenta mais de um milhão
de toneladas de grãos/ano, a uma distância média de 700 Km. Se computarmos as cargas de pequena
distância como areia, cascalho e cana-de-açúcar, a movimentação no rio Tietê aproxima-se de dois
milhões de toneladas.
Hidrovia do Paraguai
Localizada no Corredor do Sudoeste, essa hidrovia compõe um sistema de transporte fluvial de
utilização tradicional, em condições naturais, que conecta o interior da América do Sul com os portos de
águas profundas no curso inferior do Rio Paraná e no Rio da Prata. Com 3.442 Km de extensão, desde
Cáceres até o seu final, no estuário do rio da Prata, proporciona acesso e serve como artéria de transporte
para grandes áreas no interior do continente. As principais cargas transportadas no trecho brasileiro são:
minério de ferro, minério de manganês e soja. Os fluxos de carga na hidrovia vêm crescendo nos últimos
anos, respondendo à expectativa de interação comercial na região. No território brasileiro, a hidrovia
percorre 1.278 Km e tem como principais portos: Cáceres, Corumbá e Ladário, além de três terminais
privados com expressiva movimentação de carga. Entre 1998 e 2000, foram movimentadas mais de seis
milhões de toneladas de cargas no trecho brasileiro.
Fazem parte das Hidrovias do Sul as Lagoas dos Patos e Mirim, o canal de São Gonçalo, que liga o
Rio Jacuí a seu afluente, o Taquari e uma série de rios menores, como Caí, Sinos e Gravataí, que
constituem o estuário do Guaíba. O Rio Jacuí foi canalizado com a construção das barragens eclusadas,
compreendo uma extensão de300 Km, para calados de 2,5 m. No rio Taquari foi implantada a barragem
eclusada de Bom Retiro do Sul, que vence um desnível máximo de 12,50 m, dando acesso ao Porto
Fluvial de estrela, para embarcações de 2,5 m de calado.
As hidrovias, apesar de apresentarem um impacto ambiental menor que outros meios de transporte,
também afetam o meio ambiente.
Os principais impactos ambientais das hidrovias são de três ordens: impactos gerados a partir da
implantação das obras, impactos resultantes das operações e impactos nas áreas de influência
indireta (sobretudo nas áreas de mananciais).
Impactos quando da implantação das obras necessárias
A área de influência direta é, de fato, o próprio leito do rio, que é o local onde se efetuam as principais
intervenções necessárias. Uma pequena faixa de margem é utilizada para implantação da sinalização, de
forma pontual. As principais obras e de maior impacto são as dragagens de implantação e os
derrocamentos.
2. Risco de acidentes com cargas perigosas: exigência de casco duplo para embarcações, para
aprimorar as possibilidades de derramamento e aplicação de planos de emergência;
Sobre a hidrovia do Paraguai, há uma grande polêmica, uma vez que a realização de obras como o
aprofundamento do leito dos rios poderia afetar o Rio Paraguai e seus afluentes, alterando as condições
ecológicas do Pantanal Mato-grossense, considerado patrimônio ecológico da humanidade.
Apesar de os rios dessa bacia serem de planície e naturalmente navegáveis, há ao longo de seus
leitos bancos de areia e rochas, que tornam a navegação perigosa e atrasam a movimentação das cargas.
O projeto de aprofundamento do leito dos rios previa a dragagem dos bancos de areia e a detonação das
rochas, desimpedindo o fluxo das águas e aumento sua velocidade de escoamento.
Porém, muitos grupos ambientalistas posicionaram-se contrariamente ao projeto, pois isso significaria
a drenagem do Pantanal e o comprometimento do seu ecossistema.
Corredores de exportação
No início do século XXI, o Brasil se estabeleceu como um dos maiores provedores de soja do mundo.
Em plena região amazônica, o arco do desmatamento funcionou como uma frente de expansão agrícola
em que milhares de quilômetros quadrados de florestas e cerrados deram lugar ás pastagens e à cultura
da soja. Desse modo, o Brasil entrou no segundo milênio incorporando vastas extensões de terras ao
imenso espaço econômico internacional, mantendo um modelo econômico agrário-exportador que, acima
de tudo, sustentou os pagamentos da dívida externa aos credores internacionais.
O intenso desmatamento da Amazônia foi concentrado em dois estados: Mato Grosso e Rondônia. No
primeiro, a área plantada de soja cresceu em 400% nos últimos dez anos.
O crescimento dessas novas regiões produtoras está apenas no seu início, pois, justamente nos
últimos anos, a iniciativa provada, juntamente com o Estado brasileiro, tem criado condições para o
escoamento dessas imensas safras agrícolas. O estabelecimento do corredor de exportação Madeira-
Amazonas, baseado no transporte dos grãos pelos citados rios amazônicos, proporcionou aos
agricultores do Norte e do Centro-Oeste do Brasil uma diminuição do custo do frete que se aproxima dos
50%. E, com o custo de transporte reduzido quase pela metade, a soja das novas regiões produtoras do
Brasil se tornou altamente competitiva (mais barata) no mercado internacional.
Uma das razões do baixo custo e eficiência do corredor Madeira-Amazonas é justamente o
aproveitamento do transporte fluvial, o mais competitivo que se conhece atualmente. Nesse contexto, os
produtos agrícolas de grande parte do Mato Grosso, estado do Tocantins e Rondônia, são transportados
por via terrestre até Porto Velho (RO), seguindo daí por embarcações até o porto flutuante de Itacoatiara
(AM) e, daí, para o mercado internacional.
A existência de portos bem equiparados e especializados é uma das características fundamentais da
implementação dos chamados corredores de exportação. Abaixo, veremos a relação dos principais
corredores de exportação do Brasil, juntamente com os principais produtos vendidos.
Transporte Aéreo2
Implantado no Brasil em 1927, o transporte aéreo é realizado por companhias particulares sob o
controle do Ministério da Aeronáutica no que diz respeito ao equipamento utilizado, abertura de novas
linhas, etc.
A rede brasileira, que cresceu muito até a década de 1980, sofreu as consequências da crise mundial
que afetou o setor nos primeiros anos da década de 1990.
Há dez anos, o Brasil vive uma verdadeira revolução no setor da aviação. Antes privilégio de poucos,
voar hoje é uma realidade para a grande maioria da população. Prova disso é que entre 2004 e 2014, o
desenvolvimento expressivo do transporte aéreo no país levou à redução de 48% do custo da passagem
aérea doméstica. A média anual de crescimento do setor foi três vezes o crescimento médio do PIB –
Produto Interno Bruto – para o mesmo período (3,4%). Paralelamente, o número de passageiros cresceu
170%, alcançando 117 milhões em 2014.
E a qualidade do serviço também melhorou. O índice de atrasos nos aeroportos brasileiros, por
exemplo, caiu 62% de 2007 a 2014, passando de 29,84% para 11,3%. Nesse mesmo período, a demanda
de passageiros cresceu 88%.
Nessa democratização do transporte aéreo, três fatores passaram a influenciar na escolha da forma
de viajar dos brasileiros: custo, tempo e conforto.
A infraestrutura aeroportuária também está passando por melhorias significativas. Entre 2011 e 2015,
foram investidos R$ 15,6 bilhões no setor.
Referências Bibliográficas:
MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini; Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.
2
http://www.aviacao.gov.br/obrasilquevoa/cenario-da-aviacao-brasileira.php.
02. (IPEA – Técnico – CESPE) Com relação à matriz brasileira de transportes e aos sistemas de
transporte, julgue os próximos itens.
Na competição entre os sistemas rodoviário e ferroviário de transportes, a ferrovia no Brasil perde
espaço no transporte a longas distâncias, mesmo apresentando condições econômicas mais
competitivas.
(....) Certo (....) Errado
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A.
As principais vantagens do modal de transporte rodoviário:
Acessibilidade, pois conseguem chegar em quase todos os lugares do território brasileiro;
Facilidade para contratar ou organizar o transporte;
Flexibilidade em organizar a rota;
Pouca burocracia quanto à documentação necessária para o transporte;
Maior investimento do governo na infraestrutura das rodovias se comparada aos outros modais.
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-KRaKbTocB78/Tbs2sUdL80I/AAAAAAAACg0/5Hg-IQAv2nI/s1600/grau-de-urbanizac3a7c3a3o-2010.png.
De maneira geral, podemos afirmar que a cidade é um aglomerado de construções e pessoas, a sede
do município e o lugar onde se localizam as casas do poder político. A urbanização, por outro lado, refere-
se ao surgimento de novas cidades e à expansão física e em números demográficos das cidades
existentes.
No Brasil, a migração, a industrialização e o crescimento populacional relacionam-se direta ou
indiretamente com o crescimento urbano, que, por sua vez, multiplica o fluxo de mercadorias, de pessoas
e de informações.
A origem das primeiras cidades está ligada às atividades relacionadas à exploração dos produtos das
terras brasileiras e ao envio destes para a metrópole europeia, Portugal. Localizavam-se na faixa litorânea
e tiveram, portanto, a função de posto comercial e de defesa militar.
Além disso, as características naturais também foram um ponto de extrema importância para escolher
onde ficaria o sítio urbano a ser desenvolvido. O acesso à água, por exemplo, funcionou como um fator
de decisão de onde se instalaria a cidade.
São Vicente (SP), foi a primeira vila a ser formada, na costa do que hoje é o Estado de São Paulo. Foi
criada por Martim Afonso de Souza em 1532, que lá construiu um pelourinho, uma câmara e uma igreja,
e em 22 de agosto do mesmo ano, realizou as primeiras eleições de toda América Latina.
A primeira capital brasileira foi Salvador, escolhida para ser a sede da Colônia. A baía de seu litoral,
Baía de Todos os Santos, facilitava a exportação de cana-de-açúcar e pau-brasil, que eram os principais
produtos de interesse português naquele momento. A baía servia também como ponto de apoio para
navegações rumo à África e à Ásia, pois era estrategicamente um porto seguro para as embarcações
portuguesas.
O modelo agroexportador foi predominante em todo o período colonial e influenciou a configuração
territorial, a urbanização e a mentalidade da sociedade daquela época. A lógica da plantation era tão
forte que a burguesia brasileira naquela época era rural e morava junto a suas plantações. Embora tivesse
negócios e propriedades nas cidades, seu poder político e econômico era baseado nesse modelo.
Os poderes políticos eram dominados pela oligarquia agrária, que morava em suas fazendas (as casas
grandes, os engenhos e as senzalas conformavam esses espaços), e as cidades eram habitadas,
majoritariamente, por servidores públicos, artesãos, mercadores, etc.
As cidades coloniais, de maneira geral, não foram planejadas, seus traçados não obedeciam a lógica
alguma e seu crescimento deu-se de maneira desordenada, ao ritmo da própria pulsação populacional,
subindo os morros e descendo as vertentes.
Embora já existisse uma relativa ocupação no interior do país, somente com a crise do modelo
agroexportador – por causa da concorrência com a produção de cana-de-açúcar nas Antilhas (na América
Central) – que a exploração de metais preciosos ganhou força para suprir a demanda financeira exigida
pela metrópole. Dessa forma, a exploração de ouro e prata tornou-se a principal fonte econômica lusitana
na Colônia a partir do final do século XVII, o que motivou também a ocupação do interior. A ocupação,
Apostila gerada especialmente para: rayssa oliveira silva 017.822.702-13
. 24
que era mais efetiva na Zona da Mata e no Agreste baiano, onde ocorria a maior parte da produção de
cana-de-açúcar, foi reorientada em direção ao interior, onde havia as maiores jazidas de pedras
preciosas: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
As cidades criadas na época da mineração esbanjavam riqueza em sua arquitetura. No século XVIII
foram o epicentro da vida social do país, motivando muitas migrações de gente vinda de Portugal e de
diversas localidades da atual região Nordeste. A predominância de morros em seu relevo dificultava a
produção agrícola. O abastecimento de alimentos era realizado por tropeiros que viajavam levando
mercadorias de uma cidade a outra. Esse comércio também foi motivador para a criação de cidades e
vilas em torno dos corredores de passagem das tropas que vinham do Sul.
O esgotamento das jazidas levou à decadência das cidades que viviam dessa economia. De maneira
geral, a ocupação territorial na Colônia possuiu essa característica de desenvolvimento econômico
baseado na exploração até o limite. Assim, quando os recursos naturais se esgotavam ou quando o
mercado entrava em crise, tais regiões entravam em decadência.
As cidades que tiveram maior continuidade econômica, portanto, foram aquelas cuja função estava
ligada ao porto, como Salvador e Rio de Janeiro. A última foi elevada à capital do Império em 1763,
permanecendo até 1960, quando a capital da República foi transferida para Brasília.
Com o esgotamento da economia mineradora, o café despontou como a base da economia brasileira
até o século XX, quando a indústria começou a deslanchar. Nesse período, concomitante ao ciclo do café,
a exploração da borracha destacou-se economicamente, incentivando a relativa ocupação e urbanização
das maiores cidades amazônicas: Belém do Pará (PA) e Manaus (AM).
A predominância da população nas áreas rurais até durante o século XIX no Brasil pode ser explicada
pela economia baseada nas produções agrícolas, que fixava os trabalhadores (escravos até 1888 e
imigrantes livres) no campo, junto à área produtiva. A economia cafeeira do início do século XX propiciou
o suficiente acúmulo econômico para gerar a industrialização em nosso país. Essa nova economia, por
concentrar-se na cidade, foi responsável por uma virada populacional. Dessa forma, a urbanização
brasileira é recente, tendo sido mais incentivada e desenvolvida ao longo do século XX.
Foi somente no século XX que o crescimento urbano se intensificou no Brasil. Motivada pela crescente
indústria no começo do século, sobretudo no eixo Rio-São Paulo, a população urbana superou a rural na
década de 1970. A cidade que mais representou esse processo no país é São Paulo, pois foi a que mais
migrantes recebeu e a que mais cresceu, sendo hoje a maior do país.
Esse aumento da população urbana deve-se muito às migrações de pessoas que viviam no campo em
direção à cidade, em busca de oportunidades. Por conta do histórico agroexportador brasileiro, da
concentração fundiária e da mecanização, a vida no campo se tornou difícil para os trabalhadores que
não tiveram acesso à propriedade privada da terra, que se generalizou sobretudo com a Lei de Terras de
1850.
O crescimento das cidades no século XX não foi acompanhado por um planejamento eficiente por
parte do Estado, o que resultou em diversos problemas de organização urbana nas grandes cidades
brasileiras.
As metrópoles brasileiras
O que caracteriza as metrópoles brasileiras é, antes de mais nada, seu processo histórico de formação.
Desde o período da colonização até hoje, as principais cidades cresceram em regiões próximas ao litoral,
locais por onde as mercadorias produzidas eram exportadas e as mercadorias estrangeiras chegavam ao
Brasil. Nestas cidades de concentravam as funções administrativas e políticas.
O desenvolvimento econômico e político do país reforçou essa configuração territorial, ainda que a
ocupação tenha se expandido para o interior. A maioria das metrópoles brasileiras se localiza na faixa a
menos de 200 quilômetros do litoral, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Porto Alegre, etc.
O conceito que utilizaremos para definir o que é uma metrópole refere-se a cidades que são centros
de decisão política e econômica, em constante relação e interdependência com as regiões em seu
entorno. As metrópoles garantem uma articulação desde a escala regional até a global e, de acordo com
sua área de influência e redes urbanas estabelecidas, essas cidades podem apresentar diferentes
funções no cenário nacional.
Vejamos a cidade de Goiânia. Ela é considerada uma metrópole regional que interfere na organização
socioespacial do Centro-Oeste brasileiro por ser polo de decisões administrativas e econômicas regionais
Problemas urbano-ambientais
Sustentabilidade urbana
Os problemas urbano-ambientais não tem origem apenas na emissão de gases poluentes ou no0
descarte de resíduos líquidos poluentes nos rios. A causa também está em nossa relação com o espaço
que nos rodeia. Ou seja, como nos relacionamos, por exemplo, com o lixo que produzimos, com aquilo
que comemos, com os produtos que consumimos, com o meio ambiente e com o mundo em que vivemos.
Em suma, a origem desses problemas também está na organização de nosso cotidiano na cidade.
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015. (Coleção geografia cidadã).
Questões
01. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com relação à geografia urbana no Brasil, julgue
o item que se seguem.
Os fatores que propiciam o crescimento populacional no interior do Brasil incluem a atração de
indústrias para as cidades de médio porte.
(....) Certo (....) Errado
02. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com relação à geografia urbana no Brasil, julgue
o item que se seguem.
O processo de industrialização foi o fator responsável pelo desenvolvimento das cidades brasileiras,
cujos territórios se transformaram devido ao aumento da atividade produtiva no campo.
(....) Certo (....) Errado
Gabarito
Comentários
03. Resposta: A.
Os movimentos pendulares são cada vez mais importantes para o entendimento da dinâmica urbana.
São utilizados para estudar a organização funcional dos espaços regionais e delimitar regiões
metropolitanas; dimensionar e caracterizar os fluxos gerados para o estudo e para o trabalho; para o
planejamento urbano, em especial o de transportes, entre outros.
O Brasil possui vastas áreas com solos férteis e clima propício à produção agrícola. Além disso, muita
terra é utilizada para a pecuária. Contudo, a propriedade de imensas áreas nas mãos de poucos é a
principal característica do campo brasileiro.
A terra pode ser entendida como uma condição para a sobrevivência humana, pois é a fonte básica
de geração de alimentos. Assim, a terra como bem de produção deve satisfazer a sociedade, atendendo
às necessidades dos indivíduos, por isso sua função social é muito importante.
No Brasil, a distribuição de terras é considerada historicamente desigual. Uma das características mais
marcantes das áreas de produção agropecuária é a concentração da propriedade de terras, também
chamada de concentração fundiária. Isso significa que há grandes propriedades de terra, conhecidas
como latifúndios, concentradas nas mãos de poucos indivíduos. O Brasil tem a segunda maior
concentração fundiária do planeta.
Agropecuária é a denominação dada para as atividades que usam o solo com fins econômicos
e que são voltadas à produção agrícola associada à criação de animais.
As propriedades rurais brasileiras apresentam não só tamanhos diferentes, como também distintas
formas de organização do trabalho.
A chamada agricultura familiar é aquela em que a mão de obra predominante é composta por
integrantes da família proprietária da terra. Geralmente trata-se de pequenas propriedades onde é
praticado o policultivo, ou seja, o cultivo de diferentes espécies.
Já nas grandes propriedades, onde se pratica o agronegócio, a mão de obra é contratada, e a
produção, altamente mecanizada. Além disso, uma característica marcante é o monocultivo, ou seja, o
cultivo de uma única espécie.
3
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/metropolizacao.htm>.
Fonte: http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_imagens/grafico_alimentos_20.jpg.
Portanto, pode-se dizer que a agricultura familiar garante o abastecimento de produtos básicos. Estes,
porém, não geram muita renda aos produtores, motivo pelo qual não são cultivados pelos empresários
do agronegócio. Os grandes latifúndios são destinados à produção em larga escala de mercadorias
destinadas principalmente ao mercado externo, como soja, algodão e milho.
Se, por um lado, a estrutura da produção agropecuária moderna envolve o uso de máquinas e técnicas
com avançadas tecnologias, por outro implica em sérias questões ambientais. O modelo atual explora os
recursos naturais de tal forma que muitas vezes leva-os ao esgotamento.
O desmatamento é uma prática muito comum para a realização da agropecuária. A retirada da
cobertura vegetal resulta em inúmeras consequências: redução da biodiversidade, erosão e redução dos
nutrientes do solo, assoreamento dos corpos hídricos, entre outras.
Abaixo segue uma foto do desmatamento de área para implantação de agricultura no município de
Santarém, Pará, em novembro de 2013:
Fonte: http://s2.glbimg.com/h6M7pXZq_V0Wa4MlxqLGI1d70zA=/620x465/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/11/11/2013-11-11t100716z_19020539.jpg.
Fonte: http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI283394-18071,00-
PIMENTAO+MORANGO+PEPINO+LIDERAM+RANKING+DE+ALIMENTOS+COM+AGROTOXICOS.html.
Sistemas Agroflorestais
Com o crescimento dos danos ambientais provocados pelo modelo agrícola atual, muitas pessoas vêm
buscando criar e resgatar alternativas de produção de alimentos de forma a gerar menos impactos ao
meio ambiente. Uma dessas alternativas é chamada de agroflorestal.
Um Sistema Agroflorestal, também chamado de SAF, é um tipo de uso da terra no qual se resgata a
forma ancestral de cultivo, combinando árvores com cultivos agrícolas e/ou animais. A agrofloresta busca
utilizar ao máximo todos os recursos naturais disponíveis no local, sem recorrer a agentes externos, como
insumos químicos. Assim, torna-se um sistema extremamente benéfico ao meio ambiente, além de muito
mais barato para o agricultor, já que elimina os gastos com insumos químicos.
O conceito de fronteira agrícola é utilizado para designar as áreas limítrofes entre o chamado meio
natural e o local onde se praticam atividades agropecuárias.
A tendência dessas áreas é a de se expandir constantemente, acompanhando o ritmo da produção
agrícola.
A expansão da fronteira agrícola traz uma série de mudanças no espaço geográfico, implicando uma
nova organização espacial. São ampliadas infraestruturas de transporte, comunicação e geração de
energia, o que eleva a concentração populacional e impulsiona o desenvolvimento econômico das regiões
em questão.
No Brasil, a partir da década de 1960, houve o avanço da fronteira agrícola para a Região Centro-
Oeste, estimulados pelos projetos do governo federal de ocupação e desenvolvimento do interior do país.
Nesse período, foram oferecidos diversos incentivos, como créditos agrícolas e vendas de lotes de
terra a preços baixos, com o objetivo de atrair agricultores do Sul, Sudeste e Nordeste para a região.
Atualmente, a fronteira agrícola expande-se em direção à Amazônia.
A expansão traz sérios danos ambientais, como o desmatamento e poluição dos solos e dos rios. Além
disso, como a expansão da fronteira agrícola geralmente é baseada na mecanização e na utilização de
insumos químicos, ela agrava o problema da questão fundiária, já que pequenos proprietários rurais são
obrigados a vender suas terras por não terem condições de arcar com os custos da produção.
A Revolução Verde
A partir dos anos 1960, o espaço agrícola brasileiro passou por intensas mudanças, ligadas
principalmente à implantação de novas tecnologias na agropecuária. Essas transformações estão ligadas
a um processo mundial, conhecido como Revolução Verde.
A Revolução Verde iniciou-se na década de 1950, nos Estados Unidos, e consistia na aplicação da
ciência ao desenvolvimento de técnicas agrícolas com o objetivo de aumentar a produtividade da
agricultura e da pecuária. Nas décadas seguintes, esse conjunto de mudanças foi implantado em vários
países, inclusive no Brasil, com o objetivo de erradicar a fome por meio do aumento na produção de
alimentos.
A indústria química desenvolveu os agrotóxicos. Os laboratórios de genética criaram sementes
padronizadas e mais resistentes a doenças, pragas e aos próprios agrotóxicos. A indústria mecânica
desenvolveu tratores, colheitadeiras e outros equipamentos para o plantio, a colheita e a criação de
animais.
Esse conjunto de transformações tinha como objetivo aproximar a agricultura de um padrão industrial
de produção. Portanto, uma das propostas da Revolução Verde era a adoção do mesmo padrão de cultivo
em todos os lugares do mundo, desconsiderando as variações locais das condições naturais, como o
clima ou a fertilidade natural do solo, e as necessidades e possibilidades dos agricultores.
A adoção de monoculturas, largas propriedades de terra destinadas ao cultivo de uma única espécie,
foi outra medida imposta pela Revolução Verde, já que a eficiência dos insumos químicos e do maquinário
dependia da uniformidade do cultivo.
No Brasil, a implantação da Revolução Verde foi estimulada por meio de políticas públicas que
promoviam o financiamento e a assistência técnica aos produtores rurais, oferecendo créditos e
subsídios. Houve um significativo aumento na produção, maior até que o aumento na área plantada. Isso
porque os cultivos tornaram-se mais produtivos.
No entanto, tal processo foi feito às custas de danos ao meio ambiente e de aumento de desemprego
no campo, já que muitos trabalhadores foram substituídos por máquinas. Observe o gráfico a seguir.
Fonte: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_03_11_14_07_48_boletim_graos_marco_2015.pdf.
No entanto, esse processo de modernização da agricultura não se deu de forma uniforma e igualitária
ao longo do território brasileiro. Além disso, gerou desemprego e concentração de renda, beneficiando
somente os grandes produtores.
A propriedade de terras é uma questão importante no Brasil desde o período colonial. Devido ao papel
da agricultura em nossa economia, é por meio da terra que historicamente se produziu e acumulou
riquezas no país. Até hoje, é da agricultura e da pecuária que vem grande parte de nosso Produto Interno
Bruto (PIB).
O primeiro mecanismo oficial de distribuição de terras no território brasileiro foi o sistema de doação
de sesmarias, enormes parcelas de terra que eram concedidas pela Coroa Portuguesa ou pelo
governador-geral, visando promover a colonização de terras e implantar o sistema de plantation na
colônia. As sesmarias vigoraram no Brasil até 1822, ano de sua independência.
Obviamente, essa concessão de terras abrangia apenas as pessoas nobres ou ricas – que possuíam
algum tipo de relação com a Coroa portuguesa e teriam condições de desenvolver economicamente suas
propriedades. Nesse caso, as doações de sesmarias correspondiam às áreas produtivas e já exploradas
no litoral ou próximas dessa região.
Ao receber uma sesmaria na Colônia e produzir em suas terras, o proprietário tinha o direito de posse
por toda avida, repassando-as para seus herdeiros depois da sua morte. Nesse contexto, a Colônia
assistia à formação de uma elite, composta por famílias que concentravam em suas mãos as maiores
terras e, consequentemente, a riqueza local oriunda da exportação do açúcar que produziam.
Apesar da necessidade de concessão por parte da Coroa ou do governador-geral para obtenção de
sesmarias, essa não era a única forma de se conseguir a posse de terras na Colônia. Devido à abundância
de áreas inexploradas no território e ao baixo número de habitantes europeus na Colônia, as terras do
interior não possuíam valor comercial. Outro aspecto referente à propriedade de terras nesse período diz
respeito à mão de obra disponível. Para produzir em grande escala, era necessário o uso intenso de
trabalhadores – os africanos escravizados. Os maiores proprietários rurais eram aqueles que possuíam
maior número de escravos. Por isso, na condição de mais ricos da colônia, os maiores proprietários de
terra eram aqueles que podiam comprar mais escravos.
As pessoas que penetravam no interior do território e se mostravam dispostas a enfrentar indígenas e
a desbravar as áreas virgens podiam ocupar um pedaço de terra, no qual podiam produzir a fim de
conseguir a sua posse. Mesmo assim, apesar de ter a posse não contestada da terra, esses colonos não
possuíam a propriedade legal, uma vez que ela só era obtida por meio de uma concessão oficial.
A partir daí, surgiu no Brasil a figura do posseiro – pessoa que ocupa uma área territorial para obter a
sua posse, mas sem ter a sua propriedade. Geralmente, os posseiros eram colonos que não possuíam
capital para comprar escravos e, por isso, tinham uma produção de pequena escala voltada para a
subsistência ou para o abastecimento do mercado interno. Dessa forma, no período colonial, coexistiam
grandes latifúndios de famílias ricas ligadas ao poder local e pequenas propriedades pertencentes aos
camponeses locais.
No dia 4 de setembro de 1850 foi assinada a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos
no Brasil. Apesar de não ter surtido efeito prático imediato, a Lei Eusébio de Queirós foi um marco no
processo de abolição da escravidão no país. Ao criar uma perspectiva de término desse tipo de relação
de trabalho, ela estimulou o surgimento do trabalho assalariado no território brasileiro.
Nesse contexto, a Lei de Terras foi assinada no mesmo mês. Mesmo com a independência do Brasil
e a formação do Estado brasileiro, em 1822, não houve nenhuma política de regulamentação das
propriedades rurais até a criação da Lei de Terras em 1850. Até então, deu-se continuidade ao processo
de obtenção de terras por meio da posse, sem a sua devida documentação.
Além de propor a regularização das propriedades não documentadas no país, a Lei de Terras buscou
criar uma política para regulamentar a apropriação das terras não exploradas. Com ela, estabeleceu-se
Os dados da tabela foram divulgados no ano de 2012 e dizem respeito à distribuição de terras no
Brasil. Nele estão indicados o número de propriedades rurais do país classificados de acordo com suas
dimensões e a área total que juntas ocupam. Repare que, na época, foram registradas 113.160
propriedades rurais com menos de 1 hectare, as menores do país. Essas propriedades juntas
correspondiam a 2,1% do total do país e ocupavam 0,01% das áreas rurais brasileiras.
Todas as propriedades com tamanho entre 1 e 100 hectares, somadas, correspondiam a 83,9% de
todos os imóveis rurais do país e ocupavam 17,14% do total de área. Em contrapartida, os dados
referentes às propriedades com mais de 1000 hectares, os grandes latifúndios (alguns chegam a superar
100.000 hectares), mostravam que elas correspondiam a apenas 1,5% do total de imóveis. Atualmente,
apenas 1,5% das terras no Brasil são fazendas que, juntas, ocupam mais da metade de toda a área rural
do país.
A má distribuição de terras foi responsável por uma série de problemas nas zonas rurais brasileiras. A
difusão do processo de grilagem resultou na expulsão forçada de diversos posseiros de suas terras.
Naturalmente, os posseiros não costumavam aceitar passivamente a expulsão das terras que ocupavam
há anos, ou mesmo há gerações. Os conflitos envolvendo a disputa por terras costumavam ser resolvidos
por meio da intimidação e, principalmente, da violência física.
A vida e a economia no campo brasileiro carregam uma série de contradições. Por um lado, a produção
agrícola para exportação apresenta um alto grau de desenvolvimento tecnológico e uso de mecanização.
Essa atividade também possui grande participação na economia brasileira, sendo responsável por boa
parte das exportações.
Porém, é nas zonas rurais que se encontram as regiões mais pobres do país, onde as condições de
trabalho são as piores. Da mesma forma, existem muitos pequenos produtores que não têm condições
financeiras de desfrutar do desenvolvimento tecnológico nas suas produções, contrastando com os
grandes produtores.
A proposta de reforma agrária implica uma distribuição mais justa das terras que, espera-se, resulte
em um número maior de pessoas empregadas no campo. Como consequência, haveria uma diminuição
significativa do êxodo rural. Mesmo assim, apesar do alto número de terras improdutivas no país, pouco
se fez pela reforma agrária ao longo da História brasileira. Obviamente, mesmo com os benefícios sociais
que seriam alcançados, as políticas de distribuição de terras prejudicariam os interesses econômicos de
diversos grupos.
Não se pode esquecer de que a exportação agrícola baseada no cultivo em latifúndios ainda é
responsável pela maior parte da economia brasileira. Por isso, alguns grupos defendem que a distribuição
de terras seria prejudicial ao país, pois diminuiria a arrecadação obtida por meio da economia
agroexportadora.
Outra questão polêmica envolvendo a reforma agrária diz respeito aos critérios de classificação do que
seriam terras improdutivas ou que produzem abaixo de sua capacidade. No caso da pecuária, por
exemplo, os defensores da reforma agrária argumentam que existem muitas terras subaproveitadas. De
fato, existe no Brasil um número alto de fazendas em que uma cabeça de gado ocupa, em média, uma
área maior do que um minifúndio ou uma pequena propriedade. Por outro lado, os proprietários alegam
que estão produzindo no local e, por isso, não deveriam perder sua terra.
Muitas vezes, cidade e campo são concebidos como lugares opostos. Assim, a cidade seria o espaço
do desenvolvimento, das tecnologias e da modernização, onde se encontram as infraestruturas mais
modernas e as condições de vida são melhores. Em contrapartida, o campo muitas vezes é idealizado
como um lugar pouco desenvolvido, onde as infraestruturas e as tecnologias são menos avançadas e as
condições de vida são piores.
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.
Questões
01. (SEDU/ES – Geografia – FCC/2016) Nas últimas décadas do século XX, o espaço social agrário
tornou-se mais complexo como consequência da modernização da agropecuária. Um dos grupos sociais
do campo brasileiro é descrito em:
(A) o camponês do Sul vivencia a expansão do binômio trigo-soja e se transfere para as regiões
Sudeste e Centro-Oeste, passando a se dedicar ao agronegócio canavieiro.
(B) os trabalhadores permanentes foram reduzidos e aumentaram os temporários nas médias e
grandes propriedades do Centro-Sul e zona da mata nordestina.
(C) os posseiros, em luta pela posse da terra na região central do país, tornam-se os pilares da
resistência contra a expansão do agrobusiness no Centro-Oeste.
(D) o camponês, descendente de imigrantes europeus, torna-se o colono tecnicamente mais moderno
que desenvolve as bases da agricultura familiar nas periferias urbanas.
(E) os trabalhadores sem-terra pressionam o Estado e são os beneficiários de programas de
colonização oficiais e particulares que são implantados na Amazônia Ocidental.
03. (MPE/GO – Secretário – MPE/GO/2017) A característica fundamental é que ele não é mais
somente um agricultor ou um pecuarista: ele combina atividades agropecuárias com outras atividades
não agrícolas dentro ou fora de seu estabelecimento, tanto nos ramos tradicionais urbano-industriais
como nas novas atividades que vêm se desenvolvendo no meio rural, como lazer, turismo, conservação
da natureza, moradia e prestação de serviços pessoais.
Essa nova forma de organização social do trabalho é denominada:
(A) Terceirização.
(B) Agroextrativismo coletivo.
(C) Grilhagem.
(D) Agronegócio.
(E) Cooperativismo.
Gabarito
01. Resposta: B.
As condições de vida do trabalhador rural são agravadas pelo desenvolvimento tecnológico no campo.
O uso cada vez maior de máquinas reduz a necessidade de contratação de muitos trabalhadores, o que
aumenta o desemprego no campo.
02. Resposta: A.
A industrialização do campo é um processo especifico no qual a indústria passou a comandar as
transformações na agricultura, e isso só foi possível ocorrer a partir da implantação da indústria para a
agricultura no país. Nestes termos, a produção agrícola passou a ser um elo de uma cadeia, processo
que resultou na formação dos Complexos Agroindustriais. (...)
A partir desse processo tem-se um estreitamento das relações intersetoriais, um reforço dos elos
técnicos e dos fluxos econômicos entre a agricultura e a indústria, resultando na subordinação da
agricultura à dinâmica industrial.
03. Resposta: D.
O agronegócio é um dos principais setores da economia brasileira, integrando práticas urbanas e
rurais. Esse importante campo da economia envolve uma inter-relação entre os três setores: o primário
(com a agropecuária), o secundário (com as indústrias de tecnologias e de transformação das matérias-
primas) e o terciário (com o transporte e comercialização dos produtos advindos do campo).
Diversos intelectuais buscam definir o que seria o povo brasileiro. Obviamente, essa tarefa não parece
ser uma das mais fáceis, levando em conta a diversidade étnica e cultural da nossa população, além do
processo histórico de povoamento das diversas regiões do país.
Se adotarmos como critério o tempo de ocupação, os indígenas foram os primeiros habitantes do que
hoje é o território brasileiro. Porém, os indígenas dividem-se em diversos grupos étnicos, logo é impossível
afirmar que eles representam uma única nação, pois não possuem os mesmos vínculos históricos e
culturais.
Atualmente representam a menor parcela da população do Brasil e vivem em áreas menores e
diferentes daquelas que ocupavam em 1500. Observe o mapa abaixo.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mapa-dos-Povos-Indigenas-na-Epoca-do-Descobrimento.jpg.
O território do Brasil atual era ocupado exclusivamente por povos indígenas até o início do Século XVI.
Mesmo após a chegada da primeira embarcação portuguesa na região no ano de 1500, comandada por
Pedro Álvares Cabral, a Coroa portuguesa não promoveu nenhuma política concreta de colonização do
local até 1530.
Estima-se que, no final do século XVI, a população branca na Colônia era de cerca de 30 mil
habitantes, concentrada no litoral, especialmente na região correspondente ao atual Nordeste brasileiro,
na época o centro econômico do país. Entre os imigrantes portugueses, estavam: nobres e pessoas ricas
ligadas à produção de açúcar ou à administração da Colônia; membros do clero; aventureiros; e pessoas
condenadas por crimes em Portugal.
Nesse mesmo século, parte da Colônia portuguesa foi ocupada por franceses que se estabeleceram
na região do Rio de Janeiro. Mais tarde, a França também ocupou a região do Maranhão, entre os anos
de 1594 e 1615 – enviando colonos para lá.
No período colonial, o número de mulheres brancas que imigravam para a Colônia não era muito
significativo – uma vez que as terras na América eram vistas como selvagens e perigosas pelos europeus.
Dessa forma, a Coroa portuguesa enviava garotas órfãs para se casarem com os brancos que aqui viviam.
O pequeno número de mulheres brancas solteiras na Colônia foi um dos motivos que levaram à
miscigenação dos colonos europeus com mulheres indígenas ou negras – que, por serem escravas,
muitas vezes eram forçadas a tal pelos homens brancos. Com isso, ao longo do período colonial, ocorreu
a formação de uma população mestiça na Colônia.
Durante o século XVII, deu-se continuidade ao processo de colonização portuguesa no Brasil, de modo
que a ocupação de territórios no continente avançou para as regiões do Pará e do Maranhão (onde
também ocorreu um intenso processo de miscigenação).
