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Exército

1. A Organização do Espaço Brasileiro. a) A integração brasileira ao processo de internacionalização


da economia; o desenvolvimento econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil. b) O processo
de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas repercussões: econômicas, ambientais
e urbanas. c) A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução. d) A questão urbana brasileira:
processos e estruturas. e) A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil,
dinâmica das fronteiras agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia. f) A população
brasileira: evolução, estrutura e dinâmica. g) A distribuição dos efetivos demográficos e os movimentos
migratórios internos: reflexos sociais e espaciais. h) A divisão regional do trabalho: o Centro-Sul como
polo dinâmico da economia nacional ........................................................................................................ 1
2. A Questão Regional no Brasil a) A regionalização do país: sua justificativa socioeconômica e critérios
adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para
fins de planejamento. b) As regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas e características
sociais e econômicas ............................................................................................................................. 53
3. O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio ambiente. a) Geomorfologia
do território Brasileiro: O território brasileiro e a placa sul americana; as bases geológicas do Brasil; as
feições do relevo; os domínios naturais e as classificações do relevo brasileiro. b) A questão ambiental
no Brasil. c) Os recursos minerais. d) As fontes de energia e os recursos hídricos. e) A biosfera e os
climas do Brasil ...................................................................................................................................... 85

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1. A Organização do Espaço Brasileiro. a) A integração brasileira ao processo de
internacionalização da economia; o desenvolvimento econômico e social; e os
indicadores sociais do Brasil. b) O processo de industrialização brasileira, os
fatores de localização e as suas repercussões: econômicas, ambientais e
urbanas. c) A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução. d) A
questão urbana brasileira: processos e estruturas. e) A agropecuária, a estrutura
fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das fronteiras agrícolas
e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia. f) A população
brasileira: evolução, estrutura e dinâmica. g) A distribuição dos efetivos
demográficos e os movimentos migratórios internos: reflexos sociais e
espaciais. h) A divisão regional do trabalho: o Centro-Sul como pólo dinâmico
da economia nacional

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1. A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO BRASILEIRO

a) A integração brasileira ao processo de internacionalização da economia; o desenvolvimento


econômico e social; e os indicadores sociais do Brasil

A grande crise brasileira de 2015 e 2016 trouxe de volta ao debate público e à própria política
econômica a visão que predominou de meados da década de 90 até 2005, baseada em alicerces como
responsabilidade fiscal, controle da inflação, racionalidade regulatória e microeconômica e ênfase no
setor privado. Um elemento que compõe o conjunto acima e ao qual ainda não se deu a devida prioridade,
entretanto, é a integração econômica do País ao resto do mundo, relacionada às políticas comercial e
industrial. 1
Tanto num caso como no outro, o Brasil sofre de forte inércia institucional, pela qual o esforço de
abertura comercial do início dos anos 90 foi abandonado, quando não revertido. Em período mais recente,
empreendeu-se uma tentativa de reviver diversos aspectos do nacional-desenvolvimentismo da década
de 70, com resultados muito negativos.
Na conjuntura atual, a retração da demanda interna e a desvalorização cambial reforçaram a
percepção de que as exportações são um importante canal para superar a crise. Falta, entretanto,
reconhecer que não haverá crescimento sustentado das exportações sem um novo movimento de
abertura comercial. Da mesma forma, a crucial retomada da elevação da produtividade não acontecerá
sem que a pressão competitiva do comércio exterior exerça sua saudável pressão sobre o setor produtivo
brasileiro, e em especial sobre a indústria.
A agenda de política comercial e industrial no Brasil é tradicionalmente emperrada por supostos
dilemas sobre “o que fazer primeiro”, em debates como “abrir ou reduzir o custo Brasil” e “cortar tarifas
unilateralmente ou fazer acordos comerciais”.
Uma nova estratégia de reinserção produtiva internacional é tão decisiva para os desafios econômicos
do presente que todas essas frentes de políticas públicas devem ser atacadas simultaneamente.

Qual a situação atual e como chegamos a ela?


A partir da crise global de 2008 e 2009, a política econômica brasileira tornou-se mais agressivamente
intervencionista. A reação inicial, de natureza contra cíclica, transformou-se gradualmente – e de forma
mais intensa no primeiro mandato da então presidente, Dilma Rousseff – num ciclo de hiperativismo nas
políticas comercial e industrial. Foi mobilizado um vasto arsenal de instrumentos protecionistas, como
aumento de tarifas e barreiras não tarifárias, políticas de conteúdo nacional, incentivos aos investimentos
por meio de subsídios, etc.
O governo tinha como objetivo recuperar o crescimento, que se esvaiu a partir de 2011, e contrapor-
se aos efeitos do aumento das importações e da apreciação cambial sobre o desempenho da indústria.
O tema da desindustrialização entrou na ordem do dia.
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https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2017/06/Integracao-internacional-economia-brasileira-propostas-nova-politica-comercial.pdf.

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Os resultados de toda essa parafernália de iniciativas, como é bem sabido, foram muito ruins. A crise
industrial agravou-se, o desempenho da economia continuou a piorar e o Brasil aprofundou seu
isolamento produtivo, na comparação com outros países emergentes.
Nesse período, a competitividade da produção no Brasil piorou, com expressivo aumento de custos. A
indústria nacional não capturou o aumento da demanda doméstica, e o coeficiente de penetração das
importações na indústria da transformação cresceu mais de cinco pontos porcentuais, para 20,6% em
2015.
Adicionalmente, consolidou-se a tendência de primarização da pauta de exportações, em parte pelo
‘efeito preço’ do boom de commodities, mas também pela queda do coeficiente de exportação da indústria
de transformação. Três grandes planos de política industrial foram lançados entre 2002 e 2012, mas a
participação da indústria no PIB continuou a encolher.
Qualquer comparação internacional revela que o desalentador desempenho da indústria brasileira é
produto de políticas domésticas equivocadas, apesar dos efeitos da crise global, da “guerra cambial” e da
competição dos produtos chineses, usados como justificativas pelos responsáveis pela política econômica
de 2011 a 2014. O Brasil sofreu bem mais do que seus pares com o cenário internacional recente, que
de fato tornou-se mais desafiador.
O Brasil perdeu 0,5 ponto percentual (pp) de participação no valor adicionado da indústria mundial
entre meados da década de 1990 e 2013. Em 2014, o Brasil tinha participação nas exportações mundiais
de produtos manufaturados inferior à que detinha em 1980, tendo caído da primeira para a quinta posição
num conjunto de países em desenvolvimento com economias de porte médio (Brasil, Índia, Indonésia,
México, África do Sul, Turquia e Vietnã).
No mesmo grupo, o Brasil era o país mais fechado, levando-se em conta o fluxo de exportações e
importações como proporção do PIB.

Participação de países selecionados nas exportações mundiais de produtos manufaturados,


1980-2014

Nos últimos 50 ou 60 anos, o Brasil passou por profundas mudanças econômicas, sociais e políticas.
Nas políticas comerciais e industriais, entretanto, registra-se uma continuidade que resistiu à abertura
comercial do início dos anos 90 e que tem origem no modelo de substituição de importações e no nacional
desenvolvimentismo. O país tem um pendor histórico para o protecionismo comercial e a busca não
confessada da autarquia produtiva.
A baixa inserção atual do Brasil na economia internacional deve ser entendida como combinação
dessa tradição histórica com as políticas de intensificação protecionista seguidas nos últimos anos.
A mais substancial mudança nas políticas comerciais e industriais brasileiras, desde a adoção do
modelo de substituição de importações, foi a liberalização unilateral iniciada no final dos anos 80 e
aprofundada no início da década de 90.
Com uma série de medidas, e em etapas, a tarifa média nominal caiu de 57,5% em 1987 para 13% no
final de 1993, com eliminação também de extenso conjunto de barreiras não tarifárias. Nos últimos dez
anos, contudo, as tarifas média, modal e mediana têm se mantido praticamente inalteradas e muito
próximas àquelas resultantes da reforma tarifária do início dos anos 90.
A liberalização dos anos 90 atenuou, mas não eliminou, a escalada tarifária na estrutura de proteção,
beneficiando setores tradicionalmente protegidos, como automotivo, eletroeletrônicos, têxtil, vestuário e
bens de capital. Em termos de “proteção efetiva”, que mede o efeito da estrutura tarifária sobre o valor

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adicionado, o quadro não é melhor: a tarifa efetiva média é mais que o dobro da nominal, e elevou-se
ligeiramente nos últimos anos.
Os setores protegidos, tipicamente, se beneficiam também com instrumentos fiscais e creditícios. Em
alguns casos, foram estabelecidos regimes setoriais com incentivos ao investimento e à produção. O
Brasil também se destaca, entre vários países emergentes, por altas tarifas para bens de capital e bens
intermediários, como fica claro na tabela abaixo.

Assim, ainda que a intensidade e a composição da proteção tenham variado nos 20 anos desde a
abertura da década de 90, pode-se dizer que a substituição de importações continuou a dar a tônica dos
objetivos e dos instrumentos das políticas comerciais e industriais neste período. Como já observado,
outros importantes países emergentes, egressos de períodos de substituição de importação, abriram suas
economias nos últimos anos.

Quase todas essas nações – e o Brasil novamente era uma exceção – também negociaram nos últimos
anos acordos preferenciais com parceiros que fazem parte de cadeias de valor nas quais suas indústrias
estão inseridas. Na verdade, o Brasil vem adotando sistematicamente, há décadas, posições defensivas
em negociações internacionais, com o paradigma protecionista apoiado por uma ampla coalizão de
burocratas e associações do setor industrial.
Esse viés acentuou-se nos governos do PT, com a ênfase no fortalecimento das relações “Sul-Sul” e
o questionamento dos regimes e das instituições internacionais identificadas com os interesses do
“Norte”. Como resultado, o Brasil teve poucos acordos, e de baixa relevância econômica: além do
Mercosul e dos países andinos, três parceiros pouco relevantes – Egito, Israel e Palestina – e dois com
parceiros importantes (Índia e África do Sul), mas que são irrelevantes pelo seu alcance parcial.

Após a desmobilização parcial de instrumentos de política industrial na década de 90, os governos


Lula e Dilma reintroduziram com força este tipo de ação governamental com vários planos: Política
Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) em 2004, Política de Desenvolvimento da
Produção (PDP) em 2008 e Plano Brasil Maior (PBM) em 2011.

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A dimensão setorial, já presente na PITCE, em áreas como software, fármacos e biotecnologia, entre
outras, foi reforçada na PDP, que elegeu 24 setores produtivos para serem contemplados com incentivos
e medidas de fomento.
Já o PBM trouxe medidas de estímulo às exportações e aos investimentos, adoção de preferências
para produtos nacionais nas compras governamentais de bens e serviços e intensificação da exigência
de conteúdo nacional em produtos nacionais para a concessão de incentivos fiscais e creditícios.
Paralelamente, com vastas transferências de funding do Tesouro, o BNDES transformou-se em outro
polo de política industrial, com maciça expansão das operações de crédito e políticas para consolidar
grandes grupos nacionais e tentar aumentar a taxa de investimento.
Em setembro de 2011, anunciaram-se medidas de apoio ao setor automobilístico, que levariam, em
2012, ao novo regime automotivo. Outras iniciativas incluíram a desoneração da folha de pagamento de
setores mais intensivos em mão de obra e a elevação de um ponto percentual nos encargos de
PIS/COFINS dos produtos importados.
Nota-se, na pletora de intervenções do período 2008-2014, uma tentativa de “microgerenciar” o setor
produtivo. A ênfase no conteúdo nacional e no “adensamento” de cadeias produtivas aumentou o custo
de produção de bens finais. Uma das marcas da política industrial desse período foi a total desatenção
com os custos A indústria e as contas externas não melhoraram, mas se deterioraram as contas públicas
e a competitividade internacional das manufaturas brasileiras.
A crise foi propícia à revisão dessa fracassada estratégia. A derrocada fiscal força o fim da “farra” de
incentivos, e o árduo combate às pressões inflacionárias tornou menos provável a distribuição de proteção
pela via do aumento de tarifas e de medidas antidumping.
A desvalorização cambial e a retração da demanda interna, por sua vez, criaram um ambiente
favorável para uma nova concepção de políticas comercial e industrial, voltada à maior inserção
internacional da economia brasileira.

Inserção internacional, produtividade e crescimento – evidências da literatura econômica


A teoria econômica clássica das vantagens comparativas indica que os países que se integram ao
comércio internacional usufruem da especialização produtiva, que leva ao aumento da produtividade e da
renda. Medir esses benefícios é tecnicamente desafiador, mas a maior disponibilidade de dados e
capacidade computacional tem levado a um número cada vez maior de trabalhos empíricos que buscam
detectar e medir estes efeitos. Algumas dificuldades típicas são a de “filtrar” o impacto da liberalização
comercial de outras reformas estruturais que frequentemente ocorrem conjuntamente, e não confundir
tendências pré-existente com as consequências da maior abertura.
A abertura comercial tende a acelerar o crescimento econômico. Frankel e Romer (1999) mostram que
um maior nível de comércio internacional tem impacto positivo e relativamente alto na renda do país. A
magnitude do benefício depende, naturalmente, da severidade das restrições pré-liberalização.
A onda de liberalização comercial e de regimes de investimento nos anos 1980 e 1990 levou à
realização de diversos estudos, com muitos resultados positivos sendo registrados em relação aos efeitos
da abertura na produtividade e no crescimento. A maior parte deles focou no impacto da liberalização
sobre o crescimento no período que se seguiu às reformas comerciais. Mas as conclusões desses
trabalhos foram criticadas por Rodriguez e Rodrik (2001), que apontaram problemas metodológicos.
A partir daí, surgiram novos estudos, levando em conta as críticas de Rodriguez e Rodrik, e que
também encontraram efeitos positivos da liberalização comercial sobre o crescimento. Uma boa síntese
está em Winters (2004), que destaca ainda que as contribuições positivas da abertura estão
condicionadas ao grau de consistência entre a reforma comercial e o avanço em outras reformas e no
aprimoramento institucional.
Alocação mais eficiente de recursos, ganhos de especialização e escala, aumento da variedade de
bens e serviços intermediários à disposição dos produtores e acesso a novas capacitações e tecnologias
são alguns dos principais canais pelos quais a liberalização comercial impacta positivamente a
produtividade.
Há estudos – como os de Estevadeordal e Taylor (2013) e Goldberg e al. (2010, referente à Índia) –
que apontaram a superioridade, em termos de efeitos sobre a produtividade, da redução tarifária em bens
intermediários e de capital, na comparação com bens finais ou de consumo. No caso dos intermediários,
via maior eficiência produtiva, e, no caso dos bens de capital, via indução de mais inovação. A ênfase
recente nas cadeias globais de valor (CGVs) reforça este ponto, além de evidenciar a relevância do setor
de serviços para o aumento da produtividade do resto da economia.
Outro conjunto de pesquisas identificou mecanismos de realocação de recursos, associados à
liberalização comercial, que operam essencialmente dentro de cada setor, na direção das empresas mais
produtivas, e até mesmo dentro das firmas. Alguns destes trabalhos são os de Helpman (2013); Bloom e

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Van Reenen (2007); Pavcnik (2002, sobre o Chile); Muendler (2004, México); Lopez-Cordova, 2003
(Brasil); Bloom et al., (2014, países da OCDE).

Acordos comerciais
Em princípio, os riscos de desvio de comércio e os maiores ganhos de escala da liberalização
multilateral indicariam que os acordos preferenciais eram um second best, quando se pensava nos
impactos sobre a produtividade.
Na verdade, porém, os impactos da liberalização preferencial dependem de vários fatores, como a sua
abrangência, o grau de abertura anterior, o diferencial de produtividade e tamanho entre os parceiros, etc.
É até possível que haja condições tais que o efeito sobre a produtividade de um acordo preferencial,
isoladamente ou em conjunto com outros, se aproxime daqueles da abertura multilateral.
Impactos positivos de acordos comerciais sobre a produtividade de empresas foram encontrados na
Coreia do Sul por Jang e Kim (2013); na Argentina, no contexto do Mercosul, por Bustos (2011) e no
Canadá por Lileeva e Trefler (2010). O fator chave por trás destes resultados é a complementaridade
entre exportação e adoção de novas tecnologias. Muitas vezes, só vale a pena incorrer nos custos de
exportar se a firma tem acesso a tecnologias modernas, e vice-versa.
Também foram avaliadas empiricamente medidas que reduzem a incerteza sobre a política comercial
futura. Mesmo com pequeno impacto sobre o nível das restrições, a redução de incertezas incentivou
firmas a se engajarem em negócios internacionais, a inovar e a adotar novas tecnologias, efeitos que se
acentuaram com as CGVs. Efeitos desta natureza foram apontados no caso da redução das “tarifas-teto”
da Austrália na OMC nos anos 90 (Handley, 2014) e de compromissos de liberalização no âmbito da OMC
(Tang e Wei, 2009).
No caso de acordos comerciais, ocorreu fenômeno semelhante em termos de redução de incertezas,
especialmente com os acordos com economias grandes e desenvolvidas, o que levou a um custo de
reversão mais alto, como no caso de Portugal e a então Comunidade Europeia (Handley e Limao, 2015).
No caso do Brasil, estes resultados sugeriram que a redução das tarifas-teto na OMC e a entrada em
acordos de comércio poderiam ter efeitos semelhantes de reduzir a incerteza, viabilizando a integração
com as CGVs – Johnson e Noguera (2014) demonstram empiricamente a relação entre acordos
comerciais e inserção em CGVs.
Freund e Ornelas (2010), finalmente, indicam que, nos acordos comerciais, a criação de comércio
tende a ser a regra, e o desvio de comércio a exceção.
Assim como os investimentos externos recebidos aumentaram a produtividade via novas tecnologias
e inputs importados, também os investimentos diretos de um país no exterior tiveram impacto positivo
sobre a produtividade doméstica (Hufbauer et ali, 2013, sobre multinacionais norte americanas).

Abertura brasileira dos anos 90


Desde o início da década de 1990, diversos autores têm procurado estudar os impactos da abertura
comercial sobre a evolução da produtividade no Brasil. Embora estes esforços tenham gerado resultados
nem sempre convergentes e algumas vezes contraditórios, a maioria deles encontra relações positivas
entre liberalização de importações e produtividade no Brasil.
Hay (1997) indicou que o choque da liberalização no Brasil nos anos 90 reduziu fortemente os lucros
das empresas e seu market-share, estimulando-as a aumentar dramaticamente sua eficiência. Rossi e
Ferreira (1992), Muendler (2004), Firpo e Pieri (2013) e outros autores também encontraram resultados
positivos e relevantes para a relação entre abertura comercial e produtividade no Brasil.
Já Menezes-Filho e Muendler (2011), estudando os impactos da reforma comercial sobre a alocação
do emprego no Brasil, concluíram que menores tarifas de importação para insumos, seja pela redução da
pressão competitiva, seja pelo aumento de eficiência, contribuem para a retenção de trabalhadores nas
firmas e permitem o aumento da produção da firma.
Johansson et al (2014) mostram que as exportações brasileiras de produtos eletrônicos poderiam
crescer até 26% se as tarifas sobre o mesmo segmento (que usa fortemente insumos do próprio setor)
fossem reduzidas à média de uma amostra de 54 países.
Resultados de testes econométricos de Fraga e Bacha (2013) indicam que, para um aumento de 1%
no nível de abertura comercial, há elevação da taxa de crescimento do PIB per capita dos estados
brasileiros entre 0,09 e 0,13 ponto percentual (pp), mais que o impacto do aumento de um ano no nível
médio de escolaridade dos trabalhadores.
Firpo e Pieri (2013), partindo de conclusões de Mcmillan e Rodrik (2011), mostram que o avanço da
produtividade no Brasil esteve ligado a mudanças estruturais entre setores até 1970, mas posteriormente
o vetor principal tornou-se a abertura comercial dos anos 90, cujo retrocesso é um risco para a eficiência
econômica.

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Lopez-Córdova e Moreira (2003) detectaram ganhas de produtividade e “learning-byexporting” entre
1996 e 2000 no Brasil, associados à desgravação do Mercosul, mas a liberalização multilateral simultânea
à época dificulta separar as causas.
Na verdade, há fortes indicações de que a abertura multilateral teve maior efeito positivo sobre a
produtividade no Brasil do que o Mercosul, que no seu auge representou apenas 17% do total do comércio
exterior brasileiro. Lopez-Córdova e Moreira sugerem que uma estratégia mais agressiva de negociações
preferenciais pelo Brasil, como perseguir a implementação da Alca, poderia ter trazido maiores ganhos
de produtividade.
A propósito, Hidalgo e Mata (2009) confirmam a hipótese de que os níveis de produtividade das firmas
que exportam para os EUA, mercado mais competitivo que a média mundial, são superiores aos daquelas
que exportam para outros destinos – embora o efeito aprendizado nas exportações para o mercado norte-
americano não apareça como significante. De qualquer forma, esses resultados sugerem que o tamanho
e o grau de competição dos mercados dos potenciais parceiros devem ser levados em conta na estratégia
de acordos preferenciais.
Araújo e Flaig (2016), usando o modelo de equilíbrio geral computável da OCDE, testaram no Brasil o
efeito da eliminação das exigências de conteúdo local, da redução das tarifas de importação e da
eliminação dos tributos indiretos incidentes sobre a exportação. O resultado indicou que a atual política
comercial e industrial prejudicou o crescimento das exportações, da produção e dos investimentos.
Em termos de emprego e salário, a evidência é de que os efeitos da abertura comercial dependem da
rigidez do mercado de trabalho e da estrutura da economia. Com mais rigidez, o impacto se dá mais sobre
os salários do que sobre o nível de emprego setorial. Ainda assim, fatores institucionais e tecnológicos
explicam mais a diferença salarial entre setores do que a estrutura de proteção.
A literatura econômica tem resultados favoráveis à abertura comercial, mas é importante deixar claro
que não se trata de uma panaceia. Há ganhadores e perdedores, embora a evidência seja de que os
primeiros superam em muito os últimos, e existe benefício agregado para a sociedade. Mas é virtualmente
impossível desenhar uma abertura comercial sem perdedores. Além disso, apesar de todos os ganhos
apontados pela literatura econômica, nenhum país tornou-se desenvolvido apenas por liberalizar sua
economia para o comércio internacional. Por outro lado, nenhum país entrou para o grupo das nações
adiantadas no pós-guerra sem se integrar significativamente à economia global.

Propostas de uma nova política de integração econômica internacional para o Brasil

Produtividade e competitividade devem ser objetivos fundamentais da política econômica brasileira.


Às voltas com uma das piores recessões da sua história, com forte retração da demanda doméstica e
dramática situação fiscal, o Brasil precisa do setor externo como um dos vetores da retomada. A taxa de
câmbio mais desvalorizada também compõe este ambiente propício à discussão de uma nova política
comercial e industrial para o país.
Junto com o reequilíbrio macroeconômico, com as reformas previdenciária, tributária e trabalhista e
com a retomada dos investimentos em infraestrutura e logística, a reinserção internacional da economia
brasileira é um pilar fundamental de uma política econômica para relançar o processo de desenvolvimento
econômico. Esta é uma agenda que inclui medidas de redução do custo Brasil, de ampliação do comércio
exterior, de desgravação tarifária, de negociação de acordos comerciais e de apoio ao investimento
externo de empresas brasileiras.
O protecionismo no Brasil é múltiplo em seus instrumentos e difuso em diferentes áreas de política
econômica: burocracia aduaneira e portos, tarifas de importação, financiamento atrelado a conteúdo local,
subsídios tributários para a produção nacional, preferências em compras governamentais para empresas
nacionais, etc. As políticas de conteúdo local, especialmente quando baseadas em processos produtivos
básicos, são incompatíveis com o objetivo de integração às CGVs.
Uma política comercial orientada para a integração da economia brasileira ao mundo traria ganhos de
produtividade e avanços tecnológicos, e seria indutora de melhorias institucionais como simplificação e
redução da carga tributária, elevação da taxa de investimento e melhoria da qualidade de educação e do
ambiente de negócios. É também uma política voltada a reduzir o hiato tecnológico da indústria nacional
e permitir uma reindustrialização compatível com a dinâmica do sistema econômico internacional.
A modernização da política comercial envolve, além de abrir a economia, rever regulações domésticas
para torná-las compatíveis com o padrão internacional, em áreas como propriedade intelectual,
regulamentos técnicos, medidas sanitárias e fitossanitárias e proteção ao investimento direto estrangeiro.
Adicionalmente, é preciso reduzir os custos e melhorar a qualidade dos serviços associados à
produção e ao comércio internacional. Nos investimentos diretos no exterior de empresas brasileiras, a

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agenda deve ser de remoção dos obstáculos de natureza tributária e regulatória, evitando-se a concessão
de crédito subsidiado e a participação acionária de bancos públicos nestas firmas.
A negociação de acordos preferenciais de comércio, um processo lento dado o crescente número e
complexidade dos temas envolvidos e os prazos longos de implementação, não deve preceder e
condicionar um movimento de abertura multilateral. É preciso levar em conta os benefícios da
liberalização autônoma para a produtividade da economia brasileira.
No âmbito do Mercosul, com um governo mais pró-mercado na Argentina, principal parceiro no bloco,
é possível pensar numa nova agenda conjunta de integração internacional, com reforma da Tarifa Externa
Comum e revisão de prioridades na negociação de acordos comerciais com parceiros relevantes. Porém,
se não for possível atrair os parceiros do Mercosul para esta visão de maior integração produtiva
internacional, o Brasil deveria criar condições para implementá-la autonomamente.
A seguir, as recomendações específicas da agenda CDPP-Cindes de política comercial e industrial.

Redução de custos e melhoria do ambiente institucional do comércio exterior


• Adesão à OCDE. Este movimento facilitaria a implementação de um conjunto de reformas
horizontais na economia brasileira, tanto pelo apoio da OCDE em termos de formulação quanto pela
sinalização de compromisso do país com esta agenda.
• Melhora logística e desburocratização das aduanas e dos portos.
• Redução da carga tributária sobre as exportações. Enquanto não se instituía um imposto sobre
valor agregado (IVA) puro no Brasil, foi preciso buscar mecanismos que reduziam ou eliminavam o
acúmulo de créditos do ICMS.
• Reforço de instituições de regulação técnica e certificação de produtos (ex.: INPI e INMETRO). Os
objetivos eram a redução de prazos na obtenção de patentes e a capacitação para participar da definição
de normas e regulamentos internacionais que afetavam as exportações brasileiras.
• Redução do custo dos serviços. A competitividade da indústria estava crescentemente ligada à
competitividade dos serviços, fenômeno que aumentou com a fragmentação produtiva das CGVs. Era
preciso melhorar a qualidade e baratear serviços no Brasil, igualar o tratamento tributário entre serviços
importados e nacionais e eliminar restrições em transportes, serviços, educação, prestação de serviços
transfronteiriços e movimento de profissionais.
• Desmobilização de programas baseados em exigências de conteúdo local. Esses programas
abrangiam compras governamentais e regimes de incentivo em setores como automotivo, farmacêutico,
informática e telecomunicações, petróleo e gás, etc. Deveriam ser substituídos por política horizontais e
setoriais voltadas à redução do custo de investimento e à capacitação profissional, permitindo
especialização nos elos das CGVs em que o país pode ser mais eficiente.

Facilitação de comércio
• Portal Único. Iniciativa de reformulação dos processos de importação, exportação e trânsito
aduaneiro, para integrar e tornar mais eficientes os procedimentos de comércio exterior.
• Sistema de pagamento único de todas as taxas governamentais.
• Uso do conceito de análise de risco. O objetivo era generalizar procedimento da Receita Federal
para escolher cargas a serem submetidas à verificação documental ou física;
• Agente único de fronteira. Meta é evitar a descoordenação entre várias inspeções por diferentes
agências.
• Consolidação e ampliação do Programa Operador Econômico Autorizado (OEA). Tratava-se de
certificação de empresa segura e confiável, conferida pelas aduanas a participantes do comércio exterior.
O OEA é um programa de adesão voluntária que estabelece padrões mínimos de segurança, permitindo
a redução da frequência das fiscalizações.

Reforma tarifária
Envolveu ampla revisão na estrutura tarifária e de diversos dispositivos de administração pontual e
discricionária de tarifas (como ex-tarifários), além de maior parcimônia na aplicação de medidas
antidumping incidentes sobre produtos intermediários com oferta concentrada em uma ou poucas
empresas.
A nova estrutura de proteção deveria ser mais racional, eliminar distorções e dar previsibilidade para
produtores e investidores no Brasil. O cronograma de liberalização comercial deveria ser anunciado com
antecedência e ser implementado de forma gradual ao longo de quatro anos, orientado pelos seguintes
parâmetros:
• Redução fortemente do caráter de escalada tarifária da estrutura de proteção, tornando-a mais
homogênea;

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• Redução do custo das importações de produtos intermediários e de bens de capital;
• Simplificação da estrutura tarifária, definindo apenas quatro níveis de alíquotas para o imposto de
importação: 0%; 5%; 10%; e 15%, que passaria a ser a alíquota máxima.
Para atingir esses objetivos, propõe-se o seguinte esquema de redução de tarifas:

Essa reforma propiciaria significativa redução no grau de proteção do Brasil, e aproximaria a política
tarifária brasileira da praticada pela maioria dos países com grau de desenvolvimento semelhante. Apesar
do receio de que a implementação dessa proposta reduziria o poder de barganha do Brasil em
negociações comerciais, verificou-se que países que empreenderam processos de liberalização
autônoma participavam intensamente de acordos comerciais ambiciosos e abrangentes.

b) O processo de industrialização brasileira, os fatores de localização e as suas repercussões:


econômicas, ambientais e urbanas

O processo de industrialização intensificou e acelerou as mudanças na organização espacial do mundo


e do Brasil.
O processo de industrialização concentrou atividades econômicas e população, acentuou processos
poluidores, desenvolveu tecnologias e novas formas de aproveitamento de recursos naturais e
intensificou a articulação entre os diferentes países num grande mercado mundial. Esse processo pode
ser considerado, junto com a Revolução Agrícola do Neolítico, a outra grande revolução pela qual passou
a sociedade humana.

Os tipos de indústria

A indústria moderna caracteriza-se pelo uso intensivo de diversos tipos de máquinas, o que possibilita
a produção de mercadorias em grande escala, e pode ser classificada em:

→ Indústria de transformação: são as indústrias responsáveis por transformar os bens naturais em


matérias-primas processadas. Elas produzem:
Bens duráveis: que são utilizados por bastante tempo, como carros, eletrodomésticos, móveis;
Bens não duráveis: possuem uma vida útil relativamente curta, como os alimentos e as peças de
vestuário;
Bens intermediários para a indústria de base: tais indústrias produzem manufaturas que virarão
produtos em outro setor industrial, por exemplo, a produção de aço para a indústria siderúrgica.

→ Indústria de construção: responsável pela construção de casas, edifícios, fábricas, aeroportos,


estradas e outras obras de engenharia.

→ Indústria de extração: refere-se àquelas indústrias que retiram da natureza os bens que usamos
em várias atividades econômicas, sem que haja significativa mudança em suas propriedades. Podem ser
indústrias de extração vegetal, pesca e mineração.

Até o século XIX não houve um desenvolvimento autônomo do Brasil, pois o país estava atrelado aos
interesses de Portugal. Dessa forma, a industrialização brasileira, assim como a urbanização, chegou
tardiamente por aqui em comparação à Europa.
Embora no começo do século (mais precisamente em 1808, quando a família real portuguesa instalou-
se no Rio de Janeiro – fugindo das Guerras Napoleônicas e tornando o Brasil a sede do Império), D. João
tenha começado a incentivar a incipiente indústria brasileira, a concorrência com os produtos ingleses e
as barreiras impostas pelos proprietários de terras imobilizaram esse setor por mais um tempo.
Por isso, até o começo do século XX, o país caracterizou-se como um exportador de produtos
primários. O café, além de criar as condições econômicas necessárias para a indústria, também forneceu

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as bases materiais para tal. Para exportar o café, criou-se uma rede ferroviária importante, sobretudo nos
estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Essa rede contribuiu também para a expansão urbana. O café
dominava o cenário econômico, e as elites até então não tinham interesse ou não possuíam condições
econômicas suficientes para investir no setor industrial.

A indústria só conseguiu desenvolver-se mais efetivamente graças a três processos complementares:


→ Acumulação de capital: a indústria é um setor econômico que necessita de demanda de
investimento inicial para investimento em maquinarias, na construção do espaço a ser utilizado, entre
outras coisas. O café foi o produto agrícola que gerou esse capital necessário para a indústria se
desenvolver, sobretudo no Sudeste, onde a cidade de São Paulo já funcionava como um espaço de
gestão do mercado cafeeiro e onde se concentrou a maioria dos investidores;
→ Mudanças nas relações de trabalho: em 1888 o trabalho escravo finalmente tornou-se ilegal no
Brasil, um dos últimos países no mundo a promover o fim da escravidão. A partir desse momento a
migração foi incentivada para suprir a demanda de trabalhadores no estado de São Paulo;
→ Aumento da capacidade de consumo interno: uma vez assalariados, os trabalhadores passaram
a ter a capacidade de consumir os produtos que começaram a ser industrializados no Brasil.

A crise mundial de abastecimento na primeira metade do século XX, causada pelas Guerras Mundiais
(a primeira entre 1914 e 1918, e a segunda entre 1939 e 1945), também para que finalmente entrássemos
na era industrial. Como os países industriais estavam envolvidos no conflito, coube ao Brasil começar a
produzir produtos próprios. Foi dessa forma, para substituir as importações, que o Brasil diminuiu
paulatinamente a vinda de produtos de fora para começar a produção industrial em nosso território.
O primeiro setor que se desenvolveu foi o de bens de consumo não duráveis, produzidos em um tipo
de indústria que não necessita de uma tecnologia muito complexa, tampouco de grandes investimentos.
Mas sua produção era muito dependente de tecnologia e maquinaria produzidas externamente.
O presidente Getúlio Vargas, que adotou uma política nacionalista em seus governos (1930-1945 e
1951-1954), criou as primeiras leis trabalhistas e buscou incentivar a indústria brasileira, desistindo da
busca de mão de obra imigrante a fim de incentivar a contratação de brasileiros para trabalhar nas
indústrias do Brasil. Vargas criou indústrias de base, como a Companhia Siderúrgica Nacional (1941),
responsável pela produção de aço, a então chamada Companhia Vale do Rio Doce (1942), de exploração
de minérios, e a Petrobras (1953), que extrai petróleo e seus derivados.
Posteriormente, no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), foi criado o Plano de
Metas, que priorizou a indústria e o transporte em nível nacional, criando uma malha rodoviária no país.
Foi durante esse período que São Paulo se confirmou como a região industrial por excelência do país.
Kubitschek orientou a maior parte dos projetos de desenvolvimento industrial em São Paulo e também no
Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Naquele momento, estes eram os estados com as melhores condições
nos setores elétrico e de transportes e também que possuíam um mercado consumidor promissor.

Organização espacial das indústrias

Por causa da própria experiência na economia cafeeira, que criou condições materiais para o processo
de industrialização, a Região Sudeste, sobretudo o estado de São Paulo, concentrou desde o começo as
atividades industriais e acabou polarizando economicamente o setor industrial e o de serviços. Além
disso, o Brasil não possuía até então uma unidade territorial tão marcada, parecia mais uma espécie de
arquipélago, pois as regiões pouco se relacionavam economicamente entre si.
Ao longo do século XX, a indústria tornou-se o carro-chefe de nossa economia em nível nacional, tendo
a cidade como seu par espacial. A partir dos anos 1950, por causa da emergente indústria automobilística,
a rodovia substituiu a ferrovia como meio preponderante de circulação de mercadorias e pessoas. Devido
ao interesse das grandes empresas, e com o auxílio do Estado, expandiu-se a lógica do automóvel.
As rodovias foram direcionadas sobretudo para o interior, mesma concepção de construção de Brasília,
que era a de acabar com o cenário de “Brasil arquipélago”. As rodovias tiveram um papel importante
nesse movimento junto à indústria, a qual, embora concentrada no Sudeste, possuía o mercado
consumidor em todo território.
Na metrópole de São Paulo, principalmente na região do “ABCD paulista” (Santo André, São Bernardo,
São Caetano e Diadema), encontramos o paradigma dessa concentração industrial naquele estado do
Sudeste. Ali estavam as maiores indústrias automobilísticas de todo o país. Ao redor dessas indústrias,
gravitam outras que se concentraram também ali para abastecê-las: borracha, plásticos, vidros, peças,
etc.

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O Sudeste, ao longo do século XX, exerceu uma posição de dominância econômica pela capacidade
de polarizar a indústria e os serviços em torno dela. Por isso, passou a abastecer o mercado das outras
regiões brasileiras, que também fornecem matéria-prima e mão-de-obra. Nos anos 1970, durante a
ditadura militar (1964-1958), foram criados diversos órgãos de desenvolvimento econômico regional –
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam); Superintendência do Desenvolvimento do
Nordeste (Sudene); Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco); e
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que tinham a intenção de diversificar a produção
espacial industrial do país.
Contudo, desde a década de 1990 vem ocorrendo um processo chamado de “desconcentração
industrial”, que se refere ao deslocamento de empresas em direção a outros estados do país, motivadas
pelo aumento dos preços do terreno, congestionamento, impostos e outras características que encarecem
e dificultam a produção nas tradicionais cidades industriais brasileiras. As cidades e os estados que
recebem essas indústrias, por sua vez, oferecem vantagens para atraí-las, que vão desde isenções de
pagamento de impostos até a construção de obras de infraestrutura.
Porém, mesmo com esse movimento de desconcentração industrial, o Sudeste continua despontando
como a região que polariza esse setor, como mostra o mapa a seguir.

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo/distribuicao-industria-brasil.jpg.

Regiões Industriais do Brasil: regiões tradicionais e descentralização industrial

As indústrias, ao se instalarem em determinados lugares, consideravam estrategicamente a presença


ou proximidade dos seguintes elementos:
* mercado consumidor;
* disponibilidade de matérias-primas;
* oferta de energia;
* custos com transportes;
* mão de obra.

Esses elementos determinaram, durante muito tempo, a localização espacial das indústrias. Desse
modo, a presença desses elementos na região Sudeste, especialmente em São Paulo, favoreceu um
processo de concentração espacial das atividades industriais no Brasil, no entanto, deve-se considerar
que existem diversas regiões industriais no Brasil.

Áreas industriais tradicionais

Áreas industriais tradicionais são aquelas caracterizadas por um processo mais antigo de
industrialização, assentando no padrão fordista-taylorista de produção.
Esse modelo de produção na indústria pode ser caracterizado, de modo geral, por:
* economia de escala;
* produção estandardizada (padronizados);
* competição via preços;
* existência de um mercado de consumo de massas;
* combinação entre a utilização de equipamentos automatizados e trabalhadores não qualificados;
* divisão e especialização do trabalho;
* separação entre a concepção e a execução das tarefas.

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A partir das mudanças e novas demandas do processo produtivo, as áreas industriais baseadas nesse
modelo sofreram profundos impactos econômicos e sociais. Esse processo, denominado genericamente
desindustrialização, caracterizou-se pelo fechamento e/ou deslocamento das indústrias para outras
áreas, atraídas por maiores possibilidades de realização de lucros. Um exemplo mundialmente conhecido
desse processo é a cidade de Detroit, nos Estados Unidos, que, a partir da década de 1980, assistiu ao
fechamento de inúmeras empresas e ao aumento do desemprego em massa.

Região Sudeste

A região Sudeste representa uma das regiões do Brasil de mais antiga e intensa industrialização.
Suas principais regiões industriais são centros polindustriais, na medida em que nessas cidades
encontramos praticamente todos os ramos da indústria.
A partir das décadas de 1980-90, as indústrias localizadas na região metropolitana de São Paulo
assistiram a um crescente deslocamento rumo ao interior do Estado, utilizando os principais eixos viários
como os sistemas Anchieta-Imigrantes, Anhanguera-Bandeirantes e a Rodovia Dutra.
Historicamente, o estado de São Paulo também concentrou a indústria automobilística instalada no
Brasil até a década de 1970. A partir de então, essa indústria passou a se deslocar para outros estados.
São exemplos dessas transferências da indústria automobilística:
* a implantação da fábrica da Fiat, em Minas Gerais, na década de 1970;
* a implantação dos parques industriais da Renault e da Audi/VW, na década de 1990, no Paraná;
* a implantação da Ford em Camaçari, na Bahia, em 2001.

Região Sul

A industrialização da Região Sul associa-se à sua produção agropecuária, à influência da imigração


europeia e à proximidade com a principal área industrial do Brasil – São Paulo. Destacam-se indústrias
metalúrgicas, têxtis, de material mecânico e transporte, automobilísticas, alimentícias, de bebidas,
calçados, madeiras e móveis.
As principais regiões industriais do Sul são:
Porto Alegre, Caxias do Sul, Garibaldi, Bento Gonçalves, São Leopoldo e Novo Hamburgo, no Rio
Grande do Sul.
Blumenau, Brusque (Vale do Itajaí), Joinville, Criciúma e Siderópolis (zona Carbonífera), em Santa
Catarina.
Curitiba, no Paraná.

Região Nordeste

O processo de industrialização da região Nordeste é associado à ação da Sudene (Superintendência


de Desenvolvimento do Nordeste, criada em 1959). Entre as ações da Sudene para impulsionar a
industrialização dessa região, podemos citar:
* doação de terrenos;
* concessão de empréstimos a juros muito baixos;
* isenção de impostos;
* concessão de subsídios à produção.

Associada à Sudene, destaca-se a criação da CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco),


que, ao elevar a oferta de energia para a região, tornou-se também fator de atração das empresas.
As principais regiões industriais do Nordeste são:
Salvador, Polo Petroquímico de Camaçari e Distrito Industrial de Aratu, na Bahia;
Recife e os Distritos Industriais de Cabo e Paulista, em Pernambuco;
Fortaleza, no Ceará.

Região Norte

O processo de industrialização dessa região associa-se à ação da SUDAM (Superintendência de


Desenvolvimento da Amazônia), e, sobretudo, da SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de
Manaus).
Nessa região, existem indústrias de produtos eletroeletrônicos, atraídas por benefícios como isenção
de impostos, concessão de subsídios, doação de terrenos. Em termos de áreas industriais, o destaque é

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para a Zona Franca de Manaus no Amazonas e para o polo extrativo-mineral de Carajás, no Pará,
implantado para explorar as ricas jazidas minerais dessa região.

Região Centro-Oeste

Nessa região, predominam indústrias ligadas ao beneficiamento da produção agropecuária, como


empresas alimentícias, de bebidas, têxteis e calçadistas. As principais áreas industriais localizam-se
próximas às cidades de Goiânia, Brasília, Anápolis, Corumbá e Campo Grande.

Desconcentração industrial

A partir do final da década de 1980, com progressiva abertura da economia brasileira e profundas
transformações nos processos produtivos nas empresas, genericamente denominados “toyotismo”, as
indústrias procuraram reordenar os padrões de localização espacial, tendo por pressupostos:
* a proximidade ou facilidade do escoamento da produção, em detrimento da localização dos recursos;
* a crescente utilização de tecnologia, exigindo mão de obra cada vez mais qualificada, o que levou as
empresas a buscarem proximidades com centros produtores de ciência em detrimento do excedente de
mão de obra pouco qualificada;
* o deslocamento de empresas intensivas em mão de obra para áreas cada vez mais periféricas e com
legislações trabalhista e ambiental cada vez mais flexíveis.

Tal processo é genericamente conhecido como “desconcentração industrial”.


Nesse caso, não necessariamente o “cérebro” da empresa se desloca. O deslocamento ocorre nas
linhas de produção, sendo que as decisões mais importante e os lucros permanecem concentrados em
outro lugar, geralmente um centro financeiro mais importante.

Reconcentração espacial

A partir de meados da década de 1990, o processo de desconcentração industrial tendeu a diminuir


ou mesmo reverter seu fluxo rumo a uma reconcentração espacial nas regiões mais ricas e
industrializadas do Brasil (Sudeste e Sul).
Entre as causas desse processo de reconcentração, podemos citar:
* novos requisitos locacionais da acumulação flexível (“toyotismo”);
* melhor oferta de recursos humanos qualificados nas regiões de industrialização mais antiga;
* maior proximidade com os centros de produção do conhecimento e de tecnologia;
* maior e mais eficiente dotação de infraestrutura;
* mudanças tecnológicas que reduzem os custos de investimento;
* abertura comercial, favorecendo “focos exportadores”;
* a criação do Mercosul, que reforça a tendência a arrastar o crescimento industrial para as regiões
Sul e Sudeste.

Desse modo, configura-se uma nova espacialização da indústria brasileira dentro de um polígono que
envolve as cidades de Belo Horizonte (MG), Uberlândia (MG), Maringá (PR), Porto Alegre (RS),
Florianópolis (SC) e Curitiba (PR), fechando-se novamente em Belo Horizonte (MG). Os processos de
concentração e desconcentração espacial (e industrial) demonstram o caráter seletivo dos investimentos
industriais, que privilegiam alguns espaços específicos nas regiões brasileiras.
Atualmente, a tendência é de que os investimentos mais dinâmicos se concentrem nas regiões onde
se iniciou e se consolidou a atividade industrial brasileira (Sudeste e Sul).
As metrópoles globais (São Paulo e Rio de Janeiro) também têm suas principais funções modificadas:
de centros industriais, especializam-se cada vez mais em atividades do setor terciário (serviços), na área
financeira e no desenvolvimento de novas tecnologias. Desse modo, as indústrias estratégicas atuais
continuam a concentrar-se nessas metrópoles, assim como a sede das empresas, o mercado financeiro
e o setor de serviços.
Aquelas indústrias mais leves, que exigem menores investimentos e utilizam muita mão de obra (em
vez de muita tecnologia), e que, portanto, apresentam um custo menor, tendem, por sua vez, a se
concentrar em regiões de menor nível de desenvolvimento e custo de mão de obra (como o Nordeste, o
Norte e o Centro-Oeste).
Outra diferença desse processo em relação à concentração anterior (das décadas de 1950 a 70)
refere-se à atração locacional exercida por cidades de porte médio (em torno de 100 mil habitantes),

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especialmente por aquelas cidades localizadas próximas a eixos de transportes (portanto, com boas
condições de acesso), em vez da concentração industrial nas metrópoles.
Além dessa reconcentração espacial da indústria, observa-se, no Brasil, uma tendência à constituição
de clusters (ou aglomerados industriais).
Portanto, a formação de clusters parece ser uma outra tendência da economia brasileira. Exemplos de
clusters em alguns estados brasileiros:
* a indústria do mobiliário em Votuporanga, São Paulo;
* a indústria de joias em Limeira, São Paulo;
* a produção de artefatos de couros e calçados em Franca, São Paulo;
* produção de móveis em Uberlândia, Minas Gerais;
* indústrias de software em Campina Grande, Paraíba;
* indústrias de software em Juiz de Fora, Minas Gerais, cuja especialização está nos aplicativos para
o setor de agronegócios;
* indústrias de software em Fortaleza, Ceará;
* indústrias de software em Petrópolis, Rio de Janeiro;
* indústrias de software em Pato Branco, Paraná, em que se destacam os produtos para apoio,
avaliação e terapia de fala e linguagem; gestão e avaliação de escolas de idiomas; software educacionais
multimídia;
* empresas de informática em Ilhéus, na Bahia.

Impactos ambientais do modelo urbano-industrial

As cidades estão cada vez mais cheias de pessoas, e o fenômeno urbano expande-se em direção ao
mundo rural de maneira massiva. Todos nós estamos cercados desses produtos criados por indústrias,
e muitas vezes não temos dimensão de todo o processo que ocorreu até eles chegarem em nossas mãos.
A seguir veremos alguns desses impactos ambientais em decorrência do modelo urbano-industrial
brasileiro.

Poluição das águas


Um dos grandes problemas das cidades brasileiras na atualidade é a poluição das águas pelos dejetos
domésticos e industriais. Muitas nem sequer contam com uma rede de coleta e tratamento de esgoto, o
qual é jogado diretamente nos rios e mares, ocasionando a extinção de muitas espécies animais e
vegetais, além de oferecer muito risco para a saúde das pessoas.
Além disso, há um histórico de acidentes ambientais envolvendo indústrias. A indústria petroleira é
uma delas. A mineração é outra grande poluidora; o mercúrio que é usado no processo de separação do
ouro é jogado nos rios e é muito prejudicial para a vida humana e aquática.

Poluição atmosférica
As fumaças liberadas pelos carros e pelas indústrias afetam em nível local a saúde das pessoas,
dificultando a respiração e causando doenças respiratórias. Além disso, há indícios de que esse tipo de
poluição afeta o efeito estufa. Nas cidades, também há formação de ilhas de calor. A retirada de
vegetação, somada à concentração de concreto, asfalto, vidros, metais e poluentes, faz que a
temperatura média das cidades seja maior em comparação ao meio rural, porque os componentes dos
poluentes atmosféricos possuem a capacidade de reter o calor.
As chuvas em geral são ácidas, mas a concentração de poluentes na atmosfera das cidades, quando
combinada com o oxigênio, produz uma chuva capaz de danificar construções pela corrosão, além de
oferecer perigo à saúde e contaminar rios e lagos.

Poluição sonora e visual


O ritmo frenético da vida nas cidades grandes e nas metrópoles, sobretudo nas áreas comerciais e
grandes avenidas, gera muito ruído, o que aumenta o estresse e afeta a sensação de bem-estar da
população. Além disso, a quantidade de informações e propagandas espalhadas ao redor também
prejudica a qualidade de vida da população.

O direito à cidade
Assim como gera impactos ambientais, o modelo discutido acima também possui uma dimensão social,
baseada na economia. A forma como são estruturadas as cidades tem como objetivo tornar o modelo
produtivo economicamente vantajoso, capaz de gerar cada vez mais lucros, a fim de que as pessoas
continuem consumindo cada vez mais.

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Porém, esse modelo está se mostrando ecológica e socialmente insustentável. As cidades são os
lugares onde se concentra a maior parte da população, formando moradias precárias e favelas, que não
possuem um adequado sistema de esgoto e água e são construídas em lugares pouco seguros.
Contudo, o poder público não dá conta de oferecer satisfatoriamente os serviços básicos para toda a
população: hospitais, educação, lazer, cultura, saneamento básico, moradia, transporte, lixo,
pavimentação, segurança, entre outros.
Referências Bibliográficas:

FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.

MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini, Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.

Questões

01. (TJ/SC – Analista Jurídico – TJ/SC) Sobre o espaço econômico brasileiro, suas características e
o processo industrial do Brasil, todas as alternativas abaixo estão corretas, EXCETO:
(A) Dentre os fatores responsáveis pela concentração industrial na região Sudeste, podemos afirmar
que a região foi se organizando como área de atração da população e de capital, tornando-se região
concentradora de riquezas. O mercado consumidor que aí se formou, o desenvolvimento do sistema
rodoviário, os recursos naturais favoráveis e a imigração contribuíram para a concentração industrial
nesta região.
(B) São Paulo concentra a maior parte da produção industrial do país, cujas raízes encontram-se nas
etapas iniciais do processo da industrialização do Brasil. Mas, nos últimos anos, a participação relativa
do Estado começa a diminuir, o que reflete o início do processo de dispersão industrial espacial, no país.
(C) O processo industrial brasileiro se firmou nos anos 70, os anos do “milagre brasileiro”, baseado em
um tripé, representado pela forte participação do capital estatal, pelos grandes conglomerados
transnacionais e um mercado consumidor em ascensão.
(D) Uma das características do processo industrial atual do Brasil, corresponde à forte dispersão
financeira das empresas e à grande concentração espacial.
(E) Uma das influências diretas da inserção do Brasil nos mercados globais é a disseminação no
território brasileiro dos polos tecnológicos próximos de centros universitários e de pesquisas.

02. (Prefeitura de Nilópolis/RJ – Professor de Geografia – FUNCEFET) A industrialização promove


a concentração espacial da riqueza e dos recursos financeiros e produtivos. Em certo ponto do
desenvolvimento econômico, a tendência de concentração espacial da indústria arrefece e dá lugar a
movimentos de desconcentração.
Assinale a alternativa que indica os movimentos geradores de desconcentração industrial no Brasil.
(A) Evolução das tecnologias, infraestrutura de transportes e comunicações
(B) Escassez de mão de obra e poluição
(C) Segregação espacial e ação dos movimentos sociais
(D) Concentração de infraestrutura e poluição

03. (Instituto Rio Branco – Diplomata – CESPE) A partir de meados da década de 90 do século
passado, a denominada guerra fiscal entre os estados brasileiros intensificou-se. A abertura econômica
atraía, então, novos fluxos externos de investimentos industriais para o país e estimulava a guerra dos
lugares.
A respeito desse assunto, julgue (C ou E) o item que se segue.
O processo de desconcentração regional da indústria brasileira favorece o prolongamento da disputa
entre as unidades federativas com base na renúncia fiscal.
(....) Certo (....) Errado

04. (Petrobras – Profissional Júnior – CESGRANRIO/2015) Como tantos outros países periféricos,
o Brasil era exportador de matérias-primas e importador de produtos manufaturados. Há um momento
em que o minério de ferro do Brasil impressiona os técnicos das indústrias siderúrgicas da Europa e dos
Estados Unidos, mas o Brasil importa até as grades de ferro que cercarão as árvores da recém-aberta
Avenida Central, no Rio.
Nessas poucas palavras, sobre a coação da história a estrangular o futuro dos países como o Brasil,
encerra-se toda a política econômica da Revolução de 30, do presidente que a levou ao poder e de toda
a Era Vargas: fazer do Brasil um país que transforme em aço o ferro de seu subsolo, que explore seu
petróleo e suas fontes de energia elétrica, que produza tratores, caminhões, automóveis e até aviões, um

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país não mais vítima, mas protagonista e criador de seu futuro. RIBEIRO, José Augusto. A Era Vargas, o suicídio e o petróleo.
Revista Caros Amigos, São Paulo, n.209, p.41, ago. 2014.
Com base no texto, é possível associar a realidade socioeconômica e a política brasileira da Era
Vargas
(A) à expansão da agroindústria
(B) à opção pelo neoliberalismo
(C) ao modelo de substituição de importações
(D) ao processo produtivo de acumulação flexível
(E) às privatizações no setor de produção de energia

Gabarito

01. D/02. A/03. Certo/04. C

Comentários

01. Resposta: D.
Com a evolução das tecnologias e infraestruturas de transportes e comunicações houve a redução nos
custos de transferência de bens, de modo que o espaço se tornou mais fluido, abrindo novas localizações
adequadas para a indústria.
O que ocorre é um processo de desconcentração espacial das indústrias. Tal fato deve-se a maior
abertura econômica e pelo desenvolvimento técnico-científico, associado a informática e comunicação.

02. Resposta: A.
Com os avanços tecnológicos nos meios de transporte e comunicações, não eram mais necessárias
uma aglomeração industrial e, tampouco, a proximidade entre indústria e mercado consumidor. Por isso,
muitas empresas resolveram migrar para regiões interioranas e cidades médias, longe dos problemas
relacionados às grandes cidades.

03. Resposta: Certo.


As disputas fiscais entre os estados em torno do aumento da arrecadação gerou um cenário instável
de busca desenfreada pelo estabelecimento de indústrias, em troca da concessão de benefícios fiscais
como geração de créditos e isenções, transformando-se em verdadeira “guerra fiscal”.

04. Resposta: C.
A política nacionalista dos governos de Getúlio Vargas era caracterizada pela decisiva intervenção do
Estado na economia. Transformado em agente fomentador da industrialização, o Estado brasileiro
realizou pesados investimentos, graças os quais foram implantadas uma moderna infraestrutura e
inúmeras indústrias de base. Foram construídos muitos portos, além de sistemas de transporte terrestre
e de geração de energia. Foram fundadas grandes companhias de capital estatal. A disponibilidade das
matérias-primas produzidas por essas indústria de base estatais estimulou a criação de diversas
indústrias privadas de capital nacional. Equipadas com uma tecnologia menos sofisticada que as
indústrias de bens de consumo duráveis, a instalação de indústrias de bens de consumo não-duráveis
necessita de menos investimentos. Por isso foi registrado um aumento maior do número de indústrias
privadas de bens de consumo não-duráveis, como tecelagens, fábricas de produtos alimentícios e de
bebidas, fábricas de calçados, estabelecimentos de torrefação de café, etc.

c) A rede de transportes brasileira e sua estrutura e evolução

Os transportes no Brasil

O desenvolvimento econômico dos países relaciona-se ao seu sistema de transportes. Quanto mais
desenvolvido, diversificado e eficiente o sistema de transportes, maiores são as possibilidades de
circulação rápida de pessoas e mercadorias, o que implica maiores ganhos para produtores e
consumidores. Por outro lado, um sistema de transportes pouco eficiente acaba por dificultar a circulação
de pessoas e mercadorias em países mais pobres, que, por sua vez, incide e aumenta suas dificuldades
econômicas.

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Brasil – Redes de Transportes – IBGE/2014

Fonte: http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf.

Fonte: http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_redes_de_transporte.pdf.

Tipos de transportes utilizados no Brasil

Brasil – Evolução das Redes Ferroviária e Rodoviária - IBGE

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Fonte: http://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_brasil/brasil_evolucao_das_redes_ferroviaria_e_rodoviaria.pdf.

Transporte Ferroviário

O transporte ferroviário no Brasil começou a se expandir durante o Segundo Império, no final do século
XIX, associado à expansão do café. Esse tipo de transporte é, em geral, 50% mais barato que o transporte
rodoviário.
Uma característica importante da malha ferroviária brasileira é sua pequena conectividade, ou seja,
em geral, as ferrovias brasileiras foram construídas interligando as áreas produtoras aos portos, para
facilitar a exportação das mercadorias.
O maior adensamento dessa rede dessa rede de transporte também coincide com a principal região
brasileira produtora de café no início do século XX: o estado de São Paulo.
Mesmo ferrovias construídas recentemente mantêm essa característica de não se integrarem umas às
outras, lingando apenas as áreas produtoras aos portos.
A partir de 1996, as ferrovias brasileiras, sob o controle da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), foram
privatizadas.

Transporte rodoviário

As rodovias constituem o principal meio de transporte utilizado no Brasil, correspondendo a 60,5% de


toda movimentação de cargas, apesar de seus elevados custos de manutenção.
A implantação das rodovias teve por objetivo integrar rapidamente o vasto território brasileiro, com o
intuito de consolidar o mercado consumidor interno, base para o modelo de industrialização adotado em
nosso país (substituição de importações).
Atualmente, são inúmeros os problemas enfrentados pelos trabalhadores do transporte rodoviário:
roubos constantes de carga, violência, estradas mal conservadas e mal sinalizadas, baixo preço do frete,
etc.
Os prejuízos, às vezes, também são elevados e estão associados às longas distâncias a serem
percorridas, ao péssimo estado de conservação das vias que, por sua vez, geram aumento do consumo
de óleo diesel, gastos com consertos dos veículos danificados em função de buracos e elevado número
de acidentes.
De acordo com o DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, a situação da malha
rodoviária federal brasileira em relação ao seu estado de conservação, em abril de 2003, era a seguinte:

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A partir da década de 1990, o governo federal começou a fazer uma série de licitações com o objetivo
de estabelecer concessões para que a iniciativa privada explorasse e mantivesse as rodovias federais.

A segunda etapa de concessões abrangeu 680,6 Km, composto de um lote:

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Transporte Hidroviário

Brasil – Principais Hidrovias

O transporte hidroviário é o que apresenta menores custos, desde que existam condições favoráveis
à sua implantação, como rios potencialmente navegáveis, relevo mais ou menos plano e condições de
navegabilidade nos rios. Caso essas condições não existam, é possível estabelecer a navegação a partir
da construção de eclusas, como em Jupiá (SP) e Bom Retiro (RS).
O Brasil possui cerca de 42.000 Km de rios navegáveis, localizados, sobretudo, na Região Norte.
São vantagens do transporte hidroviário: transportar grandes volumes a grandes distâncias; preservar
o meio ambiente; implantação e frete mais baratos que os de outros meios de transportes.

Bacias Hidrográficas Brasileiras

Principais Hidrovias Brasileiras

Hidrovia do Madeira
Localizada no Corredor Oeste-Norte, é navegável numa extensão de aproximadamente 1.056 Km,
entre Porto Velho e sua foz, no Rio Amazonas, permitindo, mesmo na época de estiagem, a navegação
de grandes comboios, com até 28.000 toneladas. Atualmente transporta cerca de 2 milhões de toneladas
ao ano.

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Hidrovia do Guamá-Capim
Localizada no Corredor Araguaia-Tocantins, transportando principalmente minérios. Hoje observa-se
a formação de relevantes polos agropecuários, especialmente na região de Paragominas.

Hidrovia do São Francisco


Localizada no Corredor São Francisco, o Rio São Francisco é totalmente navegável em 1.371 Km,
entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA) / Petrolina (PE), para a profundidade de projeto de 1,5 m, quando da
ocorrência do período crítico de estiagem (agosto a novembro). A partir da implantação do sistema
multimodal, o escoamento da produção agrícola do oeste da Bahia, com foco na cidade de Barreiras,
banhada por um dos seus principais afluentes, o Rio Grande, é realizado por rodovia até a cidade de
Ibotirama, na margem do São Francisco, descendo o rio pelo transporte hidroviário até Juazeiro/Petrolina,
e deste, por ferrovia, para o Porto de Aratu (BA). No quilômetro 42 acima de Juazeiro/Petrolina situa-se
a barragem de Sobradinho, cuja transposição é realizada através de eclusa. A movimentação anual fica
em torno de 60.000 toneladas por ano.

Hidrovia Tietê-Paraná
Localizada nos Corredores Transmetropolitano do Mercosul e do Sudoeste, a hidrovia Tietê-Paraná
permite a navegação numa extensão de1.100 Km entre Conchas, no rio Tietê (SP), e São Simão (GO),
no rio Paranaíba, até Itaipu, atingindo 2.400 Km de via navegável. Ela já movimenta mais de um milhão
de toneladas de grãos/ano, a uma distância média de 700 Km. Se computarmos as cargas de pequena
distância como areia, cascalho e cana-de-açúcar, a movimentação no rio Tietê aproxima-se de dois
milhões de toneladas.

Hidrovia do Paraguai
Localizada no Corredor do Sudoeste, essa hidrovia compõe um sistema de transporte fluvial de
utilização tradicional, em condições naturais, que conecta o interior da América do Sul com os portos de
águas profundas no curso inferior do Rio Paraná e no Rio da Prata. Com 3.442 Km de extensão, desde
Cáceres até o seu final, no estuário do rio da Prata, proporciona acesso e serve como artéria de transporte
para grandes áreas no interior do continente. As principais cargas transportadas no trecho brasileiro são:
minério de ferro, minério de manganês e soja. Os fluxos de carga na hidrovia vêm crescendo nos últimos
anos, respondendo à expectativa de interação comercial na região. No território brasileiro, a hidrovia
percorre 1.278 Km e tem como principais portos: Cáceres, Corumbá e Ladário, além de três terminais
privados com expressiva movimentação de carga. Entre 1998 e 2000, foram movimentadas mais de seis
milhões de toneladas de cargas no trecho brasileiro.

Fazem parte das Hidrovias do Sul as Lagoas dos Patos e Mirim, o canal de São Gonçalo, que liga o
Rio Jacuí a seu afluente, o Taquari e uma série de rios menores, como Caí, Sinos e Gravataí, que
constituem o estuário do Guaíba. O Rio Jacuí foi canalizado com a construção das barragens eclusadas,
compreendo uma extensão de300 Km, para calados de 2,5 m. No rio Taquari foi implantada a barragem
eclusada de Bom Retiro do Sul, que vence um desnível máximo de 12,50 m, dando acesso ao Porto
Fluvial de estrela, para embarcações de 2,5 m de calado.

Hidrovias do Tocantins-Araguaia e do Tapajós


Importantíssimas para a viabilização da produção agrícola da região Centro-oeste, que será
encaminhada aos portos do Norte do país, com grandes reduções de custos.

As hidrovias, apesar de apresentarem um impacto ambiental menor que outros meios de transporte,
também afetam o meio ambiente.
Os principais impactos ambientais das hidrovias são de três ordens: impactos gerados a partir da
implantação das obras, impactos resultantes das operações e impactos nas áreas de influência
indireta (sobretudo nas áreas de mananciais).
Impactos quando da implantação das obras necessárias
A área de influência direta é, de fato, o próprio leito do rio, que é o local onde se efetuam as principais
intervenções necessárias. Uma pequena faixa de margem é utilizada para implantação da sinalização, de
forma pontual. As principais obras e de maior impacto são as dragagens de implantação e os
derrocamentos.

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Impactos quando da operação

1. Dragagem de manutenção: feita com menores volumes e monitorada ambientalmente;

2. Risco de acidentes com cargas perigosas: exigência de casco duplo para embarcações, para
aprimorar as possibilidades de derramamento e aplicação de planos de emergência;

3. Contaminação de águas por lançamento de dejetos: programas de educação ambiental e


controle sanitário do sistema de coleta das embarcações.

Impactos na área de influência indireta


O impacto na área de influência indireta de uma infraestrutura de transporte é preocupação que
inquieta a maioria dos ambientalistas. Estudos já comprovaram que o grande degradador dos recursos
d’água é o mau uso da área de bacia de contribuição de manancial e não o seu uso como hidrovia. O
controle é de responsabilidade da implantação de uma Política Institucional de Racionamento e
Gerenciamento do Uso da Água. A dragagem tem por objetivo garantir uma profundidade mínima, para
que as embarcações possam circular sem agarrar no fundo do canal. Essa via imaginária possui uma
largura que varia de acordo com o tamanho da embarcação, e situa-se normalmente nos locais onde o
rio é mais fundo, pois quase sempre coincide com seu canal natural.

Sobre a hidrovia do Paraguai, há uma grande polêmica, uma vez que a realização de obras como o
aprofundamento do leito dos rios poderia afetar o Rio Paraguai e seus afluentes, alterando as condições
ecológicas do Pantanal Mato-grossense, considerado patrimônio ecológico da humanidade.
Apesar de os rios dessa bacia serem de planície e naturalmente navegáveis, há ao longo de seus
leitos bancos de areia e rochas, que tornam a navegação perigosa e atrasam a movimentação das cargas.
O projeto de aprofundamento do leito dos rios previa a dragagem dos bancos de areia e a detonação das
rochas, desimpedindo o fluxo das águas e aumento sua velocidade de escoamento.
Porém, muitos grupos ambientalistas posicionaram-se contrariamente ao projeto, pois isso significaria
a drenagem do Pantanal e o comprometimento do seu ecossistema.

Corredores de exportação

Corredores de exportação são sistemas de circulação de mercadorias que integram hidrovias,


rodovias e principalmente ferrovias e portos equiparados para exportação de determinados produtos.

No início do século XXI, o Brasil se estabeleceu como um dos maiores provedores de soja do mundo.
Em plena região amazônica, o arco do desmatamento funcionou como uma frente de expansão agrícola
em que milhares de quilômetros quadrados de florestas e cerrados deram lugar ás pastagens e à cultura
da soja. Desse modo, o Brasil entrou no segundo milênio incorporando vastas extensões de terras ao
imenso espaço econômico internacional, mantendo um modelo econômico agrário-exportador que, acima
de tudo, sustentou os pagamentos da dívida externa aos credores internacionais.
O intenso desmatamento da Amazônia foi concentrado em dois estados: Mato Grosso e Rondônia. No
primeiro, a área plantada de soja cresceu em 400% nos últimos dez anos.

O crescimento dessas novas regiões produtoras está apenas no seu início, pois, justamente nos
últimos anos, a iniciativa provada, juntamente com o Estado brasileiro, tem criado condições para o
escoamento dessas imensas safras agrícolas. O estabelecimento do corredor de exportação Madeira-
Amazonas, baseado no transporte dos grãos pelos citados rios amazônicos, proporcionou aos
agricultores do Norte e do Centro-Oeste do Brasil uma diminuição do custo do frete que se aproxima dos
50%. E, com o custo de transporte reduzido quase pela metade, a soja das novas regiões produtoras do
Brasil se tornou altamente competitiva (mais barata) no mercado internacional.
Uma das razões do baixo custo e eficiência do corredor Madeira-Amazonas é justamente o
aproveitamento do transporte fluvial, o mais competitivo que se conhece atualmente. Nesse contexto, os
produtos agrícolas de grande parte do Mato Grosso, estado do Tocantins e Rondônia, são transportados
por via terrestre até Porto Velho (RO), seguindo daí por embarcações até o porto flutuante de Itacoatiara
(AM) e, daí, para o mercado internacional.
A existência de portos bem equiparados e especializados é uma das características fundamentais da
implementação dos chamados corredores de exportação. Abaixo, veremos a relação dos principais
corredores de exportação do Brasil, juntamente com os principais produtos vendidos.

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Entre todos esses corredores de exportação, o ligado ao porto de Santos é o que teve um grande papel
histórico vinculado tanto ao ciclo do café como ao processo de industrialização da década de 1950
(implantação da indústria automobilística na atual região metropolitana de São Paulo).
Na década de 1970, com um forte investimento do Estado, surgiram e se desenvolveram outros
corredores de exportação, ligados ao comércio de produtos agrários (porto de Paranaguá) ou de minérios
brutos e semi-industrilizados, como no caso do porto de Tubarão, no Espírito Santo.
O estabelecimento do porto de Itaqui, também como um exportador de produtos agrários, bem como
a instalação do porto flutuante de Itacoatiara, estão ligados à recente expansão do agronegócio em novas
áreas do Norte e Centro-oeste do Brasil.

Corredor de exportação/ Principais produtos escoados

Transporte Aéreo2

Implantado no Brasil em 1927, o transporte aéreo é realizado por companhias particulares sob o
controle do Ministério da Aeronáutica no que diz respeito ao equipamento utilizado, abertura de novas
linhas, etc.
A rede brasileira, que cresceu muito até a década de 1980, sofreu as consequências da crise mundial
que afetou o setor nos primeiros anos da década de 1990.
Há dez anos, o Brasil vive uma verdadeira revolução no setor da aviação. Antes privilégio de poucos,
voar hoje é uma realidade para a grande maioria da população. Prova disso é que entre 2004 e 2014, o
desenvolvimento expressivo do transporte aéreo no país levou à redução de 48% do custo da passagem
aérea doméstica. A média anual de crescimento do setor foi três vezes o crescimento médio do PIB –
Produto Interno Bruto – para o mesmo período (3,4%). Paralelamente, o número de passageiros cresceu
170%, alcançando 117 milhões em 2014.
E a qualidade do serviço também melhorou. O índice de atrasos nos aeroportos brasileiros, por
exemplo, caiu 62% de 2007 a 2014, passando de 29,84% para 11,3%. Nesse mesmo período, a demanda
de passageiros cresceu 88%.
Nessa democratização do transporte aéreo, três fatores passaram a influenciar na escolha da forma
de viajar dos brasileiros: custo, tempo e conforto.
A infraestrutura aeroportuária também está passando por melhorias significativas. Entre 2011 e 2015,
foram investidos R$ 15,6 bilhões no setor.
Referências Bibliográficas:

MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini; Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.

2
http://www.aviacao.gov.br/obrasilquevoa/cenario-da-aviacao-brasileira.php.

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Questões

01. (TRT/8R – Analista – CESPE/2016) A respeito da infraestrutura rodoviária brasileira e suas


implicações para o setor rodoviário nacional, assinale a opção correta.
(A) A flexibilização das rotas e a possibilidade de movimentação de pequenos volumes são algumas
das vantagens apresentadas pelo transporte de cargas rodoviário, se comparado aos demais tipos de
transporte de carga.
(B) A utilização do transporte rodoviário como meio de transporte complementar é inviabilizada devido
ao elevado custo de transposição de carga que o transporte rodoviário apresenta.
(C) O estado de conservação do pavimento das rodovias gera pouco impacto no custo total do
transporte de cargas rodoviário.
(D) O Brasil possui uma das malhas rodoviárias mais extensas do mundo, sendo grande parte dela
pavimentada.
(E) Em comparação com as rodovias de pavimento flexível, as rodovias de pavimento rígido acarretam
maior custo de manutenção, menor segurança e maior consumo de combustível pelos veículos.

02. (IPEA – Técnico – CESPE) Com relação à matriz brasileira de transportes e aos sistemas de
transporte, julgue os próximos itens.
Na competição entre os sistemas rodoviário e ferroviário de transportes, a ferrovia no Brasil perde
espaço no transporte a longas distâncias, mesmo apresentando condições econômicas mais
competitivas.
(....) Certo (....) Errado

Gabarito

01. A/02. Certo

Comentários
01. Resposta: A.
As principais vantagens do modal de transporte rodoviário:
Acessibilidade, pois conseguem chegar em quase todos os lugares do território brasileiro;
Facilidade para contratar ou organizar o transporte;
Flexibilidade em organizar a rota;
Pouca burocracia quanto à documentação necessária para o transporte;
Maior investimento do governo na infraestrutura das rodovias se comparada aos outros modais.