Porém, entre 1630 e 1654, a região de Pernambuco foi ocupada por holandeses e também por judeus,
que imigraram para lá por conta da liberdade religiosa que o governo local lhes propiciava (algo que na
época não costumava acontecer em territórios católicos).
Após a expulsão dos holandeses de Pernambuco, a Coroa portuguesa buscou retomar as políticas de
povoamento, de modo a proteger a Colônia de novas invasões estrangeiras. Estima-se que no final do
século XVI a população branca na Colônia era de cerca de 100 mil pessoas, o que representava cerca
de 30% da população local. O restante era composto por negros, indígenas e mestiços.
Porém, com a descoberta de ouro em Minas Gerais e também nas atuais regiões de Goiás e Mato
Grosso, houve um grande aumento do fluxo migratório de europeus ao longo do século XVIII. Esses
imigrantes mudaram-se para o território brasileiro e povoaram as regiões das minas em busca de metais
preciosos e enriquecimento. Nesse período verificou-se um aumento significativo da população da
Colônia. As estimativas da tabela a seguir indicam que a população local passou a ser de 3,2 milhões de
habitantes no final daquele século.
Com a independência brasileira em 1822, o recém-criado Estado brasileiro tinha como difícil tarefa
manter a sua unidade territorial, combatendo movimentos separatistas. Para isso, era de fundamental
importância a criação de um sentimento nacional – inexistente até então. Em outras palavras, era
necessário que os habitantes das diversas regiões do Brasil se sentissem pertencentes a uma mesma
nação, com os mesmos vínculos históricos e culturais.
Não devemos esquecer que, até a independência brasileira, o sentimento de ser brasileiro não existia.
O único vínculo histórico que os habitantes possuíam era a relação com a Coroa portuguesa. Além disso,
em cada região do território, o processo de povoamento, miscigenação e desenvolvimento econômico e
cultural ocorreu de modo diferente. Ao longo do século XIX, portanto, a preocupação era promover a
construção da identidade brasileira e do entendimento sobre quem era o povo com o qual contávamos
para construir o país.
Até 1888, a sociedade brasileira esteve estruturada com base em relações escravocratas, nas quais
os negros eram considerados socialmente inferiores. Dessa forma, o fato de a população brasileira ser,
em sua maioria, afrodescendentes representava um incômodo para a elite local: branca e culturalmente
vinculada com a Europa.
Assim como em outros países vizinhos, o debate sobre a construção da identidade nacional no Brasil
envolveu um embate ideológico: valorizar a cultura dos povos originários ou adotar como referência a
cultura europeia. No caso brasileiro, devido aos vínculos culturais da elite local, o modelo cultural europeu
foi adotado como ideal de civilização. Com isso, no século XIX, o Estado brasileiro passou a promover
gradualmente a imigração de colonos europeus, visando “embranquecer” a sua população.
Um dos primeiros fluxos migratórios foi o de colonos alemães para o Sul do país, nos estados do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em seguida, deu-se início a um intenso processo de imigração
de italianos nessas regiões e, principalmente, no estado de São Paulo.
Devido ao seu grande desenvolvimento econômico a partir da segunda metade do século XIX, São
Paulo passou a receber a maior parte do fluxo de imigrantes estrangeiros nesse período.
Em um primeiro momento, a região recebeu um intenso fluxo de italianos, que foram trabalhar nas
plantações de café no interior do estado. Posteriormente, os imigrantes italianos passaram a se dirigir
para as zonas urbanas em busca de emprego. O principal destino foi a cidade de São Paulo que, devido
ao seu crescimento econômico, possuía maior oferta de trabalho.
A partir do final do século XIX e no início do século XX, São Paulo recebeu diversos fluxos de
imigrantes europeus (entre eles espanhóis, portugueses e judeus), como também de sírios, libaneses e
japoneses. Mais tarde, ocorreria a migração de nordestinos para a região. Essa população tinha como
objetivo trabalhar em diversas atividades econômicas, como agricultura, comércio, indústria e construção
civil.
Atualmente, a população estimada do Brasil é de um pouco mais de 200 milhões de habitantes, número
que o classifica como o quinto país mais populoso do mundo.
Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes
ao ano de 2014, 51,3% da população brasileira à época, era feminina. Já os homens representavam
48,7% do total de habitantes.
Em relação à distribuição dos habitantes no território brasileiro, pode-se dizer que é um reflexo do
processo histórico de povoamento durante o período colonial, uma vez que há maior concentração nas
regiões onde historicamente houve maior desenvolvimento econômico. O mapa a seguir retrata esse
fenômeno.
Fonte: http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias.html?view=noticia&id=1&idnoticia=2501&busca=1&t=ibge-lanca-mapa-densidade-demografica-2010.
Como é possível notar, a maior parte dos habitantes ainda se concentra nas áreas próximas ao litoral,
principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde se localizam os maiores centros urbanos. O interior do
país, que envolve grande parte da região Centro-Oeste e, sobretudo, Norte, continua sendo menos
povoado.
Segundo o mapa, é possível verificar que as capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Bahia
e Fortaleza, são áreas de grande concentração populacional. Desde a década de 1960, a maior parte da
população brasileira vive em zonas urbanas.
Dados de 2014 divulgados pelo IBGE indicam que cerca de 85,43% dos habitantes à época, moravam
em zonas urbanas – principalmente nas capitais de estados. Os 14,7% restantes estavam distribuídos
nas zonas rurais. As cidades são as regiões mais povoadas devido à sua maior oferta de emprego.
O crescimento da população brasileira também está vinculado aos variados fluxos migratórios
ocorridos em direção ao território brasileiro – os quais resultaram em diferentes tipos de migração.
Entre o final do século XIX e o início do XX, a região Sudeste do país, sobretudo a cidade de São
Paulo, foi a que recebeu o maior número de imigrantes. Esse fenômeno ocorreu graças ao
desenvolvimento econômico local, que possibilitou a criação de mais ofertas de trabalho. As cidades de
São Paulo e do Rio de Janeiro receberiam, mais tarde, uma grande leva de nordestinos, igualmente
atraídos pelo mercado de trabalho da região.
Devido ao seu processo histórico de povoamento da região e à miscigenação, a população brasileira
possui uma grande diversidade étnica e cultural.
Segundo os dados do IBGE apresentados na tabela anterior, a maioria da população brasileira declara
ser ou ter origem predominantemente branca; logo em seguida, há aqueles que afirmam ser pardos, ou
seja, frutos de qualquer mistura envolvendo brancos, indígenas ou negros. Em contrapartida, apenas
8,1% dos entrevistados consideram-se negros, e 0,8%, amarelos (de origem asiática) ou indígenas.
Apostila gerada especialmente para: rayssa oliveira silva 017.822.702-13
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Em relação à distribuição populacional, pode-se dizer que o perfil étnico-cultural dos habitantes varia
consideravelmente de região para região no país. Essas diferenças estão diretamente relacionadas com
os processos de imigração e miscigenação que ocorreram nas diferentes regiões brasileiras a partir do
século XVI.
Na região Sul, por exemplo, a maior parte da população (76,8%) afirma ser de cor branca, o que se
deve em grande parte à imigração europeia na região: portugueses e espanhóis, durante o período
colonial; e alemães e italianos, no século XIX. Devido aos intensos fluxos migratórios que recebeu ao
longo da história, a região Sudeste é a que apresenta maior diversidade em termos raciais. Desde o
século XVIII, com a descoberta do ouro em Minas Gerais, e sobretudo no século XX, o Sudeste recebeu
tantos estrangeiros (europeus e asiáticos) como brasileiros de outras regiões (principalmente
nordestinos).
As regiões Norte e Nordeste são as que apresentam as maiores taxas da população parda (70,2% e
62,5%, respectivamente). No caso do Nordeste, a população parda se destaca. No Norte, a maior parte
da miscigenação ocorreu entre brancos e indígenas, devido às características históricas do povoamento
na região.
O número de indígenas no Brasil é maior nas regiões Norte e Centro-Oeste. Nesta última, a população
é predominantemente branca, parda também em função da miscigenação entre brancos e indígenas, e,
em menor escala, indígena.
A dinâmica demográfica do Brasil torna-se mais compreensível a partir da análise de dois processos
que a compõem:
* Crescimento vertical, mais conhecido como crescimento vegetativo;
* Crescimento horizontal, resultante dos fluxos migratórios internacionais.
O comportamento das populações muda ao longo do tempo, bem como o ritmo de sua dinâmica. Por
isso, o estudo da população sempre acompanha as mudanças históricas.
Geralmente, toma-se como ponto de partida o período posterior à Segunda Guerra Mundial, quando
profundas transformações socioeconômicas afetaram o Brasil, provocando grandes variações na
dinâmica demográfica.
O Crescimento vegetativo de um país é o índice que resulta da diferença entre a taxa de natalidade
e a de mortalidade observadas num determinado período. Pode ser, portanto, positivo ou negativo.
No Brasil, o déficit da previdência aumenta a cada ano, pois, se por um lado há um aumento da
expectativa de vida da população, por outro, há uma grande quantidade de trabalhadores que não são
contribuintes do sistema previdenciário – em 2001, os não – contribuintes perfaziam 50% da população
ocupada em alguma atividade econômica.
Mas a mudança na dinâmica demográfica, por si só, não explica os problemas da previdência social.
O sistema permite alguns milhares de aposentadorias extremamente elevadas ao lado de milhões de
aposentadorias miseráveis.
Além disso, a previdência foi fraudada durante décadas e não são raros os casos de quadrilhas
formadas no Brasil para roubar o sistema previdenciário.
Referências Bibliográficas:
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.
Questões
01. (Colégio Pedro II – Segmento do Ensino Fundamental – Colégio Pedro II/2016) A pirâmide
etária representa a estrutura de uma população por gênero e por idade. Observe as pirâmides etárias do
Estado do Rio de Janeiro em dois momentos distintos.
03. (IBGE – Recenseador – CESGRANRIO) Com relação à expectativa de vida dos brasileiros, os
recenseamentos do IBGE comprovam que, nos últimos anos, verificou-se
(A) retrocesso significativo.
(B) estagnação relativa.
(C) desaceleração abrupta.
(D) aumento progressivo.
05. (IF/SE – Analista – IF/SE) O Brasil já ultrapassou a etapa de elevado crescimento vegetativo e,
sob o impacto da urbanização, apresenta redução contínua das taxas de natalidade. Essa dinâmica da
sociedade brasileira tem repercussões na estrutura etária e exerce influência sobre as políticas públicas.
A partir da reflexão sobre o texto e de seus conhecimentos sobre a sociedade brasileira, aponte a
afirmativa correta:
(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira um gradual aumento das taxas de natalidade.
(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no
setor secundário da economia.
(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades diminuíram em face das medidas
governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.
(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há uma redução expressiva do
número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.
(E) Umas das razões da mobilidade populacional brasileira está na diferença de desenvolvimento
econômico existente entre as várias regiões do país.
Com auxílio dos dados apresentados no gráfico, que mostra a pirâmide etária brasileira no ano de
2000 e a sua projeção para 2020, julgue o seguinte item.
07. (ANTT – Especialista em Regulação – CESPE) Julgue o seguinte item, relativo ao perfil da
população brasileira, incluindo suas desigualdades.
Gabarito
02. Resposta: A.
O Brasil alcançou com antecedência mais dois Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)
fixados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2015: reduzir pela metade a população sem
acesso a saneamento e em dois terços a mortalidade até cinco anos de idade.
Segundo o relatório nacional, conseguiu atingir a meta em 2011, reduzindo os óbitos de 53,7 para 17,7
em mil.
03. Resposta: D.
A esperança de vida dos brasileiros aumentou, isso segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). Vários foram os fatores que propiciaram essa ascensão, dentre muitos, o crescimento
econômico do país, acesso à água tratada e esgoto, aumento do consumo, entre outros.
04. Resposta: B.
A partir daquela década, as taxas de crescimento começaram a declinar até atingir 1,6%, conforme
resultados do Censo de 2000 – e continuam em queda.
Esse declínio, deve-se à maior inserção da mulher no mercado de trabalho, à disseminação do uso de
pílulas anticoncepcionais, ao aumento do número de abortos provocados e à esterilização de mulheres,
entre outros fatores, relacionados ao rápido processo de urbanização que caracterizou o Brasil na
segunda metade do século passado.
05. Resposta: E.
(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira uma gradual diminuição das taxas de natalidade.
(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no
setor terciário da economia.
(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades aumentaram em face das medidas
governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.
(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há um aumento expressivo do
número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.
Movimentos Migratórios
Movimentos migratórios referem-se aos diversos tipos de migração, a qual, por sua vez, é entendida
como os deslocamentos de determinada população de um lugar para outro. Portanto, qualquer migração
possui dois movimentos: o de saída de um lugar e o de entrada em outro.
As migrações são muito variadas. Podem ocorrer dentro do mesmo território ou de um país para outro.
Quando são realizadas dentro do mesmo país, são chamadas de migrações internas. Quando ocorrem
de um país para outro, são chamadas de migrações externas. Observe a imagem a seguir:
As migrações podem acontecer de forma forçada ou espontânea. A migração forçada é aquela em que
a pessoa não migra por vontade própria, como foi o caso dos africanos que vieram para cá escravizados
durante o período colonial. A ocorrência de fenômenos naturais, como grandes terremotos, tsunamis,
explosões vulcânicas ou inundações, por exemplo, também pode provocar a migração forçada. Grandes
guerras e perseguições políticas ou religiosas também são motivos que levam as pessoas a saírem de
seu lugar de origem.
A migração espontânea ocorre quando as pessoas migram por vontade própria. Ou seja, decidem
deslocar-se de um lugar a outro em busca de melhores condições de vida.
No entanto, devemos perceber que essa migração espontânea está baseada em um movimento de
expulsão e atração. Ou seja, de alguma maneira, as pessoas sentem-se repelidas por um lugar e atraídas
por outro.
As condições econômicas e sociais de um país podem fazer que uma pessoa decida buscar melhores
condições de vida em outro. A falta de emprego, a escassez de terras para os agricultores, a precarização
das condições de trabalho, a mecanização da produção e outros processos similares são fatores que
muitas vezes dificultam a vida do trabalhador, levando-o a se mudar.
A migração temporária é o deslocamento populacional que ocorre por determinado período. Por
exemplo, no caso da construção de uma grande obra de engenharia, milhares de pessoas são atraídas
para um lugar onde antes não havia oportunidades de emprego. Quando a construção terminar, essas
pessoas retornarão ao seu lugar de origem ou irão procurar emprego em outros lugares.
Outro exemplo de migração temporária é a que acontece em determinados períodos do ano, como na
época da colheita de certos produtos agrícolas, que atrai pessoas de diferentes regiões para trabalhar
durante esse período.
Imigração no Brasil
Com o processo de colonização, iniciou-se um período de atração de diferentes povos para as novas
terras. Uma boa parte da atual população brasileira é formada por imigrantes e seus descendentes.
Os primeiros a chegar aqui foram os portugueses, seguidos pelos africanos trazidos na condição de
escravos. Séculos depois, com o fim da escravidão, muitos outros imigrantes vindos da Europa e da Ásia
estabeleceram-se no Brasil, principalmente a partir de meados do século XIX, para substituir a mão de
obra escrava.
Estudaremos a seguir alguns dos povos que vieram para o Brasil em períodos específicos. São
milhares de pessoas que saíram de seus países de origem e vieram para cá, influenciando a cultura e os
hábitos do povo brasileiro.
Além deles, muitos outros povos vieram para o Brasil, como os libaneses, os poloneses e os russos,
porém em quantidades menores e durante períodos mais curtos.
Portugueses
Os portugueses foram os colonizadores das terras que vieram a se tornar o Brasil. Sua entrada foi
constante e contínua durante todo o período colonial. A migração dos portugueses trouxe sérios impactos
para os povos indígenas que já habitavam aqui. Eles foram perseguidos, mortos e escravizados. Houve
também uma intensa imigração portuguesa para o Brasil entre os anos de 1881 e 1967.
Africanos
Entre os séculos XVI e XIX, de 2 a 4 milhões de africanos foram forçados a vir para o Brasil na condição
de escravos. Eles pertenciam a diferentes povos, principalmente da região da África Central, cada um
com costumes, língua e fisionomia diferentes. Contudo, as culturas desses povos não só influenciaram
um a outro, mas também todos os demais que viviam na Colônia, como os próprios portugueses e até os
indígenas.
Todas essas pessoas que vieram para cá sofreram com as duras condições de vida, trabalhando em
situações precárias - isso para dizer o mínimo - e privadas de sua liberdade. Desenvolveram diferentes
tipos de trabalho, ligados principalmente à agricultura.
Alemães
Italianos
Os imigrantes italianos chegaram ao Brasil após os alemães. Assim como eles, vieram em busca de
promessas de uma vida melhor, Fugindo das duras situações em que viviam na Europa. Dirigiram-se
principalmente para os estados de São Paulo - a fim de trabalhar nas lavouras de café e, posteriormente,
nas indústrias paulistas - e do Rio Grande do Sul, onde também formaram colônias. Observe a imagem
a seguir.
Japoneses
A imigração maciça de japoneses teve início no século XX. Em 1908, aportou em Santos o primeiro
navio de imigrantes japoneses, chamado Kasato Maru. A grande maioria deles estabeleceu-se no estado
de São Paulo, trabalhando nas lavouras de café e, posteriormente, no cultivo de hortaliças e frutas.
Observe a imagem a seguir.
Imagem do Kasato Maru, navio que trouxe os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil. Santos, 1908
Migração Interna
No Brasil, há uma grande mobilidade da população de região para região. Isso significa que existem
milhares de pessoas que não moram no lugar em que nasceram. De acordo com dados do Censo de
2010, a cada 100 brasileiros, 37 não nasceram no município onde estão estabelecidos atualmente.
Êxodo rural
O processo de urbanização no Brasil teve início no século XX, a partir do processo de industrialização,
que atraiu milhares de pessoas da área rural em direção à urbana. Esse deslocamento do campo para a
cidade é chamado de êxodo rural. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas
urbanas. Observe o gráfico a seguir, que mostra a taxa de urbanização brasileira entre 1940 e 2010.
Apostila gerada especialmente para: rayssa oliveira silva 017.822.702-13
. 50
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E Estatística, [s.d.] apud GOBBI,
Leonardo Delfim. Urbanização brasileira. Globo. com, [s.d.]. Educação. Geografia.
No gráfico acima, podemos observar progressivamente, os anos 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991,
2000, 2010. A parte cinza representa a população urbana, e a parte verde, a população rural.
O êxodo rural está ligado a um movimento tanto de expulsão dessa população do campo quanto de
atração pela cidade. As condições de vida para a população rural tornaram-se cada vez mais difíceis, já
que muitos trabalhadores perderam seus empregos e suas terras com a modernização da agricultura - a
mão de obra de muitos trabalhadores do campo foi substituída por máquinas e tratores sofisticados.
Por outro lado, as cidades surgem como uma grande oportunidade de melhoria de vida, ainda que
muitas vezes isso não aconteça na prática. Na maioria dos casos, esses migrantes são obrigados a
enfrentar situações muito precárias.
A migração inter-regional, ou seja, entre as diferentes regiões do Brasil, começou a ser estudada com
mais precisão a partir do estabelecimento da regionalização brasileira, em meados da década de 1930.
A grande disparidade entre as regiões estimulou a continuidade de um fluxo regular de migrantes em
diferentes períodos do século XX.
Décadas de 1930-1940
Décadas de 1950-1970
Nesse período foram realizadas grandes obras de integração regional, como a construção da nova
capital do país, Brasília, inaugurada em 1960 no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-
1961), e da Rodovia Transamazônica no início da década de 1970 durante o período militar, sob o governo
do general e presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). A construção de Brasília atraiu migrantes
de todas as partes do Brasil para a região Centro-Oeste. A rodovia, por sua vez, estabeleceu um fluxo de
trabalhadores do Nordeste para o Norte que se dirigiram principalmente às áreas de extração do látex
para a fabricação de borracha nos chamados seringais.
Décadas de 1970-1990
O fluxo entre Nordeste e Sudeste se manteve. Além disso, muitos migrantes do Sul dirigiram-se para
outras áreas da região Norte, como o Acre, e também para o Centro-Oeste, graças ao auxílio do governo,
que estimulava esse Fluxo por meio do oferecimento de facilidades, como pequenos lotes de terra. Na
década de 1990 intensificaram-se os fluxos no interior do país e inicia-se uma corrente de migração do
Sudeste para o Nordeste.
Observe abaixo os mapas que demonstram os principais fluxos migratórios entre os períodos de 1950
a 1990.
A migração atual
Nos últimos anos, houve uma profunda mudança no padrão das migrações internas brasileiras. As
regiões ainda apresentam muita disparidade entre si. No entanto, a saída de migrantes da região Nordeste
em direção ao Sudeste diminuiu significativamente.
Isso se deve principalmente à redução das ofertas de emprego nas indústrias e no setor de serviços
no Sudeste e também à recente industrialização do Nordeste. Além disso, muitos migrantes estão votando
para as suas regiões de origem, em um movimento conhecido como migração de retorno.
Entre os grupos de imigrantes que se dirigem atualmente ao Brasil, podemos destacar os haitianos e
os bolivianos. O Haiti sofre historicamente com a pobreza e a miséria.
Em 2010, um terremoto dizimou o país, o que afetou a vida de milhões de habitantes e deixou milhares
de mortos. Isso contribuiu para a decisão de vários cidadãos de buscar no Brasil trabalho e melhores
condições de vida. A maioria dos haitianos entra no Brasil pelo estado do Acre, de onde se dirige para as
demais regiões do país.
O bolivianos, por sua vez, também migram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e
ofertas de emprego. Como a Bolívia faz fronteira com o nosso país, o caminho mais comum é entrar pela
cidade de Assis Brasil, também localizada no Acre.
É importante destacar que esses imigrantes muitas vezes entram de foram ilegal no Brasil. Com isso,
acabam tendo maiores dificuldade para arranjar emprego e bons salários, sendo obrigados, muitas vezes,
a trabalhar em troca de salários muito baixos ou até em condições mais precárias, semelhantes à
escravidão.
Referências Bibliográficas:
FURQUIM JUNIOR, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.
Questões
01. (DER/CE – Geografia – UECE/CEV/2016) Sobre as migrações internas no Brasil, é correto afirmar
que
(A) houve um fluxo de nordestinos para o Sudeste, atraídos pela expansão industrial, e para a
Amazônia, atraídos pelos projetos agropecuários, minerais e industriais.
(B) o maior fluxo migratório interno se deu dos estados da região Norte para a região Sul do Brasil,
devido à expansão da soja e da cana-de-açúcar.
(C) os movimentos migratórios internos ocorreram numa escala muito pequena e de forma isolada nas
regiões metropolitanas das grandes metrópoles do Sudeste.
(D) ocorreram apenas nas décadas de 1940 e 1950 do Nordeste para o Sudeste por causa das secas
que castigavam a região.
Considerando-se que, no Brasil, a quase totalidade dos movimentos migratórios ocorridos em sua
história estiveram relacionados com condições socioeconômicas, a região brasileira que tem sido lugar
de partida de grandes movimentos migratórios é
(A) o Centro-Oeste.
(B) o Nordeste.
(C) o Norte.
(D) o Sul.
A regionalização pode ser entendida como a divisão de um território em áreas que apresentam
características semelhantes, de acordo com um critério preestabelecido pelo grupo de pessoas
responsáveis por tal definição: aspectos naturais, econômicos, políticos e culturais, entre tantos outros.
O Brasil é um país muito extenso e variado. Cada lugar apresenta suas particularidades e existem
muitos contrastes sociais, naturais e econômicos.
Como cada região diferencia-se das demais com base em suas características próprias, a escolha do
critério de regionalização é muito importante.
Um dos critérios utilizados para regionalizar o espaço pode ser relacionado a aspectos naturais, como
clima, relevo, hidrografia, vegetação, etc.
A regionalização também pode ser feita com base em aspectos sociais, econômicos ou culturais. Cada
um apresenta uma série de possibilidades: regiões demográficas, uso do solo e regiões industrializadas,
entre outras.
As regiões geoeconômicas
Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/normal_brasilgeoeconomico.jpg.
A região Centro-Sul é marcada pela concentração industrial e urbana. Além disso, apresenta elevada
concentração populacional e a maior quantidade e diversidade de atividades econômicas.
Fonte: http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Rita/flg386/2s2016/Regionalizacoes_do_Brasil.pdf.
Outro geógrafo, chamado Roberto Lobato Corrêa, também fez uma proposta de regionalização que
dividia o território em três: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste.
No entanto, em sua proposta ele respeitava os limites territoriais dos estados, diferentemente da
proposta das regiões geoeconômicas que acabamos de observar acima.
Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1551&evento=5.
Os estudos da Divisão Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) tiveram início
em 1941. O objetivo principal deste trabalho foi o de sistematizar as várias divisões regionais que vinham
sendo propostas, de forma que fosse organizada uma única divisão regional do Brasil para a divulgação
das estatísticas brasileiras.
A proposta de regionalização de 1940 apresentava o território dividido em cinco grandes regiões:
Norte, Nordeste, Este (Leste), Sul e Centro. Essa divisão era baseada em critérios tanto físicos como
socioeconômicos.
Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1557&evento=5.
O IBGE surgiu em 1934 com a função de auxiliar o planejamento territorial e a integração nacional do
país. Consequentemente, a proposta de regionalização criada pelo IBGE baseava-se na assistência à
elaboração de políticas públicas e na tomada de decisões no que se refere ao planejamento territorial,
por meio do estudo das estruturas espaciais presentes no território brasileiro. Observe a regionalização
do IBGE de 1940 no mapa acima.
Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1558&evento=5.
Na década de 1950, uma nova regionalização foi proposta, a qual levava em consideração as
mudanças no território brasileiro durante aqueles anos.
Foram criados os territórios federais de Fernando de Noronha, Amapá, Rio Branco, Guaporé, Ponta
Porã e Iguaçu – esses dois últimos posteriormente extintos.
Note também que a denominação das regiões foi alterada e que alguns estados, como Minas Gerais,
mudaram de região.
Regionalização do Brasil → década de 1960
Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1560&evento=5.
Na década de 1960, houve a inauguração da nova capital federal, Brasília. Além disso, o Território de
Guaporé passou a se chamar Território de Rondônia e foi criado o estado da Guanabara. Observe o mapa
a seguir.
Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1561&evento=5.
Na década de 1970, o Brasil ganha o desenho regional atual. É criada a região Sudeste, que abriga
os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
O Acre é elevado à categoria de estado e o Território Federal do Rio Branco recebe o nome de
Território Federal de Roraima.
A regionalização da década de 1980 mantém os mesmos limites regionais. No entanto, ocorre a fusão
dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro e a criação do estado do Mato Grosso do Sul.
A mudança nas regionalizações ao longo dos anos é fruto do processo de transformação espacial
como resultado das ações do ser humano na natureza.
Assim, reflete a organização da produção em função do desenvolvimento industrial.
Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1562&evento=5.
Fonte: http://alunosonline.uol.com.br/geografia/regionalizacao-brasil.html.
É importante refletir sobre a regionalização atual proposta pelo IBGE, já que ela não apresenta uma
solução definitiva para a compreensão dos fenômenos do território brasileiro.
A produção do espaço é um processo complexo, resultado da interação de diferentes fatores e não
pode ser encaixada dentro de uma categoria única e específica.
A atual divisão regional obedece aos limites dos estados brasileiros, mas não necessariamente aos
limites naturais e humanos das paisagens, os quais, muitas vezes, não são tão evidentes.
É o caso, por exemplo, do Maranhão. Grande parte de seu território apresenta características naturais
comuns à região Norte, principalmente devido à presença da Floresta Amazônica. Além disso, o estado
apresenta fortes marcas culturais que também remetem ao Norte, como a tradicional festa do Boi-Bumbá.
No entanto, segundo a regionalização oficial, o Maranhão faz parte da região Nordeste.
Região e Planejamento
A divisão do território brasileiro em regiões definidas pelo IBGE teve como objetivo facilitar a
implantação de políticas públicas que estimulassem o desenvolvimento de cada região.
Um dos aspectos marcantes do espaço geográfico brasileiro é a disparidade regional. Isso significa
que as diferentes regiões possuem níveis distintos de desenvolvimento. Uma das principais causas dessa
disparidade é a concentração da industrialização no Centro-Sul do país.
Para promover o desenvolvimento de regiões consideradas socioeconomicamente estagnadas, o
governo brasileiro empreendeu um programa federal baseado na criação de instituições locais fincadas
nesse objetivo, como é o caso da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da
Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
É o que veremos abaixo.
No século XX, a concentração espacial das indústrias na região Sudeste impactou de maneira negativa
as estruturas produtivas de outras regiões brasileiras.
Para promover a desconcentração da economia, foram criadas políticas de integração e de
desenvolvimento regional.
Por meio das políticas de desenvolvimento regional, propunha-se a implantação de infraestruturas nas
regiões menos desenvolvidas, com a finalidade de atrair investimentos e aumentar a oferta de empregos.
Para a valorização da economia regional da Amazônia e sua conexão aos centros mais dinâmicos do
território brasileiro, o governo federal priorizou a construção de estradas e a implantação de projetos
industriais (zona franca), minerais e de colonização.
• A integração nacional
A política de planejamento regional voltada para a Amazônia ganhou novos contornos após o golpe
de 1960, quando os destinos do país passaram a ser comandados pela ditadura militar. Em 1966, a
A indústria na Amazônia
A Amazônia Legal
Fonte: https://n.i.uol.com.br/licaodecasa/ensfundamental/geografia/mapa_amazonia_legal.gif.
Na visão dos militares, a Amazônia era um imenso vazio demográfico que precisava ser conquistado
e explorado, de forma a transformar seu enorme potencial natural em riquezas que iriam financiar o
desenvolvimento do país. Para isso, eles propunham integrar a Amazônia implantando grandes projetos
minerais, industriais e agropecuários.
A população local, em grande parte concentrada nas margens dos rios e dos igarapés e vivendo do
cultivo de pequenos lotes de terra, foi praticamente desconsiderada nos novos planos do governo para a
região.
A Sudam foi criada para ser uma espécie de intermediária entre o governo e os empresários no
processo de valorização econômica da Amazônia. Além disso, o órgão também deveria formular projetos
de atração de migrantes, para promover o povoamento e consolidar um mercado de trabalho regional.
Muitos desses migrantes, a maior parte de origem nordestina, acabaram por se fixar nas periferias das
cidades amazônicas, que conheceram um crescimento explosivo a partir da década de 1870.
A Transamazônica, rodovia que corta a região no sentido latitudinal, foi planejada para ligar o
Amazonas à Paraíba e viabilizar o assentamento dos migrantes recém-chegados e representar uma rota
para os novos investimentos - ou, nas palavras do próprio governo, “a pista da mina de ouro”.
Nessas condições, os dois mais importantes eixos de penetração para a Amazônia passaram a ser as
rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre. Em suas margens, foi implantada a maior parte dos projetos
minerais e agropecuários incentivados pela Sudam. Não por acaso, esses eixos apresentam a maior taxa
de desmatamento e de degradação ambiental. Além disso, também são palcos de violentos conflitos, já
que posseiros, fazendeiros e madeireiros disputam a posse da terra valorizada pela presença das
estradas.
O eixo da Belém-Brasília se estende até a Serra dos Carajás, onde se encontra a maior reserva de
minério de ferro do mundo. O ferro de Carajás, em exploração desde a década de 1970 pela Companhia
Vale do Rio Doce (privatizada em 1997), é escoado pela Estrada de Ferro Carajás, até o Complexo
Portuário de São Luís, no Maranhão. Nas margens da rodovia e da ferrovia, a floresta equatorial já foi
quase toda derrubada. Em seu lugar, surgiram núcleos urbanos e os mais diversos empreendimentos.
No outro extremo da Amazônia, o principal eixo de ocupação foi a Rodovia Brasília-Acre. O estado de
Rondônia, atravessado por esse eixo, foi alvo de um grande projeto de colonização e recebeu milhares
de migrantes, vindos especialmente das regiões Nordeste e Sul. Atualmente, Rondônia figura entre os
estados mais devastados da região.
A herança da Sudam permanece na realidade amazônica: está presente tanto na destruição do modo
de vida tradicional das populações ribeirinhas e indígenas quanto na grande mancha de devastação
ambiental produzida pelos empreendimentos aprovados pelo órgão. Definitivamente, esse modo
predatório de ocupação está em descompasso com os parâmetros atuais de valorização do patrimônio
ambiental amazônico, sobretudo no que se refere à enorme biodiversidade da formação florestal e à
presença de imensos reservatórios de água doce.
• As sub-regiões nordestinas
O Nordeste pode ser dividido em quatro sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-
Norte. Cada uma delas apresenta características naturais e econômicas particulares.
http://4.bp.blogspot.com/-a-BvOFZXprs/T8gu5KVAYAI/AAAAAAAAABM/WlZjI0_lOic/s1600/Meio+norte.jpg
A Zona da Mata, quente e úmida, foi transformada pela implantação de grandes propriedades
produtoras de cana-de-açúcar, ainda nos primeiros tempos de colonização. Os senhores de engenho,
também conhecidos como barões do açúcar, continuaram a dominar a economia e a política após a
independência. Em meados do século XIX, a economia açucareira entrou em crise, devido à concorrência
exercida pelo açúcar produzido nas Antilhas. Mais tarde, a produção de açúcar com técnicas mais
modernas na Região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, deu continuidade ao longo período
O Agreste, situado entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semiárido, é tradicionalmente ocupado por
pequenas propriedades, dedicadas ao cultivo de subsistência e ao abastecimento alimentar dos
engenhos e cidades da Zona da Mata. Nessa sub-região, o padrão técnico rudimentar que caracteriza a
maior parte dos estabelecimentos agrícolas resulta em baixa produtividade e em expressiva pobreza rural;
O Sertão, dominado pelo clima semiárido, conheceu um primeiro movimento de valorização ainda
durante a colonização, quando se transformou em espaço da pecuária extensiva, produzindo carne para
os mercados da Zona da Mata. Depois, grandes latifúndios, de propriedade dos coronéis do sertão (nome
pelo qual ficaram conhecidos os proprietários das grandes fazendas sertanejas), passaram a dominar a
paisagem. Em meados do século XIX, o cultivo de algodão tornou-se uma atividade econômica de
importância significativa no Sertão, em grande parte devido à crise na produção algodoeira dos Estados
Unidos decorrente da Guerra de Secessão. Durante muito tempo, o gado e o algodão iriam dividir o
espaço sertanejo;
O Meio-Norte, situado na transição entre o Sertão semiárido e a Amazônia equatorial, foi durante a
maior parte de sua história uma sub-região praticamente marginal no contexto da economia nordestina.
A pecuária extensiva, prolongamento da criação de gado sertaneja, e o extrativismo, em especial das
palmeiras babaçu e carnaúba, eram as atividades de maior destaque no Meio-Norte.
Em momentos históricos diferentes, duas sub-regiões nordestinas - Sertão e Zona da Mata - já haviam
sido objeto de programas governamentais de ajuda e de incentivo econômico muito antes da existência
da Sudene. Em ambos os casos, porém, as elites sub-regionais foram as principais beneficiadas.
No caso do Sertão, desde o período imperial existiram políticas de combate à seca e, principalmente,
aos seus efeitos. Em 1881, após um período de estiagem que causou a morte de milhares de pessoas e
de uma parcela considerável do gado, o imperador mandou construir um grande açude em Quixadá, no
Ceará, visando reservar água e evitar futuras catástrofes.
Nos primeiros decênios da República, essas políticas cresceram e tornaram-se institucionais. Em
1909, foi criada uma Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs), com o objetivo de espalhar
açudes em todo o Sertão, além de construir estradas para facilitar o escoamento e a comercialização dos
produtos sertanejos.
Em 1945, a Ifocs passou a se chamar Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs),
mas sua linha de atuação continuou a mesma. Entretanto, além dos açudes, das barragens e das
estradas, o Dnocs passou a organizar também frentes de trabalho. Quando ocorriam as secas, a
população carente era recrutada para trabalhar nas obras federais, e, assim, ganhava um meio de
sobrevivência, mesmo que muito precário.
Na maior parte dos casos, os açudes e as estradas construídos pelos sertanejos pobres acabavam
por tornar ainda mais valiosas as terras dos coronéis, nas quais (ou nas proximidades delas) as obras
eram realizadas. Além disso, os coronéis não precisavam se preocupar com a sobrevivência de seus
trabalhadores durante a estiagem, já que o Estado cuidava disso. Quando as chuvas voltavam, era só
aproveitar as melhorias de suas terras e recrutar de volta os trabalhadores. Desse modo, o governo
ajudava a enriquecer os que já eram ricos e mantinha os pobres - a maioria da população - no limite da
sobrevivência.
Os “barões do açúcar” da Zona da Mata também receberam auxílio do governo, ainda que de forma
indireta. Na década de 1930, a agricultura canavieira paulista começou a se modernizar, ampliando sua
base técnica, e passou a ameaçar a economia açucareira nordestina.
Nesse contexto, o governo criou o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), com o objetivo de
estabelecer cotas de produção de açúcar entre os estados brasileiros e garantir um preço mínimo para o
produto. Assim, o IAA reservava uma parcela do mercado açucareiro aos produtores da Zona da Mata
nordestina, além de garantir preços compatíveis com seus custos de produção relativamente elevados.
Durante longos decênios, o IAA ajudou a garantir a presença do açúcar nordestino no mercado
brasileiro, fornecendo-lhe condições de sobrevivência. Em longo prazo, porém, a estratégia revelou-se
FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.
TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna.
Questões
01. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) No atual período histórico, caracterizado pela
forte internacionalização do modo de produção capitalista, importantes transformações de ordem técnica,
política e econômica têm promovido intensa reestruturação produtiva e regional do Brasil e do mundo. A
intensificação do poder das empresas transnacionais sobre o espaço mundial é uma dessas
manifestações. Iná Elias de Castro. Política pública e conflito no espaço urbano. In: GEOgraphia, ano 18, n.º 36, 2016 (com adaptações).
Considerando esse texto, julgue o item a seguir.
A divisão regional do Brasil em cinco macrorregiões de planejamento é uma referência para o ensino
de geografia atualmente. Entretanto, para a compreensão das dinâmicas atuais de uso e reorganização
do território nacional, é necessário abordar as novas regionalizações, como a divisão por complexos
regionais (Amazônia, Nordeste e Centro-Sul) e a divisão em quatro regiões (Concentrada, Centro-Oeste,
Amazônia e Nordeste).
(....) Certo (....) Errado
03. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) Com relação aos processos de regionalização
no Brasil e no mundo, julgue o item subsequente.
Décadas depois da implementação do primeiro órgão responsável pelos estudos de planejamento
macrorregional no Brasil, a SUDENE, os principais problemas e disparidades regionais do país persistem.
(....) Certo (....) Errado
Gabarito
Comentários
02. Resposta: D.
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a divisão brasileira que permanece até os
dias atuais. O estado do Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região Norte;
Roraima, Amapá e Rondônia tornaram-se estados autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser
federal e foi incorporado a Pernambuco.
O que é região?
Provavelmente, você já ouviu alguém referir-se a algum lugar como região. Esse termo aparece
bastante em nosso cotidiano.
Para a Geografia, região é um conceito muito importante e que vem sendo debatido há muitos anos.
Podemos entender região como uma área de determinado território onde se localizam lugares com
características semelhantes, levando em consideração a combinação entre elementos naturais, a
economia e aspectos sociais.
Abaixo seguem as 5 regiões brasileiras e seus principais aspectos:
Região Nordeste
O Nordeste apresenta pontos de elevado dinamismo econômico, tanto no campo quanto nas cidades.
Porém, a elevada concentração fundiária e a persistência de graves problemas sociais representam um
entrave ao desenvolvimento regional.
Obstáculos e perspectivas
Apesar de não se destacar em grande parte dos indicadores econômicos e sociais, a Região Nordeste
passa por um processo de integração econômica com as outras regiões do país e com o mundo,
apresentando alternativas para o desenvolvimento em diferente setores.
Ocupação territorial
A Região Nordeste é formada por nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando de Noronha), Alagoas, Sergipe e Bahia.
Com área de 1.554.257 km², equivalente a 18,25% do país, concentrava, em 2011, 27,77 da população
brasileira, ou seja, 54.226.000 habitantes à época.
Durante os séculos XVI e XVII, a produção de açúcar para exportação sustentou a economia colonial,
baseada no latifúndio monocultor e no sistema escravista. A cana-de-açúcar desenvolveu-se bem nos
solos de massapé presentes no litoral dos atuais estados de Pernambuco e Bahia.
Entre as atividades complementares implementadas na América portuguesa estavam os cultivos de
subsistência e a pecuária. A criação de gado, inicialmente feita na Zona da Mata (litoral), foi empurrada
para o interior (Sertão) de Pernambuco, para o Vale do Rio São Francisco e para os estados do Piauí, do
Ceará e do Maranhão, promovendo a ocupação efetiva dessas áreas.
Nos séculos XVIII e XIX, a descoberta de minerais preciosos no interior do país e a transferência da
capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), entre outros fatores, acentuaram o declínio da produção
de açúcar e aumentaram os problemas econômicos e sociais da região.
As grandes propriedades rurais sempre foram controladas por latifundiários ou coronéis, como ficaram
conhecidos os grandes fazendeiros nordestinos. Ainda no século XX, a débil economia regional sob o
domínio do coronelismo acentuou a extrema pobreza da população nordestina, em especial a do
sertanejo, habitante das vastas áreas de caatinga. Para a maioria dessa população, castigada pelo
precário desenvolvimento econômico, não restou outra opção senão migrar para outras regiões do país.
A economia nordestina mostrou-se mais dinâmica desde as últimas décadas do século XX. Entre as
razões desse dinamismo estão o desenvolvimento industrial e o avanço dos setores agrário e de serviços.
Com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em 1959, o setor
secundário ou industrial do Nordeste recebeu a maior parte dos investimentos. Como consequência,
houve a montagem de importantes e modernos centros industriais. No entanto, apenas uma parcela muito
reduzida da população nordestina foi beneficiada, já que as indústrias se concentraram principalmente
em três estados (Bahia, Pernambuco e Ceará), particularmente nas capitais, com destaque para as de
transformação e de confecções.
Com a política de desconcentração industrial, a partir da década de 1990, os governos estaduais da
Região Nordeste têm investido em infraestrutura e oferecido vantagens, como incentivos fiscais visando
atrair indústrias para seus territórios. Entretanto, a implantação de uma indústria, em geral bastante
automatizada, abre poucos postos de trabalho, quase sempre mais qualificados, além de contribuir com
impostos reduzidos. Assim, apenas algumas empresas transnacionais ou de capital nacional acabam
sendo as mais beneficiadas.
Quanto ao setor agrícola, destacam-se duas importantes monoculturas cultivadas na Zona da Mata;
a cana-de-açúcar, especialmente em Alagoas e Pernambuco, e o cacau, no sul da Bahia.
No Meio-Norte, além da agricultura tradicional (cana, soja, mandioca, arroz) e do extrativismo
vegetal (babaçu, carnaúba), têm crescido as plantações de soja no sul dos estados do Maranhão e do
Piauí – cultivo que se estende até o sertão, chegando ao oeste da Bahia.
O Nordeste conta com diversos parques nacionais, entre eles o da Serra da Capivara (PI), com grande
concentração de sítios arqueológicos e pinturas rupestres, o Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha (Distrito Estadual de Pernambuco) e o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA). Entre os
eventos culturais que atraem turistas estão o carnaval (com destaque para Salvador, Olinda e Recife), as
festas juninas (Caruaru, Campina Grande, etc.), as danças e comidas típicas e o artesanato (rendas,
cerâmicas) da região.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ligada à ONU,
instituiu uma lista de sítios e monumentos de valor excepcional e de interesse universal, que integram o
Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Humanidade. O objetivo é a preservação desses sítios para
as gerações futuras. A Região Nordeste abriga grande número de Patrimônios Culturais e Naturais da
Humanidade, como o centro histórico de Olinda (PE), de São Luís (MA) e de Salvador (BA), com o
Pelourinho, além dos sítios arqueológicos de São Raimundo Nonato no Parque Nacional da Capivara
(PI).
Em relação aos recursos naturais, o Rio Grande do Norte se sobressai como o maior produtos de sal
marinho do país. Destacam-se também o petróleo e o gás natural, extraídos no Ceará, Sergipe, Rio
Grande do Norte e na Bahia.
As sub-regiões geoeconômicas
Litoral - concentra cerca da metade da maior parte da população e abriga os três maiores polos
urbano-industriais nordestinos: Salvador, Recife e Fortaleza. Na Grande Salvador, o destaque é o Polo
Petroquímico de Camaçari, principal complexo industrial do Nordeste, que integra o refino de petróleo, a
petroquímica básica e intermediária e a produção de resinas. A Grande Recife, por sua vez, abriga o
Porto Digital, principal polo tecnológico do Nordeste, e o Complexo Industrial-Portuário de Suape,
instalado na década de 1970, com cerca de 100 empresas e no qual se encontram em implantação uma
refinaria de petróleo, uma siderúrgica e um grande estaleiro. Em Fortaleza, destacam-se as indústrias
intensivas em mão de obra, tais como a têxtil e a de calçados, e o Complexo Industrial e Portuário do
Pecém, inaugurado em 2002 e concebido para receber indústrias de base tais como a Companhia
Siderúrgica do Pecém, um consórcio entre a brasileira Vale e duas empresas coreanas, em implantação.
Parnaíba - abriga o polo de Teresina, maior aglomeração industrial interiorizada do Nordeste, com
destaque para as indústrias têxtil, de alimentos, de cerâmica e madeireira.
Sertão - embora haja a predominância da pecuária e da agricultura tradicionais, abriga polos industriais
modernos, tais como o setor calçadista em Sobral e Crato, no Sertão cearense, e o polo gesseiro do
Araripe, no Sertão pernambucano.
São Francisco - destaque para as práticas de fruticultura irrigada, especialmente nos polos geminados
de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
Região Sudeste
Grande parte do território da Região Sudeste é dominada por formações planálticas, com destaque
para os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, constituídos pelos cinturões orogênicos, e
os Planaltos da Bacia Sedimentar no Paraná.
O soerguimento da Placa Tectônica Sul-Americana, entre o final do Período Cretáceo e o início do
Paleógeno, movimentou antigas linhas de falha e provocou a formação de escarpas acentuadas com
elevadas altitudes, como as da Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar. Assim, com exceção dos picos
do Maciço das Guianas, no extremo norte do país, é no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais
que se encontram os pontos mais altos do Brasil. Em 2004, o IBGE, em parceria com o Instituto Militar de
Engenharia (IME), revisou as altitudes desses pontos, utilizando recursos mais modernos de sistema de
navegação e posicionamento por satélites.
A Serra do Espinhaço corta Minas Gerais desde as proximidades de Belo Horizonte até o Vale do
Rio São Francisco, podendo ser subdividida em dois compartimentos de planaltos: o planalto meridional
e o planalto setentrional, ricos em minérios (ferro, bauxita, ouro). Em 2005, a Unesco reconheceu esse
conjunto de planaltos da Serra do Espinhaço como Reserva da Biosfera, pela diversidade ambienta e
histórica do local. Além de integrar pontos culturais importantes como Congonhas, Ouro Preto e
Diamantina, é o divisor de águas entre as bacias hidrográficas do São Francisco, Doce e Jequitinhonha,
e apresenta a biodiversidade florística mas risca dos campos rupestres do planeta.
A superfície do Planalto Atlântico foi bastante desgastada pelos processos erosivos, formando um
relevo dominante de morros com topos convexos, denominados mares de morros. Entre os Planaltos e
as Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná e o Planalto Atlântico, encontram-se as depressões
periféricas, superfícies bastante erodidas entre o Paleógeno e o Quaternário (há cerca de 70 milhões de
anos). Nesses compartimentos do relevo da Região Sudeste, os terrenos apresentam altitudes menores,
sendo delimitados pelos Planaltos Sedimentares da Bacia do Paraná por escarpas denominadas frentes
de cuestas.
Do norte do Espírito Santo ao sul do Estado de São Paulo, há um conjunto diversificado de ambientes
costeiros. Nesse trecho do litoral brasileiro, de formação cenozoica, existem inúmeras restingas, baías
e ilhas costeiras. Entre as primeiras, destacam-se as de Marambaia e Cabo Frio, ambas localizadas no
litoral do Rio de Janeiro. Entre as baías, as mais conhecidas são as de Guanabara (RJ), Parati (RJ),
Vitória (ES), Angra dos Reis (RJ) e Santos (SP).
O clima tropical predomina na Região Sudeste. No oeste paulista, parte do Triângulo Mineiro e na
porção centro-norte de Minas Gerais, o padrão climático tropical apresenta duas estações bem
demarcadas, com o verão muito chuvoso e o inverno seco. Na faixa litorânea, o volume e a frequência
das chuvas são maiores. Ao contrário, no norte de Minas Gerais, as chuvas são escassas e irregulares.
O clima tropical de altitude abrange as regiões serranas de São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas
Gerais. Por fim, o clima subtropical ocorre no extremo meridional do território paulista, ao sul do Trópico
de Capricórnio.
Apostila gerada especialmente para: rayssa oliveira silva 017.822.702-13
. 69
Originalmente, a mata tropical era a cobertura de vegetação dominante no Sudeste, refletindo o
padrão climático regional. Na depressão periférica e nas regiões mineiras com a estação seca mais
acentuada, predominavam os cerrados. Tanto a Mata Atlântica como o Cerrado foram amplamente
devastados no processo de formação territorial da Região Sudeste.
Região Norte
Desafios estratégicos
A região amazônica pertence a sete países, além do Brasil. A construção de diversos eixos rodoviários
garantiu a articulação da região ao território nacional.
Fonte: http://www.inpe.br/noticias/arquivos/imagens/img02_291116.jpg.
A conquista da Amazônia
Colonizada inicialmente pelos espanhóis e cobiçada por ingleses, franceses e holandeses, a bacia
amazônica foi ocupada pelos portugueses, o que garantiu a posse ao Império brasileiro.
Com cerca de 7,8 milhões de km² que abrangem oito países - Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia,
Venezuela, Guiana e Suriname - e a Guiana Francesa, a Amazônia Internacional é uma região natural
formada pela floresta equatorial e por seus ecossistemas associados. A maior parte dessa área, marcada
pelos climas quentes e úmidos, está assentada no interior da bacia fluvial amazônica.
Com exceção da Guiana Francesa, departamento da França, os outros países firmaram em 1978 o
Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), cujas metas são a cooperação científica, a preservação
ambiental, o uso racional dos recursos hídricos e o desenvolvimento regional. O Brasil ocupa um papel
de destaque nas políticas do TCA, pois abriga mais de 64% região.
No sentido político, porém, a Amazônia começou a se configurar antes mesmo da independência
desses países, quando a região passou a ser explorada pelas Coroas de Espanha e de Portugal.
Amazônia Internacional
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-pqRZs_1PEjo/VqZlvt5749I/AAAAAAAACnI/acPXCXEwenE/s1600/amazonia-legal-brasileira-regiao-norte-2.jpg.
Na Amazônia Internacional há outros países com percentual maior de superfície territorial coberta pela
Floresta Amazônica, como o Peru, a Guiana e o Suriname. Porém, o Brasil detém a maior parte do bioma
amazônico.
A ocupação portuguesa
Nos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), grande parte da Bacia Amazônica pertencia à Coroa
espanhola. Em 1541, uma expedição comandada pelo espanhol Gonzalo Pizarro, irmão do conquistador
do Império Inca, Francisco Pizarro, partiu de Quito em busca dos lugares lendários que supostamente
havia nessas terras florestadas: o "País da Canela", onde a especiaria brotava em abundância, e o "EI
Dorado", com suas enormes jazidas de ouro.
Ninguém sabe ao certo quantas pessoas integraram essa expedição, mas estima-se que ela contava
com algumas centenas de soldados espanhóis e milhares de indígenas, muitos dos quais padeceram de
fome e de frio na travessia da Cordilheira dos Andes.
Em algum ponto da viagem, quando os expedicionários já estavam bastante debilitados, Gonzalo
encarregou um grupo, liderado por seu primo Francisco de Orellana, de seguir pelo rio em busca de
alimentos.
Entretanto, em vez de retornar com as provisões, o grupo de Orellana prosseguiu no curso do rio que
hoje chamamos de Amazonas, viajando nove meses até alcançar a foz, em agosto de 1542.
O diário de viagem do frei Gaspar de Carvajal, um dos integrantes do grupo, é o primeiro relato de uma
jornada completa pelo Rio Amazonas, dos Andes até o Oceano Atlântico. Apesar de seu valor histórico,
o diário não é um documento confiável, já que o frei se esforça em ressaltar os percalços enfrentados
durante a viagem para justificar o descumprimento da ordem de regressar o mais rápido possível, levando
alimentos para a expedição de Pizarro. A descrição do terrível combate travado com as guerreiras
amazonas, que lutavam com a força comparada à de muitos homens e exerciam o poder sobre diversas
tribos indígenas, reforça o caráter fantasioso do documento.
Nos anos seguintes, diversas outras expedições comandadas pelos espanhóis percorreram trechos
da Bacia Amazônica, sempre animadas pela busca de tesouros. Porém, o interesse pela região logo seria
ofuscado pela descoberta das imensas jazidas de prata na região de Potosí (atual Bolívia), que atraiu
grande parte dos exploradores e aventureiros espanhóis.
Enquanto isso, franceses, ingleses e holandeses, inimigos tradicionais dos espanhóis, estabeleciam
feitorias no baixo curso do Rio Amazonas.
Durante a União Ibérica (1580-1640), período no qual Portugal e Espanha formaram uma única
monarquia, os portugueses começaram a se estabelecer na foz do Amazonas. No início do século XVII,
as expedições pelo Amazonas tornaram-se oficiais. Partiam da foz e eram organizadas para expulsar
holandeses e ingleses, senhores de muitas feitorias ao longo do curso dos rios, e impedir o contrabando
de produtos nativos, como madeira e pescado.
Com o fim da União Ibérica, a Coroa portuguesa intensificou a ocupação militarizada da região,
erguendo uma rede de fortificações lusitanas ao longo da calha central do Rio Amazonas. Entre eles,
destaca-se o Forte de São José do Rio Negro, criado em 1668, em torno do qual surgiu o arraial de Lugar
da Barra, mais tarde elevado à categoria de vila e, depois, de cidade, com o nome de Barra do Rio Negro.
No entanto, foi em meados do século XVIII que o Império Português de fato consolidou sua soberania
na área, criando o estado do Grão-Pará, com capital em Belém. Na nova estrutura política e
administrativa, o Grão-Pará, marcado pelas baixas densidades demográficas e pelo extrativismo, passou
a ser uma unidade distinta de Estado do Brasil.
Com a independência do Brasil em 1822, o estado do Grão-Pará foi dissolvido e tornou-se parte do
Império Brasileiro, cujo poder administrativo concentrava-se no Rio de Janeiro. No entanto, dada a
precariedade das suas redes de transporte e comunicações, a região permaneceu durante muito tempo
isolada do centro político e econômico do país.
Os focos de calor marcam a ocorrência das queimadas que abrem os terrenos para as atividades
agropastoris ou minerais, resultando em um arco de devastação dos ecossistemas amazônicos.
A construção de rodovias foi fundamental para a inserção da região amazônica nos fluxos e circuitos
econômicos nacionais. Belém e Manaus são os dois centros urbanos que polarizam a rede urbana
regional.
Na década de 1980, a ocupação intensiva de Roraima foi facilitada pela pavimentação da rodovia
Manaus-Boa Vista (BR-174), que atravessa a fronteira setentrional do país, interligando-se às rodovias
da Venezuela. Ao longo do seu eixo, na porção central de Roraima e nas proximidades de Manaus,
surgiram em poucos anos largas faixas de devastação. A construção dessa estrada e a concomitante
implantação do imenso reservatório da hidrelétrica de Balbina desfiguraram a reserva indígena Waimiri-
Atroari, localizada no vale do Rio Jauaperi, a oriente do Rio Branco. A BR-174 foi a primeira rodovia
pavimentada a alcançar Manaus, que até então só podia ser atingida por via fluvial ou aérea.
O novo eixo destina-se a projetar a influência da ZFM para os países vizinhos. A produção industrial
do enclave amazonense é parcialmente responsável pelo superávit do Brasil nas trocas comerciais
realizadas com a Venezuela e pode impulsionar os fluxos de comércio do país com as economias centro-
americanas.
No entanto, o isolamento físico do enclave de Manaus está sendo rompido em outra direção. O projeto
de pavimentação da Porto Velho-Manaus (BR-319) pretende conectar a metrópole da Amazônia
Ocidental e o vetor de ocupação estabelecido em Rondônia. Com a Hidrovia do Madeira, essa estrada
tem como objetivo consolidar um corredor de exportação para os produtos agrícolas de Rondônia e Mato
Grosso, através do Rio Amazonas.
O eixo em implantação pode acarretar, porém, nova frente de devastação da Floresta Amazônica. A
fronteira agrícola de Rondônia já se moveu até Humaitá, no sudoeste do Amazonas, primeira cidade
alcançada pela pavimentação da BR-319. Em torno da cidade, uma larga mancha de desflorestamento
assinala a abertura da floresta para a exploração da madeira, acompanhada pelo avanço da
agropecuária.
Os impactos da BR-319
"Se por um lado a construção e a pavimentação de estradas na Amazônia geram benefícios na forma
de redução de custos de transportes, por outro lado impulsionam o desmatamento, os conflitos sociais e
a ilegalidade. A eficiência econômica e os efeitos diversos dos projetos precisam ser identificados e
instrumentos que garantam uma distribuição mais equânime de custos e benefícios entre os atores
afetados precisam ser implantados.
Neste estudo, utilizamos a análise custo-benefício para avaliar a eficiência econômica do projeto de
recuperação do principal segmento da Rodovia BR-319, localizado entre os quilômetros 250,00 e 655,70,
no estado do Amazonas, de forma a contribuir com a discussão dessas questões. Este trecho encontra-
se fortemente deteriorado e virtualmente intransitável desde 1986.
Planeja-se sua recuperação dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo
Federal.
[...] As obras aqui analisadas, com custo de implantação de cerca de 557 milhões de reais, incluem a
recuperação e a pavimentação da rodovia e a construção de quatro novas pontes entre Manaus e Porto
Velho, o que viabilizará o tráfego continuado entre Manaus e o resto do país.
Enquanto a Amazônia se integrava ao Centro-Sul, a rede urbana regional tornava-se mais complexa
e diferenciada. Nesse processo, a influência vasta e difusa de Belém sobre todo o espaço amazônico
desvanecia-se, em razão da emergência de Manaus.
Na última década, configurou-se uma situação de dupla polarização, na qual se desenham esferas
de influência distintas das metrópoles do Amazonas.
Durante a década de 1970, com a fronteira agrícola avançando em Mato Grosso e em Rondônia,
ocorreu o acelerado desenvolvimento de Porto Velho e, em grau menor, dos núcleos instalados junto à
rodovia, como Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná e Ariquemes.
Na década seguinte, a fronteira agrícola moveu-se até o sul do Acre, acompanhando o trecho
pavimentado da BR-364. Nas áreas das cidades de Xapuri e Brasileia, as atividades madeireiras
avançaram sobre os seringais, provocando conflitos e impulsionando a organização dos seringueiros.
Para romper o ciclo de devastação e desigualdade social será preciso o desenvolvimento de políticas
territoriais que valorizem as comunidades locais e a preservação da biodiversidade.
As políticas territoriais amazônicas implementadas pela ditadura militar nortearam-se pela meta
geopolítica de “conquista” da Amazônia. O planejamento regional elaborado nesse contexto
fundamentou-se num conceito distorcido de desenvolvimento, que estimula a acumulação de capital por
grandes empresas e o uso predatório dos recursos naturais. Os largos e extensos corredores de
devastação ambiental e as vastas manchas de desflorestamento, assim como a poluição de rios e
igarapés pelos subprodutos do garimpo, são resultado das opções de planejamento adotadas nesse
período.
As políticas amazônicas dissociaram a noção de desenvolvimento de seu conteúdo social. A abertura
de rodovias de integração e a implantação de grandes projetos geraram intensos fluxos migratórios para
a Amazônia, além do esvaziamento demográfico de várzeas e igarapés. A exclusão social se materializa
nas periferias das cidades médias, nos povoados miseráveis nascidos junto a empreendimentos minerais
e florestais e no surgimento de populações itinerantes, que vagueiam à procura de escassas
oportunidades de trabalho.
O novo ciclo de obras rodoviárias na Amazônia, especialmente a Cuiabá-Santarém (BR-163) e a
Porto Velho-Manaus (BR-319), visa estabelecer a ligação entre Manaus e Porto Velho, mas ameaçava
reproduzir, em escala ampliada, os desastres sociais e ambientais do ciclo anterior. A alternativa consistia
em redefinir o sentido do planejamento regional, priorizando o desenvolvimento social e a valorização dos
ecossistemas naturais. A geração de empregos e a exploração sustentável dos recursos naturais são as
metas a serem perseguidas por um planejamento regional renovado.
Desmatamento causado pelo garimpo de diamantes na reserva indígena Roosevelt, em Vilhena (RO, 2007)
Transporte de carga na BR-155, no trecho que liga Marabá e Eldorado dos Carajás (PA, 2013)
Região Sul
Quanto à distribuição populacional, a Região Sul é a mais homogênea do país devido à área reduzida
dessa região e à sua ocupação em pequenas propriedades com produções diversificadas, o que pode
ser relacionado com o processo de ocupação e desenvolvimento de núcleos populacionais no interior dos
estados.
Referente à distribuição de renda, a Região Sul apresenta uma distribuição menos desigual que a
média do Brasil. Enquanto a parcela da população com rendimento mensal de até um salário mínimo é
5,8% menor que a nacional, os percentuais das outras classes de rendimento dessa região são maiores
do que os brasileiros.
A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A região faz
fronteira com três países sul-americanos: a oeste com Paraguai e Argentina, e ao sul com Uruguai. Em
2011, a população da região chegava a 27.875.000 habitantes, ou seja, 14,27% da população do país.
O clima subtropical predomina na região. No inverno, as baixas temperaturas que ocorrem
principalmente nas áreas serranas e planálticas provocam geadas e até neve. Regiões litorâneas e com
menores altitudes, como os vales dos rios Paraná e Uruguai, apresentam temperaturas elevadas no
verão. No norte do Paraná aparece o clima tropical.
Nos três estados da Região Sul predominam os planaltos recobertos originalmente pela Mata das
Araucárias. Os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná se estendem a oeste do Paraná até o Rio
Grande do Sul, os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, a leste, e o Planalto Sul-Rio-
Grandense, no extremo sul. No centro, aparece a Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do
Paraná, e mais ao sul a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense. No litoral do Rio Grande do Sul
predomina a Planície da Lagoa dos Patos e Mirim.
Ao longo do litoral, os planaltos da Região Sul apresentam escarpas de altitudes mais elevadas: a
Serra do Mar e a Serra Geral. No sudoeste do Rio Grande do Sul destaca-se a Campanha Gaúcha, com
relevo de coxilhas (levemente ondulado) coberto por campos limpos. Essa unidade de relevo é parte
brasileira da vasta planície platina, o Pampa, que abrange também o Uruguai e a Argentina. Nessas
áreas, aprecem os banhados, ecossistemas úmidos ricos em espécies animais e vegetais.
Fonte: http://files.planetagaia.webnode.com/200000586-08de109d58/mapa-regiao-sul.jpg.
Grande parte dos rios da Região Sul pertence à Bacia Platina, formada pelos rios Paraná, Paraguai
e Uruguai e afluentes. O Rio Uruguai nasce em território brasileiro, da fusão dos rios Canoas (SC) e
Pelotas (RS), e serve de divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil e Argentina, e Uruguai
e Argentina, desaguando no Estuário do Prata. O Rio Paraná, segunda maior bacia fluvial em área e
potencial hidrelétrico do Brasil, oferece condições de navegabilidade. A Hidrovia Tietê-Paraná tornou-se
um importante sistema de transporte, aproximando o Brasil dos seus parceiros do Mercosul.
Ocupação territorial
Iniciada pelos portugueses no século XVII, a colonização da Região Sul ganhou impulso no século
XIX, quando de estabeleceram os principais núcleos de povoamento fundados pr imigrantes europeus.
O território que hoje pertence aos estados da Região Sul inicialmente não fazia parte da América
portuguesa, tendo ficado fora dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Expedições
exploradoras haviam percorrido a costa no século XVI, mas somente no século XVII começaram as
atividades colonizadoras na região.
Com o domínio espanhol sobre Portugal (1580-1640), o Tratado de Tordesilhas perdeu sua validade,
uma vez que todas as terras pertenciam ao monarca espanhol. Colonos portugueses então se
estabeleceram em territórios espanhóis, adquirindo para Portugal soberania sobre essas áreas. Jesuítas
ultrapassaram a linha de Tordesilhas ao sul, fundando missões em áreas da campanha gaúcha, onde
índios aldeados criavam gado - trazido dos territórios que formaram o Uruguai e a Argentina - e plantavam
erva-mate. Outros povoados também foram fundados, como o de Nossa Senhora do Desterro, atual
Florianópolis.
Ainda no século XVII, os bandeirantes pau listas iniciaram o apresamento dos índios aldeados nas
missões - que se destinavam à sua proteção e catequese - para vendê-las às capitanias luso-espanholas,
produtoras de açúcar.
Com a expulsão dos holandeses do Nordeste (1654), o tráfico negreiro voltou a abastecer os
engenhos. No entanto, quando o domínio espanhol chegou ao fim, as missões estavam praticamente
destruí das; o gado, solto, começou a se reproduzir nos campos do sul. Tropeiros paulistas, índios
aldeados e pessoas errantes passaram então a se dedicar à caça do gado selvagem e ao comércio de
couro.
Com a descoberta de ouro e o desenvolvimento das minas gerais durante o século XVIII, os tropeiros
desenvolveram um novo negócio: caçavam os animais, reuniam estes em currais e os transportavam até
as áreas mineradoras.
À Coroa portuguesa, porém, interessava garantir a posse das terras do sul. Para isso, na metade do
século XVIII, Portugal enviou casais de açorianos ao território do atual Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina, especialmente para a faixa litorânea, com o objetivo de povoar a região. Lotes de terras também
foram doados a tropeiros, que, além de se fixar na área, deram início à criação do gado em grandes
estâncias - atividade que se transformaria numa das mais importantes do atual Rio Grande do Sul.
No século XIX, surgiram diversos núcleos de povoamento na Região Sul. Em 1808, famílias de
açorianos fundaram a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os primeiros imigrantes alemães se
dirigiram para a atual cidade de São Leopoldo, no vale do Rio dos Sinos, em 1824. Os italianos chegaram
a partir de 1875 e foram assentados em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi.
Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os alemães formaram colônias de povoamento baseadas
no cultivo de trigo e da policultura, ao passo que os italianos dedicaram-se ao cultivo da uva. No Paraná,
imigrantes eslavos voltaram-se para o extrativismo de madeira. Estavam lançadas as raízes de uma
economia rural diversificada, baseada na policultura e no trabalho familiar.
Na Região Sul, os ramos industriais que mais se desenvolveram utilizam como matéria-prima os
produtos da agropecuária. Porto Alegre e Curitiba, porém, destacam-se pela diversidade de seus parques
industriais, que incluem também os setores metalúrgico e automobilístico.
No século XVIII, teve início uma das primeiras e mais importantes atividades econômicas da Região
Sul- a pecuária. Preocupada em garantir a posse das terras na área, evitando o avanço espanhol, a Coroa
portuguesa passou a distribuir lotes de terras aos tropeiros, permitindo que os rebanhos soltos, quase
dizimados pela caça e venda na região mineradora, passassem a ser criados em grandes estâncias, de
forma extensiva, espalhando-se pelo território do atual Rio Grande do Sul. Formava-se, assim, uma classe
de grandes pecuaristas, que comercializavam charque ou carne-seca.
Na região do atual Paraná, a extração das folhas dos arbustos de erva-mate teve início ainda no século
XVII, e aos poucos se transformou em uma das principais atividades econômicas da Região Sul. Na
segunda metade do século XIX, foi a vez do café. As primeiras fazendas já ocupavam o norte paranaense
quando agricultores mineiros e paulistas levaram mudas para a região.
No século XX, a Região Sul modernizou-se seguindo o contexto brasileiro e mundial, mas de acordo
com características próprias resultantes da base econômica, social e cultural construída durante os
períodos colonial, imperial e republicano, com importantes contribuições dos imigrantes. Nas áreas
urbanas o artesanato familiar evoluiu para a moderna e diversificada atividade industrial. Nas áreas rurais,
as pequenas e médias propriedades familiares se expandiram. Como resultado, a Região Sul apresenta
indicadores sociais favoráveis em relação a outras regiões brasileiras. Em 2010, dados do IBGE
indicavam menor taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais (5,5%), as menores taxas de
mortalidade infantil (15,10%) e a mais alta esperança de vida ao nascer (75,2 anos). Observe a tabela.
Agropecuária
Em 2012, o Paraná respondia por 19.1 da produção agrícola nacional; o Rio Grande do Sul estava em
terceiro lugar, com 12.1, e Santa Catarina, em nono lugar, com 3,6. No que diz respeito à produção de
cereais, leguminosas e oleaginosas, o Sul perde apenas para o Centro-Oeste.
Na Região Sul, a produção agropecuária pode estar associada à indústria: é o caso da cultura da uva
à fabricação de vinhos, do cultivo do milho à criação de frangos e porcos ou da pecuária leiteira às usinas
de leite e fábricas de laticínios.
A modernização da agropecuária tem provocado mudanças na estrutura agrária em toda a Região Sul,
com o aumento da concentração fundiária e dos movimentos de luta pela terra, a partir da década de
1980. Pequenos proprietários e trabalhadores rurais perderam suas terras e trabalho, tendo como
consequência o aumento de boias-frias e de migrações para as cidades, para outras regiões ou mesmo
para outros países, como o Paraguai.
Nas pastagens naturais da Região Sul desenvolve-se a pecuária extensiva de corte, geralmente em
grandes propriedades e com poucos trabalhadores.
Indústria e tecnologia
Os ramos industriais na Região Sul evoluíram inicialmente graças às matérias-primas fornecidas pela
agropecuária - couro e calçados (pecuária), móveis (pinho), têxteis (algodão) e bebidas (uva, mate).
O maior centro industrial da Região Sul é Porto Alegre. Bastante diversificado, conta com indústrias
alimentícias, de fiação e tecelagem, de produtos minerais não metálicos, siderúrgicas, mecânicas, de
O setor industrial de Santa Catarina também é muito importante; porém, ao contrário das outras
capitais de estado no Brasil, a cidade de Florianópolis não ocupa o primeiro lugar na economia do estado.
Essa posição cabe a Joinville, município mais populoso no norte catarinense, importante polo metal
mecânico, além de centro de serviços. Com grandes empresas dos setores metal mecânico, químico,
plástico e têxtil, tornou-se um dos mais dinâmicos polos industriais do sul do país.
No Vale do Itajaí, onde se situam as cidades de Brusque, Blumenau, Pomerode, entre outras,
estabeleceu-se um dos mais importantes parques têxteis do país, a partir de pequenas unidades fabris
dos imigrantes europeus, sobretudo alemães. Blumenau destaca-se também por desenvolver um polo
tecnológico. No eixo Chapecó-Seara-Concórdia, a produção industrial voltou-se para o setor alimentício
de processamento de produtos suínos e avícolas.
Apresentam ainda índice de industrialização alto os municípios de Criciúma, Lages e Joaçaba. A
estrutura portuária concentra-se nos portos de Itajaí, Imbituba e São Francisco do Sul.
Curitiba é o segundo maior centro industrial da Região Sul, com destaque para os estabelecimentos
do setor mecânico e, mais recentemente, para as indústrias de ponta geradoras de maior valor agregado.
Em 1999, uma importante montadora de carros alemã instalou-se na região de São José dos Pinhais
(área metropolitana de Curitiba); em seguida, estabeleceram-se uma americana e outra francesa,
consolidando um polo automobilístico na região.
Turismo e integração
Com paisagens variadas e os invernos mais rigorosos do país, a Região Sul atrai grande número de
turistas. Cidades com características europeias, como Canela e Gramado, ou centros produtores de
vinho, como Bento 'Gonçalves e Caxias do Sul, são lugares procurados pela culinária e atrativos culturais
no Rio Grande do Sul.
Durante o verão, os litorais de Santa Catarina e do Paraná recebem muitos turistas estrangeiros.
Tradições e festas típicas são eventos que tornam concorridos lugares como Blumenau, onde se realiza,
em outubro, a festa da cerveja, chamada Oktoberfest, de origem alemã.
No Rio Grande do Sul, as ruínas das povoações jesuítas do século XVII, em São Borja e São Migue
das Missões, foram transformadas pela Unesco em patrimônio da humanidade. Em Ponta Grossa, no
Paraná, o Parque Estadual de Vila Velha apresenta interessantes formações rochosas esculpidas pela
erosão causada pelas chuvas e pelos ventos.
Todos os estados da Região Sul contam com zonas de fronteira, ou seja, faixas territoriais localizadas
de cada lado de um limite internacional. Nas zonas de fronteira desenvolveram-se diversas cidades
cortadas por limites internacionais. Essas cidades-gêmeas geralmente apresentam grande fluxo de
pessoas e mercadorias e integração econômica e cultural.
Oktoberfest em Blumenau (SC, 2010). A festa teve origem em Munique (Alemanha) no início do século XIX, e hoje é celebrada também em diversos
municípios de Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
O Pantanal:
A planície do Pantanal Mato-Grossense e a do Rio Guaporé localizam-se a oeste da região. O
Pantanal é uma planícies sujeita a inundações sazonais, em decorrência da pequena declividade de seu
relevo e do padrão de drenagem da bacia do Rio Paraguai. A vegetação é mista (cerrados, florestas,
campos, charcos inundáveis e ambientes aquáticos), e mais de mil espécies animais, incluindo cerca de
650 tipos de aves aquáticas, vivem na região.
No Pantanal, a expansão da agropecuária e as queimadas acarretaram a supressão de parte da
vegetação e a contaminação dos corpos d’água por agrotóxicos. Além disso, o pantanal recebe os rejeitos
da atividade mineradora de exploração de diamantes e de ouro, especialmente o mercúrio, altamente
poluente. Diversos programas e políticas ambientais têm sido desenvolvidos pelo governo federal para
proteger o bioma, prevendo o manejo correto de bacias hidrográficas, saneamento e apoio ao produtor.