As principais desvantagens do modal de transporte rodoviário:


Alto custo de frete, por causa do impacto direto que pedágios e alto valor do combustível geram;
Baixa capacidade de carga;
Menor distância alcançada com relação ao tempo utilizado para o transporte;
Maiores chances da carga ser extraviada, por causa de roubos e acidentes.

02. Resposta: Certo.


Apesar de o transporte ferroviário possuir custo variável baixo (Lembrando custo fixo é o referente à
implantação → este é elevado; No entanto, para o transporte de mercadorias, importa o custo variável →
este é baixo, de fato), o transporte rodoviário é o mais utilizado, pelo fato de ter maior flexibilidade.

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d) A questão urbana brasileira: processos e estruturas

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-KRaKbTocB78/Tbs2sUdL80I/AAAAAAAACg0/5Hg-IQAv2nI/s1600/grau-de-urbanizac3a7c3a3o-2010.png.

De maneira geral, podemos afirmar que a cidade é um aglomerado de construções e pessoas, a sede
do município e o lugar onde se localizam as casas do poder político. A urbanização, por outro lado, refere-
se ao surgimento de novas cidades e à expansão física e em números demográficos das cidades
existentes.
No Brasil, a migração, a industrialização e o crescimento populacional relacionam-se direta ou
indiretamente com o crescimento urbano, que, por sua vez, multiplica o fluxo de mercadorias, de pessoas
e de informações.

As primeiras cidades brasileiras

A origem das primeiras cidades está ligada às atividades relacionadas à exploração dos produtos das
terras brasileiras e ao envio destes para a metrópole europeia, Portugal. Localizavam-se na faixa litorânea
e tiveram, portanto, a função de posto comercial e de defesa militar.
Além disso, as características naturais também foram um ponto de extrema importância para escolher
onde ficaria o sítio urbano a ser desenvolvido. O acesso à água, por exemplo, funcionou como um fator
de decisão de onde se instalaria a cidade.
São Vicente (SP), foi a primeira vila a ser formada, na costa do que hoje é o Estado de São Paulo. Foi
criada por Martim Afonso de Souza em 1532, que lá construiu um pelourinho, uma câmara e uma igreja,
e em 22 de agosto do mesmo ano, realizou as primeiras eleições de toda América Latina.
A primeira capital brasileira foi Salvador, escolhida para ser a sede da Colônia. A baía de seu litoral,
Baía de Todos os Santos, facilitava a exportação de cana-de-açúcar e pau-brasil, que eram os principais
produtos de interesse português naquele momento. A baía servia também como ponto de apoio para
navegações rumo à África e à Ásia, pois era estrategicamente um porto seguro para as embarcações
portuguesas.
O modelo agroexportador foi predominante em todo o período colonial e influenciou a configuração
territorial, a urbanização e a mentalidade da sociedade daquela época. A lógica da plantation era tão
forte que a burguesia brasileira naquela época era rural e morava junto a suas plantações. Embora tivesse
negócios e propriedades nas cidades, seu poder político e econômico era baseado nesse modelo.
Os poderes políticos eram dominados pela oligarquia agrária, que morava em suas fazendas (as casas
grandes, os engenhos e as senzalas conformavam esses espaços), e as cidades eram habitadas,
majoritariamente, por servidores públicos, artesãos, mercadores, etc.
As cidades coloniais, de maneira geral, não foram planejadas, seus traçados não obedeciam a lógica
alguma e seu crescimento deu-se de maneira desordenada, ao ritmo da própria pulsação populacional,
subindo os morros e descendo as vertentes.
Embora já existisse uma relativa ocupação no interior do país, somente com a crise do modelo
agroexportador – por causa da concorrência com a produção de cana-de-açúcar nas Antilhas (na América
Central) – que a exploração de metais preciosos ganhou força para suprir a demanda financeira exigida
pela metrópole. Dessa forma, a exploração de ouro e prata tornou-se a principal fonte econômica lusitana
na Colônia a partir do final do século XVII, o que motivou também a ocupação do interior. A ocupação,
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que era mais efetiva na Zona da Mata e no Agreste baiano, onde ocorria a maior parte da produção de
cana-de-açúcar, foi reorientada em direção ao interior, onde havia as maiores jazidas de pedras
preciosas: Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
As cidades criadas na época da mineração esbanjavam riqueza em sua arquitetura. No século XVIII
foram o epicentro da vida social do país, motivando muitas migrações de gente vinda de Portugal e de
diversas localidades da atual região Nordeste. A predominância de morros em seu relevo dificultava a
produção agrícola. O abastecimento de alimentos era realizado por tropeiros que viajavam levando
mercadorias de uma cidade a outra. Esse comércio também foi motivador para a criação de cidades e
vilas em torno dos corredores de passagem das tropas que vinham do Sul.
O esgotamento das jazidas levou à decadência das cidades que viviam dessa economia. De maneira
geral, a ocupação territorial na Colônia possuiu essa característica de desenvolvimento econômico
baseado na exploração até o limite. Assim, quando os recursos naturais se esgotavam ou quando o
mercado entrava em crise, tais regiões entravam em decadência.
As cidades que tiveram maior continuidade econômica, portanto, foram aquelas cuja função estava
ligada ao porto, como Salvador e Rio de Janeiro. A última foi elevada à capital do Império em 1763,
permanecendo até 1960, quando a capital da República foi transferida para Brasília.
Com o esgotamento da economia mineradora, o café despontou como a base da economia brasileira
até o século XX, quando a indústria começou a deslanchar. Nesse período, concomitante ao ciclo do café,
a exploração da borracha destacou-se economicamente, incentivando a relativa ocupação e urbanização
das maiores cidades amazônicas: Belém do Pará (PA) e Manaus (AM).
A predominância da população nas áreas rurais até durante o século XIX no Brasil pode ser explicada
pela economia baseada nas produções agrícolas, que fixava os trabalhadores (escravos até 1888 e
imigrantes livres) no campo, junto à área produtiva. A economia cafeeira do início do século XX propiciou
o suficiente acúmulo econômico para gerar a industrialização em nosso país. Essa nova economia, por
concentrar-se na cidade, foi responsável por uma virada populacional. Dessa forma, a urbanização
brasileira é recente, tendo sido mais incentivada e desenvolvida ao longo do século XX.

O crescimento das cidades

Foi somente no século XX que o crescimento urbano se intensificou no Brasil. Motivada pela crescente
indústria no começo do século, sobretudo no eixo Rio-São Paulo, a população urbana superou a rural na
década de 1970. A cidade que mais representou esse processo no país é São Paulo, pois foi a que mais
migrantes recebeu e a que mais cresceu, sendo hoje a maior do país.
Esse aumento da população urbana deve-se muito às migrações de pessoas que viviam no campo em
direção à cidade, em busca de oportunidades. Por conta do histórico agroexportador brasileiro, da
concentração fundiária e da mecanização, a vida no campo se tornou difícil para os trabalhadores que
não tiveram acesso à propriedade privada da terra, que se generalizou sobretudo com a Lei de Terras de
1850.
O crescimento das cidades no século XX não foi acompanhado por um planejamento eficiente por
parte do Estado, o que resultou em diversos problemas de organização urbana nas grandes cidades
brasileiras.

As metrópoles brasileiras

O que caracteriza as metrópoles brasileiras é, antes de mais nada, seu processo histórico de formação.
Desde o período da colonização até hoje, as principais cidades cresceram em regiões próximas ao litoral,
locais por onde as mercadorias produzidas eram exportadas e as mercadorias estrangeiras chegavam ao
Brasil. Nestas cidades de concentravam as funções administrativas e políticas.
O desenvolvimento econômico e político do país reforçou essa configuração territorial, ainda que a
ocupação tenha se expandido para o interior. A maioria das metrópoles brasileiras se localiza na faixa a
menos de 200 quilômetros do litoral, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Porto Alegre, etc.
O conceito que utilizaremos para definir o que é uma metrópole refere-se a cidades que são centros
de decisão política e econômica, em constante relação e interdependência com as regiões em seu
entorno. As metrópoles garantem uma articulação desde a escala regional até a global e, de acordo com
sua área de influência e redes urbanas estabelecidas, essas cidades podem apresentar diferentes
funções no cenário nacional.
Vejamos a cidade de Goiânia. Ela é considerada uma metrópole regional que interfere na organização
socioespacial do Centro-Oeste brasileiro por ser polo de decisões administrativas e econômicas regionais

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e por atrair pessoas em busca tanto de melhores salários e qualidade de vida quanto de serviços
especializados.
Enquanto isso, Porto Alegre, além de abarcas as características de uma metrópole regional, oferece
uma estrutura mais complexa de equipamentos públicos, serviços e universidades, o que permite
caracteriza-la como metrópole nacional.
Já São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles globais que possuem uma dinâmica socioespacial capaz
de concentrar grande número de sedes de empresas multinacionais e de grandes bancos, além de
universidades e os principais polos tecnológicos industriais do país. Assim, não só possuem significativa
importância política e econômica nacional como também global, pois garantem boa parte das relações
internacionais e alianças de cooperação.

Problemas urbano-ambientais

A indústria e os avanços tecnológicos representaram não apenas mudanças na produção de


mercadorias, mas influenciaram o modo como a sociedade brasileira passou a organizar sua vida. A
modernização do campo brasileiro resultou em um rápido movimento populacional das áreas rurais para
as cidades, onde as indústrias se instalavam. Os trabalhadores dessas indústrias tinham a possibilidade
de receber salários e garantir um nível de consumo necessário para sua sobrevivência.
No entanto, o avanço do sistema capitalista não se deu apenas com a contratação de mão de obra,
mas também graças ao consumo dessas pessoas. O acesso a produtos tornava-se cada vez mais
possível conforme a propaganda e marketing das empresas estimulavam a compra, garantindo assim a
venda e o aumento do próprio lucro.
As novas tecnologias possibilitaram ao sistema capitalista oferecer maior quantidade de mercadorias
em circulação no comércio. Com isso, a concorrência entre produtos aumentou, o que obrigou as
empresas a regular seus preços para não perderem espaço no mercado. Assim, os produtos passaram
a ser mais acessíveis aos indivíduos que atingiram altíssimos níveis de consumo que até hoje estão
presentes em nosso cotidiano.
Você já parou para pensar sobre a quantidade de matéria-prima necessária para a produção daquilo
que compramos? O meio ambiente possui um ritmo próprio de renovação daquilo que lhe é extraído, o
que significa que a retirada de matéria-prima deve ser cautelosa. Caso contrário, rapidamente ela estará
em falta. Essa reflexão serve para nosso consumo de água, de produtos derivados do petróleo, da
madeira, etc.
No entanto, não devemos preocupar-nos apenas com o que retiramos do meio ambiente, mas também
com o que devolvemos a ele. Será que todo o lixo que criamos retorna para a natureza sem trazer danos
a ela? Esse questionamento é válido para pensarmos em tudo o que consumimos e na quantidade de
lixo que produzimos.
Os lixões e os aterros sanitários têm sido tema de importantes discussões sobre o descarte dos
resíduos sólidos no meio ambiente. Os lixões a céu aberto que recebem a maior parte do lixo no país não
possuem estrutura adequada, pois não protegem ou tratam os resíduos, deixando-os expostos ao calor
e à chuva. O líquido produzido pela decomposição do lixo, o chorume, infiltra-se no solo e muitas vezes
atinge os lençóis freáticos.
A intoxicação de lençóis freáticos é muitas vezes desencadeada pela instalação de tais lixões. O aterro
sanitário, por sua vez, também traz esse tipo de problema, porém segue uma regulamentação específica
criada pelo governo, que tenta minimizar os efeitos do acúmulo de lixo no meio ambiente.
Em áreas pobres das cidades, onde o governo não oferece a coleta de lixo regular, as populações
lidam como podem com os resíduos. Com isso, muitas vezes jogam o lixo nos rios e na beira de rodovias.
Porém, a poluição das águas também é ocasionada pelo descarte de esgoto e de líquidos tóxicos por
parte de grandes empresas, como costumava ocorrer antigamente com muita frequência no Rio Tietê,
em São Paulo.
Logo, a poluição das águas e a do próprio solo oferecem risco de enchentes quando os bueiros
entopem ou quando os rios não conseguem escoar a quantidade de água necessária, transbordando.

Sustentabilidade urbana

Os problemas urbano-ambientais não tem origem apenas na emissão de gases poluentes ou no0
descarte de resíduos líquidos poluentes nos rios. A causa também está em nossa relação com o espaço
que nos rodeia. Ou seja, como nos relacionamos, por exemplo, com o lixo que produzimos, com aquilo
que comemos, com os produtos que consumimos, com o meio ambiente e com o mundo em que vivemos.
Em suma, a origem desses problemas também está na organização de nosso cotidiano na cidade.

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A sustentabilidade não tem a ver apenas com questões ambientais, mas culturais, econômicas,
políticas e sociais em equilíbrio. Repensar a organização do cotidiano é importante para que o estilo de
vida das pessoas seja reestruturado, tornando-se sustentável. As condições de moradia, transporte
público, saneamento básico, saúde, educação e meio ambiente revelam se há sustentabilidade urbana
ou não.
A própria população evidencia isso quando a comunidade luta por mais áreas verdes, parques públicos
e hortas comunitárias. A organização independente é uma ação importantíssima para que o governo
perceba as necessidades do povo.
O movimento organizado por ciclistas de cidades grandes do Brasil demonstra uma iniciativa que se
preocupa com o meio ambiente, evitando a emissão de gases poluentes.
Está relacionada à saúde e ao bem-estar, e também se trata de uma luta em prol de outra relação com
a cidade que não seja apenas a do estresse e trabalho.
As feiras de troca caracterizam uma prática que demonstra a tentativa de tornar a vida mais sustentável
e solidária as cidades, sem a necessidade de maior produção de mercadorias, reduzindo assim o
consumo e o lixo.
O debate urgente acerca da sustentabilidade urbana vem à tona quando a população, mesmo inserida
em um cenário desigual da sociedade, percebe que, em pouco tempo, se nenhuma atitude for tomada, o
espaço que ocupamos logo irá se tornar inviável para viver.
Referências Bibliográficas:

FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015. (Coleção geografia cidadã).

Questões

01. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com relação à geografia urbana no Brasil, julgue
o item que se seguem.
Os fatores que propiciam o crescimento populacional no interior do Brasil incluem a atração de
indústrias para as cidades de médio porte.
(....) Certo (....) Errado

02. (SEDF – Estudantes Universitários – CESPE) Com relação à geografia urbana no Brasil, julgue
o item que se seguem.
O processo de industrialização foi o fator responsável pelo desenvolvimento das cidades brasileiras,
cujos territórios se transformaram devido ao aumento da atividade produtiva no campo.
(....) Certo (....) Errado

03. (IBGE – Tecnologista/Geografia – FGV/2016) Na organização do espaço urbano brasileiro na


contemporaneidade, observa-se uma expansão impulsionada por duas lógicas, a da localização dos
empregos nos núcleos das aglomerações e a da localização das moradias nas áreas periféricas. A
incorporação de novas áreas residenciais, o aumento da mobilidade e a oferta de transporte eficiente
favorecem a formação de arranjos populacionais de diferentes magnitudes que aglutinam diferentes
unidades espaciais. Adaptado de: IBGE. Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou 294 arranjos populacionais no País,
formados por 938 municípios e que representam 55,9% da população residente no Brasil em 2010.
Os critérios utilizados na identificação dos arranjos populacionais empregam a noção de integração,
medida:
(A) pelos movimentos pendulares para trabalho e estudo e/ou pela contiguidade urbana;
(B) pelas funções urbanas e/ou pelo rendimento dos responsáveis por domicílio;
(C) pelos fluxos telefônicos e/ou pelas unidades locais das empresas de serviços à produção;
(D) pela densidade demográfica e/ou pela estrutura da População Economicamente Ativa;
(E) pelo tamanho populacional e/ou pelo fluxo de bens, mercadorias, informações e capitais.

04. (IBGE – Técnico em Informações Geográficas e Estatísticas – FGV/2016) O texto a seguir


descreve duas fases do processo de urbanização do território brasileiro após a década de 1950. “Desde
a revolução urbana brasileira, consecutiva à revolução demográfica dos anos 1950, tivemos, primeiro,
uma urbanização aglomerada, com o aumento do número - e da respectiva população - dos núcleos com
mais de 20 mil habitantes, e em seguida, uma urbanização concentrada, com a multiplicação de cidades
de tamanho intermédio [...].” Fonte: SANTOS, M. e SILVEIRA, M. Brasil: Território e Sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001:
202.

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A terceira fase, representada nos mapas, caracterizou-se pela:
(A) urbanização difusa;
(B) reurbanização;
(C) metropolização;
(D) explosão demográfica;
(E) periurbanização.

Gabarito

01. Certo/02. Errado/03. A/04. C

Comentários

01. Resposta: Certo.


Um assunto que tem estado bastante em voga na economia brasileira desde o final do século XX é a
descentralização de indústrias, processo que, de acordo com o geógrafo Paulo Inácio Vieira Carvalho,
“tem início na década de 1980, quando as fábricas começam a deixar as regiões metropolitanas em
direção a municípios do interior”.
Inicialmente, as indústrias se retiraram das capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo visando
estabelecer-se em cidades do interior desses estados, mas, posteriormente, o projeto estendeu-se
também para estados menos industrializados do país.

02. Resposta: Errado.


Os territórios se transformaram devido ao aumento da atividade produtiva NAS CIDADES e não no
campo, além disso, o processo de industrialização foi um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento
das cidades brasileiras, porém, não o único.

03. Resposta: A.
Os movimentos pendulares são cada vez mais importantes para o entendimento da dinâmica urbana.
São utilizados para estudar a organização funcional dos espaços regionais e delimitar regiões
metropolitanas; dimensionar e caracterizar os fluxos gerados para o estudo e para o trabalho; para o
planejamento urbano, em especial o de transportes, entre outros.

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04. Resposta: C.
Metropolização é o processo de crescimento urbano de uma cidade e sua constituição como
centralidade de uma região metropolitana, isto é, de uma área composta por vários municípios que
congregam a mesma dinâmica espaço-territorial. A metrópole passa a ser vista como a zona na qual as
demais cidades tornam-se dependentes e interligadas economicamente. Entre os exemplos de
metrópoles no Brasil, temos as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Goiânia,
Porto Alegre e muitas outras.
Para entender a lógica da metropolização (e, posteriormente, da desmetropolização), é preciso
considerar a seguinte premissa básica: a industrialização tende a induzir à urbanização, ou seja, quando
uma cidade ou uma região se industrializam, a tendência é de que, com o tempo, a sua população se
eleve, bem como o número de residências e o crescimento horizontal de seu espaço geográfico urbano.3

e) A agropecuária, a estrutura fundiária e problemas sociais rurais no Brasil, dinâmica das


fronteiras agrícolas e sua expansão para o Centro-Oeste e para a Amazônia

A distribuição da terra no Brasil

O Brasil possui vastas áreas com solos férteis e clima propício à produção agrícola. Além disso, muita
terra é utilizada para a pecuária. Contudo, a propriedade de imensas áreas nas mãos de poucos é a
principal característica do campo brasileiro.

A função social da terra

A terra pode ser entendida como uma condição para a sobrevivência humana, pois é a fonte básica
de geração de alimentos. Assim, a terra como bem de produção deve satisfazer a sociedade, atendendo
às necessidades dos indivíduos, por isso sua função social é muito importante.

No Brasil, a distribuição de terras é considerada historicamente desigual. Uma das características mais
marcantes das áreas de produção agropecuária é a concentração da propriedade de terras, também
chamada de concentração fundiária. Isso significa que há grandes propriedades de terra, conhecidas
como latifúndios, concentradas nas mãos de poucos indivíduos. O Brasil tem a segunda maior
concentração fundiária do planeta.

Agropecuária é a denominação dada para as atividades que usam o solo com fins econômicos
e que são voltadas à produção agrícola associada à criação de animais.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao Censo


Agropecuário de 2006:
→ Aproximadamente 2,8% das propriedades rurais ocupavam mais da metade da extensão territorial
agricultável do país, o que correspondia a pouco mais da metade do território brasileiro.
→ As pequenas propriedades, que representavam 62,2% dos imóveis, ocupavam apenas 7,9% da
área total.

As propriedades rurais brasileiras apresentam não só tamanhos diferentes, como também distintas
formas de organização do trabalho.
A chamada agricultura familiar é aquela em que a mão de obra predominante é composta por
integrantes da família proprietária da terra. Geralmente trata-se de pequenas propriedades onde é
praticado o policultivo, ou seja, o cultivo de diferentes espécies.
Já nas grandes propriedades, onde se pratica o agronegócio, a mão de obra é contratada, e a
produção, altamente mecanizada. Além disso, uma característica marcante é o monocultivo, ou seja, o
cultivo de uma única espécie.

Agronegócio é a denominação das atividades comerciais e industriais que envolvem a


produção de alimentos em larga escala, desde o cultivo na propriedade rural até a chegada aos
consumidores.

3
<http://brasilescola.uol.com.br/geografia/metropolizacao.htm>.

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Embora as propriedades sejam menores, em termos gerais, na agricultura familiar trabalham mais
pessoas do que na agricultura não familiar. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), a agricultura familiar é responsável pela geração de mais de 80% da ocupação no campo e
responde no Brasil por sete de cada dez empregos ligados à terra, além de produzir cerca de 40% dos
alimentos no país.
Existem estabelecimentos rurais de propriedade familiar que vendem sua produção para grandes
empresas agrícolas. No entanto, é a agricultura familiar que produz uma parcela significativa dos
alimentos consumidos no Brasil. Observe o gráfico a seguir, que mostra a produção de alimentos
agrícolas em relação à produção total do país em 2006, ano de realização do censo agropecuário.

Agricultura familiar e produção de alimentos (2006)

Fonte: http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_imagens/grafico_alimentos_20.jpg.

Portanto, pode-se dizer que a agricultura familiar garante o abastecimento de produtos básicos. Estes,
porém, não geram muita renda aos produtores, motivo pelo qual não são cultivados pelos empresários
do agronegócio. Os grandes latifúndios são destinados à produção em larga escala de mercadorias
destinadas principalmente ao mercado externo, como soja, algodão e milho.

As áreas produtivas e as questões ambientais

Se, por um lado, a estrutura da produção agropecuária moderna envolve o uso de máquinas e técnicas
com avançadas tecnologias, por outro implica em sérias questões ambientais. O modelo atual explora os
recursos naturais de tal forma que muitas vezes leva-os ao esgotamento.
O desmatamento é uma prática muito comum para a realização da agropecuária. A retirada da
cobertura vegetal resulta em inúmeras consequências: redução da biodiversidade, erosão e redução dos
nutrientes do solo, assoreamento dos corpos hídricos, entre outras.

Abaixo segue uma foto do desmatamento de área para implantação de agricultura no município de
Santarém, Pará, em novembro de 2013:

Fonte: http://s2.glbimg.com/h6M7pXZq_V0Wa4MlxqLGI1d70zA=/620x465/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/11/11/2013-11-11t100716z_19020539.jpg.

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No caso da pecuária, além da retirada da cobertura vegetal e de sua substituição por pastagens, o
pisoteio do rebanho de animais provoca a compactação dos solos, o que dificulta a infiltração de água no
terreno. Além do desmatamento, em algumas áreas também é comum a utilização de queimadas, o que
pode trazer inúmeros danos, como a perda de fertilidade do solo.
Outro agravante muito discutido é a utilização de insumos químicos – fertilizantes, inseticidas e
herbicidas, conhecidos como agrotóxicos -, que causam contaminação do solo e das águas. Os insumos
são conduzidos pelas águas da chuva: uma parte penetra no solo, atinge o lençol freático e o contamina,
e outra parte é levada até os mananciais. Desde 2008, o Brasil é o país que mais usa agrotóxicos no
planeta, chegando em 2009 à marca de mais de 1 bilhão de litros de agrotóxicos aplicados, o que
equivale, em média, a um consumo médio de 5,2 kg de agrotóxico por habitante.

Lista de alimentos que apresentam mais irregularidades no uso de agrotóxicos (2006)

Fonte: http://revistagloborural.globo.com/Revista/Common/0,,EMI283394-18071,00-
PIMENTAO+MORANGO+PEPINO+LIDERAM+RANKING+DE+ALIMENTOS+COM+AGROTOXICOS.html.

Sistemas Agroflorestais

Com o crescimento dos danos ambientais provocados pelo modelo agrícola atual, muitas pessoas vêm
buscando criar e resgatar alternativas de produção de alimentos de forma a gerar menos impactos ao
meio ambiente. Uma dessas alternativas é chamada de agroflorestal.
Um Sistema Agroflorestal, também chamado de SAF, é um tipo de uso da terra no qual se resgata a
forma ancestral de cultivo, combinando árvores com cultivos agrícolas e/ou animais. A agrofloresta busca
utilizar ao máximo todos os recursos naturais disponíveis no local, sem recorrer a agentes externos, como
insumos químicos. Assim, torna-se um sistema extremamente benéfico ao meio ambiente, além de muito
mais barato para o agricultor, já que elimina os gastos com insumos químicos.

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A expansão da fronteira agrícola

O conceito de fronteira agrícola é utilizado para designar as áreas limítrofes entre o chamado meio
natural e o local onde se praticam atividades agropecuárias.
A tendência dessas áreas é a de se expandir constantemente, acompanhando o ritmo da produção
agrícola.
A expansão da fronteira agrícola traz uma série de mudanças no espaço geográfico, implicando uma
nova organização espacial. São ampliadas infraestruturas de transporte, comunicação e geração de
energia, o que eleva a concentração populacional e impulsiona o desenvolvimento econômico das regiões
em questão.
No Brasil, a partir da década de 1960, houve o avanço da fronteira agrícola para a Região Centro-
Oeste, estimulados pelos projetos do governo federal de ocupação e desenvolvimento do interior do país.
Nesse período, foram oferecidos diversos incentivos, como créditos agrícolas e vendas de lotes de
terra a preços baixos, com o objetivo de atrair agricultores do Sul, Sudeste e Nordeste para a região.
Atualmente, a fronteira agrícola expande-se em direção à Amazônia.
A expansão traz sérios danos ambientais, como o desmatamento e poluição dos solos e dos rios. Além
disso, como a expansão da fronteira agrícola geralmente é baseada na mecanização e na utilização de
insumos químicos, ela agrava o problema da questão fundiária, já que pequenos proprietários rurais são
obrigados a vender suas terras por não terem condições de arcar com os custos da produção.

A Revolução Verde

A partir dos anos 1960, o espaço agrícola brasileiro passou por intensas mudanças, ligadas
principalmente à implantação de novas tecnologias na agropecuária. Essas transformações estão ligadas
a um processo mundial, conhecido como Revolução Verde.
A Revolução Verde iniciou-se na década de 1950, nos Estados Unidos, e consistia na aplicação da
ciência ao desenvolvimento de técnicas agrícolas com o objetivo de aumentar a produtividade da
agricultura e da pecuária. Nas décadas seguintes, esse conjunto de mudanças foi implantado em vários
países, inclusive no Brasil, com o objetivo de erradicar a fome por meio do aumento na produção de
alimentos.
A indústria química desenvolveu os agrotóxicos. Os laboratórios de genética criaram sementes
padronizadas e mais resistentes a doenças, pragas e aos próprios agrotóxicos. A indústria mecânica
desenvolveu tratores, colheitadeiras e outros equipamentos para o plantio, a colheita e a criação de
animais.
Esse conjunto de transformações tinha como objetivo aproximar a agricultura de um padrão industrial
de produção. Portanto, uma das propostas da Revolução Verde era a adoção do mesmo padrão de cultivo
em todos os lugares do mundo, desconsiderando as variações locais das condições naturais, como o
clima ou a fertilidade natural do solo, e as necessidades e possibilidades dos agricultores.
A adoção de monoculturas, largas propriedades de terra destinadas ao cultivo de uma única espécie,
foi outra medida imposta pela Revolução Verde, já que a eficiência dos insumos químicos e do maquinário
dependia da uniformidade do cultivo.
No Brasil, a implantação da Revolução Verde foi estimulada por meio de políticas públicas que
promoviam o financiamento e a assistência técnica aos produtores rurais, oferecendo créditos e
subsídios. Houve um significativo aumento na produção, maior até que o aumento na área plantada. Isso
porque os cultivos tornaram-se mais produtivos.
No entanto, tal processo foi feito às custas de danos ao meio ambiente e de aumento de desemprego
no campo, já que muitos trabalhadores foram substituídos por máquinas. Observe o gráfico a seguir.

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Brasil: aumento da produção de grãos em milhões de toneladas em relação à área plantada
(1990-2015)

Fonte: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_03_11_14_07_48_boletim_graos_marco_2015.pdf.

No entanto, esse processo de modernização da agricultura não se deu de forma uniforma e igualitária
ao longo do território brasileiro. Além disso, gerou desemprego e concentração de renda, beneficiando
somente os grandes produtores.

Transgênicos, biotecnologia e agroindústria

Nas áreas onde se implantaram as técnicas agrícolas consideradas modernas, observou-se a


concentração de indústrias de equipamentos agrícolas e de agrotóxicos e também de estabelecimentos
comerciais. Além disso, houve a rápida instalação e expansão das chamadas agroindústrias, que têm
como objetivo transformar gêneros agrícolas e pecuários em produtos industrializados. Por isso,
geralmente, estão localizadas nas proximidades dos lugares onde se produz tais gêneros, o que reduz
significativamente o custo com transporte da matéria-prima.
Com o desenvolvimento e avanço da ciência, novas técnicas foram criadas e incorporadas às práticas
agrícolas. Uma das mais polêmicas é a biotecnologia, o desenvolvimento de técnicas voltadas à
adaptação ou ao aprimoramento de características de organismos vivos – animais e vegetais -, visando
torna-los mais produtivos.
Por meio dessas técnicas é possível, por exemplo, cultivas plantas de clima temperado em lugares de
clima tropical, acelerar o ritmo de crescimento de plantas e animais, aumentar o tempo entre o
amadurecimento e a deterioração das frutas, entre tantas outras mudanças.
Em meados da década de 1990, surgiu um novo ramo dentro da biotecnologia, ligado à pesquisa dos
genes dos organismos, o qual gerou um dos campos mais controversos da agricultura moderna: a
produção e manipulação de transgênicos. Eles são gerados por meio de técnicas que possibilitam a
introdução de um gene ou de um grupo de genes em um organismo. Esses genes podem ser de outra
variedade, de outra espécie, de um outro gênero ou mesmo de outro reino.
A utilização de sementes transgênicas está atrelada a um pacote tecnológico que envolve a utilização
de maquinários, agroquímicos e monocultura associada a grandes propriedades. Os agricultores ficam
condenados a utilizar esse pacote tecnológico no momento em que adquirem a semente transgênica,
justamente para garantir a sua produtividade.
Essas sementes modificadas são programadas para não se reproduzirem depois de determinada
geração, o que obriga o produtor a adquiri novas sementes constantemente. Além disso, os laboratórios
que desenvolvem tais técnicas fazem parte de grandes conglomerados agroindustriais que se fortalecem
a cada dia. Muitas vezes, os fabricantes de sementes transgênicas são os mesmos que fabricam
agrotóxicos e fertilizantes.

Cultivos de transgênicos liberados no Brasil em 2013

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Não existem estudos conclusivos sobre os impactos dos transgênicos na saúde humana. Depois de
fortes pressões exercidas por movimentos sociais que lutam contra a difusão dos transgênicos, o governo
federal criou uma lei que obriga as agroindústrias a identificar as embalagens dos alimentos que contêm
transgênicos com um símbolo.

As condições de trabalho no campo

A estrutura agrária brasileira

A propriedade de terras é uma questão importante no Brasil desde o período colonial. Devido ao papel
da agricultura em nossa economia, é por meio da terra que historicamente se produziu e acumulou
riquezas no país. Até hoje, é da agricultura e da pecuária que vem grande parte de nosso Produto Interno
Bruto (PIB).

As sesmarias no período colonial

O primeiro mecanismo oficial de distribuição de terras no território brasileiro foi o sistema de doação
de sesmarias, enormes parcelas de terra que eram concedidas pela Coroa Portuguesa ou pelo
governador-geral, visando promover a colonização de terras e implantar o sistema de plantation na
colônia. As sesmarias vigoraram no Brasil até 1822, ano de sua independência.
Obviamente, essa concessão de terras abrangia apenas as pessoas nobres ou ricas – que possuíam
algum tipo de relação com a Coroa portuguesa e teriam condições de desenvolver economicamente suas
propriedades. Nesse caso, as doações de sesmarias correspondiam às áreas produtivas e já exploradas
no litoral ou próximas dessa região.
Ao receber uma sesmaria na Colônia e produzir em suas terras, o proprietário tinha o direito de posse
por toda avida, repassando-as para seus herdeiros depois da sua morte. Nesse contexto, a Colônia
assistia à formação de uma elite, composta por famílias que concentravam em suas mãos as maiores
terras e, consequentemente, a riqueza local oriunda da exportação do açúcar que produziam.
Apesar da necessidade de concessão por parte da Coroa ou do governador-geral para obtenção de
sesmarias, essa não era a única forma de se conseguir a posse de terras na Colônia. Devido à abundância
de áreas inexploradas no território e ao baixo número de habitantes europeus na Colônia, as terras do
interior não possuíam valor comercial. Outro aspecto referente à propriedade de terras nesse período diz
respeito à mão de obra disponível. Para produzir em grande escala, era necessário o uso intenso de
trabalhadores – os africanos escravizados. Os maiores proprietários rurais eram aqueles que possuíam
maior número de escravos. Por isso, na condição de mais ricos da colônia, os maiores proprietários de
terra eram aqueles que podiam comprar mais escravos.
As pessoas que penetravam no interior do território e se mostravam dispostas a enfrentar indígenas e
a desbravar as áreas virgens podiam ocupar um pedaço de terra, no qual podiam produzir a fim de
conseguir a sua posse. Mesmo assim, apesar de ter a posse não contestada da terra, esses colonos não
possuíam a propriedade legal, uma vez que ela só era obtida por meio de uma concessão oficial.
A partir daí, surgiu no Brasil a figura do posseiro – pessoa que ocupa uma área territorial para obter a
sua posse, mas sem ter a sua propriedade. Geralmente, os posseiros eram colonos que não possuíam
capital para comprar escravos e, por isso, tinham uma produção de pequena escala voltada para a
subsistência ou para o abastecimento do mercado interno. Dessa forma, no período colonial, coexistiam
grandes latifúndios de famílias ricas ligadas ao poder local e pequenas propriedades pertencentes aos
camponeses locais.

O surgimento do trabalho assalariado no Brasil e a Lei de Terras

No dia 4 de setembro de 1850 foi assinada a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos
no Brasil. Apesar de não ter surtido efeito prático imediato, a Lei Eusébio de Queirós foi um marco no
processo de abolição da escravidão no país. Ao criar uma perspectiva de término desse tipo de relação
de trabalho, ela estimulou o surgimento do trabalho assalariado no território brasileiro.
Nesse contexto, a Lei de Terras foi assinada no mesmo mês. Mesmo com a independência do Brasil
e a formação do Estado brasileiro, em 1822, não houve nenhuma política de regulamentação das
propriedades rurais até a criação da Lei de Terras em 1850. Até então, deu-se continuidade ao processo
de obtenção de terras por meio da posse, sem a sua devida documentação.
Além de propor a regularização das propriedades não documentadas no país, a Lei de Terras buscou
criar uma política para regulamentar a apropriação das terras não exploradas. Com ela, estabeleceu-se

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que as terras não exploradas passariam a pertencer ao Estado e só poderiam ser adquiridas por meio da
compra – e não mais pela ocupação e exploração do território.
Segundo a Lei de Terras, para realizar esse processo, os posseiros deveriam legalizar as suas terras
em cartórios localizados nas cidades, os quais, na época, eram de difícil acesso para a população rural,
pois não havia facilidades de deslocamentos como hoje em dia. Além disso, a maioria deles não possuía
recursos para pagar taxas de registro e oficializar sua propriedade.
Os proprietários não legalizados (os posseiros) deveriam registra-las em cartórios para regularizar a
sua documentação. Caso contrário, a propriedade da terra não seria reconhecida. Ao definir a compra
como a única forma de obtenção de terras, o Estado excluiu a possibilidade de a população pobre, como
posseiros e ex escravos, tornar-se proprietário rural. Em contrapartida, favorecia a minoria rica do país,
que se via em condições de adquirir as maiores e melhores terras. Isso resultou no monopólio das terras
nas mãos de uma minoria a abundância de trabalhadores livres necessária para substituir futuramente os
escravos.
Além de alto número de terras ocupadas sem registro legal, suas demarcações eram feitas de modo
impreciso. Os limites das propriedades, eram, muitas vezes, vagamente definidos por elementos naturais
como rios, quedas d’agua ou morros. Esse cenário foi agravado pelo início de um intenso processo de
apropriação ilegal de terras no país denominado grilagem de terra.
Muitos apropriaram-se das facilidades políticas e dos conhecimentos legais que possuíam para
registrar terras que não lhes pertenciam – fossem elas ocupadas por posseiros, indígenas ou de
propriedade do Estado. Em um contexto no qual a grade maioria da população era analfabeta, os únicos
aptos a produzir tais documentos eram os integrantes da minoria letrada do país.
Em muitos casos, essas terras não foram incorporadas com fins produtivos. Ao se apropriarem delas,
os grileiros tinham como objetivo esperar a sua valorização para, posteriormente, vendê-las a um preço
alto. Devido ao seu caráter excludente com relação à distribuição de terras, a Lei de Terras resultou em
uma estrutura fundiária extremamente desigual e que se perpetua até os dias de hoje no Brasil. Observe
a tabela a seguir:

Brasil: estrutura fundiária (2011)

Os dados da tabela foram divulgados no ano de 2012 e dizem respeito à distribuição de terras no
Brasil. Nele estão indicados o número de propriedades rurais do país classificados de acordo com suas
dimensões e a área total que juntas ocupam. Repare que, na época, foram registradas 113.160
propriedades rurais com menos de 1 hectare, as menores do país. Essas propriedades juntas
correspondiam a 2,1% do total do país e ocupavam 0,01% das áreas rurais brasileiras.
Todas as propriedades com tamanho entre 1 e 100 hectares, somadas, correspondiam a 83,9% de
todos os imóveis rurais do país e ocupavam 17,14% do total de área. Em contrapartida, os dados
referentes às propriedades com mais de 1000 hectares, os grandes latifúndios (alguns chegam a superar
100.000 hectares), mostravam que elas correspondiam a apenas 1,5% do total de imóveis. Atualmente,
apenas 1,5% das terras no Brasil são fazendas que, juntas, ocupam mais da metade de toda a área rural
do país.

Movimentos sociais e a reforma agrária

A má distribuição de terras foi responsável por uma série de problemas nas zonas rurais brasileiras. A
difusão do processo de grilagem resultou na expulsão forçada de diversos posseiros de suas terras.
Naturalmente, os posseiros não costumavam aceitar passivamente a expulsão das terras que ocupavam
há anos, ou mesmo há gerações. Os conflitos envolvendo a disputa por terras costumavam ser resolvidos
por meio da intimidação e, principalmente, da violência física.

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Outro aspecto relacionado à concentração fundiária no Brasil diz respeito à pobreza no campo. Esse
fenômeno é consequência da existência de uma massa de trabalhadores rurais conhecidos como sem-
terra, que, para sobreviver, dependem de trabalhos com salários significativamente baixos. Além desse
fator, as condições de vida do trabalhador rural são agravadas pelo desenvolvimento tecnológico no
campo. O uso cada vez maior de máquinas reduz a necessidade de contratação de muitos trabalhadores,
o que aumenta o desemprego no campo.

O debate sobre a reforma agrária no Brasil

Os problemas envolvendo a má distribuição de terras motivaram o debate sobre a necessidade ou não


de se fazer uma reforma agrária no país. A reforma agrária consiste em uma proposta de mudança na
política de distribuição de terras, feita com o objetivo de diminuir ou acabar com a concentração fundiária
– e assim reduzir os impactos sociais negativos acarretados por ela.
A questão da reforma agrária é abordada na atual Constituição brasileira, de 1988. Nela, afirma-se que
as propriedades rurais que não cumprem sua função social, por serem improdutivas, devem ser
desapropriadas pelo Estado e distribuídas para trabalhadores sem-terra.
Com isso espera-se que haja diminuição da desigualdade social no campo e o aumento da
produtividade agrícola no país. De fato, a concentração de terras pode acarretar uma menor
produtividade. Segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 2010
havia uma área de 228 milhões de hectares de terras improdutivas ou que produzem abaixo de sua
capacidade no Brasil. De acordo com esse levantamento, nesse mesmo ano, 40% da área total das
grandes propriedades no país encontrava-se improdutiva.
Devido às suas condições econômicas e ao tamanho de suas terras, os pequenos agricultores veem-
se obrigados a produzir o máximo em suas propriedades de modo a garantir a maior renda possível.
Em contrapartida, muitos do grandes produtores se dão ao luxo de não produzir em toda a área de
suas propriedades. Devido ao caráter mercadológico que a propriedade fundiária adquiriu após a Lei de
Terras, desenvolveu-se no país uma prática de especulação, por meio da qual grandes proprietários
mantêm vastas áreas improdutivas, com o intuito de revende-las quando estiverem valorizadas.
Ao garantir maior produtividade agrícola, a reforma agrária também implicaria o aumento da oferta de
alimentos no país e, com isso, poderia provocar uma diminuição do preço desses produtos. Enquanto a
produção dos latifúndios é voltada para o mercado externo, são os pequenos produtores os responsáveis
pela maior parte do abastecimento de alimentos no mercado interno nacional.

Polêmicas da reforma agrária

A vida e a economia no campo brasileiro carregam uma série de contradições. Por um lado, a produção
agrícola para exportação apresenta um alto grau de desenvolvimento tecnológico e uso de mecanização.
Essa atividade também possui grande participação na economia brasileira, sendo responsável por boa
parte das exportações.
Porém, é nas zonas rurais que se encontram as regiões mais pobres do país, onde as condições de
trabalho são as piores. Da mesma forma, existem muitos pequenos produtores que não têm condições
financeiras de desfrutar do desenvolvimento tecnológico nas suas produções, contrastando com os
grandes produtores.
A proposta de reforma agrária implica uma distribuição mais justa das terras que, espera-se, resulte
em um número maior de pessoas empregadas no campo. Como consequência, haveria uma diminuição
significativa do êxodo rural. Mesmo assim, apesar do alto número de terras improdutivas no país, pouco
se fez pela reforma agrária ao longo da História brasileira. Obviamente, mesmo com os benefícios sociais
que seriam alcançados, as políticas de distribuição de terras prejudicariam os interesses econômicos de
diversos grupos.
Não se pode esquecer de que a exportação agrícola baseada no cultivo em latifúndios ainda é
responsável pela maior parte da economia brasileira. Por isso, alguns grupos defendem que a distribuição
de terras seria prejudicial ao país, pois diminuiria a arrecadação obtida por meio da economia
agroexportadora.
Outra questão polêmica envolvendo a reforma agrária diz respeito aos critérios de classificação do que
seriam terras improdutivas ou que produzem abaixo de sua capacidade. No caso da pecuária, por
exemplo, os defensores da reforma agrária argumentam que existem muitas terras subaproveitadas. De
fato, existe no Brasil um número alto de fazendas em que uma cabeça de gado ocupa, em média, uma
área maior do que um minifúndio ou uma pequena propriedade. Por outro lado, os proprietários alegam
que estão produzindo no local e, por isso, não deveriam perder sua terra.

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No Brasil, a desigualdade social no campo está diretamente relacionada à concentração fundiária e,
assim como em outros lugares do mundo, tal desigualdade provocou uma série de mobilizações sociais.
O principal movimento social organizado de camponeses no mundo é a Via Campesina. Essa organização
internacional, criada em 1993, é composta por mais de 170 movimentos sociais ligados à terra de países
da América, Ásia, Europa e África. Entre os seus integrantes estão milhões de trabalhadores rurais sem-
terra, pequenos e médios proprietários, indígenas e migrantes que se opõem ao agronegócio vigente em
muitos países pobres ou emergentes.
Eles defendem o incentivo ao pequeno produtor e a distribuição de terras, de modo a atingir um modelo
de produção socialmente mais justo e menos impactante ao meio ambiente.
No Brasil, os movimentos sociais de luta pela terra foram historicamente combatidos tanto pelo Estado
como pelos grandes proprietários de terra. Esses movimentos abrangem tanto comunidades indígenas
como posseiros e trabalhadores rurais sem terra. Ao longo da história, as disputas por terra no país foram
marcadas pela violência e pela apropriação à força dos territórios.
Alguns dos primeiros expoentes dessa luta no Brasil foram as Ligas Camponesas, criadas pelo Partido
Comunista Brasileiro (PCB). Elas tiveram uma atuação política intensa ao Nordeste durante as décadas
de 1950 e 1960, período em que muitas de suas lideranças foram assassinadas. Com o governo militar
(1964-1985) a perseguição contra as Ligas Camponesas se intensificou e suas atividades rapidamente
se extinguiram.
Porém, apesar do fim das Ligas Camponesas, a luta pela terra continuou durante o período da ditadura
militar. Nos anos 1970, os principais conflitos ocorreram na Amazônia, entre posseiros, indígenas e
grileiros. Eles se deram, em grande parte, devido às políticas do Estado brasileiro de incentivo ao
desenvolvimento da agropecuária na região, o que motivou o interesse de grandes empreendedores
sobre as terras locais.
Nessa época foram criadas importantes organizações sociais vinculadas à Igreja Católica, como a
Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – a primeira ligada aos
colonos e posseiros, e a segunda, aos indígenas.
Hoje em dia, a principal organização de camponeses do Brasil é o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST). Esse movimento social foi criado na década de 1980 e tem como principal
bandeira a luta pela reforma agrária no país.
A principal forma de ação do MST é a ocupação de terras. Essa prática costuma ocorrer em latifúndios
considerados improdutivos ou com histórico de grilagem. Por isso, essas práticas costumam ser mais
intensas na região Norte do país, onde os índices de grilagem e terras improdutivas são maiores. Ao
ocupar as terras, os integrantes do MST constroem acampamentos nas propriedades, podendo se
estabelecer lá por anos até conseguirem sua posse por meio do Estado ou serem expulsos pelos
proprietários. Segundo o movimento, atualmente existem cerca de 120 mil famílias ligadas ao MST,
acampadas no Brasil.
Além das ocupações, o MST promove outros tipos de ações, como marchas, ocupações de prédios
públicos, acampamentos em cidades e manifestações. Por ser a sede do poder político brasileiro, Brasília
é geralmente escolhida para sediar esses atos.
As ações políticas do MST são alvo de muitas críticas por parte de diversos setores da sociedade
brasileira. A maior parte delas diz respeito às ocupações de terras que o movimento alega serem
improdutivas, condição tal negada pelos proprietários. Por isso, é comum os opositores do movimento
chamarem esses atos de invasões e não de ocupações.
A maior parte dos conflitos relacionados ao MST envolve os proprietários que tiveram suas terras
ocupadas, ou invadidas, e o Estado na busca da garantia e da defesa do direito à propriedade provada.
Esses conflitos costumam ser violentos e muitas vezes resultam em mortes.
Se, por um lado, os movimentos sociais estruturam organizações para reivindicarem seus direitos,
assim o fazem também os fazendeiros, chamados de ruralistas. Desde 1985 eles organizam-se na União
Democrática Ruralista (UDR), associação de fazendeiros que luta pelos direitos da propriedade privada
no campo. As entidades dos movimentos sociais e a UDR opõem-se declaradamente, pois seus objetivos
são conflitantes.

A interdependência entre campo e cidade

Muitas vezes, cidade e campo são concebidos como lugares opostos. Assim, a cidade seria o espaço
do desenvolvimento, das tecnologias e da modernização, onde se encontram as infraestruturas mais
modernas e as condições de vida são melhores. Em contrapartida, o campo muitas vezes é idealizado
como um lugar pouco desenvolvido, onde as infraestruturas e as tecnologias são menos avançadas e as
condições de vida são piores.

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. 37
Porém, no campo, coexistem a riqueza e a pobreza, bem como a modernização associada ao
desenvolvimento tecnológico. O mesmo ocorre nas cidades, onde é possível notar uma grande
desigualdade social que se reflete nas condições de vida da população e nos tipos de serviços acessíveis
a ela.
Historicamente, zonas urbanas e zonas rurais sempre se relacionaram de alguma forma. Por serem
locais de prática do comércio, é nas cidades que se comercializa a produção agrícola do campo. Por outro
lado, elas dependem das regiões rurais para abastece-las com alimentos e outros tipos de produtos
agrícolas indispensáveis à vida e ao dia a dia das pessoas. Das zonas rurais são obtidas as matérias-
primas utilizadas na fabricação de produtos que são consumidos principalmente pela população urbana.
Referências Bibliográficas:

FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.

Questões

01. (SEDU/ES – Geografia – FCC/2016) Nas últimas décadas do século XX, o espaço social agrário
tornou-se mais complexo como consequência da modernização da agropecuária. Um dos grupos sociais
do campo brasileiro é descrito em:
(A) o camponês do Sul vivencia a expansão do binômio trigo-soja e se transfere para as regiões
Sudeste e Centro-Oeste, passando a se dedicar ao agronegócio canavieiro.
(B) os trabalhadores permanentes foram reduzidos e aumentaram os temporários nas médias e
grandes propriedades do Centro-Sul e zona da mata nordestina.
(C) os posseiros, em luta pela posse da terra na região central do país, tornam-se os pilares da
resistência contra a expansão do agrobusiness no Centro-Oeste.
(D) o camponês, descendente de imigrantes europeus, torna-se o colono tecnicamente mais moderno
que desenvolve as bases da agricultura familiar nas periferias urbanas.
(E) os trabalhadores sem-terra pressionam o Estado e são os beneficiários de programas de
colonização oficiais e particulares que são implantados na Amazônia Ocidental.

02. (Prefeitura de Juatuba/MG – Geografia – CONSULPLAN/2016) “Quando se analisa a


modernização da agricultura, é comum que se pense apenas na modernização das técnicas – substituição
de trabalhadores por máquinas, uso intensivo de insumos e desenvolvimento da biotecnologia – e que se
esqueça de observar as consequências dessa modernização nas relações sociais de produção e na
qualidade de vida da população.” (Eustáquio de; MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil – Espaço geográfico e globalização. São
Paulo: Editora Moderna, p. 240, v. 3.)
Assinale a alternativa que faz referência a um dos efeitos da modernização agrícola no Brasil.
(A) Subordinação da agropecuária ao capital industrial, intensificando a valorização das terras
agricultáveis.
(B) Fortalecimento da agricultura familiar, possibilitando melhores condições de vida a milhares de
família.
(C) Redução do êxodo rural com o aumento da produção agrícola e, como consequência, a valorização
do trabalhador rural.
(D) Desenvolvimento das pequenas e médias propriedades, resultando em um modelo de produção
competitivo com os países europeus.

03. (MPE/GO – Secretário – MPE/GO/2017) A característica fundamental é que ele não é mais
somente um agricultor ou um pecuarista: ele combina atividades agropecuárias com outras atividades
não agrícolas dentro ou fora de seu estabelecimento, tanto nos ramos tradicionais urbano-industriais
como nas novas atividades que vêm se desenvolvendo no meio rural, como lazer, turismo, conservação
da natureza, moradia e prestação de serviços pessoais.
Essa nova forma de organização social do trabalho é denominada:
(A) Terceirização.
(B) Agroextrativismo coletivo.
(C) Grilhagem.
(D) Agronegócio.
(E) Cooperativismo.

Gabarito

01. B/02. A/03. D


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Comentários

01. Resposta: B.
As condições de vida do trabalhador rural são agravadas pelo desenvolvimento tecnológico no campo.
O uso cada vez maior de máquinas reduz a necessidade de contratação de muitos trabalhadores, o que
aumenta o desemprego no campo.

02. Resposta: A.
A industrialização do campo é um processo especifico no qual a indústria passou a comandar as
transformações na agricultura, e isso só foi possível ocorrer a partir da implantação da indústria para a
agricultura no país. Nestes termos, a produção agrícola passou a ser um elo de uma cadeia, processo
que resultou na formação dos Complexos Agroindustriais. (...)
A partir desse processo tem-se um estreitamento das relações intersetoriais, um reforço dos elos
técnicos e dos fluxos econômicos entre a agricultura e a indústria, resultando na subordinação da
agricultura à dinâmica industrial.

03. Resposta: D.
O agronegócio é um dos principais setores da economia brasileira, integrando práticas urbanas e
rurais. Esse importante campo da economia envolve uma inter-relação entre os três setores: o primário
(com a agropecuária), o secundário (com as indústrias de tecnologias e de transformação das matérias-
primas) e o terciário (com o transporte e comercialização dos produtos advindos do campo).

f) A população brasileira: evolução, estrutura e dinâmica

Quem são os brasileiros?

A formação do povo brasileiro

Diversos intelectuais buscam definir o que seria o povo brasileiro. Obviamente, essa tarefa não parece
ser uma das mais fáceis, levando em conta a diversidade étnica e cultural da nossa população, além do
processo histórico de povoamento das diversas regiões do país.
Se adotarmos como critério o tempo de ocupação, os indígenas foram os primeiros habitantes do que
hoje é o território brasileiro. Porém, os indígenas dividem-se em diversos grupos étnicos, logo é impossível
afirmar que eles representam uma única nação, pois não possuem os mesmos vínculos históricos e
culturais.
Atualmente representam a menor parcela da população do Brasil e vivem em áreas menores e
diferentes daquelas que ocupavam em 1500. Observe o mapa abaixo.

Brasil: povos indígenas na época do descobrimento

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Mapa-dos-Povos-Indigenas-na-Epoca-do-Descobrimento.jpg.

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Para conhecer as características e as diferenças da população brasileira, é necessário compreender
como se deu o processo histórico de povoamento da região que hoje é o Brasil.

A população no Brasil Colonial

O território do Brasil atual era ocupado exclusivamente por povos indígenas até o início do Século XVI.
Mesmo após a chegada da primeira embarcação portuguesa na região no ano de 1500, comandada por
Pedro Álvares Cabral, a Coroa portuguesa não promoveu nenhuma política concreta de colonização do
local até 1530.
Estima-se que, no final do século XVI, a população branca na Colônia era de cerca de 30 mil
habitantes, concentrada no litoral, especialmente na região correspondente ao atual Nordeste brasileiro,
na época o centro econômico do país. Entre os imigrantes portugueses, estavam: nobres e pessoas ricas
ligadas à produção de açúcar ou à administração da Colônia; membros do clero; aventureiros; e pessoas
condenadas por crimes em Portugal.
Nesse mesmo século, parte da Colônia portuguesa foi ocupada por franceses que se estabeleceram
na região do Rio de Janeiro. Mais tarde, a França também ocupou a região do Maranhão, entre os anos
de 1594 e 1615 – enviando colonos para lá.
No período colonial, o número de mulheres brancas que imigravam para a Colônia não era muito
significativo – uma vez que as terras na América eram vistas como selvagens e perigosas pelos europeus.
Dessa forma, a Coroa portuguesa enviava garotas órfãs para se casarem com os brancos que aqui viviam.
O pequeno número de mulheres brancas solteiras na Colônia foi um dos motivos que levaram à
miscigenação dos colonos europeus com mulheres indígenas ou negras – que, por serem escravas,
muitas vezes eram forçadas a tal pelos homens brancos. Com isso, ao longo do período colonial, ocorreu
a formação de uma população mestiça na Colônia.
Durante o século XVII, deu-se continuidade ao processo de colonização portuguesa no Brasil, de modo
que a ocupação de territórios no continente avançou para as regiões do Pará e do Maranhão (onde
também ocorreu um intenso processo de miscigenação).
Porém, entre 1630 e 1654, a região de Pernambuco foi ocupada por holandeses e também por judeus,
que imigraram para lá por conta da liberdade religiosa que o governo local lhes propiciava (algo que na
época não costumava acontecer em territórios católicos).
Após a expulsão dos holandeses de Pernambuco, a Coroa portuguesa buscou retomar as políticas de
povoamento, de modo a proteger a Colônia de novas invasões estrangeiras. Estima-se que no final do
século XVI a população branca na Colônia era de cerca de 100 mil pessoas, o que representava cerca
de 30% da população local. O restante era composto por negros, indígenas e mestiços.
Porém, com a descoberta de ouro em Minas Gerais e também nas atuais regiões de Goiás e Mato
Grosso, houve um grande aumento do fluxo migratório de europeus ao longo do século XVIII. Esses
imigrantes mudaram-se para o território brasileiro e povoaram as regiões das minas em busca de metais
preciosos e enriquecimento. Nesse período verificou-se um aumento significativo da população da
Colônia. As estimativas da tabela a seguir indicam que a população local passou a ser de 3,2 milhões de
habitantes no final daquele século.

A população do Brasil em 1798

Os dados anteriores representam estimativas da população brasileira em 1798. Apesar de se


considerar os mestiços como negros ou indígenas, essa tabela nos fornece um panorama da demografia
colonial nesse período, separando a quantidade de população negra da indígena. A porcentagem da
população indígena é a mais baixa, enquanto, o número de brancos e negros é bem mais alto. É preciso
destacar que a maior parte dos habitantes do território brasileiro possuía origem africana – fossem eles
mestiços ou não.

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A composição da população brasileira

O brasileiro no período pós-independência

Com a independência brasileira em 1822, o recém-criado Estado brasileiro tinha como difícil tarefa
manter a sua unidade territorial, combatendo movimentos separatistas. Para isso, era de fundamental
importância a criação de um sentimento nacional – inexistente até então. Em outras palavras, era
necessário que os habitantes das diversas regiões do Brasil se sentissem pertencentes a uma mesma
nação, com os mesmos vínculos históricos e culturais.
Não devemos esquecer que, até a independência brasileira, o sentimento de ser brasileiro não existia.
O único vínculo histórico que os habitantes possuíam era a relação com a Coroa portuguesa. Além disso,
em cada região do território, o processo de povoamento, miscigenação e desenvolvimento econômico e
cultural ocorreu de modo diferente. Ao longo do século XIX, portanto, a preocupação era promover a
construção da identidade brasileira e do entendimento sobre quem era o povo com o qual contávamos
para construir o país.
Até 1888, a sociedade brasileira esteve estruturada com base em relações escravocratas, nas quais
os negros eram considerados socialmente inferiores. Dessa forma, o fato de a população brasileira ser,
em sua maioria, afrodescendentes representava um incômodo para a elite local: branca e culturalmente
vinculada com a Europa.
Assim como em outros países vizinhos, o debate sobre a construção da identidade nacional no Brasil
envolveu um embate ideológico: valorizar a cultura dos povos originários ou adotar como referência a
cultura europeia. No caso brasileiro, devido aos vínculos culturais da elite local, o modelo cultural europeu
foi adotado como ideal de civilização. Com isso, no século XIX, o Estado brasileiro passou a promover
gradualmente a imigração de colonos europeus, visando “embranquecer” a sua população.
Um dos primeiros fluxos migratórios foi o de colonos alemães para o Sul do país, nos estados do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em seguida, deu-se início a um intenso processo de imigração
de italianos nessas regiões e, principalmente, no estado de São Paulo.
Devido ao seu grande desenvolvimento econômico a partir da segunda metade do século XIX, São
Paulo passou a receber a maior parte do fluxo de imigrantes estrangeiros nesse período.
Em um primeiro momento, a região recebeu um intenso fluxo de italianos, que foram trabalhar nas
plantações de café no interior do estado. Posteriormente, os imigrantes italianos passaram a se dirigir
para as zonas urbanas em busca de emprego. O principal destino foi a cidade de São Paulo que, devido
ao seu crescimento econômico, possuía maior oferta de trabalho.
A partir do final do século XIX e no início do século XX, São Paulo recebeu diversos fluxos de
imigrantes europeus (entre eles espanhóis, portugueses e judeus), como também de sírios, libaneses e
japoneses. Mais tarde, ocorreria a migração de nordestinos para a região. Essa população tinha como
objetivo trabalhar em diversas atividades econômicas, como agricultura, comércio, indústria e construção
civil.

A população brasileira nos dias atuais

Atualmente, a população estimada do Brasil é de um pouco mais de 200 milhões de habitantes, número
que o classifica como o quinto país mais populoso do mundo.
Segundo dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes
ao ano de 2014, 51,3% da população brasileira à época, era feminina. Já os homens representavam
48,7% do total de habitantes.
Em relação à distribuição dos habitantes no território brasileiro, pode-se dizer que é um reflexo do
processo histórico de povoamento durante o período colonial, uma vez que há maior concentração nas
regiões onde historicamente houve maior desenvolvimento econômico. O mapa a seguir retrata esse
fenômeno.

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Brasil: densidade populacional (2010)

Fonte: http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias.html?view=noticia&id=1&idnoticia=2501&busca=1&t=ibge-lanca-mapa-densidade-demografica-2010.

Como é possível notar, a maior parte dos habitantes ainda se concentra nas áreas próximas ao litoral,
principalmente nas regiões Sul e Sudeste, onde se localizam os maiores centros urbanos. O interior do
país, que envolve grande parte da região Centro-Oeste e, sobretudo, Norte, continua sendo menos
povoado.
Segundo o mapa, é possível verificar que as capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Bahia
e Fortaleza, são áreas de grande concentração populacional. Desde a década de 1960, a maior parte da
população brasileira vive em zonas urbanas.
Dados de 2014 divulgados pelo IBGE indicam que cerca de 85,43% dos habitantes à época, moravam
em zonas urbanas – principalmente nas capitais de estados. Os 14,7% restantes estavam distribuídos
nas zonas rurais. As cidades são as regiões mais povoadas devido à sua maior oferta de emprego.
O crescimento da população brasileira também está vinculado aos variados fluxos migratórios
ocorridos em direção ao território brasileiro – os quais resultaram em diferentes tipos de migração.
Entre o final do século XIX e o início do XX, a região Sudeste do país, sobretudo a cidade de São
Paulo, foi a que recebeu o maior número de imigrantes. Esse fenômeno ocorreu graças ao
desenvolvimento econômico local, que possibilitou a criação de mais ofertas de trabalho. As cidades de
São Paulo e do Rio de Janeiro receberiam, mais tarde, uma grande leva de nordestinos, igualmente
atraídos pelo mercado de trabalho da região.
Devido ao seu processo histórico de povoamento da região e à miscigenação, a população brasileira
possui uma grande diversidade étnica e cultural.

Composição da população brasileira por cor de pele (2013)

Segundo os dados do IBGE apresentados na tabela anterior, a maioria da população brasileira declara
ser ou ter origem predominantemente branca; logo em seguida, há aqueles que afirmam ser pardos, ou
seja, frutos de qualquer mistura envolvendo brancos, indígenas ou negros. Em contrapartida, apenas
8,1% dos entrevistados consideram-se negros, e 0,8%, amarelos (de origem asiática) ou indígenas.
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Em relação à distribuição populacional, pode-se dizer que o perfil étnico-cultural dos habitantes varia
consideravelmente de região para região no país. Essas diferenças estão diretamente relacionadas com
os processos de imigração e miscigenação que ocorreram nas diferentes regiões brasileiras a partir do
século XVI.
Na região Sul, por exemplo, a maior parte da população (76,8%) afirma ser de cor branca, o que se
deve em grande parte à imigração europeia na região: portugueses e espanhóis, durante o período
colonial; e alemães e italianos, no século XIX. Devido aos intensos fluxos migratórios que recebeu ao
longo da história, a região Sudeste é a que apresenta maior diversidade em termos raciais. Desde o
século XVIII, com a descoberta do ouro em Minas Gerais, e sobretudo no século XX, o Sudeste recebeu
tantos estrangeiros (europeus e asiáticos) como brasileiros de outras regiões (principalmente
nordestinos).
As regiões Norte e Nordeste são as que apresentam as maiores taxas da população parda (70,2% e
62,5%, respectivamente). No caso do Nordeste, a população parda se destaca. No Norte, a maior parte
da miscigenação ocorreu entre brancos e indígenas, devido às características históricas do povoamento
na região.
O número de indígenas no Brasil é maior nas regiões Norte e Centro-Oeste. Nesta última, a população
é predominantemente branca, parda também em função da miscigenação entre brancos e indígenas, e,
em menor escala, indígena.

O crescimento da população nos séculos XX e XXI

O processo de desenvolvimento econômico e urbano ocorrido no Brasil no século XX trouxe avanços


que resultaram no aumento significativo da expectativa de vida da população brasileira e na redução das
taxas de mortalidade. Esses avanços estão relacionados tanto à medicina como às infraestruturas
urbanas, como saneamento básico e água tratada, à maior produção de alimentos e à redução da
pobreza.
A redução das taxas de mortalidade no Brasil, associada ao alto número de nascimentos ainda
registrados no início do século XX, provocou um grande aumento populacional. Porém, a partir das
décadas de 1940 e 1950, a população brasileira passou a apresentar uma diminuição de suas taxas de
natalidade e de fecundidade, o que reduziu a sua taxa de crescimento vegetativo.
A diminuição das taxas de natalidade observadas no Brasil indica que a nossa população vem
reduzindo o número de filhos. Esse fenômeno, associado ao aumento da expectativa de vida, tem
provocado um envelhecimento da população brasileira – uma vez que o número de jovens diminui e o
número de idosos aumenta.
A queda das taxas de natalidade no Brasil está relacionada a uma série de transformações culturais e
econômicas. Entre elas, pode-se destacar a inserção das mulheres no mercado de trabalho, o que fez
que muitas delas optassem por ter filhos mais tarde ou não tê-los. Da mesma forma, o elevado custo de
vida nas cidades, onde vive a maioria dos brasileiros, também levou à queda na média de filhos por
família.
Observe os gráficos abaixo, conhecidos como pirâmides etárias. Elas indicam a quantidade de
habitantes, homens e mulheres, em um país, por faixas etárias. As diferentes faixas etárias estão
mostradas no canto esquerdo da imagem. Já o número absoluto de homens e mulheres correspondentes
a cada faixa etária está indicado na parte inferior dos gráficos.
A base dos gráficos representa a quantidade de pessoas jovens no país. Já as partes superiores
mostram a proporção de pessoas mais velhas. Quanto maior (ou mais larga) a base desse gráfico, maior
é a proporção de jovens na população local. A mesma lógica aplica-se às regiões intermediárias e
superiores do gráfico, que representam as populações adulta e idosa, respectivamente.
Os gráficos indicam o perfil da população brasileira em 2013 e quais são as mudanças previstas para
2040 e 2060, com base em estudos feitos pelo IBGE. É possível verificar que o crescimento vegetativo
brasileiro continuará diminuindo progressivamente até a década de 2040. Dessa forma, a população do
país crescerá cada vez menos até esse período. A partir de 2040, espera-se que o número de habitantes
do país diminua, por causa das taxas de natalidade que serão menores do que as de mortalidade,
resultando em um crescimento vegetativo negativo.

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Fonte: https://fernandonogueiracosta.files.wordpress.com/2010/12/pirc3a2mides-etc3a1rias-absolutas.png.

A dinâmica demográfica do Brasil torna-se mais compreensível a partir da análise de dois processos
que a compõem:
* Crescimento vertical, mais conhecido como crescimento vegetativo;
* Crescimento horizontal, resultante dos fluxos migratórios internacionais.

O comportamento das populações muda ao longo do tempo, bem como o ritmo de sua dinâmica. Por
isso, o estudo da população sempre acompanha as mudanças históricas.
Geralmente, toma-se como ponto de partida o período posterior à Segunda Guerra Mundial, quando
profundas transformações socioeconômicas afetaram o Brasil, provocando grandes variações na
dinâmica demográfica.

O Crescimento vegetativo de um país é o índice que resulta da diferença entre a taxa de natalidade
e a de mortalidade observadas num determinado período. Pode ser, portanto, positivo ou negativo.

O Crescimento horizontal de um país resulta da diferença entre o total de imigrantes e o de


emigrantes registrada num dado período. Pode ser, também, positivo ou negativo.

Envelhecimento Populacional e Previdência Social no Brasil

No Brasil, o déficit da previdência aumenta a cada ano, pois, se por um lado há um aumento da
expectativa de vida da população, por outro, há uma grande quantidade de trabalhadores que não são
contribuintes do sistema previdenciário – em 2001, os não – contribuintes perfaziam 50% da população
ocupada em alguma atividade econômica.
Mas a mudança na dinâmica demográfica, por si só, não explica os problemas da previdência social.
O sistema permite alguns milhares de aposentadorias extremamente elevadas ao lado de milhões de
aposentadorias miseráveis.
Além disso, a previdência foi fraudada durante décadas e não são raros os casos de quadrilhas
formadas no Brasil para roubar o sistema previdenciário.
Referências Bibliográficas:

FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.

Questões

01. (Colégio Pedro II – Segmento do Ensino Fundamental – Colégio Pedro II/2016) A pirâmide
etária representa a estrutura de uma população por gênero e por idade. Observe as pirâmides etárias do
Estado do Rio de Janeiro em dois momentos distintos.

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As alterações na base e no topo da pirâmide têm como causa, respectivamente
(A) o aumento da natalidade e o aumento da expectativa de vida.
(B) a queda de natalidade e o aumento da expectativa de vida.
(C) o aumento da natalidade e a diminuição da expectativa de vida.
(D) a queda da natalidade e a diminuição da expectativa de vida.

02. (SEDU/ES – Professor de Geografia – FCC/2016) Segundo relatório do IBGE, a taxa de


mortalidade infantil (TMI) de crianças entre 0 e 5 anos de idade era de 53,7 mortes por mil nascidos vivos
em 1990 e passou para 17,7 em 2011. O relatório mostra que a queda mais significativa registrada da
mortalidade na infância ocorreu na faixa entre um e quatro anos de idade.
A leitura do texto e os conhecimentos sobre a dinâmica demográfica brasileira permitem afirmar que
(A) em 2011, o Brasil atingiu a meta de redução da TMI prevista pelos Objetivos do Milênio
estabelecidos pela ONU.
(B) a redução da TMI observada no período 1990-2011 teve grande influência no crescimento
demográfico do país.
(C) ao longo do período 1990–2011 pôde-se constatar uma relativa homogeneização das TMI em todas
as regiões do país.
(D) a queda da TMI em duas décadas possibilitou ao Brasil tornar-se o país com menores TMI em toda
a América Latina.
(E) a diminuição da TMI produz inúmeras consequências, dentre as quais o aumento da base da
pirâmide etária do Brasil.

03. (IBGE – Recenseador – CESGRANRIO) Com relação à expectativa de vida dos brasileiros, os
recenseamentos do IBGE comprovam que, nos últimos anos, verificou-se
(A) retrocesso significativo.
(B) estagnação relativa.
(C) desaceleração abrupta.
(D) aumento progressivo.

04. (SEE/MG – Professor de Geografia – FCC) Observe o gráfico.

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Os dados do gráfico estão corretamente interpretados em:
(A) O excesso de população em relação à capacidade de produção agrícola do território explica a
projeção do IBGE para a possível redução da população brasileira a partir de 2040.
(B) Fatores como a urbanização e a entrada da mulher no mercado de trabalho ajudam a explicar a
tendência na dinâmica populacional brasileira de redução do crescimento da população.
(C) As melhorias na economia brasileira a partir de 1990 explicam a aceleração do crescimento
populacional, enquanto se espera uma crise econômica a partir de 2040.
(D) O aumento da população brasileira desde a década de 1950, apesar da redução do crescimento
vegetativo, é explicado pela lenta, porém contínua, entrada de imigrantes no País.

05. (IF/SE – Analista – IF/SE) O Brasil já ultrapassou a etapa de elevado crescimento vegetativo e,
sob o impacto da urbanização, apresenta redução contínua das taxas de natalidade. Essa dinâmica da
sociedade brasileira tem repercussões na estrutura etária e exerce influência sobre as políticas públicas.
A partir da reflexão sobre o texto e de seus conhecimentos sobre a sociedade brasileira, aponte a
afirmativa correta:
(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira um gradual aumento das taxas de natalidade.
(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no
setor secundário da economia.
(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades diminuíram em face das medidas
governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.
(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há uma redução expressiva do
número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.
(E) Umas das razões da mobilidade populacional brasileira está na diferença de desenvolvimento
econômico existente entre as várias regiões do país.

06. (ABIN – Agente de Inteligência – CESPE)

Com auxílio dos dados apresentados no gráfico, que mostra a pirâmide etária brasileira no ano de
2000 e a sua projeção para 2020, julgue o seguinte item.

Observa-se uma previsão de diminuição da população brasileira até 2020.


(....) Certo (....) Errado

07. (ANTT – Especialista em Regulação – CESPE) Julgue o seguinte item, relativo ao perfil da
população brasileira, incluindo suas desigualdades.

Um novo padrão de ocupação do território revela acelerado processo de urbanização e de


concentração da pobreza em áreas urbanas. A atual dinâmica demográfica acentua a concentração
populacional nas grandes cidades e em cidades de porte médio que compõem a rede urbana brasileira,
com o consequente esvaziamento do campo e mudanças na natureza e na concentração da pobreza.
(....) Certo (....) Errado

Gabarito

01. B/02. A/03. D/04. B/05. E/06. Errado/07. Certo

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Comentários
01. Resposta: B.
A expectativa de vida da população brasileira aumentou bastante nos últimos anos. De acordo com o
IBGE, atualmente, a média de vida de um cidadão brasileiro é de 75,5 anos. Vários são os fatores que
propiciaram isso: o crescimento econômico do país, melhor distribuição da renda, melhor acesso aos
sistemas de saúde (tanto público quanto privado), desenvolvimento de novos medicamentos, acesso à
água tratada e esgoto, etc.

02. Resposta: A.
O Brasil alcançou com antecedência mais dois Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)
fixados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2015: reduzir pela metade a população sem
acesso a saneamento e em dois terços a mortalidade até cinco anos de idade.
Segundo o relatório nacional, conseguiu atingir a meta em 2011, reduzindo os óbitos de 53,7 para 17,7
em mil.

03. Resposta: D.
A esperança de vida dos brasileiros aumentou, isso segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). Vários foram os fatores que propiciaram essa ascensão, dentre muitos, o crescimento
econômico do país, acesso à água tratada e esgoto, aumento do consumo, entre outros.

04. Resposta: B.
A partir daquela década, as taxas de crescimento começaram a declinar até atingir 1,6%, conforme
resultados do Censo de 2000 – e continuam em queda.
Esse declínio, deve-se à maior inserção da mulher no mercado de trabalho, à disseminação do uso de
pílulas anticoncepcionais, ao aumento do número de abortos provocados e à esterilização de mulheres,
entre outros fatores, relacionados ao rápido processo de urbanização que caracterizou o Brasil na
segunda metade do século passado.

05. Resposta: E.
(A) Atualmente, verifica-se na população brasileira uma gradual diminuição das taxas de natalidade.
(B) A população brasileira é, hoje, predominantemente urbana e a força de trabalho concentra-se no
setor terciário da economia.
(C) As habitações e o intenso favelamento das cidades aumentaram em face das medidas
governamentais preventivas e das políticas públicas que favorecem a população mais precária.
(D) Com relação às tendências do mercado de trabalho, no Brasil, há um aumento expressivo do
número de pessoas ocupadas no mercado informal do trabalho.

06. Resposta: Errado.


Há uma redução da natalidade, mas isso não significa necessariamente que a população se reduzirá.
Apesar de nascerem menos pessoas que antes, elas vivem muito mais tempo, gerando, portanto, um
aumento da população mais velha.
A população brasileira continuará crescendo, ainda que em ritmo menos acelerado.

07. Resposta: Certo.


A atual dinâmica demográfica acentua a concentração populacional nas grandes cidades e em cidades
de porte médio que compõem a rede urbana brasileira, entre outros fatores, relacionados ao rápido
processo de urbanização que caracterizou o Brasil na segunda metade do século passado.

g) A distribuição dos efetivos demográficos e os movimentos migratórios internos: reflexos


sociais e espaciais

Movimentos Migratórios

Movimentos migratórios referem-se aos diversos tipos de migração, a qual, por sua vez, é entendida
como os deslocamentos de determinada população de um lugar para outro. Portanto, qualquer migração
possui dois movimentos: o de saída de um lugar e o de entrada em outro.
As migrações são muito variadas. Podem ocorrer dentro do mesmo território ou de um país para outro.
Quando são realizadas dentro do mesmo país, são chamadas de migrações internas. Quando ocorrem
de um país para outro, são chamadas de migrações externas. Observe a imagem a seguir:

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Migrantes nordestinos no Terminal Rodoviário do Tietê. Este é um grande fluxo de migração interna que existe no Brasil. São Paulo, SP, 2010.

As migrações externas são caracterizadas por dois movimentos: emigração e imigração.


O movimento de entrada de estrangeiros em um país é chamado de imigração. O movimento de saída
de indivíduos de um país é chamado de emigração.
Por exemplo, imagine que uma família está se mudando da Colômbia para o Equador. Em seu país
de origem, a Colômbia, eles são considerados emigrantes. Já no país de destino, o Equador, eles são
considerados imigrantes. Observe a imagem a seguir:

Família de imigrantes espanhóis, São Paulo, cerca de 1890.

Por que as pessoas migram?

As migrações podem acontecer de forma forçada ou espontânea. A migração forçada é aquela em que
a pessoa não migra por vontade própria, como foi o caso dos africanos que vieram para cá escravizados
durante o período colonial. A ocorrência de fenômenos naturais, como grandes terremotos, tsunamis,
explosões vulcânicas ou inundações, por exemplo, também pode provocar a migração forçada. Grandes
guerras e perseguições políticas ou religiosas também são motivos que levam as pessoas a saírem de
seu lugar de origem.
A migração espontânea ocorre quando as pessoas migram por vontade própria. Ou seja, decidem
deslocar-se de um lugar a outro em busca de melhores condições de vida.
No entanto, devemos perceber que essa migração espontânea está baseada em um movimento de
expulsão e atração. Ou seja, de alguma maneira, as pessoas sentem-se repelidas por um lugar e atraídas
por outro.
As condições econômicas e sociais de um país podem fazer que uma pessoa decida buscar melhores
condições de vida em outro. A falta de emprego, a escassez de terras para os agricultores, a precarização
das condições de trabalho, a mecanização da produção e outros processos similares são fatores que
muitas vezes dificultam a vida do trabalhador, levando-o a se mudar.

Migração temporária e migração pendular

A migração temporária é o deslocamento populacional que ocorre por determinado período. Por
exemplo, no caso da construção de uma grande obra de engenharia, milhares de pessoas são atraídas
para um lugar onde antes não havia oportunidades de emprego. Quando a construção terminar, essas
pessoas retornarão ao seu lugar de origem ou irão procurar emprego em outros lugares.
Outro exemplo de migração temporária é a que acontece em determinados períodos do ano, como na
época da colheita de certos produtos agrícolas, que atrai pessoas de diferentes regiões para trabalhar
durante esse período.

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Já a chamada migração pendular consiste no movimento diário da população que se desloca de um
lugar a outro para estudar ou trabalhar. Geralmente, ocorre entre municípios vizinhos.

Imigração no Brasil

Com o processo de colonização, iniciou-se um período de atração de diferentes povos para as novas
terras. Uma boa parte da atual população brasileira é formada por imigrantes e seus descendentes.
Os primeiros a chegar aqui foram os portugueses, seguidos pelos africanos trazidos na condição de
escravos. Séculos depois, com o fim da escravidão, muitos outros imigrantes vindos da Europa e da Ásia
estabeleceram-se no Brasil, principalmente a partir de meados do século XIX, para substituir a mão de
obra escrava.
Estudaremos a seguir alguns dos povos que vieram para o Brasil em períodos específicos. São
milhares de pessoas que saíram de seus países de origem e vieram para cá, influenciando a cultura e os
hábitos do povo brasileiro.
Além deles, muitos outros povos vieram para o Brasil, como os libaneses, os poloneses e os russos,
porém em quantidades menores e durante períodos mais curtos.

Portugueses

Os portugueses foram os colonizadores das terras que vieram a se tornar o Brasil. Sua entrada foi
constante e contínua durante todo o período colonial. A migração dos portugueses trouxe sérios impactos
para os povos indígenas que já habitavam aqui. Eles foram perseguidos, mortos e escravizados. Houve
também uma intensa imigração portuguesa para o Brasil entre os anos de 1881 e 1967.

Africanos

Gravura que retrata o embarque de escravos em um navio negreiro.


Negros no fundo do porão de navio, Johann Moritz Rugendas, Brasil, séc. XIX.

Entre os séculos XVI e XIX, de 2 a 4 milhões de africanos foram forçados a vir para o Brasil na condição
de escravos. Eles pertenciam a diferentes povos, principalmente da região da África Central, cada um
com costumes, língua e fisionomia diferentes. Contudo, as culturas desses povos não só influenciaram
um a outro, mas também todos os demais que viviam na Colônia, como os próprios portugueses e até os
indígenas.
Todas essas pessoas que vieram para cá sofreram com as duras condições de vida, trabalhando em
situações precárias - isso para dizer o mínimo - e privadas de sua liberdade. Desenvolveram diferentes
tipos de trabalho, ligados principalmente à agricultura.

Alemães

Tradicional festa alemã em Blumenau (SC), 2013

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Os alemães começaram a chegar ao Brasil de forma expressiva em meados do século XIX. O primeiro
grupo de imigrantes alemães chegou ao Brasil em 1824, mas o período mais intenso de imigração ocorreu
entre 1848 e 1933.
A grande maioria desses imigrantes estabeleceu-se nas serras dos estados do Sul do Brasil, formando
as chamadas colônias, onde preservavam os hábitos e sua terra natal, inclusive muitas vezes sem falar
o português.
Dedicaram-se principalmente à agricultura e à criação de animais.

Italianos

Os imigrantes italianos chegaram ao Brasil após os alemães. Assim como eles, vieram em busca de
promessas de uma vida melhor, Fugindo das duras situações em que viviam na Europa. Dirigiram-se
principalmente para os estados de São Paulo - a fim de trabalhar nas lavouras de café e, posteriormente,
nas indústrias paulistas - e do Rio Grande do Sul, onde também formaram colônias. Observe a imagem
a seguir.

Embarque de italianos para o Brasil, Itália, 1910

Japoneses

A imigração maciça de japoneses teve início no século XX. Em 1908, aportou em Santos o primeiro
navio de imigrantes japoneses, chamado Kasato Maru. A grande maioria deles estabeleceu-se no estado
de São Paulo, trabalhando nas lavouras de café e, posteriormente, no cultivo de hortaliças e frutas.
Observe a imagem a seguir.

Imagem do Kasato Maru, navio que trouxe os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil. Santos, 1908

Migração Interna

No Brasil, há uma grande mobilidade da população de região para região. Isso significa que existem
milhares de pessoas que não moram no lugar em que nasceram. De acordo com dados do Censo de
2010, a cada 100 brasileiros, 37 não nasceram no município onde estão estabelecidos atualmente.

Êxodo rural

O processo de urbanização no Brasil teve início no século XX, a partir do processo de industrialização,
que atraiu milhares de pessoas da área rural em direção à urbana. Esse deslocamento do campo para a
cidade é chamado de êxodo rural. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas
urbanas. Observe o gráfico a seguir, que mostra a taxa de urbanização brasileira entre 1940 e 2010.
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Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E Estatística, [s.d.] apud GOBBI,
Leonardo Delfim. Urbanização brasileira. Globo. com, [s.d.]. Educação. Geografia.

No gráfico acima, podemos observar progressivamente, os anos 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991,
2000, 2010. A parte cinza representa a população urbana, e a parte verde, a população rural.

O êxodo rural está ligado a um movimento tanto de expulsão dessa população do campo quanto de
atração pela cidade. As condições de vida para a população rural tornaram-se cada vez mais difíceis, já
que muitos trabalhadores perderam seus empregos e suas terras com a modernização da agricultura - a
mão de obra de muitos trabalhadores do campo foi substituída por máquinas e tratores sofisticados.
Por outro lado, as cidades surgem como uma grande oportunidade de melhoria de vida, ainda que
muitas vezes isso não aconteça na prática. Na maioria dos casos, esses migrantes são obrigados a
enfrentar situações muito precárias.

Fluxos migratórios inter-regionais

A migração inter-regional, ou seja, entre as diferentes regiões do Brasil, começou a ser estudada com
mais precisão a partir do estabelecimento da regionalização brasileira, em meados da década de 1930.
A grande disparidade entre as regiões estimulou a continuidade de um fluxo regular de migrantes em
diferentes períodos do século XX.

Décadas de 1930-1940

O principal fluxo inter-regional estabeleceu-se do Nordeste para o Sudeste. Milhares de migrantes


dirigiram-se ao Sudeste em busca de melhores condições de vida, Fugindo das secas que assolavam a
região Nordeste.

Décadas de 1950-1970

Nesse período foram realizadas grandes obras de integração regional, como a construção da nova
capital do país, Brasília, inaugurada em 1960 no governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-
1961), e da Rodovia Transamazônica no início da década de 1970 durante o período militar, sob o governo
do general e presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). A construção de Brasília atraiu migrantes
de todas as partes do Brasil para a região Centro-Oeste. A rodovia, por sua vez, estabeleceu um fluxo de
trabalhadores do Nordeste para o Norte que se dirigiram principalmente às áreas de extração do látex
para a fabricação de borracha nos chamados seringais.

Décadas de 1970-1990

O fluxo entre Nordeste e Sudeste se manteve. Além disso, muitos migrantes do Sul dirigiram-se para
outras áreas da região Norte, como o Acre, e também para o Centro-Oeste, graças ao auxílio do governo,
que estimulava esse Fluxo por meio do oferecimento de facilidades, como pequenos lotes de terra. Na
década de 1990 intensificaram-se os fluxos no interior do país e inicia-se uma corrente de migração do
Sudeste para o Nordeste.
Observe abaixo os mapas que demonstram os principais fluxos migratórios entre os períodos de 1950
a 1990.

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. 51
Fonte: Disponível em: <http://www.padogeo.com/atividade-migracoes.htrnl>

A migração atual

Nos últimos anos, houve uma profunda mudança no padrão das migrações internas brasileiras. As
regiões ainda apresentam muita disparidade entre si. No entanto, a saída de migrantes da região Nordeste
em direção ao Sudeste diminuiu significativamente.
Isso se deve principalmente à redução das ofertas de emprego nas indústrias e no setor de serviços
no Sudeste e também à recente industrialização do Nordeste. Além disso, muitos migrantes estão votando
para as suas regiões de origem, em um movimento conhecido como migração de retorno.
Entre os grupos de imigrantes que se dirigem atualmente ao Brasil, podemos destacar os haitianos e
os bolivianos. O Haiti sofre historicamente com a pobreza e a miséria.
Em 2010, um terremoto dizimou o país, o que afetou a vida de milhões de habitantes e deixou milhares
de mortos. Isso contribuiu para a decisão de vários cidadãos de buscar no Brasil trabalho e melhores
condições de vida. A maioria dos haitianos entra no Brasil pelo estado do Acre, de onde se dirige para as
demais regiões do país.
O bolivianos, por sua vez, também migram para o Brasil em busca de melhores condições de vida e
ofertas de emprego. Como a Bolívia faz fronteira com o nosso país, o caminho mais comum é entrar pela
cidade de Assis Brasil, também localizada no Acre.
É importante destacar que esses imigrantes muitas vezes entram de foram ilegal no Brasil. Com isso,
acabam tendo maiores dificuldade para arranjar emprego e bons salários, sendo obrigados, muitas vezes,
a trabalhar em troca de salários muito baixos ou até em condições mais precárias, semelhantes à
escravidão.
Referências Bibliográficas:

FURQUIM JUNIOR, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.

Questões

01. (DER/CE – Geografia – UECE/CEV/2016) Sobre as migrações internas no Brasil, é correto afirmar
que
(A) houve um fluxo de nordestinos para o Sudeste, atraídos pela expansão industrial, e para a
Amazônia, atraídos pelos projetos agropecuários, minerais e industriais.
(B) o maior fluxo migratório interno se deu dos estados da região Norte para a região Sul do Brasil,
devido à expansão da soja e da cana-de-açúcar.
(C) os movimentos migratórios internos ocorreram numa escala muito pequena e de forma isolada nas
regiões metropolitanas das grandes metrópoles do Sudeste.
(D) ocorreram apenas nas décadas de 1940 e 1950 do Nordeste para o Sudeste por causa das secas
que castigavam a região.

02. (IF/SP – Professor de Geografia – FUNDEP) Analise este gráfico:

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Brasil e regiões: participação relativa das regiões no total populacional do país
(1960 – 2000)

Considerando-se que, no Brasil, a quase totalidade dos movimentos migratórios ocorridos em sua
história estiveram relacionados com condições socioeconômicas, a região brasileira que tem sido lugar
de partida de grandes movimentos migratórios é
(A) o Centro-Oeste.
(B) o Nordeste.
(C) o Norte.
(D) o Sul.

03. (IBGE – Pesquisa e Mapeamento – CESGRANRIO/2016) No Brasil, durante muito tempo, as


migrações internas, do Norte para o Sul e do mundo rural para as cidades, constituíram uma tentativa de
resposta individual à extrema pobreza de algumas regiões. Fator de diversificação do tecido social e de
desenvolvimento de associações e ONG, essa mobilidade contribuiu para a riqueza do Sul, assim como
para a expansão das favelas urbanas. A esses efeitos devem-se acrescentar, hoje, fluxos populacionais
mais diversificados. DURAND, M-F. et al. Atlas da mundialização. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 130. Adaptado.
Na atual realidade brasileira, ocorre um novo e recente fluxo populacional denominado
(A) movimento pendular
(B) êxodo rural
(C) migração de retorno
(D) transumância
(E) transmigração
Gabarito

01. A/ 02. B/ 03. C

h) A divisão regional do trabalho: o Centro-Sul como polo dinâmico da economia nacional


Prezados Candidatos, este item será abordado no tópico 2 deste material, na parte das Regiões
Brasileiras.

2. A Questão Regional no Brasil a) A regionalização do país: sua justificativa


socioeconômica e critérios adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de planejamento.
b) As regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas e
características sociais e econômicas

2. A QUESTÃO REGIONAL NO BRASIL

a) A regionalização do país: sua justificativa socioeconômica e critérios adotados pelo Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); as regiões e as políticas públicas para fins de
planejamento

A regionalização pode ser entendida como a divisão de um território em áreas que apresentam
características semelhantes, de acordo com um critério preestabelecido pelo grupo de pessoas
responsáveis por tal definição: aspectos naturais, econômicos, políticos e culturais, entre tantos outros.

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Portanto, regionalizar significa identificar determinado espaço como uma unidade que o distingue dos
demais lugares o seu redor.
A divisão de um território em regiões auxilia no planejamento das atividades do poder público, tanto
nas questões sociais quanto econômicas, já que permite conhecer melhor aquela porção territorial.
O governo e as entidades privadas podem executar projetos regionais, considerando o número de
habitantes de cada região, as condições de vida de sua população, as áreas com infraestrutura precária
de abastecimento de água, esgoto tratado, energia elétrica, entre outros.

Os critérios de divisão regional do território

O Brasil é um país muito extenso e variado. Cada lugar apresenta suas particularidades e existem
muitos contrastes sociais, naturais e econômicos.
Como cada região diferencia-se das demais com base em suas características próprias, a escolha do
critério de regionalização é muito importante.
Um dos critérios utilizados para regionalizar o espaço pode ser relacionado a aspectos naturais, como
clima, relevo, hidrografia, vegetação, etc.
A regionalização também pode ser feita com base em aspectos sociais, econômicos ou culturais. Cada
um apresenta uma série de possibilidades: regiões demográficas, uso do solo e regiões industrializadas,
entre outras.

As regiões geoeconômicas

A fim de compreender melhor as diferenças econômicas e sociais do território brasileiro, na década de


1960, surgiu uma proposta de regionalização que dividiu o espaço em regiões geoeconômicas, criada
pelo geógrafo Pedro Geiger.
Nessa regionalização, o critério utilizado foi o nível de desenvolvimento, características semelhantes
foram agrupadas dentro da mesma região. De acordo com esse critério, o Brasil está dividido em três
grandes regiões: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul, como pode observar-se no mapa a seguir.

Brasil: regiões geoeconômicas

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/normal_brasilgeoeconomico.jpg.

Os limites da Amazônia correspondem à área de cobertura original da Floresta Amazônica. Essa


região é caracterizada pelo baixo índice de ocupação humana e pelo extrativismo vegetal e mineral.
Nas últimas décadas, a Amazônia vem sofrendo com o desmatamento de boa parte de sua cobertura
original para a implantação de atividades agropecuárias, como o cultivo de soja e a criação de gado.

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A região Nordeste é tradicionalmente caracterizada pela grande desigualdade socioeconômica.
Historicamente, essa região é marcada pela presença de uma forte elite composta basicamente por
grandes proprietários de terra, que dominam também o cenário político local.

A região Centro-Sul é marcada pela concentração industrial e urbana. Além disso, apresenta elevada
concentração populacional e a maior quantidade e diversidade de atividades econômicas.

Essa proposta de divisão possibilita a identificação de desigualdades socioeconômicas e de diferentes


graus de desenvolvimento econômico do território nacional.
Seus limites territoriais não coincidem com os dos estados. Assim, partes do mesmo estado que
apresentam distintos graus de desenvolvimento podem ser colocadas em regiões diferentes. Porém,
esses limites não são imutáveis: caso as atividades econômicas, as quais influenciam as áreas do
território, passem por alguma modificação, a configuração geoeconômica também pode mudar.

Outras propostas de regionalização

Regionalização do Brasil por Roberto Lobato Corrêa

Fonte: http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Rita/flg386/2s2016/Regionalizacoes_do_Brasil.pdf.
Outro geógrafo, chamado Roberto Lobato Corrêa, também fez uma proposta de regionalização que
dividia o território em três: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste.
No entanto, em sua proposta ele respeitava os limites territoriais dos estados, diferentemente da
proposta das regiões geoeconômicas que acabamos de observar acima.

Regionalização do Brasil por Milton Santos

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1551&evento=5.

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Os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira propuseram outra regionalização para o Brasil, que
divide o território em quatro regiões: Amazônia, Nordeste, Centro-Oeste e Concentrada.
Essa divisão foi feita com base no grau de desenvolvimento científico, técnico e informacional de cada
lugar e sua influência na desigualdade territorial do país.
A região Concentrada apresenta os níveis mais altos de concentração de técnicas, meios de
comunicação e população, além de altos índices produtivos.
Já a região Centro-Oeste caracteriza-se pela agricultura moderna, com elevado consumo de insumos
químicos e utilização de tecnologia agrícola de ponta.
A região Nordeste apresenta uma área de povoamento antigo, agricultura com baixos níveis de
mecanização e núcleos urbanos menos desenvolvidos do que no restante do país. Por fim, a Amazônia,
que foi a última região a ampliar suas vias de comunicação e acesso, possui algumas áreas de agricultura
moderna.

As regiões do Brasil ao longo do tempo

Os estudos da Divisão Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) tiveram início
em 1941. O objetivo principal deste trabalho foi o de sistematizar as várias divisões regionais que vinham
sendo propostas, de forma que fosse organizada uma única divisão regional do Brasil para a divulgação
das estatísticas brasileiras.
A proposta de regionalização de 1940 apresentava o território dividido em cinco grandes regiões:
Norte, Nordeste, Este (Leste), Sul e Centro. Essa divisão era baseada em critérios tanto físicos como
socioeconômicos.

Regionalização do Brasil → década de 1940

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1557&evento=5.

IBGE e a proposta de regionalização

O IBGE surgiu em 1934 com a função de auxiliar o planejamento territorial e a integração nacional do
país. Consequentemente, a proposta de regionalização criada pelo IBGE baseava-se na assistência à
elaboração de políticas públicas e na tomada de decisões no que se refere ao planejamento territorial,
por meio do estudo das estruturas espaciais presentes no território brasileiro. Observe a regionalização
do IBGE de 1940 no mapa acima.

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Regionalização do Brasil → década de 1950

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1558&evento=5.

Na década de 1950, uma nova regionalização foi proposta, a qual levava em consideração as
mudanças no território brasileiro durante aqueles anos.
Foram criados os territórios federais de Fernando de Noronha, Amapá, Rio Branco, Guaporé, Ponta
Porã e Iguaçu – esses dois últimos posteriormente extintos.
Note também que a denominação das regiões foi alterada e que alguns estados, como Minas Gerais,
mudaram de região.
Regionalização do Brasil → década de 1960

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1560&evento=5.

Na década de 1960, houve a inauguração da nova capital federal, Brasília. Além disso, o Território de
Guaporé passou a se chamar Território de Rondônia e foi criado o estado da Guanabara. Observe o mapa
a seguir.

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Regionalização do Brasil → década de 1970

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1561&evento=5.

Na década de 1970, o Brasil ganha o desenho regional atual. É criada a região Sudeste, que abriga
os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
O Acre é elevado à categoria de estado e o Território Federal do Rio Branco recebe o nome de
Território Federal de Roraima.

A regionalização da década de 1980 mantém os mesmos limites regionais. No entanto, ocorre a fusão
dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro e a criação do estado do Mato Grosso do Sul.
A mudança nas regionalizações ao longo dos anos é fruto do processo de transformação espacial
como resultado das ações do ser humano na natureza.
Assim, reflete a organização da produção em função do desenvolvimento industrial.

Regionalização do Brasil → década de 1980

Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1562&evento=5.

A regionalização oficial do Brasil atual

A regionalização oficial do Brasil é a de 1990 e apresenta as modificações instituídas com a criação


da Constituição de 1988.

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Os territórios de Roraima e Amapá são elevados à categoria de estado (o território de Rondônia já
havia sofrido essa mudança em 1981); é criado o estado de Tocantins; e é extinto o Território Federal de
Fernando de Noronha, que passa a ser incorporado ao estado de Pernambuco.

Regionalização oficial do Brasil atual

Fonte: http://alunosonline.uol.com.br/geografia/regionalizacao-brasil.html.

É importante refletir sobre a regionalização atual proposta pelo IBGE, já que ela não apresenta uma
solução definitiva para a compreensão dos fenômenos do território brasileiro.
A produção do espaço é um processo complexo, resultado da interação de diferentes fatores e não
pode ser encaixada dentro de uma categoria única e específica.
A atual divisão regional obedece aos limites dos estados brasileiros, mas não necessariamente aos
limites naturais e humanos das paisagens, os quais, muitas vezes, não são tão evidentes.
É o caso, por exemplo, do Maranhão. Grande parte de seu território apresenta características naturais
comuns à região Norte, principalmente devido à presença da Floresta Amazônica. Além disso, o estado
apresenta fortes marcas culturais que também remetem ao Norte, como a tradicional festa do Boi-Bumbá.
No entanto, segundo a regionalização oficial, o Maranhão faz parte da região Nordeste.

Região e Planejamento

A divisão do território brasileiro em regiões definidas pelo IBGE teve como objetivo facilitar a
implantação de políticas públicas que estimulassem o desenvolvimento de cada região.
Um dos aspectos marcantes do espaço geográfico brasileiro é a disparidade regional. Isso significa
que as diferentes regiões possuem níveis distintos de desenvolvimento. Uma das principais causas dessa
disparidade é a concentração da industrialização no Centro-Sul do país.
Para promover o desenvolvimento de regiões consideradas socioeconomicamente estagnadas, o
governo brasileiro empreendeu um programa federal baseado na criação de instituições locais fincadas
nesse objetivo, como é o caso da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da
Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
É o que veremos abaixo.

O Estado brasileiro e o planejamento regional

No século XX, a concentração espacial das indústrias na região Sudeste impactou de maneira negativa
as estruturas produtivas de outras regiões brasileiras.
Para promover a desconcentração da economia, foram criadas políticas de integração e de
desenvolvimento regional.

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Território e Políticas Públicas

Por meio das políticas de desenvolvimento regional, propunha-se a implantação de infraestruturas nas
regiões menos desenvolvidas, com a finalidade de atrair investimentos e aumentar a oferta de empregos.

O desenvolvimento industrial iniciado na década de 1930 transformou, ao mesmo tempo, a economia


e a geografia do Brasil.
No plano da economia, o modelo agroexportador foi, aos poucos, sendo substituído pelo modelo
urbano e industrial que vigora no país até hoje. No plano da geografia, as diferentes regiões brasileiras
passaram a se articular de maneira cada vez mais intensa, de forma a prover tanto a matéria-prima quanto
a força de trabalho necessárias à produção industrial fortemente concentrada na Região Sudeste.
Esse novo contexto de industrialização e de integração nacional tornou, evidente a desigualdade de
desenvolvimento entre as regiões brasileiras. O crescimento da economia da Região Sudeste contrastava
vivamente com a estagnação da economia nordestina. No Nordeste, diante do desemprego resultante do
declínio das atividades nas lavouras de cana-de-açúcar e nas indústrias têxteis, dos baixos salários e da
concentração de terras nas mãos de poucos, muitos optaram por tentar a vida em outras regiões do país.
A Região Nordeste transformou-se em grande fornecedora de mão de obra para os principais centros
urbanos e industriais do país. São Paulo tornou-se o principal destino dos migrantes nordestinos: na
década de 1940, eles foram responsáveis por cerca de 60 do incremento populacional ocorrido na cidade.
Para combater a desigualdade, o governo federal lançou políticas de desenvolvimento regional. Por
meio delas, esperava-se promover a desconcentração da economia, atraindo investimentos e ampliando
a oferta de empregos nas regiões menos desenvolvidas. As regiões selecionadas receberiam
infraestrutura (energia, estradas, portos) e incentivos fiscais, ou seja, o governo passaria a isentar ou
cobrar menos impostos dos empresários que lá implantassem novos negócios.
Em meados da década de 1950, começaram a ser implementadas as agências de desenvolvimento
regional, órgãos federais que tinham o objetivo de centralizar e implementar essas políticas. A
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a primeira delas, entrou em funcionamento
em 1959. A Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) foi criada em 1966. Sudene e
Sudam foram as mais importantes agências implantadas no Brasil.

O Estado e a valorização da Amazônia

Para a valorização da economia regional da Amazônia e sua conexão aos centros mais dinâmicos do
território brasileiro, o governo federal priorizou a construção de estradas e a implantação de projetos
industriais (zona franca), minerais e de colonização.

• A integração nacional

O propósito de integrar a Amazônia ao conjunto da economia nacional já estava na agenda do governo


federal na década de 1940, mas foi apenas na década de 1950 que as políticas de planejamento
começaram a atuar de fato na região.
Em 1953, nasceu a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA),
um órgão federal encarregado de valorizar a economia regional e conectá-la aos centros mais dinâmicos
do território brasileiro. A área de atuação da SPVEA recebeu o nome de Amazônia Brasileira, uma região
de planejamento.
Na época, o processo de industrialização demandava a criação de um mercado interno de dimensões
nacionais, o que exigia grandes transformações no território. A construção de estradas que
possibilitassem o intercâmbio de mercadorias e pessoas entre as diversas regiões brasileiras era
considerada uma tarefa prioritária para o governo federal. Uma nova capital, Brasília, estava sendo
construída em um planalto situado no Brasil central, até então pouco integrado.
Por meio de Brasília, pretendia-se integrar não apenas o Centro-Oeste mas também a Amazônia,
escassamente povoada e detentora de imensos potenciais. O planejamento e a execução da Rodovia
Belém-Brasília, por meio da qual o sistema viário brasileiro alcançou a Amazônia pela primeira vez, contou
com a colaboração da SPVEA.

• Sudam: a devastação planejada

A política de planejamento regional voltada para a Amazônia ganhou novos contornos após o golpe
de 1960, quando os destinos do país passaram a ser comandados pela ditadura militar. Em 1966, a

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SPVEA foi extinta e substituída por outro órgão, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
(Sudam), cuja área de atuação recebeu o nome de Amazônia Legal. No ano seguinte, foi criada a
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

A indústria na Amazônia

A implantação de complexos industriais figurava entre as prioridades do projeto de valorização


econômica da Amazônia concebido pelos militares.
Como vimos, a Sudam foi criada em 1966. No ano seguinte, seria a vez da Superintendência da Zona
Franca de Manaus (Suframa). Com ela, Manaus foi transformada em zona franca. Essa nova condição
significou para Manaus a isenção de taxas de importação das máquinas e matérias-primas necessárias
à produção industrial, bem como dos impostos de exportação das mercadorias industrializadas. Com
esses incentivos, indústrias transnacionais e nacionais foram atraídas para a cidade, e Manaus
transformou-se em um polo industrial importante, principalmente no setor de bens de consumo duráveis
(televisores, aparelhos portáteis e eletrodomésticos).
Atualmente, o polo industrial instalado em Manaus dinamiza boa parte da economia regional e
emprega diretamente cerca de 85 mil pessoas. A indústria local, no entanto, depende da manutenção da
zona franca. As mercadorias produzidas em Manaus viajam milhares de quilômetros até chegar aos
principais centros de consumo do país e incorporam em seu custo o preço desse transporte.
Na década de 1970, teve início o processo de crescimento industrial de Belém. Nesse caso,
predominam as indústrias de transformação mineral, em especial a siderurgia do ferro e do alumínio,
atraídas pela presença de matérias-primas e da energia proveniente da Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
Uma das siderúrgicas mais importantes do setor de produção de alumínio está instalada no Porto de
Barcarena, situado nos arredores de Belém.

A Amazônia Legal

Fonte: https://n.i.uol.com.br/licaodecasa/ensfundamental/geografia/mapa_amazonia_legal.gif.

Na visão dos militares, a Amazônia era um imenso vazio demográfico que precisava ser conquistado
e explorado, de forma a transformar seu enorme potencial natural em riquezas que iriam financiar o
desenvolvimento do país. Para isso, eles propunham integrar a Amazônia implantando grandes projetos
minerais, industriais e agropecuários.
A população local, em grande parte concentrada nas margens dos rios e dos igarapés e vivendo do
cultivo de pequenos lotes de terra, foi praticamente desconsiderada nos novos planos do governo para a
região.
A Sudam foi criada para ser uma espécie de intermediária entre o governo e os empresários no
processo de valorização econômica da Amazônia. Além disso, o órgão também deveria formular projetos
de atração de migrantes, para promover o povoamento e consolidar um mercado de trabalho regional.
Muitos desses migrantes, a maior parte de origem nordestina, acabaram por se fixar nas periferias das
cidades amazônicas, que conheceram um crescimento explosivo a partir da década de 1870.
A Transamazônica, rodovia que corta a região no sentido latitudinal, foi planejada para ligar o
Amazonas à Paraíba e viabilizar o assentamento dos migrantes recém-chegados e representar uma rota
para os novos investimentos - ou, nas palavras do próprio governo, “a pista da mina de ouro”.

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A Transamazônica não cumpriu o papel almejado por seus planejadores. Encravada no meio da
floresta e desconectada da rede viária nacional, a estrada não foi capaz de dinamizar os fluxos regionais
e acabou por se tornar um imenso atoleiro.

Nessas condições, os dois mais importantes eixos de penetração para a Amazônia passaram a ser as
rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre. Em suas margens, foi implantada a maior parte dos projetos
minerais e agropecuários incentivados pela Sudam. Não por acaso, esses eixos apresentam a maior taxa
de desmatamento e de degradação ambiental. Além disso, também são palcos de violentos conflitos, já
que posseiros, fazendeiros e madeireiros disputam a posse da terra valorizada pela presença das
estradas.
O eixo da Belém-Brasília se estende até a Serra dos Carajás, onde se encontra a maior reserva de
minério de ferro do mundo. O ferro de Carajás, em exploração desde a década de 1970 pela Companhia
Vale do Rio Doce (privatizada em 1997), é escoado pela Estrada de Ferro Carajás, até o Complexo
Portuário de São Luís, no Maranhão. Nas margens da rodovia e da ferrovia, a floresta equatorial já foi
quase toda derrubada. Em seu lugar, surgiram núcleos urbanos e os mais diversos empreendimentos.

No outro extremo da Amazônia, o principal eixo de ocupação foi a Rodovia Brasília-Acre. O estado de
Rondônia, atravessado por esse eixo, foi alvo de um grande projeto de colonização e recebeu milhares
de migrantes, vindos especialmente das regiões Nordeste e Sul. Atualmente, Rondônia figura entre os
estados mais devastados da região.
A herança da Sudam permanece na realidade amazônica: está presente tanto na destruição do modo
de vida tradicional das populações ribeirinhas e indígenas quanto na grande mancha de devastação
ambiental produzida pelos empreendimentos aprovados pelo órgão. Definitivamente, esse modo
predatório de ocupação está em descompasso com os parâmetros atuais de valorização do patrimônio
ambiental amazônico, sobretudo no que se refere à enorme biodiversidade da formação florestal e à
presença de imensos reservatórios de água doce.

Planejamento estatal e a economia nordestina

As políticas públicas para o desenvolvimento do Nordeste, implantadas pela Sudene, consideraram o


seu conjunto e não suas sub-regiões separadamente.
Garantiram a disponibilidade de energia e realizaram investimentos industriais, em especial no setor
petroquímico.

• As sub-regiões nordestinas

O Nordeste pode ser dividido em quatro sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e o Meio-
Norte. Cada uma delas apresenta características naturais e econômicas particulares.

http://4.bp.blogspot.com/-a-BvOFZXprs/T8gu5KVAYAI/AAAAAAAAABM/WlZjI0_lOic/s1600/Meio+norte.jpg

A Zona da Mata, quente e úmida, foi transformada pela implantação de grandes propriedades
produtoras de cana-de-açúcar, ainda nos primeiros tempos de colonização. Os senhores de engenho,
também conhecidos como barões do açúcar, continuaram a dominar a economia e a política após a
independência. Em meados do século XIX, a economia açucareira entrou em crise, devido à concorrência
exercida pelo açúcar produzido nas Antilhas. Mais tarde, a produção de açúcar com técnicas mais
modernas na Região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, deu continuidade ao longo período

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de crise econômica no Nordeste. Atualmente, a Zona da Mata é uma região de economia dinâmica,
concentrando grande parte da população e os maiores polos industriais do Nordeste;

O Agreste, situado entre a Zona da Mata úmida e o Sertão semiárido, é tradicionalmente ocupado por
pequenas propriedades, dedicadas ao cultivo de subsistência e ao abastecimento alimentar dos
engenhos e cidades da Zona da Mata. Nessa sub-região, o padrão técnico rudimentar que caracteriza a
maior parte dos estabelecimentos agrícolas resulta em baixa produtividade e em expressiva pobreza rural;

O Sertão, dominado pelo clima semiárido, conheceu um primeiro movimento de valorização ainda
durante a colonização, quando se transformou em espaço da pecuária extensiva, produzindo carne para
os mercados da Zona da Mata. Depois, grandes latifúndios, de propriedade dos coronéis do sertão (nome
pelo qual ficaram conhecidos os proprietários das grandes fazendas sertanejas), passaram a dominar a
paisagem. Em meados do século XIX, o cultivo de algodão tornou-se uma atividade econômica de
importância significativa no Sertão, em grande parte devido à crise na produção algodoeira dos Estados
Unidos decorrente da Guerra de Secessão. Durante muito tempo, o gado e o algodão iriam dividir o
espaço sertanejo;

O Meio-Norte, situado na transição entre o Sertão semiárido e a Amazônia equatorial, foi durante a
maior parte de sua história uma sub-região praticamente marginal no contexto da economia nordestina.
A pecuária extensiva, prolongamento da criação de gado sertaneja, e o extrativismo, em especial das
palmeiras babaçu e carnaúba, eram as atividades de maior destaque no Meio-Norte.
Em momentos históricos diferentes, duas sub-regiões nordestinas - Sertão e Zona da Mata - já haviam
sido objeto de programas governamentais de ajuda e de incentivo econômico muito antes da existência
da Sudene. Em ambos os casos, porém, as elites sub-regionais foram as principais beneficiadas.

Programas pioneiros: Sertão

No caso do Sertão, desde o período imperial existiram políticas de combate à seca e, principalmente,
aos seus efeitos. Em 1881, após um período de estiagem que causou a morte de milhares de pessoas e
de uma parcela considerável do gado, o imperador mandou construir um grande açude em Quixadá, no
Ceará, visando reservar água e evitar futuras catástrofes.
Nos primeiros decênios da República, essas políticas cresceram e tornaram-se institucionais. Em
1909, foi criada uma Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs), com o objetivo de espalhar
açudes em todo o Sertão, além de construir estradas para facilitar o escoamento e a comercialização dos
produtos sertanejos.
Em 1945, a Ifocs passou a se chamar Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs),
mas sua linha de atuação continuou a mesma. Entretanto, além dos açudes, das barragens e das
estradas, o Dnocs passou a organizar também frentes de trabalho. Quando ocorriam as secas, a
população carente era recrutada para trabalhar nas obras federais, e, assim, ganhava um meio de
sobrevivência, mesmo que muito precário.
Na maior parte dos casos, os açudes e as estradas construídos pelos sertanejos pobres acabavam
por tornar ainda mais valiosas as terras dos coronéis, nas quais (ou nas proximidades delas) as obras
eram realizadas. Além disso, os coronéis não precisavam se preocupar com a sobrevivência de seus
trabalhadores durante a estiagem, já que o Estado cuidava disso. Quando as chuvas voltavam, era só
aproveitar as melhorias de suas terras e recrutar de volta os trabalhadores. Desse modo, o governo
ajudava a enriquecer os que já eram ricos e mantinha os pobres - a maioria da população - no limite da
sobrevivência.

Programas pioneiros: Zona da Mata

Os “barões do açúcar” da Zona da Mata também receberam auxílio do governo, ainda que de forma
indireta. Na década de 1930, a agricultura canavieira paulista começou a se modernizar, ampliando sua
base técnica, e passou a ameaçar a economia açucareira nordestina.
Nesse contexto, o governo criou o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), com o objetivo de
estabelecer cotas de produção de açúcar entre os estados brasileiros e garantir um preço mínimo para o
produto. Assim, o IAA reservava uma parcela do mercado açucareiro aos produtores da Zona da Mata
nordestina, além de garantir preços compatíveis com seus custos de produção relativamente elevados.
Durante longos decênios, o IAA ajudou a garantir a presença do açúcar nordestino no mercado
brasileiro, fornecendo-lhe condições de sobrevivência. Em longo prazo, porém, a estratégia revelou-se

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ineficiente: protegidos pelas cotas e pelos preços governamentais, os produtores nordestinos investiram
pouco em modernização, e desde 1990, quando o IAA foi extinto, vêm perdendo parcelas crescentes do
mercado para os produtores paulistas.

A Sudene e a industrialização do Nordeste

A criação da Sudene modificou inteiramente a direção das políticas públicas de desenvolvimento do


Nordeste. Em primeiro lugar, essas políticas ganharam uma nova dimensão: não era uma ou outra sub-
região, mas o conjunto do Nordeste que seria alvo do planejamento estatal. A lei que criou a Sudene
delimitou também a área de atuação do órgão, que não coincide exatamente com a Região Nordeste
definida pelo IBGE, já que incluiu o norte de Minas Gerais. Em 1998, parte do Espírito Santo também
entrou para essa “região de planejamento”.
Em segundo lugar, por estarem baseados em uma nova visão acerca dos problemas regionais, os
planos da Sudene foram orientados para outra direção.
Já estudamos que, até então, a intervenção governamental nos assuntos nordestinos tinha se
destinado, sobretudo, a solucionar os problemas do campo, beneficiando os grandes proprietários da
terra e reforçando a concentração fundiária tanto no Sertão quanto na Zona da Mata. A Sudene trouxe
uma nova prioridade: de acordo com o diagnóstico de seus fundadores, o maior problema do Nordeste
não era a falta de chuvas ou a baixa competitividade da produção açucareira, mas a falta de indústrias
modernas, capazes de dinamizar a economia como um todo. A solução, portanto, estava no incentivo à
industrialização.
Para tanto, era preciso primeiro garantir a disponibilidade de energia. Essa tarefa ficou a cargo das
Centrais Hidrelétricas do Rio São Francisco (Chesf), que transformou a Bacia do São Francisco em
uma importante produtora de energia de origem hídrica.
O governo federal também tomou para si a tarefa de realizar investimentos industriais, em especial no
setor petroquímico. A criação do Polo Petroquímico de Camaçari, o principal complexo industrial
nordestino, nasceu das políticas levadas a efeito pela Sudene. A Refinaria Landulfo Alves, de
propriedade da Petrobras, abastece as empresas públicas e privadas que operam no polo.
Além disso, foram concedidos financiamentos públicos e incentivos fiscais aos conglomerados
industriais que implantassem fábricas na região. O setor de bens intermediários (tais como produtos
químicos e metalúrgicos) foi o principal beneficiário, pois acreditava-se que ele seria capaz de dinamizar
a economia regional e gerar mercado para o setor de bens de consumo (tais como alimentos e
vestuário). Desse modo, esse setor também acabaria por implantar-se no Nordeste. Devido aos
incentivos, diversos grupos empresariais inauguraram unidades produtivas no Nordeste.
Com a Sudene, a economia industrial chegou às capitais nordestinas, em especial a Recife e Salvador.
Mas sabe-se hoje que isso não bastou para eliminar as desigualdades entre o Nordeste e o Sudeste e/ou
para melhorar a qualidade de vida da população regional. O Nordeste brasileiro ainda espera por políticas
capazes de gerar crescimento econômico com inclusão social.
Referências Bibliográficas:

FURQUIM Junior, Laercio. Geografia cidadã. 1ª edição. São Paulo: Editora AJS, 2015.

TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna.

Questões

01. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) No atual período histórico, caracterizado pela
forte internacionalização do modo de produção capitalista, importantes transformações de ordem técnica,
política e econômica têm promovido intensa reestruturação produtiva e regional do Brasil e do mundo. A
intensificação do poder das empresas transnacionais sobre o espaço mundial é uma dessas
manifestações. Iná Elias de Castro. Política pública e conflito no espaço urbano. In: GEOgraphia, ano 18, n.º 36, 2016 (com adaptações).
Considerando esse texto, julgue o item a seguir.

A divisão regional do Brasil em cinco macrorregiões de planejamento é uma referência para o ensino
de geografia atualmente. Entretanto, para a compreensão das dinâmicas atuais de uso e reorganização
do território nacional, é necessário abordar as novas regionalizações, como a divisão por complexos
regionais (Amazônia, Nordeste e Centro-Sul) e a divisão em quatro regiões (Concentrada, Centro-Oeste,
Amazônia e Nordeste).
(....) Certo (....) Errado

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02. (Prefeitura de Sobral/CE – Agente Administrativo – UVA/2016) Entre as últimas alterações da
divisão regional oficial do Brasil, podem-se destacar:
(A) a extinção dos territórios federais e a criação do Distrito Federal.
(B) a criação de Fernando de Noronha e a do território de Roraima.
(C) a extinção do Distrito Federal e a criação do território federal de Tocantins.
(D) a extinção dos territórios e a criação do Estado de Tocantins.

03. (SEDF – Professor de Geografia – CESPE/2017) Com relação aos processos de regionalização
no Brasil e no mundo, julgue o item subsequente.
Décadas depois da implementação do primeiro órgão responsável pelos estudos de planejamento
macrorregional no Brasil, a SUDENE, os principais problemas e disparidades regionais do país persistem.
(....) Certo (....) Errado

Gabarito

01. Certo/02. D/03. Certo

Comentários

01. Resposta: Certo.


A atual divisão regional obedece aos limites dos estados brasileiros, mas não necessariamente aos
limites naturais e humanos das paisagens, os quais, muitas vezes, não são tão evidentes.

02. Resposta: D.
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a divisão brasileira que permanece até os
dias atuais. O estado do Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à região Norte;
Roraima, Amapá e Rondônia tornaram-se estados autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser
federal e foi incorporado a Pernambuco.

03. Resposta: Certo.


Um dos aspectos marcantes do espaço geográfico brasileiro é a disparidade regional. Isso significa
que as diferentes regiões ainda possuem níveis distintos de desenvolvimento. Uma das principais causas
dessa disparidade é a persistente concentração da industrialização no Centro-Sul do país.

b) As regiões brasileiras: especializações territoriais, produtivas e características sociais e


econômicas

O que é região?

Provavelmente, você já ouviu alguém referir-se a algum lugar como região. Esse termo aparece
bastante em nosso cotidiano.
Para a Geografia, região é um conceito muito importante e que vem sendo debatido há muitos anos.
Podemos entender região como uma área de determinado território onde se localizam lugares com
características semelhantes, levando em consideração a combinação entre elementos naturais, a
economia e aspectos sociais.
Abaixo seguem as 5 regiões brasileiras e seus principais aspectos:

Região Nordeste

O Nordeste apresenta pontos de elevado dinamismo econômico, tanto no campo quanto nas cidades.
Porém, a elevada concentração fundiária e a persistência de graves problemas sociais representam um
entrave ao desenvolvimento regional.

Obstáculos e perspectivas

Apesar de não se destacar em grande parte dos indicadores econômicos e sociais, a Região Nordeste
passa por um processo de integração econômica com as outras regiões do país e com o mundo,
apresentando alternativas para o desenvolvimento em diferente setores.

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Se comparados o índice de desenvolvimento humano do Brasil com o dos estados do Nordeste,
observamos que todos eles, apresentam IDH menor que a média nacional, o que evidencia a defasagem
social dessa região em relação ao Brasil.
Entre os estados nordestinos, a Bahia conta com a maior participação no PIB brasileiro. Sua economia
é diversificada e produz riqueza com atividades da agropecuária, da indústria e de serviços.

Ocupação territorial

A ocupação do Nordeste ocorreu paralelamente à implantação de atividades econômicas, como a


produção de cana-de-açúcar nas áreas litorâneas e, posteriormente, a agricultura de subsistência no
Agreste e a pecuária do Sertão.

A Região Nordeste é formada por nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco (incluindo o Distrito Estadual de Fernando de Noronha), Alagoas, Sergipe e Bahia.
Com área de 1.554.257 km², equivalente a 18,25% do país, concentrava, em 2011, 27,77 da população
brasileira, ou seja, 54.226.000 habitantes à época.
Durante os séculos XVI e XVII, a produção de açúcar para exportação sustentou a economia colonial,
baseada no latifúndio monocultor e no sistema escravista. A cana-de-açúcar desenvolveu-se bem nos
solos de massapé presentes no litoral dos atuais estados de Pernambuco e Bahia.
Entre as atividades complementares implementadas na América portuguesa estavam os cultivos de
subsistência e a pecuária. A criação de gado, inicialmente feita na Zona da Mata (litoral), foi empurrada
para o interior (Sertão) de Pernambuco, para o Vale do Rio São Francisco e para os estados do Piauí, do
Ceará e do Maranhão, promovendo a ocupação efetiva dessas áreas.
Nos séculos XVIII e XIX, a descoberta de minerais preciosos no interior do país e a transferência da
capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), entre outros fatores, acentuaram o declínio da produção
de açúcar e aumentaram os problemas econômicos e sociais da região.
As grandes propriedades rurais sempre foram controladas por latifundiários ou coronéis, como ficaram
conhecidos os grandes fazendeiros nordestinos. Ainda no século XX, a débil economia regional sob o
domínio do coronelismo acentuou a extrema pobreza da população nordestina, em especial a do
sertanejo, habitante das vastas áreas de caatinga. Para a maioria dessa população, castigada pelo
precário desenvolvimento econômico, não restou outra opção senão migrar para outras regiões do país.

O Nordeste atual: economia, recursos naturais e população

A implantação de polos industriais e de agricultura modernizada vem transformando a economia


nordestina. Porém, apesar dos avanços econômicos, o Nordeste ainda figura abaixo da média nacional
no que diz respeito ao desenvolvimento humano e à qualidade de vida.

A economia nordestina mostrou-se mais dinâmica desde as últimas décadas do século XX. Entre as
razões desse dinamismo estão o desenvolvimento industrial e o avanço dos setores agrário e de serviços.
Com a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em 1959, o setor
secundário ou industrial do Nordeste recebeu a maior parte dos investimentos. Como consequência,
houve a montagem de importantes e modernos centros industriais. No entanto, apenas uma parcela muito
reduzida da população nordestina foi beneficiada, já que as indústrias se concentraram principalmente
em três estados (Bahia, Pernambuco e Ceará), particularmente nas capitais, com destaque para as de
transformação e de confecções.
Com a política de desconcentração industrial, a partir da década de 1990, os governos estaduais da
Região Nordeste têm investido em infraestrutura e oferecido vantagens, como incentivos fiscais visando
atrair indústrias para seus territórios. Entretanto, a implantação de uma indústria, em geral bastante
automatizada, abre poucos postos de trabalho, quase sempre mais qualificados, além de contribuir com
impostos reduzidos. Assim, apenas algumas empresas transnacionais ou de capital nacional acabam
sendo as mais beneficiadas.
Quanto ao setor agrícola, destacam-se duas importantes monoculturas cultivadas na Zona da Mata;
a cana-de-açúcar, especialmente em Alagoas e Pernambuco, e o cacau, no sul da Bahia.
No Meio-Norte, além da agricultura tradicional (cana, soja, mandioca, arroz) e do extrativismo
vegetal (babaçu, carnaúba), têm crescido as plantações de soja no sul dos estados do Maranhão e do
Piauí – cultivo que se estende até o sertão, chegando ao oeste da Bahia.

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No Sertão, caracterizado pelo clima semiárido, solos pedregosos e vegetação de caatinga, subsiste a
agricultura tradicional cultivada nos vales mais úmidos e nas encostas e pés de serras. Milho, arroz, feijão,
mandioca, algodão e cana-de-açúcar são as principais culturas.
A fruticultura irrigada do Nordeste adquire cada vez mais importância não apenas no mercado
interno, mas também para a exportação. É desenvolvida no Vale do Rio São Francisco (uva, manga), no
Vale do Rio Açu no Rio Grande do Norte (melão, manga) e no Sertão do Ceará (acerola, melão). A maior
região produtora de melão no país localiza-se no polo Açu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, e o polo
Petrolina/Juazeiro firmou-se como grande exportador de manga, banana, coco, uva, goiaba, melão e
pinha.
Mão de obra barata e disponível, preços atrativos das terras e a localização da Região Nordeste em
relação à Europa e aos Estados Unidos (reduzindo o tempo e o custo de transporte) conferem vantagens
à fruticultura na região. O desenvolvimento de tecnologias (criação de variedades de frutas, produção
integrada, produção de mudas sadias, entre outras) e o aperfeiçoamento de técnicas de irrigação foram
essenciais para o crescimento da atividade.
Na pecuária predomina a criação de animais de pequeno porte como asininos (jumentos, mulas e
burros), caprinos (cabras), ovinos (ovelhas) e suínos (porcos). A criação de bovinos (bois),
tradicionalmente desenvolvida no Sertão de forma extensiva, vem crescendo também em áreas do
Agreste próximas ao Sertão, com solos de baixa fertilidade e pouca umidade, e em áreas do Maranhão.
A pecuária leiteira, na modalidade extensiva e voltada para o abastecimento da Zona da Mata, é praticada
no Agreste.
No Agreste ainda se desenvolve a policultura comercial para o abastecimento da Zona da Mata, em
médias e pequenas propriedades. É praticada em solos férteis com boas condições de umidade, na
fronteira com a Zona da Mata.
O turismo desenvolvido a partir das potencialidades naturais é outra atividade econômica de grande
importância para a região.
Turismo garante expansão regional:
“No ranking das dez cidades mais visitadas do Brasil por estrangeiros em 2008, o Nordeste emplacou
três capitais. Salvador, Recife e Fortaleza ocuparam o terceiro, o sexto e sétimo postos, respectivamente,
na escolha dos visitantes internacionais. À sua maneira, com sol, praias e características culturais
diferenciadas, a região contribuiu para que o país se tornasse o sétimo maior destino mundial dos turistas
estrangeiros no ano de 2012 – e o mais movimentado ponto de desembarque de visitantes com origem
na América Latina, desbancando o México. [...] A multiplicação dos voos regulares entre capitais como
Salvador e Recife – no ano 2000 havia apenas uma linha regular – e diferentes pontos da Europa e dos
Estados Unidos contribuiu de maneira decisiva para o incremento do fluxo de turistas estrangeiros. Os
desembarques internacionais na região cresceram 11,9% em 2008 em relação ao ano anterior. O maior
volume de chegadas de estrangeiros teve um reflexo direto na elevação das taxas de emprego no setor
de turismo na região, com um aumento de 5,7% no mesmo período”. (ROCHA, M.; DAMIANI, M. Turismo garante expansão
regional. O Estado de São Paulo, São Paulo, 10 dezembro 2009).

O Nordeste conta com diversos parques nacionais, entre eles o da Serra da Capivara (PI), com grande
concentração de sítios arqueológicos e pinturas rupestres, o Parque Nacional Marinho de Fernando de
Noronha (Distrito Estadual de Pernambuco) e o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA). Entre os
eventos culturais que atraem turistas estão o carnaval (com destaque para Salvador, Olinda e Recife), as
festas juninas (Caruaru, Campina Grande, etc.), as danças e comidas típicas e o artesanato (rendas,
cerâmicas) da região.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ligada à ONU,
instituiu uma lista de sítios e monumentos de valor excepcional e de interesse universal, que integram o
Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da Humanidade. O objetivo é a preservação desses sítios para
as gerações futuras. A Região Nordeste abriga grande número de Patrimônios Culturais e Naturais da
Humanidade, como o centro histórico de Olinda (PE), de São Luís (MA) e de Salvador (BA), com o
Pelourinho, além dos sítios arqueológicos de São Raimundo Nonato no Parque Nacional da Capivara
(PI).
Em relação aos recursos naturais, o Rio Grande do Norte se sobressai como o maior produtos de sal
marinho do país. Destacam-se também o petróleo e o gás natural, extraídos no Ceará, Sergipe, Rio
Grande do Norte e na Bahia.

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Indicadores sociais e urbanização:
A Região Nordeste ainda responde pelos índices de qualidade de vida mais baixos do país. Problemas
sociais como elevadas taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, baixos salários, grande
concentração de renda e terras também alcançaram números que superam os de outras regiões.
Em 2009, 6,8% das crianças de 7 a 14 anos de idade não sabiam ler e escrever no país. No Nordeste,
esse percentual chegava a 11,8%. A média de anos de estudo da população de 15 anos ou mais de
idade, naquele mesmo ano, era mais baixa no Nordeste, de 6,3 anos, enquanto no Sudeste chegava a
8,2 anos. Cerca de 36,3% dos núcleos familiares nordestinos tinham rendimento de até meio salário
mínimo per capita, contra apenas 12,2% no Sudeste.
De povoamento antigo, a Zona da Mata continua sendo a sub-região mais importante do Nordeste,
concentrando seis capitais e a maior parte da população. Salvador e Recife são as principais cidades,
destacando-se ainda como áreas industriais.

As sub-regiões geoeconômicas

Considerando os aspectos econômicos, é possível identificar sete sub-regiões no Nordeste brasileiro.


Em cada uma delas, existem polos de intensa modernização, que convivem com as atividades
econômicas tradicionais:

Litoral - concentra cerca da metade da maior parte da população e abriga os três maiores polos
urbano-industriais nordestinos: Salvador, Recife e Fortaleza. Na Grande Salvador, o destaque é o Polo
Petroquímico de Camaçari, principal complexo industrial do Nordeste, que integra o refino de petróleo, a
petroquímica básica e intermediária e a produção de resinas. A Grande Recife, por sua vez, abriga o
Porto Digital, principal polo tecnológico do Nordeste, e o Complexo Industrial-Portuário de Suape,
instalado na década de 1970, com cerca de 100 empresas e no qual se encontram em implantação uma
refinaria de petróleo, uma siderúrgica e um grande estaleiro. Em Fortaleza, destacam-se as indústrias
intensivas em mão de obra, tais como a têxtil e a de calçados, e o Complexo Industrial e Portuário do
Pecém, inaugurado em 2002 e concebido para receber indústrias de base tais como a Companhia
Siderúrgica do Pecém, um consórcio entre a brasileira Vale e duas empresas coreanas, em implantação.

Pré-Amazônia - inserida apenas no Maranhão, essa região geoeconômica apresenta predomínio de


atividades agrícolas tradicionais, marcadas pela baixa produtividade. Entretanto, nos últimos anos, a
região vem registrando aumento da área dedicada ao cultivo de grãos, em especial soja e milho, bem
como uma intensa atividade de exploração madeireira.

Parnaíba - abriga o polo de Teresina, maior aglomeração industrial interiorizada do Nordeste, com
destaque para as indústrias têxtil, de alimentos, de cerâmica e madeireira.

Sertão - embora haja a predominância da pecuária e da agricultura tradicionais, abriga polos industriais
modernos, tais como o setor calçadista em Sobral e Crato, no Sertão cearense, e o polo gesseiro do
Araripe, no Sertão pernambucano.

Agreste - o dinamismo econômico da sub-região vem crescendo com a implantação de indústrias


têxteis, de calçados e de confecções, especialmente em Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e Feira de
Santana (BA), e pelo aumento da produtividade das bacias leiteiras, instaladas em Pernambuco e
Alagoas.

São Francisco - destaque para as práticas de fruticultura irrigada, especialmente nos polos geminados
de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).

Cerrado - sub-região de intenso crescimento econômico, devido à implantação da agroindústria da


soja, do milho e do algodão. Alguns de seus centros urbanos, tais como Barreiras (BA), Luis Eduardo
Magalhães (BA) e Balsas (MA), vêm apresentando grande crescimento econômico, graças à instalação
de modernas indústrias de beneficiamento, produzindo principalmente óleo e farelo. A maior parte da
produção destina-se à exportação e é escoada pelas ferrovias Norte-Sul e Carajás até o porto de Itaqui
(MA).

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Nordeste: sub-regiões geoeconômicas

Região Sudeste

Grande parte do território da Região Sudeste é dominada por formações planálticas, com destaque
para os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, constituídos pelos cinturões orogênicos, e
os Planaltos da Bacia Sedimentar no Paraná.
O soerguimento da Placa Tectônica Sul-Americana, entre o final do Período Cretáceo e o início do
Paleógeno, movimentou antigas linhas de falha e provocou a formação de escarpas acentuadas com
elevadas altitudes, como as da Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar. Assim, com exceção dos picos
do Maciço das Guianas, no extremo norte do país, é no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais
que se encontram os pontos mais altos do Brasil. Em 2004, o IBGE, em parceria com o Instituto Militar de
Engenharia (IME), revisou as altitudes desses pontos, utilizando recursos mais modernos de sistema de
navegação e posicionamento por satélites.
A Serra do Espinhaço corta Minas Gerais desde as proximidades de Belo Horizonte até o Vale do
Rio São Francisco, podendo ser subdividida em dois compartimentos de planaltos: o planalto meridional
e o planalto setentrional, ricos em minérios (ferro, bauxita, ouro). Em 2005, a Unesco reconheceu esse
conjunto de planaltos da Serra do Espinhaço como Reserva da Biosfera, pela diversidade ambienta e
histórica do local. Além de integrar pontos culturais importantes como Congonhas, Ouro Preto e
Diamantina, é o divisor de águas entre as bacias hidrográficas do São Francisco, Doce e Jequitinhonha,
e apresenta a biodiversidade florística mas risca dos campos rupestres do planeta.
A superfície do Planalto Atlântico foi bastante desgastada pelos processos erosivos, formando um
relevo dominante de morros com topos convexos, denominados mares de morros. Entre os Planaltos e
as Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná e o Planalto Atlântico, encontram-se as depressões
periféricas, superfícies bastante erodidas entre o Paleógeno e o Quaternário (há cerca de 70 milhões de
anos). Nesses compartimentos do relevo da Região Sudeste, os terrenos apresentam altitudes menores,
sendo delimitados pelos Planaltos Sedimentares da Bacia do Paraná por escarpas denominadas frentes
de cuestas.
Do norte do Espírito Santo ao sul do Estado de São Paulo, há um conjunto diversificado de ambientes
costeiros. Nesse trecho do litoral brasileiro, de formação cenozoica, existem inúmeras restingas, baías
e ilhas costeiras. Entre as primeiras, destacam-se as de Marambaia e Cabo Frio, ambas localizadas no
litoral do Rio de Janeiro. Entre as baías, as mais conhecidas são as de Guanabara (RJ), Parati (RJ),
Vitória (ES), Angra dos Reis (RJ) e Santos (SP).
O clima tropical predomina na Região Sudeste. No oeste paulista, parte do Triângulo Mineiro e na
porção centro-norte de Minas Gerais, o padrão climático tropical apresenta duas estações bem
demarcadas, com o verão muito chuvoso e o inverno seco. Na faixa litorânea, o volume e a frequência
das chuvas são maiores. Ao contrário, no norte de Minas Gerais, as chuvas são escassas e irregulares.
O clima tropical de altitude abrange as regiões serranas de São Paulo, Rio de Janeiro e sul de Minas
Gerais. Por fim, o clima subtropical ocorre no extremo meridional do território paulista, ao sul do Trópico
de Capricórnio.
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Originalmente, a mata tropical era a cobertura de vegetação dominante no Sudeste, refletindo o
padrão climático regional. Na depressão periférica e nas regiões mineiras com a estação seca mais
acentuada, predominavam os cerrados. Tanto a Mata Atlântica como o Cerrado foram amplamente
devastados no processo de formação territorial da Região Sudeste.

População e dinâmica espacial:


O Sudeste é a região mais populosa do Brasil. Em 2011, contava com mais de 82 milhões de
habitantes, o que representava 42% do total da população brasileira. No entanto, esse contingente
populacional está desigualmente distribuído pelo território. São Paulo concentrava 41,3 milhões, Minas
Gerais, 19,6 milhões e o Rio de Janeiro, quase 16 milhões de pessoas. Entre esses estados mais
populosos, o Rio de Janeiro possuía a maior densidade demográfica (365,23 hab./km²), seguido por São
Paulo (166,25 hab./km²). Ainda que a densidade demográfica média, na época, era de apenas 86,92
habitantes por km², as regiões litorâneas são mais densamente povoadas, podendo atingir 10 mil
habitantes por km² nas maiores cidades.
A partir de 1940, São Paulo tornou-se o estado mais povoado do Brasil. Esse crescimento foi povoado
pelos fluxos internos de migrantes em busca de trabalho, sobretudo do Nordeste. Na década de 1970,
os migrantes foram responsáveis por mais de 40% do crescimento demográfico do estado.
Além disso, houve também grande mobilidade populacional entre os estados da própria região. Entre
2005 e 2010, mais de 500 mil pessoas de Minas Gerais se deslocaram em direção a São Paulo, um
contingente superior aos migrantes da Bahia, que representaram 21% dos fluxos de chegada, cerca de
230 mil pessoas. Apesar do registro de fluxos de regresso de São Paulo para os estados de origem, entre
2005 e 2010 São Paulo registrou saldo migratório positivo, indicando que o território paulista ainda exerce
atração da população migrante. Nesse intervalo, São Paulo foi o Estado que recebeu o maior número de
migrantes (1,1 milhão), seguido do Rio de Janeiro (270 mil). Entretanto, a participação no componente
migratório no crescimento da população do estado vem perdendo intensidade desde a década de 2000.
Entre as regiões brasileiras, a Sudeste foi a primeira a se tornar majoritariamente urbana e é também
a que apresenta a maior taxa de urbanização. Enquanto o cruzamento das curvas de crescimento das
populações rural e urbana no Brasil ocorreu na década de 1960, essa reversão de proporcionalidade no
Sudeste ocorreu já nos anos 1950.

Região Norte

Desafios estratégicos

O desenvolvimento socioeconômico da Região Norte é uma questão nacional estratégica que se


relaciona com a exploração dos recursos da Amazônia brasileira. A região, que conta com mais de 15,8
milhões de habitantes, que produzem 5,3% do PIB brasileiro, ainda é defasada em muitos indicadores
sociais.
Referente ao conflito entre o modelo de desenvolvimento econômico da Região Norte e a preservação
ambiental, observa-se que ao mesmo tempo que as atividades agropecuária e mineradora contribuem
para a geração de riqueza na Amazônia, causam degradação ambiental de grandes áreas de floresta.
Quanto à distribuição da população da Região Norte, ela se concentra, sobretudo, nas capitais dos
dois maiores estados da região: Belém e Manaus. A ocupação mais efetiva de Rondônia, de Tocantins e
da porção leste do Pará denota o avanço da atividade agropecuária sobre a Floresta Amazônica.

A região amazônica pertence a sete países, além do Brasil. A construção de diversos eixos rodoviários
garantiu a articulação da região ao território nacional.

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Evolução do desmatamento na Amazônia Legal (1988-2016)

Fonte: http://www.inpe.br/noticias/arquivos/imagens/img02_291116.jpg.

A conquista da Amazônia

Colonizada inicialmente pelos espanhóis e cobiçada por ingleses, franceses e holandeses, a bacia
amazônica foi ocupada pelos portugueses, o que garantiu a posse ao Império brasileiro.

Com cerca de 7,8 milhões de km² que abrangem oito países - Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia,
Venezuela, Guiana e Suriname - e a Guiana Francesa, a Amazônia Internacional é uma região natural
formada pela floresta equatorial e por seus ecossistemas associados. A maior parte dessa área, marcada
pelos climas quentes e úmidos, está assentada no interior da bacia fluvial amazônica.
Com exceção da Guiana Francesa, departamento da França, os outros países firmaram em 1978 o
Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), cujas metas são a cooperação científica, a preservação
ambiental, o uso racional dos recursos hídricos e o desenvolvimento regional. O Brasil ocupa um papel
de destaque nas políticas do TCA, pois abriga mais de 64% região.
No sentido político, porém, a Amazônia começou a se configurar antes mesmo da independência
desses países, quando a região passou a ser explorada pelas Coroas de Espanha e de Portugal.

Amazônia Internacional

Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-pqRZs_1PEjo/VqZlvt5749I/AAAAAAAACnI/acPXCXEwenE/s1600/amazonia-legal-brasileira-regiao-norte-2.jpg.

Na Amazônia Internacional há outros países com percentual maior de superfície territorial coberta pela
Floresta Amazônica, como o Peru, a Guiana e o Suriname. Porém, o Brasil detém a maior parte do bioma
amazônico.

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A Amazônia Internacional – Porção do bioma amazônico em cada país (% da superfície)

A Amazônia Internacional – Repartição do bioma amazônico entre os países (em %)

A ocupação portuguesa

Nos termos do Tratado de Tordesilhas (1494), grande parte da Bacia Amazônica pertencia à Coroa
espanhola. Em 1541, uma expedição comandada pelo espanhol Gonzalo Pizarro, irmão do conquistador
do Império Inca, Francisco Pizarro, partiu de Quito em busca dos lugares lendários que supostamente
havia nessas terras florestadas: o "País da Canela", onde a especiaria brotava em abundância, e o "EI
Dorado", com suas enormes jazidas de ouro.
Ninguém sabe ao certo quantas pessoas integraram essa expedição, mas estima-se que ela contava
com algumas centenas de soldados espanhóis e milhares de indígenas, muitos dos quais padeceram de
fome e de frio na travessia da Cordilheira dos Andes.
Em algum ponto da viagem, quando os expedicionários já estavam bastante debilitados, Gonzalo
encarregou um grupo, liderado por seu primo Francisco de Orellana, de seguir pelo rio em busca de
alimentos.
Entretanto, em vez de retornar com as provisões, o grupo de Orellana prosseguiu no curso do rio que
hoje chamamos de Amazonas, viajando nove meses até alcançar a foz, em agosto de 1542.
O diário de viagem do frei Gaspar de Carvajal, um dos integrantes do grupo, é o primeiro relato de uma
jornada completa pelo Rio Amazonas, dos Andes até o Oceano Atlântico. Apesar de seu valor histórico,
o diário não é um documento confiável, já que o frei se esforça em ressaltar os percalços enfrentados
durante a viagem para justificar o descumprimento da ordem de regressar o mais rápido possível, levando
alimentos para a expedição de Pizarro. A descrição do terrível combate travado com as guerreiras
amazonas, que lutavam com a força comparada à de muitos homens e exerciam o poder sobre diversas
tribos indígenas, reforça o caráter fantasioso do documento.
Nos anos seguintes, diversas outras expedições comandadas pelos espanhóis percorreram trechos
da Bacia Amazônica, sempre animadas pela busca de tesouros. Porém, o interesse pela região logo seria
ofuscado pela descoberta das imensas jazidas de prata na região de Potosí (atual Bolívia), que atraiu
grande parte dos exploradores e aventureiros espanhóis.
Enquanto isso, franceses, ingleses e holandeses, inimigos tradicionais dos espanhóis, estabeleciam
feitorias no baixo curso do Rio Amazonas.
Durante a União Ibérica (1580-1640), período no qual Portugal e Espanha formaram uma única
monarquia, os portugueses começaram a se estabelecer na foz do Amazonas. No início do século XVII,
as expedições pelo Amazonas tornaram-se oficiais. Partiam da foz e eram organizadas para expulsar
holandeses e ingleses, senhores de muitas feitorias ao longo do curso dos rios, e impedir o contrabando
de produtos nativos, como madeira e pescado.
Com o fim da União Ibérica, a Coroa portuguesa intensificou a ocupação militarizada da região,
erguendo uma rede de fortificações lusitanas ao longo da calha central do Rio Amazonas. Entre eles,
destaca-se o Forte de São José do Rio Negro, criado em 1668, em torno do qual surgiu o arraial de Lugar
da Barra, mais tarde elevado à categoria de vila e, depois, de cidade, com o nome de Barra do Rio Negro.

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Em 1856, a cidade foi rebatizada e passou a se chamar Manaus, em homenagem aos índios da etnia
manaó.
Para preservar a hegemonia na região, a Coroa ainda estimulou a ação das missões religiosas, que
utilizavam a mão de obra indígena na coleta das "drogas do sertão" e na produção de alimentos.