A Floresta Amazônica se estende pela metade norte do estado do Mato Grosso, e se encontra bastante
ameaçada por desmatamentos e queimadas. A expansão da fronteira agropecuária nessa área, para
plantio ou criação de gado, atinge áreas de conservação ambiental e provoca erosão e assoreamento
nos rios.
Os centros urbanos:
A rede urbana do Centro-Oeste desenvolveu-se de maneira linear, seguindo as rodovias de integração
e as ferrovias que ligam à Região Sudeste.
Brasília, metrópole nacional, Goiânia, metrópole, assim como Campo Grande e Cuiabá, capitais
regionais, situam-se sobre os grandes eixos viários. As cidades que exibem forte crescimento – como
Dourados (MS), Rondonópolis (MT) e Anápolis (GO) – estão também situadas nesses eixos.
A cidade-capital:
Brasília representa um caso especial, entre as grandes cidades brasileiras. Não simplesmente por ser
uma cidade planejada: Belo Horizonte, fundada em 1897, e Goiânia, fundada em 1933, constituem outros
exemplos de cidades planejadas no Brasil. A singularidade de Brasília reside na finalidade específica que
orientou seu planejamento urbano – a criação de uma cidade-capital, condição que determinou a
expansão demográfica e econômica da região.
O Plano Piloto constitui o cerne da nova capital. É ele que está submetido ao plano urbanístico, com
seu rígido sistema de aprovação de plantas destinado a conservar as características originais da cidade.
Ideologicamente, esse plano, de autoria de Lúcio Costa, vinculava-se à tradição de pensamento
urbanístico do francês Le Corbusier e da escola arquitetônica da Carta de Atenas, cujos princípios
remontam ao IV Congresso de Arquitetura Moderna, realizado em 1933. A cidade deveria ser, a um só
tempo, funcional e harmônica: uma engrenagem de residências, consumo e trabalho. Para isso, os
planejadores deveriam dispor da capacidade de organizar o espaço de forma absoluta, excluindo as
incertezas e os conflitos inerentes ao desenvolvimento espontâneo das aglomerações urbanas. A ordem
seria um produto da autoridade e do saber urbanístico.
A base espacial do plano urbanístico reside na segregação funcional. No interior do Plano Piloto,
definiram-se as áreas reservadas às diferentes funções urbanas – administração pública, residências,
comércio local e central, etc.
Um eixo viário retilíneo, chamado Eixo Monumental, foi implantado e reservado aos palácios e edifícios
destinados aos órgãos de poder político, à administração e às embaixadas. Esse eixo é cortado por um
outro, arqueado, chamado Eixo Rodoviário, destinado à circulação expressa. Com 13 quilômetros de
extensão e cinco pistas sem cruzamentos, ele separa a circulação municipal da circulação local. Juntos,
os dois eixos têm o formato de asas de avião.
Ao longo do Eixo Rodoviário alinham-se as superquadras, destinadas à moradia. Nessas áreas
encontram-se escolas, igrejas e espaços de comércio local. Esses serviços localizam-se no interior dos
A cidade polinucleada:
O plano urbanístico não eliminou a clássica estruturação espacial das grandes cidades brasileiras: o
contraste entre as áreas centrais reservada às classes médias e às elites, de um lado, e as periferias
populares, de outro. No entanto, operou uma transformação radical nesse esquema, abrindo um espaço
vazio entre a área central (o Plano Piloto) e a periferia (as cidades-satélite). O elevado preço dos
terrenos no Plano Piloto empurrou os mais pobres para os núcleos urbanos satélites, que cresceram
como verdadeiras cidades-dormitório.
Embora não estivessem formalmente previstas no plano, as cidades-satélite desenvolveram-se para,
de certa forma, protege-lo, evitando a concentração da pobreza. Dessa maneira, a capital cresceu como
cidade polinucleada: uma única aglomeração urbana dispersa territorialmente em diversos núcleos
separados. Esses núcleos são chamados de regiões administrativas, já que a Constituição impede a
formação de municípios autônomos no Distrito Federal.
A maioria da população ativa que reside nas cidades-satélite trabalha no Plano Piloto e consome horas
diárias em deslocamentos entre o local de moradia e o local de emprego.
A concentração de recursos financeiros no Plano Piloto – que abriga uma elite de políticos, burocratas
da administração pública e diplomatas estrangeiros – dinamiza a economia do Distrito Federal, atraindo
migrantes para as cidades-satélite. Assim, o crescimento demográfico dos núcleos urbanos ao redor é
muito superior ao da área central: em 1960, o Plano Piloto concentrava cerca de metade da população
do Distrito Federal; atualmente essa proporção é inferior a 15%.
Referências Bibliográficas:
TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna.
Questões
02. (PGE/RO – Técnico da Procuradoria – FGV/2015) “A sensação térmica pode chegar a 38º C
neste sábado (5) na capital de Rondônia. De acordo com o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam),
o tempo deve ser firme em todo o estado no final de semana”.
A previsão é de céu claro sem chuvas em todo o centro sul. Já nas demais regiões, incluindo Porto
Velho, céu claro a parcialmente nublado com pancadas de chuvas e trovoadas em áreas isoladas,
podendo ser acompanhada de rajadas de ventos no período da tarde e noite. (Fonte: http://g1.globo.com/, 05/09/2015.
Acesso em 20/09/2015).
A descrição do tempo apresentada na notícia revela características de temperatura e pluviosidade
comuns na região norte do Brasil, onde predomina o clima:
(A) equatorial, com baixa amplitude térmica anual e estações bem diferenciadas em termos de
precipitação;
(B) tropical úmido, mesotérmico em termos de temperatura e de pluviosidade irregular;
(C) tropical semiúmido, de baixa amplitude térmica anual e duas estações pluviométricas bem
definidas;
(D) equatorial, com pequena variação de temperatura ao longo do ano e total pluviométrico anual
elevado;
Apostila gerada especialmente para: rayssa oliveira silva 017.822.702-13
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(E) tropical, com temperaturas médias elevadas ao longo do ano e precipitação distribuída de forma
irregular ao longo do ano.
03. (Prefeitura de Santana do Jacaré/MG – Psicólogo – Reis & Reis/2015) O Brasil segue,
atualmente, a divisão regional estabelecida em 1970, em quantas regiões se divide o território brasileiro?
(A) 06 regiões;
(B) 05 regiões;
(C) 04 regiões;
(D) 01 região.
04. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPE/GO/2015) A região Centro-Oeste é uma das cinco regiões
do Brasil definidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Sobre ela, é correto afirmar:
(A) É a primeira região do país em superfície territorial.
(B) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso.
(C) É formada somente pelos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
(D) É formada pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal.
(E) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins, Minas Gerais e pelo Distrito Federal.
Gabarito
Agregação trata-se de uma das teorias mais atuais sobre a formação do universo, conhecida por
Teoria da Agregação.
Os choques entre essas partículas de poeira ocasionaram reações químicas explosivas, aquecendo o
planeta e transformando-o numa gigantesca massa incandescente. A partir desse momento, um longo
processo de resfriamento solidificou a parte mais externa da superfície terrestre.
De sua origem até o estágio atual, a Terra passou por diversas transformações, que são estudadas a
partir da disposição das camadas rochosas e dos fósseis nelas encontrados. Essas camadas
representam registros dos acontecimentos passados, e permitem compreender a evolução do planeta.
A Geologia (ciência que estuda o conjunto da origem, da formação e das contínuas transformações
da Terra, assim como dos materiais orgânicos que a constituem), divide a história da Terra em eras
geológicas, que correspondem a grandes intervalos de tempo divididos em períodos que, por sua vez,
são subdivididos em épocas e idades. Cada uma dessas subdivisões corresponde a algumas importantes
alterações ocorridas na evolução do planeta.
A isostasia
Dá-se o nome de isostasia (do grego isso: igual; e stásis: equilíbrio) ao estado de equilíbrio dos blocos
continentais da crosta terrestre que flutuam sobre a camada do manto.
Segundo a teoria do cientista inglês George B. Airy (1801-1892), considerando a crosta terrestre
formada por blocos da mesma densidade e admitindo-se como correta a hipótese de que no manto existe
uma zona de material viscoso em estado de fusão, quanto mais alto for o bloco montanhoso ou
continental, maior será sua raiz mergulhada no manto.
Para termos uma imagem similar desse fenômeno basta apreciarmos alguns blocos de gelo boiando
na água. Quanto mais espessos forem, mais emergem e imergem. (Adaptado de Glossário de termos geológicos. Associação
Profissional dos Geólogos de Pernambuco. Em: www.agp.org.br/glossario-i.html).
A crosta terrestre é formada principalmente por rochas, como, por exemplo, a areia, o granito, o
mármore, o calcário e a argila. As rochas, por sua vez, são constituídas por um agregado de minerais ou
por um único mineral solidificado. Minerais são elementos ou compostos inorgânicos encontrados na
crosta terrestre. O granito, por exemplo, é composto por três minerais: quartzo, mica e feldspato.
As rochas magmáticas intrusivas aparecem na superfície quando a erosão remove as outras rochas
que as encobrem. Sãos os afloramentos. O granito é muito utilizado no revestimento de pisos, em
paredes e na fabricação de tampos de pias. A decomposição do basalto, por sua vez, dá origem,
geralmente, a solos férteis, como a terra roxa, encontrada nos estados de São Paulo e Paraná.
As rochas sedimentares têm grande importância econômica, pois nelas se encontram riquezas
minerais, como o carvão mineral e o petróleo. A areia, o varvito e o calcário também são muito utilizados
pelo setor de construção civil.
Latossolos – L
Formados sob ação de lavagens alcalinas em regiões quentes e úmidas florestadas. Parte da sílica
perde-se por eluvião, permanecendo os óxidos de ferro e de alumínio.
Podzólicos e podgolizados – P
Formados sob ação de lavagens ácidas, sobre material de origem arenoso em regiões úmidas e
florestadas. Como consequência de tais lavagens, as argilas são arrastadas para o horizonte B, ficando
as camadas superficiais mais arenosas.
Hidromórficos – Hi
Formados sob excesso de água, portanto, em condições de aeração deficiente.
Litossolos – Li
São solos geologicamente recentes. Pouco desenvolvidos e de pequena espessura, assentados
diretamente sobre as rochas consolidadas ou não. Os fatores de formação ainda não tiveram tempo para
diferenciar-lhe os horizontes.
Regossolos – R
São solos recentes, em início de formação. São profundos, arenosos, com drenagem excessiva.
Solos aluviais – Al
Recentes, ainda em formação, a partir de sedimentos aluviais. Distingue-se apenas o horizonte A1
sobre o horizonte C. São profundos, com perfil pouco diferenciado.
Em 1912, o cientista alemão Alfred Wegener elaborou a teoria da deriva dos continentes.
Observando a semelhança entre os contornos dos litorais da América, Europa e África, e também de suas
rochas, Wegener propôs que, há cerca de 200 milhões de anos, os continentes estariam todos unidos,
formando um único bloco, chamado Pangeia, rodeado por um único oceano, a Pantalassa, que teria
começado a se fragmentar com o aparecimento de fendas ou fraturas. Aos poucos, os fragmentos teriam
se afastado uns dos outros.
Observe a figura abaixo:
4
http://www.iqsc.usp.br/iqsc/servidores/docentes/pessoal/mrezende/arquivos/SOLO.pdf.
Ao mesmo tempo em que há o processo de afastamento (expansão) entre placas tectônicas, como,
por exemplo, nas cordilheiras meso-oceânicas, também chamadas zonas de divergência de placas,
verifica-se também o processo de fricção entre essas placas, pelo qual elas são pressionadas umas
contra as outras – são as chamadas zonas de convergência de placas. Nas zonas de convergência, o
contato entre as placas pode ser de dois tipos:
Subducção – as placas movem-se uma em direção a outra e a placa oceânica (mais densa)
“mergulha” sob a continental (menos densa). A placa oceânica entra em estado de fusão no manto.
Obducção ou colisão – choque entre duas placas na porção continental. Acontece em virtude da
grande espessura dos trechos nos quais estão colidindo. É o que ocorre entre a placa Indo-australiana e
a Euro-asiática Ocidental.
Por meio de raios laser emitidos de satélites artificiais, obteve-se a confirmação do movimento das
placas tectônicas, pois foi possível medir o afastamento dos continentes. A América do Sul, por exemplo,
afasta-se cerca de 3 cm por ano da África, levando a um alargamento do oceano Atlântico.
Terremotos
Nas áreas próximas aos limites entre as placas ocorrem muitos terremotos (abalos sísmicos) e a
atividade vulcânica é intensa. As grandes cadeias montanhosas da Terra, situadas nessas áreas,
surgiram por causa da colisão (ou obducção) de placas, como a cordilheira do Himalaia, ou pelo processo
de subducção, como a cordilheira dos Andes.
Terremotos no Brasil
O público leigo, de forma geral, aceita a ideia de que o território brasileiro está a salvo de terremotos.
No meio científico, porém, há relatos de abalos sísmicos no Brasil desde o início do século 20. Uma
pesquisa sobre o tema contribuiu para diminuir o fosso entre o senso comum e a realidade científica: uma
equipe coordenada pelo geomorfólogo Allaoua Saadi, professor da Universidade Federal de Minas
Gerais, elaborou o Mapa neotectônico do Brasil e identificou a existência de 48 falhas-mestras no território
nacional. “É justamente ao longo do traçado dessas falhas que se concentram as ocorrências de
terremotos”, explica Saadi. (...)
Terremotos constituem uma resposta a rupturas da crosta terrestre provocadas pelo deslocamento dos
blocos (subdivisões das placas tectônicas) ao longo de uma falha. As rochas comportam-se como corpos
elásticos, deformando-se e acumulando energia proveniente do contato e do movimento entre os blocos.
“No momento da ruptura, a energia ‘represada’ durante o período de acumulação do stress anterior é
liberada de uma só vez ou em episódios mais ou menos próximos”, esclarece Saadi.
Os grandes abalos ocorrem principalmente na região de encontro entre as placas, onde se localizam
as falhas maiores de escala continental. O globo terrestre é constituído por (...) placas e o território
[brasileiro] está totalmente situado no interior da Placa Sul-Americana – daí a ideia de que não haveria
tremores de terra no país. No Brasil, os terremotos intraplacas, onde o tamanho das falhas tem dimensões
variadas, costumam ser mais brandos e dificilmente atingem mais de 4,5 graus de magnitude. Porém,
ainda precisam ser mais estudados. No início do século 20 um terremoto de grandes proporções – 8
graus – ocorreu na costa leste dos Estados Unidos, região de atividade sísmica semelhante à do Brasil.
“Comparados aos da região andina, situada exatamente na fronteira entre a placa de Nazca e a placa
Sul-Americana, os abalos sísmicos brasileiros são menos frequentes e intensos”, explica Saadi. Eles não
devem, no entanto, ser desprezados. Há registros no Brasil de terremotos com magnitude acima de 5
graus. Em 1986 a cidade de João Câmara (RN) foi palco de vários tremores que chegaram a destruir e
danificar cerca de 4000 casas. KUCK, Denis Weisz. Ciência Hoje on-line, 06/11/02.
A estrutura geológica
Nas áreas emersas, a crosta terrestre é formada por três tipos de estruturas geológicas, as quais são
caracterizadas pelos tipos de rochas predominantes e o seu processo de formação, e pelo tempo
Os maciços antigos, também chamados escudos cristalinos, são os terrenos mais antigos da crosta
terrestre. Datam da era Pré-Cambriana (Arqueozoica e Proterozoica) e são constituídos basicamente por
rochas magmáticas e metamórficas. Nos maciços que se formaram na era Proterozoica ocorrem as
jazidas de minerais metálicos, como, por exemplo, as de ferro, ouro, manganês, prata, cobre, alumínio,
estanho.
A pressão do magma sobre estas estruturas antigas provoca fraturas ou falhas na litosfera e,
posteriormente, o deslocamento vertical de grandes blocos, soerguendo e rebaixando a superfície.
As bacias sedimentares começaram a se formar apenas na era Paleozoica. Resultam da acumulação
de sedimentos provenientes do desgaste das rochas; de organismos vegetais ou animais; ou mesmo de
camadas de lavas vulcânicas solidificadas. É nestas estruturas que se formam importantes recursos
minerais energéticos, como o petróleo e o carvão mineral.
A estrutura geológica do Brasil apresenta maciços (escudos) antigos e bacias sedimentares, não se
verificando a existência de dobramentos modernos.
O território brasileiro encontra-se distante da zona de instabilidade tectônica – a mais próxima
encontra-se junto ao oceano Pacífico, nos países andinos. Nessa posição geográfica, está livre de
vulcanismo. Alguns tremores de terra já foram detectados, mas sem registro de destruição de edifícios,
pontes ou cidades, o que acontece na Colômbia, no Chile e Peru, situados próximo às regiões onde
ocorre o choque entre as placas Sul-americana e de Nazca.
a) Escudos cristalinos:
Terrenos de formação pré-cambriana, que afloram em cerca de 36% do território do país. Nos terrenos
arqueozoicos (32% do território), encontramos rochas como o granito e elevações como a serra do Mar.
Nos terrenos proterozóicos (4% do território), encontramos rochas metamórficas que formam jazidas
minerais, principalmente de ferro e manganês, como as localizadas na serra dos Carajás, no Pará.
c) Terrenos vulcânicos:
Áreas que durante a era Mesozoica sofreram a ação de intensos derrames vulcânicos. Na bacia do
Paraná, particularmente, as lavas esparramaram-se po0r cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados e
originaram rochas como o basalto e o diabásio. Nas áreas de ocorrência dessas rochas, é comum a
presença de um dos tipos de solo mais férteis do Brasil: a terra roxa, formada da decomposição do
basalto.
Os agentes do relevo:
O relevo terrestre está em constante transformação, e os fenômenos naturais causadores dessa
dinâmica são agrupados em dois grandes conjuntos: agentes da dinâmica interna e da dinâmica externa.
* o tectonismo – movimentos da crosta terrestre que originam dois tipos de processos: dobramentos
(quando afetam rochas plásticas, características de áreas sedimentares) e falhamentos (quando afetam
rochas rígidas, características de áreas de formação cristalina do período Pré-Cambriano);
* o vulcanismo – rompimento da crosta terrestre pela ação da forte pressão feita pelo magma. Ocorre
quando, através de falhas ou fraturas, o magma em fusão sobe até a superfície terrestre, acompanhado
ou não de gases e cinzas;
* os abalos sísmicos (terremotos e maremotos) – tremores que afetam a superfície terrestre e que
se devem aos rápidos movimentos do interior do planeta causados pelo vulcanismo ou pelo tectonismo.
* as águas correntes – são os principais agentes modeladores externos da crosta terrestre. Abrangem
o trabalho dos rios (erosão, transporte e acumulação fluvial, das chuvas e enxurradas (erosão, transporte
e acumulação pluvial) e do mar (abrasão);
* os ventos – são os agentes mais atuantes na modelação do relvo das áreas áridas ou semiáridas,
onde é comum a formação de dunas, devida ao trabalho eólico de erosão, transporte e acumulação e à
ausência de ação hídrica;
* o intemperismo – alteração do modelado terrestre por ação do clima sobre as rochas. Estas podem
sofrer degradação (quando a alteração é fundamentalmente produzida por processos físicos, ligados a
temperatura e pressão) ou decomposição (quando a alteração resulta de processos químicos, quase
sempre pela ação da umidade). Nos dois casos, a alteração é acelerada pela ação biológica,
particularmente de microrganismos.
A ação do homem:
Paralelamente aos fenômenos naturais internos e externos que interferem no relevo terrestre, um outro
agente modificador está em atuação constante: o homem.
Com recursos cada vez mais sofisticados, a ação humana acelera a erosão, sobretudo nas partes mais
altas do relevo, intensifica a sedimentação das partes mais baixas, particularmente nos vales fluviais, e,
* a derrubada de matas em áreas aplainadas, que favorece a infiltração excessiva de água no solo,
cujos componentes passam a ser dissolvidos com mais intensidade;
* as queimadas, que, além de eliminarem os nutrientes do solo, matam as raízes vegetais que o fixam,
favorecendo a erosão pela enxurrada;
* o uso inadequado do solo, com a utilização intensiva de máquinas agrícolas e o cultivo em áreas de
declive – ambas práticas que facilitam o processo erosivo, especialmente quando este é provocado pela
ação das águas pluviais;
* a ocupação inadequada dos solos para a implantação de moradias – nas áreas serranas, por exemplo
– e o uso econômico das áreas de cabeceira dos rios.
Referências Bibliográficas:
GARCIA, Hélio Carlos; GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Anglo.
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci; Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. 3ª edição. São Paulo: Saraiva.
Questões
01. (FUB – Geólogo – CESPE/2015) Com relação às eras geológicas, julgue o item a seguir.
Os dinossauros viveram no período quaternário.
(....) Certo (....) Errado
02. (FUB – Geólogo – CESPE/2015) Com relação às eras geológicas, julgue o item a seguir.
O supercontinente Pangeia começou a se desagregar no início da era mesozoica.
(....) Certo (....) Errado
Gabarito
Comentários
Transcorridos mais de cinco séculos desde o início da colonização portuguesa, o Brasil ainda guarda
em seu território uma impressionante diversidade de paisagens naturais, o que constitui inestimável
tesouro. Montanhas recobertas por florestas tropicais, campos de gramíneas estendendo-se a perder de
vista, planícies inundáveis, a maior floresta equatorial do mundo e serras que abrigam grandes extensões
de pinheiros nativos são alguns exemplos da exuberante natureza brasileira.
Para que possamos melhor compreender as paisagens morfoclimáticas identificadas pelo professor
Ab’Saber, bem como apontar algumas ameaças à sua existência, é necessário, antes, estudar cada um
dos elementos naturais que as compõem.
O território brasileiro é parte integrante da placa sul-americana. Esta, juntamente com as demais placas
tectônicas, constitui a crosta terrestre, invólucro rochosos do planeta com cerca de 30 quilômetros de
espessura. A crosta terrestre flutua sobre o manto, material pastoso em estado de fusão genericamente
chamado de magma.
Ao flutuar sobre o magma, as placas tectônicas frequentemente se chocam, provocando
simultaneamente terremotos e elevações montanhosas (desdobramentos modernos). Nessas áreas é
comum surgirem vulcões, já que a presença das fendas que individualizam as placas permite o
extravasamento do magma.
Entretanto, nada disso ocorre no território brasileiro, que está localizado no centro da placa sul-
americana. Longe da borda dessa placa, local que fica à colisão com outras placas tectônicas, em nosso
país raramente são registrados abalos sísmicos ou vulcanismo atuante. Essa teoria pode ser comprovada
visualmente, pois no Brasil só ocorrem dois dos três tipos principais de estrutura geológica (escudos
cristalinos, bacias sedimentares e dobramentos modernos) encontradas na crosta terrestre:
Maciços antigos ou escudos cristalinos – são o embasamento mais antigo da crosta terrestre.
Formados no período geológico Pré-cambriano, apresentam rochas cristalinas magmáticas e
metamórficas.
Rochas cristalinas – No Brasil, as rochas cristalinas não fazem parte do ciclo de solidificação,
transformação (por temperatura e pressão) e fusão, que só ocorre nas áreas de vulcanismo atuante.
Dobramentos modernos:
Além desses dois tipos de relevo, há um terceiro: os desdobramentos modernos ou montanhas jovens.
Constituem as maiores elevações da Terra, formadas no período Terciário da Era Cenozoica. Essas
montanhas ocorrem nas áreas de contato entre as placas tectônicas, que são também os locais mais
vulneráveis à pressão que ainda hoje é exercida pelas forças internas oriundas do magma. Nessas áreas,
costumam ser frequentes abalos sísmicos (terremotos) e atividades vulcânicas (vulcões ativos).
Contudo, em épocas mais remotas, ocorreu intenso tectonismo no território brasileiro, especialmente
na atual região Sudeste. Nesse caso, movimentos de placas tectônicas geraram, simultaneamente, o
soerguimento de algumas áreas e o rebaixamento de outras. Daí surgiram as chamadas Terras Altas do
Sudeste, parcialmente entremeadas pelo vale do rio Paraíba, que se encaixa entre a Serra da Mantiqueira
e a Serra do Mar, entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
* Orogênese: processo tectônico causado por movimentos horizontais da crosta terrestre que, por sua
vez, resultam no choque de placas tectônicas. Esse fenômeno originou os grandes cinturões de
montanhas, como os Alpes, os Andes e o Himalaia;
* Epirogênese: movimento tectônico causado por pressões verticais do magma, oriundas de suas
variações térmicas. Esse fenômeno formou as serras do Mar e da Mantiqueira, bem como o vale do rio
Paraíba.
Relevo e estrutura geológica são conceitos diferentes. O relevo corresponde à forma apresentada
pela superfície terrestre, estudada por um ramo da ciência chamado geomorfologia. A estrutura
geológica corresponde à natureza das rochas que compõem o relevo. As rochas podem ser de três tipos:
Magmáticas – são as rochas resultantes da solidificação do magma. Dividem-se em dois grandes
grupos:
* Intrusivas, quando a solidificação ocorre no interior da crosta terrestre. Esse processo de
solidificação é mais lento, o que permite o desenvolvimento de grandes cristais visíveis a olho nu. Esses
cristais formam as rochas cristalinas, como o granito e o quartzo;
* Extrusivas, formadas na superfície, de origem vulcânica. Como o resfriamento e a solidificação são
muito rápidos, não há tempo para a formação de grandes cristais. O exemplo mais comum desse grupo
de rochas é o basalto.
Metamórficas – rochas oriundas da transformação físico-química de outras previamente existentes.
São exemplos desse tipo de rocha o mármore, resultante da transformação do calcário, e o gnaisse, da
transformação do granito.
Sedimentares – são as rochas formadas sobretudo pela deposição de detritos. Esses detritos podem
ser de rochas preexistentes, caso do arenito, ou de matéria orgânica, caso do carvão mineral, que resulta
da decomposição, sedimentação e compactação de antigas florestas.
O relevo brasileiro é modelado principalmente pelas intempéries, isto é, pelas variações rigorosas dos
elementos climáticos, como a temperatura, o vento e a chuva, que atuam sobre as rochas causando
alterações físicas e químicas. Essa atuação é chamada de intemperismo. Nas regiões de alta
pluviosidade prevalece o intemperismo químico, que leva ao desgaste das rochas pela transformação dos
minerais por oxidação e outras reações químicas com a água. Nas regiões de menor pluviosidade, como
o sertão nordestino e o Centro-Oeste, prevalece o intemperismo físico, fenômeno de dilatação e
contratação das rochas pela oscilação de temperatura, o que provoca a sua fragmentação.
A esculturação do relevo é muitas vezes acelerada pela ação antrópica (humana), que pode alterar
tanto o processo de erosão como o de sedimentação.
As bacias sedimentares:
Já sabemos que as rochas sedimentares são formadas de detritos dos mais variados tipos de rochas,
que foram submetidas ao intemperismo, processo físico-químico responsável pela sua desagregação e
transformação. Esses detritos, transportados pela água, vento ou gelo, depositam-se nas grandes
depressões da superfície terrestre, formando as bacias sedimentares.
Durante a era Mesozoica, quando a bacia sedimentar do Paraná estava sendo formada, ocorreu uma
intensa atividade vulcânica no território brasileiro, basicamente sob forma de imensos derrames de lava.
Esses derrames vulcânicos formaram rochas basálticas, cuja decomposição originou a terra roxa, solo
extremamente fértil que determinou a vocação agropecuária do oeste do estado de São Paulo e norte do
estado do Paraná.
A bacia sedimentar do Paraná também se destaca pela ocorrência de outro magnífico recurso
estratégico: um imenso depósito de água potável. Trata-se do Aquífero Guarani, um gigantesco lençol
freático que ocupa uma área total de 1.200.000 km², estendendo-se por terras brasileiras e dos outros
três países do Mercosul.
Questões
01. (SEDUC/PI – Professor de Geografia – NUCEPE/2015) Para análise das paisagens naturais
brasileiras o geógrafo Ab’Saber (1967) propôs uma classificação em domínios morfoclimáticos.
Marque a alternativa que apresenta CORRETAMENTE os aspectos relacionados à concepção da
leitura das paisagens por Ab’Saber.
(A) Expressa a relação intrínseca entre as condições fitogeográficas, flutuações climáticas e as formas
do modelado da superfície terrestre.
(B) As delimitações geográficas dos domínios morfoclimáticos brasileiros são precisas, a partir das
condições específicas de cada um, sem áreas de transição ou interconexão entre eles.
(C) Os domínios morfoclimáticos brasileiros são propostos considerando os aspectos geológicos e
geomorfológicos das bacias hidrográficas.
(D) Utiliza como critério para classificação o endemismo como o que ocorre no Cerrado e na Caatinga,
domínios morfoclimáticos brasileiros exclusivos da região Nordeste.
(E) Considera os aspectos inerentes à classificação dos macrocompartimentos do relevo brasileiro
como planícies, planaltos e depressões.
02. (IF/MT – Professor de Geografia – IF/MT) A originalidade dos sertões no Nordeste brasileiro
reside num compacto feixe de atributos: climático, hidrológico e ecológico. Fatos que se estendem por
um espaço geográfico de 720 mil quilômetros quadrados [...]. Na realidade, os atributos do Nordeste seco
estão centrados no tipo de clima semiárido regional, muito quente e sazonalmente seco, que projeta
derivadas radicais para o mundo das águas, o mundo orgânico das caatingas e o mundo socioeconômico
dos viventes dos sertões. (AB’SÁBER, A. N. Os Domínios de natureza no Brasil: potencialidades [...]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.)
O texto descreve os sertões do Nordeste brasileiro como
(A) uma paisagem, onde os aspectos climáticos, entre eles a temperatura, quase sempre muito
elevada, e as precipitações anuais que geralmente variam entre 1500 e 1800 mm, influenciam nas
formações vegetais, nas características hidrológicas e na vida social e econômica dos sertanejos.
(B) um lugar onde a hidrologia regional do Nordeste úmido independe do ritmo climático sazonal que
ocorre, área habitada pela população pobre com baixo poder econômico.
(C) um mundo orgânico, caracterizado pelos elevados índices pluviométricos que determinam a
originalidade ecológica, climática, hidrológica e a vida dos sertanejos.
(D) uma vereda hidrológica e ecológica, onde as águas dos rios temporários fluem mesmo na época
das precipitações com cerca de 3500 mm anuais, possibilitando as atividades econômicas dos habitantes
dos sertões.
03. (MPU – Analista em Geografia – CESPE) De acordo com o geógrafo Aziz Ab’Saber, em um
estudo integral do relevo de determinada área, utilizado para o planejamento de ocupação do espaço,
devem ser considerados alguns níveis de abordagem pertinentes à geomorfologia. No que se refere a
esses níveis, julgue o item a seguir.
A estrutura superficial é um estudo que representa a ação dos processos morfodinâmicos que agem
atualmente sobre determinada área. Esses processos, constantemente, derivam de modificações
causadas pelo homem, que interfere nas atividades evolutivas do modelado original.
(....) Certo (....) Errado
A ideia central desse projeto ambientalista consiste em reativar áreas com o plantio de
(A) florestas sociais
(B) espécies ornamentais
(C) culturas de exportação
(D) monoculturas comerciais
(E) policulturas de subsistência
06. (TJ/SC – Técnico Auxiliar – TJ/SC) De acordo com o geógrafo Aziz Ab’Saber, existem no Brasil
seis grandes áreas que se caracterizam pelo predomínio de uma paisagem natural, são os Domínios
Naturais ou Morfoclimáticos. Sobre eles e suas principais características, assinale as proposições
corretas:
I O Domínio das Pradarias, localiza-se em uma área de planície inundável, solos férteis e coberto por
uma vegetação de gramíneas. Por estar distante dos grandes centros industriais do país, apresenta uma
menor interferência pelas atividades humanas.
II O Domínio da Caatinga, corresponde ao Sertão Nordestino e é constituído por formações xerófitas
e arbustos espinhentos e caducifólios.
III As condições de aridez e a pequena diversidade biológica do Domínio da Caatinga explicam porque
este domínio apresenta menores índices de degradação ambiental.
IV O Domínio de “Mares de Morros” recebe esta denominação em virtude da sua forma de relevo que
se caracteriza por apresentar morros arredondados, intensamente desgastados pela erosão,
correspondendo aos planaltos e serras do Sudeste que já estiveram recobertos por uma floresta tropical
úmida, a Mata Atlântica, hoje quase totalmente devastada.
Estão corretas as proposições:
(A) Todas as proposições estão corretas
(B) I, II e III
(C) II, III e IV
(D) I e II
(E) II e IV
07. (TJ/SC – Técnico Auxiliar – TJ/SC) “No cinturão de máxima diversidade biológica do planeta –
que tornou possível o advento do homem- a Amazônia se destaca pela extraordinária continuidade de
suas florestas, pela ordem de grandeza de sua principal rede hidrográfica e pelas sutis variações de seus
ecossistemas, em nível regional e de altitude.” Ab’Saber, Aziz- Os Domínios de Natureza do Brasil: Potencialidades Paisagísticas. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2003, p. 65.
Sobre a Amazônia, suas características e aspectos fisionômicos, todas as alternativas estão corretas,
EXCETO:
(A) A Amazônia é caracterizada pela predominância de terras baixas florestadas, delimitadas pelas
bordas dos planaltos ao norte e ao sul.
(B) A região é caracterizada pelo predomínio do clima equatorial que apresenta médias térmicas
elevadas e pequena amplitude térmica anual. Os índices pluviométricos são elevados, superiores a 2 000
mm anuais.
Apostila gerada especialmente para: rayssa oliveira silva 017.822.702-13
. 98
(C) O processo de degradação e devastação da região Amazônica pode-se facilmente ser observado
pelas imagens de satélite, o “arco do desmatamento,” que avança de Rondônia e Mato Grosso para o sul
e sudeste do Pará.
(D) Os fatores responsáveis pelo desmatamento da Amazônia são: o avanço das fronteiras agrícolas,
com a soja, a exploração madeireira, a criação de gado, com a queimada das vegetação para a instalação
das pastagens e os grandes projetos mineralógicos da região.
(E) A Amazônia apresenta a maior diversidade biológica do planeta e isto está diretamente relacionada
com a grande variação latitudinal da região.
08. (MPU – Analista em Geografia- CESPE) No que concerne à zoogeografia e à fitogeografia, julgue
o item seguinte.
Segundo a classificação de Ab'Saber para a vegetação brasileira, os domínios morfoclimáticos
apresentam uma distribuição zonal.
(....) Certo (....) Errado
Gabarito
Comentários
01. Resposta: A.
O geógrafo Aziz Ab’Saber classificou essas paisagens em domínios morfoclimáticos, separados uns
dos outros por faixas de transição – paisagens heterogêneas, compostas por elementos vegetais de dois
ou mais domínios. Essa classificação considera a interação do relevo com os outros elementos naturais,
como o clima, a vegetação, o solo, a estrutura geológica, etc.
02. Resposta: A.
Vegetação do clima semiárido – caatinga: A relativa escassez de água, somada à pobreza dos
solos, ofereceu condições naturais para o desenvolvimento da caatinga.
A caatinga é caracterizada pela predominância de espécies arbustivas, especialmente cactáceas,
entremeadas por gramíneas e por algumas árvores de maior porte. Por isso, é considerada uma
vegetação complexa. As plantas têm muitos espinhos, caules grossos e poucas folha. Enfim, são
caracteristicamente plantas xerófitas (adaptadas a climas secos).
05. Resposta: A.
O pesquisador da USP Aziz Ab’Saber procurou introduzir no Brasil as florestas sociais, ou seja, o
aproveitamento de solos pobres para o plantio de árvores de alta rotação, reconhecendo que o eucalipto
seria uma das espécies que melhor se enquadraria na proposta.
06. Resposta: E.
As assertivas II e IV estão corretas e as afirmativas I e III estão incorretas. Na assertiva I, há vários
erros. Primeiramente, a pradaria brasileira, também conhecida por pampas, localizada no sul do país, é
uma planície, mas não é inundável. A região está, de fato, distante dos grandes centros industriais do
país, mas isso não significa que há menor interferência humana. A interferência humana na região é
bastante significativa, com a prática de agropecuária, plantação de monoculturas e queimadas
propositais, que geram impactos ambientais graves, como a arenização. Já a assertiva III está incorreta
por afirmar que a caatinga apresenta pouca diversidade biológica e menores impactos ambientais. A
caatinga tem biodiversidade ambiental considerável, embora a vegetação seja semelhante visualmente,
o que dá a impressão de que se está diante de baixa diversidade. Vale lembrar que a caatinga é
considerada o único bioma exclusivamente brasileiro, pois grande parte de seu patrimônio biológico só é
07. Resposta: E.
Vegetação do clima equatorial – Floresta Amazônica – O calor e a umidade constantes favoreceram
o aparecimento da formação vegetal mais exuberante do planeta. Trata-se da Floresta Amazônica
(também denominada Hileia, floresta pluvial ou floresta equatorial).
A Floresta Amazônica caracteriza-se pela grande diversidade: um hectare contém mais de trezentas
espécies. É uma floresta densa, úmida e latifoliada, isto é, composta por árvores de folhas largas, que
propiciam uma intensa evapotranspiração.