No entanto, foi em meados do século XVIII que o Império Português de fato consolidou sua soberania
na área, criando o estado do Grão-Pará, com capital em Belém. Na nova estrutura política e
administrativa, o Grão-Pará, marcado pelas baixas densidades demográficas e pelo extrativismo, passou
a ser uma unidade distinta de Estado do Brasil.
Com a independência do Brasil em 1822, o estado do Grão-Pará foi dissolvido e tornou-se parte do
Império Brasileiro, cujo poder administrativo concentrava-se no Rio de Janeiro. No entanto, dada a
precariedade das suas redes de transporte e comunicações, a região permaneceu durante muito tempo
isolada do centro político e econômico do país.

A conquista da fronteira interna

O empreendimento de conquista e incorporação efetiva da vasta porção setentrional do Brasil teve


início após a Revolução de 1930, marcada pela centralização do poder, e prosseguiu nas décadas
seguintes, quando a Amazônia Legal se tornou uma região de planejamento.
As políticas que orientaram essa conquista geraram um conflito entre dois tipos de ocupação do
espaço regional. O povoamento tradicional, em grande parte herdeiro das atividades missionárias,
marcado pelo extrativismo e pela agricultura de excedente, consistiu numa ocupação linear e ribeirinha,
assentada na circulação fluvial e na rede natural de rios e igarapés: a "Amazônia dos rios". O novo
povoamento seguia a trajetória dos eixos de circulação viária, na qual eram implantados núcleos urbanos
e projetos florestais, agropecuários e minerais; é a chamada "Amazônia das estradas".
O conflito entre o modo de ocupação tradicional e o moderno, representado pelos eixos viários,
expressou-se na tensão social que envolveu índios, posseiros e grileiros. Até os dias atuais, as disputas
por terra configuram um "arco de violência" nos municípios da Amazônia Legal.
De outro lado, a conquista da Amazônia resultou na modificação antrópica das paisagens e na
degradação progressiva dos ecossistemas naturais. Um "arco da devastação" demarca as áreas de
ocupação recente do Grande Norte. Nos estados de Tocantins, Pará e Maranhão, a devastação antrópica
atinge formações do Cerrado, da Floresta Amazônica e da Mata dos Cocais. No Mato Grosso e Rondônia,
manifesta-se com intensidade no Cerrado, na Floresta Amazônica e nas largas faixas de transição entre
esses domínios.
Focos de calor na Amazônia – 2000/2010

Os focos de calor marcam a ocorrência das queimadas que abrem os terrenos para as atividades
agropastoris ou minerais, resultando em um arco de devastação dos ecossistemas amazônicos.

Os novos eixos de integração e a ocupação do espaço amazônico

A construção de rodovias foi fundamental para a inserção da região amazônica nos fluxos e circuitos
econômicos nacionais. Belém e Manaus são os dois centros urbanos que polarizam a rede urbana
regional.

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As políticas voltadas para a conquista integraram a Amazônia às dinâmicas territoriais nacionais. Esse
processo se realizou por meio de dois vetores.
Um primeiro vetor estruturou-se originalmente na década de 1960, em torno do eixo viário da Belém-
Brasília. Nas décadas seguintes, a exploração dos minérios da Serra de Carajás, a implantação da E. F.
Carajás e do Porto de Itaqui e a construção da hidrelétrica de Tucuruí reforçaram esse vetor, estendendo-
o até São Luís (MA).
Uma vasta mancha de povoamento, nucleada por áreas de intensa modificação das paisagens
naturais, desdobrou-se de sul a norte no estado de Tocantins e avançou pelas porções meridional e
oriental do Pará e por todo o oeste maranhense.
Um segundo vetor estruturou-se a partir da década de 1970, em torno do segmento sul da Cuiabá-
Santarém (BR-163) e da Brasília-Acre (BR-364). Portanto, a integração viária com o Centro-Oeste
ocorre através de Rondônia, até Rio Branco, no Acre. Ao longo desse eixo aparecem as principais áreas
de desflorestamento, associadas à expansão da fronteira agrícola.
No norte de Mato Grosso e em Rondônia, a colonização agrícola impulsionada por migrantes do
Centro-Sul originou dezenas de novos núcleos urbanos. Ao mesmo tempo, a criação e consolidação da
Zona Franca de Manaus (ZFM) transformava a capital amazonense em importante centro industrial e
reforçava seus vínculos externos com os capitais e mercados do Centro-Sul.

Os novos caminhos para Manaus

Na década de 1980, a ocupação intensiva de Roraima foi facilitada pela pavimentação da rodovia
Manaus-Boa Vista (BR-174), que atravessa a fronteira setentrional do país, interligando-se às rodovias
da Venezuela. Ao longo do seu eixo, na porção central de Roraima e nas proximidades de Manaus,
surgiram em poucos anos largas faixas de devastação. A construção dessa estrada e a concomitante
implantação do imenso reservatório da hidrelétrica de Balbina desfiguraram a reserva indígena Waimiri-
Atroari, localizada no vale do Rio Jauaperi, a oriente do Rio Branco. A BR-174 foi a primeira rodovia
pavimentada a alcançar Manaus, que até então só podia ser atingida por via fluvial ou aérea.
O novo eixo destina-se a projetar a influência da ZFM para os países vizinhos. A produção industrial
do enclave amazonense é parcialmente responsável pelo superávit do Brasil nas trocas comerciais
realizadas com a Venezuela e pode impulsionar os fluxos de comércio do país com as economias centro-
americanas.
No entanto, o isolamento físico do enclave de Manaus está sendo rompido em outra direção. O projeto
de pavimentação da Porto Velho-Manaus (BR-319) pretende conectar a metrópole da Amazônia
Ocidental e o vetor de ocupação estabelecido em Rondônia. Com a Hidrovia do Madeira, essa estrada
tem como objetivo consolidar um corredor de exportação para os produtos agrícolas de Rondônia e Mato
Grosso, através do Rio Amazonas.
O eixo em implantação pode acarretar, porém, nova frente de devastação da Floresta Amazônica. A
fronteira agrícola de Rondônia já se moveu até Humaitá, no sudoeste do Amazonas, primeira cidade
alcançada pela pavimentação da BR-319. Em torno da cidade, uma larga mancha de desflorestamento
assinala a abertura da floresta para a exploração da madeira, acompanhada pelo avanço da
agropecuária.

Os impactos da BR-319

"Se por um lado a construção e a pavimentação de estradas na Amazônia geram benefícios na forma
de redução de custos de transportes, por outro lado impulsionam o desmatamento, os conflitos sociais e
a ilegalidade. A eficiência econômica e os efeitos diversos dos projetos precisam ser identificados e
instrumentos que garantam uma distribuição mais equânime de custos e benefícios entre os atores
afetados precisam ser implantados.
Neste estudo, utilizamos a análise custo-benefício para avaliar a eficiência econômica do projeto de
recuperação do principal segmento da Rodovia BR-319, localizado entre os quilômetros 250,00 e 655,70,
no estado do Amazonas, de forma a contribuir com a discussão dessas questões. Este trecho encontra-
se fortemente deteriorado e virtualmente intransitável desde 1986.
Planeja-se sua recuperação dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo
Federal.
[...] As obras aqui analisadas, com custo de implantação de cerca de 557 milhões de reais, incluem a
recuperação e a pavimentação da rodovia e a construção de quatro novas pontes entre Manaus e Porto
Velho, o que viabilizará o tráfego continuado entre Manaus e o resto do país.

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A análise [...] demonstra que o projeto é inviável economicamente, gerando prejuízos de cerca de 316
milhões de reais, ou 33 centavos de benefícios para cada real de custos, em valores atuais. Isso significa
que para que o projeto alcance viabilidade econômica, os benefícios brutos estimados teriam de ser
multiplicados por três. [...]
Modelagens recentes indicam que o projeto provocará forte desmatamento no Interflúvio Madeira-
Purus, com a perda de importantes recursos naturais ainda em excelente estado de conservação, caso
políticas eficazes de contenção do desmatamento não sejam implantadas. Estimamos que o custo
econômico parcial do desmatamento [...] poderia alcançar aproximadamente 1,9 bilhão de reais, em
valores atuais. Destes, 1,4 bilhão corresponderia ao efeito negativo do projeto sobre as mudanças
climáticas globais, valor muito superior aos benefícios brutos gerados pelo projeto, de 153 milhões de
reais." FLECK. Leonardo C. Eficiência econômica, riscos e custos ambientais da reconstrução da rodovia BR-319. Lagoa Santa: Conservação Estratégica, 2009.
p. 19-20.

Redes urbanas regionais

Enquanto a Amazônia se integrava ao Centro-Sul, a rede urbana regional tornava-se mais complexa
e diferenciada. Nesse processo, a influência vasta e difusa de Belém sobre todo o espaço amazônico
desvanecia-se, em razão da emergência de Manaus.
Na última década, configurou-se uma situação de dupla polarização, na qual se desenham esferas
de influência distintas das metrópoles do Amazonas.
Durante a década de 1970, com a fronteira agrícola avançando em Mato Grosso e em Rondônia,
ocorreu o acelerado desenvolvimento de Porto Velho e, em grau menor, dos núcleos instalados junto à
rodovia, como Vilhena, Cacoal, Ji-Paraná e Ariquemes.
Na década seguinte, a fronteira agrícola moveu-se até o sul do Acre, acompanhando o trecho
pavimentado da BR-364. Nas áreas das cidades de Xapuri e Brasileia, as atividades madeireiras
avançaram sobre os seringais, provocando conflitos e impulsionando a organização dos seringueiros.

Cenários futuros: entre a devastação e a tecnologia

Para romper o ciclo de devastação e desigualdade social será preciso o desenvolvimento de políticas
territoriais que valorizem as comunidades locais e a preservação da biodiversidade.

As políticas territoriais amazônicas implementadas pela ditadura militar nortearam-se pela meta
geopolítica de “conquista” da Amazônia. O planejamento regional elaborado nesse contexto
fundamentou-se num conceito distorcido de desenvolvimento, que estimula a acumulação de capital por
grandes empresas e o uso predatório dos recursos naturais. Os largos e extensos corredores de
devastação ambiental e as vastas manchas de desflorestamento, assim como a poluição de rios e
igarapés pelos subprodutos do garimpo, são resultado das opções de planejamento adotadas nesse
período.
As políticas amazônicas dissociaram a noção de desenvolvimento de seu conteúdo social. A abertura
de rodovias de integração e a implantação de grandes projetos geraram intensos fluxos migratórios para
a Amazônia, além do esvaziamento demográfico de várzeas e igarapés. A exclusão social se materializa
nas periferias das cidades médias, nos povoados miseráveis nascidos junto a empreendimentos minerais
e florestais e no surgimento de populações itinerantes, que vagueiam à procura de escassas
oportunidades de trabalho.
O novo ciclo de obras rodoviárias na Amazônia, especialmente a Cuiabá-Santarém (BR-163) e a
Porto Velho-Manaus (BR-319), visa estabelecer a ligação entre Manaus e Porto Velho, mas ameaçava
reproduzir, em escala ampliada, os desastres sociais e ambientais do ciclo anterior. A alternativa consistia
em redefinir o sentido do planejamento regional, priorizando o desenvolvimento social e a valorização dos
ecossistemas naturais. A geração de empregos e a exploração sustentável dos recursos naturais são as
metas a serem perseguidas por um planejamento regional renovado.

Um zoneamento econômico e ecológico

O planejamento regional da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) baseou-


se em estudos de pequena escala, inadequados para a definição das realidades sociais e vocações
ecológicas de áreas de médias e pequenas dimensões. Contudo, um planejamento regional voltado para
o desenvolvimento sustentável não pode abrir mão do reconhecimento dessas áreas e suas
peculiaridades. Atualmente, as imagens de satélite e as técnicas de cartografia computadorizada

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fornecem os meios necessários para a elaboração de estudos em média e grande escala, produzindo um
zoneamento econômico e ecológico do imenso espaço amazônico.
A "conquista" da Amazônia deixou como herança um mosaico complexo, no qual vastas áreas de
paisagens naturais quase intactas intercalam-se com zonas de garimpo, grandes projetos e corredores
de devastação. Um zoneamento econômico e ecológico destina-se a elucidar a organização desse
mosaico, criando bases para a seleção de políticas específicas para cada área.
Um passo inicial consistiria em distinguir os espaços de preservação (reservas indígenas e unidades
de proteção ambiental) dos espaços disponíveis para a valorização econômica, e cartografá-Ios nas
escalas adequadas. Um segundo passo consistiria no planejamento das modalidades de uso do solo, das
instalações de infraestrutura viária e energética e no desenvolvimento urbano dos espaços disponíveis.
O incentivo ao aproveitamento econômico da biodiversidade também pode proporcionar vantagens
econômicas. Os produtos naturais da floresta encontraram novas e sofisticadas aplicações nas indústrias
farmacêutica, de cosméticos e de alimentos. Além disso, as universidades e os institutos científicos da
Amazônia pesquisam técnicas adequadas para o cultivo de espécies como a seringueira e a castanheira.
Esses projetos experimentais sugerem caminhos para a elaboração de modelos agrícolas a serem
implantados em áreas degradadas dos corredores de ocupação.

Desmatamento causado pelo garimpo de diamantes na reserva indígena Roosevelt, em Vilhena (RO, 2007)

Transporte de carga na BR-155, no trecho que liga Marabá e Eldorado dos Carajás (PA, 2013)

Região Sul

Herdeira de uma padrão de colonização baseado em pequenas propriedades voltadas para os


mercados internos, a Região Sul atualmente se destaca na produção industrial e agrícola e apresenta
indicadores sociais acima da média nacional.

Quanto à distribuição populacional, a Região Sul é a mais homogênea do país devido à área reduzida
dessa região e à sua ocupação em pequenas propriedades com produções diversificadas, o que pode
ser relacionado com o processo de ocupação e desenvolvimento de núcleos populacionais no interior dos
estados.

Referente à distribuição de renda, a Região Sul apresenta uma distribuição menos desigual que a
média do Brasil. Enquanto a parcela da população com rendimento mensal de até um salário mínimo é
5,8% menor que a nacional, os percentuais das outras classes de rendimento dessa região são maiores
do que os brasileiros.

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Diversificação econômica

A diversificação em diferentes setores econômicos acarretou transformações sociais na Região Sul. A


modernização da agricultura e o fortalecimento da agroindústria aceleraram o êxodo rural, aumentando a
migração para outros estrados e a ocupação de áreas urbanas.
Por ser a população bem distribuída no território, a estrutura fundiária é a menos desigual do pais. As
terras parceladas em pequenas propriedades são características da agricultura familiar.
Em 2011, mais de 2,7 milhões de pessoas trabalhavam na indústria, compondo na Região Sul o maior
percentual regional de trabalhadores nessa atividade.
Embora se destaquem as indústrias têxtil e alimentícia na Região Sul, o segundo maior polo industrial
automobilístico brasileiro foi implantado na década de 1990 na Região Metropolitana de Curitiba.

Região Sul: domínios naturais

Entre os aspectos naturais da Região Sul destacam-se o clima subtropical, o relevo


predominantemente planáltico e a presença de formações vegetais características, como a Mata das
Araucárias e as pradarias.

A Região Sul é formada pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A região faz
fronteira com três países sul-americanos: a oeste com Paraguai e Argentina, e ao sul com Uruguai. Em
2011, a população da região chegava a 27.875.000 habitantes, ou seja, 14,27% da população do país.
O clima subtropical predomina na região. No inverno, as baixas temperaturas que ocorrem
principalmente nas áreas serranas e planálticas provocam geadas e até neve. Regiões litorâneas e com
menores altitudes, como os vales dos rios Paraná e Uruguai, apresentam temperaturas elevadas no
verão. No norte do Paraná aparece o clima tropical.
Nos três estados da Região Sul predominam os planaltos recobertos originalmente pela Mata das
Araucárias. Os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná se estendem a oeste do Paraná até o Rio
Grande do Sul, os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, a leste, e o Planalto Sul-Rio-
Grandense, no extremo sul. No centro, aparece a Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do
Paraná, e mais ao sul a Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense. No litoral do Rio Grande do Sul
predomina a Planície da Lagoa dos Patos e Mirim.
Ao longo do litoral, os planaltos da Região Sul apresentam escarpas de altitudes mais elevadas: a
Serra do Mar e a Serra Geral. No sudoeste do Rio Grande do Sul destaca-se a Campanha Gaúcha, com
relevo de coxilhas (levemente ondulado) coberto por campos limpos. Essa unidade de relevo é parte
brasileira da vasta planície platina, o Pampa, que abrange também o Uruguai e a Argentina. Nessas
áreas, aprecem os banhados, ecossistemas úmidos ricos em espécies animais e vegetais.

Região Sul – unidades da federação

Fonte: http://files.planetagaia.webnode.com/200000586-08de109d58/mapa-regiao-sul.jpg.

Grande parte dos rios da Região Sul pertence à Bacia Platina, formada pelos rios Paraná, Paraguai
e Uruguai e afluentes. O Rio Uruguai nasce em território brasileiro, da fusão dos rios Canoas (SC) e
Pelotas (RS), e serve de divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Brasil e Argentina, e Uruguai
e Argentina, desaguando no Estuário do Prata. O Rio Paraná, segunda maior bacia fluvial em área e
potencial hidrelétrico do Brasil, oferece condições de navegabilidade. A Hidrovia Tietê-Paraná tornou-se
um importante sistema de transporte, aproximando o Brasil dos seus parceiros do Mercosul.

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. 77
Outro problema ambiental que ocorre em áreas do sudoeste do Rio Grande do Sul é o processo de
arenização dos solos, ou seja, o aumento dos depósitos arenosos, dificultando a fixação da vegetação.
Em área subtropical úmida, onde o processo ocorre, a água e os ventos têm importante papel na
mobilidade dos sedimentos.
As enxurradas provocam erosão e os ventos dispersam a areia, formando dunas e expandindo o
processo.
A substituição da vegetação nativa dos pampas e pela pecuária extensiva ou agricultura comercial
explica a degradação dos solos na região. A arenização atinge quase 4 mil hectares, em áreas dos
municípios de Alegrete, São Francisco de Assis, Santana do Livramento, Rosário do Sul, Uruguaiana,
Quaraí, Santiago, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, São Borja, Unistalda e Cacequi.
No oeste do estado do Paraná, na fronteira com a Argentina, o Parque Nacional do Iguaçu, criado
em 1934 e tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade em 1986. Constitui uma grande reserva
florestal e inclui parte da cabia hidrográfica do Rio Iguaçu, que percorre todo o estado do Paraná, e as
Cataratas do Iguaçu.

Ocupação territorial

Iniciada pelos portugueses no século XVII, a colonização da Região Sul ganhou impulso no século
XIX, quando de estabeleceram os principais núcleos de povoamento fundados pr imigrantes europeus.

O território que hoje pertence aos estados da Região Sul inicialmente não fazia parte da América
portuguesa, tendo ficado fora dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Expedições
exploradoras haviam percorrido a costa no século XVI, mas somente no século XVII começaram as
atividades colonizadoras na região.
Com o domínio espanhol sobre Portugal (1580-1640), o Tratado de Tordesilhas perdeu sua validade,
uma vez que todas as terras pertenciam ao monarca espanhol. Colonos portugueses então se
estabeleceram em territórios espanhóis, adquirindo para Portugal soberania sobre essas áreas. Jesuítas
ultrapassaram a linha de Tordesilhas ao sul, fundando missões em áreas da campanha gaúcha, onde
índios aldeados criavam gado - trazido dos territórios que formaram o Uruguai e a Argentina - e plantavam
erva-mate. Outros povoados também foram fundados, como o de Nossa Senhora do Desterro, atual
Florianópolis.
Ainda no século XVII, os bandeirantes pau listas iniciaram o apresamento dos índios aldeados nas
missões - que se destinavam à sua proteção e catequese - para vendê-las às capitanias luso-espanholas,
produtoras de açúcar.
Com a expulsão dos holandeses do Nordeste (1654), o tráfico negreiro voltou a abastecer os
engenhos. No entanto, quando o domínio espanhol chegou ao fim, as missões estavam praticamente
destruí das; o gado, solto, começou a se reproduzir nos campos do sul. Tropeiros paulistas, índios
aldeados e pessoas errantes passaram então a se dedicar à caça do gado selvagem e ao comércio de
couro.

Com a descoberta de ouro e o desenvolvimento das minas gerais durante o século XVIII, os tropeiros
desenvolveram um novo negócio: caçavam os animais, reuniam estes em currais e os transportavam até
as áreas mineradoras.
À Coroa portuguesa, porém, interessava garantir a posse das terras do sul. Para isso, na metade do
século XVIII, Portugal enviou casais de açorianos ao território do atual Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina, especialmente para a faixa litorânea, com o objetivo de povoar a região. Lotes de terras também
foram doados a tropeiros, que, além de se fixar na área, deram início à criação do gado em grandes
estâncias - atividade que se transformaria numa das mais importantes do atual Rio Grande do Sul.
No século XIX, surgiram diversos núcleos de povoamento na Região Sul. Em 1808, famílias de
açorianos fundaram a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os primeiros imigrantes alemães se
dirigiram para a atual cidade de São Leopoldo, no vale do Rio dos Sinos, em 1824. Os italianos chegaram
a partir de 1875 e foram assentados em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi.
Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os alemães formaram colônias de povoamento baseadas
no cultivo de trigo e da policultura, ao passo que os italianos dedicaram-se ao cultivo da uva. No Paraná,
imigrantes eslavos voltaram-se para o extrativismo de madeira. Estavam lançadas as raízes de uma
economia rural diversificada, baseada na policultura e no trabalho familiar.

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Região Sul: dinâmicas econômicas

Na Região Sul, os ramos industriais que mais se desenvolveram utilizam como matéria-prima os
produtos da agropecuária. Porto Alegre e Curitiba, porém, destacam-se pela diversidade de seus parques
industriais, que incluem também os setores metalúrgico e automobilístico.

No século XVIII, teve início uma das primeiras e mais importantes atividades econômicas da Região
Sul- a pecuária. Preocupada em garantir a posse das terras na área, evitando o avanço espanhol, a Coroa
portuguesa passou a distribuir lotes de terras aos tropeiros, permitindo que os rebanhos soltos, quase
dizimados pela caça e venda na região mineradora, passassem a ser criados em grandes estâncias, de
forma extensiva, espalhando-se pelo território do atual Rio Grande do Sul. Formava-se, assim, uma classe
de grandes pecuaristas, que comercializavam charque ou carne-seca.
Na região do atual Paraná, a extração das folhas dos arbustos de erva-mate teve início ainda no século
XVII, e aos poucos se transformou em uma das principais atividades econômicas da Região Sul. Na
segunda metade do século XIX, foi a vez do café. As primeiras fazendas já ocupavam o norte paranaense
quando agricultores mineiros e paulistas levaram mudas para a região.
No século XX, a Região Sul modernizou-se seguindo o contexto brasileiro e mundial, mas de acordo
com características próprias resultantes da base econômica, social e cultural construída durante os
períodos colonial, imperial e republicano, com importantes contribuições dos imigrantes. Nas áreas
urbanas o artesanato familiar evoluiu para a moderna e diversificada atividade industrial. Nas áreas rurais,
as pequenas e médias propriedades familiares se expandiram. Como resultado, a Região Sul apresenta
indicadores sociais favoráveis em relação a outras regiões brasileiras. Em 2010, dados do IBGE
indicavam menor taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais (5,5%), as menores taxas de
mortalidade infantil (15,10%) e a mais alta esperança de vida ao nascer (75,2 anos). Observe a tabela.

Agropecuária

Em 2012, o Paraná respondia por 19.1 da produção agrícola nacional; o Rio Grande do Sul estava em
terceiro lugar, com 12.1, e Santa Catarina, em nono lugar, com 3,6. No que diz respeito à produção de
cereais, leguminosas e oleaginosas, o Sul perde apenas para o Centro-Oeste.
Na Região Sul, a produção agropecuária pode estar associada à indústria: é o caso da cultura da uva
à fabricação de vinhos, do cultivo do milho à criação de frangos e porcos ou da pecuária leiteira às usinas
de leite e fábricas de laticínios.
A modernização da agropecuária tem provocado mudanças na estrutura agrária em toda a Região Sul,
com o aumento da concentração fundiária e dos movimentos de luta pela terra, a partir da década de
1980. Pequenos proprietários e trabalhadores rurais perderam suas terras e trabalho, tendo como
consequência o aumento de boias-frias e de migrações para as cidades, para outras regiões ou mesmo
para outros países, como o Paraguai.
Nas pastagens naturais da Região Sul desenvolve-se a pecuária extensiva de corte, geralmente em
grandes propriedades e com poucos trabalhadores.

Indústria e tecnologia

Os ramos industriais na Região Sul evoluíram inicialmente graças às matérias-primas fornecidas pela
agropecuária - couro e calçados (pecuária), móveis (pinho), têxteis (algodão) e bebidas (uva, mate).
O maior centro industrial da Região Sul é Porto Alegre. Bastante diversificado, conta com indústrias
alimentícias, de fiação e tecelagem, de produtos minerais não metálicos, siderúrgicas, mecânicas, de

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material eletrônico, químicas, de couros e de bebidas. Rio Grande, Pelotas e Caxias do Sul destacam-se
nos setores de alimentos, tecidos, móveis e calçados. O complexo metal mecânico desenvolveu-se em
Gravataí, Canoas, Guaíba e Cachoeirinha. São Leopoldo e Novo Hamburgo são importantes pelos da
cadeia produtiva de artigos de couro. Em São Leopoldo está se formando um importante polo de
informática. A indústria automobilística ganhou força com a instalação de uma grande fábrica em
Gravataí, na Grande Porto Alegre, em 2000.
No Rio Grande do Sul, as aglomerações industriais se caracterizam por empresas que inovam e
diferenciam produtos, ou seja, a dinâmica industrial nessa região é influenciada por empresas de maior
conteúdo tecnológico.
Pequenas e médias empresas têm se destacado na busca de alternativas competitivas.

O setor industrial de Santa Catarina também é muito importante; porém, ao contrário das outras
capitais de estado no Brasil, a cidade de Florianópolis não ocupa o primeiro lugar na economia do estado.
Essa posição cabe a Joinville, município mais populoso no norte catarinense, importante polo metal
mecânico, além de centro de serviços. Com grandes empresas dos setores metal mecânico, químico,
plástico e têxtil, tornou-se um dos mais dinâmicos polos industriais do sul do país.
No Vale do Itajaí, onde se situam as cidades de Brusque, Blumenau, Pomerode, entre outras,
estabeleceu-se um dos mais importantes parques têxteis do país, a partir de pequenas unidades fabris
dos imigrantes europeus, sobretudo alemães. Blumenau destaca-se também por desenvolver um polo
tecnológico. No eixo Chapecó-Seara-Concórdia, a produção industrial voltou-se para o setor alimentício
de processamento de produtos suínos e avícolas.
Apresentam ainda índice de industrialização alto os municípios de Criciúma, Lages e Joaçaba. A
estrutura portuária concentra-se nos portos de Itajaí, Imbituba e São Francisco do Sul.
Curitiba é o segundo maior centro industrial da Região Sul, com destaque para os estabelecimentos
do setor mecânico e, mais recentemente, para as indústrias de ponta geradoras de maior valor agregado.
Em 1999, uma importante montadora de carros alemã instalou-se na região de São José dos Pinhais
(área metropolitana de Curitiba); em seguida, estabeleceram-se uma americana e outra francesa,
consolidando um polo automobilístico na região.

Turismo e integração

Com paisagens variadas e os invernos mais rigorosos do país, a Região Sul atrai grande número de
turistas. Cidades com características europeias, como Canela e Gramado, ou centros produtores de
vinho, como Bento 'Gonçalves e Caxias do Sul, são lugares procurados pela culinária e atrativos culturais
no Rio Grande do Sul.
Durante o verão, os litorais de Santa Catarina e do Paraná recebem muitos turistas estrangeiros.
Tradições e festas típicas são eventos que tornam concorridos lugares como Blumenau, onde se realiza,
em outubro, a festa da cerveja, chamada Oktoberfest, de origem alemã.
No Rio Grande do Sul, as ruínas das povoações jesuítas do século XVII, em São Borja e São Migue
das Missões, foram transformadas pela Unesco em patrimônio da humanidade. Em Ponta Grossa, no
Paraná, o Parque Estadual de Vila Velha apresenta interessantes formações rochosas esculpidas pela
erosão causada pelas chuvas e pelos ventos.
Todos os estados da Região Sul contam com zonas de fronteira, ou seja, faixas territoriais localizadas
de cada lado de um limite internacional. Nas zonas de fronteira desenvolveram-se diversas cidades
cortadas por limites internacionais. Essas cidades-gêmeas geralmente apresentam grande fluxo de
pessoas e mercadorias e integração econômica e cultural.

Oktoberfest em Blumenau (SC, 2010). A festa teve origem em Munique (Alemanha) no início do século XIX, e hoje é celebrada também em diversos
municípios de Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

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Região Centro-Oeste

O meio natural e os impactos ambientais:


A Região Centro-oeste é formada pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás e pelo
Distrito Federal, ocupando cerca de 18% do território e abrigando pouco mais que 7% da população do
país.
O clima tropical é predominante na Região Centro-oeste, caracterizado por estação bem seca no
inverno e outra chuvosa no verão. O norte da região está’ sob influência do clima equatorial úmido e da
massa equatorial continental.
No extremo sul da região as frentes frias da massa polar atlântica causam instabilidades no inverno e
queda da temperatura, ocasionando as friagens, quando a temperatura pode cair bastante. No verão, as
temperaturas são mais elevadas, com máximas oscilando entre 30ºC e 40ºC.
O Cerrado predomina na Região Centro-Oeste. Em seu limite oeste, localiza-se o Pantanal, enquanto
o limite norte caracteriza-se pela presença da Floresta Amazônica; ao sul ocorrem remanescentes da
Mata Atlântica.
O Cerrado apresenta grande biodiversidade. Na vegetação, encontram-se formações florestais (mata
ciliar, mata seca e cerradão), formações savânicas (cerrado no sentido restrito, arque de cerrado,
palmeiral e vereda) e campestres (campo sujo, campo limpo e campo rupestre).
Variações do tipo de solo e nas formas de relevo explicam essas diferenças: a mata galeria, por
exemplo, formada por espécies arbóreas, ocorre nas margens de rios, em vales úmidos.
Nas últimas décadas, a expansão rápida e intensiva da agropecuária tem provocado a destruição de
matas ciliares e de reservas permanentes do Cerrado. Na região das nascentes do Rio Araguaia, por
exemplo, a erosão provoca voçorocas (erosões profundas que atingem o lençol freático). O
assoreamento dos rios e a poluição dos aquíferos também são problemas comuns no Cerrado.
Iniciativas importantes do Governo Federal, como o Programa Nacional de Conservação e Uso
Sustentável do Bioma Cerrado e o Programa Cerrado Sustentável buscam promover a conservação,
a recuperação e o manejo sustentável desse bioma, além de incentivar a valorização e o reconhecimento
das populações tradicionais. Entretanto, isso não tem sido suficientes para conter a devastação.
Quatro bacias hidrográficas drenam a Região Centro-oeste: Amazônica (Rio Xingu e afluentes do
Amazonas), do Paraguai, do Tocantins-Araguaia e Platina (rios Paraná e Uruguai).
O relevo do Centro-Oeste é predominantemente planáltico.
Nele, destacam-se os Planaltos e Serras de Goiás-Minas, os Planaltos e Chapadas dos Parecis, os
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná e as Serras Residuais do Alto Paraguai. Entre os Planaltos,
estão encaixadas depressões como a Marginal sul-amazônica, e do Alto Paraguai-Guaporé e a do
Araguaia.

O Pantanal:
A planície do Pantanal Mato-Grossense e a do Rio Guaporé localizam-se a oeste da região. O
Pantanal é uma planícies sujeita a inundações sazonais, em decorrência da pequena declividade de seu
relevo e do padrão de drenagem da bacia do Rio Paraguai. A vegetação é mista (cerrados, florestas,
campos, charcos inundáveis e ambientes aquáticos), e mais de mil espécies animais, incluindo cerca de
650 tipos de aves aquáticas, vivem na região.
No Pantanal, a expansão da agropecuária e as queimadas acarretaram a supressão de parte da
vegetação e a contaminação dos corpos d’água por agrotóxicos. Além disso, o pantanal recebe os rejeitos
da atividade mineradora de exploração de diamantes e de ouro, especialmente o mercúrio, altamente
poluente. Diversos programas e políticas ambientais têm sido desenvolvidos pelo governo federal para
proteger o bioma, prevendo o manejo correto de bacias hidrográficas, saneamento e apoio ao produtor.
A Floresta Amazônica se estende pela metade norte do estado do Mato Grosso, e se encontra bastante
ameaçada por desmatamentos e queimadas. A expansão da fronteira agropecuária nessa área, para
plantio ou criação de gado, atinge áreas de conservação ambiental e provoca erosão e assoreamento
nos rios.

Ocupação territorial e dinâmicas econômicas:


Originalmente, os territórios que hoje compõem a Região Centro-Oeste eram habitados por diversos
agrupamentos indígenas, especialmente os bororo. Nos termos do Tratado de Tordesilhas, assinado
em 1494, essas terras pertenceriam à América espanhola. Entretanto, a partir do século XVI, sucessivas
ondas de bandeirantes paulistas se dirigiram para a região com a finalidade de aprisionar e escravizar
indígenas, desbravando o interior do Brasil.

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No final do século XVII, estimulados pela descoberta de ouro em Minas Gerais, os bandeirantes
passaram a se aventurar em terras cada vez mais distantes. Subindo o Rio Cuiabá e alcançando o
território bororo, os bandeirantes encontraram ouro e iniciaram a conquista do território que atualmente
corresponde ao Mato Grosso. Enquanto isso, expedições pelo sertão descobriam minas de ouro no
território que hoje compreende o estado de Goiás, onde foi fundada a Vila Boa, embrião da atual cidade
de Goiás.
Em 1726, Rodrigo César de Meneses, capitão-geral de São Paulo, chegou às minas chamadas de
Cuiabá, fundando, no ano seguinte, a Vila Real do Bom Jesus, que já contava com dois portos fluviais.
Deles, partiam as expedições que visavam ao apresamento de indígenas no Pantanal.
A cidade de Goiás, conhecida como Goiás Velho, foi fundada em 1726 pelo filho do bandeirante
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera. Em 2001 foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio
Cultural da Humanidade.
Em 1748, preocupada com a posse dessas terras, a Coroa portuguesa criou a capitania de Mato
Grosso, com sede em Vila Bela da Santíssima Trindade, fundada pelo mineradores às margens do Rio
Guaporé. Posteriormente, a sede da capitania foi transferida para a Vila de Cuiabá. A Capitania de Goiás,
com sede em Vila Bela, também foi criada em 1748.
Em 1750, a assinatura do Tratado de Madri entre Portugal e Espanha legalizou a posse efetiva da
região pelos portugueses. Porém, com a anulação desse tratado, ocorrida em 1761, a Coroa portuguesa
passou a implantar uma rede de fortificações para garantir a posse da margem direta do Rio Guaporé: o
Forte de Conceição foi erguido em 1762 e o Forte de Príncipe da Beira, em 1776. O Tratado de Santo
Idelfonso, firmado pelas coroas ibéricas em 1777, finalmente ratificou a soberania portuguesa sobre o
território das duas capitanias ocidentais.
A partir de então, o povoamento luso-brasileiro passou a avançar na direção do Rio Tocantins,
dizimando os índios caiapó de Goiás, os xavante do Araguaia e, mais tarde, os canoeiro do Tocantins.
Do século XIX em diante, com o declínio da mineração, as províncias de Mato Grosso e de Goiás
conheceram um longo período de decadência econômica e de isolamento. Apenas as atividades agrícolas
de subsistência, como a extração da borracha, a criação de gado e a exploração de erva-mate,
sobreviveram na região.

A ocupação moderna do Centro-Oeste:


Ao longo do século XX, porém, o isolamento da região foi sendo vencido gradativamente com a
transformação dos estados do Centro-Oeste em área de atração populacional.
A inauguração de Goiânia, em 1933, a Marcha para o Oeste, iniciada por Getúlio Vargas na década
de 1940, a construção de Brasília, assim como as políticas de integração nacional consolidadas pela
ditadura militar na década de 1970, incentivaram a migração para o Centro-Oeste, contribuindo para
acelerar o povoamento da região.
No início do século XX, a abertura da Estrada de Ferro Noroeste Brasil (Bauru-Corumbá) ajudou a
intensificar os fluxos entre o Sudeste e o Centro-Oeste. A ferrovia abriu a fronteira para a pecuária do
Mato Grosso, permitindo o transporte do gado vivo até os frigoríficos de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A partir da década de 1960, rodovias como a Belém-Brasília, a Cuiabá-Porto Velho e a Brasília-Acre
transformaram-se em plataforma para a conquista da Amazônia.
Em 1977 o estado de Mato Grosso foi desmembrado, e dois anos depois oficializou-se a criação do
estado de Mato Grosso do Sul.
Goiás, por sua vez, foi desmembrado em 1988, quando se criou o estado de Tocantins, que atualmente
pertence à Região Norte. Em ambos os casos, as justificativas utilizadas para o desmembramento foram
a grande extensão desses estados, as dificuldades de planejamento e de administração.

Cenário econômico recente:


Na década de 1970, teve início um período de intenso desenvolvimento econômico nos estados do
Centro-Oeste, motivado principalmente pela modernização da agricultura. A mecanização, a
introdução de novas culturas e o desenvolvimento de tecnologias e técnicas como a adubação e correção
dos solos de cerrados impulsionaram a produtividade da agricultura regional, que se tornou altamente
competitiva nos mercados internacionais.
No entanto, essa modernização tem sido responsável por diferentes impactos ambientais, em especial
o desmatamento.
Desde a década de 1980, o incremento da produção agropecuária e os incentivos fiscais atraem
para o Centro-Oeste indústrias ligadas à transformação de matérias-primas de origem animal ou vegetal.
É o caso dos frigoríficos, das empresas de avicultura, do setor sucroalcooleiro e das indústrias que

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processam os grãos de soja. Instaladas próximos aos polos produtores, essas indústrias lucraram com a
redução de despesas com fretes.
Sendo assim, o panorama industrial da região é pouco diversificado.
A exceção fica por conta de alguns polos produtivos instalados no eixo Brasília-Goiânia, em especial
em Anápolis, que concentra empresas do setor farmoquímico e farmacêutico.
Nas últimas décadas, o Mato Grosso do Sul foi o estado da região que apresentou maior crescimento
econômico. A agricultura, praticada principalmente na porção leste do estado, beneficiou-se da
proximidade com os grandes mercados consumidores do Sul e do Sudeste. Dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística indicam que somente no estado de Mato Grosso, o crescimento da área
plantada de soja foi de 28,7% entre os anos de 2008 e 2011.
A expansão dos canaviais para o Centro-Oeste também é fato recente. Os maiores índices de
crescimento da produção de cana-de-açúcar são encontrados em Goiás e Mato Grosso do Sul.
Além do aumento da área cultivada, destaca-se a instalação de usinas na região, o que fortalece a
cadeia agroindustrial sucroalcooleira.
A indústria do turismo também tem apresentado rápido crescimento na Região Centro-Oeste. O
pantanal é a área mais visitada, embora os parques nacionais da Chapada dos Guimarães, em Mato
Grosso, da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e das Esmas, no sudeste goiano, também contribuam
para o aumento do número de turistas, atraídos pelas chapadas, cânions, quedas-d’água, cavernas e
diversos sítios arqueológicos.
No Rio Araguaia, na época da estiagem (junho a setembro), o nível das águas cai formando praias,
tornando a região uma atração turística.
Cidades históricas como Pirenópolis e Goiás, antiga capital goiana, atraem visitantes pelos sobrados
coloniais preservados e pelas igrejas de arquitetura barroca.
Em direção ao sul do estado, a cidade de Caldas Novas recebe em média um milhão de turistas por
ano, em busca de suas fontes de água quente.
Brasília apresenta arquitetura moderna e é considerada Patrimônio da Humanidade.

Os centros urbanos:
A rede urbana do Centro-Oeste desenvolveu-se de maneira linear, seguindo as rodovias de integração
e as ferrovias que ligam à Região Sudeste.
Brasília, metrópole nacional, Goiânia, metrópole, assim como Campo Grande e Cuiabá, capitais
regionais, situam-se sobre os grandes eixos viários. As cidades que exibem forte crescimento – como
Dourados (MS), Rondonópolis (MT) e Anápolis (GO) – estão também situadas nesses eixos.

A cidade-capital:
Brasília representa um caso especial, entre as grandes cidades brasileiras. Não simplesmente por ser
uma cidade planejada: Belo Horizonte, fundada em 1897, e Goiânia, fundada em 1933, constituem outros
exemplos de cidades planejadas no Brasil. A singularidade de Brasília reside na finalidade específica que
orientou seu planejamento urbano – a criação de uma cidade-capital, condição que determinou a
expansão demográfica e econômica da região.
O Plano Piloto constitui o cerne da nova capital. É ele que está submetido ao plano urbanístico, com
seu rígido sistema de aprovação de plantas destinado a conservar as características originais da cidade.
Ideologicamente, esse plano, de autoria de Lúcio Costa, vinculava-se à tradição de pensamento
urbanístico do francês Le Corbusier e da escola arquitetônica da Carta de Atenas, cujos princípios
remontam ao IV Congresso de Arquitetura Moderna, realizado em 1933. A cidade deveria ser, a um só
tempo, funcional e harmônica: uma engrenagem de residências, consumo e trabalho. Para isso, os
planejadores deveriam dispor da capacidade de organizar o espaço de forma absoluta, excluindo as
incertezas e os conflitos inerentes ao desenvolvimento espontâneo das aglomerações urbanas. A ordem
seria um produto da autoridade e do saber urbanístico.
A base espacial do plano urbanístico reside na segregação funcional. No interior do Plano Piloto,
definiram-se as áreas reservadas às diferentes funções urbanas – administração pública, residências,
comércio local e central, etc.
Um eixo viário retilíneo, chamado Eixo Monumental, foi implantado e reservado aos palácios e edifícios
destinados aos órgãos de poder político, à administração e às embaixadas. Esse eixo é cortado por um
outro, arqueado, chamado Eixo Rodoviário, destinado à circulação expressa. Com 13 quilômetros de
extensão e cinco pistas sem cruzamentos, ele separa a circulação municipal da circulação local. Juntos,
os dois eixos têm o formato de asas de avião.
Ao longo do Eixo Rodoviário alinham-se as superquadras, destinadas à moradia. Nessas áreas
encontram-se escolas, igrejas e espaços de comércio local. Esses serviços localizam-se no interior dos

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conjuntos de superquadras, direcionado a circulação de pessoas para dentro e não para as ruas. O
comércio de grande porte foi alocado em uma zona separada, no cruzamento entre os dois grandes eixos
da cidade. Todo o sistema de zoneamento e circulação da cidade prioriza o automóvel, a circulação
expressa.
Concebida por Oscar Niemeyer, a arquitetura da capital é coerente com o plano urbanístico, visando
reforçar simbolicamente a função de sede dos órgãos de poder político, que constitui a razão de ser de
Brasília.

A cidade polinucleada:
O plano urbanístico não eliminou a clássica estruturação espacial das grandes cidades brasileiras: o
contraste entre as áreas centrais reservada às classes médias e às elites, de um lado, e as periferias
populares, de outro. No entanto, operou uma transformação radical nesse esquema, abrindo um espaço
vazio entre a área central (o Plano Piloto) e a periferia (as cidades-satélite). O elevado preço dos
terrenos no Plano Piloto empurrou os mais pobres para os núcleos urbanos satélites, que cresceram
como verdadeiras cidades-dormitório.
Embora não estivessem formalmente previstas no plano, as cidades-satélite desenvolveram-se para,
de certa forma, protege-lo, evitando a concentração da pobreza. Dessa maneira, a capital cresceu como
cidade polinucleada: uma única aglomeração urbana dispersa territorialmente em diversos núcleos
separados. Esses núcleos são chamados de regiões administrativas, já que a Constituição impede a
formação de municípios autônomos no Distrito Federal.
A maioria da população ativa que reside nas cidades-satélite trabalha no Plano Piloto e consome horas
diárias em deslocamentos entre o local de moradia e o local de emprego.
A concentração de recursos financeiros no Plano Piloto – que abriga uma elite de políticos, burocratas
da administração pública e diplomatas estrangeiros – dinamiza a economia do Distrito Federal, atraindo
migrantes para as cidades-satélite. Assim, o crescimento demográfico dos núcleos urbanos ao redor é
muito superior ao da área central: em 1960, o Plano Piloto concentrava cerca de metade da população
do Distrito Federal; atualmente essa proporção é inferior a 15%.
Referências Bibliográficas:

TERRA, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil – Lygia Terra; Regina Araújo; Raul Borges Guimarães. 2ª edição. São Paulo: Moderna.

Questões

01. (PGE/RO – Técnico da Procuradoria – FGV/2015) O desenvolvimento econômico da região norte


pode ser entendido a partir da criação de um projeto ferroviário para interligar a região amazônica entre
o final do século XIX e a primeira metade do século XX. No entanto, com o advento do regime militar
brasileiro, nos anos 60 do século XX, o projeto ferroviário foi abandonado em razão da prioridade dada
pelo regime militar ao transporte:
(A) pluvial na região norte;
(B) naval pelo litoral da região norte;
(C) aéreo na região norte;
(D) misto aéreo e pluvial da região norte;
(E) rodoviário da região norte.

02. (PGE/RO – Técnico da Procuradoria – FGV/2015) “A sensação térmica pode chegar a 38º C
neste sábado (5) na capital de Rondônia. De acordo com o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam),
o tempo deve ser firme em todo o estado no final de semana”.
A previsão é de céu claro sem chuvas em todo o centro sul. Já nas demais regiões, incluindo Porto
Velho, céu claro a parcialmente nublado com pancadas de chuvas e trovoadas em áreas isoladas,
podendo ser acompanhada de rajadas de ventos no período da tarde e noite. (Fonte: http://g1.globo.com/, 05/09/2015.
Acesso em 20/09/2015).
A descrição do tempo apresentada na notícia revela características de temperatura e pluviosidade
comuns na região norte do Brasil, onde predomina o clima:
(A) equatorial, com baixa amplitude térmica anual e estações bem diferenciadas em termos de
precipitação;
(B) tropical úmido, mesotérmico em termos de temperatura e de pluviosidade irregular;
(C) tropical semiúmido, de baixa amplitude térmica anual e duas estações pluviométricas bem
definidas;
(D) equatorial, com pequena variação de temperatura ao longo do ano e total pluviométrico anual
elevado;
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(E) tropical, com temperaturas médias elevadas ao longo do ano e precipitação distribuída de forma
irregular ao longo do ano.

03. (Prefeitura de Santana do Jacaré/MG – Psicólogo – Reis & Reis/2015) O Brasil segue,
atualmente, a divisão regional estabelecida em 1970, em quantas regiões se divide o território brasileiro?
(A) 06 regiões;
(B) 05 regiões;
(C) 04 regiões;
(D) 01 região.

04. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPE/GO/2015) A região Centro-Oeste é uma das cinco regiões
do Brasil definidas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Sobre ela, é correto afirmar:
(A) É a primeira região do país em superfície territorial.
(B) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso.
(C) É formada somente pelos Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
(D) É formada pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal.
(E) É formada pelos Estados de Goiás, Tocantins, Minas Gerais e pelo Distrito Federal.

05. (CODAR – Motorista – EXATUS/PR/2016) O Brasil é dividido em 5 Regiões Geográficas, estas


abrigam 26 Estados e 1 Distrito Federal. Dadas estas informações, assinale a alternativa que apresenta
as Regiões Geográficas Brasileiras que são formadas por apenas 3 Estados?
(A) Apenas, Centro-Oeste.
(B) Centro-Oeste e Sul.
(C) Sul, apenas.
(D) Nenhuma alternativa responde corretamente ao enunciado da questão.

Gabarito

01. E/02. D/03. B/04. D/05. B

3. O Espaço Natural Brasileiro: seu aproveitamento econômico e o meio


ambiente. a) Geomorfologia do território Brasileiro: O território brasileiro e a
placa sul americana; as bases geológicas do Brasil; as feições do relevo; os
domínios naturais e as classificações do relevo brasileiro. b) A questão
ambiental no Brasil. c) Os recursos minerais. d) As fontes de energia e os
recursos hídricos. e) A biosfera e os climas do Brasil

3. O ESPAÇO NATURAL BRASILEIRO: SEU APROVEITAMENTO ECONÔMICO E O MEIO


AMBIENTE

a) Geomorfologia do território Brasileiro: O território brasileiro e a placa sul americana; as bases


geológicas do Brasil; as feições do relevo; os domínios naturais e as classificações do relevo
brasileiro

Segundo os cientistas, a Terra surgiu há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, resultando da


agregação de poeira cósmica provocada pela atração gravitacional.

Agregação trata-se de uma das teorias mais atuais sobre a formação do universo, conhecida por
Teoria da Agregação.

Os choques entre essas partículas de poeira ocasionaram reações químicas explosivas, aquecendo o
planeta e transformando-o numa gigantesca massa incandescente. A partir desse momento, um longo
processo de resfriamento solidificou a parte mais externa da superfície terrestre.
De sua origem até o estágio atual, a Terra passou por diversas transformações, que são estudadas a
partir da disposição das camadas rochosas e dos fósseis nelas encontrados. Essas camadas
representam registros dos acontecimentos passados, e permitem compreender a evolução do planeta.

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As Eras Geológicas

A Geologia (ciência que estuda o conjunto da origem, da formação e das contínuas transformações
da Terra, assim como dos materiais orgânicos que a constituem), divide a história da Terra em eras
geológicas, que correspondem a grandes intervalos de tempo divididos em períodos que, por sua vez,
são subdivididos em épocas e idades. Cada uma dessas subdivisões corresponde a algumas importantes
alterações ocorridas na evolução do planeta.

A Estrutura Interna da Terra

O conhecimento da estrutura interna da Terra é essencial ao entendimento dos fenômenos que se


manifestam em sua superfície, como o vulcanismo e os terremotos, responsáveis por modificações na
modelagem da superfície terrestre. Os terremotos, por exemplo, afetam a vida de milhões de pessoas e
provocam graves catástrofes naturais na Califórnia (Estados Unidos), no Japão, no Chile, na Turquia e
em diversos outros países. O vulcanismo, outro fenômeno natural causado pelas forças internas da Terra,
acarreta também graves desastres naturais.
A atividade mineradora também depende do conhecimento da estrutura interna da Terra. Os recursos
minerais são matérias-primas básicas para a produção das mercadorias e para a geração da maior parte
da energia consumida no mundo.
Os estudos do interior da Terra baseiam-se em observações indiretas, pois até o momento, o poço
mais profundo – o da península de Kola, na Rússia, perfurado em 1987 – atingiu apenas 13 km. Todo o
material que sai pelos vulcões vem de profundidade de, no máximo, 200 km. Essas medidas, se
comparadas com o raio da Terra – 6380 km -, são muito pequenas.
As observações indiretas são obtidas por meio da análise dos tremores que ocorrem no interior da
Terra, cujas ondas, chamadas sísmicas, propagam-se em diferentes direções, algumas atingindo o
núcleo do planeta. A intensidade destas ondas é registrada por sismógrafos, aparelhos que também
medem a sua velocidade e, portanto, o tempo que elas levam para se deslocar do hipocentro (local do
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interior da Terra onde se origina o terremoto) até os locais onde essas ondas sísmicas se manifestam na
superfície terrestre - o epicentro.

A partir dessas observações, os cientistas chegaram à conclusão de que a Terra é formada


basicamente por três camadas: a crosta terrestre ou litosfera, o manto e o núcleo.
Na crosta terrestre – camada eterna – são encontradas rochas relativamente leves, constituídas
principalmente por silício e alumínio. Essa camada apresenta uma espessura variável: sob os continentes
varia de 20 a 70 km (a espessura máxima verifica-se nos locais sob as montanhas) e, sob os oceanos,
onde predominam o silício e o magnésios, varia de 5 a 15 km.
O manto – camada intermediária – é formado por rochas mais pesadas, como os basaltos, constituídas
principalmente por magnésio, ferro e silício. Na parte externa do manto há uma região conhecida por
astenosfera, formada de um material pastoso chamado magma. Nela ocorrem movimentos de
convecção: o magma aquecido sobe das porções mais internas da Terra em direção à crosta e, depois,
volta para o interior à medida que se resfria. Os movimentos de convecção dão origem a terremotos e
erupções vulcânicas.
O limite máximo interior do manto é de, aproximadamente, 2900 km, onde começa a camada mais
interna: o núcleo.
O núcleo, que tem como limite máximo interior a medida do raio da Terra, é constituído por níquel e,
principalmente, por ferro. Ele se encontra subdividido em duas camadas: o núcleo externo, que parece
ser líquido e vai até 5100 km; e o núcleo interno, que é sólido.

A isostasia
Dá-se o nome de isostasia (do grego isso: igual; e stásis: equilíbrio) ao estado de equilíbrio dos blocos
continentais da crosta terrestre que flutuam sobre a camada do manto.
Segundo a teoria do cientista inglês George B. Airy (1801-1892), considerando a crosta terrestre
formada por blocos da mesma densidade e admitindo-se como correta a hipótese de que no manto existe
uma zona de material viscoso em estado de fusão, quanto mais alto for o bloco montanhoso ou
continental, maior será sua raiz mergulhada no manto.
Para termos uma imagem similar desse fenômeno basta apreciarmos alguns blocos de gelo boiando
na água. Quanto mais espessos forem, mais emergem e imergem. (Adaptado de Glossário de termos geológicos. Associação
Profissional dos Geólogos de Pernambuco. Em: www.agp.org.br/glossario-i.html).

As Rochas e Solos que formam a Crosta Terrestre

A crosta terrestre é formada principalmente por rochas, como, por exemplo, a areia, o granito, o
mármore, o calcário e a argila. As rochas, por sua vez, são constituídas por um agregado de minerais ou
por um único mineral solidificado. Minerais são elementos ou compostos inorgânicos encontrados na
crosta terrestre. O granito, por exemplo, é composto por três minerais: quartzo, mica e feldspato.

Quanto à origem, as rochas classificam-se em magmáticas ou ígneas, sedimentares e


metamórficas.

As rochas magmáticas resultam da consolidação de material, em estado de fusão, proveniente do


manto. Elas constituem aproximadamente 80% da crosta terrestre e se subdividem em dois tipos:

Extrusivas ou vulcânicas – que se formaram na superfície (exemplo: basalto).

Intrusivas ou plutônicas – que se formaram internamente (exemplo: granito).

As rochas magmáticas intrusivas aparecem na superfície quando a erosão remove as outras rochas
que as encobrem. Sãos os afloramentos. O granito é muito utilizado no revestimento de pisos, em
paredes e na fabricação de tampos de pias. A decomposição do basalto, por sua vez, dá origem,
geralmente, a solos férteis, como a terra roxa, encontrada nos estados de São Paulo e Paraná.

As rochas sedimentares resultam da deposição de detritos de outras rochas e/ou de acúmulo de


detritos orgânicos (sedimentos). Normalmente a deposição ocorre em camadas horizontais. Quanto à
origem, as rochas sedimentares são classificadas em:

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Detríticas – constituídas pela acumulação de fragmentos de outras rochas (magmáticas, metamórficas
ou mesmo sedimentares). Exemplos: areia, arenito, argila, folhelho, varvito, conglomerado e tilito.
Químicas – provenientes de transformações químicas que alguns materiais em suspensão sofrem na
água. Exemplo: o sal-gema, que corresponde a depósitos de cloreto de sódio, os quais são encontrados
em áreas onde possivelmente havia mar.
Orgânicas – formadas pela ação de animais e vegetais ou pela acumulação dos seus dejetos.
Exemplo: o calcário, resultante da acumulação de restos de conchas, corais, etc. Essa é uma das rochas
mais abundantes e mais utilizadas pelo ser humano. Outro exemplo é o carvão mineral, que formou-se
da decomposição de restos vegetais que permaneceram enterrados por milhões de anos.

As rochas sedimentares têm grande importância econômica, pois nelas se encontram riquezas
minerais, como o carvão mineral e o petróleo. A areia, o varvito e o calcário também são muito utilizados
pelo setor de construção civil.

As rochas metamórficas resultam da transformação (metamorfização), em condições de pressão e


de temperatura bastante elevadas, de rochas preexistentes. As principais rochas metamórficas são: o
gnaisse, formado a partir da transformação do granito; a ardósia, resultado da metamorfose do xisto; e o
mármore, que resulta da transformação do calcário. A ardósia e principalmente, o mármore, são bastante
empregados não setor de construção civil.

São os principais tipos de solo e suas características4:

Latossolos – L
Formados sob ação de lavagens alcalinas em regiões quentes e úmidas florestadas. Parte da sílica
perde-se por eluvião, permanecendo os óxidos de ferro e de alumínio.

Podzólicos e podgolizados – P
Formados sob ação de lavagens ácidas, sobre material de origem arenoso em regiões úmidas e
florestadas. Como consequência de tais lavagens, as argilas são arrastadas para o horizonte B, ficando
as camadas superficiais mais arenosas.

Hidromórficos – Hi
Formados sob excesso de água, portanto, em condições de aeração deficiente.

Litossolos – Li
São solos geologicamente recentes. Pouco desenvolvidos e de pequena espessura, assentados
diretamente sobre as rochas consolidadas ou não. Os fatores de formação ainda não tiveram tempo para
diferenciar-lhe os horizontes.
Regossolos – R
São solos recentes, em início de formação. São profundos, arenosos, com drenagem excessiva.

Solos aluviais – Al
Recentes, ainda em formação, a partir de sedimentos aluviais. Distingue-se apenas o horizonte A1
sobre o horizonte C. São profundos, com perfil pouco diferenciado.

A Crosta Terrestre em Movimento

Em 1912, o cientista alemão Alfred Wegener elaborou a teoria da deriva dos continentes.
Observando a semelhança entre os contornos dos litorais da América, Europa e África, e também de suas
rochas, Wegener propôs que, há cerca de 200 milhões de anos, os continentes estariam todos unidos,
formando um único bloco, chamado Pangeia, rodeado por um único oceano, a Pantalassa, que teria
começado a se fragmentar com o aparecimento de fendas ou fraturas. Aos poucos, os fragmentos teriam
se afastado uns dos outros.
Observe a figura abaixo:

4
http://www.iqsc.usp.br/iqsc/servidores/docentes/pessoal/mrezende/arquivos/SOLO.pdf.

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Essa teoria foi contestada pela maioria dos geólogos da época. Um dos poucos que a apoiaram, o
inglês Arthur Holmes, elaborou, em 1928, a hipótese da expansão dos fundos oceânicos, baseando-se
nos movimentos de convecção do magma na atmosfera, camada situada logo abaixo da crosta. Para
Holmes, o movimento circulatório do magma empurraria os continentes.
Em 1967, Janson Morgan confirmou a hipótese de Holmes: os fundos oceânicos estão se deslocando
a partir das dorsais, que são cordilheiras situadas na porção central dos oceanos (meso-oceânicas).
Constatou-se também que as idades das rochas dos fundos oceânicos aumentam à medida que se
distanciam das dorsais, ou seja, quanto mais próximas dos continentes, mais antigas são as rochas.
A partir dessas constatações, chegou-se à conclusão de que o envoltório da Terra (crosta) é
descontínuo e fragmentado em vários blocos, os quais são formados por partes continentais e oceânicas
(o fundo ou assoalho dos oceanos). Cada bloco corresponde a uma placa tectônica (Ramo da Geologia
que estuda o dinamismo das forças que interferem na movimentação das camadas da crosta terrestre),
que se desloca pelos movimentos de convecção do magma. A teoria da deriva dos continentes foi
substituída pela teoria da tectônica de placas. Assim:

Ao mesmo tempo em que há o processo de afastamento (expansão) entre placas tectônicas, como,
por exemplo, nas cordilheiras meso-oceânicas, também chamadas zonas de divergência de placas,
verifica-se também o processo de fricção entre essas placas, pelo qual elas são pressionadas umas
contra as outras – são as chamadas zonas de convergência de placas. Nas zonas de convergência, o
contato entre as placas pode ser de dois tipos:

Subducção – as placas movem-se uma em direção a outra e a placa oceânica (mais densa)
“mergulha” sob a continental (menos densa). A placa oceânica entra em estado de fusão no manto.

Obducção ou colisão – choque entre duas placas na porção continental. Acontece em virtude da
grande espessura dos trechos nos quais estão colidindo. É o que ocorre entre a placa Indo-australiana e
a Euro-asiática Ocidental.

Por meio de raios laser emitidos de satélites artificiais, obteve-se a confirmação do movimento das
placas tectônicas, pois foi possível medir o afastamento dos continentes. A América do Sul, por exemplo,
afasta-se cerca de 3 cm por ano da África, levando a um alargamento do oceano Atlântico.

Terremotos

Nas áreas próximas aos limites entre as placas ocorrem muitos terremotos (abalos sísmicos) e a
atividade vulcânica é intensa. As grandes cadeias montanhosas da Terra, situadas nessas áreas,
surgiram por causa da colisão (ou obducção) de placas, como a cordilheira do Himalaia, ou pelo processo
de subducção, como a cordilheira dos Andes.

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O atrito entre as placas tectônicas produz acúmulo de pressão e descarga de energia, que se propaga
em forma de ondas sísmicas. A propagação dessas ondas provoca a vibração das rochas e grande
impacto nas áreas de montanhas próximas à região de atrito.
O abalo sísmico recebe o nome de maremoto quando ocorre no fundo dos oceanos, provocando
ondas de movimento acelerado e grande altura ao se aproximarem da costa. Se a onda que se forma for
muito grande, recebe o nome de tsunami, como a que afetou diversas regiões da Ásia e da África no
final de 2004, matando mais de 280 mil pessoas, considerada uma das maiores catástrofes de origem
ambiental já registrada na história.

Terremotos no Brasil

O público leigo, de forma geral, aceita a ideia de que o território brasileiro está a salvo de terremotos.
No meio científico, porém, há relatos de abalos sísmicos no Brasil desde o início do século 20. Uma
pesquisa sobre o tema contribuiu para diminuir o fosso entre o senso comum e a realidade científica: uma
equipe coordenada pelo geomorfólogo Allaoua Saadi, professor da Universidade Federal de Minas
Gerais, elaborou o Mapa neotectônico do Brasil e identificou a existência de 48 falhas-mestras no território
nacional. “É justamente ao longo do traçado dessas falhas que se concentram as ocorrências de
terremotos”, explica Saadi. (...)
Terremotos constituem uma resposta a rupturas da crosta terrestre provocadas pelo deslocamento dos
blocos (subdivisões das placas tectônicas) ao longo de uma falha. As rochas comportam-se como corpos
elásticos, deformando-se e acumulando energia proveniente do contato e do movimento entre os blocos.
“No momento da ruptura, a energia ‘represada’ durante o período de acumulação do stress anterior é
liberada de uma só vez ou em episódios mais ou menos próximos”, esclarece Saadi.
Os grandes abalos ocorrem principalmente na região de encontro entre as placas, onde se localizam
as falhas maiores de escala continental. O globo terrestre é constituído por (...) placas e o território
[brasileiro] está totalmente situado no interior da Placa Sul-Americana – daí a ideia de que não haveria
tremores de terra no país. No Brasil, os terremotos intraplacas, onde o tamanho das falhas tem dimensões
variadas, costumam ser mais brandos e dificilmente atingem mais de 4,5 graus de magnitude. Porém,
ainda precisam ser mais estudados. No início do século 20 um terremoto de grandes proporções – 8
graus – ocorreu na costa leste dos Estados Unidos, região de atividade sísmica semelhante à do Brasil.
“Comparados aos da região andina, situada exatamente na fronteira entre a placa de Nazca e a placa
Sul-Americana, os abalos sísmicos brasileiros são menos frequentes e intensos”, explica Saadi. Eles não
devem, no entanto, ser desprezados. Há registros no Brasil de terremotos com magnitude acima de 5
graus. Em 1986 a cidade de João Câmara (RN) foi palco de vários tremores que chegaram a destruir e
danificar cerca de 4000 casas. KUCK, Denis Weisz. Ciência Hoje on-line, 06/11/02.

Os terremotos podem ser medidos quanto à magnitude e à intensidade.


A magnitude é a quantidade de energia liberada no foco do sismo, sendo medida a partir de uma
escala estabelecida pelo sismólogo norte-americano Charles Richter. Essa escala – escala Richter –
começa no grau zero e, teoricamente, não tem um limite superior. Ela também é logarítmica, ou seja, um
terremoto de magnitude 5, por exemplo, produz efeitos 10 vezes maiores que um outro de magnitude 4.
Um dos terremotos mais violentos já registrado atingiu 9,2 graus, no Japão, em 1992, liberando um milhão
de vezes mais energia que a bomba atômica lançada sobre Nagasaki. Não houve mortes porque a região
atingida era desabitada.
A intensidade baseia-se na constatação dos efeitos provocados pelo terremoto na superfície, que,
provavelmente, vão ser menores à medida que se distancie do seu epicentro. A escala de intensidade
sísmica mais utilizada é a de Mercalli modificada, que varia de I (danos mínimos) a XII (danos máximos),
quando ocorre o desaparecimento quase que total de vestígio de construção humana; objetos são
lançados para o alto, formam-se grandes fendas no terreno e consideráveis transformações no relevo.
De todas as áreas sujeitas a terremotos no mundo, o Japão e a Califórnia (Estados Unidos) são as
mais bem preparadas para enfrentar sismos. Isso decorre do próprio nível de desenvolvimento desses
países, de suas condições econômicas, que possibilitam investimentos em pesquisas no setor de
construção civil, no treinamento da população, nos equipamentos para previsão de tremores, na
manutenção de cientistas, etc.

A estrutura geológica

Nas áreas emersas, a crosta terrestre é formada por três tipos de estruturas geológicas, as quais são
caracterizadas pelos tipos de rochas predominantes e o seu processo de formação, e pelo tempo

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geológico em que surgiram. Essas estruturas geológicas são os dobramentos modernos, os maciços
antigos e as bacias sedimentares.
Os dobramentos modernos são os trechos da crosta de formação recente e, por essa razão,
compostos por rochas mais flexíveis e maleáveis, situadas relativamente próximas às zonas de contato
entre placas (zonas convergentes). Devido à pressão de uma placa sobre a outra, esta parte da crosta
dobra-se num processo lento e contínuo, dando origem às montanhas.
Os dobramentos modernos são denominados de tectonismo horizontal ou movimento orogenético.
(Orogênese: Resulta do movimento horizontal, responsável pela formação das montanhas. Esse
movimento provém do choque entre as placas em suas zonas de contato, que provoca a deformação da
crosta, formando dobras em alguns trechos dessas placas).
O deslocamento vertical dos blocos rochosos nas regiões de falhamento da crosta é denominado
movimento epirogenético. (Epirogênese: Resulta de movimentos verticais nas regiões de ocorrência
de “falhas”. Esses movimentos provocam soerguimento ou rebaixamento de blocos rochosos da crosta
terrestre, em regiões afastadas das zonas de contato e, consequentemente, em áreas em que são
encontradas rochas mais sólidas e estáveis).

Os maciços antigos, também chamados escudos cristalinos, são os terrenos mais antigos da crosta
terrestre. Datam da era Pré-Cambriana (Arqueozoica e Proterozoica) e são constituídos basicamente por
rochas magmáticas e metamórficas. Nos maciços que se formaram na era Proterozoica ocorrem as
jazidas de minerais metálicos, como, por exemplo, as de ferro, ouro, manganês, prata, cobre, alumínio,
estanho.
A pressão do magma sobre estas estruturas antigas provoca fraturas ou falhas na litosfera e,
posteriormente, o deslocamento vertical de grandes blocos, soerguendo e rebaixando a superfície.
As bacias sedimentares começaram a se formar apenas na era Paleozoica. Resultam da acumulação
de sedimentos provenientes do desgaste das rochas; de organismos vegetais ou animais; ou mesmo de
camadas de lavas vulcânicas solidificadas. É nestas estruturas que se formam importantes recursos
minerais energéticos, como o petróleo e o carvão mineral.

As bacias sedimentares abrangem cerca de 64% do território brasileiro; os maciços (escudos) e os


dobramentos antigos respondem por carca de 36% dessa área, na qual 32% dos terrenos formaram-se
no período Arqueozoico, e apenas 4%, no Proterozoico. Nesses últimos, concentram-se, sobretudo,
rochas metamórficas, nas quais estão presentes as mais importantes jazidas de minerais metálicos do
país.

A estrutura geológica do Brasil

A estrutura geológica do Brasil apresenta maciços (escudos) antigos e bacias sedimentares, não se
verificando a existência de dobramentos modernos.
O território brasileiro encontra-se distante da zona de instabilidade tectônica – a mais próxima
encontra-se junto ao oceano Pacífico, nos países andinos. Nessa posição geográfica, está livre de
vulcanismo. Alguns tremores de terra já foram detectados, mas sem registro de destruição de edifícios,
pontes ou cidades, o que acontece na Colômbia, no Chile e Peru, situados próximo às regiões onde
ocorre o choque entre as placas Sul-americana e de Nazca.

O conhecimento da estrutura geológica do território brasileiro é de fundamental importância para se


compreender o modelado da superfície do país – o seu relevo – e atuar racionalmente sobre ele, tanto na
exploração dos recursos minerais e energéticos como na agricultura e na sua conservação, evitando-se
processos erosivos prejudiciais à economia e ao meio ambiente.

A estrutura geológica do Brasil é caraterizada por três tipos de terrenos:

a) Escudos cristalinos:
Terrenos de formação pré-cambriana, que afloram em cerca de 36% do território do país. Nos terrenos
arqueozoicos (32% do território), encontramos rochas como o granito e elevações como a serra do Mar.
Nos terrenos proterozóicos (4% do território), encontramos rochas metamórficas que formam jazidas
minerais, principalmente de ferro e manganês, como as localizadas na serra dos Carajás, no Pará.

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b) Bacias sedimentares:
Formações recentes, que recobrem cerca de 58% do território brasileiro. Nas áreas de formação
paleozoica, o destaque são as jazidas carboníferas do sul, e nas áreas de formação mesozoica, os
depósitos petrolíferos do litoral.
Nos terrenos cenozoicos, destacam-se as planícies.

c) Terrenos vulcânicos:
Áreas que durante a era Mesozoica sofreram a ação de intensos derrames vulcânicos. Na bacia do
Paraná, particularmente, as lavas esparramaram-se po0r cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados e
originaram rochas como o basalto e o diabásio. Nas áreas de ocorrência dessas rochas, é comum a
presença de um dos tipos de solo mais férteis do Brasil: a terra roxa, formada da decomposição do
basalto.

Os agentes do relevo:
O relevo terrestre está em constante transformação, e os fenômenos naturais causadores dessa
dinâmica são agrupados em dois grandes conjuntos: agentes da dinâmica interna e da dinâmica externa.

Agentes da dinâmica interna:


Considerados agentes formadores do relevo, são fenômenos que atingem a superfície terrestre, mas
que têm origem nas altas temperaturas e pressões do interior do globo. São eles:

* o tectonismo – movimentos da crosta terrestre que originam dois tipos de processos: dobramentos
(quando afetam rochas plásticas, características de áreas sedimentares) e falhamentos (quando afetam
rochas rígidas, características de áreas de formação cristalina do período Pré-Cambriano);

* o vulcanismo – rompimento da crosta terrestre pela ação da forte pressão feita pelo magma. Ocorre
quando, através de falhas ou fraturas, o magma em fusão sobe até a superfície terrestre, acompanhado
ou não de gases e cinzas;

* os abalos sísmicos (terremotos e maremotos) – tremores que afetam a superfície terrestre e que
se devem aos rápidos movimentos do interior do planeta causados pelo vulcanismo ou pelo tectonismo.

Agentes da dinâmica externa:


Considerados agentes modeladores do relevo, na maioria das vezes são fenômenos vinculados à
ação do clima. Dentre eles, destacam-se:

* as águas correntes – são os principais agentes modeladores externos da crosta terrestre. Abrangem
o trabalho dos rios (erosão, transporte e acumulação fluvial, das chuvas e enxurradas (erosão, transporte
e acumulação pluvial) e do mar (abrasão);

* a dinâmica glacial – o avanço ou o recuo de geleiras intensifica o processo de desagregação das


rochas, contribuindo para mudar as formas do relevo. O material rochoso erodido, transportado e
acumulado pela ação do degelo é denominado moraina ou morena;

* os ventos – são os agentes mais atuantes na modelação do relvo das áreas áridas ou semiáridas,
onde é comum a formação de dunas, devida ao trabalho eólico de erosão, transporte e acumulação e à
ausência de ação hídrica;

* o intemperismo – alteração do modelado terrestre por ação do clima sobre as rochas. Estas podem
sofrer degradação (quando a alteração é fundamentalmente produzida por processos físicos, ligados a
temperatura e pressão) ou decomposição (quando a alteração resulta de processos químicos, quase
sempre pela ação da umidade). Nos dois casos, a alteração é acelerada pela ação biológica,
particularmente de microrganismos.