Classificação climática:
Segundo Lísia Bernardes, existem no Brasil cinco tipos climáticos principais:
Equatorial:
Abrange a maior parte da Amazônia Brasileira. Apresenta temperaturas elevadas o ano todo, pequena
amplitude térmica anual, chuvas abundantes e bem distribuídas durante o ano todo (2.000 – 3.000
mm/ano);
Tropical:
Tipo climático predominante no Brasil (Centro-Oeste, Meio-Norte, maior parte da Bahia e Agreste).
Apresenta temperaturas elevadas (verão 25º C, inverno 21º C), com duas estações bem definidas: verão
chuvoso e inverno seco;
Tropical de altitude:
Abrange o domínio de mares de morros no Sudeste (maior parte de Minas Gerais e trechos do Espírito
Santo, Rio de Janeiro e São Paulo). É um clima mesotérmico, com temperaturas amenas (verão 25º C,
inverno 18º C) e com chuvas concentradas no verão;
Semiárido:
Característico do Sertão Nordestino, abrangendo o Vale Médio do São Francisco e norte de Minas
Gerais, apresenta temperaturas elevadas (superiores a 25º C), chuvas escassas e irregulares.
Caracterizado pelas estiagens bem pronunciadas;
Subtropical:
Predominante na porção meridional do Brasil (parte de São Paulo, Paraná, além de Santa Catarina e
Rio Grande do Sul). Mesotérmico, com temperaturas amenas, apresenta grande amplitude térmica (verão
25º C, inverno 15º C) e chuvas distribuídas regularmente durante o ano todo, sem estação seca, com
índices pluviométricos entre 1.700/1.900 mm/ano.
5
Autor: Melina Campos Lima, Prof.ª de Direito Internacional da UFRJ, Mestra e Doutoranda em Economia Internacional (UFRJ).
A distribuição dos vegetais na superfície terrestre está intimamente relacionada com as caraterísticas
climáticas de cada lugar, havendo até quem afirme que a vegetação é o reflexo do clima.
Assim, para analisar a distribuição das principais formações vegetais brasileiras, é preciso considerar
também os diversos domínios climáticos existentes no país.
A vegetação brasileira:
Entre outras classificações de nossa vegetação, uma das mais didáticas (proposta pela geógrafa Dora
Amarante Romariz) é a que identifica no Brasil quatro grandes formações vegetais: florestais, complexas,
campestres e litorâneas).
Formações Florestais:
Segundo suas características, as formações florestais classificam-se em dois tipos: latifoliadas e
aciculifoliadas.
As latifoliadas caracterizam-se pela presença de árvores que têm folhas largas e que se agrupam
densamente. Quase todas atingem grande altura e abrigam sob suas copas árvores menores, arbustos
e herbáceas. Distribuem-se amplamente no Brasil, graças ao predomínio de climas quentes e úmidos.
As aciculifoliadas compõem-se de espécies com folhas pontiagudas, adaptadas às baixas
temperaturas. No Brasil, ocorrem especialmente nas áreas mais elevadas da bacia do Paraná, onde se
verifica o clima subtropical, com verões brandos.
Formações Complexas:
As formações complexas correspondem aos domínios do cerrado, da caatinga e do Pantanal, onde
extratos arbóreos, arbustivos e herbáceos convivem na paisagem:
O Cerrado:
Também denominado savana-do-brasil, o cerrado é a segunda formação vegetal mais extensa do país.
Ocupava originariamente quase 25% do nosso território, mas vem se reduzindo cada vez mais.
Típico de áreas de clima tropical com duas estações bem marcadas – verão chuvoso e inverno seco -
, aparece em quase todo o Brasil Central, isto é, na Região Centro-Oeste e arredores, como o sul do Pará
e do Maranhão, o interior de Tocantins, o oeste da Bahia e de Minas Gerais e o norte de São Paulo.
Caracteriza-se pelo domínio de pequenas árvores e arbustos bastante retorcidos, com casca grossa,
geralmente caducifólios (cujas folhas caem, impedindo o vegetal de perder água) e com raízes profundas.
Sua origem é uma incógnita: alguns a atribuem ao clima com alternância entre as estações úmida e
seca durante o ano; outros, ao solo extremamente ácido e pobre; outros, ainda, à ação conjunta desses
dois fatores. Além disso, deve-se levar em conta a ação humana: certos tipos de cerrado resultam da
realização de queimadas sucessivas num mesmo local. Em escala mais ampla, o aproveitamento
econômico dos domínios do cerrado vem destruindo a vegetação natural para a prática da pecuária e da
agricultura comercial mecanizada (cultivo de soja).
A Caatinga:
A caatinga, formação típica do clima semiárido do sertão nordestino, ocupa cerca de 11% do território
brasileiro. É composta por plantas xerófilas (como as cactáceas, com folhas em espinhos), caducifólias e
pela carnaubeira, cujas folhas se recobrem de uma cera que evita a transpiração.
O principal uso econômico dos domínios da caatinga é a agropecuária, que apresenta baixos
rendimentos e afeta negativamente o equilíbrio ecológico. Seria preciso adotar técnicas de uso do solo
mais racionais do que as empregadas hoje e expandir a construção de açudes e de canais de irrigação,
para impedir uma provável desertificação, a médio ou longo prazo, do já muito seco sertão nordestino.
O Pantanal:
O Pantanal, uma grande depressão localizada no interior de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul,
com altitude média de 100 m acima do nível do mar, tem uma porção inundável em que apenas nas
estiagens de inverno se desenvolve vegetação – uma formação rasteira apropriada à prática da pecuária.
Na sua porção de alagamento eventual, à vegetação rasteira misturam-se arbustos. Nas áreas altas,
encontramos espécies típicas dos cerrados, que, em alguns pontos mais úmidos, misturam-se as
espécies arbóreas da floresta tropical.
A economia tradicional do Pantanal sempre foi a pecuária, praticada em harmonia com o ambiente,
sem destruí-lo. Mais recentemente, porém, a região tornou-se objeto de novas formas de ocupação:
envolvendo o investimento de grandes capitais, a implantação da agricultura comercial, a utilização de
agrotóxicos e a construção de estradas, com a barragem das águas realizada por pontes, têm ocasionado
sérios desequilíbrios ecológicos. Além desses problemas, surgiram outros, como a caça ilegal de jacarés
e a pesca predatória, especialmente na piracema.
Formações Herbáceas:
As formações herbáceas – também denominadas campestres -, compostas de vegetação rasteira, com
gramíneas e pequenos arbustos, são encontradas em todas as regiões brasileiras e diferenciam-se de
acordo com as características climáticas e pedológicas (do solo) das áreas de ocorrência, que são:
* os campos meridionais, destacando-se a Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul – onde se
encontra a área de gramíneas mais extensa e homogênea (denominada “campos limpos”) – e os Campos
de Vacaria, em Mato Grosso do Sul. A pecuária é a atividade econômica mais comum nessas regiões;
* os campos da Hileia, que correspondem às áreas inundáveis da Amazônia oriental, como o litoral
do Amapá, a ilha de Marajó e o Golfão Maranhense;
* os campos de altitude, na serra da Mantiqueira (no Sudeste) e na região serrana dos Planaltos
Residuais Norte-Amazônicos, chamados Campos de Roraima (na Amazônia).
O imenso território brasileiro apresenta uma grande variedade de climas, vegetação, relevo e rios. A
interação desses elementos resulta na formação de uma extraordinária diversidade de paisagens
naturais.
O geógrafo Aziz Ab’Saber classificou essas paisagens em domínios morfoclimáticos, separados uns
dos outros por faixas de transição – paisagens heterogêneas, compostas por elementos vegetais de dois
ou mais domínios. Essa classificação considera a interação do relevo com os outros elementos naturais,
como o clima, a vegetação, o solo, a estrutura geológica, etc.
Domínios Morfoclimáticos:
Amazônico – Terras baixas florestadas equatoriais;
Mares de Morros – Áreas mamelonares tropicais-atlânticas florestadas;
Cerrado – Chapadões tropicais interiores com cerrados e florestas-galerias;
Caatingas – Depressões intermontanas e interplanálticas semiáridas;
Araucária – Planaltos subtropicais com araucárias;
Pradarias – Coxilhas subtropicais com padrarias mistas.
Faixas de Transição:
Não-Diferenciadas.
A ação do homem:
É preciso ressaltar que o fator antrópico (a ação do homem) está presente no processo de degradação
de todos esses domínios morfoclimáticos do Brasil. Todavia, as transformações impostas pelo homem
foram mais intensas nas regiões economicamente mais desenvolvidas.
Nelas, consequentemente, registram-se os mais sérios problemas ambientais do nosso país. Dentre
esses problemas, destacam-se os grandes movimentos de massas, isto é, os deslizamentos, provocados
sobretudo pelas seguintes condições:
* intensas atividades antrópicas;
Problemas Ambientais:
Como todos os países do mundo, o Brasil também registrou uma intensa destruição do meio ambiente
ao longo de sua história. E as causas de tal destruição estão vinculadas intimamente ao modelo de
desenvolvimento econômico adotado desde o início da colonização. Aqui, da mesma forma que nos
países mais desenvolvidos, a busca do lucro foi sempre prioritária, em detrimento da natureza.
A expansão da agricultura demonstra, mais claramente do que qualquer outro processo, esse perverso
mecanismo de destruição. Em geral, o caminho para a implantação da imensa maioria dos cultivos é
aberto por um desmatamento descontrolado. Assim aconteceu com o cultivo da cana-de-açúcar na Zona
da Mata nordestina, durante o século XVI, quando foi devastada grande parte da Mata Atlântica; com o
cultivo do café em São Paulo, no século XIX, que repetiu essa mesma destruição no Sudeste; com o
cultivo da soja no Centro-Oeste, que em pouco mais de três décadas alterou radicalmente o ecossistema
do cerrado.
Os campeões da Biodiversidade
Apenas 17 das 200 nações existentes no mundo conseguem reunir 70% da diversidade biológica do
planeta. Países como o Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Indonésia e Malásia, por possuir grandes
porções de florestas tropicais em seus territórios, concentram a maior parte da biodiversidade terrestre.
Legislação Ambiental
Preservação:
Impede qualquer interferência humana em um dado ambiente para evitar dano, degradação ou
destruição dos ecossistemas, áreas geográficas definidas ou espécies animais e vegetais.
Conservação:
Prevê o manejo sustentável, isto é, a exploração econômica de recursos de uma região, desde que
seja baseada em pesquisas e levantamentos e feita de acordo com certas normas e treinamento
específico, além de respeitar a legislação em vigor.
Poluição Sonora – principalmente nos grandes centros urbanos, dores de cabeça, mal-estar e
redução auditiva;
Poluição Visual – causada pelo excesso de placas, propagandas, outdoors, que tiram a atenção
principalmente dos motoristas, pode ser um dos motivos de acidentes de trânsito.
* Mamíferos:
Ariranha, jaguatirica, lobo-guará, mico-leão-dourado, muriqui, onça-pintada, tamanduá-bandeira, tatu-
canastra, uacari-vermelho, veado-campeiro.
* Répteis:
Lagartixa-de-areia, tartaruga-de-couro, tartaruga-de-pente, tartaruga-verde.
A questão Amazônica
Durante séculos, essa imensa parcela do espaço brasileiro representou uma fronteira preservada e
praticamente desabitada, a ser conquistada pela “civilização” que se ergueu no Centro-Sul do país.
Seus primeiros habitantes já haviam estabelecido uma forma equilibrada de relacionamento com a
gigantesca floresta. Se compararmos a sua forma de ocupação com aquela que viria a ser imposta por
nossa sociedade ocidentalizada, podemos observar que os índios viviam em harmonia com seu espaço.
As primeiras incursões de grande porte ocorreram no final do século XIX e início do século XX,
motivadas pela exploração da Hevea brasiliensis (seringueira). A região recebeu nessa época um grande
contingente de pessoas, mas as picadas (nome popular de uma trilha em ambiente florestal) e as poucas
estradas não resultaram em grande devastação. Podemos afirmar que até meados da década de 1970 a
Amazônia permaneceu preservada.
Nessa década, os governos militares brasileiros, segundo a doutrina de Segurança Nacional elaborada
por eles, acreditavam que era necessário ocupar a fronteira norte do país, pois temiam que, se
continuasse desabitada (os indígenas, numerosos na região, não eram levados em conta), a região
amazônica constituiria um grave risco estratégico.
Por isso foi implementado um plano de ocupação e aproveitamento da região. Em linhas gerais,
destacam-se os seguinte pontos:
* Criação da zona franca de Manaus;
* Promoção de uma reforma agrária;
* Construção da Transamazônica;
* Implantação de grandiosos projetos de exploração agrícola mineral.
Esse conjunto de iniciativas promoveu o “descobrimento” dessa importante parcela do território
nacional. Em meados da década de 1970 muitos agricultores do Sul dispuseram-se a emigrar para as
terras mais baratas do Centro-Oeste e para as bordas da Floresta Amazônica propriamente dita, fato que,
infelizmente, contribuiu de forma decisiva para agravar a devastação da área.
Na década de 1980 muitos grupos econômicos, especialmente empresas multinacionais e
especuladores, desencadearam o loteamento e a exploração desse importante conjunto de terras
florestadas. Vários desses grupos são madeireiras, que continuam devastando gigantescas áreas em
pouco tempo e criando imensas clareiras na floresta.
Na década de 1990, esse processo de degradação se acelerou devido à chegada de grandes
madeireiras da Malásia e da Indonésia. Sentindo o esgotamento dos recursos na Ásia, essas empresas
passaram a atuar na Amazônia, associando-se a grupos brasileiros e japoneses.
Já no século XXI grandes empresas de mineração ainda destruíam a cobertura vegetal para explorar
o subsolo. Nem sempre seus dirigentes consideravam a necessidade de recompor a área.
Os planos de manejo, obrigatórios no Brasil, apresentam estudos denominados EIA e RIMA (Estudos
de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental, respectivamente) antes de explorar qualquer
área, dificilmente podem recuperar locais intensamente afetados, cujo aspecto lembra as paisagens
lunares.
O caráter predatório da agricultura e da pecuária itinerante também agride a floresta por meio das
queimadas, técnica antiquada para abrir espaços de forma rápida para o plantio e a criação.
Trata-se de garantir a exploração de recursos florestais para as populações locais, que tem
conhecimento e respeito do ritmo de regeneração das plantas e, portanto, são capazes de explorar tais
recursos sem devasta-los.
A questão da Água
Em nível mundial, é provável que a água tenha se tornado a questão mais debatida em todos os fóruns
de discussão sobre o meio ambiente. No Brasil, dois problemas têm gerado uma crescente preocupação
da sociedade: a deterioração sistemática dos recursos hídricos e sua crescente escassez.
A deterioração da qualidade dos recursos hídricos, especialmente nos rios e represas, é causada
principalmente pela poluição. Esta, por sua vez, tem como origem principal os esgotos urbanos e os
rejeitos agrícolas.
Os esgotos urbanos são produzidos tanto pelas residências quanto pelas empresas, principalmente
pelas indústrias.
A escassez da água tem como causa principal o mau uso desse recurso, especialmente o desperdício.
Outras causas são a ocupação das áreas de mananciais por loteamentos irregulares e a destruição das
matas que protegem as nascentes dos rios. Além disso, a expansão acelerada da agricultura tem
promovido a devastação da mata ciliar, a floresta nativa que acompanha o curso dos rios. Sem essa
vegetação, as margens dos rios ficam expostas à erosão pelas enxurradas, são destruídas e acarretam
o assoreamento dos leitos, que constitui a principal causa de diminuição do volume de água nos rios.
Os portos de areia, áreas de extração muito comuns nas várzeas dos rios que drenam terrenos
sedimentares, também causam assoreamento. Nessas várzeas de onde se extrai areia o rio forma
meandros e, portanto, fica mais lento, reduzindo sensivelmente o volume de água a jusante.
Bioma é uma porção da superfície terrestre que se individualiza geograficamente na paisagem natural,
pois apresenta características de clima, solo, vegetação e fauna que a tornam única.
Aterros sanitários:
Têm resíduos compactados e cobertos com terra, sã ode baixo custo, mas se não forem bem
administrados, podem se transformar em depósitos de ratos e insetos;
Incineração:
Transforma o lixo em cinzas, diminui o volume, mas tem um alto custo e a fumaça polui o ar;
Compostagem:
Consiste em transformar restos de comida, esterco de animais e podes de árvores em adubo; também
reduz o volume e pode ser usada como cobertura para aterros sanitários, mas o processo é lento, e os
gases que produz exalam mal cheiro;
Reciclagem:
Considerada a solução ideal pelo governo e por ecologistas, consiste no processamento e
reaproveitamento de determinados produtos. Mas, para tanto, algumas providências terão de ser
tomadas, como a coleta seletiva, reutilização de vasilhames, latas, sacolas, doação do que não se usa,
não atirar as coisas aleatoriamente, entre outras medidas.
Desertificação
É o empobrecimento dos ecossistemas áridos ou sub úmidos em virtude do efeito combinado das
atividades humanas e da seca (Nairóbi, 1077).
É a degradação das terras áridas e semiáridas e sub úmidas resultante de vários fatores, incluindo
variações climáticas e atividades humanas (Rio/92).
ANTUNES, Vera Lúcia da Costa. Geografia do Brasil: Quadro Natural e Humano. Coleção Objetivo. Editora Sol.
GARCIA, Hélio Carlos; e GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. 4ª edição: Anglo.
TAMDJIAN, James Onnig. Geografia geral e do Brasil: estudos para compreensão do espaço. São Paulo: FTD.
Questões
01. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil, fortemente influenciado pela intensidade
de interferência das massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em: equatorial úmido,
tropical seco e úmido, tropical seco, litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados brasileiros
apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o item que se segue.
No estado do Mato Grosso, predominam os climas equatorial úmido e tropical seco e úmido.
(....) Certo (....) Errado
02. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil, fortemente influenciado pela intensidade
de interferência das massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em: equatorial úmido,
tropical seco e úmido, tropical seco, litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados brasileiros
apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o item que se segue.
O clima predominante no bioma Pantanal é o equatorial úmido.
(....) Certo (....) Errado
03. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil, fortemente influenciado pela intensidade
de interferência das massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em: equatorial úmido,
tropical seco e úmido, tropical seco, litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados brasileiros
apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o item que se segue.
Na região litorânea brasileira, que se estende do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, predomina
o clima litorâneo úmido, com chuvas denominadas orográficas, cujo volume atinge médias anuais em
torno de 1.500 mm.
(....) Certo (....) Errado
04. (Adaptada) Segundo uma organização mundial de estudos ambientais, em 2025, “duas de cada
três pessoas viverão situações de carência de água, caso não haja mudanças no padrão atual de
consumo do produto”.
Uma alternativa adequada e viável para prevenir a escassez, considerando-se a disponibilidade global,
seria:
(A) Desenvolver processos de reutilização de água.
(B) Explorar leitos de água subterrânea.
(C) Ampliar a oferta de água, captando-a em outros rios.
(D) Captar águas pluviais.
(E) Importar água doce de outros estados.
Apostila gerada especialmente para: rayssa oliveira silva 017.822.702-13
. 110
Gabarito
Comentários
04. Resposta: A.
Com a tendência do crescimento do consumo per capita e do aumento da população absoluta, a
escassez de água é, nas próximas décadas, algo iminente. A questão não se restringe apenas em ampliar
o volume de água disponível nem remanejar os depósitos conhecidos à disposição, com captação de
água subterrânea ou de lugares distantes. É imperativo utilizar racionalmente os recursos hídricos, e a
reutilização da água é a forma mais viável.
Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas sociedades. Na Grécia antiga, por
exemplo, os filósofos já debatiam sobre qual era a essência de tudo o que existe no mundo, especialmente
da água, da terra, do fogo e do ar. As poucas, mas significativas, descobertas feitas por eles levaram-nos
a acreditar que a Terra era perfeitamente harmônica, concebida por algo divino e de extrema inteligência.
Aristóteles (c. 485 a. C - 420 a.C.), um dos maiores pensadores gregos, defendia que todas as coisas
na Terra, vivas e não vivas (como as rochas), tinham uma profunda ligação entre si e até mesmo uma
essência comum, sendo úteis para a sobrevivência. Pouco a pouco se desenvolveu a ideia de que a Terra
é um gigantesco ser vivo.
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente passou a ser tratado isoladamente, como
se fosse um conjunto de elementos que não tinham nenhuma relação com a sociedade e existiam apenas
para atender às suas necessidades,
Dentro desse contexto histórico - com suas características sociais, econômicas e políticas -, os
interesses econômicos privados tomaram-se explícitos e prevaleceram sobre qualquer alerta de
problemas ambientais que poderiam surgir em longo prazo.
Em 1962, por exemplo, a cientista estadunidense Rachel Carson (1907-1964) denunciou em seu livro
Primavera silenciosa o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras, afirmando que eles eram
prejudiciais à natureza e à saúde humana.
Imediatamente ela foi perseguida e difamada pelas indústrias químicas. Em 1963, uma equipe
científica do próprio governo dos Estados Unidos afirmou que a pesquisadora tinha razão, levando uma
parcela da opinião pública mundial a entender que os problemas com o equilíbrio da vida no planeta
poderiam ser graves.
O processo de desenvolvimento do capitalismo foi acompanhado por profundos avanços científicos,
muitas vezes patrocinados por investimentos particulares. Mas qual é a relação disso com o ambiente?
As descobertas aceleraram a busca por recursos naturais, e, naquele período, não havia espaço para
que os alertas da devastação ambiental fossem ouvidos. De meados do século XIX até os nossos dias,
ocorreu um verdadeiro saque aos recursos naturais e uma destruição de muitos elementos da natureza.
Certamente, nesses tempos de preocupações ambientais, o modo de vida indígena chama a atenção.
A forma como se relacionam com os recursos naturais e os manejam é mais branda que a nossa. Suas
vidas estão organizadas para que as alterações feitas no seu espaço geográfico não causem grandes
impactos.
Mas é muito importante que se faça uma ressalva: os meios de comunicação e até mesmo as
observações simplistas podem nos levar a pensar que os indígenas vivem isolados e que seu modo de
vida é totalmente harmônico com a natureza. Essa visão é muito diferente daquela que os índios têm a
seu próprio respeito. Nos estudos feitos por antropólogos e outros estudiosos, percebe-se que as variadas
nações indígenas têm infinitas formas de se relacionar com o meio que as cerca. Em comum, os índios
têm somente a visão de que a vida, em todos os sentidos, faz parte de uma rede de relações. Dessa
forma, os índios entendem que o ser humano está em constante ligação com a natureza. Assim, fica claro
que não existe a ideia de natureza intocada nem mesmo para essas sociedades. Para os índios,
certamente, não se pressupõe a natureza sem a intervenção humana.
Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela lógica do consumo. Todos os seus
componentes, jovens, adultos, idosos - sejam eles ricos ou pobres -, estão inseridos nesse contexto.
Grande parte dos meios de comunicação faz uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas de
milhares de produtos apresentados como necessários para se alcançar a felicidade. É cada vez mais
comum observarmos que o ato de consumir é colocado como uma das formas que permite ao cidadão
ou ao indivíduo sentir-se inserido na sociedade.
A expansão acelerada do consumismo acarreta alta demanda de energia, minérios, água e tudo o que
é necessário à produção e ao funcionamento dos bens de consumo. Esse padrão vem se difundindo em
todo o globo, por uma espécie de globalização do consumo, que vem crescendo a cada ano.
Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
alertam para a velocidade de utilização dos recursos naturais, que já é muito maior que a capacidade de
regeneração da natureza, uma vez que a reposição de alguns elementos é impossível, pois a escala de
tempo para a sua formação é milhões de vezes maior que a da vida média dos seres humanos.
Os impactos do consumismo
Em nossos dias é perceptível que, para manter-se produtivo, o sistema capitalista precisa ter cada vez
mais recursos, como água e ar, por exemplo. Essa afirmativa, além de real, é impressionante, uma vez
que até bem pouco tempo atrás água e ar eram recursos limpos.
Hoje a reciclagem e a purificação desses recursos são cada vez mais complexas e caras. Até mesmo
estudos para criação de tecnologias que permitam esse reaproveitamento têm um custo altíssimo.
A expansão desenfreada do consumo gera problemas que antes eram vistos como indiretos, mas que
hoje, em função da complexidade das relações capitalistas, estão cada vez mais ligados de forma direta
aos problemas ambientais.
Estamos diante de um impasse, pois, de fato, precisamos de desenvolvimento econômico. Mas que
tipo de desenvolvimento econômico pode ter?
• O consumo crescente também altera a paisagem urbana. As melhores áreas e as mais centrais,
ou ainda com melhor acessibilidade, normalmente são dominadas pelo setor comercial, gerando uma
hipervalorizarão dos imóveis em seu entorno.
• Essa especulação imobiliária nos grandes centros urbanos empurrou e ainda empurra um grande
número de trabalhadores para locais distantes dos seus postos de trabalho. Maiores serão os
deslocamentos, maiores os custos de transporte e maior a poluição gerada.
• Isso está diretamente ligado à produção de veículos, que por sua vez está atrelada à produção de
aço, petróleo, ferramentas e máquinas. Em uma sociedade de consumo, o investimento em transporte
deve se manter vinculado à produção de mercadorias a serem transportadas. Portanto, mais consumo,
maior produção; maior produção, mais transportes; mais transportes, maior emissão de poluentes.
• Por fim, a produção de energia de e acompanhar o crescimento de todas essas atividades
econômicas, o Que demanda também maior produção de equipamentos.
Note, portanto, que estamos praticamente em um ciclo vicioso.
O desenvolvimento sustentável
Apesar de relativamente recente, a ideia de desenvolvimento sustentável vem ~ando espaço com o
desenvolvimento das relações internacionais intensificadas pelo aumento das trocas comerciais,
principalmente nos últimos 200 anos.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é que essas preocupações ganharam relevância.
Uma das razões para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki (1945), que
mataram centenas de milhares de pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas ampliaram
muito as ocupações ambientais de uma considerável parcela da população mundial.
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais passaram por uma mudança que também
atingiu a questão ambiental. Em 1949 ocorreu a conferência das Nações Unidas para a Conservação e
Utilização dos Recursos Unscur), em Nova York. Em 1968 intelectuais, empresários e líderes políticos
criaram uma organização voltada ao debate sobre futuro da humanidade, o Clube de Roma, que financia
pesquisas para publicação de relatórios importantes. Em :972 eles lançaram o relatório Limites do
crescimento, em conjunto com cientistas do Massachusetts Institute ofTechnology (MIT).
Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente afirmava que, se continuassem os ritmos de
crescimento da população, da utilização dos recursos naturais e da poluição, a humanidade correria
sérios riscos de sobrevivência no final do século XXI.
Imagine se a Índia seguir o mesmo caminho. Existirão recursos para tudo isso? Certamente não.
Eco-92
Em junho de 1992, a ONU organizou na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento 'Cnumad), que ficou conhecida como Cúpula da Terra ou Eco-
92.
Entre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se:
A Convenção do Clima
A Convenção do Clima atribuiu aos países desenvolvidos a responsabilidade pelas principais emissões
poluentes, dando a eles os encargos mais importantes no combate às mudanças do clima. Aos países
em desenvolvimento, concedeu-se a prioridade do desenvolvimento social e econômico, mantendo,
porém, a tarefa de controlar suas parcelas de emissões de poluentes na medida em que se
industrializassem. As recomendações da convenção foram:
• adotar políticas que promovessem eficiência energética e tecnologias mais limpas;
• reduzir as emissões do setor agrícola;
• desenvolver programas que protegessem os cidadãos e a economia contra
• possíveis impactos da mudança do clima;
• apoiar pesquisas sobre o sistema climático;
• prestar assistência a outros países em necessidade;
• promover a conscientização pública sobre essa questão.
Entretanto, as dificuldades para implementação do acordo são imensas. Pressionado pelo lobby das
indústrias de petróleo, carvão e de automóveis, o G-7 (grupo formado pelos sete países mais ricos do
mundo, capitaneados por Estados Unidos, Japão e Alemanha) sabotou o acordo ao exigir que os países
em desenvolvimento também fossem submetidos às mesmas limitações previstas para eles, mas o Grupo
dos 77 (grupo de países em desenvolvimento, capitaneados por China, Índia e Brasil) não concordou com
essa exigência. Os acordos da Eco-92 ficaram apenas no plano das boas intenções.
A Convenção da Biodiversidade
Nessa convenção, está prevista a transferência de parte dos recursos ou lucros obtidos com a
exploração e comercialização dos recursos naturais para o seu local de origem, que receberia esse
volume de dinheiro para aplicar em programas de preservação e de educação ambiental.
Esse tratado visava a favorecer o diálogo Norte-Sul, ou seja, as relações entre os países desenvolvidos
e as nações em desenvolvimento. Porém, muito pouco foi feito.
A evolução dos estudos genéticos levou a biotecnologia a adquirir a capacidade de alterar e reproduzir
organismos - plantas e seres vivos em geral. Esse fato dotou os países ricos da possibilidade de explorar
produtos naturais e modificá-los geneticamente, adquirindo o direito de patentear tais espécies. Isso abriu
espaço para a biopirataria.
A biopirataria não seria somente a prática de contrabandear plantas e animais exóticos ou de alto valor
comercial, mas, principalmente, de apropriar-se dos conhecimentos das populações (como os
conhecimentos dos índios brasileiros sobre as propriedades medicinais de espécies vegetais, por
exemplo) e monopolizá-los, no que se refere ao uso dos recursos naturais. O quadro é particularmente
crítico em regiões de riquíssima biodiversidade, como a Amazônia.
O conhecimento das potencialidades de certos elementos da natureza deve ser disseminado, e não
pode ser tratado como uma mercadoria comercializada como qualquer objeto.
A Agenda 21
Esse documento, assinado pela comunidade internacional durante a Eco-92, assume compromissos
para a mudança do padrão de desenvolvimento no século XXI. Ou seja, a Agenda 21 procura traduzir em
ações o conceito de desenvolvimento sustentável
A Agenda 21 busca:
Para alcançar essas metas, é preciso mobilizar, além dos governos, todos os segmentos da sociedade.
Como estava previsto na Convenção do Clima, assinada durante a Eco-92, deveria ocorrer um novo
encontro internacional para discutir a redução da emissão de gases responsáveis pelo aumento da
temperatura do planeta. Tal reunião ocorreu em 1997, em Kyoto, no Japão: líderes de 160 nações
assinaram um compromisso que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto. Esse documento previa, entre
2008 e 2012, um corte de 5,2 nas emissões dos gases causadores do efeito estufa, em relação aos níveis
de 1990.
Protocolo de Kyoto permite que os países possuidores de florestas utilizem-nas como créditos a serem
abatidos do total de emissões que deveriam reduzir. Isso, na prática, permite que eles não cumpram a
meta de redução e comercializem suas cotas de poluição com os países ricos.
Protocolo de Kyoto previa que os EUA cortassem 7 de suas emissões de carbono até 2010. No entanto,
o volume de carbono que o país lança na atmosfera ainda está acima dos níveis de 1990.
Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto deveria ser ratificado por, no mínimo, 55 governos, que,
se somados, representassem no mínimo 55 das emissões de CO2 produzidas pelos países
industrializados. Essa porcentagem foi adotada para que os Estados Unidos, maiores poluidores do
planeta, não pudessem impedir, sozinhos, a adoção dessas medidas.
Brasil, China e Índia, por exemplo, estão se aproximando cada vez mais dos grandes poluidores. No
caso do Brasil, a devastação das florestas e a expansão dos rebanhos fazem do país um dos principais
emissores de metano, um gás muito agressivo para a atmosfera. Já Índia e China preocupam pela
crescente industrialização, uma vez que a energia usada é basicamente oriunda do carvão e do petróleo.
O Protocolo de Kyoto não consegue forçar os participantes a mudar sua organização socioeconômica
poluente para uma que seja de menor emissão de carbono.
O insucesso de Kyoto mostra que, se novos acordos surgirem, como veremos a seguir, eles devem
incluir metas de redução a todos os países, sejam eles altamente industrializados, sejam eles
emergentes.
A Rio+10
Em 2002, mais uma vez a ONU tentou estabelecer ações globais para a melhoria da qualidade de
vida. Tal medida ficou conhecida como Rio+ 10, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável,
que se realizou em Johanesburgo '3"0, África do Sul. Os principais temas então abordados foram:
• clima e energia: foi estabelecido o uso de energias limpas, mas não foram determinadas as metas.
Por isso, os ambientalistas protestaram, afirmando que o texto permite a inclusão da energia nuclear; já
que incentiva as energias avançadas.
• subsídio agrícola: segundo muitos críticos, a superficialidade do texto fortalece a OMC, controlada
pelos países ricos, e esvazia o papel mediador da ONU.
• o Protocolo de Kyoto: desde o protocolo, pouco mudou, pois os países que não haviam assinado até
então apenas prometeram que estudariam o caso (exceto os Estados Unidos, que até mesmo
abandonaram a reunião antes de seu final).
• biodiversidade: decidiu-se reduzir o ritmo de desaparecimento de espécies em extinção e repassar
os recursos obtidos pela exploração de produtos naturais para seus locais de origem.
• água e saneamento: foi decidido que se deve aumentar o número de pessoas com acesso à água
potável. Os críticos afirmam, porém, que o texto poderia ser mais específico quanto aos procedimentos
conjuntos a serem adotados.
• transgênicos: foram objeto de polêmica, pois as organizações supranacionais recomendam que
regiões com fome crônica adotem esses alimentos. Por outro lado, o mesmo documento diz que os países
têm o direito de rejeitar os transgênicos até o surgimento de estudos mais conclusivos.
. pesca e oceano: o tema constituiu a maior conquista da reunião, já que prevê a criação de áreas de
proteção marinha e a abolição imediata de qualquer subsídio à atividade pesqueira irregular.
N o fim dos anos 1980, aumentou a percepção de que as atividades humanas (antrópicas) eram cada
vez mais prejudiciais ao clima do planeta. A ONU convocou cientistas do mundo todo para acompanhar
esse processo e, com a colaboração de 130 governos, criaram o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (em inglês, Intergovernrnental Panel on Climate Change - IPCC).
O principal papel desse organismo foi o de criar relatórios e documentos para acompanhar a situação
ambiental do planeta e também o de fornecer essas informações para a Convenção do Quadro das
Nações Unidas sobre. Mudanças Climáticas, órgão responsável por essas discussões. Em 2007, o IPCC
recebeu, junto com o ex-vice-presidente estadunidense AI Gore, o prêmio Nobel da paz, pelo trabalho de
divulgação e-busca de conscientização sobre os riscos das mudanças climáticas.
Veja a seguir os principais alertas do IPCC:
• a temperatura da Terra deve subir entre 1,8 °C e 4° C, nas próximas décadas, o que aumentará a
intensidade de tufões e secas, ameaçará um terço das espécies do planeta e provocará epidemias e
desnutrição;
• o derretimento das camadas polares pode fazer que os oceanos elevem-se entre 18 em e 58 cm até
2100, fazendo desaparecer pequenas ilhas e, assim, obrigando centenas de milhares de pessoas a
aumentar o fluxo dos chamados "refugiados ambientais".
A Conferência de Copenhague
O Reino Unido apresentou um projeto de longo prazo, que visa à transição para o baixo carbono (baixo
consumo de derivados de carvão e petróleo), a ser adotado por toda a sua sociedade e economia. Os
Estados Unidos apresentaram seus esforços, iniciados no governo Barack Obama, para se atingir uma
energia limpa, ou seja, menos dependente do petróleo e de seus derivados.
Estes são os resultados da reunião de Copenhague:
• Brasil, China, Índia, Estados Unidos e África do Sul foram os responsáveis pela redação do
documento final da conferência, mas que não representava a intenção ou os anseios de todos os líderes
que lá estavam;
• mais uma vez um texto genérico fala sobre a necessidade de evitar um aumento da temperatura
global;
• o acordo criou um fundo de US$ 100 bilhões para os próximo três ano com o objetivo de auxiliar os
países em desenvolvimento a criar uma economia sustentável e de diminuir suas emissões de poluentes•
• o acordo não estabeleceu novas datas de reuniões mas se comprometeu a manter as negociações
em caráter permanente.
A Rio+20
Em 2012, o Rio de Janeiro foi sede de um evento para marcar o 20 aniversário da Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento do meio Ambiente, realizada em 1992, conhecida como Rio-92.
O encontro foi popularmente chamado de Rio+20.
A meta principal foi fazer um balanço dos últimos _o ano na busca de um modelo econômico baseado
no desenvolvimento sustentável, Uma das principais resoluções foi transformar o Programa das -ações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) numa agência da ONU, como a Organização Mundial da Saúde
(OMS) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), o que lhe daria mais poderes e recursos.
O fato mais frustrante nessa conferência foi a posição do G-77 (grupo dos países mais pobres ou em
desenvolvimento, que e articula eventualmente em reuniões internacionais). Como eles pretendem
crescer economicamente, praticamente rejeitaram os termos específicos sobre uma economia
ambientalmente mais equilibrada e sobre investimentos em energias renováveis. Isso obviamente
aconteceria, já que não ocorreram grandes avanços nem mesmo entre os países ricos.