A ação do homem:
Paralelamente aos fenômenos naturais internos e externos que interferem no relevo terrestre, um outro
agente modificador está em atuação constante: o homem.
Com recursos cada vez mais sofisticados, a ação humana acelera a erosão, sobretudo nas partes mais
altas do relevo, intensifica a sedimentação das partes mais baixas, particularmente nos vales fluviais, e,

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o que é mais grave, acelera o processo de assoreamento dos rios, aumentando a frequência e a
intensidade das enchentes.
Entre as principais formas de atuação do homem que repercutem negativamente no relevo, estão:

* a derrubada de matas em áreas serranas ou de declives acentuados, que favorece o deslizamento


de terras e rochas – material que, transportado para o leito dos rios, causa o seu assoreamento, tornando-
se mais rasos e, assim, provocando enchentes;

* a derrubada de matas em áreas aplainadas, que favorece a infiltração excessiva de água no solo,
cujos componentes passam a ser dissolvidos com mais intensidade;
* as queimadas, que, além de eliminarem os nutrientes do solo, matam as raízes vegetais que o fixam,
favorecendo a erosão pela enxurrada;

* o uso inadequado do solo, com a utilização intensiva de máquinas agrícolas e o cultivo em áreas de
declive – ambas práticas que facilitam o processo erosivo, especialmente quando este é provocado pela
ação das águas pluviais;

* a ocupação inadequada dos solos para a implantação de moradias – nas áreas serranas, por exemplo
– e o uso econômico das áreas de cabeceira dos rios.
Referências Bibliográficas:

GARCIA, Hélio Carlos; GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Anglo.

LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci; Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. 3ª edição. São Paulo: Saraiva.

Questões

01. (FUB – Geólogo – CESPE/2015) Com relação às eras geológicas, julgue o item a seguir.
Os dinossauros viveram no período quaternário.
(....) Certo (....) Errado

02. (FUB – Geólogo – CESPE/2015) Com relação às eras geológicas, julgue o item a seguir.
O supercontinente Pangeia começou a se desagregar no início da era mesozoica.
(....) Certo (....) Errado

Gabarito

01. Errado/02. Certo

Comentários

01. Resposta: Errado.


Período Quaternário:
* Dobramentos modernos (atuais montanhas);
* Surgimento de aves, mamíferos e primatas;
* Atuais continentes.

02. Resposta: Certo.


Era Mesozoica:
* Divisão do grande continente da Pangeia, em Laurásia e Gondwana (130 milhões de anos);
* Surgimento dos grandes répteis (como os dinossauros).

Elementos formadores das paisagens naturais

Transcorridos mais de cinco séculos desde o início da colonização portuguesa, o Brasil ainda guarda
em seu território uma impressionante diversidade de paisagens naturais, o que constitui inestimável
tesouro. Montanhas recobertas por florestas tropicais, campos de gramíneas estendendo-se a perder de
vista, planícies inundáveis, a maior floresta equatorial do mundo e serras que abrigam grandes extensões
de pinheiros nativos são alguns exemplos da exuberante natureza brasileira.

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No entanto, é preciso alertar que essas paisagens naturais, mais do que nunca, correm o risco de
desaparecer devido à incessante degradação imposta pelo homem, que age destrutivamente na busca
do lucro imediato.
Um dos maiores geógrafos brasileiros, o professor Aziz Nacib Ab’Saber, classificou as paisagens
brasileiras sob o ponto de vista morfoclimático, pois resultam da interação dos seguintes fenômenos
naturais:
* estrutura geológica e relevo;
* clima;
* formação vegetal;
* rede hidrográfica.

Para que possamos melhor compreender as paisagens morfoclimáticas identificadas pelo professor
Ab’Saber, bem como apontar algumas ameaças à sua existência, é necessário, antes, estudar cada um
dos elementos naturais que as compõem.

A base do território: estrutura geológica e relevo:

Estrutura geológica é a base de um território. Corresponde à sua composição rochosa. Já o relevo


é a forma apresentada pelo território aos nossos olhos: montanhas mais altas, montanhas rebaixadas,
planícies, depressões.

O território brasileiro é parte integrante da placa sul-americana. Esta, juntamente com as demais placas
tectônicas, constitui a crosta terrestre, invólucro rochosos do planeta com cerca de 30 quilômetros de
espessura. A crosta terrestre flutua sobre o manto, material pastoso em estado de fusão genericamente
chamado de magma.
Ao flutuar sobre o magma, as placas tectônicas frequentemente se chocam, provocando
simultaneamente terremotos e elevações montanhosas (desdobramentos modernos). Nessas áreas é
comum surgirem vulcões, já que a presença das fendas que individualizam as placas permite o
extravasamento do magma.
Entretanto, nada disso ocorre no território brasileiro, que está localizado no centro da placa sul-
americana. Longe da borda dessa placa, local que fica à colisão com outras placas tectônicas, em nosso
país raramente são registrados abalos sísmicos ou vulcanismo atuante. Essa teoria pode ser comprovada
visualmente, pois no Brasil só ocorrem dois dos três tipos principais de estrutura geológica (escudos
cristalinos, bacias sedimentares e dobramentos modernos) encontradas na crosta terrestre:

Maciços antigos ou escudos cristalinos – são o embasamento mais antigo da crosta terrestre.
Formados no período geológico Pré-cambriano, apresentam rochas cristalinas magmáticas e
metamórficas.

Rochas cristalinas – No Brasil, as rochas cristalinas não fazem parte do ciclo de solidificação,
transformação (por temperatura e pressão) e fusão, que só ocorre nas áreas de vulcanismo atuante.

Bacias sedimentares – formadas por rochas originárias da deposição de sedimentos nas


concavidades da crosta terrestre. Por isso, essas rochas recebem o nome de sedimentares, tendo sido
formadas no Paleozoico, Mesozoico e Cenozoico a partir de sedimentos transportados pelos agentes
externos que modelam o relevo: as intempéries – chuva, vento, neve, etc.

Dobramentos modernos:
Além desses dois tipos de relevo, há um terceiro: os desdobramentos modernos ou montanhas jovens.
Constituem as maiores elevações da Terra, formadas no período Terciário da Era Cenozoica. Essas
montanhas ocorrem nas áreas de contato entre as placas tectônicas, que são também os locais mais
vulneráveis à pressão que ainda hoje é exercida pelas forças internas oriundas do magma. Nessas áreas,
costumam ser frequentes abalos sísmicos (terremotos) e atividades vulcânicas (vulcões ativos).
Contudo, em épocas mais remotas, ocorreu intenso tectonismo no território brasileiro, especialmente
na atual região Sudeste. Nesse caso, movimentos de placas tectônicas geraram, simultaneamente, o
soerguimento de algumas áreas e o rebaixamento de outras. Daí surgiram as chamadas Terras Altas do
Sudeste, parcialmente entremeadas pelo vale do rio Paraíba, que se encaixa entre a Serra da Mantiqueira
e a Serra do Mar, entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

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Agentes da mudança:
O relevo terrestre sofre a ação de agentes endógenos e exógenos. Os agentes endógenos,
especialmente o tectonismos, têm origem na ação de forças internas sobre a estrutura da Terra. É esse
movimento da crosta terrestre que forma o relevo. Os agentes exógenos são os fatores externos que
modelam o relevo, como o vento, a chuva e o calor.

* Orogênese: processo tectônico causado por movimentos horizontais da crosta terrestre que, por sua
vez, resultam no choque de placas tectônicas. Esse fenômeno originou os grandes cinturões de
montanhas, como os Alpes, os Andes e o Himalaia;

* Epirogênese: movimento tectônico causado por pressões verticais do magma, oriundas de suas
variações térmicas. Esse fenômeno formou as serras do Mar e da Mantiqueira, bem como o vale do rio
Paraíba.

Relevo e estrutura geológica são conceitos diferentes. O relevo corresponde à forma apresentada
pela superfície terrestre, estudada por um ramo da ciência chamado geomorfologia. A estrutura
geológica corresponde à natureza das rochas que compõem o relevo. As rochas podem ser de três tipos:
Magmáticas – são as rochas resultantes da solidificação do magma. Dividem-se em dois grandes
grupos:
* Intrusivas, quando a solidificação ocorre no interior da crosta terrestre. Esse processo de
solidificação é mais lento, o que permite o desenvolvimento de grandes cristais visíveis a olho nu. Esses
cristais formam as rochas cristalinas, como o granito e o quartzo;
* Extrusivas, formadas na superfície, de origem vulcânica. Como o resfriamento e a solidificação são
muito rápidos, não há tempo para a formação de grandes cristais. O exemplo mais comum desse grupo
de rochas é o basalto.
Metamórficas – rochas oriundas da transformação físico-química de outras previamente existentes.
São exemplos desse tipo de rocha o mármore, resultante da transformação do calcário, e o gnaisse, da
transformação do granito.
Sedimentares – são as rochas formadas sobretudo pela deposição de detritos. Esses detritos podem
ser de rochas preexistentes, caso do arenito, ou de matéria orgânica, caso do carvão mineral, que resulta
da decomposição, sedimentação e compactação de antigas florestas.

O relevo brasileiro é modelado principalmente pelas intempéries, isto é, pelas variações rigorosas dos
elementos climáticos, como a temperatura, o vento e a chuva, que atuam sobre as rochas causando
alterações físicas e químicas. Essa atuação é chamada de intemperismo. Nas regiões de alta
pluviosidade prevalece o intemperismo químico, que leva ao desgaste das rochas pela transformação dos
minerais por oxidação e outras reações químicas com a água. Nas regiões de menor pluviosidade, como
o sertão nordestino e o Centro-Oeste, prevalece o intemperismo físico, fenômeno de dilatação e
contratação das rochas pela oscilação de temperatura, o que provoca a sua fragmentação.
A esculturação do relevo é muitas vezes acelerada pela ação antrópica (humana), que pode alterar
tanto o processo de erosão como o de sedimentação.

As bacias sedimentares:
Já sabemos que as rochas sedimentares são formadas de detritos dos mais variados tipos de rochas,
que foram submetidas ao intemperismo, processo físico-químico responsável pela sua desagregação e
transformação. Esses detritos, transportados pela água, vento ou gelo, depositam-se nas grandes
depressões da superfície terrestre, formando as bacias sedimentares.
Durante a era Mesozoica, quando a bacia sedimentar do Paraná estava sendo formada, ocorreu uma
intensa atividade vulcânica no território brasileiro, basicamente sob forma de imensos derrames de lava.
Esses derrames vulcânicos formaram rochas basálticas, cuja decomposição originou a terra roxa, solo
extremamente fértil que determinou a vocação agropecuária do oeste do estado de São Paulo e norte do
estado do Paraná.
A bacia sedimentar do Paraná também se destaca pela ocorrência de outro magnífico recurso
estratégico: um imenso depósito de água potável. Trata-se do Aquífero Guarani, um gigantesco lençol
freático que ocupa uma área total de 1.200.000 km², estendendo-se por terras brasileiras e dos outros
três países do Mercosul.

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Os escudos cristalinos:
Os afloramentos dos escudos cristalinos correspondem a 36% do território brasileiro. São áreas ricas
em ocorrências minerais de grande valor comercial. Esses minerais podem ser não-metálicos, como o
granito e as pedras preciosas, ou metálicos, como o ferro e a bauxita.
Os minerais metálicos são abundantes no Brasil. Encontrados principalmente em rochas que se
formaram durante a era Proterozoica, os mais importantes são:
* o ferro, explorado principalmente no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, e na Serra dos Carajás,
no Pará;
* o manganês, cujas principais jazidas situam-se no maciço de Urucum (MS) e na Serra do Navio
(AP); a extração, porém, é maior em Conselheiro Lafayette (MG) e na Serra dos Carajás (PA);
* a bauxita, explorada no vale do rio Trombetas, no Pará, e a cassiterita, principalmente em Rondônia
e Minas Gerais.
O Brasil possui ouro encontrado principalmente em Minas Gerais, explorado em minas profundas, e
no Pará, onde geralmente é extraído em garimpos clandestinos.
Impulsionada pelo Estado, a exploração desses e de outros minérios constituiu um dos pilares que
sustentaram o início do processo de industrialização, nas décadas de 1940 e 1950. O marco dessa época
foi a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), em 1941.
Todavia, desde os anos 1950, tem crescido gradualmente a participação do capital estrangeiro no
setor, especialmente dos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Alemanha e Japão. Exemplo disso é a
atual política de flexibilização dos monopólios estatais, que muitas vezes resultou na privatização de
empresas. Foi o caso da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), privatizada em 1997.

O relevo brasileiro e suas classificações

A classificação do relevo de Aroldo de Azevedo:


Uma das mais antigas divisões do relevo foi feita na década de 1940 pelo professor Aroldo de Azevedo
e serviu de base para todas as outras divisões feitas posteriormente. Ao elaborar sua divisão, ele levou
em conta principalmente as diferenças de altitude.
Desse modo, as planícies foram classificadas como as partes do relevo relativamente planas com
altitudes inferiores a 200 metros. Por sua vez, os planaltos foram considerados as formas de relevo
levemente onduladas, cujas altitudes superam 200 metros.
Essa classificação divide todo o território brasileiro em planaltos, cuja área total ocupa 59% de toda a
superfície do país, e planícies, que ocupam os 41% restantes.

A classificação do relevo de Aziz Ab’Saber:


No final da década seguinte, de 1950, o professor Aziz Nacib Ab’Saber aperfeiçoou a divisão do
professor Aroldo de Azevedo, introduzindo critérios geomorfológicos, especialmente as noções de
sedimentação e de erosão. As áreas nas quais o processo de erosão é mais intenso do que o de
sedimentação foram chamadas de planaltos. As áreas em que o processo de sedimentação supera o de
erosão foram denominadas planícies.
Nota-se, assim, que essa classificação não leva em conta as cotas altimétricas do relevo, mas os
aspectos de sua modelagem, ou seja, a geomorfologia.

Compare as duas classificações:

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A classificação do relevo de Jurandyr Ross:
Em 1989 o professor Jurandyr Ross elaborou uma outra classificação do relevo, dessa vez usando
como critério três importantes fatores geomorfológicos:
* a morfoestrutura – origem geológica;
* o paleoclima – ação de antigos agentes climáticos;
* o morfoclima – influência dos atuais agentes climáticos.
Trata-se de uma divisão inovadora, que conjuga o passado geológico e o passado climático com os
atuais agentes escultores do relevo.
Com base nesses critérios, o professor Ross identifica três tipos de relevo:
* planaltos – porções residuais salientes do relevo, que oferecem mais resistência ao processo
erosivo;
* planícies – superfícies essencialmente planas, nas quais o processo de sedimentação supera o de
erosão;
* depressões – áreas rebaixadas por erosão que circundam as bordas das bacias sedimentares,
interpondo-se entre estas e os maciços cristalinos.

Questões

01. (SEDUC/PI – Professor de Geografia – NUCEPE/2015) Para análise das paisagens naturais
brasileiras o geógrafo Ab’Saber (1967) propôs uma classificação em domínios morfoclimáticos.
Marque a alternativa que apresenta CORRETAMENTE os aspectos relacionados à concepção da
leitura das paisagens por Ab’Saber.
(A) Expressa a relação intrínseca entre as condições fitogeográficas, flutuações climáticas e as formas
do modelado da superfície terrestre.
(B) As delimitações geográficas dos domínios morfoclimáticos brasileiros são precisas, a partir das
condições específicas de cada um, sem áreas de transição ou interconexão entre eles.
(C) Os domínios morfoclimáticos brasileiros são propostos considerando os aspectos geológicos e
geomorfológicos das bacias hidrográficas.
(D) Utiliza como critério para classificação o endemismo como o que ocorre no Cerrado e na Caatinga,
domínios morfoclimáticos brasileiros exclusivos da região Nordeste.
(E) Considera os aspectos inerentes à classificação dos macrocompartimentos do relevo brasileiro
como planícies, planaltos e depressões.

02. (IF/MT – Professor de Geografia – IF/MT) A originalidade dos sertões no Nordeste brasileiro
reside num compacto feixe de atributos: climático, hidrológico e ecológico. Fatos que se estendem por
um espaço geográfico de 720 mil quilômetros quadrados [...]. Na realidade, os atributos do Nordeste seco
estão centrados no tipo de clima semiárido regional, muito quente e sazonalmente seco, que projeta
derivadas radicais para o mundo das águas, o mundo orgânico das caatingas e o mundo socioeconômico
dos viventes dos sertões. (AB’SÁBER, A. N. Os Domínios de natureza no Brasil: potencialidades [...]. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.)
O texto descreve os sertões do Nordeste brasileiro como
(A) uma paisagem, onde os aspectos climáticos, entre eles a temperatura, quase sempre muito
elevada, e as precipitações anuais que geralmente variam entre 1500 e 1800 mm, influenciam nas
formações vegetais, nas características hidrológicas e na vida social e econômica dos sertanejos.
(B) um lugar onde a hidrologia regional do Nordeste úmido independe do ritmo climático sazonal que
ocorre, área habitada pela população pobre com baixo poder econômico.
(C) um mundo orgânico, caracterizado pelos elevados índices pluviométricos que determinam a
originalidade ecológica, climática, hidrológica e a vida dos sertanejos.
(D) uma vereda hidrológica e ecológica, onde as águas dos rios temporários fluem mesmo na época
das precipitações com cerca de 3500 mm anuais, possibilitando as atividades econômicas dos habitantes
dos sertões.

03. (MPU – Analista em Geografia – CESPE) De acordo com o geógrafo Aziz Ab’Saber, em um
estudo integral do relevo de determinada área, utilizado para o planejamento de ocupação do espaço,
devem ser considerados alguns níveis de abordagem pertinentes à geomorfologia. No que se refere a
esses níveis, julgue o item a seguir.
A estrutura superficial é um estudo que representa a ação dos processos morfodinâmicos que agem
atualmente sobre determinada área. Esses processos, constantemente, derivam de modificações
causadas pelo homem, que interfere nas atividades evolutivas do modelado original.
(....) Certo (....) Errado

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04. (MPU – Analista em Geografia – CESPE) De acordo com o geógrafo Aziz Ab’Saber, em um
estudo integral do relevo de determinada área, utilizado para o planejamento de ocupação do espaço,
devem ser considerados alguns níveis de abordagem pertinentes à geomorfologia. No que se refere a
esses níveis, julgue o item a seguir.
A análise da fisiologia da paisagem apresenta os diferentes graus de risco de determinada área,
oferecendo, assim, subsídios quanto à forma racional de ocupação.
(....) Certo (....) Errado

05. (IBGE – Tecnologista em Geografia – CESGRANRIO) Em nosso projeto ambientalista, a ideia


central era que, em certas áreas rurais degradadas, a gente incentivasse e reservasse um pequeno setor
para árvores de espécies de crescimento rápido em propriedades pequenas e médias, para reativá-las
economicamente. Isso se daria da seguinte maneira: dentro da propriedade, seria escolhido um lugar
exato para colocar os bosques plantados; depois, seriam reintroduzidas espécies nativas ao longo e no
entorno das cabeceiras de drenagem e dos canais de escoamento que vão dar em pequenos rios da
região. Cooperativas seriam organizadas nos municípios para fornecer as mudas. E as pessoas donas
dessas terras poderiam vender a madeira entre o período das colheitas. AB’SABER, A. O que é ser geógrafo. Rio de Janeiro:
Record, 2011, p. 138. Adaptado.

A ideia central desse projeto ambientalista consiste em reativar áreas com o plantio de
(A) florestas sociais
(B) espécies ornamentais
(C) culturas de exportação
(D) monoculturas comerciais
(E) policulturas de subsistência

06. (TJ/SC – Técnico Auxiliar – TJ/SC) De acordo com o geógrafo Aziz Ab’Saber, existem no Brasil
seis grandes áreas que se caracterizam pelo predomínio de uma paisagem natural, são os Domínios
Naturais ou Morfoclimáticos. Sobre eles e suas principais características, assinale as proposições
corretas:
I O Domínio das Pradarias, localiza-se em uma área de planície inundável, solos férteis e coberto por
uma vegetação de gramíneas. Por estar distante dos grandes centros industriais do país, apresenta uma
menor interferência pelas atividades humanas.
II O Domínio da Caatinga, corresponde ao Sertão Nordestino e é constituído por formações xerófitas
e arbustos espinhentos e caducifólios.
III As condições de aridez e a pequena diversidade biológica do Domínio da Caatinga explicam porque
este domínio apresenta menores índices de degradação ambiental.
IV O Domínio de “Mares de Morros” recebe esta denominação em virtude da sua forma de relevo que
se caracteriza por apresentar morros arredondados, intensamente desgastados pela erosão,
correspondendo aos planaltos e serras do Sudeste que já estiveram recobertos por uma floresta tropical
úmida, a Mata Atlântica, hoje quase totalmente devastada.
Estão corretas as proposições:
(A) Todas as proposições estão corretas
(B) I, II e III
(C) II, III e IV
(D) I e II
(E) II e IV

07. (TJ/SC – Técnico Auxiliar – TJ/SC) “No cinturão de máxima diversidade biológica do planeta –
que tornou possível o advento do homem- a Amazônia se destaca pela extraordinária continuidade de
suas florestas, pela ordem de grandeza de sua principal rede hidrográfica e pelas sutis variações de seus
ecossistemas, em nível regional e de altitude.” Ab’Saber, Aziz- Os Domínios de Natureza do Brasil: Potencialidades Paisagísticas. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2003, p. 65.

Sobre a Amazônia, suas características e aspectos fisionômicos, todas as alternativas estão corretas,
EXCETO:
(A) A Amazônia é caracterizada pela predominância de terras baixas florestadas, delimitadas pelas
bordas dos planaltos ao norte e ao sul.
(B) A região é caracterizada pelo predomínio do clima equatorial que apresenta médias térmicas
elevadas e pequena amplitude térmica anual. Os índices pluviométricos são elevados, superiores a 2 000
mm anuais.
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(C) O processo de degradação e devastação da região Amazônica pode-se facilmente ser observado
pelas imagens de satélite, o “arco do desmatamento,” que avança de Rondônia e Mato Grosso para o sul
e sudeste do Pará.
(D) Os fatores responsáveis pelo desmatamento da Amazônia são: o avanço das fronteiras agrícolas,
com a soja, a exploração madeireira, a criação de gado, com a queimada das vegetação para a instalação
das pastagens e os grandes projetos mineralógicos da região.
(E) A Amazônia apresenta a maior diversidade biológica do planeta e isto está diretamente relacionada
com a grande variação latitudinal da região.

08. (MPU – Analista em Geografia- CESPE) No que concerne à zoogeografia e à fitogeografia, julgue
o item seguinte.
Segundo a classificação de Ab'Saber para a vegetação brasileira, os domínios morfoclimáticos
apresentam uma distribuição zonal.
(....) Certo (....) Errado
Gabarito

01. A/02. A/03. Errado/04. Errado/05. A/06. E/07. E/08. Certo

Comentários

01. Resposta: A.
O geógrafo Aziz Ab’Saber classificou essas paisagens em domínios morfoclimáticos, separados uns
dos outros por faixas de transição – paisagens heterogêneas, compostas por elementos vegetais de dois
ou mais domínios. Essa classificação considera a interação do relevo com os outros elementos naturais,
como o clima, a vegetação, o solo, a estrutura geológica, etc.

02. Resposta: A.
Vegetação do clima semiárido – caatinga: A relativa escassez de água, somada à pobreza dos
solos, ofereceu condições naturais para o desenvolvimento da caatinga.
A caatinga é caracterizada pela predominância de espécies arbustivas, especialmente cactáceas,
entremeadas por gramíneas e por algumas árvores de maior porte. Por isso, é considerada uma
vegetação complexa. As plantas têm muitos espinhos, caules grossos e poucas folha. Enfim, são
caracteristicamente plantas xerófitas (adaptadas a climas secos).

03. Resposta: Errado.


A estrutura superficial é um estudo que se ocupa pelo entendimento histórico da formação e evolução
do terreno, e não "processo morfodinâmicos que agem atualmente".

04. Resposta: Errado.


A análise da fisiologia da paisagem preocupa-se em entende os processos morfodinâmicos atuais,
inserindo-se na analise o homem como sujeito modificador. O estudo da compartimentação morfológica
é que se encarregará de apresentar os diferentes graus de risco de determinada área.

05. Resposta: A.
O pesquisador da USP Aziz Ab’Saber procurou introduzir no Brasil as florestas sociais, ou seja, o
aproveitamento de solos pobres para o plantio de árvores de alta rotação, reconhecendo que o eucalipto
seria uma das espécies que melhor se enquadraria na proposta.

06. Resposta: E.
As assertivas II e IV estão corretas e as afirmativas I e III estão incorretas. Na assertiva I, há vários
erros. Primeiramente, a pradaria brasileira, também conhecida por pampas, localizada no sul do país, é
uma planície, mas não é inundável. A região está, de fato, distante dos grandes centros industriais do
país, mas isso não significa que há menor interferência humana. A interferência humana na região é
bastante significativa, com a prática de agropecuária, plantação de monoculturas e queimadas
propositais, que geram impactos ambientais graves, como a arenização. Já a assertiva III está incorreta
por afirmar que a caatinga apresenta pouca diversidade biológica e menores impactos ambientais. A
caatinga tem biodiversidade ambiental considerável, embora a vegetação seja semelhante visualmente,
o que dá a impressão de que se está diante de baixa diversidade. Vale lembrar que a caatinga é
considerada o único bioma exclusivamente brasileiro, pois grande parte de seu patrimônio biológico só é

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encontrado lá. Quanto aos impactos ambientais, a caatinga tem sofrido bastante com a ação antrópica.
Aproximadamente 50% do bioma já foi desmatado e uma das principais causas disso é a utilização da
madeira para a produção de carvão vegetal. A título de explicação, na assertiva II, xerófita significa flora
adaptada à escassez de água, e caducifólia é uma característica de determinadas plantas que significa a
perda de folhas em determinada época do ano.5

07. Resposta: E.
Vegetação do clima equatorial – Floresta Amazônica – O calor e a umidade constantes favoreceram
o aparecimento da formação vegetal mais exuberante do planeta. Trata-se da Floresta Amazônica
(também denominada Hileia, floresta pluvial ou floresta equatorial).
A Floresta Amazônica caracteriza-se pela grande diversidade: um hectare contém mais de trezentas
espécies. É uma floresta densa, úmida e latifoliada, isto é, composta por árvores de folhas largas, que
propiciam uma intensa evapotranspiração.

08. Resposta: Certo.


O geógrafo Aziz Ab’Saber classificou essas paisagens em domínios morfoclimáticos, separados uns
dos outros por faixas de transição – paisagens heterogêneas, compostas por elementos vegetais de dois
ou mais domínios. Essa classificação considera a interação do relevo com os outros elementos naturais,
como o clima, a vegetação, o solo, a estrutura geológica, etc.

Domínios morfoclimáticos e ecossistemas no brasil

Clima → Situação geográfica:


A maior parte do território brasileiro (92%) localiza-se na zona intertropical, sendo cortado, ao sul (SP,
MS, PR), pelo Trópico de Capricórnio. Nesta zona climática estão as maiores médias térmicas do planeta.
No entanto, deve-se lembrar que o Brasil também é atravessado pelo Equador (AP, AM, RR, PA),
apresentando 93% de sua superfície no Hemisfério Sul, que se caracteriza por um relativo equilíbrio entre
massas continentais e massas oceânicas, justificando temperaturas mais amenas e maior umidade.

Classificação climática:
Segundo Lísia Bernardes, existem no Brasil cinco tipos climáticos principais:

Equatorial:
Abrange a maior parte da Amazônia Brasileira. Apresenta temperaturas elevadas o ano todo, pequena
amplitude térmica anual, chuvas abundantes e bem distribuídas durante o ano todo (2.000 – 3.000
mm/ano);

Tropical:
Tipo climático predominante no Brasil (Centro-Oeste, Meio-Norte, maior parte da Bahia e Agreste).
Apresenta temperaturas elevadas (verão 25º C, inverno 21º C), com duas estações bem definidas: verão
chuvoso e inverno seco;

Tropical de altitude:
Abrange o domínio de mares de morros no Sudeste (maior parte de Minas Gerais e trechos do Espírito
Santo, Rio de Janeiro e São Paulo). É um clima mesotérmico, com temperaturas amenas (verão 25º C,
inverno 18º C) e com chuvas concentradas no verão;

Semiárido:
Característico do Sertão Nordestino, abrangendo o Vale Médio do São Francisco e norte de Minas
Gerais, apresenta temperaturas elevadas (superiores a 25º C), chuvas escassas e irregulares.
Caracterizado pelas estiagens bem pronunciadas;

Subtropical:
Predominante na porção meridional do Brasil (parte de São Paulo, Paraná, além de Santa Catarina e
Rio Grande do Sul). Mesotérmico, com temperaturas amenas, apresenta grande amplitude térmica (verão
25º C, inverno 15º C) e chuvas distribuídas regularmente durante o ano todo, sem estação seca, com
índices pluviométricos entre 1.700/1.900 mm/ano.

5
Autor: Melina Campos Lima, Prof.ª de Direito Internacional da UFRJ, Mestra e Doutoranda em Economia Internacional (UFRJ).

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Paisagens Vegetais:

A distribuição dos vegetais na superfície terrestre está intimamente relacionada com as caraterísticas
climáticas de cada lugar, havendo até quem afirme que a vegetação é o reflexo do clima.
Assim, para analisar a distribuição das principais formações vegetais brasileiras, é preciso considerar
também os diversos domínios climáticos existentes no país.

A vegetação brasileira:
Entre outras classificações de nossa vegetação, uma das mais didáticas (proposta pela geógrafa Dora
Amarante Romariz) é a que identifica no Brasil quatro grandes formações vegetais: florestais, complexas,
campestres e litorâneas).
Formações Florestais:
Segundo suas características, as formações florestais classificam-se em dois tipos: latifoliadas e
aciculifoliadas.
As latifoliadas caracterizam-se pela presença de árvores que têm folhas largas e que se agrupam
densamente. Quase todas atingem grande altura e abrigam sob suas copas árvores menores, arbustos
e herbáceas. Distribuem-se amplamente no Brasil, graças ao predomínio de climas quentes e úmidos.
As aciculifoliadas compõem-se de espécies com folhas pontiagudas, adaptadas às baixas
temperaturas. No Brasil, ocorrem especialmente nas áreas mais elevadas da bacia do Paraná, onde se
verifica o clima subtropical, com verões brandos.

Floresta latifoliada equatorial:


Também conhecia como Floresta Amazônica ou Hileia, essa formação ocupa cerca de 40% do
território brasileiro, estendendo-se pela quase totalidade da região Norte, pela porção setentrional de Mato
Grosso e pela porção ocidental do Maranhão.
Característica de clima quente e super úmido, é uma floresta extremamente heterogênea e densa,
apresentando-se dividida em três estratos:
* igapó – corresponde à parte da floresta que se assenta sobre o nível mais inferior da topografia,
onde o solo está permanentemente inundado. Sua principal área de ocorrência é o baixo Amazonas;
* várzea – ocupa parte de média altitude do relevo, onde as inundações são periódicas;
* terra firme – localiza-se na parte mais elevada do relvo, livre das inundações, e por isso é o trecho
mais desenvolvido e exuberante da floresta.

Floresta latifoliada tropical:


Formação exuberante, bastante parecida com a floresta equatorial. Heterogênea, intrincada e densa,
aparece em diferentes pontos do país onde há temperaturas elevadas e alto teor de umidade.
No litoral, com o nome de Mata Atlântica, estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul,
porém foi intensamente devastada pela cultura canavieira desde o período colonial, sobretudo na região
Nordeste. No litoral sudeste e sul, a presença da serra do Mar dificultou a ocupação humana e a
exploração florestal, mas vem ocorrendo devastação, por causa das empresas madeireiras e da
construção de estradas; além disso, a vegetação é destruída pela poluição industrial, como ocorreu em
Cubatão, na Baixada Santista.
No interior da região Sudeste, aparecia em quase toda a área drenada pelo rio Paraná e seus afluentes,
sendo por isso denominada Mata da Bacia do Paraná. Com o avanço da cultura cafeeira em São Paulo
e Minas Gerais, no final do século XIX e início do século passado, foi quase toda devastada, restando
como vestígios, hoje, estreitas faixas de árvores que margeiam os rios da região, denominadas matas
galerias ou ciliares.

Mata dos Cocais:


Formação de transição, concentrada no Meio-Norte ou Nordeste Ocidental (região composta pelos
estados do Maranhão e do Piauí), ladeada por climas opostos – o equatorial super úmido a oeste e o
semiárido a leste.
Na área um pouco mais úmida, que abrange o Maranhão, o oeste do Piauí e o norte de Tocantins, é
comum a ocorrência de babaçu. Na área menos úmida, que abrange o leste do Piauí e os litorais do
Ceará e do Rio Grande do Norte, encontra-se a carnaúba.

Floresta aciculifoliada subtropical:


A floresta aciculifoliada é uma formação típica do clima subtropical, menos quente e úmido que o
equatorial e o tropical. Suas árvores têm folhas finas e alongadas (em forma de agulha), o que evita a

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excessiva perda de umidade. Relativamente homogênea, apresenta poucas variedades, predominado a
Araucária angustifólia ou pinheiro-do-paraná.
Estendia-se orginalmente do sul de São Paulo ao norte do Rio Grande do Sul. Mas o fato de ser uma
formação aberta facilitou sua exploração intensa e não racional.

Formações Complexas:
As formações complexas correspondem aos domínios do cerrado, da caatinga e do Pantanal, onde
extratos arbóreos, arbustivos e herbáceos convivem na paisagem:

O Cerrado:
Também denominado savana-do-brasil, o cerrado é a segunda formação vegetal mais extensa do país.
Ocupava originariamente quase 25% do nosso território, mas vem se reduzindo cada vez mais.
Típico de áreas de clima tropical com duas estações bem marcadas – verão chuvoso e inverno seco -
, aparece em quase todo o Brasil Central, isto é, na Região Centro-Oeste e arredores, como o sul do Pará
e do Maranhão, o interior de Tocantins, o oeste da Bahia e de Minas Gerais e o norte de São Paulo.
Caracteriza-se pelo domínio de pequenas árvores e arbustos bastante retorcidos, com casca grossa,
geralmente caducifólios (cujas folhas caem, impedindo o vegetal de perder água) e com raízes profundas.
Sua origem é uma incógnita: alguns a atribuem ao clima com alternância entre as estações úmida e
seca durante o ano; outros, ao solo extremamente ácido e pobre; outros, ainda, à ação conjunta desses
dois fatores. Além disso, deve-se levar em conta a ação humana: certos tipos de cerrado resultam da
realização de queimadas sucessivas num mesmo local. Em escala mais ampla, o aproveitamento
econômico dos domínios do cerrado vem destruindo a vegetação natural para a prática da pecuária e da
agricultura comercial mecanizada (cultivo de soja).

A Caatinga:
A caatinga, formação típica do clima semiárido do sertão nordestino, ocupa cerca de 11% do território
brasileiro. É composta por plantas xerófilas (como as cactáceas, com folhas em espinhos), caducifólias e
pela carnaubeira, cujas folhas se recobrem de uma cera que evita a transpiração.
O principal uso econômico dos domínios da caatinga é a agropecuária, que apresenta baixos
rendimentos e afeta negativamente o equilíbrio ecológico. Seria preciso adotar técnicas de uso do solo
mais racionais do que as empregadas hoje e expandir a construção de açudes e de canais de irrigação,
para impedir uma provável desertificação, a médio ou longo prazo, do já muito seco sertão nordestino.

O Pantanal:
O Pantanal, uma grande depressão localizada no interior de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul,
com altitude média de 100 m acima do nível do mar, tem uma porção inundável em que apenas nas
estiagens de inverno se desenvolve vegetação – uma formação rasteira apropriada à prática da pecuária.
Na sua porção de alagamento eventual, à vegetação rasteira misturam-se arbustos. Nas áreas altas,
encontramos espécies típicas dos cerrados, que, em alguns pontos mais úmidos, misturam-se as
espécies arbóreas da floresta tropical.
A economia tradicional do Pantanal sempre foi a pecuária, praticada em harmonia com o ambiente,
sem destruí-lo. Mais recentemente, porém, a região tornou-se objeto de novas formas de ocupação:
envolvendo o investimento de grandes capitais, a implantação da agricultura comercial, a utilização de
agrotóxicos e a construção de estradas, com a barragem das águas realizada por pontes, têm ocasionado
sérios desequilíbrios ecológicos. Além desses problemas, surgiram outros, como a caça ilegal de jacarés
e a pesca predatória, especialmente na piracema.

Formações Herbáceas:
As formações herbáceas – também denominadas campestres -, compostas de vegetação rasteira, com
gramíneas e pequenos arbustos, são encontradas em todas as regiões brasileiras e diferenciam-se de
acordo com as características climáticas e pedológicas (do solo) das áreas de ocorrência, que são:
* os campos meridionais, destacando-se a Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul – onde se
encontra a área de gramíneas mais extensa e homogênea (denominada “campos limpos”) – e os Campos
de Vacaria, em Mato Grosso do Sul. A pecuária é a atividade econômica mais comum nessas regiões;
* os campos da Hileia, que correspondem às áreas inundáveis da Amazônia oriental, como o litoral
do Amapá, a ilha de Marajó e o Golfão Maranhense;
* os campos de altitude, na serra da Mantiqueira (no Sudeste) e na região serrana dos Planaltos
Residuais Norte-Amazônicos, chamados Campos de Roraima (na Amazônia).

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Formações Litorâneas:
As formações litorâneas estendem-se por toda a costa brasileira e apresentam constituições variadas,
condicionadas ao tipo de solo e ao nível de umidade:
* nos mangues, há vegetais adaptados à intensa salinidade e à falta de oxigenação do solo, em áreas
alagadas periodicamente pelas águas do mar. São arbustos misturados a espécies arbóreas, quase
sempre de tronco muito fino e raízes aéreas. É nos mangues que se pratica a extração de caranguejos
como atividade econômica;
* nas restingas, misturam-se espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas, como a aroeira-de-praia e
o cajueiro, favorecendo a formação de dunas;
* nas dunas, são comuns vegetais rasteiros, com raízes profundas e grande extensão horizontal,
formando verdadeiros cordões vegetais;
* nas praias, são comuns as espécies halófilas, que proliferam em lugares ricos em sal, como a salsa-
de-praia e o jundu, vegetação arbóreo-arbustiva do litoral paulista.

Domínios morfoclimáticos do Brasil

O imenso território brasileiro apresenta uma grande variedade de climas, vegetação, relevo e rios. A
interação desses elementos resulta na formação de uma extraordinária diversidade de paisagens
naturais.
O geógrafo Aziz Ab’Saber classificou essas paisagens em domínios morfoclimáticos, separados uns
dos outros por faixas de transição – paisagens heterogêneas, compostas por elementos vegetais de dois
ou mais domínios. Essa classificação considera a interação do relevo com os outros elementos naturais,
como o clima, a vegetação, o solo, a estrutura geológica, etc.

A divisão morfoclimática e as províncias fitogeográficas de Aziz Ab’Saber:

Domínios Morfoclimáticos:
Amazônico – Terras baixas florestadas equatoriais;
Mares de Morros – Áreas mamelonares tropicais-atlânticas florestadas;
Cerrado – Chapadões tropicais interiores com cerrados e florestas-galerias;
Caatingas – Depressões intermontanas e interplanálticas semiáridas;
Araucária – Planaltos subtropicais com araucárias;
Pradarias – Coxilhas subtropicais com padrarias mistas.

Faixas de Transição:
Não-Diferenciadas.

Domínio amazônico: terras baixas florestadas equatoriais:


Caracteriza-se pela presença de baixos planaltos e planícies, drenados pela bacia hidrográfica do rio
Amazonas. Essa paisagem, marcada pela presença da Floresta Amazônica, latifoliada, densa e bastante
heterogênea, é dominada pelo clima equatorial (sempre quente e úmido).
Apesar de constituir o ambiente mais preservado do país, esse domínio vem sofrendo profunda
degradação, marcada pelo desmatamento indiscriminado, que ocorre sobretudo para viabilizar a
expansão da pecuária bovina e das áreas de garimpo.

Domínio da caatinga: depressões semiáridas entre chapadas:


A irregularidade e a relativa escassez das chuvas são responsáveis por uma vegetação ímpar existente
no Brasil: a caatinga, uma associação de cactáceas e gramíneas. A erosão típica local é a pediplanação:
o intemperismo físico e o vento aplainam o topo dos morros mais resistentes à erosão. Formam-se assim
as chapadas, como a Diamantina, na Bahia.
A histórica concentração fundiária reduz a área ocupada pela agricultura de subsistência, confinada
nos brejos: áreas mais úmidas localizadas nas encostas das chapadas e nos vales fluviais.

Domínio do cerrado: chapadões interiores com cerrados e florestas-galerias:


O cerrado ocupa o Brasil Central, área de atuação do clima tropical típico (alternância de verões
quentes e úmidos e invernos amenos e secos). Caracteriza-se por ser uma vegetação complexa, uma
vez que reúne estratos arbóreos e herbáceos ao lado do estrato dominante, o arbustivo. Este é composto
por espécies de caules tortuosos envolvidos por cascas grossas. Possuem ainda raízes profundas, uma
adaptação à longa estação seca.

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A partir dos anos 1970, graças ao uso da calagem para corrigir a acidez de seu solo, passou a ser
intensamente ocupado. Suas terras são muito valorizadas, estando ocupadas principalmente pela soja.
Por isso, foi recentemente considerado pela ONU como bioma seriamente ameaçado de extinção.

Domínio das araucárias: planaltos subtropicais com araucárias:


As araucárias são ainda encontradas no Sul do País, precisamente entre o centro-sul do Paraná e
norte do Rio Grande do Sul, locais dominados por altitudes acima dos 800 metros. O clima subtropical
(grande amplitude térmica e chuvas regulares) é acentuado por essa altitude, o que resulta
frequentemente em nevascas e geadas durante o inverno.
A vegetação marcante, a floresta aciculifoliada (composta principalmente por araucárias), foi quase
destruída. Esse fato se deu não só devido à expansão da agricultura, mas também em decorrência da
exploração de sua madeira pela indústria da construção civil e pela indústria de papel e celulose. Assim,
resta atualmente menos de 5% da cobertura original.

Domínio das pradarias: coxilhas subtropicais com pradarias mistas:


Esse domínio é formado por extensos campos que recobrem os baixos planaltos do centro-sul gaúcho.
Denominada também campanha gaúcha e região dos pampas, essa vegetação atravessa fronteiras para
recobrir todo o Uruguai e o centro-leste da Argentina. O relevo dessa área é levemente ondulado, e suas
colinas são chamadas regionalmente de coxilhas.
Seja pelo relevo suave, seja pelas pastagens naturais, a principal atividade econômica do domínio das
pradarias é a pecuária, destacando-se a bovina e a ovina.

Domínio dos mares de morros: áreas mamelonares tropicais atlânticas florestadas:


Essa paisagem é constituída por maciços antigos que datam do período Pré-Cambriano. Tais
formações apresentam-se levemente onduladas, lembrando o aspecto de meia-laranja (mares de morros
ou áreas mamelonares). Originalmente eram recobertos pela Mata Atlântica. Área de predominância do
clima tropical de altitude, apresenta temperaturas amenas. Coincide com as terras altas do Sudeste,
segundo a classificação do relevo de Aziz Ab’Saber. Em parte, a intensa degradação desse domínio deve-
se ao fato de que abriga grandes centros urbanos, como São Paulo e Belo Horizonte.
Também abriga em seu interior a agricultura comercial. Como acontece com o cerrado, a sua cobertura
vegetal também está sob séria ameaça de extinção, segundo a ONU. No estado de São Paulo, por
exemplo, restam apenas 3% de sua cobertura vegetal original.

O exuberante e maltratado litoral brasileiro:


O leste do Brasil é delimitado por uma vasta costa litorânea, que se estende do cabo do Orange,
situado no estado do Amapá, até o arroio Chuí, córrego que faz a fronteira do Rio Grande do Sul com o
Uruguai.
Duas correntes marinhas quentes atuam ao longo dos mais 8 mil quilômetros desse litoral:
* a corrente das Guianas, que banha os litorais setentrionais;
* a corrente Brasileira, que banha um longo trecho que se estende desde o litoral nordestino
até o extremo sul do Rio Grande do Sul.
A vastidão do litoral brasileiro origina uma sucessão de paisagens naturais: ilhas, restingas, falésias,
encostas, lagunas, mangues, baías, além da foz de inúmeros rios, recifes de corais e de arenitos.
Esses ambientes costeiros estão sendo cada vez mais alterados pelas ações do homem,
responsáveis. Por exemplo, pela edificação de cidades.
Contudo, não são apenas as áreas urbanas que alteram o litoral brasileiro. A especulação imobiliária
também proporciona profundas feridas nas paisagens costeiras. Condomínios de luxo proliferam ao longo
de toda a costa, provocando o avanço do desmatamento e da poluição. No limite, essa intervenção
antrópica desenfreada compromete o equilíbrio de ecossistemas inteiros, além de promover a remoção
das comunidades indígenas.

A ação do homem:
É preciso ressaltar que o fator antrópico (a ação do homem) está presente no processo de degradação
de todos esses domínios morfoclimáticos do Brasil. Todavia, as transformações impostas pelo homem
foram mais intensas nas regiões economicamente mais desenvolvidas.
Nelas, consequentemente, registram-se os mais sérios problemas ambientais do nosso país. Dentre
esses problemas, destacam-se os grandes movimentos de massas, isto é, os deslizamentos, provocados
sobretudo pelas seguintes condições:
* intensas atividades antrópicas;

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* elevados índices pluviométricos;
* estrutura das rochas superficiais, muito vulneráveis a esses deslizamentos;
* topografia muito íngreme, com elevado ângulo de inclinação;
* retirada da cobertura vegetal original.

Problemas Ambientais:

Como todos os países do mundo, o Brasil também registrou uma intensa destruição do meio ambiente
ao longo de sua história. E as causas de tal destruição estão vinculadas intimamente ao modelo de
desenvolvimento econômico adotado desde o início da colonização. Aqui, da mesma forma que nos
países mais desenvolvidos, a busca do lucro foi sempre prioritária, em detrimento da natureza.
A expansão da agricultura demonstra, mais claramente do que qualquer outro processo, esse perverso
mecanismo de destruição. Em geral, o caminho para a implantação da imensa maioria dos cultivos é
aberto por um desmatamento descontrolado. Assim aconteceu com o cultivo da cana-de-açúcar na Zona
da Mata nordestina, durante o século XVI, quando foi devastada grande parte da Mata Atlântica; com o
cultivo do café em São Paulo, no século XIX, que repetiu essa mesma destruição no Sudeste; com o
cultivo da soja no Centro-Oeste, que em pouco mais de três décadas alterou radicalmente o ecossistema
do cerrado.

Principais Problemas Ambientais no mundo e no Brasil:


Os problemas ambientais no mundo podem ser divididos em três níveis:
a) alterações climáticas;
b) formas distintas de poluição;
c) extinção de espécies e desmatamento.

A Vida Cercada de Ameaças

Dentre as alterações climáticas podemos citar:

* Destruição dos Habitats – é a causa principal da crescente perda de biodiversidade no mundo.


Plantas e animais morrem em consequência da destruição do seus locais de origem;
* Efeito Estufa – provocado pela poluição, é acusado de ser o responsável pelo aumento da
temperatura e pelo degelamento das zonas polares, ameaçando a vida de várias espécies;
* Desertificação – cálculos alarmantes indicam que cerca de 1/3 das terras cultiváveis do mundo
acabará se desertificando;
* Exploração de Madeira – as motosserras que roncam nas florestas tropicais, da Amazônia às ricas
áreas vegetais da Malásia, devem seu vigor aos lucros obtidos com a extração ilegal de madeira;
* Sobrepesca Marinha – a pesca de arrastão, o envenenamento por resíduos tóxicos e a pesca com
explosivos estão entre as maiores ameaças à biodiversidade marinha;
* Caça – sob a mira dos caçadores, milhares de jacarés foram mortos. Várias espécies de extinguiram
ou estão ameaçadas por causa da caça;
* Urbanização e Crescimento – também são causadores diretos da destruição dos habitats. Cerca
de 92,7% da Mata Atlântica foi destruída em nome de urbanização;
* Poluição – a chuva ácida, o envenenamento dos rios e do ar das cidades, entre outros efeitos,
provocam a morte de peixes, pássaros, pequenos mamíferos e até seres humanos;
* Expansão de Pastagens – pastagens muitas vezes escondem a razão real da sua criação; a
ampliação de latifúndios. São perdidos 15 milhões de hectares de florestas tropicais a cada ano por causa
delas;
* Expansão da Fronteira Agrícola – enormes extensões de florestas tropicais são dizimadas a cada
ano, geralmente por meio de queimadas, em nome de monoculturas.

Os campeões da Biodiversidade

Apenas 17 das 200 nações existentes no mundo conseguem reunir 70% da diversidade biológica do
planeta. Países como o Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Indonésia e Malásia, por possuir grandes
porções de florestas tropicais em seus territórios, concentram a maior parte da biodiversidade terrestre.

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Formas de Poluição:

Do Ar – concentrado de dióxido de carbono pela queima de combustíveis fósseis;


Hídrica – contaminação dos rios, lagos e represas, onde são necessários muitos esforços para
despoluição;
Do Solo – por meio de resíduos (lixo) sólidos não-degradáveis, ou que demoram muito tempo para
desaparecer no ambiente, como o vidro, que leva cerca de 5 mil anos para se decompor, ou ainda pelo
uso de componentes químicos. São as principais fontes de poluição do solo: inseticidas, solventes,
produtos farmacêuticos, plásticos, herbicidas, incineração de lixo, componentes eletrônicos, fluidos
hidráulicos, luzes fluorescentes, tintas, gasolinas, processamento de zinco e fertilizantes, baterias.

Legislação Ambiental

Preservação:
Impede qualquer interferência humana em um dado ambiente para evitar dano, degradação ou
destruição dos ecossistemas, áreas geográficas definidas ou espécies animais e vegetais.

Conservação:
Prevê o manejo sustentável, isto é, a exploração econômica de recursos de uma região, desde que
seja baseada em pesquisas e levantamentos e feita de acordo com certas normas e treinamento
específico, além de respeitar a legislação em vigor.

Poluição Sonora – principalmente nos grandes centros urbanos, dores de cabeça, mal-estar e
redução auditiva;
Poluição Visual – causada pelo excesso de placas, propagandas, outdoors, que tiram a atenção
principalmente dos motoristas, pode ser um dos motivos de acidentes de trânsito.

Extinção de Espécies e Desmatamento:


São estimados no mundo cerca de 5 milhões e 15 milhões, respectivamente, de exemplares de flora
e de fauna incluídos os microrganismos. Desse total, de 4 a 8 milhões seriam insetos, 300 mil plantas e
50 mil animais vertebrados, 10 mil aves, 5 mil anfíbios e 4 mil mamíferos.
O desmatamento, a caça e a pesca predatórias colocam em risco essas espécies.
O crescimento econômico e demográfico ampliam a demanda de espécies e pressionam a extinção.

São exemplos de Fauna Ameaçadas de Extermínio no Brasil:


* Aves:
Arara-azul, arara-azul-de-lear, ararajuba, ararinha-azul, gavião-real, guará, papagaio-charão,
papagaio-de-cara-roxa, pica-pau-de-cara-amarela, pica-pau-de-coleira, pintor-verdadeiro.

* Mamíferos:
Ariranha, jaguatirica, lobo-guará, mico-leão-dourado, muriqui, onça-pintada, tamanduá-bandeira, tatu-
canastra, uacari-vermelho, veado-campeiro.

* Répteis:
Lagartixa-de-areia, tartaruga-de-couro, tartaruga-de-pente, tartaruga-verde.

Importância das florestas


Constituem ecossistemas ricos em biodiversidade e sua destruição representa um grande risco
ambiental; pois, além de comprometer as espécies, a absorção de carbono é outra função muito
importante, que atua como filtros que limpam o ar dos gases causadores do efeito estufa.

As atividades agrárias, a construção de estradas e usinas hidrelétricas são as grandes responsáveis


pelos desmatamentos e queimadas.

A devastação das florestas


O processo de degradação ambiental no Brasil já ocorria no período colonial. Os portugueses iniciaram
a devastação das florestas brasileiras com a exploração do pau-brasil, que inseriu o país em uma série
de ciclos econômicos voltados aos interesses das metrópoles europeias.

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A madeira era usada principalmente como matéria-prima para a fabricação de produtos para tingir
tecidos e para a fabricação de móveis. Calcula-se que mais de 80% das árvores de pau-brasil foram
derrubadas, restando pequenas amostras, geralmente em áreas de preservação ambiental, nos Estados
do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia.
Essa árvore faz parte de uma complexa formação florestal, a Mata Atlântica, que foi o primeiro
elemento do ambiente brasileiro agredido pela ocupação humana.
A Mata Atlântica estende-se sobre um relevo de morros baixos, formação conhecida como “mares de
morros”. Dada a sucessiva ondulação do terreno, as árvores constituiriam uma proteção contra
deslizamentos de terra provocados por chuvas fortes. Posteriormente, esses morros não dispunham mais
dessa capa protetora de vegetação.
As últimas áreas de Mata Atlântica do interior de São Paulo foram destruídas pela expansão acelerada
da cafeicultura, na segunda metade do século XIX e no início do século XX.
Para fortalecer a fiscalização, surgiram diversas ONGs (organizações não-governamentais) que lutam
para implantar formas de manejo adequadas a essa região. Uma das mais conhecidas é a SOS Mata
Atlântica, que se transformou em uma entidade muito forte e organizada.

A questão Amazônica
Durante séculos, essa imensa parcela do espaço brasileiro representou uma fronteira preservada e
praticamente desabitada, a ser conquistada pela “civilização” que se ergueu no Centro-Sul do país.
Seus primeiros habitantes já haviam estabelecido uma forma equilibrada de relacionamento com a
gigantesca floresta. Se compararmos a sua forma de ocupação com aquela que viria a ser imposta por
nossa sociedade ocidentalizada, podemos observar que os índios viviam em harmonia com seu espaço.
As primeiras incursões de grande porte ocorreram no final do século XIX e início do século XX,
motivadas pela exploração da Hevea brasiliensis (seringueira). A região recebeu nessa época um grande
contingente de pessoas, mas as picadas (nome popular de uma trilha em ambiente florestal) e as poucas
estradas não resultaram em grande devastação. Podemos afirmar que até meados da década de 1970 a
Amazônia permaneceu preservada.
Nessa década, os governos militares brasileiros, segundo a doutrina de Segurança Nacional elaborada
por eles, acreditavam que era necessário ocupar a fronteira norte do país, pois temiam que, se
continuasse desabitada (os indígenas, numerosos na região, não eram levados em conta), a região
amazônica constituiria um grave risco estratégico.
Por isso foi implementado um plano de ocupação e aproveitamento da região. Em linhas gerais,
destacam-se os seguinte pontos:
* Criação da zona franca de Manaus;
* Promoção de uma reforma agrária;
* Construção da Transamazônica;
* Implantação de grandiosos projetos de exploração agrícola mineral.
Esse conjunto de iniciativas promoveu o “descobrimento” dessa importante parcela do território
nacional. Em meados da década de 1970 muitos agricultores do Sul dispuseram-se a emigrar para as
terras mais baratas do Centro-Oeste e para as bordas da Floresta Amazônica propriamente dita, fato que,
infelizmente, contribuiu de forma decisiva para agravar a devastação da área.
Na década de 1980 muitos grupos econômicos, especialmente empresas multinacionais e
especuladores, desencadearam o loteamento e a exploração desse importante conjunto de terras
florestadas. Vários desses grupos são madeireiras, que continuam devastando gigantescas áreas em
pouco tempo e criando imensas clareiras na floresta.
Na década de 1990, esse processo de degradação se acelerou devido à chegada de grandes
madeireiras da Malásia e da Indonésia. Sentindo o esgotamento dos recursos na Ásia, essas empresas
passaram a atuar na Amazônia, associando-se a grupos brasileiros e japoneses.
Já no século XXI grandes empresas de mineração ainda destruíam a cobertura vegetal para explorar
o subsolo. Nem sempre seus dirigentes consideravam a necessidade de recompor a área.

Os planos de manejo, obrigatórios no Brasil, apresentam estudos denominados EIA e RIMA (Estudos
de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental, respectivamente) antes de explorar qualquer
área, dificilmente podem recuperar locais intensamente afetados, cujo aspecto lembra as paisagens
lunares.

O caráter predatório da agricultura e da pecuária itinerante também agride a floresta por meio das
queimadas, técnica antiquada para abrir espaços de forma rápida para o plantio e a criação.

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Em muitos lugares a devastação está ligada à obtenção de carvão vegetal. Além disso, segundo muitas
denúncias e vários flagrantes policiais, essa atividade ainda utiliza trabalho escravo e trabalho infantil.
De qualquer modo, a floresta continua correndo grave risco. Até 1970, somente 2% da mesma havia
desaparecido. Passados pouco mais de trinta anos, aproximadamente 20% já estavam devastados.
Esse rico ambiente bio diverso, posteriormente passou a gerar a cobiça de novos grupos econômicos.
O desenvolvimento da biotecnologia desviou para a Amazônia a atenção de inúmeros laboratórios e
órgãos de pesquisa de países ricos. Tais instituições têm o conhecimento de que o ambiente amazônico
contém plantas ainda pouco estudadas, om imenso potencial para a produção de medicamentos.
Apesar das dificuldades, tem-se desenvolvido uma consciência em relação a essa questão no Brasil.
Desde os anos de 1980, o líder seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988, fazia seguidas
denúncias sobre a atuação de fazendeiros e especuladores na região. Segundo Chico Mendes, os
mesmos eram a ponta-de-lança do grande capital, que vinha em busca de madeira, minérios e produtos
medicinais.
Assim, a partir de suas denúncias, surgiu a ideia de criar as chamadas reservas extrativistas, que
visavam alcançar o que atualmente chama-se desenvolvimento autossustentado ou desenvolvimento
sustentável.

Trata-se de garantir a exploração de recursos florestais para as populações locais, que tem
conhecimento e respeito do ritmo de regeneração das plantas e, portanto, são capazes de explorar tais
recursos sem devasta-los.

A questão da Água
Em nível mundial, é provável que a água tenha se tornado a questão mais debatida em todos os fóruns
de discussão sobre o meio ambiente. No Brasil, dois problemas têm gerado uma crescente preocupação
da sociedade: a deterioração sistemática dos recursos hídricos e sua crescente escassez.
A deterioração da qualidade dos recursos hídricos, especialmente nos rios e represas, é causada
principalmente pela poluição. Esta, por sua vez, tem como origem principal os esgotos urbanos e os
rejeitos agrícolas.
Os esgotos urbanos são produzidos tanto pelas residências quanto pelas empresas, principalmente
pelas indústrias.
A escassez da água tem como causa principal o mau uso desse recurso, especialmente o desperdício.
Outras causas são a ocupação das áreas de mananciais por loteamentos irregulares e a destruição das
matas que protegem as nascentes dos rios. Além disso, a expansão acelerada da agricultura tem
promovido a devastação da mata ciliar, a floresta nativa que acompanha o curso dos rios. Sem essa
vegetação, as margens dos rios ficam expostas à erosão pelas enxurradas, são destruídas e acarretam
o assoreamento dos leitos, que constitui a principal causa de diminuição do volume de água nos rios.
Os portos de areia, áreas de extração muito comuns nas várzeas dos rios que drenam terrenos
sedimentares, também causam assoreamento. Nessas várzeas de onde se extrai areia o rio forma
meandros e, portanto, fica mais lento, reduzindo sensivelmente o volume de água a jusante.

O impacto da Agricultura sobre o Meio Ambiente


A modernização da agricultura também causa profunda deterioração dos recursos hídricos, devido à
utilização de agrotóxicos em larga escala. É cada vez mais comum a utilização de insumos como adubos
químicos, pesticidas, inseticidas e herbicidas, que, uma vez aplicados nos cultivos, são levados pelas
águas das chuvas aos rios, além de penetrarem no solo e atingirem o lençol freático.
O Brasil ainda enfrenta muitos outros problemas ambientais oriundos da agricultura. É o caso das
queimadas, até hoje uma prática comum durante a colheita da cana-de-açúcar nos estados do Centro-
Sul. A fuligem produzida por elas atinge as cidades e provoca uma verdadeira “chuva negra”, que polui o
ar e suja as roupas estendidas nos varais das residências. A queimada também destrói os nutrientes do
solo, o que exige uso ainda maior de produtos químicos sob forma de adubos e corretivos; cria-se,
portanto, um risco maior de poluição do mananciais.
A monocultura acelera também o processo de erosão do solo. Ao longo dos anos, esse processo dá
origem às voçorocas – profundos e extensos sulcos na terra resultantes da ação das enxurradas sobre o
solo desprotegido. Os prejuízos decorrentes desse fenômeno são enormes: terras cultiváveis e férteis
simplesmente desaparecem, transformando-se em milhões de toneladas de areia que vão assorear os
rios, ao mesmo tempo que geram a desertificação de extensas áreas, como o sudoeste gaúcho, antes
recoberto por pastagens e plantações de soja.
Finalmente, faz-se necessário o registro da expansão rápida da cultura da soja nos estados das
regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.

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Poluição litorânea
A pior agressão à biomassa litorânea tem sido a ocupação humana do litoral. O crescimento das
cidades na faixa costeira foi uma das marcas do processo de ocupação do território no Brasil, onde
concentrava-se a maior parte da população.
Os grandes e pequenos aglomerados que lá se instalaram quase sempre comprometem a diversidade
da vida e o equilíbrio do ambiente. Em muitos pontos da costa, as cidades litorâneas se desenvolveram
sem nenhum planejamento, e a rede de água e esgoto não foi suficientemente organizada para apresentar
um modelo satisfatório de qualidade d vida.
Uma das situações mais graves envolve a sobrevivência dos manguezais, formações vegetais que se
erguem nas áreas de encontro entre as águas dos rios e do mar, um ambiente muito rico para a
reprodução de inúmeras espécies. Os solos extremamente permeáveis, constituídos por uma profunda
camada de lama, permitem o desenvolvimento de plantas de médio porte, criando um bioma único, cujos
ecossistemas têm equilíbrio muito frágil.

Bioma é uma porção da superfície terrestre que se individualiza geograficamente na paisagem natural,
pois apresenta características de clima, solo, vegetação e fauna que a tornam única.

Problemas ambientais urbanos


Os problemas ambientais também são dramáticos nas cidades brasileiras. No Estado de São Paulo,
metade dos municípios ainda utiliza aterros sanitários (lixões). Tal fato é muito preocupante, uma vez que
o chorume – resíduo altamente tóxico produzido pela decomposição do lixo urbano – pode facilmente
penetrar no subsolo e, consequentemente, contaminar os recursos hídricos. Esse problema é
particularmente grave nas cidades em que a maior parte da água consumida provém de lençóis freáticos
pouco profundos, facilmente contaminados por aterros sanitários.
Em tempos mais remotos, o lixo era produzido em pequenas quantidades e era basicamente composto
por sobras de alimentos.
A Revolução Industrial e a chegada da “era dos descartáveis” aumentaram o voluma de resíduos, que
hoje são variados e vão desde embalagens de plástico, papel, até móveis, calçados, pneus,
eletrodomésticos, implementos de informática e o próprio computador.
A desova clandestina do lixo não respeita os lugares e a natureza é vítima do descaso.
O destino do lixo é um problema: as propostas para soluciona-lo sempre trazem algumas
desvantagens ou colocam em risco a saúde pública, poluem o solo, a água e o ar.

Lixões ou vazadouros a céu aberto:


São mais comuns, mas possuem aspectos negativos: são poluidores e exalam um cheiro fétido no ar;

Aterros sanitários:
Têm resíduos compactados e cobertos com terra, sã ode baixo custo, mas se não forem bem
administrados, podem se transformar em depósitos de ratos e insetos;

Incineração:
Transforma o lixo em cinzas, diminui o volume, mas tem um alto custo e a fumaça polui o ar;

Compostagem:
Consiste em transformar restos de comida, esterco de animais e podes de árvores em adubo; também
reduz o volume e pode ser usada como cobertura para aterros sanitários, mas o processo é lento, e os
gases que produz exalam mal cheiro;

Reciclagem:
Considerada a solução ideal pelo governo e por ecologistas, consiste no processamento e
reaproveitamento de determinados produtos. Mas, para tanto, algumas providências terão de ser
tomadas, como a coleta seletiva, reutilização de vasilhames, latas, sacolas, doação do que não se usa,
não atirar as coisas aleatoriamente, entre outras medidas.

Desertificação
É o empobrecimento dos ecossistemas áridos ou sub úmidos em virtude do efeito combinado das
atividades humanas e da seca (Nairóbi, 1077).
É a degradação das terras áridas e semiáridas e sub úmidas resultante de vários fatores, incluindo
variações climáticas e atividades humanas (Rio/92).

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Usualmente a desertificação manifesta-se através de:
* Redução da biomassa (aumento do solo nu);
* Elevação do albedo (índice de refração solar);
* Agravamento da erosão e empobrecimento do solo;
* Voçorocamento das encostas e assoreamento dos vales.

As causas são, basicamente, duas:


* Crescimento demográfico e pressão sobre os recursos, com destruição irreversível dos
ecossistemas;
* Anomalias de comportamento climático, resultando em mudanças significativas na distribuição
espacial e temporal da precipitação (Mudanças climáticas globais – Prof. José Bueno Couto).

“(...) é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos


causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos
Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao
meio ambiente”. (Citado por Clarita Müller – Plantenberg e Aziz N. Ab`Sáber, Previsão de impactos, p. 81).
Referências Bibliográficas:

ANTUNES, Vera Lúcia da Costa. Geografia do Brasil: Quadro Natural e Humano. Coleção Objetivo. Editora Sol.
GARCIA, Hélio Carlos; e GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. 4ª edição: Anglo.
TAMDJIAN, James Onnig. Geografia geral e do Brasil: estudos para compreensão do espaço. São Paulo: FTD.

Questões

01. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil, fortemente influenciado pela intensidade
de interferência das massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em: equatorial úmido,
tropical seco e úmido, tropical seco, litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados brasileiros
apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o item que se segue.
No estado do Mato Grosso, predominam os climas equatorial úmido e tropical seco e úmido.
(....) Certo (....) Errado

02. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil, fortemente influenciado pela intensidade
de interferência das massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em: equatorial úmido,
tropical seco e úmido, tropical seco, litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados brasileiros
apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o item que se segue.
O clima predominante no bioma Pantanal é o equatorial úmido.
(....) Certo (....) Errado

03. (MPOG – Geógrafo – CESPE/2015) O clima do Brasil, fortemente influenciado pela intensidade
de interferência das massas de ar equatorial, tropical e polar, pode ser dividido em: equatorial úmido,
tropical seco e úmido, tropical seco, litorâneo úmido e subtropical úmido. A maioria dos estados brasileiros
apresenta um ou dois tipos climáticos, com exceção da Bahia que apresenta três tipos.
Com relação a essas classes climáticas do Brasil, julgue o item que se segue.
Na região litorânea brasileira, que se estende do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, predomina
o clima litorâneo úmido, com chuvas denominadas orográficas, cujo volume atinge médias anuais em
torno de 1.500 mm.
(....) Certo (....) Errado

04. (Adaptada) Segundo uma organização mundial de estudos ambientais, em 2025, “duas de cada
três pessoas viverão situações de carência de água, caso não haja mudanças no padrão atual de
consumo do produto”.
Uma alternativa adequada e viável para prevenir a escassez, considerando-se a disponibilidade global,
seria:
(A) Desenvolver processos de reutilização de água.
(B) Explorar leitos de água subterrânea.
(C) Ampliar a oferta de água, captando-a em outros rios.
(D) Captar águas pluviais.
(E) Importar água doce de outros estados.
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Gabarito

01. Certo/02. Errado/03. Errado/04. A

Comentários

01. Resposta: Certo.


Basta associar à vegetação predominante: Floresta Amazônica e Cerrado;
Clima Equatorial Úmido: Floresta Amazônica.
Clima Tropical Seco e Úmido: Cerrado.

02. Resposta: Errado.


No Pantanal, o clima, predominantemente tropical, apresenta características de continentalidade, com
diferenças bem marcantes entre as estações seca e chuvosa.

03. Resposta: Errado.


O Clima Litorâneo ou úmido se estende pela região costeira do estado do Rio Grande do Norte ao
Estado de São Paulo, e não até o Rio Grande do Sul.

04. Resposta: A.
Com a tendência do crescimento do consumo per capita e do aumento da população absoluta, a
escassez de água é, nas próximas décadas, algo iminente. A questão não se restringe apenas em ampliar
o volume de água disponível nem remanejar os depósitos conhecidos à disposição, com captação de
água subterrânea ou de lugares distantes. É imperativo utilizar racionalmente os recursos hídricos, e a
reutilização da água é a forma mais viável.

b) A questão ambiental no Brasil

Os Problemas Ambientais: A Degradação Ambiental e seus Impactos

Observe as manchetes abaixo:


Aquecimento global e esgoto irregular estão sufocando os lagos europeus
PLIVETO, Paloma. Aquecimento global e esgoto irregular estão sufocando os lagos europeus. Correio Braziliense, Brasília, 21 jul. 2012. Disponível em:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2012/07/21/interna_ciencia_saude,313031/aquecimento-global-e-esgoto-irregular-estao-
sufocando-os-lagos-europeus.shtml.

Poluição do ar mata pelo menos 2 milhões de pessoas por ano no mundo


GIRALDI, Renata. Poluição do ar mata pelo menos 2 milhões de pessoas por ano no mundo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 26 set. 2011. Disponível em:
http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2011-09-26/poluicao-do-ar-mata-pelo-menos-2-milhoes-de-pessoas-por-ano-no-mundo-diz-oms.

O modelo de desenvolvimento econômico calcado no avanço do industrialismo, no consumismo


desenfreado e na exploração cada vez mais intensa dos recursos naturais do planeta tem levado tanto
ao agravamento quanto ao surgimento de novos problemas ambientais, como os destacados nas
manchetes apresentadas acima.
Diante dos problemas ambientais existentes no passado, os sintomas da crise ambiental
contemporânea adquiriram proporções jamais alcançadas, atingindo, inclusive, as áreas mais remotas e
inóspitas do planeta, como as regiões polares, que já sofrem os efeitos das alterações climáticas
desencadeadas pela intensa poluição atmosférica.
O exemplo do derretimento das geleiras polares no Ártico, decorrente do aquecimento atmosférico
global, nos revela também outra face da problemática ambiental contemporânea, em que os problemas
ambientais deixaram de se restringir no âmbito local ou regional para se tornarem questões de ordem
planetária. Os gases tóxicos lançados na atmosfera pelo escapamento dos veículos automotores e pelas
chaminés das fábricas agravam os índices de poluição do ar nos grandes centros urbanos e, ao mesmo
tempo, contribuem para a ocorrência do efeito estufa artificial, fenômeno que vem interferindo nas
condições climáticas globais com impactos observados em várias partes do mundo.
É por isso que muitos dos problemas ambientais da nossa época (aquecimento global, extinção de
espécies, perda de biodiversidade, desertificação dos solos, chuva ácida, diminuição da camada de
ozônio, etc.) deixaram de ser uma preocupação restrita a um ou outro país, pois as consequências
geradas por muitos desses problemas não respeitam as fronteiras nacionais. Temos, por exemplo, o caso
das florestas canadenses afetadas pela ocorrência de chuvas ácidas, que se formam a partir dos
poluentes atmosféricos lançados no território dos Estados Unidos. O mesmo se pode dizer da
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contaminação ou exploração das águas dos rios que passam pelos territórios de vários países, ou, ainda,
dos nocivos efeitos dos acidentes nucleares, como o ocorrido em 1986, na usina de Chernobil (na extinta
União Soviética, hoje localizada no território da Ucrânia), cuja nuvem radioativa se dispersou pelas
correntes de ventos por milhares de quilômetros, afetando vários países da Europa Central.
A humanidade está diante de uma terrível crise ambiental. Os problema de hoje são resultantes de
centenas de anos de descaso com a preservação ambiental. Desde a primeira fase da Revolução
Industrial, os seres humano apropriaram-se dos recursos naturais em larga escala de maneira
desordenada.
Mudanças climáticas, efeito estufa, derretimento das geleiras, extinção de espécies vegetais e animais
e desertificação são alguns dos problemas ambientais que podem estar relacionados ao modelo de
sociedade atual, marcado principalmente pelo consumo desenfreado.
É assim que fica cada vez mais intensa a sensação de que a humanidade tem um destino comum e
que depende de cada um de nós adotar medidas para que as gerações futuras tenham melhor qualidade
de vida.

As origens dos problemas ambientais

Desde a Antiguidade, o ambiente é um tema discutido pelas sociedades. Na Grécia antiga, por
exemplo, os filósofos já debatiam sobre qual era a essência de tudo o que existe no mundo, especialmente
da água, da terra, do fogo e do ar. As poucas, mas significativas, descobertas feitas por eles levaram-nos
a acreditar que a Terra era perfeitamente harmônica, concebida por algo divino e de extrema inteligência.
Aristóteles (c. 485 a. C - 420 a.C.), um dos maiores pensadores gregos, defendia que todas as coisas
na Terra, vivas e não vivas (como as rochas), tinham uma profunda ligação entre si e até mesmo uma
essência comum, sendo úteis para a sobrevivência. Pouco a pouco se desenvolveu a ideia de que a Terra
é um gigantesco ser vivo.
Na Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), o ambiente passou a ser tratado isoladamente, como
se fosse um conjunto de elementos que não tinham nenhuma relação com a sociedade e existiam apenas
para atender às suas necessidades,
Dentro desse contexto histórico - com suas características sociais, econômicas e políticas -, os
interesses econômicos privados tomaram-se explícitos e prevaleceram sobre qualquer alerta de
problemas ambientais que poderiam surgir em longo prazo.
Em 1962, por exemplo, a cientista estadunidense Rachel Carson (1907-1964) denunciou em seu livro
Primavera silenciosa o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras, afirmando que eles eram
prejudiciais à natureza e à saúde humana.
Imediatamente ela foi perseguida e difamada pelas indústrias químicas. Em 1963, uma equipe
científica do próprio governo dos Estados Unidos afirmou que a pesquisadora tinha razão, levando uma
parcela da opinião pública mundial a entender que os problemas com o equilíbrio da vida no planeta
poderiam ser graves.
O processo de desenvolvimento do capitalismo foi acompanhado por profundos avanços científicos,
muitas vezes patrocinados por investimentos particulares. Mas qual é a relação disso com o ambiente?
As descobertas aceleraram a busca por recursos naturais, e, naquele período, não havia espaço para
que os alertas da devastação ambiental fossem ouvidos. De meados do século XIX até os nossos dias,
ocorreu um verdadeiro saque aos recursos naturais e uma destruição de muitos elementos da natureza.

O atual modo de vida e seus impactos

Certamente, nesses tempos de preocupações ambientais, o modo de vida indígena chama a atenção.
A forma como se relacionam com os recursos naturais e os manejam é mais branda que a nossa. Suas
vidas estão organizadas para que as alterações feitas no seu espaço geográfico não causem grandes
impactos.
Mas é muito importante que se faça uma ressalva: os meios de comunicação e até mesmo as
observações simplistas podem nos levar a pensar que os indígenas vivem isolados e que seu modo de
vida é totalmente harmônico com a natureza. Essa visão é muito diferente daquela que os índios têm a
seu próprio respeito. Nos estudos feitos por antropólogos e outros estudiosos, percebe-se que as variadas
nações indígenas têm infinitas formas de se relacionar com o meio que as cerca. Em comum, os índios
têm somente a visão de que a vida, em todos os sentidos, faz parte de uma rede de relações. Dessa
forma, os índios entendem que o ser humano está em constante ligação com a natureza. Assim, fica claro
que não existe a ideia de natureza intocada nem mesmo para essas sociedades. Para os índios,
certamente, não se pressupõe a natureza sem a intervenção humana.

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A sociedade de consumo

Vivemos em uma sociedade marcada e dominada pela lógica do consumo. Todos os seus
componentes, jovens, adultos, idosos - sejam eles ricos ou pobres -, estão inseridos nesse contexto.
Grande parte dos meios de comunicação faz uma ligação entre o consumo e o prazer. São centenas de
milhares de produtos apresentados como necessários para se alcançar a felicidade. É cada vez mais
comum observarmos que o ato de consumir é colocado como uma das formas que permite ao cidadão
ou ao indivíduo sentir-se inserido na sociedade.
A expansão acelerada do consumismo acarreta alta demanda de energia, minérios, água e tudo o que
é necessário à produção e ao funcionamento dos bens de consumo. Esse padrão vem se difundindo em
todo o globo, por uma espécie de globalização do consumo, que vem crescendo a cada ano.
Extensos estudos feitos pela ONU, por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,
alertam para a velocidade de utilização dos recursos naturais, que já é muito maior que a capacidade de
regeneração da natureza, uma vez que a reposição de alguns elementos é impossível, pois a escala de
tempo para a sua formação é milhões de vezes maior que a da vida média dos seres humanos.

Tempo social e tempo geológico


É muito comum não compararmos a idade da Terra, estimada pelos cientistas, à vida humana. Leia
com atenção o texto a seguir para perceber como a comparação pode nos ajudar a entender o impacto
humano sobre o planeta.
Se todos os 4,5 bilhões de anos do tempo geológico da Terra fossem comprimidos em um só ano,
teríamos a seguinte situação: as rochas mais antigas seriam formadas em março, os primeiros seres
vivos apareceriam somente em maio, as plantas e os primeiros animais terrestres surgiriam somente no
final de novembro e os depósitos de carvão surgiriam durante cerca de quatro dias no início de dezembro.
Os dinossauros viveriam entre os dias 15 e 26 de dezembro, e aproximadamente na primeira hora do dia
27 de dezembro surgiriam as grandes montanhas na Terra. Quando começasse a anoitecer, no dia 31 de
dezembro, surgiriam as primeiras criaturas humanoides, e as grandes capas de gelo que cobriam o
hemisfério norte começariam a derreter às 23:58. Roma teria governado o mundo das 23:59:45 às
23:59:50. Colombo teria descoberto a América três segundos antes da meia-noite, e a atividade industrial
teria surgido somente no último segundo desse impressionante ano. Metaforicamente, podemos afirmar
que um descontrole daquilo que surgiu no último segundo está destruindo tudo o que levou "um ano" para
ser feito.
Para compreender ainda melhor essa grave situação, acompanhe a descrição a seguir.
Uma gigantesca rocha é exposta durante milhares de anos à chuva, ao vento e ao Sol. Desgastada,
nela formam-se buracos e rachaduras que vão pouco a pouco se esfarelando. Pequenos microrganismos,
com as substâncias que produzem, ajudam a decompor ainda mais a rocha. Depois de alguns milhares
de anos, nas partes mais esfareladas surgem fungos e alguns musgos É esse farelo de rocha que vai dar
origem ao solo. Cada centímetro de camada de solo demora entre 200 e 400 anos para se formar. Para
ficar apropriado à agricultura, ele pode levar de 3 mil a 12 mil anos! Geólogos afirmam que apenas duas
décadas de descuido podem acabar com todo o solo de uma área que demorou milhares de anos para
se formar.

Os impactos do consumismo

Em nossos dias é perceptível que, para manter-se produtivo, o sistema capitalista precisa ter cada vez
mais recursos, como água e ar, por exemplo. Essa afirmativa, além de real, é impressionante, uma vez
que até bem pouco tempo atrás água e ar eram recursos limpos.
Hoje a reciclagem e a purificação desses recursos são cada vez mais complexas e caras. Até mesmo
estudos para criação de tecnologias que permitam esse reaproveitamento têm um custo altíssimo.
A expansão desenfreada do consumo gera problemas que antes eram vistos como indiretos, mas que
hoje, em função da complexidade das relações capitalistas, estão cada vez mais ligados de forma direta
aos problemas ambientais.
Estamos diante de um impasse, pois, de fato, precisamos de desenvolvimento econômico. Mas que
tipo de desenvolvimento econômico pode ter?

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O consumo e seus impactos no espaço urbano

• O consumo crescente também altera a paisagem urbana. As melhores áreas e as mais centrais,
ou ainda com melhor acessibilidade, normalmente são dominadas pelo setor comercial, gerando uma
hipervalorizarão dos imóveis em seu entorno.
• Essa especulação imobiliária nos grandes centros urbanos empurrou e ainda empurra um grande
número de trabalhadores para locais distantes dos seus postos de trabalho. Maiores serão os
deslocamentos, maiores os custos de transporte e maior a poluição gerada.
• Isso está diretamente ligado à produção de veículos, que por sua vez está atrelada à produção de
aço, petróleo, ferramentas e máquinas. Em uma sociedade de consumo, o investimento em transporte
deve se manter vinculado à produção de mercadorias a serem transportadas. Portanto, mais consumo,
maior produção; maior produção, mais transportes; mais transportes, maior emissão de poluentes.
• Por fim, a produção de energia de e acompanhar o crescimento de todas essas atividades
econômicas, o Que demanda também maior produção de equipamentos.
Note, portanto, que estamos praticamente em um ciclo vicioso.

O desenvolvimento sustentável

Apesar de relativamente recente, a ideia de desenvolvimento sustentável vem ~ando espaço com o
desenvolvimento das relações internacionais intensificadas pelo aumento das trocas comerciais,
principalmente nos últimos 200 anos.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é que essas preocupações ganharam relevância.
Uma das razões para isso foi a tragédia das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki (1945), que
mataram centenas de milhares de pessoas. Ao deixar um rastro de radioatividade, as bombas ampliaram
muito as ocupações ambientais de uma considerável parcela da população mundial.
Com a criação da ONU, em 1945, as relações internacionais passaram por uma mudança que também
atingiu a questão ambiental. Em 1949 ocorreu a conferência das Nações Unidas para a Conservação e
Utilização dos Recursos Unscur), em Nova York. Em 1968 intelectuais, empresários e líderes políticos
criaram uma organização voltada ao debate sobre futuro da humanidade, o Clube de Roma, que financia
pesquisas para publicação de relatórios importantes. Em :972 eles lançaram o relatório Limites do
crescimento, em conjunto com cientistas do Massachusetts Institute ofTechnology (MIT).
Esse relatório gerou muita polêmica, pois basicamente afirmava que, se continuassem os ritmos de
crescimento da população, da utilização dos recursos naturais e da poluição, a humanidade correria
sérios riscos de sobrevivência no final do século XXI.

Um novo patamar de discussões a partir de 1972

Em 1972, a ONU organizou a Conferência de Estocolmo, conhecida também como Primeira


Conferência Internacional para o Meio Ambiente Humano.
Já se sabia que a economia do planeta consumia um volume cada vez maior de combustíveis fósseis
recursos não renováveis - e lançava bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, criando
uma grande instabilidade climática.
Buscando abastecer as atividades econômicas e expandir as áreas produtivas, tem havido uma
devastação toda vez maior de todas as formações vegetais e uma utilização incessante de terras
agrícolas que se desgastam cada vez mais, provocando uma erosão crescente.
Era preciso reduzir o impacto das atividades econômicas, mas, para isso, fazia-se necessário reduzir
o consumo e o desperdício. Começava, então, uma corrida para se atingir o desenvolvimento sustentável.
Efetivamente, poucos avanços foram conseguidos ao final desse encontro em 1972. Porém, a
sensibilização das lideranças da comunidade internacional acabou levando a ONU a criar, naquele
período, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, conhecida pela sigla Pnuma.
Como as discussões eram preliminares, acreditava-se em poucas alternativas para a solução da
agressão ao ambiente. Os delegados de Estocolmo afirmavam que era preciso controlar o crescimento
populacional ou reduzir a velocidade do crescimento econômico - argumentação que ficou conhecida
como Neomalthusianismo. Em ambo os casos, os mais afetados seriam os países em desenvolvimento
pois haviam iniciado seu processo de industrialização e inserção na economia mundial recentemente e
suas populações tinham altas taxas de crescimento vegetativo. Dessa forma, ocorreram muitos protestos
desses países, que acusavam os países ricos de tentar restringir o seu desenvolvimento e assim manter
a dependência dos países pobres em relação aos ricos.

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Ficava claro que os países em desenvolvimento e os países muito pobres não estavam interessados
em abrir mão das vantagens do desenvolvimento econômico em nome da preservação ambiental.
Como havia muitas discussões sem solução, foi adotado um conceito chamado “ecodesenvolvimento".
O ecodesenvolvimento é um conjunto de ideias e procedimentos que dão prioridade ao processo
criativo de transformação do meio em que vivemos, porem com a ajuda de técnicas ecologicamente
corretas e que sejam adequadas a da um dos lugares. São as populações desses lugares que devem se
envolver, se organizar, utilizar os recursos naturais de forma prudente e procurar soluções que em a um
futuro digno.
Somente em 1987 o Pnuma divulgou o relatório Nosso futuro comum. É o primeiro grande documento
científico que apresenta com detalhes as causas dos principais problemas ambientais e ecológicos.
A grande contribuição desse documento é a popularização do chamado desenvolvimento sustentável,
um aperfeiçoamento do ecodesenvolvimento que estudamos há pouco.
Para atingir o desenvolvimento sustentável é necessário:
• implantar projetos econômicos baseados em tecnologias menos agressivas ao ambiente como uma
forma de ajuda ao combate das instabilidades e do subdesenvolvimento, que representam um risco para
o equilíbrio ecológico, justamente pela falta de recursos para implementar as mudanças necessárias.
• combater a pobreza humana, uma vez que populações desempregadas e desamparadas tendem a
retirar recursos da natureza de forma descontrolada para sua sobrevivência; portanto, o conceito inclui
desenvolvimento social.
• que as decisões sobre os caminhos a serem tomados tenham ampla participação da sociedade, para
que sejam revertidos em resultados positivos ao equilíbrio ambiental; portanto, desenvolvimento
sustentável inclui democracia,
Em todos os foros nos quais esse tema era discutido, chegava-se a um consenso: o padrão de
consumo dos países ricos não poderia ser reproduzido pelos países pobres, uma vez que isso levaria ao
esgotamento do planeta. Ao mesmo tempo, é fundamental que os países ricos procurem soluções
alternativas (reciclagem, uso de energias limpas) para o consumo exacerbado e assim assumam sua
responsabilidade na preservação ambiental.
Assim, algumas frases extraídas do relatório Nosso futuro comum definem o conceito de
desenvolvimento sustentável:
Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem
comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.
O desenvolvimento sustentável é mais que crescimento, Ele exige uma mudança na forma de
crescimento, a fim de consumir menos matérias primas e energia, diminuindo assim seu impacto. Fonte:
ONU. Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Oxford: OUP, 1987.

O crescimento da economia chinesa passou a ser também um termômetro da devastação ambiental


Antigamente, falar em um crescimento da economia por volta de 10 representava mais empregos, mais
dinheiro, mais produção. Hoje, essas taxas podem representar a devastação desenfreada do ambiente.
Não se cresce a taxas de 10 sem comprometer o equilíbrio ambiental. Se a China continuar a crescer no
mesmo ritmo, 1,45 bilhão de chineses vão ter a mesma renda per capita que apenas 300 milhões de
habitantes dos EUA, em 2030. Isso significa que o padrão de consumo estadunidense reproduzido vai
deixar o planeta em uma séria crise. Observe alguns dados levantados pelo pesquisador Lester Brown,
divulgados em 2005:
• Se a China continuar a ampliar seu consumo nesse ritmo, será necessário ampliar uma área produtiva
semelhante ao tamanho da Floresta Amazônica;
• Em 2030, a população da China consumirá 67 da produção mundial de grãos;
• A China já consome o dobro da quantidade de carne bovina consumida nos Estados Unidos;
• Em 20310 país terá 1,1 bilhão de carros e queimará 99 milhões de barris de óleo por dia - 20 milhões
a mais que a produção mundial.

Imagine se a Índia seguir o mesmo caminho. Existirão recursos para tudo isso? Certamente não.

Eco-92

Em junho de 1992, a ONU organizou na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento 'Cnumad), que ficou conhecida como Cúpula da Terra ou Eco-
92.
Entre os objetivos principais dessa conferência, destacaram-se:

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• Examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de desenvolvimento
vigente;
• Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não poluentes aos países
subdesenvolvidos;
• Incorporar critérios ambientais ao processo de desenvolvimento;
• Prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais;
• Reavaliar os organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as
decisões da conferência.
Vamos conhecer algumas resoluções e documentos importantes da ECO-92.

A Convenção do Clima

A Convenção do Clima atribuiu aos países desenvolvidos a responsabilidade pelas principais emissões
poluentes, dando a eles os encargos mais importantes no combate às mudanças do clima. Aos países
em desenvolvimento, concedeu-se a prioridade do desenvolvimento social e econômico, mantendo,
porém, a tarefa de controlar suas parcelas de emissões de poluentes na medida em que se
industrializassem. As recomendações da convenção foram:
• adotar políticas que promovessem eficiência energética e tecnologias mais limpas;
• reduzir as emissões do setor agrícola;
• desenvolver programas que protegessem os cidadãos e a economia contra
• possíveis impactos da mudança do clima;
• apoiar pesquisas sobre o sistema climático;
• prestar assistência a outros países em necessidade;
• promover a conscientização pública sobre essa questão.

Entretanto, as dificuldades para implementação do acordo são imensas. Pressionado pelo lobby das
indústrias de petróleo, carvão e de automóveis, o G-7 (grupo formado pelos sete países mais ricos do
mundo, capitaneados por Estados Unidos, Japão e Alemanha) sabotou o acordo ao exigir que os países
em desenvolvimento também fossem submetidos às mesmas limitações previstas para eles, mas o Grupo
dos 77 (grupo de países em desenvolvimento, capitaneados por China, Índia e Brasil) não concordou com
essa exigência. Os acordos da Eco-92 ficaram apenas no plano das boas intenções.

A Convenção da Biodiversidade

Nessa convenção, está prevista a transferência de parte dos recursos ou lucros obtidos com a
exploração e comercialização dos recursos naturais para o seu local de origem, que receberia esse
volume de dinheiro para aplicar em programas de preservação e de educação ambiental.
Esse tratado visava a favorecer o diálogo Norte-Sul, ou seja, as relações entre os países desenvolvidos
e as nações em desenvolvimento. Porém, muito pouco foi feito.
A evolução dos estudos genéticos levou a biotecnologia a adquirir a capacidade de alterar e reproduzir
organismos - plantas e seres vivos em geral. Esse fato dotou os países ricos da possibilidade de explorar
produtos naturais e modificá-los geneticamente, adquirindo o direito de patentear tais espécies. Isso abriu
espaço para a biopirataria.
A biopirataria não seria somente a prática de contrabandear plantas e animais exóticos ou de alto valor
comercial, mas, principalmente, de apropriar-se dos conhecimentos das populações (como os
conhecimentos dos índios brasileiros sobre as propriedades medicinais de espécies vegetais, por
exemplo) e monopolizá-los, no que se refere ao uso dos recursos naturais. O quadro é particularmente
crítico em regiões de riquíssima biodiversidade, como a Amazônia.
O conhecimento das potencialidades de certos elementos da natureza deve ser disseminado, e não
pode ser tratado como uma mercadoria comercializada como qualquer objeto.

A Agenda 21

Esse documento, assinado pela comunidade internacional durante a Eco-92, assume compromissos
para a mudança do padrão de desenvolvimento no século XXI. Ou seja, a Agenda 21 procura traduzir em
ações o conceito de desenvolvimento sustentável

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O termo "agenda" tem, nesse caso, o sentido de intenções, isto é, de propostas de mudanças, visando
a criar um modelo de civilização pelo qual sejam possíveis a convivência e a simultaneidade do equilíbrio
ambiental com a justiça social entre as nações.

A Agenda 21 busca:

• geração de emprego e de renda;


• diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda;
• mudança nos padrões de produção e consumo;
• construção de cidades sustentáveis;
• adoção de novos modelos e instrumentos de gestão.

Para alcançar essas metas, é preciso mobilizar, além dos governos, todos os segmentos da sociedade.

As dificuldades de implementação das decisões da Eco-92

Algumas das dificuldades para se implementarem esses tratados foram:


• as questões econômicas, que ainda se sobrepõem às questões ambientai.
Um agravante é o problema do desemprego, que leva muito governos a associar a preservação
ambiental à diminuição da atividade econômica;
• o fato de os países ricos não fazerem esforços reais para cumprir as legislações internacionais, por
sofrerem pressões de grupos sempre ariais prejudicados por muitos desses tratados;
• o fato de os organismos internacionais dedicados à diminuição da pobreza e às campanhas de
educação ambiental padecerem de falta de recursos financeiros;
• as tecnologias para produção de energia limpa, que, bem como os programas de reciclagem em
escala industrial, necessitam de mais pesquisas para se tornarem viáveis a ponto de levarem ao
abandono as práticas poluidoras.

Uma nova etapa pós-Eco 92: o Protocolo de Kyoto

Como estava previsto na Convenção do Clima, assinada durante a Eco-92, deveria ocorrer um novo
encontro internacional para discutir a redução da emissão de gases responsáveis pelo aumento da
temperatura do planeta. Tal reunião ocorreu em 1997, em Kyoto, no Japão: líderes de 160 nações
assinaram um compromisso que ficou conhecido como Protocolo de Kyoto. Esse documento previa, entre
2008 e 2012, um corte de 5,2 nas emissões dos gases causadores do efeito estufa, em relação aos níveis
de 1990.
Protocolo de Kyoto permite que os países possuidores de florestas utilizem-nas como créditos a serem
abatidos do total de emissões que deveriam reduzir. Isso, na prática, permite que eles não cumpram a
meta de redução e comercializem suas cotas de poluição com os países ricos.
Protocolo de Kyoto previa que os EUA cortassem 7 de suas emissões de carbono até 2010. No entanto,
o volume de carbono que o país lança na atmosfera ainda está acima dos níveis de 1990.
Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto deveria ser ratificado por, no mínimo, 55 governos, que,
se somados, representassem no mínimo 55 das emissões de CO2 produzidas pelos países
industrializados. Essa porcentagem foi adotada para que os Estados Unidos, maiores poluidores do
planeta, não pudessem impedir, sozinhos, a adoção dessas medidas.

O mecanismo de desenvolvimento limpo e o comércio de créditos de carbono


Durante a Conferência de Kyoto foi criado um importante projeto, o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL), cuja meta principal era reduzir a emissão de qualquer poluente ou produto causador de
mudança climática. Ficou estabelecido, portanto, que empresas de países mais industrializados seriam
incentivadas a investir em projetos de redução de emissões dos países em desenvolvimento, como o
Brasil, por exemplo.
São considerados projetos de desenvolvimento limpo:
• captura de gás em aterro sanitário;
• troca de combustível;
• geração de energia por fontes renováveis (biomassa, energia eólica, pequenas e médias hidrelétricas,
energia solar);
• compostagem de resíduos sólidos urbanos;
• geração de metano por meio de resíduos orgânicos (biogaseificação).

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Assim, se o projeto comprovadamente retira ou reduz emissões de carbono, a empresa financiadora
obtém créditos de carbono. Mas o que são créditos de carbono?
Os países que têm metas de redução de emissão de poluentes fazem um mapeamento das empresas
mais poluidoras. Essas empresas podem compensar a sua emissão financiando projetos do MDL e,
assim, obter créditos que correspondam ao seu excesso de emissão. Quando a empresa propriamente
dita atingir suas metas de redução, ela vai poder vender esses créditos para outras empresas que ainda
não atingiram os patamares desejáveis.

Um outro olhar sobre o Protocolo de Kyoto


Recentes pesquisas apontam um problema muito grave: países que até 1997, em Kyoto, não
representavam ameaças ao aquecimento passaram a representar.

Brasil, China e Índia, por exemplo, estão se aproximando cada vez mais dos grandes poluidores. No
caso do Brasil, a devastação das florestas e a expansão dos rebanhos fazem do país um dos principais
emissores de metano, um gás muito agressivo para a atmosfera. Já Índia e China preocupam pela
crescente industrialização, uma vez que a energia usada é basicamente oriunda do carvão e do petróleo.

O Protocolo de Kyoto não consegue forçar os participantes a mudar sua organização socioeconômica
poluente para uma que seja de menor emissão de carbono.
O insucesso de Kyoto mostra que, se novos acordos surgirem, como veremos a seguir, eles devem
incluir metas de redução a todos os países, sejam eles altamente industrializados, sejam eles
emergentes.

A Rio+10

Em 2002, mais uma vez a ONU tentou estabelecer ações globais para a melhoria da qualidade de
vida. Tal medida ficou conhecida como Rio+ 10, a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável,
que se realizou em Johanesburgo '3"0, África do Sul. Os principais temas então abordados foram:
• clima e energia: foi estabelecido o uso de energias limpas, mas não foram determinadas as metas.
Por isso, os ambientalistas protestaram, afirmando que o texto permite a inclusão da energia nuclear; já
que incentiva as energias avançadas.
• subsídio agrícola: segundo muitos críticos, a superficialidade do texto fortalece a OMC, controlada
pelos países ricos, e esvazia o papel mediador da ONU.
• o Protocolo de Kyoto: desde o protocolo, pouco mudou, pois os países que não haviam assinado até
então apenas prometeram que estudariam o caso (exceto os Estados Unidos, que até mesmo
abandonaram a reunião antes de seu final).
• biodiversidade: decidiu-se reduzir o ritmo de desaparecimento de espécies em extinção e repassar
os recursos obtidos pela exploração de produtos naturais para seus locais de origem.
• água e saneamento: foi decidido que se deve aumentar o número de pessoas com acesso à água
potável. Os críticos afirmam, porém, que o texto poderia ser mais específico quanto aos procedimentos
conjuntos a serem adotados.
• transgênicos: foram objeto de polêmica, pois as organizações supranacionais recomendam que
regiões com fome crônica adotem esses alimentos. Por outro lado, o mesmo documento diz que os países
têm o direito de rejeitar os transgênicos até o surgimento de estudos mais conclusivos.
. pesca e oceano: o tema constituiu a maior conquista da reunião, já que prevê a criação de áreas de
proteção marinha e a abolição imediata de qualquer subsídio à atividade pesqueira irregular.

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O Painel intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)

N o fim dos anos 1980, aumentou a percepção de que as atividades humanas (antrópicas) eram cada
vez mais prejudiciais ao clima do planeta. A ONU convocou cientistas do mundo todo para acompanhar
esse processo e, com a colaboração de 130 governos, criaram o Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (em inglês, Intergovernrnental Panel on Climate Change - IPCC).
O principal papel desse organismo foi o de criar relatórios e documentos para acompanhar a situação
ambiental do planeta e também o de fornecer essas informações para a Convenção do Quadro das
Nações Unidas sobre. Mudanças Climáticas, órgão responsável por essas discussões. Em 2007, o IPCC
recebeu, junto com o ex-vice-presidente estadunidense AI Gore, o prêmio Nobel da paz, pelo trabalho de
divulgação e-busca de conscientização sobre os riscos das mudanças climáticas.
Veja a seguir os principais alertas do IPCC:
• a temperatura da Terra deve subir entre 1,8 °C e 4° C, nas próximas décadas, o que aumentará a
intensidade de tufões e secas, ameaçará um terço das espécies do planeta e provocará epidemias e
desnutrição;
• o derretimento das camadas polares pode fazer que os oceanos elevem-se entre 18 em e 58 cm até
2100, fazendo desaparecer pequenas ilhas e, assim, obrigando centenas de milhares de pessoas a
aumentar o fluxo dos chamados "refugiados ambientais".

A Conferência de Copenhague

Em dezembro de 2009, realizou-se em Copenhague, Dinamarca, a Cop-15 (Conferência da ONU sobre


Mudanças do Clima), a 15~ conferência das Partes da ONU. O princípio que norteou o encontro foi o das
responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Mas o que seria isso?
Os países industrializados, que historicamente foram os primeiros a lançar uma quantidade maior de
CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera, têm uma responsabilidade maior no corte de emissões.
Acreditava-se que eles fossem assumir plenamente uma meta de 25 a 40 de redução até 2020. Os países
emergentes seguiriam o mesmo caminho, mas com outras metas.

O Reino Unido apresentou um projeto de longo prazo, que visa à transição para o baixo carbono (baixo
consumo de derivados de carvão e petróleo), a ser adotado por toda a sua sociedade e economia. Os
Estados Unidos apresentaram seus esforços, iniciados no governo Barack Obama, para se atingir uma
energia limpa, ou seja, menos dependente do petróleo e de seus derivados.
Estes são os resultados da reunião de Copenhague:
• Brasil, China, Índia, Estados Unidos e África do Sul foram os responsáveis pela redação do
documento final da conferência, mas que não representava a intenção ou os anseios de todos os líderes
que lá estavam;
• mais uma vez um texto genérico fala sobre a necessidade de evitar um aumento da temperatura
global;
• o acordo criou um fundo de US$ 100 bilhões para os próximo três ano com o objetivo de auxiliar os
países em desenvolvimento a criar uma economia sustentável e de diminuir suas emissões de poluentes•
• o acordo não estabeleceu novas datas de reuniões mas se comprometeu a manter as negociações
em caráter permanente.

A Rio+20

Em 2012, o Rio de Janeiro foi sede de um evento para marcar o 20 aniversário da Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento do meio Ambiente, realizada em 1992, conhecida como Rio-92.
O encontro foi popularmente chamado de Rio+20.
A meta principal foi fazer um balanço dos últimos _o ano na busca de um modelo econômico baseado
no desenvolvimento sustentável, Uma das principais resoluções foi transformar o Programa das -ações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) numa agência da ONU, como a Organização Mundial da Saúde
(OMS) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), o que lhe daria mais poderes e recursos.
O fato mais frustrante nessa conferência foi a posição do G-77 (grupo dos países mais pobres ou em
desenvolvimento, que e articula eventualmente em reuniões internacionais). Como eles pretendem
crescer economicamente, praticamente rejeitaram os termos específicos sobre uma economia
ambientalmente mais equilibrada e sobre investimentos em energias renováveis. Isso obviamente
aconteceria, já que não ocorreram grandes avanços nem mesmo entre os países ricos.

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Apesar disso, um exemplo de avanço na Rio+20 foi o acordo que o grupo das 40 megacidades fez
para reduzir suas emissões de gases causadores de efeito estufa.

Os principais problemas ambientais do planeta

Poluição Atmosférica
A poluição do ar consiste no lançamento e acúmulo de partículas sólidas e gases tóxicos que se
concentram na atmosfera terrestre alterando suas características físico-químicas.
De maneira geral, os poluentes atmosféricos podem ser produzidos por fontes primárias ou
secundárias. Os poluentes primários são aqueles liberados diretamente das fontes de emissão, como os
gases que provém de queimadas em florestas ou da queima de combustíveis fósseis (petróleo e carvão),
lançados do escapamento dos veículos automotores e também das chaminés das fábricas, entre eles,
monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO²), dióxido de enxofre (SO²) e metano (CH4). Os
poluentes secundários, por sua vez, são aqueles formados na atmosfera a partir de reações químicas
entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera, como o ácido sulfúrico (H²SO4), ácido
nítrico (HNO³) e ozônio (O³). A esses poluentes somam-se ainda materiais particulados que abrangem
um grande conjunto de poluentes formados por poeiras, fumaças, materiais sólidos e líquidos, que se
mantêm suspensos na atmosfera.
Desde o início da Revolução Industrial, em meados do século XVIII, o nível de poluentes na atmosfera
terrestre vem aumentando exponencialmente com o avanço da industrialização, dos meios de transportes
e demais atividades econômicas que se desenvolvem apoiadas na queima de combustíveis fósseis.
Milhares de toneladas de gases poluentes são lançados todos os dias na atmosfera terrestre,
desencadeando uma série de problemas ambientais, com impactos que ocorrem tanto em escalas local
e regional (como o fenômeno das inversões térmicas e das chuvas ácidas) quanto em escala global (como
a diminuição da camada de ozônio e a ocorrência do efeito estufa).
A alta concentração de poluentes no ar forma uma camada de partículas em suspensão, parecida com
uma neblina, conhecida como smog, fazendo com que a visibilidade diminua. Também causa muitos
problemas de saúde, principalmente relacionados ao sistema respiratório e cardiovascular. Em grandes
centros urbanos dos países industrializados, é frequente os níveis de poluição do ar ultrapassarem os
limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esses gases poluentes são
provenientes da queima de florestas e, em especial, de combustíveis fósseis (petróleo e carvão). Os
principais agentes poluidores são os veículos automotores e as indústrias, sobretudo as termelétricas,
siderúrgicas, metalúrgicas, químicas e refinarias de petróleo.
Um exemplo disso é a população chinesa, que é aconselhada constantemente a usar máscara para
sair às ruas, evitar exercícios ao ar livre e, em dias críticos, é alertada a permanecer no interior de suas
casas, devido aos altos níveis de poluição do ar encontrados em diversas províncias do país. Foram
registradas milhares de mortes, principalmente na última década, decorrentes de problemas respiratórios
e cardiovasculares agravados pela poluição do ar.

Inversão térmica
Em condições normais, o ar presente na Troposfera costuma circular em movimentos ascendentes, o
que ocorre em razão das diferenças de temperatura entre o ar mais aquecido e, portanto, mais leve, nas
camadas mais baixas, e o ar mais frio e mais denso, nas camadas mais elevadas.
Em regiões afetadas por intensa poluição atmosférica, como os grandes centros urbanos, a fuligem e
os gases poluentes lançados pelas chaminés da fábricas e pelo escapamento dos veículos automotores
tendem a se dispersar por meio dessas correntes ascendentes. Em dias mais frios, com baixas
temperaturas e pouco vento, típicos do outono e do inverno, a ausência de corrente de ar dificulta a
dispersão dos poluentes atmosféricos. Nessa situação, o ar em contato com a superfície mais fria também
se resfria, ficando aprisionado pela camada de ar mais quente acima, o que impede a dispersão dos
poluentes atmosféricos. Tem-se, assim, uma inversão da temperatura do ar atmosférico, a chamada
inversão térmica, fenômeno que pode ser observado na forma de uma faixa cinza-alaranjada no horizonte
dos grandes centros urbanos.
Com a ausência dos ventos ascendentes, os poluentes atmosféricos deixam de dispersar e
concentram-se próximos à superfície, o que compromete a qualidade do ar e gera problemas de saúde
aos habitantes das grandes cidades. Quando expostas aos altos índices de poluição, muitas pessoas
apresentam sintomas como dores de cabeça, coceira na garganta e irritação nos olhos, crises alérgicas
e pulmonares, problemas que afetam principalmente crianças e idosos, mais sensíveis à poluição.

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As mudanças climáticas

A humanidade já passou por períodos mais quentes que o atual e por períodos muito frios, como
podemos observar no gráfico a seguir.
Dessa forma, muitos podem afirmar que as preocupações com o aquecimento são exageradas e que
a Terra vai passar por períodos de resfriamento tal qual já ocorreu.
Isso não é verdade. ° problema está no fato de que se ampliou muito a emissão de CO2 na atmosfera
desde o início da Revolução Industrial As fábricas e as indústrias usavam e ainda usam carvão mineral
e, posteriormente e, petróleo para gerar energia. Com o avanço das tecnologias, o petróleo passou a ser
usado também como matéria-prima e fonte de combustíveis para muitos sistemas de transporte.
Apesar de a emissão de poluentes não ser igual em todos os países e de os mais industrializados
terem responsabilidade maior nesse processo hoje já é possível afirmar que se trata de um problema
global. Grandes quantidades de poluição produzidas em um lugar podem atingir outras localidades do
planeta em função da circulação das massas de ar que transportam esses rejeitos.

O desequilíbrio no efeito estufa

O principal problema causado pelo CO2 e por outros poluentes é o desequilíbrio no efeito estufa. °
efeito estufa é um fenômeno natural em que alguns gases funcionam como retentores de calor, condição
fundamental para manter a existência de vida no planeta.
As temperaturas médias no mundo subiram muito nos últimos 150 anos, e a explicação está no
acúmulo de gases causadores do efeito estufa.
O metano é outro gás muito agressivo. Sua capacidade de reter calor na atmosfera é 23 vezes maior
que a do gás carbônico. Cerca de 30 das emissões mundiais de metano estão ligadas à pecuária,
principalmente pela ruminação e pelo esterco.
Pesquisas realizadas pela Organização para Alimentação e Agricultura (em inglês, Food and
Agriculture Organization - FAO), órgão vinculado à ONU responsável pelo setor de alimentação, e pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) afirmam que algumas árvores são suficientes
para reter o metano liberado pelo processo de ruminação. Além disso, o crescimento das pastagens
absorve o carbono.
O metano é liberado também por outras fontes: pela queima de gás natural, de carvão e de material
vegetal e também por campos de arroz inundados, esgotos, aterros e lixões.
O meta no ainda é preocupante em função da devastação das florestas. Um exemplo é o caso das
matas brasileiras, em especial da Floresta Amazônica. Historicamente, o fogo é um dos principais aliados
dos pequenos camponeses para derrubar a floresta. As queimadas na Amazônia são utilizadas há muito
tempo como forma de criar áreas para a agricultura de subsistência, fato que já faz parte cultura do povo
essa região. A expansão das atividades econômicas, especialmente a agricultura comercial, a pecuária
e a exploração madeireira, vem levando a região a entrar na lista dos maiores emissores de poluição do
planta em função da destruição de sua biomassa.

O buraco na camada de ozônio

No final do século XVIII e início do século XIX, o cientista holandês lartinus van Marum descobriu um
gás com cheiro muito forte durante algumas experiências com reações químicas. Anos depois, o cientista
alemão Friedrich Schõnbein chamou esse gás de ozônio quando percebeu que ele era liberado nos
processos químicos de purificação da água. Schõnbein também notou que esse gás subia pelo ar
rapidamente e adquiria uma cor azul bem pálida. Ele acreditava então que o ozônio existia em grande
quantidade nas altas camadas da atmosfera, fato que veio a ser comprovado por Gordon Dobson por
volta dos anos 1920.
Por meio dessas pesquisas foi possível perceber que a camada de ozônio é um filtro natural para a
Terra. A constituição química do gás detém os raios solares nocivos à saúde humana; portanto, a camada
de ozônio é um dos elementos mais importantes para a manutenção da vida.
A destruição dessa camada tem relação direta com o modo de vida e o modelo produtivo adotado pela
economia mundial nos últimos tempos. Para refrigerar os alimentos usavam-se, no início do século XX,
gases extremamente perigosos, como a amônia e o enxofre.
No final dos anos 1920, Thomas Midgley Jr. descobriu um gás proveniente da combinação do carbono
com o flúor e o cloro: trata-se do clorofluorcarboneto (CFC), depois registra o pela empresa dona a patente
como gás fréon.

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Com inúmeras vantagens em relação aos outros gases, o fréon passou a ser usado largamente e
permitiu a popularização das geladeiras domésticas, que eram impensáveis quando se usavam os outros
gases. As pesquisas permitiram a fabricação de espumas, produtos de limpeza, sprays e uma quantidade
infinita de derivados desse gás.
Em meados dos anos 1980, descobriu-se a existência de uma falha nessa camada protetora da Terra.
Cientistas britânicos e estadunidenses anunciaram que havia um buraco de milhões de quilômetros
quadrados na atmosfera sobre a Antártida.
As pesquisas apontavam que esse buraco era causado pela emissão de gases Réon, que, quando
sobem às altas camadas, destroem o ozônio e permitem a passagem dos raios solares nocivos à vida. O
problema reside no fato de que esses gases duram na atmosfera entre 20 e 90 anos.
O buraco está principalmente sobre a Antártica, mas já se notam pequenas falhas também no
Hemisfério Norte. Sabe-se que existe um sistema mundial de circulação de ar que acumula os gases
fréon sobre a Antártica em quantidade máxima justamente nos meses mais frios, quando o ar fica mais
denso e circula somente nas proximidades dessa área. Quando os raios solares mais fortes chegam a
essa região no verão, as reações químicas quebram o ozônio e permitem a passagem dos raios nocivos.
A solução para esse problema está ligada à redução da emissão de gás CFC, fato que já foi registrado
muitas vezes por cientistas credenciados pela ONU. Para se chegar a esse pequeno avanço, foi assinado
em 1987 o Protocolo de Montreal (Canadá), que previa a erradicação gradual da produção de CFC. Entre
1988 e 1995, o consumo do gás diminuiu quase 80 em escala mundial. Mesmo assim, especialistas
acreditam existir um mercado paralelo e ilegal de CFÇ que movimenta milhares de toneladas de gás por
ano.
Esse quadro influencia diretamente a saúde humana. Especialistas na área de medicina afirmam que
os casos de catarata e câncer de pele vêm se avolumando em grande escala no planeta. Em algumas
cidades do extremo sul da América do Sul, principalmente, como Punta Arenas, no Chile, as pessoas
usam roupas de mangas compridas, óculos escuros, protetor solar e chapéus entre 11 e 15 horas, quando
os raios solares são mais fortes. Essas precauções já fazem parte do cotidiano de muitas pessoas no
planeta.

A devastação das florestas

As atividades agropecuárias, a urbanização e a industrialização podem ser caracterizadas de maneira


geral como os processos que iniciaram a devastação das florestas.
Com o desenvolvimento da tecnologia em todos os campos da ação humana, surgiram métodos que
aceleraram o desmatamento e acabaram afetando vastas áreas ricas em biodiversidade.
Como exemplos, podem-se citar extensas áreas florestais da Europa e dos Estados Unidos
praticamente extintas no final do século XIX e início do século XX. Esse processo esteve ligado ao
desenvolvimento e ao avanço das relações capitalistas que se materializavam no território.
Infelizmente esse processo de destruição continua até hoje e de forma cada vez mais preocupante. A
instalação de atividades econômicas sobre áreas praticamente intactas é resultado da expansão da
indústria madeireira, das atividades mineradoras, em especial as ilegais, e da corrida por novas áreas
pela agricultura comercial, fato que ficou conhecido como expansão das fronteiras agrícolas.
A partir dos anos 1980, principalmente, a consciência ecológica levou muitos países, em especial os
mais desenvolvidos, a realizar programas de replantio de espécies nativas, o que possibilitou a
recuperação de antigas áreas devastadas. Em contrapartida, nos países mais pobres e nas nações em
desenvolvimento, essa tragédia natural tem crescido ano a ano.
A atuação de grandes empresas exploradoras que operam em regiões florestais do planeta gera outros
graves problemas. As populações das regiões florestais extremamente pobres viviam dos frutos das
florestas de forma racional, uma vez que o ritmo de exploração das matas permitia a sua regeneração.
Com a chegada das grandes empresas exploradoras, ocorreu uma radical mudança na vida dessas
pessoas.
Desprovidos de áreas para exercer suas atividades, os trabalhadores pobres empregam-se nessas
companhias, recebendo baixíssimos salários. Aqueles que não trabalham nessas empresas acabam
derrubando a mata para vender a madeira de forma ilegal e assim obter recursos para sustentar suas
famílias.
Nos últimos anos as preocupações estão cada vez maiores, pois mapeamentos detalhados mostram
que a devastação põe em risco principalmente as florestas localizadas em regiões úmidas do planeta.
São áreas de mata inundadas ou saturadas de água, como as várzeas dos rios, manguezais, florestas
em áreas costeiras e próximas de grandes bacias hidrográficas.

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Na Ásia, a maior parte das terras úmidas florestadas estão ameaçadas pela expansão da agricultura
comercial do arroz e pela exploração de madeira, como no caso da indonésia, que já perdeu grande parte
de sua cobertura florestal original.
Todos os relatórios e avisos feitos pelos cientistas alertam que essas áreas úmidas devem ser
preservadas, pois ajudam a regular o fluxo e o abastecimento de depósitos subterrâneos de água. Caso
essas regiões entrem em colapso natural, isso pode gerar um efeito desastroso para a sociedade, que
ficaria sem água.
Uma experiência que merece menção é a da Finlândia. Quase 80 do território finlandês é coberto por
florestas, o que é a maior taxa de ocupação florestal da Europa, em razão de as florestas terem sido
consideradas patrimônio ecológico, social, cultural e econômico do país. Nas últimas décadas, as áreas
plantadas vêm superando as áreas cortadas em 20 a 30 anualmente.
Um dos grandes segredos desse sucesso está no replantio de espécies nativas; na Finlândia somente
podem ser replantadas madeiras originais daquela região. Isso permite uma atividade econômica mais
sustentável e não tão agressiva ao solo, ao clima e aos animais que habitam essas matas.
Os defensores da silvicultura (atividade que se dedica ao manejo e estudo de florestas plantadas)
finlandesa afirmam que a estrutura do replantio é semelhante à das florestas naturais e que os seres
humanos a exploram desde sempre.
Dessa forma, a indústria florestal é um dos maiores setores da economia do país, e a comercialização
de madeira, papel, polpa de papel e outros derivados da celulose chega a representar cerca de 30 de
suas exportações.
Para combater o mercado clandestino de madeira e o desmatamento em todo o mundo, foi criada a
certificação florestal pelo Conselho de Manejo Florestal 'Forest Stewardship Council - FSC), uma entidade
ambientalista mundial.
Esse certificado garante ao consumidor final de madeira e de seus derivados que aquele produto é
fruto de um reflorestamento não agressivo ou mesmo de uma exploração sustentável, que preserva e
respeita o ritmo de regeneração da natureza. Já existem milhares de itens e produtos que contam com
essa certificação. Portas, pisos, móveis e até mesmo papel higiênico são certificados para comprovar que
não vieram de uma matéria-prima fruto da devastação.

Os hotspots

A enorme diversidade natural das florestas chamou a atenção de muitos pesquisadores. Um deles foi
o cientista inglês Norma Myers. Ao perceber que existiam algumas regiões com maior variedade de
espécies vegetais e animais que outras, ele deu um novo significado para o conceito de biodiversidade,
antes visto genericamente como o incrível número de espécies diferentes do planeta.
Após as pesquisas de Myers, a biodiversidade pôde ser medida. Existem lugares mais biodiversos e
outros menos. Ele procurou identificar as regiões que concentravam os mais altos níveis de
biodiversidade para direcionar as ações de conservação. Essas regiões, que foram por ele chamadas de
hotspots, são localidades prioritárias para a conservação, pois sua destruição comprometeria um número
maior de vegetais e animais. Myers definiu hotspot da seguinte forma: área com pelo menos 1500
espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de três quartos de sua vegetação original.
Depois de inúmeras pesquisas, percebeu-se que todos os hotspots juntos somam apenas 2,3 da
superfície terrestre. Nessa superfície estão 50 das plantas e 42 de todos os animais vertebrados do
planeta; ou seja, cuidando como se deve e com comprometimento, podemos preservar quase metade de
toda a vida.

Preservacionistas X conservacionistas e a ecologia profunda


O conservacionismo é uma ideia do engenheiro florestal e político estadunidense Gif- ford Pinchot. Ele
acreditava em um convívio harmônico entre os seres humanos e a natureza, desde que os seres humanos
soubessem usar de forma correta e eficiente os recursos naturais, sem desperdício, para o bem da
maioria da população, conservando o ambiente para as gerações futuras.
Em oposição a essa linha, surgiram os preservacionistas. Eles enxergam a sociedade como uma
ameaça ao meio ambiente. As áreas naturais devem se manter intocadas para serem protegidas da
destruição. Um dos maiores defensores do preservacionismo foi John Muir. Nascido na Escócia e criado
nos Estados Unidos, ele defendeu a criação de inúmeros parques nacionais que são santuários da
natureza.
Quando as discussões sobre meio ambiente começaram a ocupar um lugar central, o filósofo
norueguês Arne Naess passou a defender uma ideia chamada de ecologia profunda ou ecosofia. Ele
acreditava que tanto a vida humana como a não humana no planeta tinham a mesma importância. Assim,

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os seres humanos não tinham o direito de reduzir essa riqueza e diversidade para satisfazer suas
necessidades e deviam mudar radicalmente o padrão de vida para poderem sobreviver em escala
mundial.

A destruição dos recursos hídricos

O modelo econômico que vigora em nossos dias é marcado por um consumo crescente de
mercadorias das mais variadas: de alimentos a automóveis, de geladeiras a roupas. Para produzir tanto,
estamos assistindo a um desenfreado consumo de água. Veja de maneira geral como foi a evolução do
consumo de água :10 Brasil e no mundo no século XX.
Em função desse modelo econômico, o processo de industrialização e de urbanização dá origem a um
volume cada vez maior de esgotos domiciliares, lixo e outros resíduos, que são lançados nos rios e mares
cotidianamente. Isso afeta qualidade das águas, tanto as superficiais quanto as dos aquíferos, em vários
pontos do planeta.
No final dos anos 1990, veio à tona um problema exemplarmente grave no norte do Golfo do México,
litoral sudeste dos Estados Unidos. Produtos químicos como fertilizantes foram levados para o mar pelo
Rio Mississipi, destruindo oxigênio nessas águas. Consequentemente, a vida marinha foi dizimada,
gerando o que os especialistas passaram a chamar de "zona morta", com aproximadamente mil
quilômetros quadrados.

Escassez de água: uma crise anunciada

Os rios e os lagos, que formam os ecossistemas de água doce, são considerados o meio de vida
natural mais ameaçado do planeta.
Embora ocupem apenas 1 da superfície terrestre, os ecossistemas de água doce abrigam cerca de 40
das espécies de peixes e 12 dos demais animais. Para ter uma ideia da diversidade desses ecossistemas,
o Rio Amazonas, sozinho, possuiu mais de 3 mil espécies de peixe. Todos os estudos feitos recentemente
apontam que 34 das espécies de peixes de água doce encontradas em todo o mundo correm o risco de
extinção, ameaçadas, principalmente, pela construção de represas, canalização dos rios e poluição.
Entre 1950 e os nossos dias, o número de grandes barragens no mundo passou de 5750 para mais
de 41 mil, fato que alterou radicalmente a dinâmica da vida aquática.
Esse cenário alarmante é agravado pela pequena disponibilidade de água para o consumo humano.
Embora 75 da superfície terrestre seja recoberta por água, os seres humanos só podem usar uma
pequena porção desse volume, porque nem sempre ela é adequada ao consumo. É o caso da água
salgada dos mares e oceanos, que representa cerca de 97 da quantidade total disponível na Terra.
Dos cerca de 3 restantes, apenas um terço é acessível, em rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e
na atmosfera. Os outros dois terços são encontrados nas geleiras, calotas polares e lençóis freáticos
muito profundos.
Além de ser um recurso finito, a água é cada vez mais consumida no mundo todo. Ao longo do século
XX, por exemplo, a população mundial cresceu três vezes, enquanto as superfícies irrigadas cresceram
seis vezes e o consumo global, sete vezes.
Esse aumento exponencial do consumo mundial de água está gerando um fenômeno conhecido como
estresse hídrico, isto é, carência de água. Segundo o Banco Mundial, essa situação ocorre quando a
disponibilidade de água não chega a 1000 metros cúbicos anuais por habitante.

As águas mal usadas e a salinização dos solos


São consideradas regiões que sofrem com a salinização aquelas que perdem o rendimento econômico
na agricultura. Os solos mais sujeitos a esse problema são os que estão em regiões mais secas. Neles,
qualquer tipo de irrigação mal conduzida pode gerar uma forte salinização se não estiver presente um
adequado sistema de drenagem. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e agricultura
estima que, dos 250 milhões de hectares irrigados em todo o planeta, cerca de metade já tem problemas
de salinização, e uma grande parte é abandonada todo ano por esse motivo. Por isso, a irrigação precisa
ser feita com muito cuidado.
Entendemos que a água está cada vez mais escassa em todo o globo. A combinação de fatores
naturais e socioeconômicos com. pressão demo gráfica e uso irracional gera desertificação, salinização
e poluição desenfreada.
O aumento do estresse hídrico já reduziu de forma considerável as reservas hídricas disponíveis no
planeta. Em quase metade das localidades habitadas, já existem problemas de escassez, e cerca de 20

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a 30 da população mundial não têm acesso a redes satisfatórias de água e esgoto. Esse quadro fica ainda
mais grave uma vez que a escassez desse recurso se soma a problemas políticos entre povos e nações.
No Oriente Médio, por exemplo, há inúmeras disputas pela posse da água que se misturam a
rivalidades criadas por décadas de conflitos.
Israelenses e palestinos têm na água um dos maiores pontos de discórdia. Eles disputam as águas
oriundas da nascente do Rio Jordão e do Lago Tiberíades nas proximidades das Colinas de Golã. Além
disso, 90 dos canais de abastecimento de água são controlados por Israel.
Organismos internacionais afirmam que a disponibilidade per capita de água é quatro vezes maior em
Israel do que nos territórios palestinos, fato que potencializa epidemias, queda da produtividade agrícola
e tantos outros problemas.
Outro exemplo de tensão em razão da disputa pela água ocorre entre Síria, Turquia e Iraque. A Turquia
tem um plano de desenvolvimento que inclui a construção de mais de 20 barragens ao longo dos rios
Tigre e Eufrates.
Essas obras de grande porte alteram radicalmente a vazão de água dos rios e ameaçam o
abastecimento de grandes áreas em países vizinhos, como o Iraque e a Síria. Esses países discutem
hoje um estatuto comum para a administração desses rios, visto que não foram poucas as vezes que eles
entraram em alerta para uma possível guerra: um temendo perder o enorme volume de água, fundamental
para seu povo, outro temendo perder as barragens, fundamentais para seu desenvolvimento.

A destruição dos oceanos

A intensificação do comércio internacional nas últimas décadas tem deixado marcas negativas nos
oceanos.
Nos mares de quase todas as regiões do planeta existem gigantescas manchas de petróleo. Em parte,
essas manchas ocorrem por descaso e pelo uso de equipamentos obsoletos que causam vazamentos.
Além disso, muitos navios petroleiros chegam a lavar seus reservatórios nas costas de países pobres,
especialmente africanos, que não têm sistemas de vigilância eficientes para evitar esse crime.
Outro grave problema é a pesca predatória, que também contribui para o esgotamento dos estoques
de pescados oceânicos. Cerca de 90 das espécies comerciais, ou seja, pescadas, processadas e
vendidas, correm risco iminente de destruição em razão da pesca predatória.
Grandes grupos econômicos ligados direta e indiretamente ao setor alimentício são os responsáveis
por essa destruição. Eles permitem a prática da pesca predatória, que, na busca do lucro imediato, não
respeita, em muitos casos, o período de reprodução das espécies, fato que minimamente garantiria a
reposição dos estoques.
O mar também sofre a partir das terras costeiras. Grupos imobiliários promovem a ocupação irregular
de áreas litorâneas pela construção de casas, condomínios e hotéis em áreas de manguezal, alterando
o equilíbrio ambiental.
É importante lembrar que os oceanos são fundamentais para o equilíbrio ecológico de todo o planeta.
Eles concentram 97% das águas e produzem cerca de -:1\6 do oxigênio da atmosfera, além de serem os
principais responsáveis pela recomposição dos estoques de água doce, graças à umidade que geram.
Por todos - es fatores, os oceanos são fundamentais para a manutenção das características climáticas
do planeta.

A degradação dos solos

A degradação do solo geralmente é causada pela associação de situações climáticas extremas, como
a seca ou o excesso de chuvas, com práticas predatórias, como o desmatamento de áreas florestais, a
expansão das pastagens, a utilização intensiva de agrotóxicos e a mineração descontrolada.
Essas atividades alteram e destroem a cobertura vegetal natural do solo, deixando-o exposto à ação
das intempéries como o vento e a chuva, que gradualmente desgastam o solo desnudo de vegetação.
Esse processo erosivo pode evoluir, e a rocha bruta, base do solo, chegar a ficar exposta. Quando
isso ocorre, está se iniciando o processo de desertificação.
O manejo agrícola inadequado é um dos grandes responsáveis pela degradação dos solos. Quase
metade das áreas agrícolas do planeta tem algum problema que afeta a sua produção de alimentos.
Esse problema está longe de ser somente ambiental. Ele tem profunda relação com a sociedade e a
economia, uma vez que a perda de grãos com a desertificação chega a mais de 20 milhões de toneladas,
cifra suficientemente grande para atenuar o problema da fome no mundo.
As consequências nefastas da degradação do solo afligem também grandes contingentes
populacionais. Calcula-se que 30 milhões de pessoas morreram, nas últimas décadas, de fome

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ocasionada pelo esgotamento de suas áreas naturais, e mais de 120 milhões realizaram o êxodo rural
nos últimos 50 anos.
As soluções para esse problema passam sempre pela alteração do modelo produtivo ou pela aplicação
de enormes recursos financeiros na recuperação de áreas.
Em 1994 foi assinada a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação. A principal
decisão foi a aplicação de vastos recursos financeiros para promover a educação ambiental,
principalmente em sociedades agrárias, para que estas sejam reprodutoras das práticas e dos
conhecimentos voltados à conservação dos solos.

Resíduos sólidos: recurso e problema

Diariamente milhões de toneladas de resíduos sólidos são lançadas no ambiente. A prática de


depositar resíduos ao ar livre, lançá-los na água, descartá-los em terrenos baldios e queimar os restos
inaproveitáveis teve início nas civilizações antigas, em que os métodos de lidar com os descartes
consistiam em depositá-los bem longe das moradias.
Essa solução vigorou durante muito tempo e se incorporou à cultura cotidiana de muitas populações.
Hoje é evidente que o crescimento populacional e o aumento do consumo levaram a humanidade a uma
enorme produção de resíduos, que causam graves problemas quando manipulados e depositados de
forma inadequada.
Após a década de 1950, iniciou-se uma mudança de mentalidade em relação ao resíduo sólido, a
princípio nos países mais ricos. Antes visto como desprezível e problemático, gradualmente ele passou
a ser encarado como energia, matéria prima e parte da solução para alguns problemas.
Atualmente, processos como a reciclarem reduzem o volume de resíduos sólidos descartado e
interferem no processo produtivo, economizando energia, água e matéria-prima, além de reduzir
sensivelmente a poluição da água, do ar e do solo. Mesmo assim, a quantidade de lixo reciclada é muito
pequena perante a total.
Uma das soluções que podem ajudar a solucionar esse problema é a coleta seletiva de lixo, ou seja,
o processo pelo qual se separam os materiais encontrados no lixo. Essa separação é fundamental para
o reaproveitamento dos resíduos, pois a coleta potencializa o reaproveitamento dos materiais. A
reciclagem passou a ser uma obrigação em função do enorme volume de. Do que a sociedade produz.
Um cidadão estadunidense produz quase 800 quilos de resíduos sólidos por ano. O surgimento de
novas mercadorias, o desperdício de matérias por falta de urna efetiva educação ambienta1 e o uso de
produtos descartáveis industrializados são os principais responsáveis pela contínua tendência de
expansão desse índice. Segundo os estudos mais recentes, cada tonelada reciclada resulta em uma
economia de 500 dólares. A fabricação de papel reciclado, por exemplo, consome 74% menos energia
que a produção de um papel novo.
O Japão reutiliza 50 de seu resíduo sólido e desenvolveu processos de reutilização das águas do
chuveiro no vaso sanitário. Nos Estados Unidos e na Europa, as autoridades estão eliminando os aterros
sanitários - em que o lixo acumulado acaba contaminando o solo e a água subterrânea - ao mesmo tempo
que estimulam a instalação de usinas de reciclagem. Desde 2006, a União Europeia exige dos fabricantes
de automóveis e motocicletas que se responsabilizem pelo destino final de 85 do material dos veículos.

As consequências das mudanças climáticas e ambientais

A chuva ácida

A atmosfera, como vimos, vem sendo contaminada por compostos químicos como o enxofre e o
nitrogênio, que vão se concentrando no vapor de água e, consequentemente, nas nuvens. Estas, quando
muito carregadas, despejam uma chuva extremamente ácida.

Até a década de 1990, a chuva ácida era comum apenas nos países de industrialização mais antiga,
mas depois, com a expansão mundial do processo industrial, ela passou a ocorrer em grande quantidade
também na Ásia, em países como China, Índia, Tailândia e Coreia do Sul, que hoje são os grandes
responsáveis pela emissão de óxido nitroso (NO) e dióxido de enxofre (S02). Grande parte desse
problema foi surgindo conforme a produção industrial se expandia. Isso significou maior uso de
termelétricas que geram energia por meio do carvão e do petróleo (combustíveis altamente poluentes),
maior circulação de carros e outros meios de transportes.

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Nos últimos anos há incidência de chuva ácida praticamente em todo o mundo. Em alguns lugares
onde não existem atividades industriais poluentes, ela ocorre em razão do deslocamento das massas de
ar vindas de países emissores de poluição.
Entre as consequências da chuva ácida, destacam-se:
• alteração da composição do solo e das águas, tanto dos rios quanto dos lençóis freáticos;
• destruição da cobertura florestal. No Brasil, isso é visível em trechos das encostas da Serra do Mar
nas proximidades de Cubatão, no litoral de São Paulo, importante polo industrial petroquímico que já foi
conhecido mundialmente pela péssima qualidade do ar;
• contaminação das lavouras;
• corrosão de edifícios, estátuas e monumentos históricos.

No Hemisfério Norte, as chuvas ácidas já provocaram alterações em 35 dos ecossistemas.

Poluição Atmosférica e Aquecimento Global: O aumento da temperatura do planeta

As razões do aumento da temperatura do planeta ainda geram muitos debates entre os cientistas.
Causas naturais e provocadas pelos seres humanos têm sido propostas para explicar o fenômeno. A
principal evidência do aquecimento vem das medidas de temperatura de estações meteorológicas em
todo o globo desde 1860. Os dados mostram que houve um aumento médio da temperatura durante o
século XX. Para explicar essas mudanças, os cientistas usam ainda evidências secundárias, como a
variação da cobertura de gelo e neve em certas áreas, o aumento do nível dos mares e das quantidades
de chuvas, entre outras.
Diversas montanhas já perderam enormes áreas geladas e nevadas, e a cobertura de gelo no
Hemisfério Norte na primavera e no verão também diminuiu drasticamente.
O aumento da temperatura global pode levar um ecossistema a graves mudanças, forçando algumas
espécies a sair de seus hábitats, invadindo outros ecossistemas, ou potencializando a extinção.

Outra situação que causa grande preocupação é o aumento do nível do mar, de 20 a 30 em por década.
Algumas ilhas no Oceano Pacífico já sofrem com esse problema.

Deve-se lembrar que a subida dos mares ocorre principalmente por causa da expansão térmica da
água dos oceanos, ou seja, as águas dilatam; no entanto, as preocupações com o futuro incluem também
o derretimento das calotas polares e dos glaciares, que guardam enormes quantidades de água na forma
de gelo. Alguns cientistas afirmam que as mudanças podem ocorrer de forma sutil e mesmo imperceptível.
Tudo isso leva a uma situação preocupante. Previsões feitas pela ONU alertam que entre 50 e 100
milhões de pessoas podem abandonar suas casas temporária ou definitivamente por problemas
relacionados a questões ambientais nas próximas décadas, tornando-se refugiados ambientais. Nesses
números estão incluídos grupos humanos, comunidades inteiras que serão levadas a migrar em razão da
poluição das águas, de enchentes, do desgaste dos solos, do fim da disponibilidade de peixes e da subida
do nível dos oceanos. É certo que essa situação exigirá~ uma legislação internacional, uma vez que
países e regiões inteiras vão ser evacuados, e os refugiados poderão ser levados em circunstâncias
emergenciais a outros países.

A formação territorial do Brasil

Segundo o geógrafo Milton Santos, o território nacional é o espaço de todos os habitantes de um dado
Estado. Uma vez usufruído pelos indivíduos, esse território constitui, em última análise, o próprio e paço
geográfico.
Entretanto, a construção do território se dá pela mediação entre o mundo e o lugar onde, afinal,
vivemos cotidianamente. Por exemplo, a formação do território brasileiro, que hoje abriga uma enorme
quantidade de lugares, foi iniciada pela colonização imposta pela metrópole portuguesa, no século XVI.
A partir daí, diversas atividades econômicas passaram a moldar o espaço geográfico brasileiro.
Com base nessas premissas, o espaço geográfico brasileiro tem sido construído e reconstruído a todo
instante, muitas vezes em detrimento das reais necessidades de sua população.
Referências Bibliográficas:

TAMDJIAN, James Onning. Geografia: estudos para compreensão do espaço. 2ª edição. São Paulo: FTD.

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. 127
Políticas Ambientais no Brasil

Políticas Ambientais são um conjunto de ações ordenadas e práticas tomadas por empresas e
governos com o propósito de preservar o meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável do
planeta. Esta política ambiental deve ser norteada por princípios e valores ambientais que levem em
consideração a sustentabilidade.

Estas políticas são, portanto, importantes instrumentos para a garantia de um futuro com
desenvolvimento e preservação ambiental. São também fundamentais para o combate ao aquecimento
global do planeta (verificado nas últimas décadas), redução significativa da poluição ambiental (ar, rios,
solo e oceanos) e melhoria na qualidade de vida das pessoas (principalmente dos grandes centros
urbanos).
A Lei nº 6.938/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e institui o Sistema Nacional
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formação e aplicação, e dá outras providências. Essa é a
mais relevante norma ambiental depois da Constituição Federal da 1988, pela qual foi recepcionada, visto
que traçou toda a sistemática das políticas públicas brasileiras para o meio ambiente.
Com o advento da Lei nº 6.938/81 o país passou a ter formalmente uma Política Nacional do Meio
Ambiente, uma espécie de marco legal para todas as políticas públicas de meio ambiente a serem
desenvolvidas pelos entes federativos. Antes disso, cada Estado ou Município tinha autonomia para
eleger as suas diretrizes políticas em relação ao meio ambiente de forma independente, embora na prática
poucos realmente demonstrassem interesse pela temática.

Código Florestal

O Código Florestal Brasileiro dispõe sobre a proteção da vegetação nativa e estabelece normas gerais
sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal.
Trata também de temas acerca da normatização geral da proteção da vegetação do Brasil, com
destaque à Áreas de preservação permanente; Áreas de reserva legal; Áreas de uso restrito; Áreas verdes
urbanas; Uso sustentável dos apicuns e salgados; Exploração florestal; Suprimento de matéria-prima
florestal; Controle da origem dos produtos florestais; Controle e prevenção de incêndios florestais;
Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente; Instrumentos
econômicos e financeiros para a proteção florestal.

Unidades de Conservação

Através da Constituição de 1988 adveio a Lei nº. 9.985 de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, bem como regulamentou o § 1º, I, II, III e VII, do art. 225 da
Constituição Federal de 1988.
A Lei nº. 9.985/2000 aduz objetivos que garantem a sustentabilidade do espaço territorial destinado à
proteção, bem como diretrizes que se voltam para a constituição e funcionamento das unidades de
conservação, busca-se, no entanto, vislumbrar a identidade dos ecossistemas brasileiros. Tanto os
objetivos quanto as diretrizes, estão respectivamente apresentados pelos artigos 4º e 5º da lei 9.985/2002.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) é o conjunto de unidades de
conservação (UC) federais, estaduais e municipais. É composto por 12 categorias de UC, cujos objetivos
específicos se diferenciam quanto à forma de proteção e usos permitidos: aquelas que precisam de
maiores cuidados, pela sua fragilidade e particularidades, e aquelas que podem ser utilizadas de forma
sustentável e conservadas ao mesmo tempo.
Questões

01. (FGV-RJ) A partir da segunda metade do século passado, a mobilização em torno do ambiente foi
divulgada e se consolidou por meio de estudos e das cúpulas, ou das conferências internacionais.
Sobre essas conferências, pode-se afirmar:
I. A primeira grande conferência internacional convocada especificamente para a discussão da
problemática ambiental ocorreu em Estocolmo, em 1972.
II. Na Rio-92, foram divulgadas as convenções sobre Mudanças Climáticas e sobre Diversidade
Biológica, que figuram na agenda ambiental internacional.
III. Na Rio+20, que ocorreu no Rio de Janeiro, em 2012, todos os países participantes ratificaram o
novo Protocolo de Kyoto, aderindo à nova ordem ambiental internacional.

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Está correto o que se afirmar em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

02. (UFPR) O Brasil sediou, no mês de junho de 2012, a Conferência Rio+20, voltada às preocupações
da relação entre sociedade e natureza, entre desenvolvimento e meio ambiente. Considerando as
questões ambientais contemporâneas e os fóruns internacionais de debates e decisões acerca da relação
entre meio ambiente e desenvolvimento das últimas décadas, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A realização das grandes conferências mundiais sobre meio ambiente e desenvolvimento evidencia
que a resolução dos problemas ambientais do planeta passa, essencialmente, pela esfera política.
(B) As grandes conferências mundiais sobre meio ambiente e desenvolvimento datam dos últimos
quarenta anos, aproximadamente, período no qual a degradação ambiental passou a ameaçar o
desenvolvimento econômico mundial.
(C) Na conferência Rio+20, a principal divergência de posições colocou em evidência o antagonismo
entre os defensores da economia verde e os defensores do desenvolvimento ecologicamente sustentável.
(D) As convenções da Biodiversidade e das Mudanças Climáticas Globais, associadas às convenções
da Amazônia e da Mata Atlântica (brasileiras), foram ratificadas pelos países-membros da ONU na última
década.
(E) O desenvolvimento sustentável, proposto pela Comissão Brutland nos anos oitenta, constitui-se
numa perspectiva de reorientação da produção econômica moderna considerando as bases ecológicas
do planeta.

03. (FGV-RJ) A próxima conferência internacional do clima, em Durban, na África do Sul, centrará seu
foco no destino do Protocolo de Kyoto. [ ... ] Se não for renovado, expira em 2012. Durban é a última
oportunidade de salvar Kyoto. Sem ele, desaparece o único acordo climático internacional que existe.
A decisão tem dia marcado: 9 de dezembro. É quando termina a Cop-17, o encontro anual que reúne
negociadores do mundo todo para discutir um acordo climático internacional, desta vez, na África do Sul.
<http://clippingmp.planejamento. gov. br/cadastroslnoticiasl2011 18/1 01 futuro-do-protocolo-de-kyoto-sera-prioridade-nacupula-do-
clima/?searchterm=Clima20Kyoto>.

Sobre o Protocolo de Kyoto, mencionado na reportagem, assinale a alternativa correta:


(A) Afirma o princípio da responsabilidade comum, estabelecendo metas de redução obrigatória das
emissões de gases de efeito estufa para todos os países signatários.
(B) Não foi ratificado pelos Estados Unidos, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa do
mundo.
(C) Criou um sistema de comércio de créditos de carbono válido apenas entre os países
industrializados: o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
(D) Entrou em vigor em 2008, quando ocorreu a adesão de dois países que figuram entre os maiores
emissores de poluentes: a índia e a China.
(E) Considera apenas os níveis atuais de emissão, eximindo os países industrializados da
responsabilidade sobre o estoque de gases estufa presente na atmosfera.

4. (FGV-SP) Leia atentamente o texto a seguir:


As Nações Unidas estimam que, até 2026, dois terços da população mundial sofrerão escassez,
moderada ou severa, de água. Essa situação tem sido interpretada corno resultante da falta física de
água doce para o atendimento da demanda das populações da Terra. Entretanto, no plano geral, há água
suficiente no mundo ( ... ) para satisfazer as necessidades de todos. De fato, este cenário de escassez
significa que, no ano 2026, apenas um terço da humanidade deverá dispor de dinheiro suficiente para
pagar o serviço de abastecimento d'água decente, isto é, com regularidade de fornecimento e qualidade
garantida da água. Aldo Rebouças. O ambiente brasileiro: 500 anos de exploração. In: Wagner Costa Ribeiro (Org.). Patrimônio Ambiental Brasileiro.
Edusp.
Considerando os argumentos do texto, é correto afirmar que:
(A) A "crise da água" resulta do elevado crescimento da população dos países mais pobres.
(B) A "crise da água" não pode ser enfrentada com as tecnologias disponíveis, por isso tende a se
aprofundar.
(C) No cenário projetado pela ONU, a escassez de água tenderá a se agravar devido à continuidade
do processo de urbanização.

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(D) Fatores sociais e econômicos desempenham um papel importante no problema da escassez de
água.
(E) A água é um recurso natural renovável, portanto, a escassez resulta apenas da distribuição
desigual desse recurso pela superfície da Terra.

5. (UespiPl) Um dos desastres ambientais mais destacados, existentes na superfície terrestre, ocorreu
no mar de Aral, localizado entre o Uzbequistão e o Cazaquistão. Esse corpo líquido ocupava uma área
de aproximadamente 68.000 km2• Atualmente possui, segundo cálculos divulgados internacionalmente,
apenas 10 do volume de água que continha.
O que explica esse fato?
a) O aquecimento global, que provocou o aumento considerável da evaporação na região.
b) O desvio dos rios Amu e Syr para irrigar lavouras da ex-URSS.
c) A transposição das águas do rio Volga para as áreas secas da Europa Oriental.
d) A utilização maciça das águas para o consumo humano, mediante a dessalinização intensa.
e) A alteração climática verificada na ex-URSS, durante as décadas de 1950 e 1960, que acarretou
mudança nos regimes fluviais.

6. (UERJ) O acesso das populações a água potável é um dos indicativos do nível de desenvolvimento
e das condições de vida das sociedades no mundo contemporâneo.
A associação adequada entre o espaço geográfico e dois fatores que influenciam o percentual de
acesso de sua população a água potável está indicada em:
a) Austrália - alta renda per capita/regularidade do regime de chuvas.
b) África Central - elevada mortalidade/insuficiência da bacia hidrográfica.
c) América do Norte - política de inclusão social/erradicação de agentes poluentes.
d) Europa Ocidental - estabilidade demográfica/qualidade dos sistemas de saneamento.