Poluição Atmosférica
A poluição do ar consiste no lançamento e acúmulo de partículas sólidas e gases tóxicos que se
concentram na atmosfera terrestre alterando suas características físico-químicas.
De maneira geral, os poluentes atmosféricos podem ser produzidos por fontes primárias ou
secundárias. Os poluentes primários são aqueles liberados diretamente das fontes de emissão, como os
gases que provém de queimadas em florestas ou da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão),
lançados do escapamento dos veículos automotores e também das chaminés das fábricas, entre eles,
monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO²), dióxido de enxofre (SO²) e metano (CH4). Os
poluentes secundários, por sua vez, são aqueles formados na atmosfera a partir de reações químicas
entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera, como o ácido sulfúrico (H²SO4), ácido
nítrico (HNO³) e ozônio (O³). A esses poluentes somam-se ainda materiais particulados que abrangem
um grande conjunto de poluentes formados por poeiras, fumaças, materiais sólidos e líquidos, que se
mantêm suspensos na atmosfera.
Desde o início da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, o nível de poluentes na atmosfera
terrestre vem aumentando exponencialmente com o avanço da industrialização, dos meios de transportes
e demais atividades econômicas que se desenvolvem apoiadas na queima de combustíveis fósseis.
Milhares de toneladas de gases poluentes são lançados todos os dias na atmosfera terrestre,
desencadeando uma série de problemas ambientais, com impactos que ocorrem tanto em escalas local
e regional (como o fenômeno das inversões térmicas e das chuvas ácidas) quanto em escala global (como
a diminuição da camada de ozônio e a ocorrência do efeito estufa).
A alta concentração de poluentes no ar forma uma camada de partículas em suspensão, parecida com
uma neblina, conhecida como smog, fazendo com que a visibilidade diminua. Também causa muitos
problemas de saúde, principalmente relacionados ao sistema respiratório e cardiovascular. Em grandes
centros urbanos dos países industrializados, é frequente os níveis de poluição do ar ultrapassarem os
limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esses gases poluentes são
provenientes da queima de florestas e, em especial, de combustíveis fósseis (petróleo e carvão). Os
principais agentes poluidores são os veículos automotores e as indústrias, sobretudo as termelétricas,
siderúrgicas, metalúrgicas, químicas e refinarias de petróleo.
Um exemplo disso é a população chinesa, que é aconselhada constantemente a usar máscara para
sair às ruas, evitar exercícios ao ar livre e, em dias críticos, é alertada a permanecer no interior de suas
casas, devido aos altos níveis de poluição do ar encontrados em diversas províncias do país. Foram
registradas milhares de mortes, principalmente na última década, decorrentes de problemas respiratórios
e cardiovasculares agravados pela poluição do ar.
Inversão térmica
Em condições normais, o ar presente na Troposfera costuma circular em movimentos ascendentes, o
que ocorre em razão das diferenças de temperatura entre o ar mais aquecido e, portanto, mais leve, nas
camadas mais baixas, e o ar mais frio e mais denso, nas camadas mais elevadas.
Em regiões afetadas por intensa poluição atmosférica, como os grandes centros urbanos, a fuligem e
os gases poluentes lançados pelas chaminés da fábricas e pelo escapamento dos veículos automotores
tendem a se dispersar por meio dessas correntes ascendentes. Em dias mais frios, com baixas
temperaturas e pouco vento, típicos do outono e do inverno, a ausência de corrente de ar dificulta a
dispersão dos poluentes atmosféricos. Nessa situação, o ar em contato com a superfície mais fria também
se resfria, ficando aprisionado pela camada de ar mais quente acima, o que impede a dispersão dos
poluentes atmosféricos. Tem-se, assim, uma inversão da temperatura do ar atmosférico, a chamada
inversão térmica, fenômeno que pode ser observado na forma de uma faixa cinza-alaranjada no horizonte
dos grandes centros urbanos.
Com a ausência dos ventos ascendentes, os poluentes atmosféricos deixam de dispersar e
concentram-se próximos à superfície, o que compromete a qualidade do ar e gera problemas de saúde
aos habitantes das grandes cidades. Quando expostas aos altos índices de poluição, muitas pessoas
apresentam sintomas como dores de cabeça, coceira na garganta e irritação nos olhos, crises alérgicas
e pulmonares, problemas que afetam principalmente crianças e idosos, mais sensíveis à poluição.
A humanidade já passou por períodos mais quentes que o atual e por períodos muito frios, como
podemos observar no gráfico a seguir.
Dessa forma, muitos podem afirmar que as preocupações com o aquecimento são exageradas e que
a Terra vai passar por períodos de resfriamento tal qual já ocorreu.
Isso não é verdade. ° problema está no fato de que se ampliou muito a emissão de CO2 na atmosfera
desde o início da Revolução Industrial As fábricas e as indústrias usavam e ainda usam carvão mineral
e, posteriormente e, petróleo para gerar energia. Com o avanço das tecnologias, o petróleo passou a ser
usado também como matéria-prima e fonte de combustíveis para muitos sistemas de transporte.
Apesar de a emissão de poluentes não ser igual em todos os países e de os mais industrializados
terem responsabilidade maior nesse processo hoje já é possível afirmar que se trata de um problema
global. Grandes quantidades de poluição produzidas em um lugar podem atingir outras localidades do
planeta em função da circulação das massas de ar que transportam esses rejeitos.
O principal problema causado pelo CO2 e por outros poluentes é o desequilíbrio no efeito estufa. °
efeito estufa é um fenômeno natural em que alguns gases funcionam como retentores de calor, condição
fundamental para manter a existência de vida no planeta.
As temperaturas médias no mundo subiram muito nos últimos 150 anos, e a explicação está no
acúmulo de gases causadores do efeito estufa.
O metano é outro gás muito agressivo. Sua capacidade de reter calor na atmosfera é 23 vezes maior
que a do gás carbônico. Cerca de 30 das emissões mundiais de metano estão ligadas à pecuária,
principalmente pela ruminação e pelo esterco.
Pesquisas realizadas pela Organização para Alimentação e Agricultura (em inglês, Food and
Agriculture Organization - FAO), órgão vinculado à ONU responsável pelo setor de alimentação, e pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) afirmam que algumas árvores são suficientes
para reter o metano liberado pelo processo de ruminação. Além disso, o crescimento das pastagens
absorve o carbono.
O metano é liberado também por outras fontes: pela queima de gás natural, de carvão e de material
vegetal e também por campos de arroz inundados, esgotos, aterros e lixões.
O meta no ainda é preocupante em função da devastação das florestas. Um exemplo é o caso das
matas brasileiras, em especial da Floresta Amazônica. Historicamente, o fogo é um dos principais aliados
dos pequenos camponeses para derrubar a floresta. As queimadas na Amazônia são utilizadas há muito
tempo como forma de criar áreas para a agricultura de subsistência, fato que já faz parte cultura do povo
essa região. A expansão das atividades econômicas, especialmente a agricultura comercial, a pecuária
e a exploração madeireira, vem levando a região a entrar na lista dos maiores emissores de poluição do
planta em função da destruição de sua biomassa.
No final do século XVIII e início do século XIX, o cientista holandês lartinus van Marum descobriu um
gás com cheiro muito forte durante algumas experiências com reações químicas. Anos depois, o cientista
alemão Friedrich Schõnbein chamou esse gás de ozônio quando percebeu que ele era liberado nos
processos químicos de purificação da água. Schõnbein também notou que esse gás subia pelo ar
rapidamente e adquiria uma cor azul bem pálida. Ele acreditava então que o ozônio existia em grande
quantidade nas altas camadas da atmosfera, fato que veio a ser comprovado por Gordon Dobson por
volta dos anos 1920.
Por meio dessas pesquisas foi possível perceber que a camada de ozônio é um filtro natural para a
Terra. A constituição química do gás detém os raios solares nocivos à saúde humana; portanto, a camada
de ozônio é um dos elementos mais importantes para a manutenção da vida.
A destruição dessa camada tem relação direta com o modo de vida e o modelo produtivo adotado pela
economia mundial nos últimos tempos. Para refrigerar os alimentos usavam-se, no início do século XX,
gases extremamente perigosos, como a amônia e o enxofre.
No final dos anos 1920, Thomas Midgley Jr. descobriu um gás proveniente da combinação do carbono
com o flúor e o cloro: trata-se do clorofluorcarboneto (CFC), depois registra o pela empresa dona a patente
como gás fréon.
Os hotspots
A enorme diversidade natural das florestas chamou a atenção de muitos pesquisadores. Um deles foi
o cientista inglês Norma Myers. Ao perceber que existiam algumas regiões com maior variedade de
espécies vegetais e animais que outras, ele deu um novo significado para o conceito de biodiversidade,
antes visto genericamente como o incrível número de espécies diferentes do planeta.
Após as pesquisas de Myers, a biodiversidade pôde ser medida. Existem lugares mais biodiversos e
outros menos. Ele procurou identificar as regiões que concentravam os mais altos níveis de
biodiversidade para direcionar as ações de conservação. Essas regiões, que foram por ele chamadas de
hotspots, são localidades prioritárias para a conservação, pois sua destruição comprometeria um número
maior de vegetais e animais. Myers definiu hotspot da seguinte forma: área com pelo menos 1500
espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de três quartos de sua vegetação original.
Depois de inúmeras pesquisas, percebeu-se que todos os hotspots juntos somam apenas 2,3 da
superfície terrestre. Nessa superfície estão 50 das plantas e 42 de todos os animais vertebrados do
planeta; ou seja, cuidando como se deve e com comprometimento, podemos preservar quase metade de
toda a vida.
O modelo econômico que vigora em nossos dias é marcado por um consumo crescente de
mercadorias das mais variadas: de alimentos a automóveis, de geladeiras a roupas. Para produzir tanto,
estamos assistindo a um desenfreado consumo de água. Veja de maneira geral como foi a evolução do
consumo de água :10 Brasil e no mundo no século XX.
Em função desse modelo econômico, o processo de industrialização e de urbanização dá origem a um
volume cada vez maior de esgotos domiciliares, lixo e outros resíduos, que são lançados nos rios e mares
cotidianamente. Isso afeta qualidade das águas, tanto as superficiais quanto as dos aquíferos, em vários
pontos do planeta.
No final dos anos 1990, veio à tona um problema exemplarmente grave no norte do Golfo do México,
litoral sudeste dos Estados Unidos. Produtos químicos como fertilizantes foram levados para o mar pelo
Rio Mississipi, destruindo oxigênio nessas águas. Consequentemente, a vida marinha foi dizimada,
gerando o que os especialistas passaram a chamar de "zona morta", com aproximadamente mil
quilômetros quadrados.
Os rios e os lagos, que formam os ecossistemas de água doce, são considerados o meio de vida
natural mais ameaçado do planeta.
Embora ocupem apenas 1 da superfície terrestre, os ecossistemas de água doce abrigam cerca de 40
das espécies de peixes e 12 dos demais animais. Para ter uma ideia da diversidade desses ecossistemas,
o Rio Amazonas, sozinho, possuiu mais de 3 mil espécies de peixe. Todos os estudos feitos recentemente
apontam que 34 das espécies de peixes de água doce encontradas em todo o mundo correm o risco de
extinção, ameaçadas, principalmente, pela construção de represas, canalização dos rios e poluição.
Entre 1950 e os nossos dias, o número de grandes barragens no mundo passou de 5750 para mais
de 41 mil, fato que alterou radicalmente a dinâmica da vida aquática.
Esse cenário alarmante é agravado pela pequena disponibilidade de água para o consumo humano.
Embora 75 da superfície terrestre seja recoberta por água, os seres humanos só podem usar uma
pequena porção desse volume, porque nem sempre ela é adequada ao consumo. É o caso da água
salgada dos mares e oceanos, que representa cerca de 97 da quantidade total disponível na Terra.
Dos cerca de 3 restantes, apenas um terço é acessível, em rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e
na atmosfera. Os outros dois terços são encontrados nas geleiras, calotas polares e lençóis freáticos
muito profundos.
Além de ser um recurso finito, a água é cada vez mais consumida no mundo todo. Ao longo do século
XX, por exemplo, a população mundial cresceu três vezes, enquanto as superfícies irrigadas cresceram
seis vezes e o consumo global, sete vezes.
Esse aumento exponencial do consumo mundial de água está gerando um fenômeno conhecido como
estresse hídrico, isto é, carência de água. Segundo o Banco Mundial, essa situação ocorre quando a
disponibilidade de água não chega a 1000 metros cúbicos anuais por habitante.
A intensificação do comércio internacional nas últimas décadas tem deixado marcas negativas nos
oceanos.
Nos mares de quase todas as regiões do planeta existem gigantescas manchas de petróleo. Em parte,
essas manchas ocorrem por descaso e pelo uso de equipamentos obsoletos que causam vazamentos.
Além disso, muitos navios petroleiros chegam a lavar seus reservatórios nas costas de países pobres,
especialmente africanos, que não têm sistemas de vigilância eficientes para evitar esse crime.
Outro grave problema é a pesca predatória, que também contribui para o esgotamento dos estoques
de pescados oceânicos. Cerca de 90 das espécies comerciais, ou seja, pescadas, processadas e
vendidas, correm risco iminente de destruição em razão da pesca predatória.
Grandes grupos econômicos ligados direta e indiretamente ao setor alimentício são os responsáveis
por essa destruição. Eles permitem a prática da pesca predatória, que, na busca do lucro imediato, não
respeita, em muitos casos, o período de reprodução das espécies, fato que minimamente garantiria a
reposição dos estoques.
O mar também sofre a partir das terras costeiras. Grupos imobiliários promovem a ocupação irregular
de áreas litorâneas pela construção de casas, condomínios e hotéis em áreas de manguezal, alterando
o equilíbrio ambiental.
É importante lembrar que os oceanos são fundamentais para o equilíbrio ecológico de todo o planeta.
Eles concentram 97% das águas e produzem cerca de -:1\6 do oxigênio da atmosfera, além de serem os
principais responsáveis pela recomposição dos estoques de água doce, graças à umidade que geram.
Por todos - es fatores, os oceanos são fundamentais para a manutenção das características climáticas
do planeta.
A degradação do solo geralmente é causada pela associação de situações climáticas extremas, como
a seca ou o excesso de chuvas, com práticas predatórias, como o desmatamento de áreas florestais, a
expansão das pastagens, a utilização intensiva de agrotóxicos e a mineração descontrolada.
Essas atividades alteram e destroem a cobertura vegetal natural do solo, deixando-o exposto à ação
das intempéries como o vento e a chuva, que gradualmente desgastam o solo desnudo de vegetação.
Esse processo erosivo pode evoluir, e a rocha bruta, base do solo, chegar a ficar exposta. Quando
isso ocorre, está se iniciando o processo de desertificação.
O manejo agrícola inadequado é um dos grandes responsáveis pela degradação dos solos. Quase
metade das áreas agrícolas do planeta tem algum problema que afeta a sua produção de alimentos.
Esse problema está longe de ser somente ambiental. Ele tem profunda relação com a sociedade e a
economia, uma vez que a perda de grãos com a desertificação chega a mais de 20 milhões de toneladas,
cifra suficientemente grande para atenuar o problema da fome no mundo.
As consequências nefastas da degradação do solo afligem também grandes contingentes
populacionais. Calcula-se que 30 milhões de pessoas morreram, nas últimas décadas, de fome
A chuva ácida
A atmosfera, como vimos, vem sendo contaminada por compostos químicos como o enxofre e o
nitrogênio, que vão se concentrando no vapor de água e, consequentemente, nas nuvens. Estas, quando
muito carregadas, despejam uma chuva extremamente ácida.
Até a década de 1990, a chuva ácida era comum apenas nos países de industrialização mais antiga,
mas depois, com a expansão mundial do processo industrial, ela passou a ocorrer em grande quantidade
também na Ásia, em países como China, Índia, Tailândia e Coreia do Sul, que hoje são os grandes
responsáveis pela emissão de óxido nitroso (NO) e dióxido de enxofre (S02). Grande parte desse
problema foi surgindo conforme a produção industrial se expandia. Isso significou maior uso de
termelétricas que geram energia por meio do carvão e do petróleo (combustíveis altamente poluentes),
maior circulação de carros e outros meios de transportes.
As razões do aumento da temperatura do planeta ainda geram muitos debates entre os cientistas.
Causas naturais e provocadas pelos seres humanos têm sido propostas para explicar o fenômeno. A
principal evidência do aquecimento vem das medidas de temperatura de estações meteorológicas em
todo o globo desde 1860. Os dados mostram que houve um aumento médio da temperatura durante o
século XX. Para explicar essas mudanças, os cientistas usam ainda evidências secundárias, como a
variação da cobertura de gelo e neve em certas áreas, o aumento do nível dos mares e das quantidades
de chuvas, entre outras.
Diversas montanhas já perderam enormes áreas geladas e nevadas, e a cobertura de gelo no
Hemisfério Norte na primavera e no verão também diminuiu drasticamente.
O aumento da temperatura global pode levar um ecossistema a graves mudanças, forçando algumas
espécies a sair de seus hábitats, invadindo outros ecossistemas, ou potencializando a extinção.
Outra situação que causa grande preocupação é o aumento do nível do mar, de 20 a 30 em por década.
Algumas ilhas no Oceano Pacífico já sofrem com esse problema.
Deve-se lembrar que a subida dos mares ocorre principalmente por causa da expansão térmica da
água dos oceanos, ou seja, as águas dilatam; no entanto, as preocupações com o futuro incluem também
o derretimento das calotas polares e dos glaciares, que guardam enormes quantidades de água na forma
de gelo. Alguns cientistas afirmam que as mudanças podem ocorrer de forma sutil e mesmo imperceptível.
Tudo isso leva a uma situação preocupante. Previsões feitas pela ONU alertam que entre 50 e 100
milhões de pessoas podem abandonar suas casas temporária ou definitivamente por problemas
relacionados a questões ambientais nas próximas décadas, tornando-se refugiados ambientais. Nesses
números estão incluídos grupos humanos, comunidades inteiras que serão levadas a migrar em razão da
poluição das águas, de enchentes, do desgaste dos solos, do fim da disponibilidade de peixes e da subida
do nível dos oceanos. É certo que essa situação exigirá~ uma legislação internacional, uma vez que
países e regiões inteiras vão ser evacuados, e os refugiados poderão ser levados em circunstâncias
emergenciais a outros países.
Segundo o geógrafo Milton Santos, o território nacional é o espaço de todos os habitantes de um dado
Estado. Uma vez usufruído pelos indivíduos, esse território constitui, em última análise, o próprio e paço
geográfico.
Entretanto, a construção do território se dá pela mediação entre o mundo e o lugar onde, afinal,
vivemos cotidianamente. Por exemplo, a formação do território brasileiro, que hoje abriga uma enorme
quantidade de lugares, foi iniciada pela colonização imposta pela metrópole portuguesa, no século XVI.
A partir daí, diversas atividades econômicas passaram a moldar o espaço geográfico brasileiro.
Com base nessas premissas, o espaço geográfico brasileiro tem sido construído e reconstruído a todo
instante, muitas vezes em detrimento das reais necessidades de sua população.
Referências Bibliográficas:
TAMDJIAN, James Onning. Geografia: estudos para compreensão do espaço. 2ª edição. São Paulo: FTD.
Políticas Ambientais são um conjunto de ações ordenadas e práticas tomadas por empresas e
governos com o propósito de preservar o meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável do
planeta. Esta política ambiental deve ser norteada por princípios e valores ambientais que levem em
consideração a sustentabilidade.
Estas políticas são, portanto, importantes instrumentos para a garantia de um futuro com
desenvolvimento e preservação ambiental. São também fundamentais para o combate ao aquecimento
global do planeta (verificado nas últimas décadas), redução significativa da poluição ambiental (ar, rios,
solo e oceanos) e melhoria na qualidade de vida das pessoas (principalmente dos grandes centros
urbanos).
A Lei nº 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e institui o Sistema Nacional
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formação e aplicação, e dá outras providências. Essa é a
mais relevante norma ambiental depois da Constituição Federal da 1988, pela qual foi recepcionada, visto
que traçou toda a sistemática das políticas públicas brasileiras para o meio ambiente.
Com o advento da Lei nº 6.938/81 o país passou a ter formalmente uma Política Nacional do Meio
Ambiente, uma espécie de marco legal para todas as políticas públicas de meio ambiente a serem
desenvolvidas pelos entes federativos. Antes disso, cada Estado ou Município tinha autonomia para
eleger as suas diretrizes políticas em relação ao meio ambiente de forma independente, embora na prática
poucos realmente demonstrassem interesse pela temática.
Código Florestal
O Código Florestal Brasileiro dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e estabelece normas gerais
sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal.
Trata também de temas acerca da normatização geral da proteção da vegetação do Brasil, com
destaque à Áreas de preservação permanente; Áreas de reserva legal; Áreas de uso restrito; Áreas verdes
urbanas; Uso sustentável dos apicuns e salgados; Exploração florestal; Suprimento de matéria-prima
florestal; Controle da origem dos produtos florestais; Controle e prevenção de incêndios florestais;
Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente; Instrumentos
econômicos e financeiros para a proteção florestal.
Unidades de Conservação
Através da Constituição de 1988 adveio a Lei nº. 9.985 de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, bem como regulamentou o § 1º, I, II, III e VII, do art. 225 da
Constituição Federal de 1988.
A Lei nº. 9.985/2000 aduz objetivos que garantem a sustentabilidade do espaço territorial destinado à
proteção, bem como diretrizes que se voltam para a constituição e funcionamento das unidades de
conservação, busca-se, no entanto, vislumbrar a identidade dos ecossistemas brasileiros. Tanto os
objetivos quanto as diretrizes, estão respectivamente apresentados pelos artigos 4º e 5º da lei 9.985/2002.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) é o conjunto de unidades de
conservação (UC) federais, estaduais e municipais. É composto por 12 categorias de UC, cujos objetivos
específicos se diferenciam quanto à forma de proteção e usos permitidos: aquelas que precisam de
maiores cuidados, pela sua fragilidade e particularidades, e aquelas que podem ser utilizadas de forma
sustentável e conservadas ao mesmo tempo.
Questões
01. (FGV-RJ) A partir da segunda metade do século passado, a mobilização em torno do ambiente foi
divulgada e se consolidou por meio de estudos e das cúpulas, ou das conferências internacionais.
Sobre essas conferências, pode-se afirmar:
I. A primeira grande conferência internacional convocada especificamente para a discussão da
problemática ambiental ocorreu em Estocolmo, em 1972.
II. Na Rio-92, foram divulgadas as convenções sobre Mudanças Climáticas e sobre Diversidade
Biológica, que figuram na agenda ambiental internacional.
III. Na Rio+20, que ocorreu no Rio de Janeiro, em 2012, todos os países participantes ratificaram o
novo Protocolo de Kyoto, aderindo à nova ordem ambiental internacional.
02. (UFPR) O Brasil sediou, no mês de junho de 2012, a Conferência Rio+20, voltada às preocupações
da relação entre sociedade e natureza, entre desenvolvimento e meio ambiente. Considerando as
questões ambientais contemporâneas e os fóruns internacionais de debates e decisões acerca da relação
entre meio ambiente e desenvolvimento das últimas décadas, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A realização das grandes conferências mundiais sobre meio ambiente e desenvolvimento evidencia
que a resolução dos problemas ambientais do planeta passa, essencialmente, pela esfera política.
(B) As grandes conferências mundiais sobre meio ambiente e desenvolvimento datam dos últimos
quarenta anos, aproximadamente, período no qual a degradação ambiental passou a ameaçar o
desenvolvimento econômico mundial.
(C) Na conferência Rio+20, a principal divergência de posições colocou em evidência o antagonismo
entre os defensores da economia verde e os defensores do desenvolvimento ecologicamente sustentável.
(D) As convenções da Biodiversidade e das Mudanças Climáticas Globais, associadas às convenções
da Amazônia e da Mata Atlântica (brasileiras), foram ratificadas pelos países-membros da ONU na última
década.
(E) O desenvolvimento sustentável, proposto pela Comissão Brutland nos anos oitenta, constitui-se
numa perspectiva de reorientação da produção econômica moderna considerando as bases ecológicas
do planeta.
03. (FGV-RJ) A próxima conferência internacional do clima, em Durban, na África do Sul, centrará seu
foco no destino do Protocolo de Kyoto. [ ... ] Se não for renovado, expira em 2012. Durban é a última
oportunidade de salvar Kyoto. Sem ele, desaparece o único acordo climático internacional que existe.
A decisão tem dia marcado: 9 de dezembro. É quando termina a Cop-17, o encontro anual que reúne
negociadores do mundo todo para discutir um acordo climático internacional, desta vez, na África do Sul.
<http://clippingmp.planejamento. gov. br/cadastroslnoticiasl2011 18/1 01 futuro-do-protocolo-de-kyoto-sera-prioridade-nacupula-do-
clima/?searchterm=Clima20Kyoto>.
5. (UespiPl) Um dos desastres ambientais mais destacados, existentes na superfície terrestre, ocorreu
no mar de Aral, localizado entre o Uzbequistão e o Cazaquistão. Esse corpo líquido ocupava uma área
de aproximadamente 68.000 km2• Atualmente possui, segundo cálculos divulgados internacionalmente,
apenas 10 do volume de água que continha.
O que explica esse fato?
a) O aquecimento global, que provocou o aumento considerável da evaporação na região.
b) O desvio dos rios Amu e Syr para irrigar lavouras da ex-URSS.
c) A transposição das águas do rio Volga para as áreas secas da Europa Oriental.
d) A utilização maciça das águas para o consumo humano, mediante a dessalinização intensa.
e) A alteração climática verificada na ex-URSS, durante as décadas de 1950 e 1960, que acarretou
mudança nos regimes fluviais.
6. (UERJ) O acesso das populações a água potável é um dos indicativos do nível de desenvolvimento
e das condições de vida das sociedades no mundo contemporâneo.
A associação adequada entre o espaço geográfico e dois fatores que influenciam o percentual de
acesso de sua população a água potável está indicada em:
a) Austrália - alta renda per capita/regularidade do regime de chuvas.
b) África Central - elevada mortalidade/insuficiência da bacia hidrográfica.
c) América do Norte - política de inclusão social/erradicação de agentes poluentes.
d) Europa Ocidental - estabilidade demográfica/qualidade dos sistemas de saneamento.
07. (PRODAM/AM – Engenharia Elétrica – FUNCAB) Usinas de geração hidroelétrica podem causar
problemas ambientais como:
(A) emissão de CO2.
(B) permitir o controle de inundações.
(C) permitir que os rios se tornem navegáveis.
(D) perda de um sistema natural de drenagem.
(E) dependência de fatores climáticos.
Para além do aquecimento global, o Secretário chama a atenção para os atuais problemas ambientais
relativos à
(A) cultura de massa.
(B) produção flexível.
(C) economia de mercado.
(D) ideologia ecológica.
(E) diversidade biológica.
Gabarito
c) Os recursos minerais
“Falar de recursos naturais é falar de recurso que, por sua própria natureza, existem
independentemente da ação humana e, assim, não estão disponíveis de acordo com o livre-arbítrio de
quem quer que seja”. (PORTO GONÇALVES, Carlos Walter. O desafio ambiental. Rio de Janeiro: Record, 2004, p.66).
A exploração dos recursos naturais promovida pelas atividades humanas começou a se tornar mais
intensa nos últimos 250 anos, a partir da Revolução Industrial. A expansão da produção econômica,
apoiada principalmente no desenvolvimento das atividades industriais, promoveu o aumento da produção
em larga escala, exigindo, como consequência, a utilização cada vez maior de matérias primas e de fontes
energéticas cuja exploração alcançou níveis sem precedentes em toda a história.
Com o advento da sociedade industrial e o desenvolvimento científico e tecnológico voltado para o
aumento crescente da produção, arraigou-se na sociedade capitalista a ideia da natureza como
fornecedora de recursos econômicos, vistos como bens que podem ser explorados a fim de gerar riquezas
e lucros. Com essa mentalidade estritamente econômica, a natureza passou a ser tratada como um
simples estoque de matérias-primas, fonte inesgotável de recursos necessários para sustentar e garantir
a própria reprodução do modo de produção.
Dessa forma, a lógica que sustenta o industrialismo econômico em expansão ao longo dos últimos
séculos está centrada na concepção de natureza como recurso infinito e inesgotável. Isso significa,
portanto, que o sistema econômico moderno está organizado e orientado para a utilização cada vez mais
eficaz da natureza e de seus recursos. Assim, pode-se dizer que as raízes do intenso processo de
degradação da natureza e o agravamento dos problemas ambientais que presenciamos em nossa época
ligam-se diretamente a esse modelo econômico predatório do ponto de vista ambiental.
De maneira geral, os recursos naturais podem ser classificados ou agrupados e duas categorias:
Recursos Naturais Renováveis: aqueles que podem ser repostos ou recriados (renovados) pela
natureza em um período de tempo relativamente curto, desde que utilizados de maneira racional. Entre
esses recursos estão florestas, solos e fontes hídricas (rios, lagos, oceanos);
Recursos Naturais Não Renováveis: aqueles que não podem ser repostos pela sociedade e que
levam milhões de anos para serem repostos pela natureza. Os minerais, como bauxita, ferro, ouro, etc.;
e os combustíveis fósseis, como o petróleo, são exemplos de recursos que vão se esgotando à medida
que são extraídos da natureza.
De modo simples, podemos entender por indústria “o ato de transformar, com ajuda de um certo
trabalho, a matéria-prima em bens de produção e consumo”.
a) Extrativas: Aquelas que extraem certos produtos da natureza, sem, contudo, alterar suas
características. Compreendem dois tipos principais: a indústria extrativa vegetal e a indústria extrativa
mineral.
Sobre a superfície da Terra, vamos encontrar basicamente dois tipos de minerais: os fósseis e os não-
fósseis. Os minerais fósseis são aqueles originários da decomposição de restos de animais e vegetais
que ficaram depositados em camadas de rochas sedimentares como o carvão, o petróleo e o xisto. Já os
minerais não-fósseis são os compostos químicos metálicos e não-metálicos que se consolidaram no
interior das rochas, geralmente cristalinas, como, por exemplo, o ouro, o manganês, o ferro, o silício, o
caulim.
Isso significa que os diversos elementos vão surgir em uma determinada região, de acordo com o tipo
de formação geológica do local. É evidente que, quanto maior for a área de um país, maior será a
possibilidade desse país contar com todos os tipos de rochas e assim possuir todos os tipos de minerais.
Entretanto, mesmo para um país de enormes dimensões como o Brasil, que contém todos os tipos de
rochas, os minerais não surgirão na quantidade que a nossa economia exige. Assim, poderíamos
classificar os minerais quanto à disponibilidade em três tipos:
a) abundantes: aqueles que surgem em enormes quantidades, sendo usados tanto internamente
quanto exportados, como por exemplo, o ferro, o manganês, o alumínio, o nióbio.
b) suficientes: os que existem em quantidade suficiente apenas para o abastecimento interno, não
podendo ser exportados.
c) carentes: aqueles cuja quantidade seja insuficiente para atender às necessidades internas como,
por exemplo, o carvão mineral.
Os recursos minerais são vitais para o desenvolvimento de um país, por sua importância como matéria-
prima para a indústria – em particular para os setores industriais de base, como a metalurgia e a química
pesadas (assim qualificadas por utilizarem muita matéria-prima. Na primeira, destacam-se as unidades
produtivas voltadas para a fabricação de metais como aço, alumínio, cobre, chumbo e estanho. Na
segunda, aquelas voltadas para a fabricação de ácidos como o sulfúrico, o nítrico e o clorídrico.
A produção siderúrgica é uma das mais importantes no processo industrial brasileiro. Sua implantação,
porém, é de custo muito elevado, o que fez com que o Estado assumisse essa incumbência nas décadas
de 1940 a 1970.
O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em quantidade e diversidade de recursos minerais,
dentre os quais se destacam os minérios de ferro, de estanho, de manganês e de alumínio.
Um aspecto revelador da importância dessa atividade na economia brasileira é a participação relativa
da sua produção e da produção dos metais no total exportado pelo país, destacando-se dentre as
exportações os minérios de ferro, de alumínio e de manganês e, entre os metais, o aço e o alumínio.
A dependência externa do setor mineral é relativamente pequena (ao contrário do que ocorre com os
recursos energéticos, como o petróleo e o carvão), porque o Brasil importa apenas alguns produtos cuja
produção nacional ainda não basta para atender as exigências do mercado interno, como cobre, enxofre
e mercúrio.
Ferro:
O ferro é obtido pela redução dos seus óxidos. Seus principais minérios são:
Magnetita, com 72,4% de teor de ferro;
Hematita, com 70,0% de teor de ferro;
Limonita, com 59,9% de teor de ferro;
Siderita, com 48,0% de teor de ferro.
A ocorrência de minério de ferro no Brasil foi revelada no final do século XVIII e o seu aproveitamento
teve início na segunda década do século XIX, em Minas Gerais.
Em 1996, o Brasil possuía 8,6% das reservas mundiais, classificando-se em 5º lugar entre os países
detentores do maior volume de minério. Porém, devido ao alto teor de ferro contido em seus minérios, do
tipo hematita e itabirito (60%), o Brasil ocupa posição privilegiada em relação ao ferro produzido
mundialmente. Entre os produtores e exportadores, o Brasil coloca-se entre os maiores.
As grandes jazidas do Brasil encontram-se em Minas Gerais (Quadrilátero do ferro), Pará (Serra dos
Carajás) e Mato Grosso do Sul (Morro do Urucum).
Manganês:
O manganês é um metal encontrado na crosta terrestre em formas combinadas (óxidos, silicatos,
carbonatos, etc.). A quantidade de minerais de manganês é muito grande (mais de 100), sendo o principal
a pirolusita.
A principal utilidade do manganês (95%) é na indústria siderúrgica, na qual se utilizam 30 Kg de minério
de manganês para cada 1 tonelada de aço. Devido ao seu grande emprego, é um minério considerado
estratégico, sendo que os maiores consumidores (EUA, França, Alemanha, Inglaterra e Japão) não
possuem grandes reservas, exceto a Rússia.
As reservas brasileiras são cerca de 53.790 mil toneladas (cerca de 1,07% das reservas mundiais). As
principais jazidas estão: na Serra dos Carajás (PA), e no Quadrilátero do Ferro (MG).
O Brasil possui a 6ª reserva do mundo, atrás da África do Sul (a maior do mundo), Ucrânia, Gabão,
China e Austrália.
Outros Minérios
Alumínio
O alumínio é um metal branco, leve e que não se deixa tocar pela corrosão. É utilizado pela indústria
elétrica, material de transporte, construção civil, utensílios domésticos, etc.
O principal minério é a bauxita. De um total de reservas mundiais de 28,8 bilhões de toneladas, o Brasil
possui depósitos de bauxita de boa qualidade avaliados em 3,8 bilhões de toneladas, ou seja, 13,5% do
total, sendo o terceiro país em reservas de alumínio. Os depósitos encontram-se principalmente nas áreas
do rio Trombetas, de Paragominas, Juriti e Almerim, todas na região Amazônica, e em Poços de Caldas
Cobre
É um metal conhecido desde os primórdios dos tempos da metalurgia, em razão da facilidade de sua
obtenção e pelo seu poder de combinação com outros metais, resultando em famílias de bronzes, latões
e alpacas.
Tem por características principais a dificuldade de corrosão, alto grau de condutibilidade térmica e
elétrica, maleabilidade tanto a quente quanto a frio e é facilmente soldável. Tornou-se o terceiro metal de
maior consumo, sendo superado apenas pelo ferro e pelo alumínio.
Os principais minerais do cobre são sulfetos contendo de 0,5% a 2,0% de cobre (a calcopirita ou cuprita
é um dos mais importantes).
As principais reservas de cobre do mundo estão situadas no Chile, com 27,3%, e Estados Unidos, com
15,1%, perfazendo quase metade das reservas mundiais (42,4%). Entretanto, uma razoável quantidade
desses minérios encontra-se nos países do terceiro mundo, fazendo destes os maiores fornecedores para
os países do primeiro mundo (maiores consumidores).
O Brasil, com 1,9% dessas reservas e uma produção de 46.000 t, que representa, aproximadamente,
0,4% da produção mundial, tem nesse metal uma de suas principais carências, sendo um importante
comprador no mercado mundial.
As maiores jazidas de minério de cobre no Brasil são a de Camaquã (RS), a de Caraíba (BA) e a de
Carajás (Pará).
Os maiores fornecedores de cobre ao Brasil são: o Chile, o Canadá, o Peru e o México.
Estanho
Metal brilhante de aparência semelhante à prata. Extremamente maleável, facilmente amoldável e
fusível (dos metais é o que tem um dos mais baixos pontos de fusão). O estanho é conhecido desde a
Grécia Antiga e era ali considerado precioso juntamente com o ouro e a prata. Geralmente é utilizado na
indústria elétrica, na fabricação de ligas metálicas, empregado com o revestimento em outros metais a
fim de evitar a corrosão (principalmente nas folhas-de-flandres). Até meados dos anos 60, o Sudeste
Asiático reunia os maiores produtores do metal, com Malásia, Indonésia, Tailândia e China entre os mais
importantes. Nessa época, a maior exploração brasileira era realizada por garimpagem no Estado de
Rondônia. Em 1971, a garimpagem foi proibida e uma modificação na estrutura produtiva resultou num
aumento significativo da produção brasileira, tendo-se o estanho tornado o principal metal não-ferroso a
suprir a demanda interna (consumo local), passando a ser exportável.