07. (PRODAM/AM – Engenharia Elétrica – FUNCAB) Usinas de geração hidroelétrica podem causar
problemas ambientais como:
(A) emissão de CO2.
(B) permitir o controle de inundações.
(C) permitir que os rios se tornem navegáveis.
(D) perda de um sistema natural de drenagem.
(E) dependência de fatores climáticos.

08. (Banco do Brasil – Escriturário – CESGRANRIO)

Para além do aquecimento global, o Secretário chama a atenção para os atuais problemas ambientais
relativos à
(A) cultura de massa.
(B) produção flexível.
(C) economia de mercado.
(D) ideologia ecológica.
(E) diversidade biológica.
Gabarito

01. C/02. D/03. B/04. D/05. D/06. B/07. D/08. E

c) Os recursos minerais

Ainda que o desenvolvimento das técnicas, acompanhado do expressivo avanço do conhecimento


científico dos últimos dois séculos tenha se tornado uma característica marcante dos mais diversos
setores da nossa sociedade, não podemos esquecer que nem todas as sociedades evoluíram

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tecnicamente da mesma forma. Ainda hoje, existem diversas delas que garantem sua subsistência por
meio de técnicas rudimentares e pouco elaboradas. Como exemplo, temos as agrícolas tradicionais, que
vivem da caça, da pesca e da coleta, e se dedicam quase que exclusivamente ao cultivo de subsistência,
e as sociedades que sobrevivem do pastoreio nômade.
Ao longo de sua história na Terra, o ser humano vem acumulando e adquirindo novos conhecimentos
e habilidades, assim como, aprimorando e desenvolvendo instrumentos e técnicas de trabalho para extrair
da natureza os recursos necessários à sua sobrevivência. Além disso, necessita garantir sua existência
por meio da produção de alimentos, construção de moradias, fabricação de roupas, utensílios,
ferramentas de trabalho, etc.
Nos últimos dois séculos, porém, com os constantes avanços científicos e tecnológicos da sociedade
capitalista industrial, as condições técnicas foram aprimoradas a um ritmo jamais alcançado antes. Ao
serem aplicadas no processo produtivo, essas técnicas ampliaram de forma extraordinária a capacidade
humana de intervir e, consequentemente, de explorar com maior intensidade os recursos naturais, a
exemplo dos solos, crescentemente aproveitados para a formação de lavouras e pastagens e das fontes
hídricas, cada vez mais exploradas para pesca, navegação, irrigação de cultivos, abastecimento de
cidades ou, ainda, para a geração de energia elétrica.
Tudo o que a sociedade humana utiliza para produzir os bens de que precisa ou de que faz uso são
obtidos de elementos existentes na natureza, também chamados recursos naturais.

“Falar de recursos naturais é falar de recurso que, por sua própria natureza, existem
independentemente da ação humana e, assim, não estão disponíveis de acordo com o livre-arbítrio de
quem quer que seja”. (PORTO GONÇALVES, Carlos Walter. O desafio ambiental. Rio de Janeiro: Record, 2004, p.66).

A exploração dos recursos naturais promovida pelas atividades humanas começou a se tornar mais
intensa nos últimos 250 anos, a partir da Revolução Industrial. A expansão da produção econômica,
apoiada principalmente no desenvolvimento das atividades industriais, promoveu o aumento da produção
em larga escala, exigindo, como consequência, a utilização cada vez maior de matérias primas e de fontes
energéticas cuja exploração alcançou níveis sem precedentes em toda a história.
Com o advento da sociedade industrial e o desenvolvimento científico e tecnológico voltado para o
aumento crescente da produção, arraigou-se na sociedade capitalista a ideia da natureza como
fornecedora de recursos econômicos, vistos como bens que podem ser explorados a fim de gerar riquezas
e lucros. Com essa mentalidade estritamente econômica, a natureza passou a ser tratada como um
simples estoque de matérias-primas, fonte inesgotável de recursos necessários para sustentar e garantir
a própria reprodução do modo de produção.
Dessa forma, a lógica que sustenta o industrialismo econômico em expansão ao longo dos últimos
séculos está centrada na concepção de natureza como recurso infinito e inesgotável. Isso significa,
portanto, que o sistema econômico moderno está organizado e orientado para a utilização cada vez mais
eficaz da natureza e de seus recursos. Assim, pode-se dizer que as raízes do intenso processo de
degradação da natureza e o agravamento dos problemas ambientais que presenciamos em nossa época
ligam-se diretamente a esse modelo econômico predatório do ponto de vista ambiental.

De maneira geral, os recursos naturais podem ser classificados ou agrupados e duas categorias:

Recursos Naturais Renováveis: aqueles que podem ser repostos ou recriados (renovados) pela
natureza em um período de tempo relativamente curto, desde que utilizados de maneira racional. Entre
esses recursos estão florestas, solos e fontes hídricas (rios, lagos, oceanos);
Recursos Naturais Não Renováveis: aqueles que não podem ser repostos pela sociedade e que
levam milhões de anos para serem repostos pela natureza. Os minerais, como bauxita, ferro, ouro, etc.;
e os combustíveis fósseis, como o petróleo, são exemplos de recursos que vão se esgotando à medida
que são extraídos da natureza.

De modo simples, podemos entender por indústria “o ato de transformar, com ajuda de um certo
trabalho, a matéria-prima em bens de produção e consumo”.

As indústrias podem ser divididas em:

a) Extrativas: Aquelas que extraem certos produtos da natureza, sem, contudo, alterar suas
características. Compreendem dois tipos principais: a indústria extrativa vegetal e a indústria extrativa
mineral.

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b) De Transformação: São aquelas que transformam as matérias-primas em bens. Compreendem
dois tipos: as indústrias de bens de consumo e as indústrias de bens de produção.
A importância da mineração no contexto da economia nacional é reforçada quando se verifica o valor
da produção da indústria de transformação mineral (metalurgia, siderurgia, fertilizantes, cimento,
petroquímica, etc.).

Os recursos minerais, as fontes de energia e os impactos ambientais

Sobre a superfície da Terra, vamos encontrar basicamente dois tipos de minerais: os fósseis e os não-
fósseis. Os minerais fósseis são aqueles originários da decomposição de restos de animais e vegetais
que ficaram depositados em camadas de rochas sedimentares como o carvão, o petróleo e o xisto. Já os
minerais não-fósseis são os compostos químicos metálicos e não-metálicos que se consolidaram no
interior das rochas, geralmente cristalinas, como, por exemplo, o ouro, o manganês, o ferro, o silício, o
caulim.
Isso significa que os diversos elementos vão surgir em uma determinada região, de acordo com o tipo
de formação geológica do local. É evidente que, quanto maior for a área de um país, maior será a
possibilidade desse país contar com todos os tipos de rochas e assim possuir todos os tipos de minerais.
Entretanto, mesmo para um país de enormes dimensões como o Brasil, que contém todos os tipos de
rochas, os minerais não surgirão na quantidade que a nossa economia exige. Assim, poderíamos
classificar os minerais quanto à disponibilidade em três tipos:
a) abundantes: aqueles que surgem em enormes quantidades, sendo usados tanto internamente
quanto exportados, como por exemplo, o ferro, o manganês, o alumínio, o nióbio.
b) suficientes: os que existem em quantidade suficiente apenas para o abastecimento interno, não
podendo ser exportados.
c) carentes: aqueles cuja quantidade seja insuficiente para atender às necessidades internas como,
por exemplo, o carvão mineral.

A importância dos Recursos Minerais

Os recursos minerais são vitais para o desenvolvimento de um país, por sua importância como matéria-
prima para a indústria – em particular para os setores industriais de base, como a metalurgia e a química
pesadas (assim qualificadas por utilizarem muita matéria-prima. Na primeira, destacam-se as unidades
produtivas voltadas para a fabricação de metais como aço, alumínio, cobre, chumbo e estanho. Na
segunda, aquelas voltadas para a fabricação de ácidos como o sulfúrico, o nítrico e o clorídrico.

Minerais metálicos e não-metálicos


Como observamos, segundo a sua composição, os recursos minerais classificam-se como metálicos
– como ferro, manganês, cobre e estanho. E não-metálicos – como enxofre, calcário e cloreto de sódio.
As rochas em cuja composição a incidência de minerais metálicos é suficiente para viabilizar sua
exploração econômica denominam-se minérios metálicos. São exemplos a hematita (minério de ferro),
a bauxita (minério de alumínio) e a cassiterita (minério de estanho).

A produção siderúrgica é uma das mais importantes no processo industrial brasileiro. Sua implantação,
porém, é de custo muito elevado, o que fez com que o Estado assumisse essa incumbência nas décadas
de 1940 a 1970.

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O minério de ferro é a base da produção do aço, o que explica a implantação das siderúrgicas bastante
próximas das grandes jazidas desse minério.
Como as produções minerais têm caráter estratégico no processo industrial, historicamente os países
desenvolvidos buscaram controlar reservas minerais dentro e também fora dos seus limites territoriais. A
ação das suas empresas mineradoras é bastante sensível nos países subdesenvolvidos, que dispõem de
grandes reservas minerais mas de recursos escassos para explorá-las.
O Brasil, enquadrado nessa descrição, teve de acolher muitas empresas estrangeiras do setor mineral.

A produção mineral brasileira

O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em quantidade e diversidade de recursos minerais,
dentre os quais se destacam os minérios de ferro, de estanho, de manganês e de alumínio.
Um aspecto revelador da importância dessa atividade na economia brasileira é a participação relativa
da sua produção e da produção dos metais no total exportado pelo país, destacando-se dentre as
exportações os minérios de ferro, de alumínio e de manganês e, entre os metais, o aço e o alumínio.
A dependência externa do setor mineral é relativamente pequena (ao contrário do que ocorre com os
recursos energéticos, como o petróleo e o carvão), porque o Brasil importa apenas alguns produtos cuja
produção nacional ainda não basta para atender as exigências do mercado interno, como cobre, enxofre
e mercúrio.

Os principais minérios do Brasil

Ferro:
O ferro é obtido pela redução dos seus óxidos. Seus principais minérios são:
Magnetita, com 72,4% de teor de ferro;
Hematita, com 70,0% de teor de ferro;
Limonita, com 59,9% de teor de ferro;
Siderita, com 48,0% de teor de ferro.
A ocorrência de minério de ferro no Brasil foi revelada no final do século XVIII e o seu aproveitamento
teve início na segunda década do século XIX, em Minas Gerais.
Em 1996, o Brasil possuía 8,6% das reservas mundiais, classificando-se em 5º lugar entre os países
detentores do maior volume de minério. Porém, devido ao alto teor de ferro contido em seus minérios, do
tipo hematita e itabirito (60%), o Brasil ocupa posição privilegiada em relação ao ferro produzido
mundialmente. Entre os produtores e exportadores, o Brasil coloca-se entre os maiores.
As grandes jazidas do Brasil encontram-se em Minas Gerais (Quadrilátero do ferro), Pará (Serra dos
Carajás) e Mato Grosso do Sul (Morro do Urucum).

Manganês:
O manganês é um metal encontrado na crosta terrestre em formas combinadas (óxidos, silicatos,
carbonatos, etc.). A quantidade de minerais de manganês é muito grande (mais de 100), sendo o principal
a pirolusita.
A principal utilidade do manganês (95%) é na indústria siderúrgica, na qual se utilizam 30 Kg de minério
de manganês para cada 1 tonelada de aço. Devido ao seu grande emprego, é um minério considerado
estratégico, sendo que os maiores consumidores (EUA, França, Alemanha, Inglaterra e Japão) não
possuem grandes reservas, exceto a Rússia.
As reservas brasileiras são cerca de 53.790 mil toneladas (cerca de 1,07% das reservas mundiais). As
principais jazidas estão: na Serra dos Carajás (PA), e no Quadrilátero do Ferro (MG).
O Brasil possui a 6ª reserva do mundo, atrás da África do Sul (a maior do mundo), Ucrânia, Gabão,
China e Austrália.

Outros Minérios

Alumínio
O alumínio é um metal branco, leve e que não se deixa tocar pela corrosão. É utilizado pela indústria
elétrica, material de transporte, construção civil, utensílios domésticos, etc.
O principal minério é a bauxita. De um total de reservas mundiais de 28,8 bilhões de toneladas, o Brasil
possui depósitos de bauxita de boa qualidade avaliados em 3,8 bilhões de toneladas, ou seja, 13,5% do
total, sendo o terceiro país em reservas de alumínio. Os depósitos encontram-se principalmente nas áreas
do rio Trombetas, de Paragominas, Juriti e Almerim, todas na região Amazônica, e em Poços de Caldas

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. 133
e Muriaé (MG), Amapá, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Em 1996 houve um acréscimo de
20,5% na produção brasileira (aproximadamente 2 milhões de toneladas), principalmente em razão do
incremento na produção da Mineração do Rio do Norte S.A. (MRN), uma das mais importantes empresas
produtoras, respondendo por 78,6% do total produzido pelo país naquele ano. Outra grande empresa é a
Companhia Brasileira de Alumínio S.A. (CBA), com 10,1% do total de 1996.
No que se refere ao metal propriamente dito, o alumínio (metal primário), a produção brasileira
apresentou uma variação não muito significativa, passando de 1,18 pra 1,19 milhão de toneladas, mas
que nos situou em quinto lugar (5,8%) na produção mundial.

Cobre
É um metal conhecido desde os primórdios dos tempos da metalurgia, em razão da facilidade de sua
obtenção e pelo seu poder de combinação com outros metais, resultando em famílias de bronzes, latões
e alpacas.
Tem por características principais a dificuldade de corrosão, alto grau de condutibilidade térmica e
elétrica, maleabilidade tanto a quente quanto a frio e é facilmente soldável. Tornou-se o terceiro metal de
maior consumo, sendo superado apenas pelo ferro e pelo alumínio.
Os principais minerais do cobre são sulfetos contendo de 0,5% a 2,0% de cobre (a calcopirita ou cuprita
é um dos mais importantes).
As principais reservas de cobre do mundo estão situadas no Chile, com 27,3%, e Estados Unidos, com
15,1%, perfazendo quase metade das reservas mundiais (42,4%). Entretanto, uma razoável quantidade
desses minérios encontra-se nos países do terceiro mundo, fazendo destes os maiores fornecedores para
os países do primeiro mundo (maiores consumidores).
O Brasil, com 1,9% dessas reservas e uma produção de 46.000 t, que representa, aproximadamente,
0,4% da produção mundial, tem nesse metal uma de suas principais carências, sendo um importante
comprador no mercado mundial.
As maiores jazidas de minério de cobre no Brasil são a de Camaquã (RS), a de Caraíba (BA) e a de
Carajás (Pará).
Os maiores fornecedores de cobre ao Brasil são: o Chile, o Canadá, o Peru e o México.

Estanho
Metal brilhante de aparência semelhante à prata. Extremamente maleável, facilmente amoldável e
fusível (dos metais é o que tem um dos mais baixos pontos de fusão). O estanho é conhecido desde a
Grécia Antiga e era ali considerado precioso juntamente com o ouro e a prata. Geralmente é utilizado na
indústria elétrica, na fabricação de ligas metálicas, empregado com o revestimento em outros metais a
fim de evitar a corrosão (principalmente nas folhas-de-flandres). Até meados dos anos 60, o Sudeste
Asiático reunia os maiores produtores do metal, com Malásia, Indonésia, Tailândia e China entre os mais
importantes. Nessa época, a maior exploração brasileira era realizada por garimpagem no Estado de
Rondônia. Em 1971, a garimpagem foi proibida e uma modificação na estrutura produtiva resultou num
aumento significativo da produção brasileira, tendo-se o estanho tornado o principal metal não-ferroso a
suprir a demanda interna (consumo local), passando a ser exportável.
Os maiores produtores do minério de estanho no Brasil, a cassiterita, são os Estados do Amazonas,
responsável por 60%, e Rondônia, com 40% (estanho contido). Em relação à produção do estanho
metálico, São Paulo é o principal responsável, com a empresa Mamoré e Metalurgia S.A. respondendo
por 83% dessa produção e a ERSA de Ariquemes – RO com 14%.

Chumbo
O chumbo é um metal conhecido desde a Roma Antiga e possui certos caracteres marcantes que o
diferencia de outros metais: baixo ponto de fusão, muito pouco duro (chega a ser facilmente riscado pela
unha) e possui uma alta capacidade de combinação com outros metais, originado ligas com as mais
diversas aplicações. É utilizado na indústria de baterias, cabos e isolantes para instalações nucleares. Ao
contrário de outros metais, tem tido o seu uso reduzido (como aditivo na gasolina).
O minério de onde mais se extrai o chumbo é a galena (sulfeto de chumbo – PbS).
As reservas brasileiras desse metal são pouquíssimas e pouco significativas, somando, em metal
contido, algo em torno de 350 mil toneladas.

Ouro:
Foi um dos primeiros metais a ser conhecido e trabalhado pelo homem em razão de suas propriedades
como dureza, maleabilidade, ductilidade e um dos metais de mais antiga exploração na América e

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também no Brasil. Utilizado na indústria de ferramentas médicas, ourivesaria e na indústria eletrônica de
precisão.
A exploração de ouro no País de faz principalmente por garimpagem (ouro de aluvião, o mais
frequente) principalmente nos rios da Amazônia, o que tem trazido sérios problemas de destruição
ambiental em função do excesso de mercúrio lançado aos rios.
Os maiores produtores mundiais de ouro são: África do Sul, Estados Unidos, Austrália e Rússia. O
Brasil, no ano de 1996, apresentou uma redução de 6% em relação ao ano anterior, tendo produzido 60
toneladas, com 41 toneladas de participação de empresas de mineração (41 no total, entre elas a CVRD,
Grupo Morro Velho, Rio Paracatu Mineração, Mineração Serra Grande) e 19 toneladas dos garimpos.
Nossas principais áreas produtoras estão em Minas Gerais, na Serra de Paracatu e Quadrilátero
Ferrífero, Goiás e no Estado da Bahia. O Pará, após a grande produção na mina a céu aberto de Serra
Pelada, viu suas reservas acabar rapidamente.

Sal Marinho
Ocupa uma posição de destaque no setor da indústria extrativa mineral; é utilizado na pecuária, na
alimentação humana e na indústria química.
As principais áreas produtoras são Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

Fontes de Energia

Energia Renovável e Não-Renovável

A maior parte da energia produzida no mundo (mais de 80%) é obtida de fontes não-renováveis, isto
é, que não podem ser repostas –como os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gás natural) e
os minérios radioativos (urânio, tório). Dentre as fontes renováveis, ainda pouco aproveitadas, destacam-
se a energia elétrica de origem hidráulica e a biomassa (que abrange, entre outras matérias orgânicas, a
lenha, o carvão vegetal, o álcool e o bagaço de cana).
O Brasil é relativamente pobre em recursos energéticos não-renováveis: as suas reservas de minerais
radioativos são expressivas, mas as de combustíveis fósseis são relativamente pequenas. Entretanto o
país é muito rico em recursos energéticos renováveis, principalmente de origem hidráulica, pois é bem
servido de rios planálticos, com muitas quedas-d’água, e assim as bacias hidrográficas em geral têm
levada potência hidrelétrica.

Petróleo: Origem e Importância

Em períodos geológicos distantes, restos de animais e vegetais (plâncton) depositaram-se no fundo


de mares e lagos. Sofrendo intensa sedimentação, calor, pressão e a ação de microrganismos, essa
matéria orgânica transformou-se em petróleo – um óleo natural, constituído principalmente de
hidrocarbonetos, necessário tanto para a obtenção de gasolina, óleo diesel, querosene e gás de cozinha,
como para a fabricação de plásticos, borrachas sintéticas, fertilizantes, inseticidas, pesticidas e alguns
tipos de medicamentos e produtos químicos.

A exploração econômica de uma jazida petrolífera depende de uma conjunção de fatores: existência
de rocha-mãe, condições propícias à transformação química e bioquímica (temperatura e pressão),
ocorrência de processos migratórios (presença de água), existência de rocha porosa e de estruturas
acumuladoras (suaves dobramentos).
Como fonte de energia e matéria-prima, trata-se de um produto estratégico, por ser indispensável para
os transportes e as indústrias em todo o mundo. Em razão disso, em praticamente todos os países, sua
exploração só pode ser realizada, mesmo por empresas privadas, com autorização governamental – ou
melhor, ela é regulamentada pelo Estado. Não-renovável e distribuído de forma desigual pela natureza,
o petróleo ganhou tal importância no contexto econômico mundial ao longo do século XX, que já motivou
diversos conflitos internacionais.

O Petróleo no Brasil

A história do petróleo no Brasil confunde-se com a da Petrobras, criada pelo governo Getúlio Vargas
em 1953, numa conjuntura política marcada pelo nacionalismo. Em defesa da soberania nacional na
exploração do petróleo presente no sobsolo brasileiro, estabeleceu-se que a empresa responsável pelo
setor seria uma companhia mista, devendo pertencer à União, por lei, no mínimo 51% das suas ações.

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Nos artigos da Constituição de 1988 referentes às atividades petrolíferas sob monopólio estatal,
observa-se que os contratos de risco (autorizados na década de 1970) foram eliminados, o que impediria
a participação de empresas particulares, nacionais ou estrangeiras, no processo de prospecção e lavra
do petróleo, em território nacional.
Com as transformações de cunho neoliberal que marcaram os anos de 1990 no país, o monopólio
estatal do petróleo passou a ser questionado por poderosas forças políticas e econômicas nacionais.
Assim, por uma emenda constitucional de 1995, aprovada no Congresso Nacional em dois turnos
(primeiro na Câmara Federal e depois no Senado), a União agora pode contratar empresas privadas ou
estatais, nacionais ou estrangeiras, para atuar no setor petrolífero, que a Petrobrás dominou com
exclusividade por 42 anos.
Entretanto, a importância dessa empresa, que é a maior da América Latina, não deve diminuir. Além
de não haver concorrente nacional ou internacional capaz de lhe fazer frente na exploração do petróleo
brasileiro, ela atua, por meio de subsidiárias, também nos setores de distribuição de derivados (Petrobrás
Distribuidora), produção petroquímica (Petroquisa), prospecção e exploração de petróleo no exterior
(Braspetro), entre outros.

As Reservas e Produções Brasileiras de Petróleo

As reservas de petróleo do Brasil já comprovadas são de aproximadamente 12 bilhões de barris.


Comparadas com as das grandes áreas produtoras no mundo – como o Oriente Médio, cujas reservas
são pequenas, mas a nossa produção (em torno de 1,7 milhão de barris/dia) supre cerca de 90% do
consumo interno.
A maior parte dessa produção provém da plataforma continental, destacando-se dentre as principais
áreas produtoras as bacias dos estados do Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia (Recôncavo Baiano),
Ceará, Espírito Santo, Alagoas e, mais que todas elas, a bacia de Campos, no Rio de Janeiro, responsável
por mais da metade da produção nacional.
Foi sobretudo graças à intensificação dos trabalhos de prospecção em águas profundas, em particular
nessa bacia, que as reservas brasileiras saltaram de aproximadamente 760 milhões de barris, em 1975,
para o volume atual.

Programa Nacional do Álcool – Proálcool

O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi definido em 1975 e teve sua implantação acelerada em
1979, com o segundo choque do petróleo, cujos efeitos desastrosos se pretendia minimizar usando álcool
como fonte energética alternativa – seja misturado à gasolina em substituição ao chumbo tetraetila,
altamente poluente, à proporção de 23% (álcool anidro, isto é, sem água), seja substituindo a própria
gasolina (álcool hidratado ou etanol), como combustível de veículos especialmente fabricados para esse
fim.
Para expandir a produção, era preciso ampliar a cultura da cana-de-açúcar, e o governo canalizou
esforços para as tradicionais áreas de concentração das usinas, como o planalto Ocidental Paulista e a
Zona da Mata nordestina.
O setor usineiro, interessado em ampliar a produção e o mercado, aderiu à proposta governamental,
incluindo-se entre os beneficiários dos investimentos destinados aos setores ligados à produção do álcool
no país, na forma de créditos ou subsídios, num montante que se acredita ter superado 10 bilhões de
dólares.
Todas as metas estabelecidas foram cumpridas e até extrapoladas. Para se ter uma ideia, em 1985,
no auge do programa, cerca de 91% dos veículos produzidos no país eram movidos a álcool. Mas, a partir
de 1986, com o declínio dos preços internacionais do petróleo, o resultado de tanto esforço começou a
cair por terra, e vários aspectos do Proálcool foram questionados, especialmente os seguintes:
* Em muitos casos, a expansão da cultura da cana ocupou espaços agrícolas antes usados para o
cultivo de gêneros alimentícios;
* O álcool substitui a gasolina, mas não o petróleo, e sua produção depende de derivados petrolíferos,
pois os caminhões que transportam a cana e distribuem o álcool são movidos a diesel;
* O uso do álcool gerou excedentes de gasolina de difícil comercialização, uma vez que os baixos
preços desse derivado no mercado internacional eram incompatíveis com os altos custos da Petrobrás.
Nesse contexto, a manutenção do Proálcool passou a depender de subsídios governamentais e da
vontade política da Petrobrás de arcar com pesados prejuízos na sua revenda.
No início dos anos de 1990, entre outras medidas drásticas, o governo orientou as montadoras de
automóveis a priorizar a produção de carros a gasolina – e em 1996(quando o barril de álcool custava 34

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dólares, contra 19 dólares do barril de gasolina) apenas 4,6% dos veículos produzidos no Brasil eram a
álcool.
A situação agravou-se em 1997 com a resolução do governo de suspender os subsídios direcionados
ao setor produtor de álcool, ameaçando a sobrevivência de muitas usinas em funcionamento no país.
Nos anos 2000, a produção de álcool combustível cresceu de forma bastante rápida, tanto no Brasil
como no resto do mundo, o que resultou em uma produção da ordem de 46 bilhões de litros. Entre os
fatores responsáveis por tal crescimento está a elevação acelerada nos preços mundiais do petróleo, o
que levou a uma maior procura por fontes alternativas e, no Brasil, a criação de carros bicombustíveis
(flex), expandido o mercado consumidor interno de álcool.

Carvão Mineral
O carvão mineral é um combustível fóssil originado do soterramento de antigas florestas, em ambiente
com pouco oxigênio, particularmente no período Paleozoico (permocarbonífero). Dependendo das
condições ambientais e da época da sua formação, ele pode ser encontrado em diferentes estágios, como
a turfa, o linhito, a hulha e o antracito.
As reservas brasileiras são relativamente pequenas e de baixa qualidade, pois apresentam, como
regra, baixo poder calorífico e alto teor de cinzas, o que dificulta seu aproveitamento como fonte
energética ou como matéria-prima no setor siderúrgico.
Em razão dessas deficiências, o país importa 50% do carvão mineral que consome.
As maiores reservas de carvão mineral do Brasil ocorrem nos terrenos permocarboníferos do Sul.
O carvão brasileiro tem baixa qualidade, é altamente poluente, e seu aproveitamento envolve elevados
custos de transporte. Por isso, só foi cogitado seriamente como fonte energética em épocas de crise.
Foi o que se viu na década de 1970, quando os choques do petróleo fizeram que se atentasse para as
reservas sulinas, particularmente as de carvão vapor, antes tratadas como entulho, por falta de consumo.
Para incrementar a produção e o consumo, foram então adotadas diversas medidas, como: oferta de
financiamentos e facilidades às companhias carboníferas que elevassem o nível técnico da extração;
instalação de termoelétricas, sobretudo próximo às áreas produtoras de carvão ( o que explica a
concentração de tais usinas no sul do país); incentivos à vários setores industriais para substituírem o
óleo diesel por carvão vapor no processo de aquecimento das caldeiras (caso das indústrias de cimento);
desenvolvimento no setor carboquímico, para aproveitamento dos subprodutos derivados no processo de
extração do carvão (caso da pirita carbonosa, composta de ferro e enxofre).

O Gás Natural
As reservas de gás natural do Brasil, em 2005, eram relativamente pequenas, da ordem de 326 bilhões
de metros cúbicos, o que correspondia a cerca de 40% das reservas de hidrocarbonetos no país. O
consumo também era relativamente pequeno: a participação do gás natural na matriz energética brasileira
era próxima de 4,8%, apenas, sobretudo porque ele foi historicamente tratado no país como fonte
energética de importância secundária.
Por volta de 2007, graças ao avanço tecnológico dos equipamentos que possibilitavam o uso do gás
natural, o Brasil, acompanhando uma tendência mundial, procurou estimular o aumento da produção e
do consumo interno desse produto, visto ser o menos poluente dos combustíveis fósseis.
Em 1993, foi assinado com a Bolívia um acordo de fornecimento com a intenção de provocar
expressiva elevação da participação dessa fonte na matriz energética nacional.
Segundo o Anuário 2005, a Agência Nacional de Petróleo (ANP), O Brasil importou em 2004 cerca de
8 bilhões de m³ de gás natural, o que representou 46% do consumo total do país.

Lenha e Carvão Vegetal


A produção de lenha e carvão vegetal é ainda bastante expressiva no Brasil. A lenha é utilizada
principalmente no âmbito doméstico, sendo mais da metade de seu consumo (cerca de 56%) verificado
na região Nordeste. O carvão vegetal é empregado sobretudo no setor siderúrgico, sendo mais da metade
do seu consumo (cerca de 53%) observado no estado de Minas Gerais.
O uso desses dois produtos tem sido apontado como uma das causas do intenso desmatamento que
ocorre em nosso território. Para compensar a perda das florestas nativas, nas áreas siderúrgicas de Minas
Gerais, as empresas do setor passaram a ser obrigadas a desenvolver um acelerado processo de
reflorestamento.

Desde o início do processo de ocupação colonial, as florestas brasileiras vêm sendo destruídas para
ser utilizadas como fonte de energia, na forma de lenha ou carvão vegetal. O absurdo é que, depois de
cinco séculos, ainda exista esse tipo de utilização da vegetação que resta no país.

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Exploração Mineral e Problemas Ambientais

A formação das jazidas minerais resulta de processos geológicos que ocorreram ao longo de milhões
de anos. Elas constituem recursos esgotáveis e, se forem mantidos os atuais níveis de exploração
mineral, em pouco tempo poderão faltar matérias-primas essenciais à transformação industrial.
Em várias regiões do mundo já são encontradas gigantescas áreas nas quais havia exploração
mineral. Essas jazidas esgotadas ficam, muitas vezes, abandonadas, deixando um rastro de imensas
crateras, nas quais o processo de erosão tende a intensificar os danos ambientais. Em diversos países,
as mineradoras que encerram suas atividades em determinada área de extração são obrigadas, por lei,
a reflorestá-la. Contudo, esse reflorestamento não garante a recuperação do hábitat natural.
No Brasil, as mineradoras simplesmente abandonam as jazidas que se tornaram economicamente
inviáveis, o que agrava os danos ambientais. O esgotamento de jazidas também aumenta as tensões
sociais, pois deixa um grande número de trabalhadores sem emprego e, portanto, sem condições de
sobrevivência.
Durante o processo de exploração, os problemas ambientais são imensos. Para dar início à exploração
é necessária a devastação da vegetação local, comprometendo a sobrevivência da fauna que faz parte
do seu ecossistema. Outro problema são os rejeitos – aquilo que não tem utilidade econômica numa
jazida – depositados em qualquer local e transportados pelo ventou ou pela água das chuvas para outros
lugares, atingindo os rios e provocando o assoreamento dos seus leitos.
Assoreamento é a deposição de sedimentos no leito de um rio, os quais podem impedir a livre
circulação das águas, provocar cheias em determinados trechos e vazantes em outros. Os trechos
assoreados acumulam dejetos dos mais diversos tipos, cuja decomposição contribui para a poluição das
águas.

No Brasil, boa parte do garimpo de ouro ocorre em rios da Amazônia e do Pantanal. Os garimpeiros
utilizam o mercúrio para agregar as pepitas menores, espalhadas na água. Depois de agregadas, o
material é aquecido, o que permite separar o ouro do mercúrio.
O mercúrio é um metal líquido, altamente tóxico e, dependendo da quantidade ingerida pelo organismo
humano, pode comprometer o sistema nervoso, provocar cegueira, debilidade mental e levar a pessoa à
morte. Atinge, em primeiro lugar, o próprio garimpeiro; e, seguida, os peixes e a fauna do rio em que o
garimpo é feito; e, por fim, as populações ribeirinhas e todos os que consomem o produto da pesca do rio
contaminado.
Entre os diversos minerais explorados, o petróleo é, sem dúvida, o grande vilão do ambiente. Além da
poluição causada pelo consumo de seus múltiplos derivados, são cada vez mais frequentes as tragédias
ambientais decorrentes tanto do processo de extração como de distribuição. O derrame de óleo por navios
petroleiros, que forma as chamadas “marés negras”, e o rompimento de oleodutos têm causado impactos
ambientais de difícil reparação.
Entre o final do século XX e o início deste século, já ocorreram no Brasil diversos acidentes
relacionados à extração e ao transporte de petróleo, como o naufrágio da plataforma P-36, na bacia de
Campos (RJ) – principal região de produção petrolífera do país; e o rompimento do oleoduto da refinaria
de Araucária (PR), que provocou o vazamento de cerca de um bilhão de litros de óleo para os rios Birigui
e Iguaçu.
Um desses acidentes – o rompimento de um duto da refinaria de Duque de Caxias (RJ), que, em
janeiro de 2000, poluiu a baía de Guanabara – é considerado o maior desastre ambiental marítimo do
país; grande quantidade de óleo atingiu os manguezais, provocando a morte de muitos animais e
vegetais. Esse acidente afetou a atividade pesqueira na região e a vida de milhares de pescadores.
Os sucessivos governos brasileiros ainda não adotaram uma ampla política para a exploração racional
dos recursos minerais, a qual priorizasse o desenvolvimento econômico sustentável, a preservação da
natureza e a conservação dessas jazidas.

A Energia Hidrelétrica no Brasil:


O Brasil possui cerca de 450 usinas hidrelétricas em funcionamento, entre as quais duas das dez
maiores do mundo.
De modo geral, as bacias dos principais rios que banham estados do Nordeste e do Sudeste estão
com o seu potencial bastante aproveitado. Já as bacias do Uruguai, do Tocantins e do Amazonas
oferecem ainda muito potencial a ser explorado.
Na Amazônia, tanto as hidrelétricas em operação quanto as planejadas têm provocado muita polêmica.
Embora a Eletronorte alegue que elas são uma opção para todo o Brasil, a transmissão dessa energia
para o Centro-Sul tem um custo muito alto em razão das enormes distâncias. Na realidade, em parte,

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foram construídas na região para fornecer energia aos projetos mineradores de grandes empresas,
principalmente as produtoras de alumínio, que consomem muita eletricidade (eletrointensivas): cerca de
um terço da energia elétrica gerada por Tucuruí. No Rio Tocantins, no Pará, é consumido pelas indústrias
de alumínio que atuam na região amazônica.
As usinas hidrelétricas são, em sua maioria, empresas estatais. A partir de 1995, o setor de geração
de energia, antes restrito à esfera governamental, foi aberto às empresas privadas, as quais poderiam
adquirir as empresas estatais em leilão. No entanto, apenas algumas estatais do setor hidrelétrico foram
vendidas e, a maior parte delas, pelo preço mínimo.
Se, de um lado, as empresas privadas mostravam-se desinteressadas em investir no setor de geração
de energia, por outro lado, havia grande interesse em outro setor – o de distribuição de energia, o qual
apresentava perspectivas de retorno mais rápido dos investimentos. Desde o final do século passado e
início do século XXI, a distribuição da maior parte da energia elétrica produzida no Brasil está sob a
responsabilidade das grandes empresas do setor privado.

Quem controla o setor elétrico no Brasil?


Dentre os órgãos governamentais controlam o setor de produção de eletricidade no Brasil, destacam-
se os pioneiros – a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e o ONS (Operador Nacional do
Sistema).
A ANEEL foi criada em 1996. É responsável pela regulamentação e fiscalização de todos os setores
elétricos ligados à produção e distribuição de energia.
O ONS foi criado em agosto de 1998. Coordena e controla a operação da geração e transmissão de
energia elétrica entre as diversas usinas e sistemas de distribuição espalhados pelo país.

O modelo energético brasileiro

Hidrelétricas e Termelétricas:
Como vimos, no Brasil, a maior parte da produção de energia elétrica é obtida mediante
aproveitamento da força hidráulica. Essa fonte gera aproximadamente 85% da eletricidade total
consumida no país. É abundante devido à densa rede hidrográfica brasileira, composta em boa parte por
rios de planalto extensos e caudalosos.
No entanto, ao longo de 2001, o Brasil enfrentou um importante racionamento de energia elétrica. Na
origem desse problema, que foi precipitado pela redução no nível dos reservatórios das usinas
hidrelétricas, encontra-se a falta de investimentos em geração e transmissão de energia, somada ao
modo como foram estruturadas as normas que regulam o setor de energia após o processo de
privatização da maior parte das empresas estatais do setor (tarifas, investimentos, expansão da geração
e das redes). Ou seja, a principal razão da crise de energia em 2001 foi a incapacidade do Estado
brasileiro para realizar novos investimentos. Endividado, repassou para a iniciativa privada a incumbência
de realizar novos investimentos no setor, mas tais investimentos não interessavam aos compradores das
grandes estatais.
Em 2001, foi imposta aos consumidores de algumas regiões a redução de 20% do consumo de energia
elétrica em residências, indústrias, lojas e outros estabelecimentos. Isso afetou negativamente o
crescimento da economia brasileira. O episódio demonstrou a necessidade de investimentos em novas
fontes de energia, exigindo mudanças de hábitos e levou os brasileiros a refletir sobre a importância da
eletricidade e a melhor maneira de utiliza-la.

O Programa Nuclear:
Alegando escassez de combustíveis fósseis e esgotamento dos recursos hídricos, o governo brasileiro
adotou um programa nuclear visando a geração de energia elétrica a partir de usinas termonucleares que
utilizam urânio como combustível.
O país entrou na era nuclear comprando de uma empresa americana (Westinghouse), em 1969, uma
usina com 626 mil kW de potência. Essa compra não implicou transferência de tecnologia do ciclo nuclear,
mas apenas utilização dos equipamentos.
Coube ao Brasil, por meio da Nuclebrás, escolher o lugar da instalação da usina – batizada de Angra
I – e responsabilizar-se pelo andamento das obras de construção civil, que ficaram a a cargo de Furnas
(subsidiária da Eletrobrás).
Em 1974, decidiu-se construir mais duas usinas, Angra II e Angra III, de origem alemã. Ambas estão
vinculadas a um acordo de cooperação nuclear, assinado em 1975, segundo o qual compraríamos da

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República Federal Alemã (hoje denominada só Alemanha), além de 8 usinas, a tecnologia de materiais e
de processamento do combustível (urânio).
Tal acordo, que teoricamente possibilitaria ao Brasil autossuficiência em tecnologia de instalação e
funcionamento de termonucleares, hoje está desfeito.

A escolha de Angra dos Reis como área de implantação da primeira usina termonuclear no Brasil
deveu-se, segundo justificativas apresentadas na época, à sua posição intermediária entre os dois
maiores polos de desenvolvimento do país, São Paulo e Rio de Janeiro.

Em julho de 2000, o governo brasileiro inaugurou oficialmente a Usina de Angra 2, reacendendo uma
antiga polêmica em torno do custo de construção dessa usina (que ultrapassou 10 bilhões de reais, dos
quais cerca de 70% foram para o pagamento de juros).
Os seus defensores argumentaram com a necessidade de gerar mais eletricidade para atender a
demanda crescente a partir do uso de fontes alternativas aos combustíveis fósseis (altamente poluidores
do ambiente) e à hidroeletricidade, que apresentou sérios problemas quanto à localização.
Os críticos da energia nuclear contrapuseram com a imensa disponibilidade de recursos hídricos no
país para serem aproveitados (argumentaram que somente 25% do potencial brasileiro eram
aproveitados) e com o custo operacional, que em uma hidrelétrica era (em média) de 35 reais por MW/h,
enquanto em Angra 2 seria de 45 reais por MW/h.
Segundo a Eletronuclear: “O objetivo desta fonte alternativa não é o de concorrer, a curto prazo, comas
hidrelétricas, e sim o de complementar e diversificar este sistema. Um dos fatos que atestam a
necessidade de investimentos em fontes alternativas de energia é a baixa capacidade de expansão da
produção hidrelétrica no Sudeste, região de maior consumo do país. As usinas nucleares de Angra podem
estabilizar o fornecimento para a região e diminuir os riscos de blecautes”.
Um dos aspectos considerado na defesa da energia nuclear do País é a existência em nosso território
da sexta maior reserva mundial de urânio (cerca de 300 mil toneladas), embora tenhamos que importar o
urânio enriquecido, necessário para movimentar a usina.

Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), localizada na praia
de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Quando entrar em operação comercial, a nova unidade com potência
de 1.405 megawatts, será capaz de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano, energia
suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período. Com Angra
3, a energia nuclear passará a gerar o equivalente a 50% do consumo do Estado do Rio de Janeiro.
Angra 3 é irmã gêmea de Angra 2. Ambas contam com tecnologia alemã Siemens/KWU (hoje, Areva
ANP). As etapas de construção da Unidade incluem as obras civis, a montagem eletromecânica, o
comissionamento de equipamentos e sistemas e os testes operacionais.
O início oficial das obras foi em 1 de junho de 2010. Deveria ter entrado em operação em 2015 de
acordo com o Governo Brasileiro. Em 2011, porém, de acordo com o Plano Decenal de Expansão de
Energia 2020, a previsão de início das operações foi adiada para 2018, no entanto, as obras encontram-
se paradas e comenta-se em nova previsão de início apenas em 2023.
Referências Bibliográficas:

ANGLO: GARCIA, Hélio Carlos; GARAVELLO, Tito Márcio. Geografia do Brasil. São Paulo, 4ª edição: Anglo.

COLEÇÃO OBJETIVO – Sistema de Métodos de Aprendizagem – ANTUNES, Vera Lúcia da Costa. Geografia do Brasil: Quadro Natural e Humano.

LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. Elian Alabi Lucci; Anselmo Lazaro Branco; Cláudio Mendonça. 3ª ed. São Paulo: Saraiva.

MARTINEZ, Rogério. Novo olhar: Geografia. Rogério Martinez, Wanessa Pires Garcia Vidal. 1ª edição. São Paulo: FTD, 2013.
MARTINI, Alice de. Geografia. Alice de Martini, Rogata Soares Del Gaudio. 3ª edição. São Paulo: IBEP, 2013.

Questões

01. (SEDUC/AL – Professor de Geografia – CESPE/2018) Com relação à exploração de recursos


naturais pelos seres humanos, julgue o item subsecutivo.

O pau-brasil foi o primeiro elemento da rica natureza brasileira explorado pelo mercantilismo europeu.
(....) Certo (....) Errado

02. (SEDUC/AL – Professor de Geografia – CESPE/2018) Com relação à exploração de recursos


naturais pelos seres humanos, julgue o item subsecutivo.

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Os processos de destruição ambiental no Brasil foram denunciados ainda no início do processo de
colonização portuguesa.
(....) Certo (....) Errado

03. (ARTESP – Economia – FCC/2017) Ao considerar os recursos ambientais e naturais, é correto


afirmar que
(A) a utilização de fontes de energia renovável afeta os rendimentos imediatos dos recursos naturais
sem afetar o longo prazo desses mesmos recursos.
(B) a reciclagem pode gerar benefício econômico a curto prazo e exercer impacto nulo no estoque de
capital natural.
(C) se regeneram, e o consumo presente de recursos não gera impacto de longo prazo no estoque de
capital natural.
(D) o extrativismo pode comprometer o estoque de recursos ambientais e naturais do planeta.
(E) na área ambiental não existe um dilema de decisão intertemporal quanto à utilização desses
mesmos recursos, já que os recursos naturais se renovam.

Gabarito

01. Certo/02. Errado/ 03. D

d) As fontes de energia e os recursos hídricos

As transformações verificadas no decorrer da Revolução Técnico-científica, ou Terceira Revolução


Industrial, foram acompanhadas por uma demanda acelerada de energia. Além disso, o crescimento
econômico e a urbanização crescente na Ásia e na América Latina ampliaram a necessidade de fontes
energéticas. O crescimento do número de automóveis em circulação, um aspecto marcante das
sociedades que se industrializam, também passou a exigir maior volume de combustíveis fósseis
(originados de restos de seres vivos que habitaram a Terra há milhões de anos. Exemplos: petróleo,
carvão mineral, gás natural, xisto pirobetuminoso), (petróleo e gás natural), apesar de os veículos
produzidos atualmente, consumirem, em média, 50% menos combustível do que os modelos de 30 anos
atrás.
Dessa forma, a ampliação dos recursos energéticos é um dos principais problemas das sociedades
contemporâneas. Mas essa ampliação deve considerar a degradação do ambiente, utilizando fontes
menos poluidoras e renováveis. Trata-se de uma tarefa difícil, considerando que a principal fonte
energética para os transportes no mundo inteiro ainda é petróleo.
Os combustíveis fósseis representam praticamente 85% da matriz energética mundial; ou seja,
considerando-se todas as fontes utilizadas no mundo e todas as modalidades de energia – elétrica,
mecânica, térmica -, o petróleo, o carvão mineral e o gás natural são responsáveis por 85% da energia
gerada.

Energia, desenvolvimento econômico e condições sociais:


O desenvolvimento econômico e social está intimamente ligado ao desenvolvimento das fontes de
energia. Pode-se dizer que há uma interdependência: o progresso econômico e social resulta da ativação
de fontes de energia, que, por sua vez, ocorre em consequência das demandas da economia e da
sociedade.
Assim, os países mais desenvolvidos são grandes consumidores de energia e precisam importar
recursos energéticos para suprir suas necessidades. Em geral, esse alto consumo exige também a
utilização de diversas fontes.

As fontes de energia e suas origens:


As fontes de energia podem ser divididas em renováveis e não-renováveis, primárias e secundárias.
A primeira se relaciona à capacidade da fonte em se recompor ou não. O petróleo, gerado através de
decomposição do material orgânico, ao longo de milhares de anos, é uma fonte não-renovável. A
velocidade com que o combustível é produzido pela natureza não permite recompor as quantidades dele
retiradas pela sociedade contemporânea. O álcool, pelo contrário, é um combustível renovável, pois
provém do processamento de matéria orgânica viva, a cana-de-açúcar. O ritmo de crescimento da cana
acompanha o consumo do combustível.
A segunda divisão se refere à utilização das fontes. Ela é primária quando a energia fornecida é usada
diretamente para um trabalho ou geração de calor. O uso da lenha para cozinhar alimentos é um exemplo

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de energia primária. Mas se se usa lenha ou carvão para alimentar uma caldeira, que por sua vez gera
energia elétrica, esta última é uma energia secundária.
Há ainda uma terceira divisão: a energia pode ser convencional ou alternativa. São consideradas como
convencionais aquelas usadas em grande quantidade e de forma difundida na sociedade contemporânea.
Por exemplo: o petróleo. São energias alternativas aquelas utilizadas em menor quantidade, e que se
encontram ainda em fase de pesquisas. Por exemplo: a energia solar. (Revista Ecologia e Desenvolvimento, ano 2, nº 31,
setembro de 1993, p.10).

As fontes de energia primária mais utilizadas no mundo atual são, respectivamente, o petróleo, o
carvão mineral, o gás natural, o urânio e a hidráulica (da água). Sendo recursos naturais, as fontes de
energia podem ser classificadas em renováveis, como o sol, a água dos rios, o vento, etc.; e não-
renováveis, como o petróleo, o carvão mineral e o urânio.
As fontes não-renováveis podem se esgotar, ao contrário das fontes renováveis.

Energia Hidrelétrica:
A utilização da água como fonte de energia é muito antiga e remonta aos tempos dos moinhos movidos
pelas rodas d’água. Atualmente, o movimento natural das águas é utilizado principalmente para a
produção de energia elétrica, a qual é obtida em usinas hidrelétricas. Essas usinas utilizam basicamente
o mesmo princípio empregado nas antigas rodas d’água.

A energia das águas;


Barragens para o represamento de água e seu uso na movimentação de rodas que acionam moinhos
datam da Idade Média. Pelo que se sabe através de documentos do geógrafo Estrabão (século I a.C.),
moinhos movidos pela força d’água já existiam, pelo menos, nos anos 60 a. C. Porém, a primeira notícia
de barragem com a finalidade de regularizar as vazões para uma série de moinhos industriais refere-se
a instalações construídas no século XII, no rio Garone, sul da França.
As rodas d’água ainda hoje existem nos engenhos de pequenos sítios por todo o nosso país e
desempenharam importante papel, nos séculos passados, em relação a todos os processos de produção
de farinha e açúcar. Ao girar, pela força d’água, movimentam mós de pedra – conjunto de martelos-pilões
-, para socar o milho ou a mandioca, ou ainda pesados cilindros de ferro para esmagar a cana, extraindo
o precioso caldo açucarado com o qual são fabricados o melado, a rapadura, o açúcar, a aguardente e o
álcool. (BRANCO, Samuel Murgel. Energia e Meio Ambiente. São Paulo, Moderna, 1990, p.37).

A energia hidrelétrica é o resultado de uma série contínua de transformações de energia. A energia


inicial é a força da água em movimento encontrada na própria natureza e conhecida como energia
potencial. Por essa razão, a usina deve ser construída em rios que tenham um determinado volume de
água e apresentem desníveis em seu curso.
A barragem construída para a formação de represa garante maior acúmulo de agua e aumenta o
desnível do rio. Dessa forma, a água entra pelas tubulações da usina com maior velocidade e força, o
que acarretará a movimentação das turbinas. Essa movimentação das turbinas pela água constitui a
primeira etapa de transformação de energia – a energia potencial da água é transformada em energia
mecânica (movimento das turbinas).
As turbinas, por sua vez, estão ligadas a um gerador, que transforma a energia mecânica em energia
elétrica, caracterizando a segunda etapa do processo.
As usinas hidrelétricas suprem 18% das necessidades de energia elétrica do mundo, mas apenas em
pouco mais de vinte países as hidrelétricas são responsáveis pela quase totalidade de eletricidade gerada
(mais de 90%), como é o caso do Brasil.
Os países que possuem grande potencial hidráulico são: Estados Unidos, Canadá, Brasil, Rússia e
China. Os Estados Unidos constituem o país que mais aproveita esse potencial, sendo responsável pela
produção de praticamente 1/5 do total da hidroeletricidade produzida no mundo. Mesmo assim, as usinas
hidrelétricas norte-americanas suprem apenas 5% das necessidades energéticas do país. A China
construiu a maior hidrelétrica do mundo – Três Gargantas, no rio Yang-tsé-kiang, que gerou, em 2009, 18
milhões de kwh, suprindo cerca de 10% das necessidades energéticas dos chineses. A usina de Itaipu,
no Brasil, gera 12,6 milhões de kwh e é, a segunda maior hidrelétrica do mundo.
O fato de ser renovável e de não poluir a atmosfera, ao contrário do que ocorre com os combustíveis
fósseis (carvão mineral, petróleo e mesmo gás natural), são duas grandes vantagens a utilização de
energia hidrelétrica. Além disso, o tempo de vida das usinas é bastante longo e o custo de manutenção
é relativamente baixo.

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Porém, a construção de usinas hidrelétricas costuma causar grande impacto socioambiental. Com o
represamento do rio, as barragens formam um grande lago.
A inundação destrói extensas áreas de vegetação natural, comprometendo a vida animal naquele
habitat modificado pela ação humana. Até mesmo pequenas barragens provocam danos ambientais,
como a destruição das matas ciliares, o desmoronamento das margens e o assoreamento do leito dos
rios. Outra consequência da modificação do ciclo natural da água é o comprometimento da vida aquática
e da reprodução dos peixes.
Uma hidrelétrica também pode afetar a vida das pessoas que moram na região em que a usina for
construída. O represamento da água, que acarreta a formação de imensos lagos artificiais, pode
desabrigar populações ribeirinhas, povos indígenas, pequenos agricultores e inundar completamente
vilas, povoados e até pequenas cidades.

As Fontes Alternativas:
A enorme participação das fontes não-renováveis na oferta mundial de energia coloca o mundo diante
de um desafio: a busca por fontes alternativas de energia. E isso é urgente, pois o mundo pode,
literalmente, entrar em colapso se forem mantidos os atuais modelos de desenvolvimento
socioeconômico, com base no consumo de petróleo.
As resoluções estabelecidas pela maioria dos países as conferências sobre o clima do planeta, como
o Protocolo de Kyoto (segundo esse protocolo, que os Estados Unidos se negaram a ratificar, alegando
que isso traria prejuízos para a sua economia, os países industrializados, entre 2008 e 2012, deveriam
reduzir em 5,2% as emissões de gases-estufa, principalmente o dióxido de carbono, em relação ao que
lançavam na atmosfera em 1990), que envolvem questões ligadas ao aumento das temperaturas médias
do ar na Terra, exigem uma nova postura por parte dos governos em relação à produção de energia. Isso
só pode ser conseguido com investimentos em tecnologias para a geração de energia limpa.
É preciso considerar também o fato de que um terço da população mundial não tem acesso à energia
elétrica e que o fornecimento de eletricidade é uma condição básica para a melhoria da qualidade de vida
das pessoas, sobretudo no contexto da Terceira Revolução Industrial, em que a informática dinamizou o
acesso à informação, via Internet, e traz novas exigências para a inserção no mercado de trabalho.
Há diversas fontes alternativas disponíveis, exigindo desenvolvimento tecnológico para que possam
ser rentáveis e, consequentemente, utilizadas em maior escala. Entre elas, destacam-se o sol, o álcool,
o vento, o calor da Terra, o carvão vegetal e o biogás.

O Sol:
O aproveitamento da energia solar oferece grandes vantagens: não polui, é renovável e existe em
abundância. Entretanto, pelo fato de a sua utilização em larga escala (grandes usinas) para a geração de
energia elétrica estar em fase relativamente inicial de desenvolvimento tecnológico, a energia solar ainda
não é viável economicamente, ou seja, os custos financeiros para sua obtenção superam os benefícios.
A geração de energia elétrica tendo o sol como fonte pode ser obtida de forma direta ou indireta.
A forma direta de obtenção acontece por meio de células fotovoltaicas (trata-se de dispositivos que
desempenham força eletromotriz pela ação da luz. As células fotovoltaicas só produzem corrente elétrica
quando estão iluminadas), geralmente feitas de silício, um dos elementos mais abundantes na crosta
terrestre. A luz solar, ao atingir as células, é diretamente convertida em eletricidade. Apesar de o preço
dessas células estar caindo nos últimos anos, elas ainda são caras.
Para obter energia elétrica a partir do sol de forma indireta, constroem-se usinas em áreas de grande
insolação (áreas desérticas, por exemplo), onde são instaladas centenas de espelhos côncavos (coletores
solares) direcionados para um determinado local, que pode ser uma tubulação de aço inoxidável, como
ocorre no deserto de Mojave, na Califórnia (EUA), ou um compartimento contendo simplesmente ar, como
ocorre em Israel.
No caso das usinas da Califórnia, pela tubulação de aço inoxidável circula um tipo de óleo, que é
aquecido pelo calor do sol concentrado. O óleo aquece a água que circula em outra tubulação. A água
vira vapor, que irá mover as turbinas e acionar os geradores elétricos.
Na usina de Israel, o calor aquece o ar existente no compartimento até 1300ºC, quando este aciona
uma turbina e gera eletricidade.

O Álcool:
O álcool é produzido principalmente a partir da cana-de-açúcar, do eucalipto e da beterraba. Como
fonte de energia, pode ser utilizado para fazer funcionar motores de veículos (álcool etílico, da cana-de-
açúcar, e da beterraba; e metanol, do eucalipto) ou para produzir energia elétrica.

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Como combustível para automóveis, o álcool tem a vantagem de ser uma fonte renovável e menos
poluidora que a gasolina, além de ter possibilitado, no caso brasileiro, o desenvolvimento de uma
tecnologia nacional de produção de motores. Mas o álcool nunca suprirá a necessidade total de
combustível dos veículos automotores. Para se ter ideia, os EUA possuem uma frota de quase 200
milhões de veículos; se quisessem utilizar apenas o álcool para abastece-los, necessitariam de uma área
de plantio de cana-de-açúcar de 1 000 000 km², aproximadamente, o que representaria mais de 10% de
todo o território norte americano.

Energia Eólica:
Como o sol e a água, o vento também é um recurso energético abundante na natureza. Quando intenso
e regular, pode ser utilizado para produzir energia a preços relativamente competitivos. Este custo poderá
cair ainda mais quando a energia dos ventos estiver mais difundida.
A tecnologia atualmente empregada na construção dos cata-ventos que geram eletricidade é bastante
sofisticada e consegue explorar a força de ventos que sopram a mais de 10 metros por segundo. As
imensas pás dos rotores, com até 100 metros de comprimento, são agora construídas em fibra de vidro
(as primeiras, de aço, deterioravam rapidamente), giram a frequências que não interferem nas
transmissões de rádio e TV e são controladas por computadores.
Alguns países europeus já projetam rotores com potência e até 4 mil quilowatts, enquanto a NASA,
nos EUA, pensa em atingir a potência de muitos megawatts, em colaboração com o Departamento de
Energia.

Vantagens de uma boa ventania:


“A energia eólica é uma das melhores alternativas para gerar muita energia em curto prazo”, afirma
Everaldo Feitosa, diretor do Centro Nacional de Energia Eólica (CNEE). “Nossas jazidas de vento são as
melhores do Brasil e do mundo”, explica ele, referindo-se ao potencial eólico da região Nordeste, que é
de 10 mil MW. Segundo o Cepel, o potencial dos ventos brasileiros é cerca de 60 mil MW, e a estimativa
é de que mais de 25% poderiam ser efetivamente aproveitados. "A “capacidade instalada poderia chegar
a 20 mil MW, mas hoje há apenas 20,3 MW”, relata Feitosa. “Se o governo definisse um preço para que
o investidor pudesse colocar a alternativa no mercado e adotasse uma resolução para obrigar as
distribuidoras a comprar essa energia, poderíamos ter 2 mil MW em dois anos”. O diretor do CNEE ainda
lembra que a instalação de uma turbina é rápida e tem baixo impacto ambiental, deixando a área livre
para a agricultura ou pecuária.
“A tecnologia está dominada e tem um custo totalmente compatível com o das usinas térmicas”,
ressalta o engenheiro Augustin Woelz. Segundo o CNEE, o custo desse tipo de geração está na faixa de
US$ 60 a US$ 80 por MWh. A primeira turbina brasileira, de 75 kw, foi instalada em Fernando de Noronha,
em 1992. Hoje, instalações eólicas de grande porte concentram-se nos estados do Ceará, Pernambuco,
Minas Gerais e Paraná. MULLER, Rafaela. Problemas brasileiros. São Paulo, Senac, julho/agosto de 2001, nº 346, p.17).

O Calor da Terra:
Outra fonte alternativa de energia é representada pelas centrais geotérmicas, que transformam o calor
do interior da Terra em fonte de energia.
A principal vantagem da energia geotérmica é a escala de exploração, que pode ser adequada ás
necessidades, permitindo o seu desenvolvimento em etapas, à medida que aumenta a demanda.
Uma vez concluída a instalação, os seus custos de operação são baixos.
Já existem algumas dessas centrais encravadas em zonas de vulcanismo, onde a água quente e o
vapor afloram à superfície ou se encontram a pequena profundidade.
Costa Rica, Guatemala e, principalmente, a Islândia, já utilizam esse tipo de energia.
Atualmente a exploração da energia geotérmica estende-se a outras regiões, além das vulcânicas,
cuja superfície apresenta claros indícios de vapores subterrâneos.
O Biogás:
O biogás, constituído principalmente pelo gás metano, é obtido a partir de reações anaeróbicas (sem
oxigênio) da matéria orgânica existente no lixo, que é recolhido nas cidades e depositado nos aterros
sanitários energéticos. Ele tem sido utilizado para gerar gás combustível de uso doméstico ou combustível
de veículos, solucionando ainda um sério problema, especialmente para as metrópoles: a destinação do
lixo.
O biogás também pode ser obtido por meio de aparelhos chamados biodigestores, nos quais se
processa a fermentação de esterco, folhas de árvores e outros compostos orgânicos, constituindo-se uma
excelente alternativa para as áreas rurais.

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. 144
A sociedade de consumo e o consumismo

O modelo de acumulação capitalista calcado na obtenção de lucros se reproduz, em grande parte, no


aumento crescente dos níveis de produção e de consumo de bens e serviços. Mas essa expansão da
sociedade de consumo em escala também crescente pode ser apontada como uma das causas
estruturais da degradação ambiental contemporânea promovida pelo capitalismo.
A cultura do consumo, que se coloca como condição básica para a manutenção do mercado, depende
do aumento da produção, o que, por sua vez, aumenta a pressão sobre os recursos naturais, acarretando
os mais avariados impactos e problemas ambientais. Embora o consumo seja condição vital para que as
pessoas satisfaçam suas necessidades básicas de sobrevivência (alimentos, roupas, medicamentos,
moradias, escolas, hospitais, etc.), o modelo econômico e a lógica do mercado têm estimulado as pessoas
a consumir exageradamente, o que nos permite dizer, portanto, que estamos vivendo em um mundo cada
vez mais consumista.
Associado a um conjunto de práticas sociais, culturais e econômicas, esse comportamento consumista
está inserido na lógica mercantil, sendo motivado por causas múltiplas. Na disputa pelo domínio de fatias
cada vez maiores do mercado, os segmentos produtivos utilizam inúmeros mecanismos e estratégias de
venda. Por meio do marketing, por exemplo, anúncios publicitários veiculados na mídia (rádio, televisão,
jornais, revistas, outdoors, etc.) procuram estimular o consumo, despertando nas pessoas o desejo de
adquirir mais e mais produtos).
A rapidez com que as inovações tecnológicas ocorrem também contribui para o aumento do consumo.
Com as empresas lançando produtos cada vez mais sofisticados e avançados do ponto de vista
tecnológico, as pessoas tendem a substituir produtos ainda novos pelos que acabam de chegar às lojas
do comércio. Estrategicamente planejado pelas empresas, o lançamento de novos produtos que inundam
as lojas do comércio aumenta em muito suas vendas gerando, portanto, novos hábitos consumistas.
Mas, para garantir essa expansão do consumo e estimular as pessoas a comprar cada vez mais, o
mercado também se encarregou de criar inúmeras estratégias de venda. Os estabelecimentos
comerciais, sobretudo as grandes redes, apostam na realização de promoções e liquidações e oferecem
formas de pagamento “facilitadas” como crediários, prestações, parcelamento em cartões de crédito, etc.
as instituições financeiras, por outro lado, oferecem linhas de crédito, como financiamento e empréstimos
que permitem a aquisição de produtos sem que o consumidor tenha de fazer o pagamento imediato da
compra. Embora essas opções facilitem o acesso ao consumo, elas induzem ao consumismo,
aumentando também o endividamento individual, uma vez quem muitos consumidores acabam tendo
dificuldades de efetuar o pagamento dos compromissos assumidos no ato da compra.

Desigualdade e consumo no mundo

Ainda que o nível de consumo da sociedade contemporânea continue se expandindo, ele ocorre de
maneira bastante desigual entre os países do mundo. Como o consumo de uma população é determinado
em grande parte pelo nível de sua renda, pode-se concluir que existem grandes diferenças de consumo
entre os países ricos e desenvolvidos e os países subdesenvolvidos. Nos países ricos, a renda per capita
anual da população está, em média, em 40 mil dólares, como ocorre nos Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, França, Bélgica, Japão e Austrália. Já em países mais pobres, essa mesma renda não chega
a 800 dólares ao ano, caso do Haiti, Bangladesh, Afeganistão, Serra Leoa, Níger e Ruanda.

Recursos naturais: escassez e abundância x riqueza e pobreza

Faz-se hoje uma grande comparação entre o crescimento econômico de um país e suas implicações
sobre a oferta de recursos naturais. Não é difícil notar que um país desenvolvido consome muito mais
produtos, inclusive descartáveis, aumentando a pressão sobre os recursos naturais. Vejamos um exemplo
simplificado de um estudo publicado nos Estados Unidos.

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. 145
Os países desenvolvidos, tendo um maior poder aquisitivo, são os responsáveis pelo maior consumo
no planeta, muitas vezes de maneira impulsiva e desnecessária.
Esse estilo de vida baseado no “consumo como forma de obter felicidade” foi mais uma estratégia
capitalista de ampliação de negócios que, nos Estados Unidos, recebeu o nome de American Way of Life.
Basta mensurar tal comportamento pelo lixo produzido:
. Produção de lixo mundial por dia: 2 milhões de toneladas;
. Média mundial/dia por habitante de áreas urbanas: 700 g;
. Média de produção de lixo por habitante/dia na cidade de Nova York (EUA): 3 KG.

Os países industrializados apresentam menos de 25% da população mundial, mas consomem 75% da
energia global, 80% dos combustíveis comercializados e cerca de 85% dos produtos madeireiros.
Em contrapartida, nos países subdesenvolvidos, a renda média equivale a apenas 5% da obtida em
países industrializados, indicando que o consumo nesses países se restringe ao necessário ou a menos
que isso. Mesmo assim, a pobreza também exerce pressão negativa sobre o meio ambiente, uma vez
que, em muitos casos, o comportamento de quem vive na miséria e na pobreza é predatório. Poderíamos
citar como exemplos de comportamentos predatórios contra o meio ambiente:
. a coivara – queimada -, técnica primitiva de agricultura;
. o garimpo ilegal e a contaminação de rios com mercúrio;
. a ocupação irregular das margens de mananciais pelas favelas em expansão, nos países pobres.

Mananciais são fontes de água doce, superficiais ou subterrâneas, que podem ser utilizadas para
consumo humano ou desenvolvimento de atividades econômicas. (Fonte: Ministério do Meio Ambiente).

O despertar da consciência ecológica

A preocupação com o agravamento dos problemas ambientais levou, a partir das décadas de 1960 e
1970, ao surgimento de movimentos ambientalistas organizados pela sociedade civil como forma de
protestar, alarmar e cobrar mudanças para reverter o preocupante cenário de degradação da natureza
promovido pela sociedade.
A emergência dos movimentos ambientalistas eclodiu juntamente com um conjunto de outras
manifestações de caráter social, das quais fazem parte o movimento das mulheres, dos negros e dos
pacifistas, por meio de determinados segmentos sociais engajados na luta por melhores condições de
existência e de vida no planeta. Uma característica singular dos movimentos ambientalistas ecológicos,
em comparação com outros movimentos sociais, reside no fato de que, na prática, nenhum outro
movimento passou a questionar, de maneira tão ampla, temas tão distintos quanto aqueles que
perpassam pela questão ambiental.
Os movimentos ambientalistas começaram a se fortalecer primeiro na Europa e nos Estados Unidos a
partir de alguns grandes desastres ambientais ocorridos antes d década de 1970, tais como: a
contaminação do ar nas cidades de Nova York e Londres, entre 1952 e 1960; a intoxicação por mercúrio
nas baías de Minamata e Niigata, entre 1953 e 1965, no Japão; o acidente com o navio superpetroleiro
Torrey Canyon, ocorrido no canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França, em 1967; a redução da vida
aquática em alguns dos Grandes Lagos, nos Estados Unidos; a morte de aves causada pelos efeitos de
pesticidas, como o DDT. Nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, esses movimentos chegaram um
pouco mais tarde, já no final da década de 1970 e início dos anos 1980.
Paralelamente a acontecimentos como esses que despertaram a opinião pública, a questão ambiental
também se tornou alvo de maior preocupação da comunidade científica, sobretudo com os avanços da
ecologia e ciências correlatas, como a biologia, por exemplo. Uma nova literatura começou, então, a
questionar os imites da degradação ambiental no planeta, que, no plano político internacional, também
se tornaram alvo de maior preocupação.
Em 1968, especialistas de diversos países se reuniram em Roma, Itália, a fim de formularem projeções
sobre o futuro do planeta, alertando para os riscos ambientais promovidos pelo modelo econômico
vigente, baseado na exploração dos recursos naturais. Esse acontecimento assinalou a fundação do
Clube de Roma que, em 1972, publicou o estudo intitulado Os limites do crescimento. Ao apontar os
limites da exploração do planeta, algo até então inquestionável, esse estudo estimulou a consciência da
sociedade e da tomada de atitude de governos de diferentes países a respeito da problemática ambiental.
Foi nesse contexto que a temática ambiental adquiriu projeção e ganhou espaço nas grandes
discussões internacionais. Ainda em 1972, a ONU realizou em Estocolmo, Suécia, a I Conferência das
Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente. Contando com representantes de mais de 100 países
e outras centenas de instituições governamentais e não governamentais, foram discutidas questões como

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. 146
o controle da poluição do ar, a proteção dos recursos marinhos, a preservação e o uso dos recursos
naturais, entre outras.
Na década de 1980, a ONU deu continuidade ao debate da questão ambiental com a Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada para estudar a problemática ambiental. Em
1987, esses estudos foram concluídos com a elaboração do documento Our Common Future (Nosso
futuro comum), conhecido como Relatório Brundtland. Como forma de conciliar o crescimento
econômico com a preservação do meio ambiente, o documento trouxe à tona a necessidade de se
promover um novo modelo de crescimento, o chamado “desenvolvimento sustentável”, como sendo
aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem as suas necessidades.
Em 1992, vinte anos após o encontro em Estocolmo, a cidade do Rio de Janeiro sediou a Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Eco-92 ou Rio-92.
Além de reafirmar a importância do desenvolvimento sustentável, como meta para conciliar o crescimento
econômico, com justiça social e conservação ambiental, o encontro contribuiu para ampliar a
conscientização sobre os problemas ambientais, fortalecendo ainda maios os movimentos ambientalistas
e ecológicos.
Em 1997, na cidade japonesa de Kyoto, foi formalizado um protocolo que instituiu metas para a redução
progressiva na emissão de gases poluentes, sobretudo daqueles que agravam o efeito estufa, como o
dióxido de carbono (CO²). De acordo com esse documento, os países mais ricos e industrializados
deveriam se comprometer a reduzir a emissão desses gases. Embora aceito pela grande maioria dos
países, o protocolo foi recusado pelos Estados Unidos (que respondem por cerca de 25% da emissão
total de CO² na atmosfera) enquanto outros países se opõem a ratificar o tratado que prevê cortes ainda
maiores nas emissões desses gases.
Em 2002, foi realizada em Johanesburgo, na África do Sul, a Conferência da Cúpula Mundial para o
Desenvolvimento Sustentável, a Rio +10, com o objetivo de fazer um balanço das ações realizadas e dos
resultados obtidos com base nos acordos firmados entre os países que participaram da Rio-92. Além das
questões relacionadas à conservação ambienta, também foram discutidas temáticas em âmbito social,
como a meta de redução do número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Nesse encontro,
entretanto, houve pouco comprometimento das nações envolvidas em assumir realmente ações que
tivessem como resultado a melhoria socioambiental, como o cancelamento da dívida externa de países
subdesenvolvidos, a substituição de parte da energia provinda de combustível fóssil por fontes
energéticas renováveis (como a eólica, a solar, etc.).
Em junho de 2012, objetivando um encontro entre representantes do governo, ONGs, empresas
provadas e setores da sociedade civil em geral de grande parte dos países do mundo, foi realizada, no
Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Nesse
encontro, fez-se um balanço do que foi efetivamente realizado nos últimos vinte anos sobre as questões
ambientais, em especial, as estratégias mais eficientes para se promover a sustentabilidade ambiental e
também para se combater e eliminar a pobreza extrema no mundo.
Referências Bibliográficas:

TAMDJIAM, James Onnig. Geografia Geral e do Brasil: estudos para compreensão do espaço: ensino médio/volume único. James & Mendes. São Paulo: FTD.

Questões

01. (Transpetro – Economista – CESGRANRIO/2018) A matriz energética de um país, de uma


região, ou mesmo do mundo, mostra a importância relativa das diversas fontes de energia.
O exame das matrizes, brasileira e mundial, sugere que, quantitativamente, a (s)
(A) mais importante fonte de energia no mundo atual é a hidroelétrica.
(B) energia nuclear no mundo é menos importante do que no Brasil.
(C) energia do petróleo é a mais importante fonte no Brasil.
(D) energia do carvão é mais importante no Brasil do que no mundo.
(E) fontes fósseis de energia (petróleo, gás natural e carvão) são mais importantes no Brasil do que
no mundo.

02. (Prefeitura de Venda Nova do Imigrante – ES – Assistente Social – CONSULPLAN/2016)


Petróleo, gás natural e carvão mineral suprem mais de 80% da demanda mundial de energia, mas o
desenvolvimento de novas tecnologias tem ampliado as alternativas de geração energética a partir de
fontes renováveis e menos poluentes. Com base nessas informações, associe corretamente o tipo de
energia à sua fonte geradora.

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. 147
1. Energia eólica.
2. Energia geotérmica.
3. Energia solar.
4. Energia maremotriz.
( ) Obtida do calor proveniente do interior da Terra.
( ) Do vento.
( ) Do movimento (ondas, marés e correntes).
( ) Do sol.

A sequência está correta em


(A) 2, 3, 4, 1
(B) 2, 1, 4, 3
(C) 2, 1, 3, 4
(D) 2, 4, 1, 3

Gabarito

01. C/02. B

Recursos Hídricos

A Terra é quase toda coberta por uma imensa massa líquida (a hidrosfera), que compreende os
oceanos, os mares e as águas continentais (rios, lagos e geleiras).
Cerca de 70% da superfície terrestre encontra-se coberta por água. No entanto, menos de 3 deste
volume é de água doce, cuja maior parte está concentrada em geleiras (geleiras polares e neves eternas
das montanhas), restando menos de 1% de águas superficiais para as atividades humanas.

Os Oceanos

Mais da metade da população mundial vive numa faixa de cerca de 100 km junto ao litoral dos
continentes. Grandes e pequenas cidades, aldeias de pescadores e pequenas vilas desenvolvem
atividades relacionadas à vida marinha. A biodiversidade dos ecossistemas marinhos, que fornece 90%
do pescado mundial, pode ser considerada equivalente à biodiversidade dos ecossistemas terrestres.
As águas oceânicas também constituem um meio fundamental para o transporte, as atividades
portuárias de importação e exportação de mercadorias (90 do comércio internacional), a navegação de
cabotagem', a aquicultura (criação de peixes, ostras, marisco e crustáceos), a extração de minerais (sal
e petróleo), além de oferecer possibilidades para o desenvolvimento do turismo e do lazer.
É, portanto, um ambiente sujeito a múltiplas influências e perturbações, cujas causas são produzidas
principalmente no continente, de onde são lançados dejetos e resíduos produzidos pelas atividades
humanas, os quais podem ser provenientes de acidentes no próprio mar, como o derramamento de
petróleo. Calcula-se que os dejetos urbanos residenciais e industriais sejam responsáveis por 80 da
poluição das águas do mar.

A Oceanografia

O estudo dos oceanos é realizado pela Oceanografia, ciência que estuda os diferentes aspectos
físicos, químicos e biológicos da água do mar. Além disso, estuda a dinâmica geológica das estruturas
da litosfera oceânica, o relevo submarino e a exploração mineral.
A Organização Internacional de Hidrografia (lHO - International Hydrographic Organization) passou a
considerar, a partir do ano 2000, cinco oceanos: Pacífico, Atlântico, índico, Glacial Ártico e Meridional
(Antártico).

O relevo Submarino

As características do relevo continental e submarino são semelhantes, embora neste último, devido à
predominância do trabalho de modelagem da água, exista uma maior suavidade nos contornos.

Para efeito de estudo, o relevo submarino pode ser dividido em:

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. 148
Plataforma continental - prolongamento submerso dos continentes, com apenas algumas
modificações promovidas pela erosão marinha ou por depósitos sedimentares. Sua profundidade varia
entre 10 e 500 m, sendo a média de 200 m.
São consideráveis as riquezas existente na plataforma continental. Nesta unidade de relevo extrai-se
a totalidade dos recurso minerai e é realizada a maior parte das atividades pesqueiras. Por esse motivo,
em 1945, o Estado Unidos tomaram a decisão de e tender a jurisdição nacional exclusiva dos recuada
plataforma continental.
Em 1950, o Brasil incorporou a plataforma continental ao seu território - uma área de 20 mil km',
correspondente a 10 da sua superfície continental. Esta medida nunca foi reconhecida
internacionalmente. A última lei que dispõe sobre "soberania da plataforma continental data de 1993.

A plataforma continental brasileira


Em 1993 foi promulgada a lei que define a soberania brasileira sobre sua plataforma continental. Lei
n° 8.617/93 delimita três regiões a que o país tem determinados direitos: o mar territorial, a zona contígua
e a zona econômica exclusiva.
O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítimas' de largura, a partir do
litoral continental e insular. O Brasil tem soberania sobre esta faixa oceânica e seu espaço aéreo e
acrescenta este território ao restante da parte continental.
A zona contígua brasileira estende uma faixa de mais de doze milhas a partir do limite do mar
territorial e corresponde a uma zona em que pode exercer fiscalização de navios e reprimir as infrações
cometidas de acordo com as leis brasileiras.
A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende até duzentas milhas
marítimas, onde o Brasil exerce soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e
gestão dos recursos naturais, das águas do mar e do seu subsolo, para fins econômicos e investigação
científica.

Talude continental - inclinação mais aprofundada que a plataforma, chegando a até 3 mil metros de
profundidade.
Bacia oceânica - abrange a maior superfície e se estende a partir do limite do talude continental até
aproximadamente 5 mil metros de profundidade. É constituída por extensas bacias, de topografia mais
ou menos plana, por vezes interrompida por dorsais ou cordilheiras e também por fossas abissais.
Dorsais - constituem as grandes cordilheiras e acompanham, em certos casos, o contorno dos
continentes.
As dorsais encontradas nos oceanos Atlântico e Pacífico apresentam altitudes variam entre 2 e 4 km
acima do fundo oceânico, emergindo em diversos pontos sob a forma e ilhas e arquipélagos. O mais
marcante exemplo de dorsal é a Meso-atlântica.
Fossas abissais - localizam-se próximo continentes; formam as regiões mais profundo relevo
submarino.

As correntes marinhas
As correntes marinhas, cujo fluxo deve ter velocidade superior a 12 milhas marítimas por dia, são os
movimentos mais importantes que as águas do mar apresentam. Elas podem ser comparadas a rios de
água salgada, com temperatura diferente da massa de água oceânica por onde passam. Além disso, elas
circulam em outra velocidade em função da diferença de temperatura salinidade, que modificam a sua
densidade. Diferença de densidade entre as águas que formas correntes e as que circundam no oceano
faz que elas tenham velocidade própria e sigam sempre uma direção regular e relativamente precisa
O movimento e a direção das correntes depende de ventos regulares, destacando-se os alísios, do
movimento de rotação da Terra e do contorno dos continentes.
A importância prática do estudo das correntes marinhas reside no fato de que nelas encontram-se os
alimentos necessários à vida marinha, pois são ricas em microrganismos (plâncton) e servem de base
para a alimentação dos peixes.
Por isso as correntes constituem lugares favoráveis ao desenvolvimento de grandes cardumes e,
consequentemente, à atividade pesqueira. É o caso das áreas oceânicas próximo aos litorais da Noruega
(Gulf Stream), do Peru (corrente de Humboldt) e do Japão (corrente do Japão).

Além disso, as correntes, quando se aproximam do continente, influenciam o clima das regiões
situadas junto à costa litorânea.

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. 149
Alimento marinho
Os recursos pesqueiros são renováveis. Portanto, podemos subtrair uma parte para consumo humano,
sem prejuízo do estoque. Mas há uma limitação na capacidade de renovação do estoque, que é chamada
de produção máxima sustentável do estoque. Se ultrapassar esse limite, o estoque entrará no colapso e
não poderá mais recuperar aquela parte perdida.
O fator complicador de recursos pesqueiros é que a produção máxima sustentável de um estoque varia
de acordo com a disponibilidade da população e apresenta uma variação anual bastante grande. Então,
a questão de exploração de recursos pesqueiros é saber quanto podemos subtrair do mar, sem prejuízo
dos estoques existentes. (MATSUURA, Yasunobu. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 31/12/1995, p. D-3, Caderno 2.)

Salinidade e temperatura das águas do mar

Dos minerais encontrados nas águas marinhas, o mais abundante é o cloreto de sódio, comumente
conhecido por "sal de cozinha". Além dele aparecem também outros sais em menor quantidade, como o
cloreto de magnésio, o sulfato de magnésio e o sulfato de cálcio.

Obs.: Nas águas oceânicas predominam os cloretos, enquanto nas fluviais, os carbonatos.

A salinidade varia de um local para outro devido à temperatura, à evaporação, às chuvas e ao


desaguamento dos rios. O valor médio da salinidade é de 350, ou seja, 35 g de sais por 1 000 g (1 litro)
de água.
Nas áreas onde a evaporação é intensa e a quantidade de chuva é pequena, a salinidade apresenta-
se mais elevada. Nas regiões mais frias, a salinidade é menor devido à pequena intensidade da
evaporação e à diluição da água do mar pelo derretimento das neves.
Os mares tropicais pouco profundos (onde a evaporação é mais intensa) são mais salgados que os
situados próximo aos polos, nos quais os gelos glaciares aportam. Também são menos salgados os
mares onde deságua um maior número de rios, cujas águas, carregando diversos materiais em
suspensão, reduzem o índice de salinidade.
Enquanto o mar Negro tem um índice de salinidade de 1,50, o Báltico possui apenas 0,020 e o
Vermelho, localizado em região árida, apresenta uma salinidade de 400, acima da média geral.
Entretanto, o maior índice de salinidade é apresentado pelo mar Morto, de 2500.
A temperatura das águas depende da quantidade de insolação recebida pela superfície. Como a água
demora mais tempo do que a terra para aquecer e para resfriar, a temperatura dos oceanos é mais
uniforme.
Se a temperatura das águas marinhas depende da insolação, ela será mais elevada na superfície do
que em profundidades maiores e mais elevada também na linha do Equador do que nos polos.

Poluição marinha
Grande parte da poluição marinha é provocada por fontes terrestres. São indústrias e residências que
despejam toneladas de detritos e rejeitos nas águas dos rios; cidades que utilizam a água do mar como
emissário de esgotos; uso de fertilizantes e agrotóxicos em atividades agrícolas, cujo excesso é
transportado pelas águas dos rios, assim como excrementos animais nas áreas de criação. Elementos
tóxicos utilizados nas atividades mineradoras e rejeitos das áreas de extração de minérios podem também
atingir as águas do mar.
O combate à poluição marinha inclui um conjunto de normas e atitudes que depende dos processos
de controle das atividades humanas realizadas nos continentes, como, por exemplo, o controle do
escoamento dos fertilizantes e outros produtos nocivos à água; a proibição da descarga de efluentes
industriais nos rios; a universalização dos processos de tratamento de esgoto, entre outros.
Outra parte da poluição dos mares e das zonas costeiras resulta de acidentes no transporte marítimo
de mercadorias. O principal responsável por esta poluição são os acidentes provocados por grandes
petroleiros, os quais são responsáveis por 10 da poluição dos oceanos. No Brasil, parte da poluição
causada pelo petróleo decorre de acidentes em plataformas de extração localizadas no oceano.

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. 150
Embora proibida por lei internacional, a lavagem dos porões de petroleiros muitas vezes é feita em
alto-mar.

As águas continentais
Os rios são de grande importância para a organização do espaço, haja vista que as primeiras grandes
civilizações fixaram-se às margens de rios como o Tigre, o Eufrates, o Nilo, o Indo e outros. Diversas
regiões de elevada densidade demográfica, nas quais, em muitos casos, surgiram grandes cidades,
estruturaram-se às suas margens.
Os rios podem ser usados para a irrigação (inclusive de regiões em que há pouca ocorrência de
chuvas), para a geração de energia elétrica e como via de transporte. Além disso, a pesca constitui
importante fonte de alimentação.

Água - recurso renovável limitado


A água é um recurso renovável; no entanto, a forma como vem sendo utilizada, com intenso nível de
poluição, por exemplo, pode impor limites à sua disponibilidade futura'.
O ciclo da água é contínuo: inclui transpiração e evaporação; condensação; precipitação. Escoamento
e infiltração.
A água que abastece rios e lagos provém d; evaporação dos oceanos, de águas no solo, transpiração
da vegetação e dos próprios rios; lagos; essa água se condensa e precipita-se e forma de chuva, de neve
ou de granizo. Ela então escoa pelos rios ou para debaixo da terra, preenchendo os lençóis freáticos.
Parte dela retoma oceano, reiniciando o ciclo. Outra parte é absorvida, por exemplo, por plantas.
A distribuição do consumo mundial de doce, de acordo com as atividades humanas, estrutura-se,
grosso modo, da seguinte forma: água consumida destinam-se às atividades Ias, 20 às indústrias e 10 às
residências.
Nas indústrias, os ramos siderúrgico, químico e de papel são os grandes consumidoras de água: a
produção de uma tonelada de aço requer 150 toneladas de água; para se refinar uma tonelada de
petróleo, é preciso 180 toneladas de água; e para fabricar uma tonelada de papel, empregam-se 250
toneladas de água. Daí a importância da reciclagem, ou seja, do tratamento e reaproveitamento da água
pelas indústrias. No Japão, as indústrias já reciclam 70 da água.
Na agricultura, a quase totalidade de água uti lizada vai para a irrigação, cujo papel é importantíssimo,
pois, apesar de somente 15 das terras empregadas para a prática agrícola serem irrigadas, cerca de
metade da produção de alimentos é obtida dessas terras.
A irrigação e o desperdício podem provocar impactos ambientais irreversíveis, como o que ocorreu
com o mar de Aral, na fronteira entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, na Ásia.
Nas regiões onde a água doce é abundante, muitas vezes ela é desperdiçada, pois são poucos os que
têm consciência do quanto ela é essencial e dos limites de sua capacidade de renovação. O
desmatamento, a compactação do solo e a impermeabilização dos asfaltos e das edificações das cidades
dificultam a infiltração da água das chuvas e diminui o volume das águas das fontes. Áreas de mananciais
são constantemente ocupadas e poluídas pelos esgotos domésticos; lixo de todo tipo é lançado nas águas
dos rios.
Nas regiões onde a água é escassa, a população anda quilômetros a pé para busca Ia e forma filas
para conseguir um balde de á sendo frequentes as mortes causadas pela de hidratação.
Além do mau uso da água, a demanda recursos hídricos tem sido cada vez maior com ampliação das
atividades econômicas e o crescimento populacional. Se a demanda por água tem crescido, o mesmo
não ocorre no ambiente, qual se verifica a manutenção de sua quantidade ou mesmo sua redução.
Portanto, apesar de renovável, a água é um recurso finito e muitos povos do mundo sofrem com a
escassez deste recurso vital à sobrevivência humana.

Bacias hidrográficas do brasil

Bacia hidrográfica corresponde à área drenada por um rio principal, seus afluentes e subafluentes",
que formam, dessa maneira, uma rede hidrográfica.
Os limites entre as bacias hidrográficas encontram-se nas partes mais altas do relevo e são
denominados divisores de água, pois separam as aguas de bacias. O declive entre o divisor de água e o
rio principal, por onde correm as águas dos afluentes, chama-se vertente. As águas são depositadas no
leito do rio que, em época de cheia, pode transbordar para as margens baixas e planas que o
acompanham, que constituem a sua várzea.
O Brasil dispõe de uma das mais densas redes hidrográficas da Terra, que representam cerca de 4
das reservas mundiais de água doce. No entanto o abastecimento das regiões mais desenvolvidas

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economicamente e mais populosas muitas vezes fica comprometido, pois é cada vez maior não só o
consumo de água provocado pelo crescimento populacional e urbano, como de energia elétrica. Quando
os níveis dos reservatórios estão baixos, em decorrência da falta de chuvas, as hidrelétricas limitam o
fornecimento de água para não faltar energia elétrica, o que tem provocado racionamentos de agua e até
mesmo de energia.
Esses grandes centros urbanos também estão situados distantes dos rios de maior navegabilidade,
nos quais o transporte fluvial poderia constituir uma excelente alternativa transporte. No Sudeste, na bacia
do Paraná que cobre boa parte dessa região - estão sendo feitos investimentos em obras que viabilizem
a navegação nos rios que cortam áreas economicamente importantes.
De acordo com a classificação de relevo de Jurandyr Ross, os principais dispersores de água das
maiores bacias brasileiras estão situados:
• na Cordilheira dos Andes, onde nascem os formadores do rio Amazonas;
• nos Planaltos Norte-amazônicos, origem dos rios da margem esquerda do rio Amazonas;
• no Planalto e na chapada dos Parecis, que separam a bacia Amazônica de rios da bacia Platina (rio
Paraguai);
• nos Planaltos e nas serras de Goiás-Minas e nos Planaltos e nas chapadas da Bacia do Paraíba, que
são divisores de água das bacias do Tocantins e São Francisco;
• nos Planaltos e nas serras do Atlântico-Leste- •. Sudeste, onde nascem o rio São Francisco, os rios
formadores do Paraná (Paranaíba e Grande) e os seus afluentes da margem esquerda.

De modo geral, os rios brasileiros recebem águas das chuvas. Por isso, em sua maioria, são
caracterizados pelo regime' pluvial.

As principais bacias brasileiras

A bacia Amazônica, considerada a maior bacia hidrográfica do mundo, drena uma área superior à
metade do território brasileiro (6,5 milhões de km') e também abrange áreas de outros seis países sul-
americanos. De toda a água dos rios lançada nos oceanos, 20 desembocam da foz do rio Amazonas.
Sobretudo em território brasileiro, o rio Amazonas atravessa uma área plana e pouco profunda; é um
rio largo e que apresenta grande volume de água. Essas também são características dos trechos de
afluentes situados próximo ao Amazonas, tomando a navegação fluvial o principal meio de transporte da
região.
Pelo Amazonas também são transporta produtos. A safra de soja do norte do M Grosso é transportada
pelo rio Madeira (afluente do Amazonas). Como o custo do frete transporte fluvial é menor que o do
transpor rodoviário e ferroviário (muito usados zonas centro e sul do país), o custo final do Produto
também é menor.
Além de usados para navegação, o rio é meio essencial de vida para a população ribeirinha e diversos
povos indígenas. Os rios Amazônia têm a maior fauna fluvial do mundo e o número de espécies
conhecidas é surpreendente.
A bacia Amazônica possui o maior potencial para geração de energia hidrelétrica do país. No entanto,
a produção de energia é pequena. Isso se explica pela distância dos grandes centros econômicos e
populacionais, situados no Sul e Sudeste do país.
A bacia do Tocantins-Araguaia está ligada ao mesmo ecossistema da Bacia Amazônica e os e os rios
também têm grande importância na organização do espaço regional da Amazônia Oriental. A sua maior
extensão drena terrenos elevados, que garante boas possibilidades para geração de energia. Nela está
situada a usina de Tucuruí, no rio Tocantins, no Pará - a maior hidrelétrica totalmente brasileira. É ela que
alimenta os grandes projetos minerais implantados nesse estado, como o Grande Carajás, e,
principalmente, as grandes indústrias de alumínio, orno a Alcoa; a Albrás (Alumínio Brasileiro SI A),
pertencente à Companhia Vale do Rio Doce; e a Nippon, entre outros. A linha de transmissão de Tucuruí
tem mais de 1 200 quilômetros de extensão e abastece, além dos projetos minerais, várias cidades do
Pará e do Nordeste.
Essas indústrias, que pelo enorme consumo energético são chamadas de eletro intensivas, consomem
mais de 60 da hidreletricidade gerada por Tucuruí. A construção da hidrelétrica, por sua vez, exigiu
vultosos investimentos do governo brasileiro no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, os quais
favoreceram, principalmente, grandes grupos empresariais estrangeiros e Nacionais.
A bacia do São Francisco é alongada e situa-se quase totalmente em área de depressão, conforme
classificação do prof. Jurandyr Ross (ver capítulo 21). O extenso São Francisco (cerca de 3 100 km) tem
afluentes de pequena extensão e boa parte deles são temporários, ou seja, eram no período das
estiagens escassez de chuvas). Esse rio nasce na Serra da Canastra

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(Minas Gerais) e deságua no Atlântico, na divisa entre Alagoas e Sergipe, depois de percorrer longo
trecho do sertão nordestino. Corre no sentido geral Sul-Norte, e foi por longo tempo meio de ligação entre
as regiões Nordeste e Sudeste, onde se estruturaram os núcleos de povoamento mais antigos do Brasil.
Possui declives acentuados em trechos próximo à nascente ou à foz, o que lhe confere a posição de
segunda bacia em produção energética do Brasil. Abastece tanto a região Sudeste, com a usina de Três
Marias (Minas Gerais), como a Nordeste, com a usinas de Sobradinho (PE/BA). Paulo Afonso (AL/BA),
Xingó (ALISE), Itaparica (PF1BA) e Moxotó (AL/BA). O São Francisco também apresenta longo trecho
navegável em eu curso médio.
O garimpo o uso excessivo da água para irrigação, a poluição por defensivos agrícolas, a destruição
da mata ciliar na cabeceira e a erosão das suas margens são alguns problemas que provocam forte
impacto ambiental. A poluição das águas afeta diretamente os recursos da pesca e a vida da população
ribeirinha do São Francisco.
A bacia Platina reúne as bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, que nascem em território
brasileiro e drenam, também, os países platinos (Paraguai, Uruguai e Argentina). Na fronteira da
Argentina e Uruguai todas as águas se juntam no estuário da Prata e deságuam no oceano Atlântico. É
a segunda bacia em área da América do Sul.
A bacia do Paraná, é essencialmente planáltica, ocupando o primeiro lugar em produção hidrelétrica
do país. No rio Paraná estão situadas as usinas de Ilha Solteira e Jupiá (complexo de Urubupungá),
Engenheiro Sérgio Motta (porto Primavera) e Itaipu (usina binacional brasileira e paraguaia).
A bacia do Paraguai é típica de planície. Sua maior extensão no Brasil está situada no Complexo do
Pantanal, destacando-se pelo aproveitamento como hidrovia interligada outras bacias (especialmente à
do Paraná) através dos rios Pardo e Coxim. A navegação n bacia é internacional, pois o rio Paraguai bani
terras do Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina. Destaca-se a importância do porto fluvial Corumbá (MS).
A bacia do Uruguai abrange grande trecho de relevo planáltico. O rio Uruguai, que nasce confluência
dos rios Canoas e Pelotas, é utilizado como limite em boa parte da divisa entre os dos do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina bem como em parte do trecho da fronteira entre o Brasil e a Argentina e em toda
a fronteira entre a Argentina e o Uruguai.

Hidrovia do Mercosul
A hidrovia Tietê-Paraná está entre os grandes projetos da Bacia do Paraná. O obstáculo a ser superado
é a usina de Itaipu, onde, para superar os 130 metros de desnível no trecho do rio em que ela foi
construída, será necessário grande investimento na construção de eclusas'. Por enquanto, a carga
transportada precisa ser baldeada caminhões e percorrer 80 km de estrada para retomar à hidrovia.
Os projetos para o rio Paraguai preveem a retificação de trechos do rio, o que tornará o percurso mais
rápido seguro, bem como o controle da vazão das suas águas, que diminuem muito na época da seca
(outono-inverno) impossibilitando, em alguns casos, a navegação. No entanto, como visto no capítulo
anterior, obras de grande impacto para estabelecer o controle da vazão poderão ocasionar graves danos
ao ecossistema do Pantanal, a alternância do volume de água do rio é fator responsável pela diversidade
e abundância da fauna e da flora região.
Agregam-se, ainda, a este conjunto de hidrovias, mais 500 km de águas da rede do rio Uruguai.

As bacias secundárias

As bacias secundárias reúnem um conjunto de bacias localizadas nas proximidades do litoral;


apresentam rios de pequena extensão, geralmente com poucos afluentes. São consideradas bacias
secundárias:

Bacias do Nordeste - Destacam-se os rios permanentes de Mearim, Turiaçu e Itapecuru (no Maranhão);
Pamaíba (Maranhão/Piauí); e Beberibe e Capibaribe (em Pernambuco). Contudo, a maior parte dos rios
situa-se no sertão; eles são temporários (intermitentes), como o Jaguaribe (Ceará), considerado o maior
rio temporário do mundo.
Bacias do Leste - Destacam-se os rios Jequitinhonha, que corta uma região extremamente pobre do
nordeste de Minas Gerais; Doce, que abrange tradicional área de mineração neste estado; e Paraíba do
Sul, que atravessa importante região industrial do Brasil e de grande concentração urbana (São Paulo e
Rio de Janeiro).
Bacias do Sudeste-Sul - são importantes rios dessa bacia o Ribeira do Iguape (São Paulo, próximo à
fronteira do Paraná), região mais empobrecida econômica e socialmente do estado; o Itajaí (principal
região industrial de Santa Catarina) e o Tubarão (região carbonífera e industrial, também situada em
Santa Catarina).
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No Rio Grande do Sul, destacam-se os rios Guaíba (porto Alegre) e Jacuí, além das lagoas dos Patos,
Mirim e Mangueira.

As aguas subterrâneas e o aquífero guarani

O subsolo do território brasileiro armazena grande quantidade de água, inclusive sob as áreas
semiáridas do Nordeste.
As águas subterrâneas nem sempre são apropriadas para consumo.
O volume das águas encontradas próximo à superfície, as quais formam os lençóis freáticos, não só é
pequeno como pode estar contaminado. Essas águas, bastante exploradas, podem conter toxinas
oriundas tanto da agricultura como de atividades industriais.
Os reservatórios subterrâneos, localizados a centenas de metros de profundidade e que apresentam
enorme volume de água (centenas de milhares de km'), são denominados aquíferos. Esses aquíferos
provavelmente não estão contaminados.
Num trecho do subsolo brasileiro encontra-se parte do maior aquífero do mundo - o Sistema Aquífero
Guarani -, localizado justamente numa das áreas de maior concentração populacional! e de maior
consumo de água do país.
As águas desse aquífero também ocupam trechos do subsolo da Argentina, do Paraguai e do Uruguai.
Portanto, para preservar esse imenso manancial de água doce e de boa qualidade, é necessário implantar
uma política conjunta de exploração e de controle ambiental.

O aquífero Guarani Um tesouro escondido

Argentinos, uruguaios, paraguaios e brasileiros têm um tesouro sob seus pés. No subsolo desses
países fica o maior aquífero do mundo, o Reservatório Guarani. Confinado entre formações da Serra
Geral, ele tem nada menos que 1,2 milhão de km".
Composto de pouca argila e muita areia, o aquífero é de excelente qualidade, diz o geólogo José Luís
Albuquerque, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo. "Uma camada de
basalto de até 1700 metros recobre 90 do Guarani, garantindo proteção contra contaminações", explica.
Os estudos mostram que o reservatório poderia fornecer água, anualmente, para cerca de 150 milhões
de pessoas.
A exploração científica do Guarani começou no início dos anos 1970 mas, de lá cá, não teve extração
maciça. Agora, um projeto dos quatro países interessados em parceria com o Banco Mundial pretende,
nos próximos cinco anos, tornar o Guarani uma fonte real de água. "Estamos na definição da proposta
para que o Banco possa apreciai-la", afirma Albuquerque, que participa do projeto. Os custos do Projeto
Guarani, quando finalizados, serão de US$ 25 milhões. (Revista Galileu, nº 119, junho de 2001, p. 47.)

A Poluição Dos Rios6

Os rios são de grande importância para a organização do espaço geográfico, trazendo enormes
benefícios para a sociedade. No entanto, sofrem as consequências bastante negativas afetam ecos
sistemas fluviais e a própria de, como o lançamento de dejetos de diversos tipos em suas águas,
transformando-os em esgotos a céu aberto. Essa é a situação em que encontra a maioria dos rios, os
quais são muitas vezes considerados subprodutos da sociedade urbano-industrial, que encara a natureza
como fonte de matéria-prima ou como depósito de resíduos.
A morte dos rios em diversos lugares do mundo está basicamente relacionada a três fatores principais:
lançamento de esgotos urbanos sem tratamento; lançamento de produtos utilizados na agricultura, como
pesticidas e fertilizantes químicos, que são levados para os rios pela água da chuva; e lançamento de
resíduos industriais.
Os resíduos industriais são, em muitos lugares, o principal agente poluidor dos rios. No entanto, nas
áreas das grandes metrópoles dos países subdesenvolvidos a responsabilidade maior fica por conta dos
esgotos urbanos, que contêm fezes humanas, restos de alimento, e mesmo detergentes e sabões. Todos
esses dejetos representam uma grande quantidade de bactérias causadoras de muitas doenças, se
ingeridas ou absorvidas pela pele. Determinados tipos de detergentes contêm muitos nutrientes que
liberam organismos responsáveis por elevado consumo de oxigênio, elemento fundamental à fauna dos
rios.

6
LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e Geografia do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Saraiva.

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Além do lançamento de resíduos, representados por diversos produtos químicos, como os metais
pesados (cobre, mercúrio, chumbo, cádmio), as indústrias são responsáveis pela chamada poluição
térmica, causada pelas usinas termelétricas que lançam nos rios água com temperatura muito superior à
existente neles. Como os animais aquáticos são muito sensíveis à alternância brusca de temperatura,
acabam morrendo. Até porque a temperatura elevada também retira o oxigênio dos rios.
A solução para o problema da poluição dos rios está no tratamento dos esgotos urbanos e industriais
e também no maior controle na utilização de pesticidas na agricultura. Apesar de a quantidade de esgotos
urbanos e industriais que passa por um sistema de tratamento ter aumentado, ela é ainda pequena, e
como consequência disso o número de rios poluídos permanecerá grande por décadas.
Um dos exemplo mais significativos de recuperação de rios é o da Grã-Bretanha, a pioneira na
Revolução Industrial e. por consequência, também na poluição fluvial. E, por foi feito um controle rigoroso
nas indústrias, o esgotos urbanos passaram a ser tratados, e seus encanamentos foram trocados. Nas
áreas agrícolas, inspetores implementaram visitas a fazendas para impedir que pesticidas fossem jogados
nos rios.
Esse trabalho resultou na volta da vida aos rios, como o Tâmisa, que passou a ser frequenta- do por
focas; o Mersey, cujos afluentes recebem atualmente muitas lontras; e o Humber, cujo estuário é visitado
pela lampréia-do-mar, espécie de peixe bastante primitiva que só sobrevive em águas limpas.

Água – uma questão geopolítica do século XXI7

O Departamento de Informação Pública da ONU divulgou, em 2002, dados alarmantes sobre os


problemas referentes à água:
• 1 bilhão e 100 milhões de pessoas não têm acesso à água potável, o que corresponde a um sexto
da população mundial.
• 2 bilhões e 400 milhões de pessoas não têm acesso a serviços de saneamento básico adequados
(40 dos habitantes da Terra).
• Cerca de 6 mil crianças morrem diariamente
• devido a doenças provocadas pela água insalubre ou relacionadas ao saneamento básico e higiene
deficientes.
• A água insalubre e o saneamento básico deficiente causam 80 das doenças no mundo em
desenvolvimento. Mais de 250 milhões de pessoas sofrem dessas doenças todos os anos.
• No século XX, o consumo de água aumentou a um ritmo duas vezes mais rápido do que o do
crescimento demográfico.
• Nos países em desenvolvimento, 90 das descargas de águas residuais não são precedidas do
tratamento dessas águas.
• Em muitas regiões, a utilização excessiva de águas subterrâneas para beber e para efeitos de
irrigação provocou a queda, em dezenas de metros, do nível dessas águas, o que obriga as pessoas a
consumirem água de baixa qualidade.

Vimos, anteriormente, que o espaço geográfico de muitos países é organizado em torno dos cursos
fluviais. Cerca de um terço das fronteiras entre os países é delimitado por rios ou lagos, e dois terços dos
rios mais extensos do mundo têm suas águas partilhadas por diversos países.
Obras hidráulicas ou atividades poluentes na montante" de um rio podem prejudicar o fluxo de água
no país vizinho, que utiliza as águas da jusante".
Neste início de século XXI, o problema da seca em numerosas e extensas regiões da Terra tem se
tornando tão grave que os países começam a reavaliar o verdadeiro valor da água e sua importância
estratégica para o desenvolvimento econômico e para a sobrevivência da humanidade,
Provavelmente a água potável será o recurso natural mais disputado do planeta neste século.
Sua escassez em um grande número de países, principalmente na África e no Oriente Médio, será a
principal causa de guerras. Essa é a conclusão do Centro de Estudos Estratégico Internacionais. Também
o Banco Mundial, em um relatório publicado em agosto de 1995, alerta para o risco de guerras por causa
da água. "Muitas das guerras deste século [XX] foram fruto da disputa pelo petróleo. As do próximo século
[XXI] serão causadas pela luta por água".
A África do Norte e o Oriente Médio são as duas regiões do mundo que registram o maior crescimento
de importação de cereais devido. Principalmente, à escassez de água. Mas, além da precariedade dos
recursos hídricos, são países que possuem crescimento populacional acelerado.

7
Fonte: Departamento de Informação Pública da ONU, DP1f2293B, dezembro de 2002.

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Os países mais ricos das referidas regiões aqueles com grandes exportações de petróleo - utilizam-se
de técnicas modernas e caras para a obtenção de água: perfuram poços extremamente profundos para
atingir as águas subterrâneas ou fazem a dessalinização das águas marinhas. Já nos países mais pobres,
as populações percorrem muitos quilômetros para obter água, que nem sempre é de boa qualidade.
No Oriente Médio, a principal rede hidrográfica é formada pelos rios Eufrates e Tigre, que nascem na
Turquia e percorrem todo o Iraque e parte da Síria. Na Turquia, a construção da represa de Ataturk e o
desvio das águas para a irrigação de áreas agrícolas, que fazem parte do Projeto Grande Anatólia,
diminuíram o volume dos dois rios, prejudicando os outros países alcançados por suas águas.
Outra bacia importante do Oriente Médio é a do rio Jordão, que nasce no sul do Líbano e per corre
terras da Síria, Israel, Jordânia e os dois territórios autônomos da palestina, a Cisjordânia e a Faixa de
Gaza. Israel, em 1967, na Guerra dos Seis Dias, destruiu uma represa em fase de conclusão, financiada
pela Jordânia e Síria, que seria utilizada para desviar as águas de importantes afluentes da bacia do
Jordão.
O rio Jordão e o mar da Galileia abastecem a Cisjordânia (região atualmente administrada pela ANP -
Autoridade Nacional Palestina); contudo, o controle dessas águas é feito por Israel. Esse é apenas um
dos inúmeros exemplos do controle político e estratégico dos recursos hídricos. Nessa região, mais da
metade dos palestinos não dispõe de água potável.
Na Faixa de Gaza, cerca de um milhão de palestinos puxam sua água dos poucos poços potáveis ou
de rios poluídos pelo esgoto.
Estudos divulgados pela ONU apontam que na metade do século XXI a água no Oriente
Médio seria suficiente apenas para atender o consumo doméstico. As demais atividades econômicas,
como a agricultura e a indústria, dependeriam do reaproveitamento da água de esgoto ou da importação
de água de outras regiões do mundo.
No continente africano, o Nilo também está no foco de disputas geopolíticas. As águas dessa bacia
são comuns ao Egito, à Etiópia, à Tanzânia, à Uganda e ao Sudão, países com vasta extensão de áreas
desérticas e que dependem dessas águas para as atividades agrícolas e para a geração de energia.

Principais Rios Brasileiros8


O Brasil é o país que possui a maior reserva de água doce no mundo (12%). Entre os rio brasileiros,
cinco se destacam pelas oportunidades produtivas que oferecem as mais diversas comunidades do
território nacional. O primeiro deles e o mais importante é o Amazonas:
A Amazônia é conhecida mundialmente pela quantidade de água doce que ela oferece aos brasileiros,
sendo que o Rio Amazonas é o principal da região. Para se ter ideia do volume da bacia hidrográfica
desse rio, a sua produção de água teria capacidade para abastecer 74% de toda a demanda do país, de
acordo com a Agência Nacional de Água (ANA). Quem se beneficia diretamente com essa grande
quantidade de água são as pessoas que vivem no Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso,
Pará e Amapá.
O segundo Rio da lista é o Rio São Francisco, conhecido também como Velho Chico. Ele nasce na
Serra da Canastra, em Minas Gerais, e corta todo o Nordeste com seus quase três mil km de extensão.
Apesar de sua vital importância para os mais de 16 milhões de pessoas que habitam sua bacia
hidrográfica, infelizmente, hoje o São Francisco carece de cuidados. O assoreamento em alguns trechos,
a poluição e o desmatamento de matas ciliares, que são aquelas que protegem as nascentes, rios e lagos,
colocam em risco esse provedor tão importante.
O terceiro Rio é o Tocantins. Este nasce no planalto de Goiás e tem impressionantes 2.699 km de
extensão, sendo um dos maiores rios brasileiros que nasce dentro do território nacional. Ele corta quatro
estados – Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará, antes de desaguar no mar, na Ilha de Marajó, no Pará, a
maior ilha do país. O rio Tocantins abriga importantes usinas hidrelétricas, sendo a principal a de Tucuruí,
que abastece grande parte do consumo de energia nos estados do Pará, Maranhão e Tocantins, que
juntos somam quase 16,6 milhões de pessoas.
O quarto é o Rio Paraná. Ele compõe a bacia do Paraná, que é uma das mais importantes do país.
Para se ter uma ideia, a usina de Itaipu, que está localizada no Rio Paraná, gera cerca de 15% de toda a
energia consumida no Brasil. Isso significa aproximadamente 30 milhões de pessoas. Além disso, o Rio
Paraná é considerado o segundo maior em extensão da América do Sul com quase quatro mil km de
extensão, distância aproximada de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul a Belém, no Pará.
Finalmente, o quinto rio é o Paulista de nascimento, o Rio Tietê, com seus mais de mil quilômetros,
atravessa todo o estado de São Paulo e desaguando no rio Paraná. Esse rio tem grande importância
desde a época da colonização do Brasil tanto pela produção de água, quanto pela geração de energia.
8
NORDESTE RURAL. Os principais rios brasileiros e a importância deles para as comunidades. Nordeste Rural. Disponível em: < http://nordesterural.com.br/os-
principais-rios-brasileiros-e-a-importancia-deles-para-as-comunidades/>.

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Hoje, a chamada hidrovia Tietê-Paraná – que foi reaberta nesse ano – é muito importante para o
escoamento de grãos e outros produtos pelo porto de Santos. A estimativa da Secretaria de Logística e
Transporte de São Paulo é que um comboio no rio consegue transportar a mesma quantidade de carga
do que 200 caminhões! Infelizmente, o Tietê é um dos rios mais poluídos do Brasil, logo depois da
nascente, ao passar pela Região Metropolitana de São Paulo.

e) A biosfera e os climas do Brasil

Dinâmica Climática

“Tempo bom, com nebulosidade; temperatura em ligeiro declínio”. Os meios de comunicação divulgam,
diariamente, informações sobre o tempo. Nessa acepção, tempo é o estado momentâneo da atmosfera
em determinado local. Para determinar as condições do tempo, é preciso considerar os fenômenos
atmosféricos: temperatura do ar, pressão atmosférica, vento, umidade, precipitações (como chuva,
granizo e neve), geadas, massas de ar. Como esses fenômenos variam frequentemente, essa mesma
variação ocorre com o tempo, que muda constantemente.
A expressão “tempo bom” – muito empregada em nosso cotidiano – é uma expressão relativa. Para
quem pretende ir ao clube ou à praia, um tempo quente e ensolarado será considerado bom. Já para um
agricultor, cuja plantação esteja comprometida pela falta de chuvas, esse tempo quente e ensolarado
será considerado ruim.
Clima é o conjunto de variações do tempo, de uma determinada região, durante um longo período (30
anos, aproximadamente). Assim, para determinar o clima de um local, é necessário analisar o
comportamento dos fenômenos atmosféricos, também denominados elementos climáticos, inclusive a
atuação das massas de ar. Por meio dessa análise, são identificados, por exemplo, os períodos de chuva
e sua quantidade (índice pluviométrico); os meses mais quentes e mais frios.

Pressão atmosférica

O ar tem peso e este peso é denominado pressão atmosférica. Quanto mais denso for o ar, maior
será a pressão exercida por ele.
É ao nível do mar que o ar encontra-se mais denso, mais concentrado; portanto, a pressão atmosférica
é maior nessa área. Conforme aumenta a altitude, o ar torna-se menos denso – mais rarefeito – e,
consequentemente, a pressão exercia por ele diminui.
O ar de desloca das áreas de alta pressão, nas quais encontra-se muito concentrado, para as áreas
de baixa pressão, nas quais sua concentração é menor. Quando este deslocamento de ar – denominado
vento – ocorre em grandes blocos, identificamos as massas de ar, que, por possuírem temperatura e
umidade semelhantes, deslocam-se conjuntamente na mesma direção.

Elementos e Fatores Climáticos

Como vimos no item anterior, os elementos climáticos interferem no comportamento da atmosfera.


Os fatores climáticos, por sua vez, influenciam a dinâmica desses elementos. São fatores climáticos
a latitude, a altitude, as correntes marinhas, a posição da região climática em relação ao mar
(maritimidade/continentalidade), a disposição do relevo, a vegetação, e inclusive, os relacionados às
atividades humanas, como a formação de grandes cidades e de extensas áreas conurbadas.
Nas baixas latitudes (próximas à linha do Equador) estão situadas as regiões com temperaturas mais
elevadas, pois recebem maior incidência de radiação solar. Essas regiões fazem parte da zona tropical,
localizada entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio.
As temperaturas também variam na razão inversa da altitude, ou seja, quanto maior a altitude, menor
a temperatura. À medida que a altitude aumenta, o ar torna-se mais rarefeito e, com isso, a pressão
atmosférica diminui, bem como sua capacidade de conservação de calor.
As correntes marinhas quentes podem elevar a temperatura e a umidade em áreas litorâneas de alta
latitude. O aquecimento da costa atlântica europeia e a umidade das ilhas britânicas resultam da ação da
corrente do Golfo do México, que se origina nas áreas mais quentes do mar das Antilhas.
As correntes frias podem provocar queda na temperatura das regiões costeiras ou, em alguns casos,
acarretar a formação de climas secos. Exemplo desse fenômeno é o deserto de Atacama, no norte do
Chile. A massa de ar quente e úmida que segue em direção ao continente resfria-se ao cruzar a corrente
de Humboldt (corrente do Peru). A queda de temperatura do ar propicia a condensação do vapor de água

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e a formação de nuvens, que acarretam chuvas intensas sobre o oceano Pacífico. Dessa forma, a massa
de ar perde praticamente toda a umidade antes de chegar ao continente.
Fenômeno semelhante ocorre na costa atlântica sul-americana, no sul da Argentina, onde se localiza
o extenso deserto frio da Patagônia. O movimento da corrente fria das Falklands (Malvinas) condensa o
ar úmido proveniente do Atlântico e as chuvas ocorrem antes de a massa de ar atingir o continente.
A proximidade ou o distanciamento do mar também provoca alterações no comportamento da
temperatura de uma região. Esse fator está relacionado à diferença entre o comportamento térmico da
água e o da terra. Os continentes se aquecem e liberam calor mais rapidamente que os oceanos; a água,
de modo geral, demora mais tempo para se esquecer, e também conserva por mais tempo o calor. Assim,
os lugares situados próximos dos oceanos apresentam uma amplitude térmica menor que os situados
no interior dos continentes.
(Amplitude térmica: Diferença entre a máxima e a mínima temperaturas registradas. Para se obter a
amplitude térmica anual de uma região, deve-se calcular a diferença entre a temperatura média do mês
mais quente e a do mês mais frio).

As Massas de Ar

Como visto anteriormente, o ar que compõe a atmosfera está em constante movimento em virtude das
diferenças de pressão. Apesar de ocorrerem variações nos valores da pressão num mesmo local,
principalmente em função das mudanças de estações do ano, é possível delimitar algumas áreas com
predominância de altas pressões e outras onde predominam as baixas pressões, que irão determinar a
circulação geral da atmosfera.
É no interior dessa circulação geral que se estabelece a dinâmica das massas de ar, grandes
responsáveis pela determinação dos diferentes tipos climáticos. O local em que a massa de ar se forma
recebe o nome de região de origem. É na região de origem que a massa de ar adquire as características
de temperatura, pressão e umidade.
Assim, uma massa de ar que se forma sobre uma superfície gelada, como a Antártida, tem
propriedades típicas dessa região: temperatura baixa, alta pressão e pouca umidade. Por isso, o estado
do tempo em toda a área abrangida pela massa de ar será condicionado por suas propriedades, só
ocorrendo modificações onde existem montanhas, vales ou grandes extensões de água (lagos, por
exemplo) e nas zonas de contato entre duas massas de ar.
Ao se deslocarem, as massas de ar vão, aos poucos, perdendo as suas características de temperatura,
pressão e umidade. Por exemplo: uma massa de ar frio e úmido, formada, portanto, em altas latitudes,
perde temperatura e umidade à medida que se dirige para latitudes mais baixas – áreas mais quentes.

Circulação geral da atmosfera

A região próxima à Linha do Equador é de baixa pressão. Para essa região convergem as massas de
ar formadas nos trópicos e, por isso, é denominada zona de convergência intertropical (ZCIT). Nessa
zona ocorrem as maiores precipitações da Terra.
Na proximidade dos trópicos de Câncer e Capricórnio encontram-se as regiões de alta pressão.
Nessas regiões formam-se ventos continentais (ventos alíseos), que circulam dos trópicos em direção ao
Equador. São as denominadas zonas subtropicais ou dispersoras de massas de ar.
Na região próxima aos círculos polares formam-se novas zonas de baixa pressão, denominadas
baixas polares, para as quais convergem as massas de ar que se originam nas zonas subtropicais e
nas altas polares.
As massas de ar que se formam sobre os continentes são secas, com exceção das formadas sobre
áreas de densas florestas tropicais, onde a evapotranspiração é intensa. As massas que se formam sobre
os oceanos, por sua vez, são úmidas. Assim, considerando-se a latitude sobre a qual as massas de ar se
formam, elas são classificadas em equatoriais, tropicais e polares. Em relação ao tipo da superfície,
elas podem ser continentais ou oceânicas.

As Frentes

Ao se deslocarem, as massas de ar se encontram. Nesse contato, elas não se misturam: uma empurra
a outra, de tal forma que aquela que avança com mais intensidade faz com que a outra retroceda e impõe
a ela suas características, o seu tipo de tempo.
A zona de contato entre duas massas de ar diferentes recebe o nome de frente ou superfície frontal.

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Quando a massa de ar frio avança, fazendo o ar quente recuar, trata-se de uma frente fria. Como a
massa de ar frio é mais densa, ela ocupa o espaço mais próximo à superfície, obrigando o ar quente
(mais leve) a subir.
A passagem de ar fria provoca queda de temperatura, pois o ar aquecido é deslocado, e, em seu lugar,
fica o ar mais frio. Quanto às chuvas, as frentes frias rápidas provocam precipitação do tipo pancadas,
enquanto as frentes frias lentas provocam precipitação de caráter contínuo.
Temos, por outro lado, uma frente quente quando o ar quente avança sobre o ar frio. Este recua a
baixa altitude, pois é mais pesado, enquanto o ar quente, mais leve, sobe ume espécie de rampa deixada
pelo ar frio.

O encontro de duas massas de ar, tanto no caso de frente fria como no de frente quente, pode levar à
formação de nuvens e à ocorrência de chuvas, que, nesse caso, são denominadas chuvas frontais.

A Poluição Atmosférica

A poluição atmosférica está relacionada ao tipo de energia utilizada pela sociedade humana nos
últimos 200 anos. Desde o momento em que a indústria transformou-se na principal atividade econômica,
o carvão mineral e o petróleo tornaram-se as principais fontes poluentes. A cada ano verifica-se um
aumento da quantidade de gases lançados na atmosfera. Entre os compostos mais nocivos, destacam-
se os de enxofre, de nitrogênio e os formados por hidrocarbonetos. Embora as consequências desse tipo
de poluição alcancem dimensões globais, é nas grandes cidades que são percebidos seus efeitos mais
nocivos.

Microclima Urbano

A interferência humana no ambiente tem provocado alterações climáticas em grandes áreas


construídas. É o que ocorre nos grandes centros urbanos, nos quais essa interferência resultou na
formação de um microclima urbano, que difere do tipo climático predominante da região em que estão
localizados.
Essa alteração climática resulta de diversos fatores, como, por exemplo, o da poluição atmosférica
causada pela grande circulação de veículos e por alguns equipamentos domésticos e industriais. Nas
regiões centrais dessas cidades, as temperaturas tendem a aumentar por diversas razões: redução
drástica das áreas verdes; impermeabilização do solo pela pavimentação de ruas e pelas edificações
(essa pavimentação absorve de 98 a 99% da radiação solar que atinge a superfície); verticalização das
construções (o que dificulta a circulação do ar).
A soma desses fatores provoca a elevação da temperatura e da evaporação, aumentando, assim, a
incidência de chuvas, que, em muitos casos, precipitam-se sob a forma de pancadas (tempestades), pois
aumenta também a concentração de material particulado na atmosfera.

Poluição do Ar e Efeito Estufa Local

A poluição do ar nas grandes cidades é causada principalmente pelo lançamento de gases tóxicos e
de matérias particuladas na atmosfera. Os gases lançados pelos veículos são os principais poluentes das
áreas urbanas. Destacam-se, também, as emissões advindas das atividades industriais e das usinas
termelétricas. Algumas cidades estabeleceram normas para reduzir a quantidade de veículos em
circulação, como, por exemplo, o sistema de rodízio de veículos. Dependendo do final da placa, uma
parte da frota de veículos não circula em determinado dia. Em outros casos, o acesso às áreas centrais
da cidade é permitido mediante o pagamento de taxas (pedágio), como ocorre em Londres, no Reino
Unido. Porém a eficácia dessas medidas é reduzida. Não se deve encarar o rodízio ou a restrição à
circulação de veículos em áreas centrais como solução para a poluição atmosférica, mas apenas como
algo que minimiza o problema.
O problema da poluição do ar se agrava em cidades situadas em “bacia” (terreno mais baixo que o
circundante), pois essa localização é desfavorável à dispersão de poluentes. Além disso, o ar quente em
ascensão é bloqueado por uma camada mais alta de ar frio, que aprisiona a poluição. É o que acontece
em cidades como a do México e de Grenoble, na França.

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Inversão Térmica

Na baixa atmosfera, normalmente verificam-se correntes ascendentes de ar quente, que, ao subirem,


resfriam-se. Nas grandes cidades, onde a concentração de poluentes é significativa, essa movimentação
constante ajuda a dispersão dos agentes poluidores. Contudo, em determinados dias do inverno, o ar
próximo à superfície torna-se mais frio que o da camada superior, ocasionando o fenômeno da inversão
térmica.
Durante a noite, o esfriamento da atmosfera, decorrente da perda de calor superfície, forma uma
camada de ar frio próxima ao solo; por ser mais pesada, essa camada não sobe. Trata-se, portanto, de
um fenômeno natural, podendo ocorrer mesmo em áreas rurais, e que desfaz somente quando, no
decorrer do dia, aumenta a temperatura do ar próximo à superfície. A situação de inversão pode se
verificar de forma sucessiva, durante alguns dias.
Nas grandes cidades, esse fenômeno agrava o problema da poluição atmosférica, pois não havendo
movimentação ascendente do ar, não há dispersão dos poluentes.
É por isso que no inverno os casos de doenças respiratórias e de irritação nos olhos aumentam
sensivelmente nessas cidades.

Os Climas e a Distribuição das Formações Vegetais

As paisagens vegetais se desenvolvem de acordo com o tipo de clima, do relevo e do tipo de solo em
que elas se situam. A influência do clima é, sem dúvida, a mais relevante, havendo uma associação entre
a paisagem vegetal e a sua região climática característica.
Os vegetais não vivem isolados, mas em comunidades, denominadas formações vegetais, que
podem ser agrupadas de acordo com o porte (tamanho da vegetação) predominante na paisagem:
arbóreas ou florestais, arbustivas, herbáceas ou campestres e complexas – neste último caso,
quando reúnem formações de porte variado, geralmente situadas em áreas alagadas, desertos e junto
aos litorais.

Clima e Floresta Equatoriais

Essa região climática, situada próxima ao Equador, apresenta elevadas temperaturas e grande
umidade durante todo o ano. Caracteriza-se pela baixa amplitude térmica e pelas chuvas de convecção,
uma vez que as elevadas temperaturas das regiões de clima equatorial provocam um processo contínuo
de evapotranspiração, ascensão do ar úmido, resfriamento nas altitudes mais elevadas, condensação e
precipitação.
Essas características climáticas, entre outros fatores, favorecem o desenvolvimento de uma vegetação
florestal bastante densa, cujas árvores chegam a atingir mais de 60 metros de altura. Também são
abundantes as formações de porte intermediário no interior dessa floresta. As matas equatoriais abrigam
a maior biodiversidade do mundo. Três florestas bastante representativas dessa formação vegetal são a
Amazônica, na América do Sul; a do Congo, no continente africano; e a da Indonésia e Malásia, no
sudeste asiático.

A floresta equatorial é hidrófila (úmida), estratificada (apresenta vegetais de porte variado no interior
das árvores de grande porte), heterogênea (há grande variedade e espécies) e latifoliada (folhas largas
e grandes); abriga animais de pequeno porte e uma infinidade de insetos.

Clima Tropical – Savanas e Florestas Tropicais

Nas regiões de clima tropical predominam as elevadas temperaturas e a alternância entre as estações
secas (inverno) e úmidas (verão). A cobertura vegetal caracteriza-se por duas formações principais: as
savanas e as florestas tropicais. No entanto, nas áreas alagadas, aparecem pântanos e, junto ao litoral,
mangues.
As savanas são formações arbustivas que apresentam raízes profundas, folhas grossas e troncos
retorcidos. As raízes profundas permitem a retirada de água do lençol freático durante a seca prolongada
do inverno.
Savana é o nome que essa cobertura vegetal recebe no continente africano. No Brasil, as savanas
correspondem ao cerrado e, na Venezuela, ao Ihanos.

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As florestas tropicais geralmente são encontradas próximas ao litoral; possuem as características
próprias das florestas de clima equatorial: são bastante densas, úmidas, heterogêneas, latifoliadas e
estratificadas.
A floresta tropical original do Brasil, denominada Mata Atlântica – hoje bastante reduzida pela ação
humana -, recobria extensos trechos próximos ao litoral da região Sul, do Sudeste e do Nordeste. Esse
tipo de cobertura vegetal também é encontrado na África e no sul e sudeste asiáticos.

Clima Temperado – Florestas Temperadas, Estepes ou Pradarias

O clima temperado abrange amplos territórios do hemisfério Norte: América do Norte, Europa e uma
faixa alongada central da Ásia, que se estende até parte da China e do Japão. No hemisfério Sul, sua
ocorrência é bastante restrita. Caracteriza-se pelas quatro estações bem demarcadas, que são visíveis
na paisagem vegetal. O clima temperado divide-se em dois tipos: temperado continental (em que há
maior amplitude térmica e invernos rigorosos, com precipitação de neve) e temperado oceânico (em que
a amplitude térmica apresenta-se menor).
As florestas temperadas encontram-se bastante devastadas devido à intensa ocupação do solo; ela é
constituída por árvores de porte médio, espaçadas umas das outras, que trocam suas folhas a cada
outono e inverno (caducifólias). Dentre as poucas espécies que constituem as florestas temperadas,
destacam-se a faia, o carvalho e a nogueira.
O pouco que resta dessa floresta é encontrado na Europa ocidental e oriental, na parte meridional da
América do Sul, na Nova Zelândia e no Japão.
Em regiões temperadas oceânicas (costa ocidental da América do Norte, sul do Chile, Austrália e Nova
Zelândia), de maior umidade, são encontrados o pinheiro vermelho e as sequoias; no sudeste da
Austrália, destacam-se os eucaliptos gigantes – essas árvores são seculares e podem atingir 150 metros
de altura.
As formações herbáceas também são típicas desta região climática e recebem o nome de estepes ou
pradarias. A estepe (pradaria) constitui uma excelente pastagem natural, muito utilizada para a criação
de gado. Como exemplos dessa formação, podem ser citados a cobertura vegetal predominante nos
pampas argentinos; as pradarias (prairies), no centro-oeste do Canadá e dos Estados Unidos; a puzta,
na planície da Hungria; e o scrub, na Austrália. No Brasil, esse tipo de vegetação é denominado campos
e é encontrado, de forma contínua, sobretudo no sul do Rio Grande do Sul.

Clima Mediterrâneo e Vegetação Mediterrânea

O clima mediterrâneo é pontual, ou seja, localiza-se em pequenas áreas, normalmente situadas


próximas a desertos, como, por exemplo, na Califórnia, nos Estados Unidos; na região central do Chile;
nos extremos norte e sul da África; e no sul da Europa. É um clima caracterizado por verões quentes e
secos – devido à expansão das massas de ar seco dos desertos vizinhos – e por invernos brandos e
úmidos – período em que essas massas de ar recuam e ficam estacionárias nos desertos.
A vegetação mediterrânea é bastante variada e nela predominam arbustos, como as oliveiras, e moitas
altas (denominadas maquis) e baixas (garrigues).

Clima Frio (Continental) e Floresta Boreal

O clima continental, situado em elevadas latitudes, caracteriza a maior parte do território canadense,
o extremo norte da Europa, e a Sibéria, na Rússia. As precipitações maiores ocorrem no inverno, quase
sempre sob a forma de neve.
Nesse clima desenvolve-se a floresta boreal, cuja vegetação é de grande porte, espaçada e
relativamente homogênea, nela predominando o pinheiro e o cipreste.
Devido à boa qualidade de suas madeiras, a floresta boreal é intensamente explorada para a obtenção
da celulose – matéria-prima empregada na fabricação do papel.
Essa floresta é representada pela taiga siberiana – a maior do mundo -, situada na Rússia; pela taiga
canadense; e pela taiga escandinava (norte da Europa).

Clima Polar e Tundra

Nos extremos Norte e Sul da Terra, o clima é polar. Nessas regiões são registradas as mais baixas
temperaturas do planeta. Na maior parte dos territórios, o solo mantém uma cobertura de gelo
permanente, sem vegetação. Em outras regiões, durante o verão, o degelo deixa o solo exposto e nele

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brota a tundra, que termina o seu ciclo no inverno, com a queda das temperaturas. Essa cobertura vegetal
é de pequeno porte.

Clima de Montanha e Vegetação de Altitude

Nas altas latitudes, o solo apresenta-se coberto por neve praticamente o ano todo, até mesmo em
lugares situados em baixas altitudes.
Em regiões de baixas latitudes (clima tropical ou subtropical), os solos das áreas montanhosas
apresentam diferentes formações vegetais.
No clima de montanha, a cobertura vegetal – influenciada pela altitude – modifica-se do sopé da
montanha até os locais mais altos (mais de 4 mil metros de altitude), nos quais a neve cobre o solo durante
todo o ano – são as chamadas “neves eternas”. Essa cobertura permanente de neve ocorre, inclusive,
nas baixas latitudes das regiões tropicais, sendo que, no sopé das montanhas, a vegetação é a mesma
da região do entorno. A modificação da paisagem vegetal ocorre numa sequência, que, em linhas gerais,
é semelhante à verificada na mudança de vegetação das baixas para as altas latitudes da Terra.

Clima Desértico e Xerófilas

O clima desértico caracteriza-se pela aridez (escassez de água). Nessas regiões há pouca (ou
nenhuma) vegetação, o mesmo ocorrendo em relação às redes fluviais. Os desertos localizados em áreas
próximas aos trópicos são quentes, como, por exemplo, o do Saara, no norte do continente africano, e o
de Kallaari, na África do Sul; os situados em latitudes mais elevadas são frios, como o da Patagônia, na
Argentina, ou o de Gobi, na China e Mongólia.
Geralmente, os desertos situam-se em regiões continentais, mas aparecem também junto a oceanos.
Neste caso, formam-se devido à ação de correntes frias, que condensam as massas de ar quente e
úmido, as quais se precipitam no mar antes de atingir o continente. É o caso do deserto de Atacama, no
Chile (corrente de Humboldt) e da Namíbia (corrente de Benguela).
Apesar da escassez de umidade, em diversas áreas do deserto desenvolvem-se vários tipos de
formações vegetais: rasteira (estepes secas); arbustos espinhosos, quase sem folhas; e cactos. Estas
espécies, em conjunto, recebem o nome de xerófilas.
Os desertos abrangem extensas áreas do globo. Aparecem no oeste dos Estados Unidos, no norte e
sul da África, no Oriente Médio e parte da Ásia Central, e no oeste da Austrália.

Clima e Paisagens Vegetais no Brasil

A dinâmica climática do Brasil

A posição geográfica do território brasileiro, situado, em quase sua totalidade, na zona tropical,
caracteriza o país como de climas que, em geral, apresentam temperaturas médias elevadas. Contudo,
o comportamento das temperaturas e da umidade das diferentes regiões climáticas durante o ano é
determinado, principalmente, pela atuação das massas de ar.
No verão, quatro massas de ar quente exercem influência sobre o país: a Equatorial continental (mEc),
a Equatorial atlântica (mEa), a Tropical atlântica (mTa) e a Tropical continental (mTc), sendo apenas esta
última seca. É justamente por isso que o verão é o período das chuvas na maior parte do território
brasileiro.
Nesta estação do ano, a massa Polar atlântica (mPa) avança esporadicamente sobre o país, podendo
provocar ligeira queda de temperatura e chuvas frontais, aumentando a pluviosidade.
No inverno, a atuação da Equatorial continental (mEc) é mais restrita à região Norte, a Tropical atlântica
(mTa) continua a atuar no Brasil e a Polar atlântica (mPa) passa a atingir frequentemente o território
brasileiro, provocando baixas temperaturas no Sul, em grande parte do Sudeste e porção sul do Centro-
Oeste, chegando até a região Norte, onde provoca o fenômeno da friagem (fenômeno caracterizado pela
queda súbita da temperatura na região da Amazônia ocidental, no período do inverno, que decorre da
penetração de um ramo da massa de ar Polar atlântica pela porção central da América do Sul). Sobretudo
na região Sul, e em alguns trechos do Sudeste (São Paulo, especialmente), são frequentes, nessa
estação, a ocorrência de geadas (formação de uma película de gelo sobre as folhas em decorrência do
congelamento das gotas de orvalho). Na altura do estado da Bahia, a Polar atlântica (mPa) já perdeu
bastante intensidade. É onde as frentes frias se dissipam.

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Formações Vegetais do Brasil

A variedade das paisagens vegetais naturais do Brasil acompanha a diversidade dos climas, que
fornecem a temperatura, a luminosidade e a umidade adequadas para o desenvolvimento de cada tipo
de cobertura vegetal.
O Brasil apresenta extensas regiões florestais e arbustivas, apesar do intenso desmatamento que
ameaça vários de seus ecossistemas. Também são encontradas formações herbáceas e outras, como
os mangues e o complexo do pantanal.
As regiões tropicais possuem o maior estoque de biodiversidade da Terra, principalmente as matas
equatoriais e tropicais. Calcula-se que o Brasil abrigue a terça arte das espécies existentes no mundo.
Por isso, o intenso desmatamento é alvo de preocupação e discussão e entre países e ONGs de todas
as partes do mundo.

Regiões Climáticas e Paisagens Botânicas Brasileiras

Clima Equatorial – Floresta Amazônica

No Brasil, o clima equatorial é típico da região amazônica, na qual se desenvolve a floresta Amazônica
– a maior floresta da zona intertropical do globo e, também, a que apresenta maior biodiversidade.
Essa floresta ocupava, originalmente, uma área de cerca de 5 milhões de km² (incluindo a parte
brasileira e sul-americana).
A intensa exploração madeireira, a implantação de grandes fazendas agropecuárias e os grandes
projetos de mineração provocam não só danos ambientais, como destroem espécies vegetais ainda
desconhecidas, que poderiam ser usadas como matérias-primas na produção de medicamentos para a
cura de muitas doenças graves. São, portanto, amplas as possibilidades de pesquisa e de aplicação dos
recursos genéticos encontrados nesse tipo de cobertura vegetal.
A floresta Amazônica se divide em três grupos, de acordo com a compartimentação do relevo.
* Floresta ou mata de igapó: situada nas áreas permanentemente inundadas pelos rios.
* Floresta ou mata de várzea: situada nas áreas inundadas apenas durante as cheias.
* Floresta de terra firme: situada nas áreas mais elevadas, onde se encontram árvores de grande
porte, como a andiroba, o cedro, o castanheiro e o mogno. Esse tipo de floresta abrange entre 70% e
80% da extensão florestal amazônica.
Apesar de contar com técnicas e equipamentos sofisticados para monitoramento de áreas florestais,
detecção de queimadas e derrubada de matas, os quais incluem computadores, radares, sistema de
posicionamento global (GPS) e análise de imagens de satélite, os índices de desmatamento em toda a
Amazônia apresentaram-se elevados entre o final do século XX e início deste século.

A biodiversidade encontrada no Brasil é uma das maiores do mundo. Em termos regionais, a floresta
Amazônica apresenta, em seu conjunto, a maior concentração de espécies animais, vegetais e de
microrganismos da Terra. Segundo dados do IBGE e do Ibama, são mais de 3 mil espécies medicinais
catalogadas. No entanto, esses recursos são frequentemente explorados pela biopirataria.

Clima Tropical Úmido – a Mata Atlântica e os Mangues

O clima tropical úmido (ou litorâneo) acompanha uma estreita faixa de terra localizada junto à costa
atlântica, estendendo-se de São Paulo ao Rio Grande do Norte. Caracteriza-se pela ocorrência de
temperaturas elevadas o ano inteiro, em particular na região Nordeste. No litoral do Sudeste, as
temperaturas podem cair no inverno com a chegada de frentes frias (massa Polar atlântica).
No clima tropical litorâneo, as chuvas na costa nordestina são mais intensas no outono e inverno. No
Sudeste, elas são mais frequentes e abundantes no verão.
Duas formações vegetais são representativas desta região climática: a Mata Atlântica e os
manguezais.
A Mata Atlântica é a formação mais devastada de todo o território brasileiro.
Do período colonial, em que se verificou a expansão da agricultura canavieira, aos dias atuais, a região
da Mata Atlântica foi intensamente explorada. A mineração do século XVIII e a agricultura cafeeira
também contribuíram para a devastação de grandes extensões de mata, nas quais estabeleceram-se os
principais núcleos de povoamento e as primeiras cidades. Posteriormente, nessa área devastada
concentraram-se as principais regiões urbanas do país, as instalações industriais, as atividades
agropecuárias e as vias de transporte.

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Os mangues são arbustos cujas raízes se estendem para um trecho acima do nível das águas (raízes
aéreas), formando verdadeiros berçários marinhos, isto é, locais onde a vida muitas vezes começa. São
os criatórios de camarões, caranguejos e pequenos organismos marinhos. Estes últimos servem de
alimento para os plânctons, microrganismos animais (zooplânctons) e vegetais (fitoplânctons), que, por
sua vez, estão na base da cadeia marinha.

Clima Tropical – o Cerrado e o Complexo do Pantanal

O clima tropical (denominado no Brasil como tropical semi-úmido ou continental), é típico da região
Centro-Oeste, mas abrange também trechos do Nordeste e Sudeste brasileiros. É um clima quente,
marcado por duas estações bem distintas: verão úmido e inverno seco.
O cerrado é uma formação de arbustos e campos. Sua paisagem, à primeira vista, não revela a riqueza
escondida nesse ecossistema. Raramente a defesa do cerrado faz parte das manifestações
ambientalistas. No entanto, é um dos ecossistemas mais ricos do país.
Por muito tempo a atividade predominante no cerrado foi a pecuária. Posteriormente, essa região
constituiu área de pastagem da maior parte do rebanho bovino e de expansão agrícola da soja. As
atividades agrícolas modernas, empreendidas em fazendas gigantescas, e o uso de agrotóxicos,
provocam não só a devastação do cerrado, como impactos ambientais profundos em toda essa região.

O complexo do Pantanal, também situado na região de clima tropical, é um ecossistema único no


mundo. Ele reúne espécies encontradas em todas as demais regiões brasileiras, formando um conjunto
atípico e adaptado às condições locais. A pecuária é a mais tradicional atividade econômica. A caça
predatória e o garimpo do ouro causam grandes danos ao meio ambiente pantaneiro.
É uma região plana e de baixa altitude, que passa a apresentar amplos trechos inundados durante a
estação chuvosa de verão. Há vegetações que desenvolvem raízes aéreas, permitindo-lhes a busca de
oxigênio durante o período das inundações.
A diversidade da flora e da fauna do complexo do Pantanal está diretamente relacionada ao ciclo das
cheias do rio Paraguai e seus afluentes.

Clima Semiárido – a Caatinga

O interior do Nordeste e o norte de Minas Gerais apresentam o clima mais seco do Brasil – o semiárido,
onde o índice de chuva anual varia entre 300 e 800 mm. Trata-se do sertão – a região semiárida mais
habitada do mundo e, economicamente, a mais pobre do país. O sertanejo tem de caminhar quilômetros
para adquirir água nas poucas fontes espalhadas pelo semiárido brasileiro.
A vegetação é formada pela caatinga, que também constitui um ecossistema bastante rico e
diversificado, onde se desenvolvem formações rasteiras, arbustos e cactos. A atividade predominante na
região é a pecuária ultra – extensiva.
Os solos da caatinga são férteis, porém pedregosos e com pouca umidade, o que dificulta a agricultura
de subsistência. O aspecto rude da paisagem esconde uma rica biodiversidade, cujo potencial ainda é
pouco explorado.

Clima Subtropical – Floresta e Campos

O clima subtropical é típico da região Sul do país. A maior latitude e a atuação mais intensa da massa
Polar atlântica na região são fatores que determinam um clima que apresenta temperaturas baixas
durante o inverno, principalmente nas áreas de maior altitude, como em alguns trechos do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina. No entanto, as temperaturas são elevadas no verão. Por isso, o clima subtropical
é o que apresenta as maiores amplitudes térmicas do Brasil. Outro aspecto marcante desta região
climática é a regularidade na distribuição das chuvas durante o ano.
Nas encostas das serras próximas ao litoral, a Mata Atlântica domina a paisagem natural. Mas a
formação vegetal predominante é a Mata da Araucária (Mata dos Pinhais). Esse tipo de cobertura é semi-
homogênea, com predomínio do pinheiro-do-paraná ou araucária, espaçada e entremeada por outras
espécies de vegetais, como o ipê e a erva-mate; tem, como característica, a folhagem pontiaguda
(aciculifoliada). A devastação da Araucária foi promovida, principalmente, pelo setor de construção civil e
pelas indústrias de papel.
No extremo sul, no estado do Rio Grande do Sul, situam-se os campos dos pampas – área típica de
pecuária extensiva, hoje também ocupada pela soja.

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Referências Bibliográficas:

LUCCI, Elian Alabi. Geografia Geral e do Brasil. 3ª edição. São Paulo: Saraiva.

Questões

01. (MPE/GO – Secretário – MPE/GO/2017) A seguir estão descritas paisagens brasileiras cuja a
caracterização é feita pela correlação de clima, vegetação e aproveitamento econômico.
Uma não está corretamente caracterizada, identifique-a:
(A) Campos Cerrados - clima tropical semiúmido com estações seca e chuvosa bem distintas; solos
em grande parte pobre; paisagem vegetal aberta e de fácil locomoção, permitindo assim a prática da
pecuária extensiva.
(B) Caatinga - clima semiárido, área de chuvas escassas e irregularmente distribuídas; solo de
pequena espessura e quase sempre pedregoso; vegetação heterogênea do tipo xerófilo; importante
atividades agropastoris com a criação de caprinos e cultivo de algodão.
(C) Campanha gaúcha - região de topografia suave, clima subtropical e vegetação de campos;
pecuária de cortes abastece numerosos frigoríficos sulinos.
(D) Mata dos Pinhais - clima tropical com má distribuição de chuvas; vegetação heterogênea e fechada,
pouco explorada economicamente devido à grande densidade vegetal.
(E) Floresta Amazônica – clima equatorial, áreas de chuvas abundantes e temperaturas elevadas;
solos heterogêneos do tipo higrófilo, compacto; atividade econômica predominante; extrativismo.

02. (TJ/PR – Titular de Serviços de Notas e de Registros – IBFC) Acerca dos tipos climáticos do
Brasil, assinale a opção incorreta:
(A) São eles: clima equatorial, tropical, tropical litorâneo, tropical de altitude, tropical semiárido e
subtropical.
(B) O clima equatorial é encontrado em altas latitudes, nas proximidades da linha do Equador, na
região amazônica e se caracteriza pelas elevadas temperaturas e alta amplitude térmica.
(C) Friagem é a diminuição atípica da temperatura, oriunda de Massa Polar Atlântica, fria e úmida, que
se desloca pela depressão do Chaco, entre a Cordilheira dos Andes e o Planalto Central do Brasil,
alcançando a região Norte do Brasil.
(D) O clima subtropical ou temperado ocorre ao sul do Trópico de Capricórnio e sofre influência da
massa Polar Atlântica, com as quatro estações do ano bem definidas.

Gabarito

01. D/02. B

Comentários

01. Resposta: D.
Aspecto marcante da região climática da Mata dos Pinhais é a regularidade na distribuição das chuvas
durante o ano.

02. Resposta: B.
Essa região climática, situada próxima ao Equador, apresenta elevadas temperaturas e grande
umidade durante todo o ano. Caracteriza-se pela baixa amplitude térmica e pelas chuvas de convecção,
uma vez que as elevadas temperaturas das regiões de clima equatorial provocam um processo contínuo
de evapotranspiração, ascensão do ar úmido, resfriamento nas altitudes mais elevadas, condensação e
precipitação.

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