Os maiores produtores do minério de estanho no Brasil, a cassiterita, são os Estados do Amazonas,
responsável por 60%, e Rondônia, com 40% (estanho contido). Em relação à produção do estanho
metálico, São Paulo é o principal responsável, com a empresa Mamoré e Metalurgia S.A. respondendo
por 83% dessa produção e a ERSA de Ariquemes – RO com 14%.
Chumbo
O chumbo é um metal conhecido desde a Roma Antiga e possui certos caracteres marcantes que o
diferencia de outros metais: baixo ponto de fusão, muito pouco duro (chega a ser facilmente riscado pela
unha) e possui uma alta capacidade de combinação com outros metais, originado ligas com as mais
diversas aplicações. É utilizado na indústria de baterias, cabos e isolantes para instalações nucleares. Ao
contrário de outros metais, tem tido o seu uso reduzido (como aditivo na gasolina).
O minério de onde mais se extrai o chumbo é a galena (sulfeto de chumbo – PbS).
As reservas brasileiras desse metal são pouquíssimas e pouco significativas, somando, em metal
contido, algo em torno de 350 mil toneladas.
Ouro:
Foi um dos primeiros metais a ser conhecido e trabalhado pelo homem em razão de suas propriedades
como dureza, maleabilidade, ductilidade e um dos metais de mais antiga exploração na América e
Sal Marinho
Ocupa uma posição de destaque no setor da indústria extrativa mineral; é utilizado na pecuária, na
alimentação humana e na indústria química.
As principais áreas produtoras são Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.
Fontes de Energia
A maior parte da energia produzida no mundo (mais de 80%) é obtida de fontes não-renováveis, isto
é, que não podem ser repostas –como os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gás natural) e
os minérios radioativos (urânio, tório). Dentre as fontes renováveis, ainda pouco aproveitadas, destacam-
se a energia elétrica de origem hidráulica e a biomassa (que abrange, entre outras matérias orgânicas, a
lenha, o carvão vegetal, o álcool e o bagaço de cana).
O Brasil é relativamente pobre em recursos energéticos não-renováveis: as suas reservas de minerais
radioativos são expressivas, mas as de combustíveis fósseis são relativamente pequenas. Entretanto o
país é muito rico em recursos energéticos renováveis, principalmente de origem hidráulica, pois é bem
servido de rios planálticos, com muitas quedas-d’água, e assim as bacias hidrográficas em geral têm
levada potência hidrelétrica.
A exploração econômica de uma jazida petrolífera depende de uma conjunção de fatores: existência
de rocha-mãe, condições propícias à transformação química e bioquímica (temperatura e pressão),
ocorrência de processos migratórios (presença de água), existência de rocha porosa e de estruturas
acumuladoras (suaves dobramentos).
Como fonte de energia e matéria-prima, trata-se de um produto estratégico, por ser indispensável para
os transportes e as indústrias em todo o mundo. Em razão disso, em praticamente todos os países, sua
exploração só pode ser realizada, mesmo por empresas privadas, com autorização governamental – ou
melhor, ela é regulamentada pelo Estado. Não-renovável e distribuído de forma desigual pela natureza,
o petróleo ganhou tal importância no contexto econômico mundial ao longo do século XX, que já motivou
diversos conflitos internacionais.
O Petróleo no Brasil
A história do petróleo no Brasil confunde-se com a da Petrobras, criada pelo governo Getúlio Vargas
em 1953, numa conjuntura política marcada pelo nacionalismo. Em defesa da soberania nacional na
exploração do petróleo presente no sobsolo brasileiro, estabeleceu-se que a empresa responsável pelo
setor seria uma companhia mista, devendo pertencer à União, por lei, no mínimo 51% das suas ações.
O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi definido em 1975 e teve sua implantação acelerada em
1979, com o segundo choque do petróleo, cujos efeitos desastrosos se pretendia minimizar usando álcool
como fonte energética alternativa – seja misturado à gasolina em substituição ao chumbo tetraetila,
altamente poluente, à proporção de 23% (álcool anidro, isto é, sem água), seja substituindo a própria
gasolina (álcool hidratado ou etanol), como combustível de veículos especialmente fabricados para esse
fim.
Para expandir a produção, era preciso ampliar a cultura da cana-de-açúcar, e o governo canalizou
esforços para as tradicionais áreas de concentração das usinas, como o planalto Ocidental Paulista e a
Zona da Mata nordestina.
O setor usineiro, interessado em ampliar a produção e o mercado, aderiu à proposta governamental,
incluindo-se entre os beneficiários dos investimentos destinados aos setores ligados à produção do álcool
no país, na forma de créditos ou subsídios, num montante que se acredita ter superado 10 bilhões de
dólares.
Todas as metas estabelecidas foram cumpridas e até extrapoladas. Para se ter uma ideia, em 1985,
no auge do programa, cerca de 91% dos veículos produzidos no país eram movidos a álcool. Mas, a partir
de 1986, com o declínio dos preços internacionais do petróleo, o resultado de tanto esforço começou a
cair por terra, e vários aspectos do Proálcool foram questionados, especialmente os seguintes:
* Em muitos casos, a expansão da cultura da cana ocupou espaços agrícolas antes usados para o
cultivo de gêneros alimentícios;
* O álcool substitui a gasolina, mas não o petróleo, e sua produção depende de derivados petrolíferos,
pois os caminhões que transportam a cana e distribuem o álcool são movidos a diesel;
* O uso do álcool gerou excedentes de gasolina de difícil comercialização, uma vez que os baixos
preços desse derivado no mercado internacional eram incompatíveis com os altos custos da Petrobrás.
Nesse contexto, a manutenção do Proálcool passou a depender de subsídios governamentais e da
vontade política da Petrobrás de arcar com pesados prejuízos na sua revenda.
No início dos anos de 1990, entre outras medidas drásticas, o governo orientou as montadoras de
automóveis a priorizar a produção de carros a gasolina – e em 1996(quando o barril de álcool custava 34
Carvão Mineral
O carvão mineral é um combustível fóssil originado do soterramento de antigas florestas, em ambiente
com pouco oxigênio, particularmente no período Paleozoico (permocarbonífero). Dependendo das
condições ambientais e da época da sua formação, ele pode ser encontrado em diferentes estágios, como
a turfa, o linhito, a hulha e o antracito.
As reservas brasileiras são relativamente pequenas e de baixa qualidade, pois apresentam, como
regra, baixo poder calorífico e alto teor de cinzas, o que dificulta seu aproveitamento como fonte
energética ou como matéria-prima no setor siderúrgico.
Em razão dessas deficiências, o país importa 50% do carvão mineral que consome.
As maiores reservas de carvão mineral do Brasil ocorrem nos terrenos permocarboníferos do Sul.
O carvão brasileiro tem baixa qualidade, é altamente poluente, e seu aproveitamento envolve elevados
custos de transporte. Por isso, só foi cogitado seriamente como fonte energética em épocas de crise.
Foi o que se viu na década de 1970, quando os choques do petróleo fizeram que se atentasse para as
reservas sulinas, particularmente as de carvão vapor, antes tratadas como entulho, por falta de consumo.
Para incrementar a produção e o consumo, foram então adotadas diversas medidas, como: oferta de
financiamentos e facilidades às companhias carboníferas que elevassem o nível técnico da extração;
instalação de termoelétricas, sobretudo próximo às áreas produtoras de carvão ( o que explica a
concentração de tais usinas no sul do país); incentivos à vários setores industriais para substituírem o
óleo diesel por carvão vapor no processo de aquecimento das caldeiras (caso das indústrias de cimento);
desenvolvimento no setor carboquímico, para aproveitamento dos subprodutos derivados no processo de
extração do carvão (caso da pirita carbonosa, composta de ferro e enxofre).
O Gás Natural
As reservas de gás natural do Brasil, em 2005, eram relativamente pequenas, da ordem de 326 bilhões
de metros cúbicos, o que correspondia a cerca de 40% das reservas de hidrocarbonetos no país. O
consumo também era relativamente pequeno: a participação do gás natural na matriz energética brasileira
era próxima de 4,8%, apenas, sobretudo porque ele foi historicamente tratado no país como fonte
energética de importância secundária.
Por volta de 2007, graças ao avanço tecnológico dos equipamentos que possibilitavam o uso do gás
natural, o Brasil, acompanhando uma tendência mundial, procurou estimular o aumento da produção e
do consumo interno desse produto, visto ser o menos poluente dos combustíveis fósseis.
Em 1993, foi assinado com a Bolívia um acordo de fornecimento com a intenção de provocar
expressiva elevação da participação dessa fonte na matriz energética nacional.
Segundo o Anuário 2005, a Agência Nacional de Petróleo (ANP), O Brasil importou em 2004 cerca de
8 bilhões de m³ de gás natural, o que representou 46% do consumo total do país.
Desde o início do processo de ocupação colonial, as florestas brasileiras vêm sendo destruídas para
ser utilizadas como fonte de energia, na forma de lenha ou carvão vegetal. O absurdo é que, depois de
cinco séculos, ainda exista esse tipo de utilização da vegetação que resta no país.
A formação das jazidas minerais resulta de processos geológicos que ocorreram ao longo de milhões
de anos. Elas constituem recursos esgotáveis e, se forem mantidos os atuais níveis de exploração
mineral, em pouco tempo poderão faltar matérias-primas essenciais à transformação industrial.
Em várias regiões do mundo já são encontradas gigantescas áreas nas quais havia exploração
mineral. Essas jazidas esgotadas ficam, muitas vezes, abandonadas, deixando um rastro de imensas
crateras, nas quais o processo de erosão tende a intensificar os danos ambientais. Em diversos países,
as mineradoras que encerram suas atividades em determinada área de extração são obrigadas, por lei,
a reflorestá-la. Contudo, esse reflorestamento não garante a recuperação do hábitat natural.
No Brasil, as mineradoras simplesmente abandonam as jazidas que se tornaram economicamente
inviáveis, o que agrava os danos ambientais. O esgotamento de jazidas também aumenta as tensões
sociais, pois deixa um grande número de trabalhadores sem emprego e, portanto, sem condições de
sobrevivência.
Durante o processo de exploração, os problemas ambientais são imensos. Para dar início à exploração
é necessária a devastação da vegetação local, comprometendo a sobrevivência da fauna que faz parte
do seu ecossistema. Outro problema são os rejeitos – aquilo que não tem utilidade econômica numa
jazida – depositados em qualquer local e transportados pelo ventou ou pela água das chuvas para outros
lugares, atingindo os rios e provocando o assoreamento dos seus leitos.
Assoreamento é a deposição de sedimentos no leito de um rio, os quais podem impedir a livre
circulação das águas, provocar cheias em determinados trechos e vazantes em outros. Os trechos
assoreados acumulam dejetos dos mais diversos tipos, cuja decomposição contribui para a poluição das
águas.
No Brasil, boa parte do garimpo de ouro ocorre em rios da Amazônia e do Pantanal. Os garimpeiros
utilizam o mercúrio para agregar as pepitas menores, espalhadas na água. Depois de agregadas, o
material é aquecido, o que permite separar o ouro do mercúrio.
O mercúrio é um metal líquido, altamente tóxico e, dependendo da quantidade ingerida pelo organismo
humano, pode comprometer o sistema nervoso, provocar cegueira, debilidade mental e levar a pessoa à
morte. Atinge, em primeiro lugar, o próprio garimpeiro; e, seguida, os peixes e a fauna do rio em que o
garimpo é feito; e, por fim, as populações ribeirinhas e todos os que consomem o produto da pesca do rio
contaminado.
Entre os diversos minerais explorados, o petróleo é, sem dúvida, o grande vilão do ambiente. Além da
poluição causada pelo consumo de seus múltiplos derivados, são cada vez mais frequentes as tragédias
ambientais decorrentes tanto do processo de extração como de distribuição. O derrame de óleo por navios
petroleiros, que forma as chamadas “marés negras”, e o rompimento de oleodutos têm causado impactos
ambientais de difícil reparação.
Entre o final do século XX e o início deste século, já ocorreram no Brasil diversos acidentes
relacionados à extração e ao transporte de petróleo, como o naufrágio da plataforma P-36, na bacia de
Campos (RJ) – principal região de produção petrolífera do país; e o rompimento do oleoduto da refinaria
de Araucária (PR), que provocou o vazamento de cerca de um bilhão de litros de óleo para os rios Birigui
e Iguaçu.
Um desses acidentes – o rompimento de um duto da refinaria de Duque de Caxias (RJ), que, em
janeiro de 2000, poluiu a baía de Guanabara – é considerado o maior desastre ambiental marítimo do
país; grande quantidade de óleo atingiu os manguezais, provocando a morte de muitos animais e
vegetais. Esse acidente afetou a atividade pesqueira na região e a vida de milhares de pescadores.
Os sucessivos governos brasileiros ainda não adotaram uma ampla política para a exploração racional
dos recursos minerais, a qual priorizasse o desenvolvimento econômico sustentável, a preservação da
natureza e a conservação dessas jazidas.
Hidrelétricas e Termelétricas:
Como vimos, no Brasil, a maior parte da produção de energia elétrica é obtida mediante
aproveitamento da força hidráulica. Essa fonte gera aproximadamente 85% da eletricidade total
consumida no país. É abundante devido à densa rede hidrográfica brasileira, composta em boa parte por
rios de planalto extensos e caudalosos.
No entanto, ao longo de 2001, o Brasil enfrentou um importante racionamento de energia elétrica. Na
origem desse problema, que foi precipitado pela redução no nível dos reservatórios das usinas
hidrelétricas, encontra-se a falta de investimentos em geração e transmissão de energia, somada ao
modo como foram estruturadas as normas que regulam o setor de energia após o processo de
privatização da maior parte das empresas estatais do setor (tarifas, investimentos, expansão da geração
e das redes). Ou seja, a principal razão da crise de energia em 2001 foi a incapacidade do Estado
brasileiro para realizar novos investimentos. Endividado, repassou para a iniciativa privada a incumbência
de realizar novos investimentos no setor, mas tais investimentos não interessavam aos compradores das
grandes estatais.
Em 2001, foi imposta aos consumidores de algumas regiões a redução de 20% do consumo de energia
elétrica em residências, indústrias, lojas e outros estabelecimentos. Isso afetou negativamente o
crescimento da economia brasileira. O episódio demonstrou a necessidade de investimentos em novas
fontes de energia, exigindo mudanças de hábitos e levou os brasileiros a refletir sobre a importância da
eletricidade e a melhor maneira de utiliza-la.
O Programa Nuclear:
Alegando escassez de combustíveis fósseis e esgotamento dos recursos hídricos, o governo brasileiro
adotou um programa nuclear visando a geração de energia elétrica a partir de usinas termonucleares que
utilizam urânio como combustível.
O país entrou na era nuclear comprando de uma empresa americana (Westinghouse), em 1969, uma
usina com 626 mil kW de potência. Essa compra não implicou transferência de tecnologia do ciclo nuclear,
mas apenas utilização dos equipamentos.
Coube ao Brasil, por meio da Nuclebrás, escolher o lugar da instalação da usina – batizada de Angra
I – e responsabilizar-se pelo andamento das obras de construção civil, que ficaram a a cargo de Furnas
(subsidiária da Eletrobrás).
Em 1974, decidiu-se construir mais duas usinas, Angra II e Angra III, de origem alemã. Ambas estão
vinculadas a um acordo de cooperação nuclear, assinado em 1975, segundo o qual compraríamos da
A escolha de Angra dos Reis como área de implantação da primeira usina termonuclear no Brasil
deveu-se, segundo justificativas apresentadas na época, à sua posição intermediária entre os dois
maiores polos de desenvolvimento do país, São Paulo e Rio de Janeiro.
Em julho de 2000, o governo brasileiro inaugurou oficialmente a Usina de Angra 2, reacendendo uma
antiga polêmica em torno do custo de construção dessa usina (que ultrapassou 10 bilhões de reais, dos
quais cerca de 70% foram para o pagamento de juros).
Os seus defensores argumentaram com a necessidade de gerar mais eletricidade para atender a
demanda crescente a partir do uso de fontes alternativas aos combustíveis fósseis (altamente poluidores
do ambiente) e à hidroeletricidade, que apresentou sérios problemas quanto à localização.
Os críticos da energia nuclear contrapuseram com a imensa disponibilidade de recursos hídricos no
país para serem aproveitados (argumentaram que somente 25% do potencial brasileiro eram
aproveitados) e com o custo operacional, que em uma hidrelétrica era (em média) de 35 reais por MW/h,
enquanto em Angra 2 seria de 45 reais por MW/h.
Segundo a Eletronuclear: “O objetivo desta fonte alternativa não é o de concorrer, a curto prazo, comas
hidrelétricas, e sim o de complementar e diversificar este sistema. Um dos fatos que atestam a
necessidade de investimentos em fontes alternativas de energia é a baixa capacidade de expansão da
produção hidrelétrica no Sudeste, região de maior consumo do país. As usinas nucleares de Angra podem
estabilizar o fornecimento para a região e diminuir os riscos de blecautes”.
Um dos aspectos considerado na defesa da energia nuclear do País é a existência em nosso território
da sexta maior reserva mundial de urânio (cerca de 300 mil toneladas), embora tenhamos que importar o
urânio enriquecido, necessário para movimentar a usina.
Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada na praia
de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Quando entrar em operação comercial, a nova unidade com potência
de 1.405 megawatts, será capaz de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, energia
suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período. Com Angra
3, a energia nuclear passará a gerar o equivalente a 50% do consumo do Estado do Rio de Janeiro.
Angra 3 é irmã gêmea de Angra 2. Ambas contam com tecnologia alemã Siemens/KWU (hoje, Areva
ANP). As etapas de construção da Unidade incluem as obras civis, a montagem eletromecânica, o
comissionamento de equipamentos e sistemas e os testes operacionais.
O início oficial das obras foi em 1 de junho de 2010. Deveria ter entrado em operação em 2015 de
acordo com o Governo Brasileiro. Em 2011, porém, de acordo com o Plano Decenal de Expansão de
Energia 2020, a previsão de início das operações foi adiada para 2018, no entanto, as obras encontram-
se paradas e comenta-se em nova previsão de início apenas em 2023.
Referências Bibliográficas:
ANGLO: GARCIA, Hélio Carlos; GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. São Paulo, 4ª edição: Anglo.
COLEÇÃO OBJETIVO – Sistema de Métodos de Aprendizagem – ANTUNES, Vera Lúcia da Costa. Geografia do Brasil: Quadro Natural e Humano.
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci; Anselmo Lazaro Branco; Cláudio Mendonça. 3ª ed. São Paulo: Saraiva.
MARTINEZ, Rogério. Novo olhar: Geografia. Rogério Martinez, Wanessa Pires Garcia Vidal. 1ª edição. São Paulo: FTD, 2013.
MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini, Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.
Questões
O pau-brasil foi o primeiro elemento da rica natureza brasileira explorado pelo mercantilismo europeu.
(....) Certo (....) Errado
Gabarito
As fontes de energia primária mais utilizadas no mundo atual são, respectivamente, o petróleo, o
carvão mineral, o gás natural, o urânio e a hidráulica (da água). Sendo recursos naturais, as fontes de
energia podem ser classificadas em renováveis, como o sol, a água dos rios, o vento, etc.; e não-
renováveis, como o petróleo, o carvão mineral e o urânio.
As fontes não-renováveis podem se esgotar, ao contrário das fontes renováveis.
Energia Hidrelétrica:
A utilização da água como fonte de energia é muito antiga e remonta aos tempos dos moinhos movidos
pelas rodas d’água. Atualmente, o movimento natural das águas é utilizado principalmente para a
produção de energia elétrica, a qual é obtida em usinas hidrelétricas. Essas usinas utilizam basicamente
o mesmo princípio empregado nas antigas rodas d’água.
As Fontes Alternativas:
A enorme participação das fontes não-renováveis na oferta mundial de energia coloca o mundo diante
de um desafio: a busca por fontes alternativas de energia. E isso é urgente, pois o mundo pode,
literalmente, entrar em colapso se forem mantidos os atuais modelos de desenvolvimento
socioeconômico, com base no consumo de petróleo.
As resoluções estabelecidas pela maioria dos países as conferências sobre o clima do planeta, como
o Protocolo de Kyoto (segundo esse protocolo, que os Estados Unidos se negaram a ratificar, alegando
que isso traria prejuízos para a sua economia, os países industrializados, entre 2008 e 2012, deveriam
reduzir em 5,2% as emissões de gases-estufa, principalmente o dióxido de carbono, em relação ao que
lançavam na atmosfera em 1990), que envolvem questões ligadas ao aumento das temperaturas médias
do ar na Terra, exigem uma nova postura por parte dos governos em relação à produção de energia. Isso
só pode ser conseguido com investimentos em tecnologias para a geração de energia limpa.
É preciso considerar também o fato de que um terço da população mundial não tem acesso à energia
elétrica e que o fornecimento de eletricidade é uma condição básica para a melhoria da qualidade de vida
das pessoas, sobretudo no contexto da Terceira Revolução Industrial, em que a informática dinamizou o
acesso à informação, via Internet, e traz novas exigências para a inserção no mercado de trabalho.
Há diversas fontes alternativas disponíveis, exigindo desenvolvimento tecnológico para que possam
ser rentáveis e, consequentemente, utilizadas em maior escala. Entre elas, destacam-se o sol, o álcool,
o vento, o calor da Terra, o carvão vegetal e o biogás.
O Sol:
O aproveitamento da energia solar oferece grandes vantagens: não polui, é renovável e existe em
abundância. Entretanto, pelo fato de a sua utilização em larga escala (grandes usinas) para a geração de
energia elétrica estar em fase relativamente inicial de desenvolvimento tecnológico, a energia solar ainda
não é viável economicamente, ou seja, os custos financeiros para sua obtenção superam os benefícios.
A geração de energia elétrica tendo o sol como fonte pode ser obtida de forma direta ou indireta.
A forma direta de obtenção acontece por meio de células fotovoltaicas (trata-se de dispositivos que
desempenham força eletromotriz pela ação da luz. As células fotovoltaicas só produzem corrente elétrica
quando estão iluminadas), geralmente feitas de silício, um dos elementos mais abundantes na crosta
terrestre. A luz solar, ao atingir as células, é diretamente convertida em eletricidade. Apesar de o preço
dessas células estar caindo nos últimos anos, elas ainda são caras.
Para obter energia elétrica a partir do sol de forma indireta, constroem-se usinas em áreas de grande
insolação (áreas desérticas, por exemplo), onde são instaladas centenas de espelhos côncavos (coletores
solares) direcionados para um determinado local, que pode ser uma tubulação de aço inoxidável, como
ocorre no deserto de Mojave, na Califórnia (EUA), ou um compartimento contendo simplesmente ar, como
ocorre em Israel.
No caso das usinas da Califórnia, pela tubulação de aço inoxidável circula um tipo de óleo, que é
aquecido pelo calor do sol concentrado. O óleo aquece a água que circula em outra tubulação. A água
vira vapor, que irá mover as turbinas e acionar os geradores elétricos.
Na usina de Israel, o calor aquece o ar existente no compartimento até 1300ºC, quando este aciona
uma turbina e gera eletricidade.
O Álcool:
O álcool é produzido principalmente a partir da cana-de-açúcar, do eucalipto e da beterraba. Como
fonte de energia, pode ser utilizado para fazer funcionar motores de veículos (álcool etílico, da cana-de-
açúcar, e da beterraba; e metanol, do eucalipto) ou para produzir energia elétrica.
Energia Eólica:
Como o sol e a água, o vento também é um recurso energético abundante na natureza. Quando intenso
e regular, pode ser utilizado para produzir energia a preços relativamente competitivos. Este custo poderá
cair ainda mais quando a energia dos ventos estiver mais difundida.
A tecnologia atualmente empregada na construção dos cata-ventos que geram eletricidade é bastante
sofisticada e consegue explorar a força de ventos que sopram a mais de 10 metros por segundo. As
imensas pás dos rotores, com até 100 metros de comprimento, são agora construídas em fibra de vidro
(as primeiras, de aço, deterioravam rapidamente), giram a frequências que não interferem nas
transmissões de rádio e TV e são controladas por computadores.
Alguns países europeus já projetam rotores com potência e até 4 mil quilowatts, enquanto a NASA,
nos EUA, pensa em atingir a potência de muitos megawatts, em colaboração com o Departamento de
Energia.
O Calor da Terra:
Outra fonte alternativa de energia é representada pelas centrais geotérmicas, que transformam o calor
do interior da Terra em fonte de energia.
A principal vantagem da energia geotérmica é a escala de exploração, que pode ser adequada ás
necessidades, permitindo o seu desenvolvimento em etapas, à medida que aumenta a demanda.
Uma vez concluída a instalação, os seus custos de operação são baixos.
Já existem algumas dessas centrais encravadas em zonas de vulcanismo, onde a água quente e o
vapor afloram à superfície ou se encontram a pequena profundidade.
Costa Rica, Guatemala e, principalmente, a Islândia, já utilizam esse tipo de energia.
Atualmente a exploração da energia geotérmica estende-se a outras regiões, além das vulcânicas,
cuja superfície apresenta claros indícios de vapores subterrâneos.
O Biogás:
O biogás, constituído principalmente pelo gás metano, é obtido a partir de reações anaeróbicas (sem
oxigênio) da matéria orgânica existente no lixo, que é recolhido nas cidades e depositado nos aterros
sanitários energéticos. Ele tem sido utilizado para gerar gás combustível de uso doméstico ou combustível
de veículos, solucionando ainda um sério problema, especialmente para as metrópoles: a destinação do
lixo.
O biogás também pode ser obtido por meio de aparelhos chamados biodigestores, nos quais se
processa a fermentação de esterco, folhas de árvores e outros compostos orgânicos, constituindo-se uma
excelente alternativa para as áreas rurais.
Ainda que o nível de consumo da sociedade contemporânea continue se expandindo, ele ocorre de
maneira bastante desigual entre os países do mundo. Como o consumo de uma população é determinado
em grande parte pelo nível de sua renda, pode-se concluir que existem grandes diferenças de consumo
entre os países ricos e desenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Nos países ricos, a renda per capita
anual da população está, em média, em 40 mil dólares, como ocorre nos Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, França, Bélgica, Japão e Austrália. Já em países mais pobres, essa mesma renda não chega
a 800 dólares ao ano, caso do Haiti, Bangladesh, Afeganistão, Serra Leoa, Níger e Ruanda.
Faz-se hoje uma grande comparação entre o crescimento econômico de um país e suas implicações
sobre a oferta de recursos naturais. Não é difícil notar que um país desenvolvido consome muito mais
produtos, inclusive descartáveis, aumentando a pressão sobre os recursos naturais. Vejamos um exemplo
simplificado de um estudo publicado nos Estados Unidos.
Os países industrializados apresentam menos de 25% da população mundial, mas consomem 75% da
energia global, 80% dos combustíveis comercializados e cerca de 85% dos produtos madeireiros.
Em contrapartida, nos países subdesenvolvidos, a renda média equivale a apenas 5% da obtida em
países industrializados, indicando que o consumo nesses países se restringe ao necessário ou a menos
que isso. Mesmo assim, a pobreza também exerce pressão negativa sobre o meio ambiente, uma vez
que, em muitos casos, o comportamento de quem vive na miséria e na pobreza é predatório. Poderíamos
citar como exemplos de comportamentos predatórios contra o meio ambiente:
. a coivara – queimada -, técnica primitiva de agricultura;
. o garimpo ilegal e a contaminação de rios com mercúrio;
. a ocupação irregular das margens de mananciais pelas favelas em expansão, nos países pobres.
Mananciais são fontes de água doce, superficiais ou subterrâneas, que podem ser utilizadas para
consumo humano ou desenvolvimento de atividades econômicas. (Fonte: Ministério do Meio Ambiente).
A preocupação com o agravamento dos problemas ambientais levou, a partir das décadas de 1960 e
1970, ao surgimento de movimentos ambientalistas organizados pela sociedade civil como forma de
protestar, alarmar e cobrar mudanças para reverter o preocupante cenário de degradação da natureza
promovido pela sociedade.
A emergência dos movimentos ambientalistas eclodiu juntamente com um conjunto de outras
manifestações de caráter social, das quais fazem parte o movimento das mulheres, dos negros e dos
pacifistas, por meio de determinados segmentos sociais engajados na luta por melhores condições de
existência e de vida no planeta. Uma característica singular dos movimentos ambientalistas ecológicos,
em comparação com outros movimentos sociais, reside no fato de que, na prática, nenhum outro
movimento passou a questionar, de maneira tão ampla, temas tão distintos quanto aqueles que
perpassam pela questão ambiental.
Os movimentos ambientalistas começaram a se fortalecer primeiro na Europa e nos Estados Unidos a
partir de alguns grandes desastres ambientais ocorridos antes d década de 1970, tais como: a
contaminação do ar nas cidades de Nova York e Londres, entre 1952 e 1960; a intoxicação por mercúrio
nas baías de Minamata e Niigata, entre 1953 e 1965, no Japão; o acidente com o navio superpetroleiro
Torrey Canyon, ocorrido no canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, em 1967; a redução da vida
aquática em alguns dos Grandes Lagos, nos Estados Unidos; a morte de aves causada pelos efeitos de
pesticidas, como o DDT. Nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, esses movimentos chegaram um
pouco mais tarde, já no final da década de 1970 e início dos anos 1980.
Paralelamente a acontecimentos como esses que despertaram a opinião pública, a questão ambiental
também se tornou alvo de maior preocupação da comunidade científica, sobretudo com os avanços da
ecologia e ciências correlatas, como a biologia, por exemplo. Uma nova literatura começou, então, a
questionar os imites da degradação ambiental no planeta, que, no plano político internacional, também
se tornaram alvo de maior preocupação.
Em 1968, especialistas de diversos países se reuniram em Roma, Itália, a fim de formularem projeções
sobre o futuro do planeta, alertando para os riscos ambientais promovidos pelo modelo econômico
vigente, baseado na exploração dos recursos naturais. Esse acontecimento assinalou a fundação do
Clube de Roma que, em 1972, publicou o estudo intitulado Os limites do crescimento. Ao apontar os
limites da exploração do planeta, algo até então inquestionável, esse estudo estimulou a consciência da
sociedade e da tomada de atitude de governos de diferentes países a respeito da problemática ambiental.
Foi nesse contexto que a temática ambiental adquiriu projeção e ganhou espaço nas grandes
discussões internacionais. Ainda em 1972, a ONU realizou em Estocolmo, Suécia, a I Conferência das
Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente. Contando com representantes de mais de 100 países
e outras centenas de instituições governamentais e não governamentais, foram discutidas questões como
TAMDJIAM, James Onnig. Geografia Geral e do Brasil: estudos para compreensão do espaço: ensino médio/volume único. James & Mendes. São Paulo: FTD.
Questões
Gabarito
01. C/02. B
Recursos Hídricos
A Terra é quase toda coberta por uma imensa massa líquida (a hidrosfera), que compreende os
oceanos, os mares e as águas continentais (rios, lagos e geleiras).
Cerca de 70% da superfície terrestre encontra-se coberta por água. No entanto, menos de 3 deste
volume é de água doce, cuja maior parte está concentrada em geleiras (geleiras polares e neves eternas
das montanhas), restando menos de 1% de águas superficiais para as atividades humanas.
Os Oceanos
Mais da metade da população mundial vive numa faixa de cerca de 100 km junto ao litoral dos
continentes. Grandes e pequenas cidades, aldeias de pescadores e pequenas vilas desenvolvem
atividades relacionadas à vida marinha. A biodiversidade dos ecossistemas marinhos, que fornece 90%
do pescado mundial, pode ser considerada equivalente à biodiversidade dos ecossistemas terrestres.
As águas oceânicas também constituem um meio fundamental para o transporte, as atividades
portuárias de importação e exportação de mercadorias (90 do comércio internacional), a navegação de
cabotagem', a aquicultura (criação de peixes, ostras, marisco e crustáceos), a extração de minerais (sal
e petróleo), além de oferecer possibilidades para o desenvolvimento do turismo e do lazer.
É, portanto, um ambiente sujeito a múltiplas influências e perturbações, cujas causas são produzidas
principalmente no continente, de onde são lançados dejetos e resíduos produzidos pelas atividades
humanas, os quais podem ser provenientes de acidentes no próprio mar, como o derramamento de
petróleo. Calcula-se que os dejetos urbanos residenciais e industriais sejam responsáveis por 80 da
poluição das águas do mar.
A Oceanografia
O estudo dos oceanos é realizado pela Oceanografia, ciência que estuda os diferentes aspectos
físicos, químicos e biológicos da água do mar. Além disso, estuda a dinâmica geológica das estruturas
da litosfera oceânica, o relevo submarino e a exploração mineral.
A Organização Internacional de Hidrografia (lHO - International Hydrographic Organization) passou a
considerar, a partir do ano 2000, cinco oceanos: Pacífico, Atlântico, índico, Glacial Ártico e Meridional
(Antártico).
O relevo Submarino
As características do relevo continental e submarino são semelhantes, embora neste último, devido à
predominância do trabalho de modelagem da água, exista uma maior suavidade nos contornos.
Talude continental - inclinação mais aprofundada que a plataforma, chegando a até 3 mil metros de
profundidade.
Bacia oceânica - abrange a maior superfície e se estende a partir do limite do talude continental até
aproximadamente 5 mil metros de profundidade. É constituída por extensas bacias, de topografia mais
ou menos plana, por vezes interrompida por dorsais ou cordilheiras e também por fossas abissais.
Dorsais - constituem as grandes cordilheiras e acompanham, em certos casos, o contorno dos
continentes.
As dorsais encontradas nos oceanos Atlântico e Pacífico apresentam altitudes variam entre 2 e 4 km
acima do fundo oceânico, emergindo em diversos pontos sob a forma e ilhas e arquipélagos. O mais
marcante exemplo de dorsal é a Meso-atlântica.
Fossas abissais - localizam-se próximo continentes; formam as regiões mais profundo relevo
submarino.
As correntes marinhas
As correntes marinhas, cujo fluxo deve ter velocidade superior a 12 milhas marítimas por dia, são os
movimentos mais importantes que as águas do mar apresentam. Elas podem ser comparadas a rios de
água salgada, com temperatura diferente da massa de água oceânica por onde passam. Além disso, elas
circulam em outra velocidade em função da diferença de temperatura salinidade, que modificam a sua
densidade. Diferença de densidade entre as águas que formas correntes e as que circundam no oceano
faz que elas tenham velocidade própria e sigam sempre uma direção regular e relativamente precisa
O movimento e a direção das correntes depende de ventos regulares, destacando-se os alísios, do
movimento de rotação da Terra e do contorno dos continentes.
A importância prática do estudo das correntes marinhas reside no fato de que nelas encontram-se os
alimentos necessários à vida marinha, pois são ricas em microrganismos (plâncton) e servem de base
para a alimentação dos peixes.
Por isso as correntes constituem lugares favoráveis ao desenvolvimento de grandes cardumes e,
consequentemente, à atividade pesqueira. É o caso das áreas oceânicas próximo aos litorais da Noruega
(Gulf Stream), do Peru (corrente de Humboldt) e do Japão (corrente do Japão).
Além disso, as correntes, quando se aproximam do continente, influenciam o clima das regiões
situadas junto à costa litorânea.
Dos minerais encontrados nas águas marinhas, o mais abundante é o cloreto de sódio, comumente
conhecido por "sal de cozinha". Além dele aparecem também outros sais em menor quantidade, como o
cloreto de magnésio, o sulfato de magnésio e o sulfato de cálcio.
Obs.: Nas águas oceânicas predominam os cloretos, enquanto nas fluviais, os carbonatos.
Poluição marinha
Grande parte da poluição marinha é provocada por fontes terrestres. São indústrias e residências que
despejam toneladas de detritos e rejeitos nas águas dos rios; cidades que utilizam a água do mar como
emissário de esgotos; uso de fertilizantes e agrotóxicos em atividades agrícolas, cujo excesso é
transportado pelas águas dos rios, assim como excrementos animais nas áreas de criação. Elementos
tóxicos utilizados nas atividades mineradoras e rejeitos das áreas de extração de minérios podem também
atingir as águas do mar.
O combate à poluição marinha inclui um conjunto de normas e atitudes que depende dos processos
de controle das atividades humanas realizadas nos continentes, como, por exemplo, o controle do
escoamento dos fertilizantes e outros produtos nocivos à água; a proibição da descarga de efluentes
industriais nos rios; a universalização dos processos de tratamento de esgoto, entre outros.
Outra parte da poluição dos mares e das zonas costeiras resulta de acidentes no transporte marítimo
de mercadorias. O principal responsável por esta poluição são os acidentes provocados por grandes
petroleiros, os quais são responsáveis por 10 da poluição dos oceanos. No Brasil, parte da poluição
causada pelo petróleo decorre de acidentes em plataformas de extração localizadas no oceano.
As águas continentais
Os rios são de grande importância para a organização do espaço, haja vista que as primeiras grandes
civilizações fixaram-se às margens de rios como o Tigre, o Eufrates, o Nilo, o Indo e outros. Diversas
regiões de elevada densidade demográfica, nas quais, em muitos casos, surgiram grandes cidades,
estruturaram-se às suas margens.
Os rios podem ser usados para a irrigação (inclusive de regiões em que há pouca ocorrência de
chuvas), para a geração de energia elétrica e como via de transporte. Além disso, a pesca constitui
importante fonte de alimentação.
Bacia hidrográfica corresponde à área drenada por um rio principal, seus afluentes e subafluentes",
que formam, dessa maneira, uma rede hidrográfica.
Os limites entre as bacias hidrográficas encontram-se nas partes mais altas do relevo e são
denominados divisores de água, pois separam as aguas de bacias. O declive entre o divisor de água e o
rio principal, por onde correm as águas dos afluentes, chama-se vertente. As águas são depositadas no
leito do rio que, em época de cheia, pode transbordar para as margens baixas e planas que o
acompanham, que constituem a sua várzea.
O Brasil dispõe de uma das mais densas redes hidrográficas da Terra, que representam cerca de 4
das reservas mundiais de água doce. No entanto o abastecimento das regiões mais desenvolvidas
De modo geral, os rios brasileiros recebem águas das chuvas. Por isso, em sua maioria, são
caracterizados pelo regime' pluvial.
A bacia Amazônica, considerada a maior bacia hidrográfica do mundo, drena uma área superior à
metade do território brasileiro (6,5 milhões de km') e também abrange áreas de outros seis países sul-
americanos. De toda a água dos rios lançada nos oceanos, 20 desembocam da foz do rio Amazonas.
Sobretudo em território brasileiro, o rio Amazonas atravessa uma área plana e pouco profunda; é um
rio largo e que apresenta grande volume de água. Essas também são características dos trechos de
afluentes situados próximo ao Amazonas, tomando a navegação fluvial o principal meio de transporte da
região.
Pelo Amazonas também são transporta produtos. A safra de soja do norte do M Grosso é transportada
pelo rio Madeira (afluente do Amazonas). Como o custo do frete transporte fluvial é menor que o do
transpor rodoviário e ferroviário (muito usados zonas centro e sul do país), o custo final do Produto
também é menor.
Além de usados para navegação, o rio é meio essencial de vida para a população ribeirinha e diversos
povos indígenas. Os rios Amazônia têm a maior fauna fluvial do mundo e o número de espécies
conhecidas é surpreendente.
A bacia Amazônica possui o maior potencial para geração de energia hidrelétrica do país. No entanto,
a produção de energia é pequena. Isso se explica pela distância dos grandes centros econômicos e
populacionais, situados no Sul e Sudeste do país.
A bacia do Tocantins-Araguaia está ligada ao mesmo ecossistema da Bacia Amazônica e os e os rios
também têm grande importância na organização do espaço regional da Amazônia Oriental. A sua maior
extensão drena terrenos elevados, que garante boas possibilidades para geração de energia. Nela está
situada a usina de Tucuruí, no rio Tocantins, no Pará - a maior hidrelétrica totalmente brasileira. É ela que
alimenta os grandes projetos minerais implantados nesse estado, como o Grande Carajás, e,
principalmente, as grandes indústrias de alumínio, orno a Alcoa; a Albrás (Alumínio Brasileiro SI A),
pertencente à Companhia Vale do Rio Doce; e a Nippon, entre outros. A linha de transmissão de Tucuruí
tem mais de 1 200 quilômetros de extensão e abastece, além dos projetos minerais, várias cidades do
Pará e do Nordeste.
Essas indústrias, que pelo enorme consumo energético são chamadas de eletro intensivas, consomem
mais de 60 da hidreletricidade gerada por Tucuruí. A construção da hidrelétrica, por sua vez, exigiu
vultosos investimentos do governo brasileiro no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, os quais
favoreceram, principalmente, grandes grupos empresariais estrangeiros e Nacionais.
A bacia do São Francisco é alongada e situa-se quase totalmente em área de depressão, conforme
classificação do prof. Jurandyr Ross (ver capítulo 21). O extenso São Francisco (cerca de 3 100 km) tem
afluentes de pequena extensão e boa parte deles são temporários, ou seja, eram no período das
estiagens escassez de chuvas). Esse rio nasce na Serra da Canastra
Hidrovia do Mercosul
A hidrovia Tietê-Paraná está entre os grandes projetos da Bacia do Paraná. O obstáculo a ser superado
é a usina de Itaipu, onde, para superar os 130 metros de desnível no trecho do rio em que ela foi
construída, será necessário grande investimento na construção de eclusas'. Por enquanto, a carga
transportada precisa ser baldeada caminhões e percorrer 80 km de estrada para retomar à hidrovia.
Os projetos para o rio Paraguai preveem a retificação de trechos do rio, o que tornará o percurso mais
rápido seguro, bem como o controle da vazão das suas águas, que diminuem muito na época da seca
(outono-inverno) impossibilitando, em alguns casos, a navegação. No entanto, como visto no capítulo
anterior, obras de grande impacto para estabelecer o controle da vazão poderão ocasionar graves danos
ao ecossistema do Pantanal, a alternância do volume de água do rio é fator responsável pela diversidade
e abundância da fauna e da flora região.
Agregam-se, ainda, a este conjunto de hidrovias, mais 500 km de águas da rede do rio Uruguai.
As bacias secundárias
Bacias do Nordeste - Destacam-se os rios permanentes de Mearim, Turiaçu e Itapecuru (no Maranhão);
Pamaíba (Maranhão/Piauí); e Beberibe e Capibaribe (em Pernambuco). Contudo, a maior parte dos rios
situa-se no sertão; eles são temporários (intermitentes), como o Jaguaribe (Ceará), considerado o maior
rio temporário do mundo.
Bacias do Leste - Destacam-se os rios Jequitinhonha, que corta uma região extremamente pobre do
nordeste de Minas Gerais; Doce, que abrange tradicional área de mineração neste estado; e Paraíba do
Sul, que atravessa importante região industrial do Brasil e de grande concentração urbana (São Paulo e
Rio de Janeiro).
Bacias do Sudeste-Sul - são importantes rios dessa bacia o Ribeira do Iguape (São Paulo, próximo à
fronteira do Paraná), região mais empobrecida econômica e socialmente do estado; o Itajaí (principal
região industrial de Santa Catarina) e o Tubarão (região carbonífera e industrial, também situada em
Santa Catarina).
Apostila gerada especialmente para: rayssa oliveira silva 017.822.702-13
. 153
No Rio Grande do Sul, destacam-se os rios Guaíba (porto Alegre) e Jacuí, além das lagoas dos Patos,
Mirim e Mangueira.
O subsolo do território brasileiro armazena grande quantidade de água, inclusive sob as áreas
semiáridas do Nordeste.
As águas subterrâneas nem sempre são apropriadas para consumo.
O volume das águas encontradas próximo à superfície, as quais formam os lençóis freáticos, não só é
pequeno como pode estar contaminado. Essas águas, bastante exploradas, podem conter toxinas
oriundas tanto da agricultura como de atividades industriais.
Os reservatórios subterrâneos, localizados a centenas de metros de profundidade e que apresentam
enorme volume de água (centenas de milhares de km'), são denominados aquíferos. Esses aquíferos
provavelmente não estão contaminados.
Num trecho do subsolo brasileiro encontra-se parte do maior aquífero do mundo - o Sistema Aquífero
Guarani -, localizado justamente numa das áreas de maior concentração populacional! e de maior
consumo de água do país.
As águas desse aquífero também ocupam trechos do subsolo da Argentina, do Paraguai e do Uruguai.
Portanto, para preservar esse imenso manancial de água doce e de boa qualidade, é necessário implantar
uma política conjunta de exploração e de controle ambiental.
Argentinos, uruguaios, paraguaios e brasileiros têm um tesouro sob seus pés. No subsolo desses
países fica o maior aquífero do mundo, o Reservatório Guarani. Confinado entre formações da Serra
Geral, ele tem nada menos que 1,2 milhão de km".
Composto de pouca argila e muita areia, o aquífero é de excelente qualidade, diz o geólogo José Luís
Albuquerque, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo. "Uma camada de
basalto de até 1700 metros recobre 90 do Guarani, garantindo proteção contra contaminações", explica.
Os estudos mostram que o reservatório poderia fornecer água, anualmente, para cerca de 150 milhões
de pessoas.
A exploração científica do Guarani começou no início dos anos 1970 mas, de lá cá, não teve extração
maciça. Agora, um projeto dos quatro países interessados em parceria com o Banco Mundial pretende,
nos próximos cinco anos, tornar o Guarani uma fonte real de água. "Estamos na definição da proposta
para que o Banco possa apreciai-la", afirma Albuquerque, que participa do projeto. Os custos do Projeto
Guarani, quando finalizados, serão de US$ 25 milhões. (Revista Galileu, nº 119, junho de 2001, p. 47.)
Os rios são de grande importância para a organização do espaço geográfico, trazendo enormes
benefícios para a sociedade. No entanto, sofrem as consequências bastante negativas afetam ecos
sistemas fluviais e a própria de, como o lançamento de dejetos de diversos tipos em suas águas,
transformando-os em esgotos a céu aberto. Essa é a situação em que encontra a maioria dos rios, os
quais são muitas vezes considerados subprodutos da sociedade urbano-industrial, que encara a natureza
como fonte de matéria-prima ou como depósito de resíduos.
A morte dos rios em diversos lugares do mundo está basicamente relacionada a três fatores principais:
lançamento de esgotos urbanos sem tratamento; lançamento de produtos utilizados na agricultura, como
pesticidas e fertilizantes químicos, que são levados para os rios pela água da chuva; e lançamento de
resíduos industriais.
Os resíduos industriais são, em muitos lugares, o principal agente poluidor dos rios. No entanto, nas
áreas das grandes metrópoles dos países subdesenvolvidos a responsabilidade maior fica por conta dos
esgotos urbanos, que contêm fezes humanas, restos de alimento, e mesmo detergentes e sabões. Todos
esses dejetos representam uma grande quantidade de bactérias causadoras de muitas doenças, se
ingeridas ou absorvidas pela pele. Determinados tipos de detergentes contêm muitos nutrientes que
liberam organismos responsáveis por elevado consumo de oxigênio, elemento fundamental à fauna dos
rios.
6
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e Geografia do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Saraiva.
Vimos, anteriormente, que o espaço geográfico de muitos países é organizado em torno dos cursos
fluviais. Cerca de um terço das fronteiras entre os países é delimitado por rios ou lagos, e dois terços dos
rios mais extensos do mundo têm suas águas partilhadas por diversos países.
Obras hidráulicas ou atividades poluentes na montante" de um rio podem prejudicar o fluxo de água
no país vizinho, que utiliza as águas da jusante".
Neste início de século XXI, o problema da seca em numerosas e extensas regiões da Terra tem se
tornando tão grave que os países começam a reavaliar o verdadeiro valor da água e sua importância
estratégica para o desenvolvimento econômico e para a sobrevivência da humanidade,
Provavelmente a água potável será o recurso natural mais disputado do planeta neste século.
Sua escassez em um grande número de países, principalmente na África e no Oriente Médio, será a
principal causa de guerras. Essa é a conclusão do Centro de Estudos Estratégico Internacionais. Também
o Banco Mundial, em um relatório publicado em agosto de 1995, alerta para o risco de guerras por causa
da água. "Muitas das guerras deste século [XX] foram fruto da disputa pelo petróleo. As do próximo século
[XXI] serão causadas pela luta por água".
A África do Norte e o Oriente Médio são as duas regiões do mundo que registram o maior crescimento
de importação de cereais devido. Principalmente, à escassez de água. Mas, além da precariedade dos
recursos hídricos, são países que possuem crescimento populacional acelerado.
7
Fonte: Departamento de Informação Pública da ONU, DP1f2293B, dezembro de 2002.
Dinâmica Climática
“Tempo bom, com nebulosidade; temperatura em ligeiro declínio”. Os meios de comunicação divulgam,
diariamente, informações sobre o tempo. Nessa acepção, tempo é o estado momentâneo da atmosfera
em determinado local. Para determinar as condições do tempo, é preciso considerar os fenômenos
atmosféricos: temperatura do ar, pressão atmosférica, vento, umidade, precipitações (como chuva,
granizo e neve), geadas, massas de ar. Como esses fenômenos variam frequentemente, essa mesma
variação ocorre com o tempo, que muda constantemente.
A expressão “tempo bom” – muito empregada em nosso cotidiano – é uma expressão relativa. Para
quem pretende ir ao clube ou à praia, um tempo quente e ensolarado será considerado bom. Já para um
agricultor, cuja plantação esteja comprometida pela falta de chuvas, esse tempo quente e ensolarado
será considerado ruim.
Clima é o conjunto de variações do tempo, de uma determinada região, durante um longo período (30
anos, aproximadamente). Assim, para determinar o clima de um local, é necessário analisar o
comportamento dos fenômenos atmosféricos, também denominados elementos climáticos, inclusive a
atuação das massas de ar. Por meio dessa análise, são identificados, por exemplo, os períodos de chuva
e sua quantidade (índice pluviométrico); os meses mais quentes e mais frios.
Pressão atmosférica
O ar tem peso e este peso é denominado pressão atmosférica. Quanto mais denso for o ar, maior
será a pressão exercida por ele.
É ao nível do mar que o ar encontra-se mais denso, mais concentrado; portanto, a pressão atmosférica
é maior nessa área. Conforme aumenta a altitude, o ar torna-se menos denso – mais rarefeito – e,
consequentemente, a pressão exercia por ele diminui.
O ar de desloca das áreas de alta pressão, nas quais encontra-se muito concentrado, para as áreas
de baixa pressão, nas quais sua concentração é menor. Quando este deslocamento de ar – denominado
vento – ocorre em grandes blocos, identificamos as massas de ar, que, por possuírem temperatura e
umidade semelhantes, deslocam-se conjuntamente na mesma direção.
As Massas de Ar
Como visto anteriormente, o ar que compõe a atmosfera está em constante movimento em virtude das
diferenças de pressão. Apesar de ocorrerem variações nos valores da pressão num mesmo local,
principalmente em função das mudanças de estações do ano, é possível delimitar algumas áreas com
predominância de altas pressões e outras onde predominam as baixas pressões, que irão determinar a
circulação geral da atmosfera.
É no interior dessa circulação geral que se estabelece a dinâmica das massas de ar, grandes
responsáveis pela determinação dos diferentes tipos climáticos. O local em que a massa de ar se forma
recebe o nome de região de origem. É na região de origem que a massa de ar adquire as características
de temperatura, pressão e umidade.
Assim, uma massa de ar que se forma sobre uma superfície gelada, como a Antártida, tem
propriedades típicas dessa região: temperatura baixa, alta pressão e pouca umidade. Por isso, o estado
do tempo em toda a área abrangida pela massa de ar será condicionado por suas propriedades, só
ocorrendo modificações onde existem montanhas, vales ou grandes extensões de água (lagos, por
exemplo) e nas zonas de contato entre duas massas de ar.
Ao se deslocarem, as massas de ar vão, aos poucos, perdendo as suas características de temperatura,
pressão e umidade. Por exemplo: uma massa de ar frio e úmido, formada, portanto, em altas latitudes,
perde temperatura e umidade à medida que se dirige para latitudes mais baixas – áreas mais quentes.
A região próxima à Linha do Equador é de baixa pressão. Para essa região convergem as massas de
ar formadas nos trópicos e, por isso, é denominada zona de convergência intertropical (ZCIT). Nessa
zona ocorrem as maiores precipitações da Terra.
Na proximidade dos trópicos de Câncer e Capricórnio encontram-se as regiões de alta pressão.
Nessas regiões formam-se ventos continentais (ventos alíseos), que circulam dos trópicos em direção ao
Equador. São as denominadas zonas subtropicais ou dispersoras de massas de ar.
Na região próxima aos círculos polares formam-se novas zonas de baixa pressão, denominadas
baixas polares, para as quais convergem as massas de ar que se originam nas zonas subtropicais e
nas altas polares.
As massas de ar que se formam sobre os continentes são secas, com exceção das formadas sobre
áreas de densas florestas tropicais, onde a evapotranspiração é intensa. As massas que se formam sobre
os oceanos, por sua vez, são úmidas. Assim, considerando-se a latitude sobre a qual as massas de ar se
formam, elas são classificadas em equatoriais, tropicais e polares. Em relação ao tipo da superfície,
elas podem ser continentais ou oceânicas.
As Frentes
Ao se deslocarem, as massas de ar se encontram. Nesse contato, elas não se misturam: uma empurra
a outra, de tal forma que aquela que avança com mais intensidade faz com que a outra retroceda e impõe
a ela suas características, o seu tipo de tempo.
A zona de contato entre duas massas de ar diferentes recebe o nome de frente ou superfície frontal.
O encontro de duas massas de ar, tanto no caso de frente fria como no de frente quente, pode levar à
formação de nuvens e à ocorrência de chuvas, que, nesse caso, são denominadas chuvas frontais.
A Poluição Atmosférica
A poluição atmosférica está relacionada ao tipo de energia utilizada pela sociedade humana nos
últimos 200 anos. Desde o momento em que a indústria transformou-se na principal atividade econômica,
o carvão mineral e o petróleo tornaram-se as principais fontes poluentes. A cada ano verifica-se um
aumento da quantidade de gases lançados na atmosfera. Entre os compostos mais nocivos, destacam-
se os de enxofre, de nitrogênio e os formados por hidrocarbonetos. Embora as consequências desse tipo
de poluição alcancem dimensões globais, é nas grandes cidades que são percebidos seus efeitos mais
nocivos.
Microclima Urbano
A poluição do ar nas grandes cidades é causada principalmente pelo lançamento de gases tóxicos e
de matérias particuladas na atmosfera. Os gases lançados pelos veículos são os principais poluentes das
áreas urbanas. Destacam-se, também, as emissões advindas das atividades industriais e das usinas
termelétricas. Algumas cidades estabeleceram normas para reduzir a quantidade de veículos em
circulação, como, por exemplo, o sistema de rodízio de veículos. Dependendo do final da placa, uma
parte da frota de veículos não circula em determinado dia. Em outros casos, o acesso às áreas centrais
da cidade é permitido mediante o pagamento de taxas (pedágio), como ocorre em Londres, no Reino
Unido. Porém a eficácia dessas medidas é reduzida. Não se deve encarar o rodízio ou a restrição à
circulação de veículos em áreas centrais como solução para a poluição atmosférica, mas apenas como
algo que minimiza o problema.
O problema da poluição do ar se agrava em cidades situadas em “bacia” (terreno mais baixo que o
circundante), pois essa localização é desfavorável à dispersão de poluentes. Além disso, o ar quente em
ascensão é bloqueado por uma camada mais alta de ar frio, que aprisiona a poluição. É o que acontece
em cidades como a do México e de Grenoble, na França.
As paisagens vegetais se desenvolvem de acordo com o tipo de clima, do relevo e do tipo de solo em
que elas se situam. A influência do clima é, sem dúvida, a mais relevante, havendo uma associação entre
a paisagem vegetal e a sua região climática característica.
Os vegetais não vivem isolados, mas em comunidades, denominadas formações vegetais, que
podem ser agrupadas de acordo com o porte (tamanho da vegetação) predominante na paisagem:
arbóreas ou florestais, arbustivas, herbáceas ou campestres e complexas – neste último caso,
quando reúnem formações de porte variado, geralmente situadas em áreas alagadas, desertos e junto
aos litorais.
Essa região climática, situada próxima ao Equador, apresenta elevadas temperaturas e grande
umidade durante todo o ano. Caracteriza-se pela baixa amplitude térmica e pelas chuvas de convecção,
uma vez que as elevadas temperaturas das regiões de clima equatorial provocam um processo contínuo
de evapotranspiração, ascensão do ar úmido, resfriamento nas altitudes mais elevadas, condensação e
precipitação.
Essas características climáticas, entre outros fatores, favorecem o desenvolvimento de uma vegetação
florestal bastante densa, cujas árvores chegam a atingir mais de 60 metros de altura. Também são
abundantes as formações de porte intermediário no interior dessa floresta. As matas equatoriais abrigam
a maior biodiversidade do mundo. Três florestas bastante representativas dessa formação vegetal são a
Amazônica, na América do Sul; a do Congo, no continente africano; e a da Indonésia e Malásia, no
sudeste asiático.
A floresta equatorial é hidrófila (úmida), estratificada (apresenta vegetais de porte variado no interior
das árvores de grande porte), heterogênea (há grande variedade e espécies) e latifoliada (folhas largas
e grandes); abriga animais de pequeno porte e uma infinidade de insetos.
Nas regiões de clima tropical predominam as elevadas temperaturas e a alternância entre as estações
secas (inverno) e úmidas (verão). A cobertura vegetal caracteriza-se por duas formações principais: as
savanas e as florestas tropicais. No entanto, nas áreas alagadas, aparecem pântanos e, junto ao litoral,
mangues.
As savanas são formações arbustivas que apresentam raízes profundas, folhas grossas e troncos
retorcidos. As raízes profundas permitem a retirada de água do lençol freático durante a seca prolongada
do inverno.
Savana é o nome que essa cobertura vegetal recebe no continente africano. No Brasil, as savanas
correspondem ao cerrado e, na Venezuela, ao Ihanos.
O clima temperado abrange amplos territórios do hemisfério Norte: América do Norte, Europa e uma
faixa alongada central da Ásia, que se estende até parte da China e do Japão. No hemisfério Sul, sua
ocorrência é bastante restrita. Caracteriza-se pelas quatro estações bem demarcadas, que são visíveis
na paisagem vegetal. O clima temperado divide-se em dois tipos: temperado continental (em que há
maior amplitude térmica e invernos rigorosos, com precipitação de neve) e temperado oceânico (em que
a amplitude térmica apresenta-se menor).
As florestas temperadas encontram-se bastante devastadas devido à intensa ocupação do solo; ela é
constituída por árvores de porte médio, espaçadas umas das outras, que trocam suas folhas a cada
outono e inverno (caducifólias). Dentre as poucas espécies que constituem as florestas temperadas,
destacam-se a faia, o carvalho e a nogueira.
O pouco que resta dessa floresta é encontrado na Europa ocidental e oriental, na parte meridional da
América do Sul, na Nova Zelândia e no Japão.
Em regiões temperadas oceânicas (costa ocidental da América do Norte, sul do Chile, Austrália e Nova
Zelândia), de maior umidade, são encontrados o pinheiro vermelho e as sequoias; no sudeste da
Austrália, destacam-se os eucaliptos gigantes – essas árvores são seculares e podem atingir 150 metros
de altura.
As formações herbáceas também são típicas desta região climática e recebem o nome de estepes ou
pradarias. A estepe (pradaria) constitui uma excelente pastagem natural, muito utilizada para a criação
de gado. Como exemplos dessa formação, podem ser citados a cobertura vegetal predominante nos
pampas argentinos; as pradarias (prairies), no centro-oeste do Canadá e dos Estados Unidos; a puzta,
na planície da Hungria; e o scrub, na Austrália. No Brasil, esse tipo de vegetação é denominado campos
e é encontrado, de forma contínua, sobretudo no sul do Rio Grande do Sul.
O clima continental, situado em elevadas latitudes, caracteriza a maior parte do território canadense,
o extremo norte da Europa, e a Sibéria, na Rússia. As precipitações maiores ocorrem no inverno, quase
sempre sob a forma de neve.
Nesse clima desenvolve-se a floresta boreal, cuja vegetação é de grande porte, espaçada e
relativamente homogênea, nela predominando o pinheiro e o cipreste.
Devido à boa qualidade de suas madeiras, a floresta boreal é intensamente explorada para a obtenção
da celulose – matéria-prima empregada na fabricação do papel.
Essa floresta é representada pela taiga siberiana – a maior do mundo -, situada na Rússia; pela taiga
canadense; e pela taiga escandinava (norte da Europa).
Nos extremos Norte e Sul da Terra, o clima é polar. Nessas regiões são registradas as mais baixas
temperaturas do planeta. Na maior parte dos territórios, o solo mantém uma cobertura de gelo
permanente, sem vegetação. Em outras regiões, durante o verão, o degelo deixa o solo exposto e nele
Nas altas latitudes, o solo apresenta-se coberto por neve praticamente o ano todo, até mesmo em
lugares situados em baixas altitudes.
Em regiões de baixas latitudes (clima tropical ou subtropical), os solos das áreas montanhosas
apresentam diferentes formações vegetais.
No clima de montanha, a cobertura vegetal – influenciada pela altitude – modifica-se do sopé da
montanha até os locais mais altos (mais de 4 mil metros de altitude), nos quais a neve cobre o solo durante
todo o ano – são as chamadas “neves eternas”. Essa cobertura permanente de neve ocorre, inclusive,
nas baixas latitudes das regiões tropicais, sendo que, no sopé das montanhas, a vegetação é a mesma
da região do entorno. A modificação da paisagem vegetal ocorre numa sequência, que, em linhas gerais,
é semelhante à verificada na mudança de vegetação das baixas para as altas latitudes da Terra.
O clima desértico caracteriza-se pela aridez (escassez de água). Nessas regiões há pouca (ou
nenhuma) vegetação, o mesmo ocorrendo em relação às redes fluviais. Os desertos localizados em áreas
próximas aos trópicos são quentes, como, por exemplo, o do Saara, no norte do continente africano, e o
de Kallaari, na África do Sul; os situados em latitudes mais elevadas são frios, como o da Patagônia, na
Argentina, ou o de Gobi, na China e Mongólia.
Geralmente, os desertos situam-se em regiões continentais, mas aparecem também junto a oceanos.
Neste caso, formam-se devido à ação de correntes frias, que condensam as massas de ar quente e
úmido, as quais se precipitam no mar antes de atingir o continente. É o caso do deserto de Atacama, no
Chile (corrente de Humboldt) e da Namíbia (corrente de Benguela).
Apesar da escassez de umidade, em diversas áreas do deserto desenvolvem-se vários tipos de
formações vegetais: rasteira (estepes secas); arbustos espinhosos, quase sem folhas; e cactos. Estas
espécies, em conjunto, recebem o nome de xerófilas.
Os desertos abrangem extensas áreas do globo. Aparecem no oeste dos Estados Unidos, no norte e
sul da África, no Oriente Médio e parte da Ásia Central, e no oeste da Austrália.
A posição geográfica do território brasileiro, situado, em quase sua totalidade, na zona tropical,
caracteriza o país como de climas que, em geral, apresentam temperaturas médias elevadas. Contudo,
o comportamento das temperaturas e da umidade das diferentes regiões climáticas durante o ano é
determinado, principalmente, pela atuação das massas de ar.
No verão, quatro massas de ar quente exercem influência sobre o país: a Equatorial continental (mEc),
a Equatorial atlântica (mEa), a Tropical atlântica (mTa) e a Tropical continental (mTc), sendo apenas esta
última seca. É justamente por isso que o verão é o período das chuvas na maior parte do território
brasileiro.
Nesta estação do ano, a massa Polar atlântica (mPa) avança esporadicamente sobre o país, podendo
provocar ligeira queda de temperatura e chuvas frontais, aumentando a pluviosidade.
No inverno, a atuação da Equatorial continental (mEc) é mais restrita à região Norte, a Tropical atlântica
(mTa) continua a atuar no Brasil e a Polar atlântica (mPa) passa a atingir frequentemente o território
brasileiro, provocando baixas temperaturas no Sul, em grande parte do Sudeste e porção sul do Centro-
Oeste, chegando até a região Norte, onde provoca o fenômeno da friagem (fenômeno caracterizado pela
queda súbita da temperatura na região da Amazônia ocidental, no período do inverno, que decorre da
penetração de um ramo da massa de ar Polar atlântica pela porção central da América do Sul). Sobretudo
na região Sul, e em alguns trechos do Sudeste (São Paulo, especialmente), são frequentes, nessa
estação, a ocorrência de geadas (formação de uma película de gelo sobre as folhas em decorrência do
congelamento das gotas de orvalho). Na altura do estado da Bahia, a Polar atlântica (mPa) já perdeu
bastante intensidade. É onde as frentes frias se dissipam.
A variedade das paisagens vegetais naturais do Brasil acompanha a diversidade dos climas, que
fornecem a temperatura, a luminosidade e a umidade adequadas para o desenvolvimento de cada tipo
de cobertura vegetal.
O Brasil apresenta extensas regiões florestais e arbustivas, apesar do intenso desmatamento que
ameaça vários de seus ecossistemas. Também são encontradas formações herbáceas e outras, como
os mangues e o complexo do pantanal.
As regiões tropicais possuem o maior estoque de biodiversidade da Terra, principalmente as matas
equatoriais e tropicais. Calcula-se que o Brasil abrigue a terça arte das espécies existentes no mundo.
Por isso, o intenso desmatamento é alvo de preocupação e discussão e entre países e ONGs de todas
as partes do mundo.
No Brasil, o clima equatorial é típico da região amazônica, na qual se desenvolve a floresta Amazônica
– a maior floresta da zona intertropical do globo e, também, a que apresenta maior biodiversidade.
Essa floresta ocupava, originalmente, uma área de cerca de 5 milhões de km² (incluindo a parte
brasileira e sul-americana).
A intensa exploração madeireira, a implantação de grandes fazendas agropecuárias e os grandes
projetos de mineração provocam não só danos ambientais, como destroem espécies vegetais ainda
desconhecidas, que poderiam ser usadas como matérias-primas na produção de medicamentos para a
cura de muitas doenças graves. São, portanto, amplas as possibilidades de pesquisa e de aplicação dos
recursos genéticos encontrados nesse tipo de cobertura vegetal.
A floresta Amazônica se divide em três grupos, de acordo com a compartimentação do relevo.
* Floresta ou mata de igapó: situada nas áreas permanentemente inundadas pelos rios.
* Floresta ou mata de várzea: situada nas áreas inundadas apenas durante as cheias.
* Floresta de terra firme: situada nas áreas mais elevadas, onde se encontram árvores de grande
porte, como a andiroba, o cedro, o castanheiro e o mogno. Esse tipo de floresta abrange entre 70% e
80% da extensão florestal amazônica.
Apesar de contar com técnicas e equipamentos sofisticados para monitoramento de áreas florestais,
detecção de queimadas e derrubada de matas, os quais incluem computadores, radares, sistema de
posicionamento global (GPS) e análise de imagens de satélite, os índices de desmatamento em toda a
Amazônia apresentaram-se elevados entre o final do século XX e início deste século.
A biodiversidade encontrada no Brasil é uma das maiores do mundo. Em termos regionais, a floresta
Amazônica apresenta, em seu conjunto, a maior concentração de espécies animais, vegetais e de
microrganismos da Terra. Segundo dados do IBGE e do Ibama, são mais de 3 mil espécies medicinais
catalogadas. No entanto, esses recursos são frequentemente explorados pela biopirataria.
O clima tropical úmido (ou litorâneo) acompanha uma estreita faixa de terra localizada junto à costa
atlântica, estendendo-se de São Paulo ao Rio Grande do Norte. Caracteriza-se pela ocorrência de
temperaturas elevadas o ano inteiro, em particular na região Nordeste. No litoral do Sudeste, as
temperaturas podem cair no inverno com a chegada de frentes frias (massa Polar atlântica).
No clima tropical litorâneo, as chuvas na costa nordestina são mais intensas no outono e inverno. No
Sudeste, elas são mais frequentes e abundantes no verão.
Duas formações vegetais são representativas desta região climática: a Mata Atlântica e os
manguezais.
A Mata Atlântica é a formação mais devastada de todo o território brasileiro.
Do período colonial, em que se verificou a expansão da agricultura canavieira, aos dias atuais, a região
da Mata Atlântica foi intensamente explorada. A mineração do século XVIII e a agricultura cafeeira
também contribuíram para a devastação de grandes extensões de mata, nas quais estabeleceram-se os
principais núcleos de povoamento e as primeiras cidades. Posteriormente, nessa área devastada
concentraram-se as principais regiões urbanas do país, as instalações industriais, as atividades
agropecuárias e as vias de transporte.
O clima tropical (denominado no Brasil como tropical semi-úmido ou continental), é típico da região
Centro-Oeste, mas abrange também trechos do Nordeste e Sudeste brasileiros. É um clima quente,
marcado por duas estações bem distintas: verão úmido e inverno seco.
O cerrado é uma formação de arbustos e campos. Sua paisagem, à primeira vista, não revela a riqueza
escondida nesse ecossistema. Raramente a defesa do cerrado faz parte das manifestações
ambientalistas. No entanto, é um dos ecossistemas mais ricos do país.
Por muito tempo a atividade predominante no cerrado foi a pecuária. Posteriormente, essa região
constituiu área de pastagem da maior parte do rebanho bovino e de expansão agrícola da soja. As
atividades agrícolas modernas, empreendidas em fazendas gigantescas, e o uso de agrotóxicos,
provocam não só a devastação do cerrado, como impactos ambientais profundos em toda essa região.
O interior do Nordeste e o norte de Minas Gerais apresentam o clima mais seco do Brasil – o semiárido,
onde o índice de chuva anual varia entre 300 e 800 mm. Trata-se do sertão – a região semiárida mais
habitada do mundo e, economicamente, a mais pobre do país. O sertanejo tem de caminhar quilômetros
para adquirir água nas poucas fontes espalhadas pelo semiárido brasileiro.
A vegetação é formada pela caatinga, que também constitui um ecossistema bastante rico e
diversificado, onde se desenvolvem formações rasteiras, arbustos e cactos. A atividade predominante na
região é a pecuária ultra – extensiva.
Os solos da caatinga são férteis, porém pedregosos e com pouca umidade, o que dificulta a agricultura
de subsistência. O aspecto rude da paisagem esconde uma rica biodiversidade, cujo potencial ainda é
pouco explorado.
O clima subtropical é típico da região Sul do país. A maior latitude e a atuação mais intensa da massa
Polar atlântica na região são fatores que determinam um clima que apresenta temperaturas baixas
durante o inverno, principalmente nas áreas de maior altitude, como em alguns trechos do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina. No entanto, as temperaturas são elevadas no verão. Por isso, o clima subtropical
é o que apresenta as maiores amplitudes térmicas do Brasil. Outro aspecto marcante desta região
climática é a regularidade na distribuição das chuvas durante o ano.
Nas encostas das serras próximas ao litoral, a Mata Atlântica domina a paisagem natural. Mas a
formação vegetal predominante é a Mata da Araucária (Mata dos Pinhais). Esse tipo de cobertura é semi-
homogênea, com predomínio do pinheiro-do-paraná ou araucária, espaçada e entremeada por outras
espécies de vegetais, como o ipê e a erva-mate; tem, como característica, a folhagem pontiaguda
(aciculifoliada). A devastação da Araucária foi promovida, principalmente, pelo setor de construção civil e
pelas indústrias de papel.
No extremo sul, no estado do Rio Grande do Sul, situam-se os campos dos pampas – área típica de
pecuária extensiva, hoje também ocupada pela soja.
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Saraiva.
Questões
01. (MPE/GO – Secretário – MPE/GO/2017) A seguir estão descritas paisagens brasileiras cuja a
caracterização é feita pela correlação de clima, vegetação e aproveitamento econômico.
Uma não está corretamente caracterizada, identifique-a:
(A) Campos Cerrados - clima tropical semiúmido com estações seca e chuvosa bem distintas; solos
em grande parte pobre; paisagem vegetal aberta e de fácil locomoção, permitindo assim a prática da
pecuária extensiva.
(B) Caatinga - clima semiárido, área de chuvas escassas e irregularmente distribuídas; solo de
pequena espessura e quase sempre pedregoso; vegetação heterogênea do tipo xerófilo; importante
atividades agropastoris com a criação de caprinos e cultivo de algodão.
(C) Campanha gaúcha - região de topografia suave, clima subtropical e vegetação de campos;
pecuária de cortes abastece numerosos frigoríficos sulinos.
(D) Mata dos Pinhais - clima tropical com má distribuição de chuvas; vegetação heterogênea e fechada,
pouco explorada economicamente devido à grande densidade vegetal.
(E) Floresta Amazônica – clima equatorial, áreas de chuvas abundantes e temperaturas elevadas;
solos heterogêneos do tipo higrófilo, compacto; atividade econômica predominante; extrativismo.
02. (TJ/PR – Titular de Serviços de Notas e de Registros – IBFC) Acerca dos tipos climáticos do
Brasil, assinale a opção incorreta:
(A) São eles: clima equatorial, tropical, tropical litorâneo, tropical de altitude, tropical semiárido e
subtropical.
(B) O clima equatorial é encontrado em altas latitudes, nas proximidades da linha do Equador, na
região amazônica e se caracteriza pelas elevadas temperaturas e alta amplitude térmica.
(C) Friagem é a diminuição atípica da temperatura, oriunda de Massa Polar Atlântica, fria e úmida, que
se desloca pela depressão do Chaco, entre a Cordilheira dos Andes e o Planalto Central do Brasil,
alcançando a região Norte do Brasil.
(D) O clima subtropical ou temperado ocorre ao sul do Trópico de Capricórnio e sofre influência da
massa Polar Atlântica, com as quatro estações do ano bem definidas.
Gabarito
01. D/02. B
Comentários
01. Resposta: D.
Aspecto marcante da região climática da Mata dos Pinhais é a regularidade na distribuição das chuvas
durante o ano.
02. Resposta: B.
Essa região climática, situada próxima ao Equador, apresenta elevadas temperaturas e grande
umidade durante todo o ano. Caracteriza-se pela baixa amplitude térmica e pelas chuvas de convecção,
uma vez que as elevadas temperaturas das regiões de clima equatorial provocam um processo contínuo
de evapotranspiração, ascensão do ar úmido, resfriamento nas altitudes mais elevadas, condensação e
precipitação.